A Lei do Espelho

16

description

Tradução do livro La Ley del espejo Autor Yoshinori Noguchi

Transcript of A Lei do Espelho

A Lei do Espelho Yoshinori Noguchi

Tradução Cristal Fanucci

Eiko Akiyama é uma dona de casa que fará 41 anos e estava preocupada. Seu filho Yuta, aluno da 5ª série, é maltratado no colégio pelos seus coleguinhas. Mesmo dizendo que irão maltratá-lo parece ser que não chegam a bater nele. Geralmente os coleguinhas o ignoram ou o acusam de qualquer problema que surja. “Não me maltratam”, insiste Yuta, mas Eiko fica com o coração na mão ao ver seu filho tão sozinho e triste. Yuta gosta de beisebol, mas seus coleguinhas não o convidam para jogar, então, quando ele volta do colégio vai sozinho ao parque para jogar a bola contra a parede. Mas houve um tempo em que Yuta jogava beisebol com os amigos. Durante essa época, Eiko o viu jogando no pátio do colégio quando voltava das compras. Mas Yuta cometeu um erro durante a partida e o culparam muito. Os coleguinhas do time o acusaram aos gritos sem piedade: - “Seus reflexos são muito lentos!” - “Por sua culpa perdemos 3 pontos!” - “Se perdemos é por sua culpa!” Eiko pensou: “ Yuta não tem mesmo muita habilidade esportiva, mas tem suas virtudes. É um bom menino...” O que mais a feria era que não dessem valor às virtudes de seu filho. E foi muito difícil ver como Yuta aguentava os terríveis comentários dos coleguinhas de time enquanto se desculpava com um sorriso. A partir desse incidente, deixaram de convidá-lo para jogar beisebol. - “Você não pode jogar com a gente porque você faz a gente perder.” – disseram a ele. Aparentemente, para Yuta, o mais difícil era que já não o convidavam mais para jogar beisebol. Além disso, ele começou a ficar de mau humor e a enfrentar Eiko. Mas Yuta não queria falar com a sua mãe sobre os seus problemas nem sobre a sua solidão. Insistia que “Eu não tenho problema algum”. Para Eiko era muito difícil ver que seu filho não lhe abria o coração. Mesmo que ela tentasse lhe ensinar o “bom modo de se relacionar com os amigos”, ele só lhe dizia: “Não me encha... Deixe-me em paz!” Na manhã seguinte, Eiko decidiu ligar para Yaguchi, um conhecido de seu marido. Eiko nunca tinha falado com ele, mas tinha um cartão de visita que seu esposo lhe havia dado. Yaguchi havia praticado kendô no mesmo ginásio que seu marido. Eles se encontraram pela rua por acaso depois de vinte anos sem se verem e se emocionaram muito. Decidiram entrar em um café onde ficaram conversando por horas. Yaguchi trabalha como consultor de empresas. Segundo seu marido, Yaguchi entende muito de psicologia e é muito bom solucionando problemas empresariais e pessoais. Seu marido lhe comentou por cima os problemas de Yuta e disse: “quem sabe ele possa te ajudar”, e lhe deu o cartão de visitas. - “Se você quiser, ligue para ele, pois eu já falei um pouco do assunto.” - “Por que eu tenho que falar com alguém que não conheço? Não é melhor que você peça conselho?” - “Eu me preocupo é com você”. Você passa o dia preocupada com Yuta e por isso eu comentei com Yaguchi. E quando eu sugeri a Yuta para mudar de colégio, ele respondeu: “Se vocês me mudarem de colégio, eu nunca vou perdoar vocês!” Eiko se sentia inútil e miserável ao pensar que não podia fazer nada para solucionar os problemas de seu filho. Um dia, depois do colégio, Yuta foi ao parque, como de costume, mas voltou logo e de muito mau humor. Mesmo que ela lhe perguntasse o que havia acontecido, ele só respondia: “nada!” O mistério foi resolvido depois de uma ligação telefônica de uma amiga do bairro. - “Eiko, o Yuta te disse algo?” - “Sobre o que? Não disse nada.

- “Esta tarde fui levar meu filho na balança do parque e Yuta chegou. Como sempre, ele começou a jogar a bola contra a parede. Então chegaram uns sete ou oito garotos da sua classe e gritaram: “vá embora que nós vamos jogar beisebol e você incomoda!” e um deles deu um chute na bola que ele estava jogando. Yuta foi embora em seguida. Sinto muito porque eu não pude fazer nada. Eiko ficou espantada pensando: “por que ele não me disse nada?” Ela ficava muito triste porque ele não disse nada apesar de sofrer uma experiência tão desagradável. Naquela noite ela não teve ânimo nem de tentar falar de novo com o seu filho, comentando com seu marido: “ o que você quer dizer? Que eu tenho um problema? É natural que eu esteja preocupada. Sou sua mãe. Você passa o dia no caminhão e por isso está tão tranquilo. Quem está realmente educando o Yuta sou eu. Você não quer nem compartilhar comigo a preocupação. Não tenho a intenção de falar com esse homem Yaguchi. Tenho certeza que ele não tem ideia de como educar um garoto”. E jogou o cartão de visitas sobre a mesa. Uma semana depois Eiko estava profundamente triste e disposta a agarrar-se a um prego fervendo. Na noite anterior tinha recebido a chamada da amiga contando o que havia acontecido no parque. - “Já estou cheia de sofrer. Preciso de ajuda, seja de quem for”. Pensou e em seguida se lembrou de Yaguchi. Por sorte encontrou o cartão de visitas. Aproximadamente uma hora depois que Yuta saiu para o colégio, ela se armou de coragem e ligou para Yaguchi. Nesse momento Eiko não podia nem imaginar tudo o que estava a ponto de acontecer naquele dia. A recepcionista atendeu e em seguida passou o telefone para o senhor Yaguchi. Mesmo que Eiko tenho dito só o seu nome, a voz de Yaguchi por telefone era muito agradável e isso a fez pensar: “será que é uma boa ideia que eu lhe conte os meus problemas?” Ficou sem saber o que dizer e então Yaguchi começou a falar. - A senhora não é a mulher de Akiyama? - Sim, sou eu. - Muito prazer em conhecê-la. - Hmm... Meu marido já falou com o senhor, não é? - Sim, ele me contou algo. Disse que a senhora está preocupada com o seu filho... - Posso começar a contar ? - Tenho aproximadamente uma hora livre. Portanto, se a senhora quiser, pode me contar agora. Eiko lhe explicou brevemente que o seu filho era maltratado e ignorado na escola... e também lhe contou o que havia acontecido no dia anterior. Depois de escutá-la, Yaguchi lhe disse: - Isto é bastante difícil. Para uma mãe não há nada pior, certo? Ao ouvir isso, os olhos se Eiko se encheram de lágrimas. Yaguchi percebeu que Eiko estava chorando e esperou que ela se acalmasse para dizer: - Eiko, se realmente você deseja solucionar tudo isso, então é possível sim encontrar uma saída que leve a uma solução. Eiko não podia acreditar em encontrar uma saída. Ela estava tentando fazia muito tempo. Mesmo assim ela desejava firmemente que as palavras de Yaguchi estivessem corretas. - Estou disposta a fazer o que for necessário para solucionar tudo isso. Estou decidida. O que eu tenho que fazer? - Bom, isto é o que nós vamos buscar. Primeiro, o que está claro é que a senhora sente rancor por alguém que lhe é próximo. - Como? O que o senhor quer dizer? - Quem sabe esteja indo muito depressa. Seria melhor que lhe explicasse a teoria, mas nesse caso preciso de tempo e agora eu não tenho. Então eu vou começar a explicar-lhe pela conclusão. O que eu vou lhe dizer agora tem fundamentos teóricos; depois eu lhe passarei alguns livros para que a senhora possa consultar, se quiser. Pois bem, a conclusão é que o fato da senhora estar preocupada porque seu amado filho está sendo culpado por outros resulta de que a senhora não agradece a alguém o que deveria agradecer e que, além disso, também continua culpando-o. - Que relação tem os maltratos do meu filho no colégio com a minha situação pessoal? Isso tudo me soa como religião.

