A Lenda da Imortalidade da Alma -...

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A LENDA DA IMORTALIDADE DA ALMA Este é um livro de minha autoria sobre o tema da Imortalidade da Alma. O livro é dividido em oito partes: 1. Introdução ao Tema 2. Conceitos bíblicos acerca de corpo, alma e espírito 3. A crença da imortalidade da alma no Antigo Testamento 4. A crença na imortalidade da alma no Novo Testamento 5. O sono da morte 6. A ressurreição dos mortos 7. A doutrina do inferno e dos acontecimentos finais 8. Considerações finas Boa Leitura! PARTE 1 – INTRODUÇÃO AO TEMA I –Prefácio “Nenhuma das minhas publicações provocou tal entusiasmo ou tão violenta hostilidade”. É assim que Oscar Cullmann, renomado teólogo suíço, definiu o seu livro ferrenhamente atacado: “Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos mortos?”, após uma mudança de posição e consciência sobre a vida pós-morte. A idéia de imortalidade inerente está enraizada nas principais religiões do mundo, mas atualmente cresce o número de pessoas que, lendo a Bíblia, abandonam tal crença. O que leva tantos teólogos na atualidade, como Oscar Cullmann, Clark Pinnock, John Scott, Phillip Hughes, entre muitos outros, a abandonarem a visão de estado intermediário e de eternidade no lago de fogo, se nasceram aprendendo que tais crenças eram verdadeiras e apenas as “seitas heréticas” pregavam o contrário? Simplesmente, continue lendo. Você vai entender! II–A Primeira Mentira “Certamente não morrerás” Não é a toa que a crença na imortalidade da alma está presente em praticamente todas as religiões pagãs. Todos sabem que existem Principados (demônios) atuando por trás dos grandes Sistemas Religiosos, que monitoram, regem, comandam e perpetuam esses enganos. Muitas mentiras foram implantadas nas raízes da Igreja ao longo dos séculos, e como a tradição foi tendo um valor doutrinário cada vez mais acentuado e muito maior do que a própria Bíblia Sagrada, estes enganos passaram a atuar nos cristãos quase como “verdades incontestáveis”. A justificação ficou por obras, o evangelho deixou de ser “Cristocêntrico”, os que morreram passaram a ser intercessores, a ressurreição dos mortos começou a perder a sua importância, a salvação da alma poderia perfeitamente achar-se por meio da venda de Indulgências, a Santa Inquisição tratou de “dar um fim” em quem fosse contra os dogmas sagrados da tradição e o evangelho puro, simples, sincero e verdadeiro (que não estava

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A LENDA DA IMORTALIDADE DA ALMA Este é um livro de minha autoria sobre o tema da Imortalidade da Alma. O livro é dividido em oito partes: 1. Introdução ao Tema 2. Conceitos bíblicos acerca de corpo, alma e espírito 3. A crença da imortalidade da alma no Antigo Testamento 4. A crença na imortalidade da alma no Novo Testamento 5. O sono da morte 6. A ressurreição dos mortos 7. A doutrina do inferno e dos acontecimentos finais 8. Considerações finas Boa Leitura! PARTE 1 – INTRODUÇÃO AO TEMA I –Prefácio “Nenhuma das minhas publicações provocou tal entusiasmo ou tão violenta hostilidade”. É assim que Oscar Cullmann, renomado teólogo suíço, definiu o seu livro ferrenhamente atacado: “Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos mortos?”, após uma mudança de posição e consciência sobre a vida pós-morte. A idéia de imortalidade inerente está enraizada nas principais religiões do mundo, mas atualmente cresce o número de pessoas que, lendo a Bíblia, abandonam tal crença. O que leva tantos teólogos na atualidade, como Oscar Cullmann, Clark Pinnock, John Scott, Phillip Hughes, entre muitos outros, a abandonarem a visão de estado intermediário e de eternidade no lago de fogo, se nasceram aprendendo que tais crenças eram verdadeiras e apenas as “seitas heréticas” pregavam o contrário? Simplesmente, continue lendo. Você vai entender! II–A Primeira Mentira “Certamente não morrerás” Não é a toa que a crença na imortalidade da alma está presente em praticamente todas as religiões pagãs. Todos sabem que existem Principados (demônios) atuando por trás dos grandes Sistemas Religiosos, que monitoram, regem, comandam e perpetuam esses enganos. Muitas mentiras foram implantadas nas raízes da Igreja ao longo dos séculos, e como a tradição foi tendo um valor doutrinário cada vez mais acentuado e muito maior do que a própria Bíblia Sagrada, estes enganos passaram a atuar nos cristãos quase como “verdades incontestáveis”. A justificação ficou por obras, o evangelho deixou de ser “Cristocêntrico”, os que morreram passaram a ser intercessores, a ressurreição dos mortos começou a perder a sua importância, a salvação da alma poderia perfeitamente achar-se por meio da venda de Indulgências, a Santa Inquisição tratou de “dar um fim” em quem fosse contra os dogmas sagrados da tradição e o evangelho puro, simples, sincero e verdadeiro (que não estava

sujeito a acréscimos – cf. Gl.1:8; Cl.1:23; Cl.2:2-5; Cl.2:8; 1Tm.6:3; 1Tm.6:21; 2Tm.4:3,4; Hb.12:9; 2Co.11:2-4) começou a se desviar do Caminho, do foco, daquilo que lhes foi originalmente pregado por Cristo e pelos apóstolos. Ao longo dos séculos, muitos enganos e mentiras foram perspicazmente sendo infiltrados na Igreja, e o evangelho estava gritantemente angustiado por uma Reforma. Como os dogmas não podiam ser contestados (eram “infalíveis” por meio do Magistério), ninguém ousava contrariar aquilo que lhes era dito. E, se alguém ousasse tanto, poderia ser queimado ou torturado, intitulado como herege e inimigo público da Santa Fé. É claro que existia um livro, que foi praticamente reprimido das mãos do povo, livro este que continha aquilo que foi originalmente anunciado, que continha o evangelho puro, sincero, da maneira como era no início. Essas Sagradas Letras tinham que ser reprimidas, ou, doutra forma, as próprias pessoas acabariam por descobrir milhares de mentiras que foram invadindo o cristianismo com o tempo. Isso levou o Papa Júlio III (em 1553) a convocar os três bispos mais sábios do Magistério a fim de tomarem um jeito de cuidar do problema relativo à Bíblia e de apresentarem sugestões cabíveis a fim de impedir com toda a astúcia qualquer manifestação favorável ao que nele estava escrito. Ao final de seus estudos, apresentaram ao papa um documento intitulado de “Direções Concernentes aos Métodos Adequados a Fortificar a Igreja de Roma”, cujo trecho final deste documento é o seguinte: "Finalmente, de todos os conselhos que bem nos pareceu dar a Vossa Santidade, deixamos para o fim o mais necessário, nisto Vossa Santidade deve por toda a atenção e cuidado de permitir o menos que seja possível a leitura do Evangelho, especialmente na língua vulgar, em todos os países sob vossa jurisdição. O pouco dele que se costuma ler na Missa, deve ser o suficiente; mais do que isso não devia ser permitido a ninguém. Enquanto os homens estiverem satisfeitos com este pouco, os interesses de Vossa Santidade prosperarão, mas quando eles desejarem mais, tais interesses declinarão. Em suma, aquele livro, a bíblia, mais do que qualquer outro tem levantado contra nós estes torvelinhos e tempestades, dos quais meramente escapamos de ser totalmente destruídos. De fato, se alguém o examinar cuidadosamente, logo descobrirá o desacordo, e verá que a nossa doutrina é muitas vezes diferente da doutrina dele, e em outras é até contrária a ele; a qual se o povo souber, não deixará de clamar contra nós, e seremos objetos de escárnio e ódio geral. Portanto, é necessário tirar este livro das vistas do povo, mas com grande cuidado para não provocar tumultos. [Bolonha, 20

de outubro de 1553 - Biblioteca Imperial de Paris, Fólio B, Número 1088, Volume 2, págs

641-650]" O próprio Magistério católico reconhecia que, de fato, muitas doutrinas mentirosas que vão contra o evangelho verdadeiro foram, ao passar dos séculos, encontrando lugar na Igreja. Uma dessas principais mentiras era que, como o catecismo católico expõe: “A Igreja ensina que toda alma espiritual é criada imediatamente por Deus--não é ‘produzida’ pelos pais--e também é imortal: não perece quando se separa do corpo por ocasião da morte” [Catechism of the Catholic Church, pág.93] Apesar de boa parte dos “rebeldes” serem facilmente silenciados de um ou de outro jeito (na maioria das vezes, do outro), começaram a surgir homens levantados a fim de fazer com que, ao passar dos séculos, a doutrina fosse aos poucos voltando ao foco inicial. Muitas doutrinas claramente contraditórias à Palavra de Deus foram aos poucos sendo repensadas. O próprio Martinho Lutero chegou a expressar-se de maneira contraria às teses de

imortalidade da alma por algum tempo, mas infelizmente se deixou levar depois pela pressão de outros de sua época, e no final terminou não destacando essa posição. Isso não impediu que, com o tempo, um número impressionante de mestres e teólogos respeitados e reconhecidos começassem a repensar as suas doutrinas de imortalidade da alma à luz das Sagradas Escrituras, e passaram a ver que, de fato, a doutrina da imortalidade da alma não bate com a doutrina da ressurreição e muito menos com o que as Sagradas Letras tem a nos dizer. O número de pessoas que deixam a visão dualista da natureza humana impressiona não apenas pela quantidade, mas também por estar em franco crescimento. De fato, a imortalidade da alma pode ser classificada como sendo a primeira mentira que entrou no mundo e a última a sair dele. Muitas pessoas de bem têm sido enganadas atualmente sobre o estado dos mortos. Mas não é de hoje que isso acontece. Deus disse para o homem, como consequência do pecado: “Certamente morrerás” (cf. Gn.2:17). Mas Satanás, a serpente, retrucou: “Certamente que não morrerás” (cf. Gn.3:4). Quem estava com a razão? Deus ou Satanás? Certamente que Deus. A própria presença da “árvore da vida” no jardim do Éden nos mostra claramente que a imortalidade era condicional à participação do fruto de tal árvore. Nós não tínhamos uma “alma imortal”! Com a Queda da humanidade, quando o pecado entrou no mundo, a morte (que não estava prevista no plano inicial de Deus para com a Sua Criação) passou a tornar-se uma realidade. O estado do homem alterou-se, e este passou a ser um ser mortal. A segurança de imortalidade baseava-se em partilharem da árvore da vida no Jardim, que lhes garantia exatamente a imortalidade (cf. Gn.3:22). É evidente que Deus não iria colocar tal árvore a disposição caso já tivesse implantado uma alma eterna que lhes garantisse tal imortalidade. Visto que a condição para “viver para sempre” constituía-se na participação do fruto da árvore da vida, fica muito claro que eles não detinham em si mesmos a imortalidade, supostamente na forma de um elemento eterno implantado em seu ser. Se Deus colocou no ser humano uma alma imortal, então por que razão existiria a “árvore da vida” no Jardim do Éden? Ora, se já fôssemos imortais isso seria totalmente desnecessário! Se o homem comesse da árvore da vida, se tornaria imortal (cf. Gn.3:22). Contudo, foram expulsos do Jardim do Éden, sem terem comido da árvore da vida, e dois querubins ficaram na guarda do jardim, exatamente a fim de que não comessem da árvore da vida e vivessem eternamente (cf. Gn.3:24). Tudo isso seria totalmente desnecessário se já possuíssemos uma alma imortal. Para que guardar o homem de comer do fruto da árvore da vida e viver para sempre se ele já era imortal por meio de uma alma eterna que já lhes teria sido implantada? O homem seria imortal caso comesse do fruto da árvore da vida, mas não comeu. Deus não fez o homem com o conhecimento do bem e do mal, mas ele comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e teve tal conhecimento. Da mesma maneira, Deus não fez o homem com uma alma imortal. A imortalidade era condicional a participação do fruto da árvore da vida, assim como o conhecimento do bem e do mal era condicional a participação daquela árvore. Mas, ao contrário do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal na qual eles comeram, eles não comeram do fruto da árvore da vida!