- Não é estranho que a senhora pense assim. Afinal de contas o que nos ensinam no colégio sempre se centra na ciência física, no que é possível ver. Eu estou lhe falando de uma lei descoberta em psicologia já faz muitos anos. Quem sabe lhe seja mais fácil entender se a senhora pensar que é o mesmo que se diz em muitas religiões. Mesmo assim eu não acredito em nenhuma religião. - Conte-me sobre esta lei da psicologia. - Os acontecimentos que ocorrem são, na realidade, o “resultado”. Cada “resultado” sempre tem uma “causa”. E esta causa se encontra em seu interior, Ou seja, a senhora tem que saber que a realidade de sua vida é o espelho que reflete o seu interior. Por exemplo, quando a senhora se olha no espelho, percebe se está despenteada ou se naquele dia a senhora não tem uma boa cor, certo? Não é verdade que sem um espelho nós não podemos ver a nós mesmos? Considere que a vida é como um espelho. Graças ao espelho que a vida é, podemos perceber a nós mesmos e temos a oportunidade de mudar. A vida foi feita para permitir o nosso desenvolvimento até onde seja possível. - O que refletem as minhas preocupações sobre mim? - O resultado do que lhe está acontecendo é: “meu querido filho tem problemas devido a alguém que eu culpo”. Uma possível causa é que “a senhora está culpando alguém que a senhora deveria gostar”. Não é verdade que a senhora culpa alguém, alguém muito próximo que a senhora deveria estar agradecida por alguma coisa? Por exemplo, a pessoa mais próxima da senhora pode ser o seu marido. - Eu estou agradecida ao meu marido. Graças ao seu trabalho como caminhoneiro podemos comer. - Isto é muito importante. Então a senhora valoriza muito o seu marido? A senhora o respeita? Eiko se surpreendeu com a palavra respeito. Já fazia algum tempo que ela o menosprezava. Para ela, seu marido de gênio otimista, parecia insensível e o considerava inculto. Ela havia se formado em uma carreira universitária e seu marido só havia terminado o colégio. E não era só isso, pois ela achava que ele falava errado e só lia revistas. Eiko adorava ler e não queria que Yuta fosse como o seu pai. E comentou isso com o senhor Yaguchi. - A senhora acredita que o valor de uma pessoa depende de sua educação, seus conhecimentos e sua sensibilidade? - Não, não é isso. Acredito que cada um tem seus pontos fortes e suas habilidades. - Então por que será que quando se trata do seu marido, a senhora o menospreza por causa de sua “falta de educação”? - Hmmm... Estou me contradizendo, não é? - Como é a sua relação com o seu marido? - As coisas que faz e diz me tiram do sério. Nós brigamos às vezes, inclusive. - E quanto ao problema com Yuta? Como é a relação com o seu marido? - Eu reclamo com meu marido dos maltratos que o Yuta recebe no colégio, mas ele pode dizer o que quiser, eu não vou achar bom... de fato nós ainda não discutimos isso seriamente. Eu acho que o meu marido é o tipo de pessoa que é mais difícil de eu aceitar. - Entendo. Acredito que há outra causa que é a fundamental. Antes de conseguir que aceite o seu marido, será necessário solucionar essa outra causa. - Uma causa fundamental? - Sim. Antes de tudo é necessário que encontremos a causa básica que impede a senhora de aceitar o seu marido. Permita que eu lhe pergunte: a senhora está agradecida ao seu pai? - Ao meu pai? Mas é claro que estou agradecida... - Mas, no fundo, a senhora não sente algo como “não posso perdoá-lo”? - Eiko ficou impactada com isso de “não posso perdoá-lo”. Pensou: “de fato, quem sabe eu não tenha perdoado o meu pai”. Por ser seu pai, ela estava agradecia, mas não conseguia se dar bem com ele. Desde que se casou, passava as férias de fim de ano e de verão com a família na casa de seus pais. No entanto, a única conversa que costumava ter com seu pai eram as quatro palavras de saudação ao chegar e de despedida ao ir embora. Pensando bem, desde que entrou no colégio só tratava o seu pai como se fosse um desconhecido. - Creio que não perdoei o meu pai. E não tenho certeza se posso fazê-lo. - Eu percebo isso. Mas, mesmo assim, a senhora quer pelo menos tentar? - É realmente certo isso de que a causa das minhas preocupações esteja relacionada com meu pai e meu marido? - Eu acredito que a senhora pode comprovar isso se tentar.

- De acordo. Diga-me o que eu tenho que fazer então. - Muito bem. Faça primeiro o que eu vou lhe dizer. Escreva em um papel tudo aquilo sobre seu pai que faz com que a senhora não possa perdoá-lo. Escreva tudo o que deseje, mesmo que seja um texto cheio de raiva. Pode escrever inclusive: “não o suporto”, “imbecil”, Idiota”, etc. Se a senhora se lembrar de algum incidente em concreto, escreva também e agregue: “neste momento eu me sentia de tal maneira”. Escreva tudo o que lhe feria e que não suportava. Escreva sem piedade. Expresse seus sentimentos. Escreva até que se sinta satisfeita. Quando lhe parecer suficiente, ligue para mim. Vou lhe dar o meu número de celular. Eiko duvidava que aquilo servisse para solucionar os problemas com Yuta. Mas pensou que era melhor tentar do que duvidar e não fazer nada. Pensou: “Se serve para solucionar o problema, farei o que for necessário”. Além disso, mesmo não entendendo em que se baseava o que dizia Yaguchi, percebia um estranho poder convincente. Eiko desligou o telefone, pegou uma folha de papel e começou a escrever tudo o que se passava pela cabeça sobre seu pai. Quando era pequena, meu pai sempre criticava tudo. A hora do jantar, com frequência se convertia em hora de sermões. Além disso, era um pai que rapidamente ficava bravo por tudo e gritava quando não fazíamos o que ele esperava. Com frequência eu pensava que meu pai não tinha nenhum interesse pelo que eu sentia. Não suportava quando se queixava do trabalho depois de beber. Meu pai era mestre de obras de uma construtora e voltava para casa com a roupa suja de terra e barro e sempre se sentava para comer sem se trocar e isso me incomodava muito. Eiko continuou escrevendo. Quando percebeu já tinha escrito muitas palavras bem fortes sobre o seu pai: “desumano”, “como pai, você é um incompetente”, etc. Ela se lembrou também de um incidente no colégio: Quando ia ao colégio, um domingo sai com um garoto da classe, um encontro. Enquanto caminhávamos pela rua, meu pai nos viu por acaso. Quando voltei para casa ele me fez um interrogatório e um sermão. Eu havia mentido para meus pais dizendo que ia sair com uma amiga e meu pai não me perdoou por isso. Ainda me lembro das palavras do meu pai: “É assim que trata os seus pais? De forma mesquinha e mentindo? Você não fará nada de bom na vida!” Enquanto se lembrava, caiam lágrimas de desgosto. Também plasmou essa raiva no papel. Você tem esse gênio que faz com que eu tenha vontade de mentir para você. Você não percebe que é por sua culpa? Além disso, essa coisa de “você não fará nada de bom na vida”, não te parece que são palavras horríveis de dizer? Você não tem ideia do quanto você me feriu! É você que não é um bom pai! A partir desse dia eu deixei de falar seriamente com você. Quem mal anda, mal acaba.1 Enquanto escrevia, não parava de chorar. Quando percebeu já era mais de meio dia. Havia passado mais de duas horas escrevendo. Uma dezena de folhas cheias de raiva. Bem, por ter escrito sem piedade ou por ter desabafado e chorado, o certo é que se sentia bastante aliviada. Passada uma hora Eiko ligou para Yaguchi. - A senhora já escreveu o que sentia? - Sim, já escrevi todos os meus sentimentos. Chorei muito e agora me sinto um pouco melhor. - Está preparada para perdoar o seu pai? - Se eu tenho que lhe dizer a verdade, talvez não esteja pronta ainda. Mas pretendo fazer tudo o que seja possível para mim. Se eu pudesse perdoá-lo, eu gostaria de fazê-lo e assim quem sabe me sentiria mais aliviada. - Pois vamos tentar. Perdoar o seu pai é só para a senhora mesma, para mais ninguém. Prepare uma folha de papel e escreva o seguinte título: O que eu posso agradecer ao meu pai. Se fosse o caso de dizer obrigada a seu pai, o que a senhora lhe agradeceria? - Bom, sobretudo o fato de trabalhar e criar-me. Agradecer o dinheiro pelo seu trabalho, assim a família podia comer e eu pude crescer. - Escreva isso no papel. Algo mais? - Hmmm... quando criança ele me levava com frequência ao parque e brincávamos juntos. - Escreva isso também. Algo mais?

- Mais ou menos acho que isso é tudo. - Bem, então prepare outra folha. Escreva o título: Do que eu quero me desculpar com meu pai? Há algo que a senhora gostaria de se desculpar com seu pai? - Agora não me passa nada pela cabeça em especial, mas se tenho que lhe dizer algo, quem sabe, no fundo, continuo sentindo antipatia por ele. Mas não sinto de coração que queira me desculpar por isso. - Mesmo que não sinta realmente, não importa. Para começar, simularemos que sente. Escreva o que a senhora acaba de me dizer. - Já escrevi. Quando diz que simularemos, o que quer dizer com isso? - O que a senhora tem que fazer a partir de agora requer muita coragem. De fato, provavelmente trata-se da situação que implica ter mais coragem de toda a sua vida. O que vou lhe sugerir agora, certamente, será o que lhe faça sentir mais resistência. A senhora decide se quer ou não fazer. Ligue para o seu pai e diga as palavras de agradecimento e de desculpas. Se não sair de dentro, pode dizer só as frases que a senhora preparou no papel. Também pode ler o que está escrito nessas folhas. Depois de dizer-lhe tudo o que agradece e se desculpa, se quiser, pode desligar o telefone. A senhora quer tentar? - Com certeza isso eu não posso fazer a menos que eu reúna mais coragem do que eu já utilizei em toda a minha vida até hoje. Mas se fazer isso serve para resolver meu problema, acho que vale a pena tentar. Mesmo que seja difícil. - Decida a senhora mesmo se vai fazer ou não. Eu acredito que vale a pena. Bom, agora eu estou ocupado e, portanto, se me desculpar, me despedirei agora. Se a senhora decidir fazer isso, por favor, me avise para avançarmos para o passo seguinte. O que ajudou Eiko foi isso de “simularemos o que sente”. Ela não conseguia sentir de verdade que queria “desculpar-se”. Como ela pensava que “o mau era o meu pai”, seria absurdo que fosse ela a pedir desculpas. Mas se era simplesmente ler um texto, quem sabe ela poderia fazer isso. Então, sem dúvidas, o melhor era tentar fazê-lo. Pouco a pouco Eiko foi tendo vontade de ligar para seu pai. Mas ainda era muito estranho sentir esse desejo de ligar para falar com ele. Se não fosse pelas circunstâncias do momento, com certeza Eiko não falaria jamais por telefone com ele. Desde que era recém-casada, ela ligava para a casa de seus pais e se seu pai atendia, ela logo dizia: “Sou eu, você pode me passar o telefone para a mamãe?”. E desde então, bastava que Eiko dissesse; “sou eu”, seu pai já passava o telefone para a mãe dizendo: “Eiko está ao telefone”. Ele já tinha percebido que Eiko não tinha nada para falar com ele. Mas este dia sim, Eiko ia falar por telefone com seu pai. - “Quanto mais eu enrolar, mais difícil será ligar para ele” pensou Eiko e decidiu ligar logo. Sua mãe atendeu ao telefone. - Eiko, como você está? - Bem, normal... o papai está? - Como? Seu pai? Você quer falar com o seu pai? - Hmmm... sim, um pouco. - Que estranho. Por que você quer falar com o seu pai? - O que? Bom... é algo estranho e difícil de explicar. Posso falar com ele? - Claro... um momento. Depois de alguns poucos segundos que o pai demorou a atender, o nervosismo de Eiko superou todos os níveis. Até então seu pai sempre lhe havia desagradado, Ela se havia negado a abrir-lhe o coração. E agora era necessário lhe agradecer e desculpar-se. Se ela pensasse friamente, isso era impossível de fazer. Mas devido ao que Eiko sofria por Yuta e este sofrimento era muito sério, era capaz de fazer algo que em circunstâncias normais não poderia fazer. Se existia algum modo de livrar-se dessa preocupação, faria o que fosse preciso mesmo que se tratasse de agarrar-se a um prego fervendo. Este foi o pensamento que guiou Eiko para o que estava a ponto de fazer. Seu pai atendeu ao telefone dizendo: - Sim, o que você quer?