O resultado disso é que o homem não tornou-se um ser imortal. Ele, “morrendo, morreria” (cf. Gn.2:7). O homem era mortal pela sua natureza original, sem uma alma imortal, mas com a possibilidade de receber a imortalidade por meio da participação da árvore da vida. Isso, contudo, ele perdeu ao ser expulso do Jardim; e, portanto, perderam a possibilidade de participação na árvore da vida que lhes poderia nutrir de imortalidade. O homem perdeu a imortalidade quando foi expulso do Éden, e assim a morte veio a partir do pecado, sendo revertida na ressurreição (cf. 1Co.15:22,23). A Bíblia, contudo, nos apresenta que a árvore da vida (imortalidade) estará novamente presente no Paraíso, somente aos salvos, após a ressurreição dos mortos (Ap.22:2). E acontecerá que “quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida” (cf. Ap.22:17). O homem, agora sim, se tornaria imortal. A árvore da vida representava a imortalidade na comunhão com Deus, mas com o pecado fomos privados do acesso desta fonte de eternidade, que agora continua na presença de Deus, onde iremos desfrutá-la depois que formos ressuscitados (cf. Ap.22:2). A eternidade no homem era condicional, não a uma alma que lhes teria implantada, mas sim a obediência ao Ser Criador do Universo, como um dom de Deus. O homem foi privado da árvore da vida para que não se tornasse imortal como Deus, e, de fato, não comemos da árvore da vida (cf. Gn.3:22-23). Com a desobediência a Deus, a participação na árvore da vida foi cortada (cf. Gn.3:22,23), o que demonstra claramente que a imortalidade não residia numa alma imortal recém-implantada, mas sim na obediência a Deus. A desobediência foi o que ocasionaria a morte, em um contraste direto com a vida eterna residente na forma da árvore da vida. Quando entrou o pecado do mundo, juntamente com ele entrou a morte: O processo da morte teria início. O texto original hebraico simplesmente reza que: “Morrendo, morrereis”. A Bíblia não diz que “no dia em que comerdes, certamente morrerás no mesmo dia”. Diz somente que ele morreria, mas não diz quando. A morte não estava no plano inicial de Deus para com a Sua Criação. Contudo, com o pecado reinou a morte (cf. Rm.5:21; Rm.5:12), que só será revertida na ressurreição do último dia (cf. 1Co.15:51-55; 1Co.15:22,23; Jo.6:39,40). No dia em que Adão comesse daquela arvore proibida ele ia morrer, ou seja, tornar-se-ia um ser mortal, que ele realmente se tornou. O processo de morte como consequência do pecado alcançaria a todos os seres humanos a partir do momento em que este pecasse contra Deus, tornando-se receptível ao processo de morte que lhes sucederia. Analisando o texto original hebraico, vemos que, realmente, a morte seria a cessação total de vida. O que foi dito a eles: ”umê`êtshadda`ath thobh vârâ` lo' tho'khal mimmennu kiy beyom

'akhâlkhamimmennu moth tâmuth” (cf. Gn.2:17). Analisando as duas últimas palavras, vemos claramente quando é que o homem morreria: “moth tâmuth” – traduzindo: “morrendo morrereis”. Isso é omitido pela maioria das versões vernáculas porque contraria diretamente a posição de que houve apenas uma “morte espiritual” mas não uma morte física como consequência do pecado, ignorando o fato de que o hebraico diz categoricamente que tal morte seria quando o homem morresse – “morrendo, morrereis”.

Passando para o bom linguajar português dos dias de hoje, o que Deus estava dizendo era que “quando vocês morressem iriam morrer mesmo”! A morte seria o fim total de qualquer existência humana, pois, como consequência do pecado, o processo de morte teria início a partir do primeiro falecimento. A verdade incontestável é que não existiria nenhum estado de vida entre a morte e a ressurreição.

Ora, se o homem continuasse vivo em um estado intermediário após a morte corporal que todos nós passamos, então o homem não morreria – ele estaria vivo em um estado desencarnado. Essa é exatamente a mentira que a serpente pregou à Eva (cf. Gn.3:4), e que engana milhões de pessoas até hoje, invalidando toda uma consequência de morte – física e espiritual – que o homem encontraria como consequência do pecado. Ademais, a mentira de Satanás seria classificada como uma “verdade”, uma vez que o homem não morreria mesmo – viveria eternamente por meio de uma alma imortal que teria sido supostamente implantada no ser humano. Fica muito claro que o homem não seria inerentemente imortal, mas passaria por um estado de morte – “morrendo, morrereis” – por causa do pecado, fato esse que Satanás queria desmentir: “Certamente não morrerás”

(Gn.3:4). O processo de morte alcançaria todos os seres humanos, pois “o salário do pecado é a morte” e “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (cf. Rm.3:23), por isso “a alma que pecar, essa morrerá” (cf. Ez.18:4). Isso tudo nos deixa claro que a morte como consequência do pecado não alcançaria tão-somente o corpo, mas o ser integral do ser humano, corpo e alma (cf. Ez.18:4,20; Gn.2:7). A morte seria a cessação total de vida. Felizmente, a Palavra de Deus nos apresenta uma reviravolta neste quadro, apresentando que o processo de morte iniciado em Adão não seria perpétuo, mas seria revertido em Cristo, na Sua Vinda: “Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, as primícias; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem” (cf. 1Co.15:22,23). O processo de cessação de vida na morte, ocorrido com todos os seres humanos e iniciado em Adão – “em Adão todos morrem” – seria revertido no “último dia” (cf. Jo.6:39,40), quando Cristo há de vivificar os que lhe pertencem por ocasião de sua segunda vinda, porque Ele venceu a morte (cf. Hb.2:14), dando-nos também vitória sobre a morte na ressurreição (cf. 1Co.15:54). Na passagem acima citada, Paulo mostra a sua convicção de que a morte que ocorreu no Jardim não foi tão-somente uma morte espiritual, mas sim uma morte física; o homem não viveria inerentemente de jeito nenhum. Além de ser um bom conhecedor do original hebraico, Paulo iguala a morte como sendo física, ao colocar no mesmo contexto da ressurreição/vivificação dos mortos, um acontecimento literal, físico, material (Jo.5:28,29). Em Adão todos morrem porque ele certamente não viveria eternamente (cf. Gn.2:17; Gn.3:4), mas passaria por um estado sem-vida entre a morte e a vivificação na volta de Cristo. Sumariando, a imortalidade era condicionada a obediência a Deus e não a uma alma eterna supostamente em nós implantada, mas a consequência do pecado seria a morte física e a decadência espiritual dos seres humanos; sendo que a morte espiritual ocorreu logo ao pecarem, e o estado de morte física os alcançaria a partir do primeiro falecimento - “moth

tâmuth” -, morte essa que só seria revertida em vida novamente na ressurreição dos mortos. Claro, não demorou muito para Satanás entrar em cena e deturpar essa verdade, propagando o que hoje é a base e fundamento da doutrina imortalista, retirada diretamente da boca da serpente: “Certamente não morrerás” (cf. Gn.3:4) – o homem seria inerentemente imortal! Esta foi, com toda a certeza, o primeiro sermão da

imortalidade da alma, a primeira das mentiras que Satanás implantou no mundo: A crença na imortalidade da alma: “Certamente que não morrerás”. III–Por que a mentira? Por que a mentira? – O motivo desta pergunta é: “Qual é o objetivo de Satanás em pregar tal mentira?”. Certamente que ele teria uma boa razão para isso, além de contradizer o ensino claro de Deus (cf. Gn.2:17). Para respondermos a esta pergunta, temos primeiramente que ter em mente que o principal objetivo de Satanás é desviar o cristão da verdade. Passar a idéia de um Deus mal. Eis aí a principal das armas de engano de Satanás: Desviar o caráter imutável do amor de Deus. Satanás é a serpente, aquele que engana. Quanto mais pessoas ele conseguir desviar de Deus, de preferência passando a idéia de um deus sanguinário, que tem uma ira pelos ímpios que não cessa nunca, melhor. Infelizmente, essa tática tem causado muito sucesso nas nossas igrejas. Muitos milhões de pessoas no mundo todo abandonam a crença em Deus por causa desta idéia, por não conseguirem admitir que Deus possa ser ao mesmo tempo bom e mal e com duas faces, que para demonstrar sua justiça Deus tenha que atormentar eternamente no fogo a alma de bilhões de pessoas, e acabam por pensar: “Ele não existe”. Muitos têm saído das fileiras do cristianismo por causa deste assunto. Isto poderia ser evitado, caso fosse feito um estudo sincero, honesto e fiel ás regras de interpretação do verso bíblico e ao contexto das Escrituras, que é o que faremos ao longo de todo este estudo. O Dr. Samuelle Bacchiocchi elucida a questão nas seguintes palavras: “Um Deus que inflige torturas infindáveis a Suas criaturas assemelha-se muito mais a Satanás do que a um Pai amoroso a nós revelado por Jesus Cristo (...) A justiça divina nunca poderia requerer para pecadores finitos a infinita penalidade da eterna dor, porque o tormento infindável não serve a qualquer propósito reformatório, precisamente porque não tem fim” [“Immortality

or Resurrection?”] John Stott manifesta a mesma opinião, ao dizer: “Eu não minimizo a gravidade do pecado como rebelião contra Deus, nosso Criador, mas questiono se o tormento eterno consciente é compatível com a revelação bíblica da divina justiça” [“A Liberal-Evangelical Dialogue”,

pág.138]. A verdade é que muitas pessoas têm deixado as fileiras do cristianismo por não poderem acreditar que Deus, em Sua Onisciência, poderia criar seres sabendo que os puniria com um tormento eterno e infindável de maneira premeditada. Seria muito mais lógico e racional (pela justiça e pelo amor de Deus) crermos que Ele puniria a cada um de acordo com aquilo que cada ser merece, e não uma pena infindável para cada ser que comete pecados finitos, tendo como consequência a queima eterna de sua alma em um verdadeiro lago de fogo. Se tal fato se sucedesse, poderíamos também dar margens a movimentos como a “Santa” Inquisição, por exemplo, que matou e torturou milhões na Idade Média, mas, como o próprio doutor Bacchiocchi disse, “se Deus é impiedoso ao punir pecadores com tormentos infindáveis no mundo por vir, porque não devia a Igreja agir de modo semelhante neste presente mundo, torturando e queimando os heréticos?” [“Immortality or Resurrection?”].