Eiko começou a falar com um ataque de pânico, quase sem saber o que estava dizendo: - Hmm... então... Eu nunca te disse isso até agora, mas pensei que é melhor dizer e por isso eu liguei... Papai acredito que o seu trabalho na obra devia ser bastante duro. Graças ao seu trabalho e ao seu esforço você me criou. E quando eu era pequena, você me levava ao parque, né? Quero dizer que até agora eu nunca tinha te falado que isso é para se agradecer, nem tinha te mostrado a minha gratidão. E por isso eu pensei que, por pelo menos uma vez, eu queria te dizer isso adequadamente... Além disso, eu não sentia simpatia por você e eu queria pedir desculpas por isso também. Ela não foi capaz de dizer “obrigada” adequadamente, nem “sinto muito”, mas de alguma forma pôde transmitir o que tinha que dizer. “Vou desligar depois de escutar o que meu pai tem a dizer sobre isso” planejou, mas seu pai não disse nada. E como ele não disse nada, pensou: “Ele não percebe que eu não posso desligar se ele não disser nada”? E ouviu a voz de sua mãe. - Eiko, o que você disse a seu pai? - O que? - O que foi de tão horrível que você disse a ele? Não percebe que ele está chorando? -E começou a ouvir os soluços de seu pai do outro lado do telefone. Eiko ficou atônita pela surpresa. Até aquele dia, nunca havia ouvido seu pai chorando. Ele era tão forte! E agora se podia ouvir os soluços. Ao escutar o pranto de seu pai, Eiko também começou a chorar. Agora via que ele também desejava ter muitas conversas com ela. Mas durante todo esse tempo, ela lhe havia negado seu amor. Seu pai estava triste. Aquele que era forte para poder resistir a tudo o que fosse necessário na obra, agora estava chorando um rio de lágrimas. Foi tão difícil para ele não poder transmitir seu amor à própria filha. As lágrimas de Eiko também se transformaram em soluços. Um tempo depois, escutou de novo a voz de sua mãe: -Eiko? Você se acalmou um pouco? Você pode me contar? - Mamãe, por favor. Deixe-me falar com o papai de novo? O pai atendeu ao telefone e sua voz tremia pelo pranto: - Eiko, perdoe-me. Eu não fui um bom pai para você. Eu te fiz passar muitos momentos ruins. Outra vez se escutavam os soluços. - Papai, me perdoe. Sou eu quem foi uma má filha. Além disso, obrigada por me criar. A voz de Eiko também desapareceu entre os soluços. Um tempo depois escutou a voz de sua mãe: - Mas o que aconteceu? Bom, quando você se acalmar, me explique. Agora eu vou desligar. Depois de desligar o telefone, Eiko ficou ainda um tempo pasma. Havia odiado o seu pai por mais de vinte anos. Nunca pôde perdoá-lo. Pensava que ela era a única vítima. Só enxergava seu pai a partir de um único ponto de vista e nunca havia tentado vê-lo de outra perspectiva. Não havia visto o amor de seu pai, as fraquezas dele, as limitações dele. Que experiência mais amarga deveria ter sofrido até então. Que experiência mais amarga ela havia feito seu pai sofrer. Então lhe passaram vários pensamentos pela cabeça. E nasceu um sentimento de gratidão ao seu pai. Ela então finalmente compreendia o significado das palavras de Yaguchi ao dizer: “por enquanto simularemos o que você sente. O sentimento virá mais para a frente”. Faltava uma hora para Yuta chegar e tocou o telefone. Era Yaguchi: - Olá, sou eu, Yaguchi. Agora eu tenho livres uns 40 ou 50 minutos e por isso lhe liguei. Antes eu tinha trabalho e me deu a impressão que cortei a nossa conversa pela metade. - Eu liguei para o meu pai. E estou muito feliz de tê-lo feito. Muito obrigada. Tenho que lhe agradecer. Eiko lhe contou brevemente a conversa. - Sério? Fico muito feliz que você tenha tido coragem e o tenha feito. - Eu acreditava que os maltratos de Yuta no colégio eram o maior problema, mas não haver perdoado o meu pai durante tantos anos me dá a sensação de que era um problema ainda maior. Agora eu penso que graças ao problema do meu filho, eu pude fazer as pazes com o meu pai e inclusive sinto que me alegro pelo problema de Yuta. - Vejo que agora a senhora pode aceitar a preocupação com Yuta de uma forma construtiva e até este ponto. Existe o que se chama de “lei do inevitável”. Se estudarmos, poderemos ver o seguinte: de fato, todos os problemas que surgem na vida, ocorrem para fazer-nos perceber algo importante. Ou seja,

eles não acontecem por acaso. Acontece o que, inevitavelmente, tem que acontecer. Ou seja, nunca acontece nada na nossa vida que a gente não possa solucionar. Todos os problemas que nos aparecem existem porque nós podemos resolvê-los e se nos colocarmos neles com amor e positivamente, depois e sem nenhuma dúvida, nos trarão algum benefício que nos fará dizer: “que bom que esse problema aconteceu comigo. Graças a ele eu pude...”. - É o que parece. Mas o que ainda me preocupa é que o problema de Yuta continua sem solução. - A senhora ainda acredita que o problema de Yuta está sem solução? Quem sabe a senhora já tenha dado um grande passo à frente na direção da solução. Porque no mundo, os sentimentos estão todos entrelaçados. Se se resolve uma causa, o resultado também tem que mudar. -Realmente é verdade que o problema de Yuta vai se solucionar? - Eu acredito que isso depende da senhora. Agora é o momento de colocar um pouco de ordem. Para a senhora o mais difícil é que Yuta não lhe abra o coração. A senhora disse que, como mãe, lamenta muito e lhe é muito duro não poder fazer nada. Além disso, já não deseja mais sentir essa dor. - Sim, é isso. Não me conta que lhe maltratam. Eu quero ajudá-lo mas ele me rejeita dizendo: “deixe-me em paz”. Eu me sinto impotente. Apesar de compreender a vergonha do meu filho, não há nada mais duro para uma mãe, que não poder fazer nada. - Realmente é difícil. Agora a senhora já deve saber quem também esteve sofrendo essa mesma dor, não é? - O que? Quem? Neste momento Eiko pensou em seu pai. Sim. Essa dor insuportável devia ser a mesma que seu pai havia tido que aguentar durante tantos anos. A dor de uma filha que não lhe abria o coração. A dor de uma filha que o rejeitava. A dor de não poder fazer nada como pai... Era a mesma que ela tinha. Seu pai tinha tido que suportar isso por mais de vinte anos? Uma lágrima rolou por sua face. - Já entendi. Estou sofrendo a mesma dor que o meu pai sofreu. Ele passava tão mal como eu. Também entendo porque ele chorou. - Os problemas que nos acontecem na vida, acontecem para fazer com que vejamos algo importante para nós. - Agora eu percebo de novo tudo o que o meu pai sofreu. Acredito que percebi isso graças a Yuta. Graças ao fato de Yuta não me abrir o coração... - Seu filho, seu pai e a senhora mesma estão unidos no fundo do coração. A postura que a senhora toma com o seu pai é a mesma que Yuta tem tomado com a senhora. Graças a isto a senhora pode perceber. - Agora eu sinto que quero agradecer a Yuta. Quero lhe dizer: “obrigada por me fazer compreender algo tão importante”. No fundo, até agora eu o culpava: “por que você não quer falar com a sua mãe?”. - Agora a senhora pode entender o que sente o seu filho? - Sim. De menina eu não suportava o meu pai porque era um chato. Não suportava que ele quisesse opinar sobre tudo. Olhando agora, percebo que isso também procedia de seu amor, mas naquela época era insuportável. Acredito que agora Yuta pensa a mesma coisa de mim. Meu amor opressivo lhe pesa demais. - Quando a senhora era pequena, que tipo de pai desejava? - Queria que ele confiasse em mim. Desejava que ele tivesse confiança em mim. Queria que ele pensasse: “É Eiko, eu sei que tudo sairá bem”. Acredito que eu também não confio em Yuta. Penso: “se eu não lhe ajudo, não saberá o que fazer” e por isso tento tirar dele as coisas e lhe dou sermões... Eu gostaria de confiar mais nele. - Agora a senhora é capaz de entender o que sofreu o seu pai e o que está sofrendo Yuta. Vamos nos centrar agora no seu marido. A senhora se lembra que esta manhã, quando a senhora me ligou, eu lhe disse que a causa pela qual seu filho Yuta é culpado é porque a senhora estava culpando alguém próximo? - Sim, me lembro. E eu lhe disse que era impossível respeitar o meu marido. - Pois bem, poderia voltar a me explicar o que sente com relação ao seu marido? - Não posso evitar pensar que é um “inculto”, que “tem pouca sensibilidade”, etc. Apesar de estar preocupada com Yuta, ele, sem nenhum fundamento, é otimista. Eu reclamo, mas falar seriamente do assunto ainda não o fizemos. Em todo caso não poderia aceitar o que me dissesse.

Enquanto falava, Eiko percebeu que a postura que havia tomado com seu marido se parecia à que ela havia tomado com seu pai. - Ela se parece à postura que tomei com meu pai, não é? - Sim, é verdade. Frequentemente, no caso das mulheres, a postura que tomam com seu pai se reflete à postura que tomam com seu marido. Inclusive, pelo que a senhora me contou, parece que seu marido confia em Yuta, não é verdade? - Sim, é verdade. Ah! Eu deveria aprender com o meu marido! Parece que Yuta conta bastante o que ele pensa ao pai. Confia nele e por isso Yuta se abre com ele, não? Eu não percebi as virtudes do meu marido. - Entendo. Assim é como a senhora se sentia. Bom, agora eu lhe mandarei umas tarefas de casa. A senhora decide se quer fazê-las ou não. Antes a senhora tinha preparado duas folhas tituladas “o que eu posso agradecer ao meu pai e do que eu quero me desculpar com meu pai”. Agregue mais coisas a essas duas folhas. Escreva tudo o que puder. Pode utilizar tantas folhas quanto sejam necessárias. Quando terminar, prepare outra folha. Escreva o título: Como eu gostaria que fosse a minha relação com meu pai. A senhora não vai escrever para se arrepender da relação passada com seu pai, mas sim para encontrar pistas de como se relacionar com o seu marido. Uma coisa mais: de noite, quando Yuta estiver dormindo, olhe o seu rosto e lhe cante “obrigada” cem vezes. O que a senhora acha? Gostaria de fazer isso? - Sim, sem dúvida alguma. Pouco depois de desligar o telefone, seu filho Yuta chegou em casa. Jogou a mochila na entrada e como sempre pegou a sua luva e a bola de beisebol e saiu em direção ao parque. Eiko se preocupou muito. “Hoje ele voltará lá apesar dos coleguinhas o terem mandado embora”. No entanto, para se distrair da preocupação, Eiko se dedicou a fazer as sua tarefas de casa. Ela se Lembrou de muitas coisas que poderia agradecer a seu pai:

� Manter a família trabalhando no duro emprego como mestre de obras. � Quando era pequena, nas vezes em que tinha tido muita febre, me havia acompanhado de

carro ao pronto socorro ( para meu pai, cujo trabalho requeria muito esforço físico, com certeza sair à meia noite era muito cansativo)

� Quando era pequena me levava com frequência ao rio e ao mar. Ensinou-me a nadar. � Quando era pequena eu gostava de melão e todo ano no meu aniversário ele comprava um

melão antes de chegar em casa. � Durante uma temporada, uma menina da vizinhança me maltratava e meu pai foi se queixar

na casa dela. � Estudei em faculdade particular e me pagou as mensalidades e matrícula sem se queixar (para

a economia familiar foi com certeza uma grande carga). � Quando encontrei meu primeiro trabalho, encomendou uma bandeja de sushi para festejar

(era uma bandeja de sushi muito luxuosa). Este dia eu disse: “eu não gosto de sushi” e não comi. Meu pai ficou muito triste.

� Abriram uma conta no banco para cada um dos irmãos (para uma eventual emergência) e cada mês, mesmo que fosse pouco, depositava uma quantia. No dia anterior ao meu casamento, meu pai quis me dar o dinheiro juntado e eu não quis levá-lo pela rua e disse que depositasse na minha conta.

O que eu posso agradecer ao meu pai e o que eu quero me desculpar com ele, vinham misturados na cabeça de Eiko. Enquanto ela escrevia, chorava. “Ele gostava muito de mim. Mesmo rejeitando-o ele continuava gostando de mim. Como eu não podia deixar de lado o sentimento de que não tinha perdão, eu não pude perceber o seu amor. Apesar de ser tão querida, eu não dei nada a meu pai. Quase não fiz nada por ele como filha.” Também percebeu que de fato não dava valor ao trabalho de seu pai. Pensava que um mestre de obras era de pouca categoria e nada intelectual. Mesmo tendo sido graças ao contínuo trabalho de seu pai que ela pode se formar na universidade. Pela primeira vez, percebeu. Com certeza havia muitas coisas mais para agradecer ao seu marido.

Enquanto pensava tudo isso, preparou uma folha intitulada: Como eu gostaria de me relacionar com meu pai. Escreveu o seguinte:

� Perceber o amor implícito em seus atos. Assim como eu sou imperfeita, compreendo que meu pai também é imperfeito.

� Agradecer o que faz por mim. � Não somente ser querida, mas também querer (fazer algo que lhe faça feliz) � Transmitir meu desacordo no que eu não gosto e construir uma relação agradável para os dois.

Pensou que era exatamente assim como deveria tratar o seu marido. “Um marido que trabalha para mim. O marido que é meu companheiro na vida. Esqueci de agradecer-lhe tudo o que faz por mim”. Talvez essa fosse a primeira vez que pensava francamente em seu marido. “Isto deve estar relacionado com o que eu fui capaz de agradecer ao meu pai. Hoje eu vou lhe agradecer”. Eiko percebeu que, enquanto pensava tudo isso, já havia escurecido. De fato, aquele dia ela não tinha feito nenhuma tarefa da casa. Desde que havia ligado para Yaguchi às nove da manhã, só havia se confrontado consigo mesma. “O que eu vou preparar para jantar”?, pensou Eiko, justamente na hora que chegava Yuta do parque. - Mamãe! A senhora está me ouvindo? - O que aconteceu? Alguma coisa boa? - A senhora se lembra do Taiki? Ontem ele chutou a minha bola. - Ah! Sim? Taiki é o garoto que mais te incomoda, não é? - Pois é. Agora mesmo, quando eu voltava para casa, Taiki estava vindo ao parque e se desculpou comigo dizendo: “Perdoe-me por estar sempre te incomodando, tá?“ - Verdade? E enquanto dizia isso notava como se estivesse ocorrendo um milagre. Ela sentiu que estava relacionado com o fato de haver feito as pazes sinceramente com seu pai. Então ela decidiu que, ao invés de se dedicar a preparar o jantar, preferia conversar com Yuta e encomendou comida pronta. Enquanto esperavam, ela lhe disse: - Eu sinto muito ter me metido demais nas suas coisas. A partir de agora eu tentarei não me meter tanto nelas. E quando você precisar que eu te ajude, não tenha dúvidas em pedir, ok? Porque eu confio em você. O rosto de Yuta mostrava uma grande alegria e disse: - Ok. Obrigado mamãe. Como é natural, Yuta desejava que confiassem nele. - Hoje é um grande dia! As coisas boas vêm uma atrás da outra! , continuou Yuta. Eiko também estava eufórica. Pouco depois chegou o jantar. - Eu quero esperar o papai para jantar. Você pode ir comendo se quiser. - Por quê? Se você sempre come antes. - Hoje eu tenho vontade de jantar com o papai. Papai trabalha muito por nós e chega cansado em casa. Eu me sinto mal que ele tenha que comer o arroz com frango sozinho, você não acha? - Pois então, eu também quero jantar com o papai! Será mais divertido se comermos os três juntos. - Realmente você é um tesouro! Você se parece com seu pai! - A senhora está mesmo muito estranha. A senhora sempre se queixa que o papai é indelicado. - Verdade? A mamãe estava errada. Papai é amável, é um homem forte... É um homem de ouro! - Sim, mas se eu não estudar, só vou conseguir um trabalho como o dele. - Sinto muito, mas nisso a mamãe também estava errada. O trabalho do papai é um grande trabalho. É útil às pessoas. Além disso, é graças ao seu trabalho que nós podemos comer. Temos que agradecer a ele. -Sério que a senhora pensa assim?