O assunto é motivo de entusiasmo para os ateus, e a grande maioria dos cristãos defensores da imortalidade da alma não conseguem conciliar o amor divino com a crueldade eterna que seria tal destino aos impenitentes. Ademais, muitos cristãos que já estão dentro da Igreja não saem, não por buscarem um comprometimento sincero e verdadeiro com Deus, mas para escaparem de um tormento eterno no inferno. O cristianismo não somente muda de sentido como também perde o foco, o amor, a justiça e a misericórdia nos revelada mediante o evangelho. Na verdade, todos estes atributos – e muitos outros – fazem parte da natureza divina e nenhum deles daria margem a um tormento eterno por pecados finitos. A justiça e o amor de Deus andam juntos, e o que Satanás mais quer é desqualificá-los ao perpetuar a primeira e talvez a maior de todas as mentiras – a da “imortalidade da alma”. Um exame fiel e honesto das Escrituras não apenas mostra o quanto não-bíblica é essa doutrina (como veremos ao longo de todo esse estudo), como também nos faz voltar ao cristianismo puro e verdadeiro focado na ressurreição para a vida eterna que Deus nos concede pela Sua Graça. A imortalidade condicional e a “vida somente em Cristo” afirmam a realidade do inferno sem impugnar o caráter de Deus, e dá honra completa para Cristo como "a ressurreição e a vida”. A crença na imortalidade como base de fé –Satanás continua usando dos mais variados meios a fim de perpetuar a primeira mentira, pois isso é um forte meio de desviar as pessoas da sinceridade e pureza devidas a Cristo. Por meio da crença da sobrevivência da alma na morte, inúmeras religiões do mundo terminam cursando os mais variados meios de consulta aos mortos em desobediência a Palavra de Deus. Existem religiões que tem como base a doutrina da sobrevivência da alma em um estado intermediário. Caso essa doutrina esteja errada, a religião termina. O culto aos mortos no catolicismo é um bom exemplo disso, uma vez que Cristo deixou claro que “só ao Senhor teu Deus darás culto” (Mt.4:10) e que “há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus” (cf. 1Tm.2:5). Satanás usa das mais variadas maneiras para deturpar a Palavra de Deus e perpetuar a primeira mentira, da imortalidade da alma, afim de que o que Paulo mais temia acontecesse: “Pois, assim como Eva foi enganada pelas mentiras da cobra, eu tenho medo de que a mente de vocês seja corrompida e vocês abandonem a devoção pura e sincera a Cristo” (2Co.11:3). A imortalidade da alma foi a doutrina em que Satanás encontrou uma “brecha” a fim de que o evangelho fosse sutilmente modificado por meio de homens que “introduziram secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição” (cf. 2Pe.2:1). O culto aos mortos é um bom exemplo de um meio que a serpente continua utilizando a fim de desviar o cristão do evangelho puro e sincero somente a Cristo. Quando o evangelho deixa de ser Cristocêntrico, a missão de Satanás está completa. E qual é o meio que ele usa para perpetuar tais enganos? Claro, a mesma mentira pregada à Eva no jardim: “...certamente não morrereis” (cf. Gn.3:4). O que Satanás ensina, na verdade, é bem simples. Ele diz que o nosso “verdadeiro eu”, a nossa “alma eterna”, não morre. De modo que, se não formos tão bons, “a reza resolve tudo”! Tal visão de imortalidade inerente que Satanás ensina é bem mais simples do que o que Deus quer que creiamos: que “a alma que pecar,

essa morrerá” (cf. Ez.18:4), porque a consequência do pecado seria que, “morrendo,

morrereis” (cf. Gn.2:17). No espiritismo, então, a coisa complica ainda mais: A consulta aos mortos, que Satanás usa de maneira “mascarada” no catolicismo mediante a oração que é um meio claro de comunicação, é “desmascarada” no espiritismo que abertamente declara isso. A Bíblia afirma categoricamente que “entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti" (cf. Dt.18:9-12). Afinal, “a favor dos vivos consultar-se-ão os mortos?” (cf. Is.8:19). Não! Deus sabe muito bem dessa impossibilidade de comunicação dos mortos com os vivos, e foi por isso o Senhor proibiu o seu povo israelita de tentar tal “comunicação”, a fim de que não fossem enganados por espíritos demoníacos (cf. Lv 19:31; 20:6; 1Sm 28:7-25; Is 8:19; 1Tm 4:1; Ap 16:14), dada a devida impossibilidade de comunicação com os que já morreram (cf. Gên.2:7; Sal.13:3; Ecl.9:5,6; Ecl.9:10; Sal.146:4; Sal.6:5; Sal.115:17; Sal. 13:3; Jó 14:11,12; Sal.30:9; Isa.38:18; Isa.28:19; Sal.94:17). Dada tal impossibilidade, quem se apresenta no “além" para se comunicar com os vivos são os espíritos dos demônios, e se aproveitando – é claro – da mentira da imortalidade da alma. Tudo isso poderia ser perfeitamente removido e o evangelho restaurado caso fosse realizado um exame apurado das Escrituras, analisando a um conteúdo total e não se apregoando a um texto ou outro descontextualizado fundamentando-se como regra de doutrina. Mas, como Jesus disse em Mateus 28:20 para ensinarmos tudo, também precisamos revelar às pessoas o que realmente acontece depois da morte, pois isso nos faria voltar ao evangelho Cristocêntrico tão abandonado por consequência da primeira mentira. Isso irá desmantelar sistemas religiosos totalmente baseados na crença em uma alma imortal. Isso faria voltarmos ao evangelho puro e sincero somente a um homem, aquele que mesmo morto ainda vive, e por isso pode interceder por nós – Cristo: “Portanto, ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles” (cf. Hebreus 7:25). A mais verdadeira das colocações sobre tal tema é colocada pelo professor Sikberto: “A imortalidade da alma é a base doutrinária da rebelião de Lúcifer, e o fundamento das demais mentiras. Sempre que ele entra em ação em uma situação nova, a primeira coisa que tenta fazer crer é que a alma não morre. E sabe por quê? Pelo fato de que assim é mais fácil crer nas demais mentiras dele” [“A História da

Adoração”]. Desvantagens óbvias em crer que os mortos já estão no Céu – Embora para algumas pessoas pensar que os seus entes queridos não estejam neste exato momento no Paraíso possa ser uma dura realidade, também devemos ressaltar o fato de que, em primeiro lugar, em absolutamente nunca alguém na Bíblia é consolado com a notícia de que alguma pessoa já tenha subido aos Céus.

Pelo contrário, é dito de maneira clara há uma multidão de mais de três mil pessoas no Pentecoste que Davi não subiu aos Céus (cf. At.2:34), algo que os apóstolos evitariam ao máximo de pronunciar diante de tão grande multidão em caso que Davi, ao contrário, já tivesse subido aos Céus. Em segundo lugar, quando o apóstolo Paulo envia consolações aos Tessalonicenses sobre os seus parentes falecidos ele foca-se inteiramente na esperança da ressurreição, e não no “fato” de que eles supostamente já estivessem no Céu ou em algum lugar de bem-aventurança (cf. 1Ts.4:13-18). Tal consolação focada completamente na esperança da ressurreição do último dia não seria logicamente cabível caso a ressurreição fosse somente um mero “detalhe” e as suas almas já estivessem no Paraíso. Até porque, se tal se sucedesse, bastaria que Paulo relatasse isso e pronto – já estariam consolados. O próprio fato de ele omitir completamente tal menção nos faz pensarmos que ou (1) Paulo não os consolou direto da maneira que qualquer imortalista faria; ou (2) eles realmente não estão no Céu, mas irão ressuscitar no último dia, o que explicaria devidamente o porquê de Paulo tê-los consolado somente com a esperança de alcançar superior ressurreição. Em terceiro lugar, ao enviar consolações à família de Onesíforo (já morto), ele novamente em nada fala que já estivesse desfrutando das bênçãos paradisíacas, pelo contrário, de novo foca-se inteiramente na esperança de alcançar a misericórdia de Deus “naquele dia”: “Conceda-lhe o Senhor que, naquele dia, encontre misericórdia da parte do Senhor!” (cf. 2Tm.1:17). Ademais, tal “consolação” não faria sentido em caso que Onesíforo já estivesse no Céu porque se assim fosse ele já teria alcançado a misericórdia de Deus já adentrando no Paraíso junto com os demais santos. Isso é somente lógica. Até mesmo quando Jesus Cristo foi consolar as irmãs de Lázaro, já falecido, ele em nada indica que já estivesse desfrutando da “glória”, mas, pelo contrário, ele aponta à ressurreição “no último dia” como fonte única de consolação (cf. Jo.11:17-27). Além disso, ressalta o aspecto inconsciente e não-consciente do ser na morte ao fazer a devida analogia de Lázaro com um estado de “sono”, uma indicação de inatividade, e não de atividade: “Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do seu sono” (cf. Jo.11:11). Ora, se Lázaro estivesse consciente na glória desfrutando das maravilhas do “estado intermediário” então a analogia correta seria com o “acordado” e não com o “dormindo”, tendo que ser “despertado” de seu “sono”. A caracterização é de inconsciência na morte e de um “despertar” na ressurreição. Vemos, portanto, que se ninguém em parte alguma da Bíblia enviou “consolações” baseando-se no suposto “fato” de que já estivesse no Céu, então não seria absurdo demais acreditar que, de fato, eles não estão lá, e não precederão os que dormem para entrar no Paraíso. O que realmente vemos é o apóstolo Paulo focando-se no momento em que realmente atingiremos a imortalidade, que é quando todos os que estão dormindo, “num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta, a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada

foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (cf. 1Co.15:51-54). Tal imortalidade não é obtida no momento do nascimento mediante a posse de uma “alma imortal”, mas sim no momento da ressurreição dos mortos. Por fim, seria imensamente mais desfavorável imaginarmos, por exemplo, que alguma pessoa justa morra e a sua “alma imortal” parta de imediato ao Paraíso, aguardando a entrada celestial dos seus entes queridos, mas passa-se o tempo e... nada. Passa-se mais tempo e eles continuam sem aparecer por lá. Mais algumas gerações vão passando e, vendo que ninguém ali se achega, tem que chegar à triste conclusão de que os seus parentes morreram sem alcançar a salvação e, pior, estão sofrendo em torturas colossais em um inferno de fogo e enxofre, assim condenados por toda a eternidade. Como pode ter paz e alegria celestiais um homem sob tais condições? Felizmente, o que a Bíblia nos mostra é que nós, os vivos, de modo nenhum precederemos os que dormem – entraremos nas nossas moradas no mesmo instante deles (cf. 1Ts.4:15), quando Cristo voltar para nos levar onde ele está (cf. Jo.14:2,3). A motivação errada – Se para manter alguém na linha for preciso a ameaça de um inferno e demônios torturadores terríveis, então nesse contexto Jesus se torna apenas um meio utilizável para se escapar do mal. O objetivo e finalidade dessa "conversão" é fugir do inferno e não Jesus. Para aqueles que tem a fé edificada sobre a rocha que é Cristo, a bem-aventurança de obter superior ressurreição e uma vida eterna somente em Cristo, é motivação maior do que suficiente que o mundo jamais poderia imaginar, ainda assim continuarei cristão, pois eu não fui convertido pelo medo de um tormento eterno. Certa vez, enquanto eu debatia com um católico romano, ele me veio com a seguinte indagação: “Que vantagem teriam os justos diante dos maus, se ambos morrem, acabam-se e simplesmente a única vantagem é os justos gozarem a vida eterna”? Infelizmente, esse é um pensamento bastante comum entre os defensores do tormento eterno. Lamentavelmente, acham ser pouco e insuficiente gozar de uma vida eterna em um Paraíso junto com Deus. Só teria validade caso víssemos os “hereges” queimando eternamente, incluindo muitos parentes e até mesmo irmãos! Adoraríamos a Deus por medo e não por amor! Lamentavelmente, para muitos o Paraíso só seria uma recompensa caso houvesse pessoas queimando para todo o sempre. A vida eterna é suficiente para mim. Adoro a Deus não com medo de um inferno eterno, mas pelo dom da vida eterna que ele concede gratuitamente a todos aqueles que creem. Infelizmente, a doutrina da imortalidade da alma cria “cristãos” edificados sobre o medo do inferno e não sobre a graça de Deus. Disso resulta toda uma desvalorização do que é o dom da vida eterna e da imortalidade que Deus concede aos justos pela Sua Graça. Os livros de Mary Baxter, por exemplo, produzem "conversões" motivadas pelo medo do inferno. Nos seus livros, os “espíritos” ali mencionados detêm inclusive ossos e sangue! Pasme! Isso sem mencionar o fato de que os “espíritos” da “Divina Revelação do Inferno” descem a este lugar ainda vestidos com as suas roupas usuais! As outras “revelações” infernais vão daí para pior!

Isso nos mostra claramente que tais “revelações” realmente não passam de mais investidas do maligno a fim de perpetuar, de todas as maneiras possíveis, a primeira mentira. O que o diabo mais quer é “revelar” para o povo aquilo que Deus não revelou na Bíblia; ainda mais quando tal revelação claramente a contraria. Pessoas assim vivem debaixo de um legalismo terrível e suas vidas se tornam um verdadeiro inferno. Elas são atormentadas pela insegurança da própria salvação e enxergam Deus de forma volúvel, mutável e leviano. E a fé dessas pessoas depende desse tormento pra continuarem "firmes na fé", pois se o inferno não existir mais para elas, então elas pensam que já não vale a pena viver em santidade. Elas vivem em santidade para que o diabo não tenha brechas e não serem lançadas no inferno. A santidade torna-se apenas um mecanismo contra o mal e não o propósito da vida cristã. Definitivamente, são inúmeras as razões pelas quais Satanás prega a doutrina da imortalidade da alma nos grandes Sistemas Religiosos, e perpetua estes enganos, com uma única finalidade, que aliás é próprio de sua própria natureza: Desviar o caráter de Deus. “Propague a mentira que afaste as pessoas deste Deus, e esvazie as fileiras da Igreja”. IV–Como o conceito de “alma imortal” entrou no Cristianismo Como já vimos, a primeira vez em que a doutrina da imortalidade da alma entrou no mundo foi através da serpente, no Jardim do Éden, proferindo o que seria hoje a base da doutrina imortalista: “...certamente não morrerás” (Gn.3:4). Essa mentira foi a primeira que Satanás implantou no mundo, por inúmeros motivos, como vimos: (1) Impugnar o caráter imutável do amor [e justiça] de Deus; (2) é a base das demais mentiras que resultam em adoração e/ou culto às criaturas, espiritismo, paganismo, consulta aos mortos, etc; (3) tirar do evangelho o Cristocentrismo primitivo; (4) se a pessoa não morre, ela não tem a necessidade de um arrependimento sincero e genuíno (através de um processo de santificação), para ser separada do mundo e tornar-se propriedade exclusiva do Senhor, pois bastaria apenas ser “mais ou menos boa” e depois da morte “as rezas resolvem tudo”; (5) faz com que o foco das pessoas seja de escapar de um inferno horrivelmente atormentador e torturador ao invés do foco ser em Cristo Jesus; (6) torna a “vida eterna” como algo desprezível, uma vez que todas as pessoas tem uma vida eterna de qualquer jeito (no Céu ou no inferno), a vida eterna não seria um dom e não seria somente em Cristo, mas existiria também uma vida eterna com o diabo; (7) faz desprezar o verdadeiro valor da ressurreição dos mortos para a vida ou para a condenação, uma vez que os mortos já estariam no Céu ou no inferno, sendo, portanto, totalmente desnecessário e inútil tal ressurreição dos mortos; (8) o objetivo e finalidade da “conversão” de um cristão seria de escapar de um inferno eterno e não Jesus; (9) cria cristãos edificados sobre o medo e sobre uma consciência errada com relação a Deus, ao invés de estarem edificados sobre o amor e sobre a graça do Pai; e, finalmente; (10) tira a honra completa para Cristo como "a ressurreição e a vida”, com o objetivo de esvaziar as fileiras da Igreja a fim de trazê-las para religiões falsas edificadas sobre a crença na alma imortal para continuarem subsistindo.

Satanás é considerado pela Bíblia o “pai da mentira” (cf. Jo.8:44), que, ao ser expulso do Céu, procurou de todas as maneiras atacar à criação do Deus, isto é, o homem, uma vez que ele não tinha forças suficientemente grandes para confrontar diretamente a Deus. O

resultado disso foi a implantação de diversas mentiras, quase todas elas construídas sobre a crença de que “certamente não morrerás”, e a partir daí a crença em um estado intermediário e em um tormento eterno se tornaram realidade para boa parte dos antediluvianos e foi retomado pelas pessoas no tempo de Ninrod. O criador da imortalidade natural da alma é Satanás (cf. Gn.3:4), mas, depois, ele se utilizou de recursos humanos para difundir tal doutrina pelo mundo afora, na “confusão das línguas” na Torre de Babel, se disseminando pelo mundo (sendo maior o número de pessoas a crer na alma imortal do que as que criam na mortalidade natural da alma). Uma vez que tal idéia foi criada pelo diabo, ficou muito, muito fácil, facílimo, torná-la plenamente difundida entre as religiões pagãs que não tinham comprometimento com o Deus de Israel. Afinal, são os próprios espíritos malignos que regem e perpetuam estes enganos, e com facilidade vemos que a grande maioria das religiões pagãs da antiguidade passou a seguir também a mentira propagada pela boca da serpente no Éden. Os hebreus tinham o Deus vivo, e por isso acreditavam em uma natureza humana holista, e não dualista do ser humano (cf. Gn.1 e 2; Gn.2:7). Eles estavam protegidos pelo Deus de Israel de doutrinas falsas que pudessem enganar até os homens justos. Os povos pagãos, contudo, não tinham o Deus de Israel, estando completamente expostos às doutrinas dos demônios, os verdadeiros agentes por detrás dos “ídolos” (cf. 1Co.10:20). O resultado disso foi que sem a menor dificuldade praticamente todas elas adotaram a mesma mentira proferida à Eva no Jardim e passaram a crer na doutrina da imortalidade da alma, de todas as formas. Com o passar do tempo, a crença na sobrevivência da alma passou a se tornar realidade até mesmo entre os judeus, o povo do Deus vivo. Segundo a própria Enciclopédia Judaica, "a crença na imortalidade da alma chegou aos judeus através do contato com o pensamento grego e principalmente através da filosofia de Platão (427-347 a.C.), seu principal expoente". Claro, Deus só deixou que tal fato se concretizasse depois do Antigo Testamento ter sido concluído, pois Ele cuida de não haver doutrinas falsas em Sua Palavra. O fato da doutrina na alma imortal ter sido propagada entre os judeus através do sincronismo com a filosofia platônica, também atestado pela própria Enciclopédia Judaica, explica o por quê dos livros apócrifos contidos nas Bíblias dos católicos estarem repletos de informações claras sobre a “imortalidade da alma” e sobre a existência do estado intermediário, e até mesmo do “purgatório” e de oração pelos mortos, pois foram escritos depois de ter se consumado tal contato com o paganismo. É evidente que tal pensamento para os hebreus só tornou-se realidade a eles a partir do sincretismo religioso com as religiões pagãs, por ocasião da diáspora judaica, quando o povo hebreu esteve exposto às doutrinas helenísticas de grande influência, incluindo a forte concepção grega de imortalidade da alma impregnada por Platão na Grécia Antiga. Os judeus ali sofreram grande influência da filosofia grega, e houve até um destacado intelectual judeu, Filo, que se empenhou grandemente por difundir as doutrinas gregas, que muito os empolgavam, e fundi-las com judaísmo. Historicamente, foi este filósofo judeu que tentou empreender esta síntese (união) das concepções gregas e hebraicas, resultando, inclusive, na adoção do dualismo grego entre corpo e alma.

Quando os judeus estiveram expostos a tais pensamentos, passaram então a escrever e a acreditarem em tais superstições, contrariando o pensamento holístico bíblico de séculos anteriores (cf. Gên.2:7; Sal.13:3; Ecl.9:5,6; Ecl.9:10; Sal.146:4; Sal.6:5; Sal.115:17; Sal. 13:3; Jó 14:11,12; Sal.30:9; Isa.38:18; Isa.28:19; Sal.94:17). Na própria narração da criação humana é narrado o simplismo bíblico no homem tornar-se uma alma (cf. Gn.2:7), algo muito diferente dos contos pagãos em que os seres humanos recebiam (ou “obtinham”) uma alma eterna/imortal que lhes era infundida. Na Bíblia Sagrada, “espírito” significa somente “vida”, e não uma outra pessoa consciente dentro do ser humano (cf. Gên.6:17; Gên.7:21,22; Ecl.3:19,20; Gên.7:15; Sal.104:29), algo muito diferente do que criam as religiões pagãs e politeístas da época. Na diáspora judaica, influenciados pelo sincronismo pagão, o povo judeu passou a claramente declarar a posição de imortalidade da alma (cf. 2 Macabeus 12:42-46; 2 Macabeus 12:4; 2 Macabeus 15:14; 2 Macabeus 6:26; Sabedoria 3:1; Sabedoria 3:4; Sabedoria 5:1-4; Sabedoria 2:23; Sabedoria 3:2,4; Sabedoria 8:19,20; Sabedoria 9:15). O livro de “Sabedoria”, por exemplo, cita passagens de livros bíblicos escritos séculos depois da morte de Salomão (em 998 a.C) e faz isso da Septuaginta grega, que começou a ser traduzida por volta de 280 a.C. Por isso, o livro “Sabedoria de Salomão”, na verdade, não tem nada a ver com Salomão, que claramente negava a vida após a morte (cf. Ecl.3:19,20; Ecl.9:5; Ecl.9:6; Ecl.9:10), isso evidentemente séculos antes da diáspora judaica. Atualmente acredita-se que o escritor tenha sido um judeu de Alexandria, no Egito, por volta de meados do primeiro século a.C. O escritor deste livro faz uso fortemente na filosofia grega, mostrando grande particular familiaridade com ela. Ele usa terminologia platônica na divulgação da doutrina da imortalidade da alma (cf. Sab. 3:1,4; 5:1-4; 2:23; 3:2,4; 8:19,20; 9:15). Outros conceitos pagãos apresentados são a pré-existência das almas humanas e o conceito de que o corpo é um impedimento ou estorvo para a alma (cf. 8:19, 20; 9:15). É óbvio que tais ensinamentos não existem em parte nenhuma da Bíblia canônica e muito menos antes da diáspora, pois tais ensinamentos estão clarissimamente relacionados ao sincronismo com o dualismo platônico.

ANTES DA DIÁSPORA DEPOIS DA DIÁSPORA “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol [...] Tudo quanto te vier à mão para fazer faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Eclesiastes 9:5, 6 e 10).