- Sim, agora eu tenho certeza. O rosto de Yuta ficou ainda mais sorridente e feliz. As crianças, em essência, devem crescer sentindo respeito por seus pais e utilizando-os como modelo. As palavras de Eiko agora davam permissão a Yuta para “admirar o papai”. Isso era o que tinha feito Yuta ficar ainda mais contente. Um tempinho depois chegou seu marido e os três juntos comeram o arroz com frango já frio. Talvez porque estivesse contente que o tivessem esperado, esse dia seu marido estava especialmente de bom humor. Comia o arroz com frango frio dizendo: “Está delicioso”! Yuta dormiu enquanto seu pai tomava banho. Eiko começou a agradecer interiormente enquanto olhava o rosto de Yuta dormindo. Quem sabe fosse pela influencia da palavra “obrigada”, mas do fundo do seu coração começou a emanar o sentimento de gratidão. “E eu que pensei que estava sofrendo por culpa desta criança e, no entanto, é graças a ele que percebi algo importante. O certo é que, quem sabe, esse garoto foi meu guia”. Enquanto pensava isso, Yuta lhe parecia um anjo. Em um abrir e fechar de olhos, começou a chorar. Sem dúvida havia sido um dia de muito choro. Pouco depois tocou o telefone e era um fax. Sua mãe havia enviado o fax para ela e dizia: “Eiko, seu pai me contou o que aconteceu. Chorava enquanto me contava. Eu também tive vontade de chorar de alegria. Seu pai disse: “se eu beber, ficarei bêbado e é uma pena não poder desfrutar desses momentos de alegria”; Quando vocês vem nos visitar? Vamos ficar muito felizes em ver vocês! Mamãe”. “Papai está acostumado a beber todas as noites hoje não bebeu nada de nada!... parece que as minhas palavras lhe fizeram realmente feliz. Talvez fosse de tristeza que meu pai não tenha podido deixar de beber, mesmo quando estava doente”. Eiko começou a chorar de novo. - O que aconteceu? Você está chorando? – lhe perguntou seu marido que acabava de sair do banho. Eiko lhe contou tudo o que havia acontecido durante o dia. Que havia ligado para Yaguchi, que havia escrito em um papel as dificuldades e problemas com seu pai, que à tarde havia ligado para seu pai e feito as pazes... - Então seu pai também chorou? – seu marido escutava meio chorando. Também lhe contou que o amigo que maltratava Yuta se havia desculpado. - Com certeza às vezes acontecem coisas, não é? Não entendo muito os métodos de Yaguchi, mas fico muito feliz porque parece que funcionou muito bem com você. Depois Eiko se desculpou chorando com seu marido. - Obrigada. Eu te agradeço tanto tudo o que você faz. Hoje eu senti de novo uma grande admiração por você. E sinto muito que até hoje eu não tenha percebido o suficiente o quanto você é maravilhoso. O marido de Eiko chorava enquanto a escutava. No dia seguinte, Eiko ligou para Yaguchi para lhe contar o que havia acontecido e para agradecê-lo. - Seu marido também me ligou. Fiquei muito contente em ter podido ser útil. Estou impressionado com a sua coragem e o que me contou. Bem, a partir de agora é muito importante que você dedique um tempo de cada dia, para dizer no seu coração, cem vezes “obrigada” a seu pai, a seu marido e ao seu filho Yuta. Eu gostaria de te recomendar alguns livros para ler. Escolherei alguns deles e lhe enviarei os títulos por fax hoje mesmo. No mesmo dia à noite... - Olá!!! – Era a alegre voz de Yuta chegando à casa. – Hoje os meninos da sala me convidaram para jogar beisebol com eles. E eu vou. Yuta pegou a luva e saiu correndo. Os olhos de Eiko se encheram de lágrimas. Ficou com a voz travada e não conseguiu dizer tchau. FAX Estimada Eiko Akiyama: O espelho que é a vida nos faz ver o que é importante, você não acha? Estou muito impressionado com a sua coragem e ousadia. Só queria lhe pedir um favor. Penso que esta experiência pode servir de ajuda

a outras pessoas. Desejaria que você contasse isso, caso apareça a oportunidade. Com os meus melhores desejos de amor, gratidão e alegria para a sua vida. Como continuação lhe recomendo alguns livros que pode utilizar como referência: -Ikikata (Vida), de Kazuo Inamori. -As a Man Thinketh, de James Alien. -Creating the Value of Life, de Fumihiko Iida. -Forgiveness, de Gerald G. Jampolsky. -How to Conducían Orchestra, de Yoshiyuki Takagi. -Cuaderno de cociente emocional para aumentar día a día la fuerza para alcanzar el éxito y la felicidad, de Yoshinori Noguchi. Como trazer felicidade para nossa vida.

Epílogo

A vida é um espelho que reflete nosso interior.

Obrigado por ler este texto até o final. Apesar de se tratar de nomes e profissões fictícias, está baseado em pessoas e fatos reais. Há algum tempo eu publiquei esta história no meu blog ((“Coaching de cociente emocional para aumentar día a día la fuerza para alcanzar el éxito y la felicidad”) e teve uma repercussão surpreendente. Recebi uma grande quantidade de e-mails dos leitores: “Fazia muito tempo que eu não chorava tanto”, “Reuni forças para perdoar quem eu não pude perdoar durante anos”, “ Fui invadida por um forte sentimento de agradecimento”. Recebi tantas mensagens repletas de agradecimento e de sentimento que eu também acabei sentindo uma grande emoção. Também fiz cópias do texto e as reparti entre os assistentes dos cursos que eu dou em empresas (cursos para melhorar o quociente emocional). No primeiro dia de curso eu mandei que lessem o texto como tarefa de casa. No dia seguinte lhes perguntei sua opinião. E 90% dos participantes tinham chorado ou ficaram com os olhos lacrimejantes. Percebi que esta história tem algo que nos leva ao coração. É necessário dizer que cada vez que o leio de novo, acabo com os olhos cheios de lágrimas. E cada vez que quero julgar os atos de alguém me lembro da história e sinto como se me purificasse. Agora eu fico muito feliz que está história tenha sido publicada em forma de livro. Desejo que muita gente mais possa conhecer estes fatos. E você? O que sentiu ao ler este texto? Eiko estava preocupada com seu filho e sem saber como resolver o problema. Então Yaguchi lhe ensinou uma lei muito simples que lhe daria a solução. Uma lei que diz “a realidade de nossa vida é o espelho que reflete nosso coração”. É a lei do espelho. Se nós enchermos o nosso interior unicamente com insatisfação, cada vez ocorrerão mais acontecimentos que expressarão este descontentamento. E se, ao contrário, tivermos o coração sempre cheio de agradecimento, ocorrerão mais acontecimentos que nos farão sentir mais agradecimento. “A vida é um espelho que reflete nosso coração”. Ou seja, ocorrem acontecimentos que se sintonizam exatamente com nosso interior. Pode-se dizer também que a causa que se acha em nosso interior se torna realidade como efeito. Esta lei tem muitos pontos em comum com a religião e a filosofia oriental tradicionais. É uma lei muito simples, mas que, quando a conhecemos, nos ensina a controlar nossa própria vida. Como coaching assessorei numerosos clientes para alcançar seus objetivos e a realização de pessoas, e durante anos de experiência pude comprovar que esta lei funciona em todos os indivíduos sem nenhuma exceção. Utilizando esta lei, muitas pessoas conseguiram mudar uma situação adversa e tornar realidade a situação desejada. É o mesmo que acontece quando nos olhamos no espelho e podemos conhecer nossa própria imagem, se olharmos o que nos acontece na vida, poderemos conhecer o que temos dentro do coração. Yaguchi conhecia esta lei quando soube o que acontecia com Eiko e seu filho criticado por seus coleguinhas de colégio. Ele percebeu que Eiko criticava internamente alguém.