“As almas dos justos estão nas mãos de Deus, e nenhum tormento jamais os tocará [...] pois na verdade eles estão em paz, e a esperança deles é plena imortalidade” (Sabedoria 3:1-4)

Antes daquele momento, nada de imortalidade da alma; depois daquele momento, inúmeras menções explícitas dela. No livro anteriormente citado, lemos algumas destas

“descrições”: "As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; e a sua saída deste mundo foi considerada como uma aflição, e a sua separação de nós como um extermínio; mas eles estão em paz (no céu). E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade” (cf. Sabedoria 3:1-4) Fica mais do que claro que tais menções explícitas de imortalidade da alma nos livros não-canônicos (ou “apócrifos”) foram feitas não pela inspiração divina, mas sim pelo sincronismo com o paganismo grego, “coincidentemente” no exato momento da diáspora judaica. Os livros canônicos mostram que o homem tornou-se uma alma (Gn.2:7), já os livros apócrifos escritos após o sincronismo pagão mostram que o homem recebeu uma alma (cf. Sab.8:19,20). Se a imortalidade da alma fosse a doutrina do AT antes da influência de ensinamentos gregos de dualismo entre corpo e alma, então o que deveríamos esperar seria justamente inúmeras e constantes menções plenamente definidas de imortalidade da alma neles (assim como vemos constantemente ensinamentos dualistas depois da diáspora). Tal fato, contudo, está muito, muito longe de ser realidade. O próprio fato dos hebreus começarem a escrever sobre a imortalidade a partir da diáspora corrobora com a História que nos mostra que houve tal sincretismo pagão. O Dr. Samuelle Bacchiocchi acrescenta: “Durante esse período inter-testamentário, o povo judeu esteve exposto, tanto em seu lar, na Palestina, quanto na diáspora (dispersão), à cultura e filosofias helenísticas (gregas) de grande influência. O impacto do helenismo sobre o judaísmo é evidente em muitas áreas, inclusive na adoção do dualismo grego por algumas obras literárias judaicas produzidas nessa época” [“Immortality or Resurrection?”]. Vemos, portanto, que como o resultado deste impacto foi o que resultou na difusão da doutrina da imortalidade da alma, que entrou no judaísmo não por uma ordenança divina, mas sim decorrente do puro sincronismo religioso com as religiões pagãs. Mas havia ainda uma linha de pensamento que corria no mundo judaico em paralelo com a visão dualista helenista. Esta outra linha de pensamento diz respeito ao judaísmo palestino que se manteve fiel aos escritos bíblicos veterotestamentários. Um dos livros que nos mostra isso é o apócrifo de 2 Baruque, que, em linguagem bem semelhante aos ensinos canônicos neotestamentários provenientes da palestina, afirma que os mortos “dormem no pó da terra” e na segunda vinda do Messias “todos os que adormeceram na esperança Dele ressuscitarão; todos os justos serão reunidos num instante e os ímpios lamentarão, pois o tempo de seu tormento é chegado” (cf. 2 Baruque cap.30). A linha de pensamento é fortemente semelhante ao pensamento do NT e expressa com exatidão a figura bíblica adequada para a morte: o sono (cf. Jo.11:11); o local onde estão os mortos: o pó da terra (cf. Dn.12:2); a esperança do verdadeiro cristão: a ressurreição (cf. Hb.11:35); o momento em que os justos serão todos ajuntados juntamente: na segunda vinda de Cristo (cf. 1Ts.4:15); e quando é que os ímpios finalmente serão atormentados: somente na ressurreição que lhes é chegado o momento da punição (cf. 2Pe.2:9). Esta linha de pensamento ainda corrente no primeiro século (2 Baruque foi escrito em fins do primeiro século d.C ou início do segundo) ainda corria entre o judaísmo palestino. Uma linha que mantém a esperança focada na ressurreição (cf. At.24:15), que prega que só Deus é possuidor natural de imortalidade (cf. 1Tm.6:16), e que o homem tem que busca-la

porque não a possui naturalmente (cf. Rm.2:7). Essa é a linha de pensamento neotestamentária utilizada pelos apóstolos. O próprio Credo Apostólico (origem antiga) prega a ressurreição do corpo, sem nada dizer a respeito de imortalidade da alma. Foi somente a partir de meados do segundo século que os filósofos primitivos cristãos adotaram o conceito grego de imortalidade da alma, algo presumível uma vez que tal conceito era fortemente difundido nas comunidades não-cristãs. Muitas doutrinas foram corrompidas ao longo dos séculos, incluindo a concepção do dualismo grego dominante na época. Por este tempo a idéia da existência de uma alma imortal tomou conta do cristianismo, permanecendo até os dias de hoje, na maioria das Igrejas cristãs. Tendo como única fonte de fé as Sagradas Escrituras disponíveis em sua época, e que negavam em absoluto qualquer tipo de vida pré-ressurreição (cf. Gên.2:7; Sal.13:3; Ecl.9:5,6; Ecl.9:10; Sal.146:4; Sal.6:5; Sal.115:17; Sal. 13:3; Jó 14:11,12; Sal.30:9; Isa.38:18; Isa.28:19; Sal.94:17), os apóstolos a seguiam em não tomar parte com tal doutrina que, até esta época, estava das portas para fora da Igreja. O próprio fato da vida ser apenas a partir da ressurreição, fazia com que o foco da Igreja primitiva fosse totalmente e completamente voltado no glorioso dia da ressurreição dos mortos, assunto este que era a base de todo o Novo Testamento, sendo mencionadas algumas centenas de vezes (ex: Atos 16:6-8; Hebreus 11:35; Atos 4:2; 17:18; Atos 23:6; 24:15, que mostram que a esperança dos cristãos era na ressurreição). Por que quase não ouvimos falar na doutrina da ressurreição entre as igrejas cristãs dos dias de hoje? Porque elas passaram a adotar a imortalidade da alma. O helenismo trouxe aos hebreus uma mescla das doutrinas gregas de imortalidade da alma com as suas próprias convicções a respeito a ressurreição dos mortos. O resultado desta mescla foi que eles não deixaram de conceber a doutrina da ressurreição, mas incluíram junto a ela uma nova ideia que com o passar dos tempos foi deixando a realidade da ressurreição cada vez mais insignificante: a imortalidade da alma. Na época de Cristo, imortalidade da alma e ressurreição dos mortos eram dois opostos. Os gregos acreditavam na doutrina da imortalidade (e os cristãos dos dias de hoje misturam os dois). Naquela época, contudo, uma vez que a esperança cristã era a da ressurreição, se você quisesse pregar que os mortos já tinham ido para a glória teria que pregar deste jeito: “Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns” (cf. 2Tm.2:18). O próprio apóstolo Paulo teve sérios problemas em Atenas por causa da crença deles na imortalidade da alma (ver Atos 17:32 no contexto histórico e textual). A verdade é que Paulo pregava a ressurreição, e, os gregos, a imortalidade incondicional da alma. O resultado disso foi a rejeição por parte deles aos ensinamentos de Paulo. A esperança bíblica primitiva era sempre voltada na ressurreição, e não na imortalidade da alma. A crença na alma imortal não apenas desqualifica e tira a importância da ressurreição, como também a anula como sem sentido, uma vez que todos iríamos continuar no Céu ou no inferno do mesmo jeito sem ela. Tal detrimento óbvio entre imortalidade da alma e ressurreição dos mortos é tão evidente que levou muitos grandes escritores a exporem tal discrepância, como o grande teólogo luterano Oscar Cullmann e o

doutor adventista Samuelle Bacchiocchi (que colocaram tal contradição no título de seus livros). O primeiro é considerado até os dias de hoje um dos maiores mestres em Novo Testamente que já pisaram por esta terra, e provou que a morte na Bíblia é um inimigo a ser aniquilado, e não o libertador da alma imortal. Se a morte fosse um começo de uma nova existência, não poderia ser classificada na Bíblia de “inimiga” a ser “aniquilada” (cf. 1Co.15:26); teria de ser chamada de amiga, pois estaria nos ajudando a ir para o Céu! Do mesmo modo, o segundo mencionado mostra em seu livro “Immortality or

Resurrection?” [“Imortalidade ou Ressurreição?”] uma lista de mais de trezentos grandes eruditos bíblicos que, lendo a Palavra de Deus, passaram a desacreditar absolutamente na doutrina da imortalidade da alma. O número cresce e continua crescendo, porque é evidente que a Bíblia não apoia em momento nenhum tal visão, e as pouquíssimas passagens bíblicas utilizadas pelos doutores favoráveis à alma imortal não são sustentadas quando passadas por um exame sério e honesto tendo como base as Escrituras de Deus. O autor deste livro disponibilizará de mais de duas centenas de provas fatais contra a doutrina dualista ao longo de toda a Bíblia, Antigo e Novo Testamento, que serão mostradas e comentadas uma a uma ao longo de todo o livro, revelando como que tal doutrina não é apenas a primeira mentira, como também a maior de todas as mentiras de todos os tempos. PARTE 2 – CONCEITOS ACERCA DE CORPO, ALMA E ESPÍRITO I–Conceitos com relação à alma Dualismo – A visão do ser humano no contexto imortalista, é que este possui uma natureza dualista, isto é, tem um corpo e possui uma alma [nephesh, no hebraico/psiquê, no grego], uma alma imortal, que está presa dentro do corpo e que é liberta por ocasião da morte deste, indo imediatamente para o Céu ou para o inferno, durante toda a eternidade. Na ressurreição, apenas o corpo morto ressuscita, pois a alma imortal já está lá, liberta do corpo, há muito tempo, religando-se ao corpo por ocasião da ressurreição dos mortos que se dá por ocasião da segunda vinda de Cristo (cf. 1Co.15:22,23). Essa é a visão dualista da natureza humana, de imortalidade da alma. Noutras palavras, você é uma pessoa que tem outra “pessoa” dentro de você. Holismo – O conceito holista da natureza humana prega, ao contrário da imortalidade, que o ser humano não tem uma alma: Ele é uma alma. Ele vive como uma alma, ele morre como uma alma. Uma alma vivente significa apenas um “ser vivo”. Nós não temos uma alma imortal presa dentro do nosso corpo que é liberta por ocasião da morte. A morte é o último inimigo a ser vencido (pelo fator “ressurreição”), e não o libertador da “alma imortal” (1Co.15:26). Pessoas morrem; pessoas ressuscitam. Corpo, alma e espírito são características da mesma pessoa e não pessoas separadas.

II–Qual é o conceito correto? “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se uma alma vivente” (cf. Gênesis 2:7) Eis aí a passagem bíblica acerca da criação do ser humano, que nos dá um perfeito entendimento dos conceitos bíblicos de corpo, alma e espírito. É aqui que entra em cena algo muito desconhecido pela maioria das pessoas: Biblicamente, o homem não tem uma alma, ele é uma alma. Ele “TORNOU-SE” uma alma e não “obteve” uma! A alma é o que o homem passou a ser, e não o que ele obteve de Deus. O corpo é a alma em sua forma exterior. A idéia hebraica de personalidade é a de um corpo animado pelo fôlego de vida (espírito) que alimenta o corpo, e não de uma alma presa dentro deste corpo. Assim, podemos entender que: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra [corpo], e soprou em suas narinas o fôlego de vida [espírito], e o homem tornou-se uma alma vivente [alma]” (cf. Gênesis 2:7 – grifo meu) A passagem bíblica que relata a criação do ser humano também nos deixa um sentido claro de corpo, alma e espírito. Nenhum é um segmento que Deus implantou no homem, imaterial e imortal, que saia dele após a morte, com consciência e personalidade. O espírito é tão somente o fôlego de vida que Deus soprou em nós e que o possuímos pela duração de nossas vidas terrenas. Nós permanecemos com este fôlego que nos concede respiração para continuarmos vivos durante a nossa existência terrestre, mas, quando este sopro se vai, as “almas viventes” tornam-se “almas mortas”. O que retorna a Deus é o princípio de vida que ele soprou em nós a fim de conceder animação ao corpo formado do pó, e não uma alma imortal. Este princípio animador da vida é possuído tanto por homens como por animais (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22; Ec.3:19,20; Gn.7:15; Sl.104:29). Este princípio é garantido tanto aos seres humanos quanto aos animais pela duração de sua existência terrena. A alma, no conceito bíblico, é que o ser humano “tornou-se” e não “obteve”. Deus não colocou uma alma no homem. Por isso mesmo, morrendo o homem, morre a alma (cf. Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3, 9; Gn.37:21; Dt.19:6, 11; Je.40:14, 15; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.18:4; Ez.18:21). Já a visão dualista em sua totalidade defende que o sopro de vida que Deus soprou em nossas narinas é a própria alma imortal implantada no ser humano. Sendo assim, o sopro de Deus em nossas narinas é o espírito (alma) imortal implantada nele, totalmente independente do corpo, presa dentro dele e liberta após a morte, com consciência e personalidade. Sendo assim, a narrativa de Gênesis 2:7 deveria ser entendida da seguinte maneira: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra [corpo], e soprou em suas narinas o fôlego de vida [espírito/alma imortal], e o homem tornou-se uma alma vivente” (cf. Gênesis 2:7 – grifo meu) Essa é, contudo, uma interpretação tendenciosa que deturpa completamente a clareza do texto bíblico. Não é necessário ser nenhum grande teólogo para perceber que tal interpretação é inválida pelo fato que adultera os sentidos primários de corpo, alma e espírito, que são deixados de maneira bem clara na narrativa da criação da natureza humana em Gênesis 2:7. Além de ignorar o fato de que a primeira vez que alma [nephesh]

é mencionada na Bíblia é relacionado ao próprio ser humano como um todo, tornando-se uma alma e não obtendo uma, e alterando nephesh para o meio do versículo quando na realidade ela é claramente relacionada ao final deste. Tudo não passa de uma completa manipulação bíblica textual. A passagem da criação do homem coloca nephesh no fim do verso, e não no meio como querem os imortalistas. A alma é o que o homem “tornou-se”; o “espírito” é o que foi soprado nele para dar animação ao corpo formado do pó (Gên.2:7). Pelo fato de Deus não ter revelado a Moisés uma realidade dualista do ser humano, este narra simplesmente o princípio animador da vida dando animação a uma “alma vivente”. Esse total simplismo bíblico nega inteiramente que a natureza humana seja dualista, composta por uma alma imortal e por um corpo mortal. A revelação de Deus a Moisés incluiu apenas um corpo proveniente do pó tornando-se animado, sem qualquer tipo de alma sendo ingerida dentro da substância corporal para lhe conceder imortalidade. A forte tentativa de ignorar o simplismo bíblico no relato da criação humana não provém de alguma razão teológica (de fato, os imortalistas fazem de tudo para colocar uma “alma imortal” no relato da criação onde não aparece nada disso), mas sim porque negam em aceitar o fato óbvio de que a narração da criação traz uma natureza holista e não dualista do ser humano. Isso, evidentemente, os faria negar a sua crença de que Deus tenha implantado no homem um elemento eterno lhe concedendo imortalidade, o que daria um fim na doutrina do “estado intermediário” e do tormento eterno... Que nephesh não é o próprio espírito [ruach, no hebraico] implantado no ser humano com imortalidade e personalidade, isso fica muito bem claro na Bíblia Sagrada, embora sejam coerentes em alguns de seus sentidos secundários. A ignorância em aceitar o sentido claro de corpo, alma e espírito de acordo com a Bíblia segundo Genesis 2:7, causa além de adulterações no sentido do texto, uma confusão ainda maior para solucionar os problemas depois, por causa da interpretação tendenciosa e errônea por parte dos dualistas. E este é apenas o início do fim da imortalidade da alma. III–O que seria o “espírito” [ruach]? Espírito, no original hebraico “ruach”, significa literalmente: “sopro, vento”. É o fôlego de vida que Deus soprou em nossas narinas tornando-nos almas viventes. Para os imortalistas, significa nada a mais nada a menos do que a própria alma imortal implantada no homem, um segmento com consciência e personalidade. Mas isso não é verdade. A seguir dezoito provas de que o espírito não tem parte nenhuma com um ser vivo inteligente que sobrevive fora do corpo: IV–Dezoito provas de que nós não temos uma alma imortal e que o espírito não é uma entidade constituída de consciência e personalidade O fôlego de vida sai do ser humano – Uma grande prova de que o fôlego de vida (espírito) que Deus soprou em nós não é uma alma imortal, é que a Bíblia afirma categoricamente que nós o perdemos por ocasião da morte (cf. Jó 27:3; Jó 34:14-15). Ora, se fosse uma entidade consciente presa dentro de nós, então continuaria conosco após a nossa morte, mas isso não é verdade: A Bíblia caracteriza a morte como a retirada do fôlego de vida

(sopro). Isso prova que o “espírito” que possuímos nada mais é do que o sopro da parte de Deus que concede animação ao corpo, sendo frequentemente caracterizado como sendo o “sopro de Deus” (cf. Jó 33:4). Quando é retirado por Deus (expirando), o fôlego é reintegrado no ar, por Deus. O próprio fato de nós possuirmos o “fôlego de vida” não significa possuir em si mesmo a imortalidade, porque na morte este princípio volta para Deus. Isso nos mostra que a vida deriva de Deus, é sustida por Deus, e retorna para Deus por ocasião da morte. “Espírito”, no conceito bíblico, em nada tem a ver com uma entidade viva e consciente tal como no estilo kardecista ou platônico. Tal fato é acentuado por Jó ao declarar: “Enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus no meu nariz, nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha língua pronunciará engano” (cf. Jó 27:3,4). Enquanto o sopro de Deus está nas nossas narinas, nunca Jó pronunciaria qualquer palavra de engano. Quando, porém, o sopro se vai, o que é dele? Nada, não mais existe (cf. Jó 7:21; Jó 14:10-12). Por isso ele acentua que enquanto estiver com ele o sopro de Deus nas suas narinas, os seus lábios não pronunciariam engano. O sopro (fôlego de vida) é inteiramente dependente de estar nas nossas narinas (corpo físico) para continuar ativo, dando continuidade a vida. Sem o corpo físico, este princípio deixa de conceder vida em si mesmo. Ademais, se o espírito [ruach – sopro] fosse a própria alma imortal implantada em nós, então a declaração de Jó nos levaria a crer que a “alma imortal” está situada no nariz de cada um: “Enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus no meu nariz” (cf. Jó 27:3). Também lemos na passagem anteriormente citada: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se uma alma vivente” (cf. Gn.2:7). Ora, é aí que se situa essa “alma imortal”, no nariz de cada indivíduo? É mais do que evidente que o espírito (fôlego de vida) não é a alma implantada no ser humano nas suas narinas, mas simplesmente o princípio que anima o corpo, concedendo-lhe respiração a fim de se tornar um ser ativo. Isso explica o fato bíblico deste princípio encontrar-se nas nossas narinas, e não na “alma” ou em alguma outra parte do corpo. Evidentemente, o fôlego de vida (espírito) que possuímos não tem parte nenhuma com uma noção dualista de corpo e alma; antes, é o princípio animador do corpo, que garante a existência da vida terrestre de toda a carne, e que volta para Deus quando expiramos na morte. O princípio animador do corpo - O corpo é formado de matéria, de pó. O espírito é o que dá animação ao corpo, e assim tornamo-nos almas viventes. Sem o espírito em nós, o nosso corpo morto não passa de matéria (pó) inanimada, sem vida. O que é o “espírito”, então? É exatamente aquilo que dá animação ao corpo, é a “vida” por assim dizer. Obviamente não tem parte nenhuma com algum outro “você” que volta para Deus, mas representa tão somente a vida deixada nas mãos do Criador; é por isso que a Bíblia apresenta os animais com o mesmo espírito-ruach possuído pelos humanos (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22; Ec.3:19,20; Gn.7:15; Sl.104:29).

No livro de Apocalipse é lido que até uma imagem de escultura é dotada de espírito [pneuma, no grego] para tornar-se um ser animado: “E foi-lhe concedido que desse espírito [pneuma] à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta” (cf. Ap.13:15). Aqui vemos que a imagem de escultura (um ser inanimado) foi dotada de espírito [pneuma] e assim foi dada animação [vida] à imagem. É mais do que óbvio que Deus não colocou uma “alma imortal” dentro da imagem e muito menos alguma entidade consciente que volta com personalidade e inteligência para Deus, mas simplesmente concedeu-lhe o fôlego da vida para dar animação à imagem de pedra. É exatamente a mesma coisa que sucedeu aos seres humanos. A mesma coisa sucedeu a nós: Fomos formados do pó da terra, de matéria animada; até que Deus soprou em nós o espírito [vida] dando animação à matéria formada do pó – e assim o homem tornou-se uma alma [ser] vivente. O espírito é o que vem da parte de Deus e que dá animação a um elemento inanimado, tornando tal elemento em animado, concedendo-lhe vida. Quando as pessoas morrem, elas perdem a vida [espírito], tornam-se novamente em matéria inanimada (pó), é por isso que a Bíblia afirma que o espírito de todos retorna para Deus cf. (Ec.12:7), pois as pessoas perdem a vida, voltam a ser pó. Deus, contudo, ressuscitará os nossos corpos mortais, soprando novamente em nós o espírito [vida] na ressurreição (para sermos novamente um ser animado, vivente) tornando-nos novamente em “almas viventes”. Tal fato é relatado com clareza em Apocalipse: “Então vi uns tronos; e aos que se assentaram sobre eles foi dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na fronte nem nas mãos; e reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos” (cf. Ap.20:4). Veja que aqui é nos dito que as almas dos que foram degolados por causa do testemunho de Jesus reviveram. Se elas “reviveram”, é porque estavam mortas. O que aconteceu, então, nessa ressurreição? Aconteceu que Deus soprou em nós novamente o espírito que vem da parte Dele, para que saíssemos do estado inanimado (i.e, sem vida), para tornarmos novamente em almas viventes: “Assim diz o Soberano, o Senhor, a estes ossos: Farei um espírito entrar em vocês, e vocês terão vida. Porei tendões em vocês e farei aparecer carne sobre vocês e os cobrirei com pele; porei um espírito em vocês, e vocês terão vida. Então vocês saberão que eu sou o Senhor” (cf. Ez.37:5,6) “Por isso profetize e diga-lhes: Assim diz o Soberano, o Senhor: Ó meu povo, vou abrir os seus túmulos e fazê-los sair; trarei vocês de volta à terra de Israel. E quando eu abrir os seus túmulos e os fizer sair, vocês, meu povo, saberão que eu sou o Senhor. Porei o meu espírito em vocês e vocês viverão, e eu os estabelecerei em sua própria terra. Então vocês saberão que eu, o Senhor, falei, e fiz. Palavra do Senhor” (cf. Ez.37:12-14) Veja que não é o nosso espírito que deixa o Céu para se religar ao corpo por ocasião da ressurreição, mas sim o espírito de Deus que concede vida que nos é soprado novamente; fazendo-nos sair dos túmulos, o local onde o povo que já morreu se encontraria. Nós

estaríamos sem vida na morte, mas Deus nos concederia novamente o espírito que parte Dele a fim de nos conceder novamente vida por ocasião da ressurreição. Não existe nenhuma religação entre corpo e alma, mas tão somente o princípio animador da vida sendo novamente concedido a nós por ocasião da ressurreição dos mortos. Podemos assim traçar uma correta analogia com a imagem inanimada de Apocalipse que recebeu o espírito para tornar-se animada: A NATUREZA HUMANA SEGUNDO GÊNESIS 2:7

A IMAGEM DE APOCALIPSE 13:15

Feito do pó da terra Feita de pedra Material inanimado Material inanimado Foi-lhe dado o espírito Foi-lhe dada o espírito Passou a ter vida (tornou-se um ser vivente)