O que você faz quando não gosta da imagem refletida no espelho? Por exemplo: se você se olha no espelho e vê que está despenteado, o que você faz? Por mais que estenda a mão para arrumar os cabelos de sua imagem no espelho, você não conseguirá, não é? Provavelmente o que você fará, será estender a mão até a sua própria cabeça para arrumar, certo? De forma parecida, para resolver a raiz dos problemas da vida é necessário eliminar a causa que se encontra em seu próprio coração. Se não mudarmos nosso interior e esperamos somente que os outros ou as situações mudem, não conseguiremos o que desejamos. No caso de Eiko, quando conseguiu reconciliar-se e sentiu agradecimento em seu interior por seu pai e seu marido, o problema atual (a preocupação com seu filho) desapareceu. Quando eu digo que é necessário mudar o nosso interior, eu não quero dizer que não é necessário agir na realidade. Por exemplo, se alguém está sendo maltratado por outro, a primeira coisa a se fazer é agir para proteger-se na vida real. Mas ao mesmo tempo que se tenta fazer o melhor possível na vida dele, é também importante ir mudando o que se tem dentro do coração. Com o perdão se consegue a calma. Vamos refletir um pouco sobre o perdão. Quando penso “não posso perdoar isso ou essa pessoa” significa que ainda vivo amarrada ao passado, que o coração está cheio de rancor por alguma pessoa. Neste caso, Eiko estava amarrada às palavras ditas por seu pai no passado e isso fazia que, em seu interior, sentisse rancor por ele. Apesar de ultimamente não pensar mais em seu pai, no fundo de seu coração continuava rejeitando-o. Se tenho ressentimento por alguém e digo a mim mesmo que não posso perdoá-lo, não nunca conseguirei a paz interior. Estamos transtornados porque uma força extra está agindo sobre nós e se esta situação se prolongar, acabará em sofrimento. Com certeza isso é uma situação difícil. Eu também a experimentei. Neste momento nós temos duas opções: perdoar ou não perdoar. Se no passado nós fomos feridos pela relação com alguém, podemos escolher não perdoar. Neste caso significa que nos permitimos ficar ancorados no acontecimento passado. E devido a essa situação passada eliminamos a possibilidade de ter uma vida cheia de paz. Por outro lado, temos também a opção de perdoar. Se perdoamos, então tanto nosso corpo como nosso interior se acalmam e podemos relaxar. Nós nos liberamos do feitiço do passado e conseguimos paz e liberdade de espirito. Perdoar não significa que consideramos correto o que nos fizeram, nem que simplesmente deixamos passar. Também não significa que tenhamos paciência apesar de pensar que “ele/ela tem a culpa”. Perdoar significa que nos libertamos do passado que nos amarra, que deixamos de rejeitar e que escolhemos a calma dos momentos presentes. E você? Sente ressentimento contra alguém nesse momento? Estaria disposto a perdoar esta pessoa com a finalidade de conseguir uma vida feliz para você? Você deve levar em conta que perdoar alguém é só para você mesmo. Não é para ninguém mais. Perdoemos a nós mesmos. Provavelmente haverá quem pense: “é impossível perdoar tal pessoa”. Neste caso não se culpe nem pense “sou um desastre porque não posso perdoá-lo” ou “assim não poderei ser feliz”, etc. Você tem que compreender que te feriram e antes será necessário que você aceite isso. Quem sabe você ainda não esteja preparado. É necessário aceitar a si mesmo. Primeiro nos perdoamos. Isto em psicologia é conhecido como autoaceitação. Primeiro aceitamos que nos feriram e depois nos perdoamos por não poder perdoar tal pessoa. Deste modo conseguimos a autoaceitação e conseguimos o alívio que nos possibilitará perdoar. É necessário procurar também entre as próprias crenças. As crenças são as ideias que temos enraizadas no nosso interior. No livro “Caderno de quociente emocional para aumentar dia a dia a força para alcançar sucesso e felicidade” (Nippon Jitsugyo Publishing) existem métodos para buscá-las e eliminá-las. Por exemplo, as ideias citadas abaixo freiam o poder de perdoar:

� Se eu perdoasse, eu sairia perdendo. � 100% da culpa de que eu tenha passado mal por isso é sua. Eu não tenho nenhuma

responsabilidade. � É mais simples ser vítima que aceitar a própria responsabilidade. � Tem que pagar pelo que fez.

� A dor não desaparecerá a menos que eu me vingue. � Para proteger-me não devo perdoá-lo.

A lista poderia ser mais longa, mas no momento só pense se “estas ideias te deixam ou não feliz”. Oito passos para conseguir perdoar.

Agora eu indicarei oito passos para conseguir perdoar. Aquelas pessoas que até agora não conseguiram perdoar alguém, se os colocarem em prática, terão a possibilidade de dar uma reviravolta claramente favorável em sua vida.

1. Faça uma lista com aquelas pessoas que você não pode perdoar

Escreva em uma folha de papel o nome daquelas pessoas sobre as quais você pensa: “me sentiria melhor se eu pudesse perdoar”, “ gostaria tanto de fazer as pazes com ela”. A relação com os pais é especialmente importante. Pergunte-se se você não rejeita nada em seu pai ou sua mãe e se realmente você está agradecido a eles. E se for o caso, escreva também o nome deles na lista. Se você está casado/a, pergunte-se também com respeito a seu marido ou mulher. Se está divorciado, pergunte-se se você se reconciliou com ele/a. Este passo continua sendo válido inclusive para aquela pessoa que já morreu. Escreva também na lista o nome de todos aqueles que você não pode perdoar, estejam eles vivos ou mortos.

2. Expresse seus sentimentos Prepare várias folhas de papel e escreva seus sentimentos por aquela pessoa. Escreva os sentimentos que tinha naqueles momentos, mais do que as situações em si. Se surgirem sentimentos de ira, pode expressá-los com os palavrões que vier à sua mente, Não importa. Se você se lembra da tristeza e a dor que sentiu naquele momento, também pode escrever. Escreva seus sentimentos exatamente como saírem. Ninguém vai ler e por isso você não tem que se esconder, nem se controlar. Se você tem vontade de chorar, chore. Chore tudo o que quiser porque depois você se sentirá melhor. Quando você achar que já escreveu tudo o que sente, pare e rasgue o papel. Jogue-o no lixo.