Passou a ter vida

Tornou-se um ser animado Tornou-se um ser animado Como vemos, o “espírito” que possuímos é nada a mais do que aquilo que dá animação ao corpo (matéria), concedendo-lhe vida. A analogia com a imagem de pedra relatada no Apocalipse é válida porque o mesmo que sucedeu aos seres humanos sucedeu também à imagem, ambos tornaram-se um ser animado após ser lhes soprado o espírito. É evidente que o “espírito” soprado não é uma “alma imortal” (pois se assim o fosse então por lógica a imagem de pedra também a deveria possuir, pois também foi dotada de espírito-pneuma), mas é tão somente o princípio de vida concedido às criaturas viventes durante a permanência de sua existência terrestre. É claramente nos referido que o motivo dos ídolos mudos não serem vivos é decorrente do fato de não possuírem “espírito-ruach”: “Eis que está coberto de ouro e de prata, mas no seu interior não há fôlego [ruach] nenhum” (Habacuque 2:9). E também em Jeremias: “Todo ourives é envergonhado pela imagem que ele esculpiu; pois as suas imagens são mentira, e nelas não há fôlego [ruach]” (cf. Jeremias 10:4). Aqui vemos que os que não têm vida são descritos como sem “espírito-ruach”. Os ídolos são considerados como “sem vida” pelo fato de serem destituídos de espírito-ruach, que é o princípio animador de toda a vida. Quando um ídolo ganha animação, é descrito como constituído de “espírito-pneuma” (cf. Ap.13:15), porque passou a ter vida. Em outras palavras, o espírito é nada a mais do que o poder capacitador de vida a qualquer ser vivente, mesmo quando trata-se de ídolos ou de animais, como veremos mais adiante. Ele não é uma alma imortal, e nem algo que traz consigo imortalidade, consciência e personalidade após a morte, mas apenas a vida que possuímos em nossa jornada em nossa terrestre. Quando o espírito é retirado do ser humano, este volta para o pó da terra (cf. Sl.104:29; Sl.146:4; Gn.3:19); quando o espírito concedido temporariamente àquela imagem lhe é retirado, volta a ser uma pedra inanimada. Sai o espírito, volta ao pó – Confirmando o fato anterior, vemos que os autores bíblicos correspondiam bem ao fato de que a saída do espírito-ruach por ocasião da morte não significa a continuação da vida, mas sim a cessação dela. O salmista expressa em palavras o que aconteceu na criação humana e o que acontece ao fim dela: “Quando sopras o teu fôlego, eles são criados” (cf. Sl.104:30). O sopro de Deus [fôlego] nas nossas narinas,

também denominado por “espírito-ruach” (cf. Jó 33:4; Jó 32:8; Is.42:5), é o que nos faz vivos – nos transforma em “almas viventes” (cf. Gn.2:7). A pergunta que fica é: quando este “fôlego” ou “espírito” deixa o corpo por ocasião da morte (ao expirar), o que acontece ao ser racional? O verso anterior do Salmo no qual acabamos de passar responde corretamente a esta pergunta: Quando escondes o teu rosto, entram em pânico; quando lhe retiras o fôlego, morrem e voltam ao pó” (v.29). O ser racional simplesmente volta ao pó. Quando o fôlego [espírito] é retirado do ser humano, este não parte desencarnado para um estado intermediário, mas simplesmente deixa de existir – volta a ser pó. A saída do espírito por ocasião da morte não significa um ser racional deixando o corpo. Jó declara isso enfaticamente nas seguintes palavras: “Porém, morto o homem, é consumido; sim, rendendo o homem o espírito, então onde está ele? Como as águas se retiram do mar, e o rio se esgota, e fica seco, assim o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus, não acordará nem despertará de seu sono” (cf. Jó 14:10-12). Aqui vemos a entrega do espírito não significa levar consciência e personalidade na morte, porque mesmo assim ele não é despertado até não existir mais céus. Após afirmar que o homem rende o seu espírito na morte, Jó faz a pergunta que não quer calar: “Onde ele está”? Isto é, para onde ele vai? O que acontece com ele? Simplesmente, deixa de existir. Não vai desencarnado para o Céu. Ele torna-se como as águas que se retiram do mar e como um rio que se esgota e fica seco. Essa analogia feita por Jó nos mostra claramente que o homem não mais existe. Assim como quando as águas se retiram do mar este já não existe; e quando o rio se esgota fica seco e não mais existe, assim também do mesmo modo o homem na morte já não existe. O ser racional só volta a atividade quando “não existir mais céus” (v.12), o que o NT relaciona a “ressurreição do último dia” (Jo.6:39,40), quando “os céus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e para a destruição dos ímpio” (cf. 2Pe.3:7). Se a retirada do espírito do homem na morte significa a ida imediata na presença de Deus em estado desencarnado, então a analogia feita por Jó seria nula e sem sentido. Tal analogia nos revela que o ser racional deixa de existir após a entrega do espírito-ruach. Tal fato é apresentado com ainda mais clareza no Salmo 146:4 – “Quando o espírito deles se vai, eles voltam ao pó, e naquele dia perecem os seus pensamentos” (cf. Sl.146:4). A entrega do espírito não significa a continuação de vida em um estado desencarnado, mas sim a cessação dela, pois os “pensamentos perecem”. Sendo que os próprios imortalistas atribuem o processo de pensamento como função da alma, a sede dos pensamentos, seria imprescindível que eles continuassem após a entrega do espírito na morte, caso fosse um ser racional com inteligência e consciência. Contudo, os próprios pensamentos perecem, pois não existe ser racional na morte. A alma e o sangue – Em Levítico 17:11, lemos: “Porque a vida da carne está no sangue”. No texto original hebraico, “vida” aqui é a tradução de nephesh, de modo que a transliteração correta da passagem seria: “A alma da carne está no sangue”. O motivo pelo qual a alma é igualada ao sangue provém do fato de que a vitalidade da vida-nephesh

reside no sangue. Em outras palavras, sem sangue não há vida-nephesh. O corpo não é a prisão de uma alma imaterial, pois a alma da carne está no sangue. Isso não faz sentido caso a alma fosse algo imaterial implantado dentro de nós, pois se assim o fosse não teria parte nenhuma com o sangue. Também lemos certa afirmação em Gênesis no mesmo estilo: “Carne, porém, com sua vida isto é, com seu sangue, não comereis. Certamente requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei, como também da mão do homem, sim da mão do próximo de cada um requererei a vida [nephesh] do homem” (cf. Gn.9:4,5). Ora, se a vida do o homem é o sangue, então sem o sangue não há vida. Isto é somente lógica. O homem sem sangue não pode permanecer vivo de acordo com esta declaração de Gênesis. Pois a vida [alma-nephesh] está no sangue. Como então assumir que uma pessoa sem sangue (um espírito descorpóreo, por exemplo) possa ser considerada viva em um “estado intermediário”? Não faz senso. Sem sangue não há vida, pois “a alma da carne está no sangue”. Como o erudito Basil Atkinson corretamente assinala: “A alma do homem está em seu sangue e, de fato, o seu sangue é a sua alma”. Alguns ainda poderiam tentar objetar com o fato de Paulo ter afirmado que “carne e sangue não podem herdar o reino de Deus” (cf. 1Co.15:50). Contudo, concluir a partir desta frase que o corpo ressurreto não será um corpo físico de carne, carece absolutamente de qualquer respaldo escriturístico. A frase seguinte explica tal citação indicando claramente que Paulo não está falando da carne do corpo ressurreto, mas da carne que é corruptível: "nem a corrupção herdar a incorrupção" (v.50). Paulo, portanto, não está afirmando que o corpo ressurreto não será de carne, mas que ele não será de carne corruptível. O próprio Jesus Cristo se posicionou favorável ao fato de que o corpo da ressurreição ser um corpo físico de carne e sangue ao afirmar aos seus discípulos: "Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho" (cf. Lc.24:39). Os discípulos estavam cheios de temor de que o corpo ressurreto fosse um espírito imaterial (cf. Lc.24:37), mas Jesus se posicionou enfaticamente contrário à isso (cf. Lc.24:39). O corpo ressurreto de Cristo tinha carne e ossos, não era algo imaterial ou distinto deste presente corpo em matéria. O próprio Pedro se posicionou favorável ao fato de que o corpo ressurreto era um corpo físico; que era o mesmo corpo de carne que foi ao túmulo e que nunca viu a corrupção (cf. At 2:31), algo que também foi afirmado por Paulo (cf. At 13:35). A Bíblia não deixa espaços para duplas interpretações e fala da ressurreição do corpo físico direto do túmulo (ver João 5:28-29), o qual é composto de "carne e ossos" (cf. Lc.24:39). Os apologistas norte-americanos Norman Geisler e Thomas Howe acrescentam: “O corpo glorioso da ressurreição não será um corpo não-físico. Um corpo espiritual é um corpo imortal, não um corpo imaterial. Um corpo espiritual é aquele que é dominado pelo espírito, não um corpo desprovido de matéria. A palavra grega pneumatikos (traduzida como "espiritual") significa um corpo dirigido pelo espírito, em oposição ao que está sob o domínio da carne [...] O corpo ressurreto é chamado de espiritual não porque a sua substância é imaterial, mas sim porque provém do mundo espiritual [...] com esse mesmo sentido, o maná oferecido a Israel pôde ser chamado de manjar espiritual (1Co.10:3). O corpo ressurreto pode ser chamado de corpo espiritual, no mesmo sentido em que

chamamos a Bíblia de livro espiritual. A despeito de sua origem e poder espirituais, tanto o corpo ressurreto como a Bíblia são feitos de matéria” [“Manual Popular de Dúvidas e

Enigmas e Contradições da Bíblia”, pág.197] . Também lemos em 1 Coríntios 2:14,15 que “o homem natural [físico-psychikos] não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual [pneumatikos] julga todas as cousas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém” (cf. 1Co.2:14-15). É evidente que o homem espiritual neste texto não é um ser não-físico. Antes, é alguém guiado pelo Espírito Santo, em contraste com alguém que é guiado pela carne, isto é, por impulsos carnais. Do mesmo modo, o corpo da ressurreição é chamado em de “espiritual” porque não é dominado pela carne, mas vive pelo Espírito Santo. Não é um corpo sem sangue, mas sim um corpo guiado pelo Espírito que permanece em contraste direto com o corpo guiado pela carne que perece. Assim, "corpo espiritual" não significa corpo imaterial e invisível, mas imortal e imperecível. Nós nos tornaremos imortais e imperecíveis e sendo dominados pelo Espírito a partir da ressurreição dentre os mortos, como Paulo afirma em 1 Coríntios 15:42-44. Portanto, não restam objeções ao fato de que não existe alma sem sangue; sem sangue não há vida. Não existe qualquer chance ou possibilidade de existir um “estado intermediário” de “espíritos descorpóreos” pré-ressurreição ausente de corpo. O fato bíblico de que a alma da carne está no sangue e de que a vida [nephesh] do homem é o seu sangue, nos mostra que não pode uma pessoa ser considerada como “viva” em algum lugar sem a vitalidade da vida-nephesh que reside no sangue. Na morte, o coração deixa de bater, o sangue deixa de circular, e tornamo-nos almas

mortas. Só voltaremos ao estado de vida novamente quando estivermos com a vitalidade da vida, com o sangue, sem o qual não existe vida [alma-nephesh]. Poderíamos resumir o argumento nas seguintes premissas: (1) A alma da carne está no sangue – cf. Lv.17:11. (2) Não existe vida [alma - nephesh] sem sangue – cf. Gn.9:4,5. (3) Na morte, perdemos o sangue, a vitalidade da alma. (4) Só voltaremos a ser reconstituídos de sangue novamente na ressurreição. (5) Logo, a vida é somente a partir da ressurreição dos mortos. O homem torna-se uma alma vivente – Uma outra prova importante para que possamos compreender que o espírito não é uma alma imortal, é a própria continuação da passagem de Gênesis 2:7 – “...soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se uma alma vivente”. Duas coisas são interessantes aqui. Em primeiro lugar, a alma é o que o homem “tornou-se”, e não o que ele “obteve”. Como já vimos, Deus não colocou uma alma no homem, como erroneamente pensa a doutrina dualista. Em segundo lugar, com a implantação do sopro de Deus em nossas narinas, o homem tornou-se uma “alma vivente”, e não uma “alma imortal”! Ora, se a interpretação correta fosse a dualista (de imortalidade da alma) então a sequência imediata de tal passagem seria que o homem tornou-se (ou melhor, “obteve”) uma “alma imortal”, “imaterial”. Mas isso está longe de ser verdade.