3. Procure os motivos daquele ato a. Escreva o que fez aquela pessoa que não te permite perdoá-la. b. Imagine e escreva os motivos que levaram aquela pessoa a agir de tal maneira. Os motivos que

fazem agir as pessoas podem dividir-se em grandes traços em dois tipos: “querer sentir prazer” e “evitar sentir dor”. Pense em que prazer desejava sentir aquela pessoa que a fez agir dessa maneira. Ou que dor pretendia evitar. Imagine as causas e escreva-as.

c. Quando acabar de escrever, não julgue como errados os motivos, mas sim tente compreender a imaturidade e a debilidade daquela pessoa. Nós, seres humanos cometememos erros frequentemente. Por exemplo, fazemos algo pensando que nos fará sentir alegria, mas acaba nos fazendo sofrer. Às vezes agimos para evitar algum sofrimento, mas a única coisa que conseguimos é mais dor. Isto demonstra nossa imaturidade, nossa debilidade. Devemos compreender que os atos dos outros são a causa de sua imaturidade, sua pouca habilidade, de sua debilidade.

d. Você não deve pensar se os atos alheios eram corretos ou errados, é necessário que você se centre nos motivos que os levaram a agir. E diga o seguinte: “do mesmo modo que eu posso desejar, ele/a também desejava sentir prazer” ou “do mesmo modo que eu posso desejar, ele/a também desejava evitar sentir dor”.

4. Escreva tudo aquilo que você pode agradecer a ele/a Escreva tudo o que você pode agradecer a essa pessoa. Mesmo que pareça insignificante. Tente escrever o mais que puder. Mesmo que precise de muito tempo, tente se lembrar do máximo possível.

5. Utilize a força das palavras a. Em primeiro lugar faça a seguinte declaração: “para minha própria felicidade, calma e

liberdade, eu perdoo ...” b. Na seqüência repita “perdoo ...”. se é possível, repita em voz alta. Mesmo que seja de uma

forma que ninguém possa ouvir. Não é necessário que você sinta isso de coração. Mesmo que

os sentimentos te digam “não posso perdoar”, você pode dizer simulando. Repita isso durante mais de 10 minutos. Em 10 minutos você pode repetir entre 400 e 500 vezes. E se for possível faça-o durante meia hora. Este é um passo crucial. No caso de Eiko, Yaguchi pulou este passo e lhe aconselhou ligar para o seu pai diretamente. Considere-o como caso excepcional. Yaguchi conhecia a situação pessoal de Eiko e decidiu que isso era o mais adequado. Em geral, aconselho realizar bem este passo e agir depois de aparecer o sentimento de agradecimento.

6. Escreva aquilo do que você gostaria de desculpar-se. Escreva tudo aquilo do que você gostaria de se desculpar com essa pessoa. Quanto mais, melhor.

7. Escreva aquilo que você aprendeu Escreva o que você aprendeu graças à relação com aquela pessoa. Se você pensa em “como teria sido melhor me relacionar com aquela pessoa” talvez você consiga perceber ou aprenda algo novo. Como você acredita que poderia ter se relacionado com aquela pessoa para conseguir que os dois fossem mais felizes?

8. Declare “eu te perdoo” Diga: “perdoo ...”. Estes são os oito passos para conseguir perdoar. Não importa se depois de haver realizado os oito passos ainda persistir o sentimento de “não posso perdoar”. Neste caso repita os passos de 2 a 5. Repita “obrigado/a..(nome da pessoa)” enquanto se lembra de seu rosto. Se for possível, repita todos os dias durante mais de cinco minutos. Alguns dias depois você sentirá a mudança. Como tornar realidade uma vida feliz?

Se durante o processo de realização destes passos você sentiu agradecimento por aquela pessoa, o que você acha de lhe dizer obrigado/a? E se você pensar “eu gostaria de me desculpar”, o que você acha de passar à ação antes que o sentimento se esfume? Graças ao que fez, Eiko se liberou da prisão que representava o “não poder perdoar” e conseguiu a liberdade. Da mesma forma como Eiko teve coragem suficiente para agir e isto lhe mudou a vida, penso que seus atos cheios de coragem também podem mudar a sua. Se entre as pessoas incluídas na lista de “não posso perdoar” que você escreveu no passo 1, se encontra o nome do seu pai ou sua mãe, é imprescindível que realize todos os passos. Graças a isto a vida de muitas pessoas mudará de forma incrivelmente favorável. A relação que se tem com os pais reflete em muitas relações humanas e será muito beneficio se você se reconciliar de coração com eles. Um dia me comentaram: “do mesmo modo como fez Eiko, um dia eu tive a coragem suficiente para agradecer os meus pais, mas eles não aceitaram e me disseram “só agora que você nos diz isso”?”. Neste caso, o mais provável é que muitos fiquem bravos com seus pais. Se você espera que seu pai reaja como o pai da Eiko, provavelmente você vai acabar mais decepcionado do que já estava. Quando você os desculpa e agradece, o ideal é fazê-lo sem esperar que os outros mudem. O objetivo é transmiti-lo, mesmo que você não saiba se aquela pessoa aceitará ou não. Se você é capaz de transmiti-lo, já é suficiente. Se eles te rejeitam, significa que aquela pessoa está muito dolorida. Esta é a sua debilidade. Além disso, pode ser que mesmo que te rejeite abertamente, suas palavras no fundo, façam que eles sintam algo. Em todo caso, eu gostaria que você se valorizasse pelo fato de haver agido. E que você se sinta satisfeito por haver escolhido perdoar. Por ter perdoado, por deixar de ser vítima e voltar a ser responsável pela sua vida. Você deveria se sentir orgulhoso por isso. Não se esqueça das palavras de Yaguchi: “Todos os problemas que surgem na vida ocorrem para fazer-nos perceber algo importante. Você jamais terá um problema que não possa solucionar. Você tem a força necessária para resolver qualquer problema, o qual ocorre para que através de sua solução, você perceba algo importante”. Desejo que este livro te ajude a tornar realidade uma vida feliz. E me faria imensamente feliz se com esse livro você pudesse ampliar o círculo de pessoas felizes que te rodeiam. Se depois de ler este livro, você percebeu algo ou sentiu alguma emoção, não tenha dúvidas em compartilhar com os que estão à sua volta. Imagine a sua cara de felicidade ao compartilhar. Poder ser que seus atos acarretem boa sorte, liberdade e reconciliação com alguém.

Com meus melhores desejos que você faça amizades maravilhosas! Espero que se amplie o círculo de pessoas felizes à sua volta. Desejo que a Terra se encha de bons sentimentos e de agradecimento. Parte da renda obtida com a venda deste livro será destinada à Organization Save the Children. É uma ONG, reconhecida pelas Nações Unidas, que trabalha para as crianças. Trabalha em programas de ajuda para conseguir que os “Direitos das Crianças” sejam uma realidade em mais de 155 países. Dos 132 milhões de crianças que nascem anualmente no mundo, onze milhões morrem antes dos 5 anos. As crianças mal nutridas e que vivem na pobreza, antes de pensar se perdoam ou não os seus pais, devem preocupar-se em “como poderei sobreviver e como conseguirei uma vida segura”. Eu me sentirei muito afortunado se com esse livro eu conseguir ajudar as crianças do mundo. Yoshinori Noguchi