Quando a Bíblia diz que em resultado do sopro divino “o homem tornou-se uma alma vivente”, ela está dizendo apenas que o corpo formado literalmente do pó da terra ganhou animação e se fez um ser vivo, que respira – nada além disso. O sangue (vitalidade da alma – cf. Lv.17:11; Gn.9:4,5) começou a circular, o cérebro começou a raciocinar e o coração a bater, com todos os sinais ativados. O homem tornou-se uma “alma vivente”, ou seja, ou ser vivo, também sujeito à “lei do pecado e a morte” (cf. Rm.8:2). Não houve componente imaterial e imortal colocado no ser humano. Declarado em termos simples, “uma alma vivente” significa “um ser vivo”, e não “uma alma imortal”! Evidentemente a alma é considerada “vivente” enquanto vive, passando a ser “alma morta” por ocasião da retirada do fôlego de vida [espírito] no falecimento. Uma alma vivente significa simplesmente um ser vivo, que morre. O Espírito sobe para Deus – Outra prova patente contra os imortalistas, é o que Salomão descreve em Eclesiastes: “E o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (cf. Ec.12:7). É fato bíblico que todas as pessoas (sendo justas ou ímpias) desciam para o Sheol na morte (cf. Gn.37:35; Jó 10:21,22; Sl.94:17; Gn.42:38; Gn.42:29,31; Is.38:10,17; Sl.16:10; Sl.49:9,15; Sl.88:3-6,11; Jó 17:16). Aqueles que pregam que os justos subiam ao Paraíso e apenas os ímpios desciam para o Sheol por ocasião da morte, ignoram o fato de que até a alma de Jesus Cristo desceu para o Sheol na morte (cf. At.2:27). Para os imortalistas, Sheol é a “habitação dos espíritos”. Já para os mortalistas, significa puramente “sepultura”. O debate sobre o conceito correto sobre Hades/Sheol será abordado mais a frente neste livro. O fato, contudo, é que todas as pessoas desciam ao Sheol por ocasião da morte. Onde se localiza o Sheol? Localiza-se nas regiões inferiores da terra (cf. Ef.4:9), no “coração” desta terra (cf. Mt.12:40), em oposição ao Paraíso (cf. Mt.11:23). Os seguidores da revolta de Coré “desceram. . . vivos ao Sheol” (cf. Nm.16:30,33). Eis aqui já a primeira contradição dos imortalistas: O “espírito” sobe para Deus, e não “desce” para o Sheol (cf. Ec.12:7)! Se o espírito fosse um segmento com consciência e personalidade, ele deveria descer e não subir. Mas isso jamais é dito na Bíblia, pelo simples fato de que o espírito é nada a mais do que o dom da vida [fôlego] concedido durante a duração de nossas vidas terrenas, e não algum segmento que leva consigo consciência e personalidade após a morte. Sobe para Deus por ocasião da morte porque deriva de Deus, e volta para Deus. Salomão é bem claro em dizer que o espírito subiu para Deus, e não “que desceu para o Sheol”! Nisso vemos uma clara evidência que o espírito está longe de ser a própria pessoa como uma entidade viva e consciente, mas é tão-somente o princípio de vida que retorna para Deus no momento da morte. Sendo que na época de Salomão todas as pessoas desciam ao Sheol, que biblicamente fica nas regiões inferiores desta terra (cf. Ef.4:9), como é que Salomão diz que o espírito sobre para Deus? Também em Atos 2:27, falando a respeito de Jesus, entre a sua morte e ressurreição, o texto assim narra: “Porque não deixarás a minha alma no Hades, nem permitirás que aquele que te é leal veja a corrupção”. E também em Mateus 12:40 – “Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração

da terra”. A alma de Jesus passou os três dias e três noites em que esteve morto no Sheol, que fica debaixo da terra, e não no Paraíso! Isso, contudo, não impediu ele tivesse entregado o seu espírito ao Pai nos dias em que esteve morto: “Pai, ao Senhor entrego o meu espírito. E com estas palavras morreu” (cf. Lc.23:46). Ora, como é que Cristo passou os três dias em que esteve morto no Sheol (cf. Mt.12:40; At.2:27), que fica nas regiões inferiores desta terra (cf. Ef.4:9), se a Bíblia diz que o “espírito” dele subiu para Deus? Obviamente, o “espírito” não é o nosso “próprio eu”, não sendo uma “alma imortal”, mas é tão-somente o princípio animador da vida concedido por Deus tanto aos seres humanos quanto aos animais pela duração de sua existência terrena, que volta para Deus por ocasião da morte. Nisso fica claro que o espírito não é o nosso próprio “eu” libertado com a morte, pois, se assim fosse, seguir-se-ia que Cristo teria passado (os dias em que esteve morto) com o Pai, e não debaixo da terra, pois o espírito sobe, e não desce! Vemos, portanto, que se a visão dualista de que o espírito é um segmento consciente que leva consigo personalidade, deveríamos pressupor que: (1) O espírito desceria para o Sheol (2) Os dias em que Cristo passou morto deveria ter se passado com o Pai Contudo, estas duas premissas imortalistas contrariam diretamente a Bíblia Sagrada, como já vimos. NA BÍBLIA SAGRADA NA TEOLOGIA DUALISTA O espírito sobe para Deus na morte – cf. Ec.12:7

O espírito de todos deveria descer

(para o Sheol) na morte Jesus entregou ao Pai o seu espírito mas mesmo assim esteve no Sheol (regiões inferiores da terra – cf. Ef.4:9) na morte

Se o espírito fosse um segmento consciente com personalidade, Cristo deveria logicamente estar com o Pai enquanto esteve morto

Vale também lembrar que Cristo, depois de três dias em que esteve morto, ainda assim declarou a Maria Madalena: “Não me detenhas, porque ainda não subiu para o Pai” (cf. Jo.20:17). Óbvio, porque a entrega de seu espírito ao Pai não significou o seu regresso a Ele, pelo fato de que o espírito não é um segmento consciente e com personalidade, mas tão somente o princípio animador do corpo. Tudo isso nos mostra de forma mais do que clara e lúcida de que o espírito que possuímos não é uma outra pessoa que é liberta conscientemente após a morte, mas sim um princípio que ativa o corpo concedendo-lhe animação. Como o corpo volta para o pó da terra na morte, ele deixa de ser animado e, portanto, o espírito-ruach perde o seu sentido de animação do corpo e volta para Deus por ocasião da morte. A “salvação universal dos espíritos” – Uma verdade universal é dita em Eclesiastes 12:7 - “E o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”. Essa é uma verdade universal, ou seja, o espírito de todos volta para Deus, que o deu. Em lugar nenhum da Bíblia está escrito que o espírito dos ímpios desce para o inferno ou para o diabo. Não, pois todos os espíritos sobem para Deus.

Nisso também fica mais do que claro que o espírito não é a própria pessoa fora do corpo, pois se assim o fosse, então teríamos uma salvação universal, pois o espírito de todos sobre para Deus! O que Salomão estava falando era simplesmente para que se lembrassem do seu Criador nos dias da sua juventude (v.1), antes que chegue à velhice (v.2-6), e com a morte “o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (v.12). Esse processo é ocorrido em todos os seres humanos sejam justos ou ímpios. Assim como tanto os justos como os ímpios tem que se lembrar do Criador na juventude, assim como tanto justos como ímpios envelhecem, assim também o espírito de todos sobre para Deus na ocasião da morte. Em momento nenhum o autor deixa passar qualquer hipótese de que o termo se restringisse apenas aos salvos, porque o próprio contexto mostra um processo que sucede a todos os seres humanos. O que Salomão (mais provável autor do livro de Eclesiastes – cf. Ec.1:1) estava relatando é uma verdade universal de que o espírito [de todos] por ocasião da morte volta para Deus, quem o deu. O que retorna para Deus se refere ao espírito de todos os homens, não somente dos justos, mas de “toda a carne”. O próprio fato do espírito de todas as pessoas voltar para Deus na ocasião da morte nos prova novamente que este espírito-ruach não é uma alma imortal ou a própria pessoa em estado desencarnado, pois se assim sucedesse então apenas o espírito das pessoas boas que subiria para Deus, e o das pessoas más desceria para o inferno ou para o diabo. Todos os espíritos sobem para Deus porque o nosso espírito não é uma entidade consciente com personalidade com destinos diferentes entre bons e maus após a morte, mas tão somente o fôlego de vida em nós presente durante a nossa existência terrestre, princípio este que retorna para Deus porque provém Dele mesmo a fim de dar animação para o corpo formado do pó (ver Gênesis 2:7). Por isso, o autor não faz a mínima questão de diferenciar o destino do espírito de bons ou de maus por ocasião da morte. Novamente a doutrina imortalista entra em choque contra os princípios da regra bíblica e da teologia sistemática. Os animais também como alma – Uma outra prova clara de que “alma vivente” não significa “alma imortal”, é o fato de que aos animais também foi designado o termo “alma vivente - nephesh hayyah” (cf. Gn.1:20,21,24,30; 2:19; 9:10,12,15,16; Lv.11:46). A maioria das pessoas desconhecem tal fato simplesmente porque os tradutores da maioria das versões decidiram traduzir a o termo hebraico “nephesh hayyah” como “criaturas viventes” em referência aos animais, e como “alma vivente” nas referências a seres humanos. O motivo, evidentemente, não é por causa dos manuscritos originais, mas sim por consequência de suas convicções religiosas, de que o homem conta com uma alma imortal não possuída pelos animais. Em decorrência disso não quiseram comprometer as suas doutrinas da imortalidade da alma humana criando um dilema de primeira ordem, e tomaram a liberdade de traduzir o nephesh do hebraico como “criatura” quando em referência aos animais e como “alma” quando em referência aos seres humanos. Essa é a mesma adulteração reconhecida em outras inúmeras passagens bíblicas que mostram também a alma-nephesh sendo morta ou destruída, o que também é ocultado pela grande maioria das versões, embora fosse um conceito amplamente difundido no Antigo Testamento. O original, contudo, traz nephesh [alma], tanto a seres humanos, como

também aos animais. O termo alma-nephesh é empregado tanto para as pessoas quanto para os animais porque ambos são seres conscientes. Tanto homens como animais partilham do mesmo princípio animador de vida, isto é, o “fôlego da vida”. Todo o ser vivente relaciona-se a todas as criaturas, não somente ao homem, como também aos animais (cf. Jó 12:10). O homem não recebeu uma alma de Deus; ele tornou-se uma alma vivente, assim como os animais. A natureza de todo o ser vivente é mortal, e não imortal, o que somente Deus é (cf. 1Tm.6:16). Herdaremos uma natureza imortal com a ressurreição dos mortos na segunda vinda de Cristo (cf. 1Co.15:53; 1Co.15:23). A alma não é algo imaterial e nem imortal, pois até mesmo os animais são referidos como alma-nephesh. Sendo que no mesmo contexto em que Deus dá a revelação a Moisés sobre a criação em Gênesis 1 e 2 a palavra nephesh [alma] é uma referência não somente aos humanos como também aos animais, fica claro que Moisés não imaginava que este termo hebraico significasse em si mesmo a detenção de imortalidade. Doutra forma, teria ele apenas feito menção a este termo quando em referência aos humanos, somente. Para ele (que recebeu a revelação Divina sobre a criação) o termo significava tão somente um ser consciente, sujeito a morte tanto quanto os animais. Por isso, ele não se incomodava e nem se intimidava em fazê-lo em menção a humanos e a animais. Quando os defensores da imortalidade da alma se deparam com o fato bíblico de que nephesh também é mencionado em referência direta aos animais e no mesmo contexto dos seres humanos, se deparam com um dilema intransponível. Afinal, se a alma é imortal e imaterial, então os animais também partilhariam desta mesma qualidade que deveria estar presente somente nos seres humanos. A única solução lógica para isso é exposta por Basil Atkinson: “Eles [o homem e os animais] não são criaturas bipartites que consistem de uma alma e um corpo que podem ser separados e prosseguir vivendo. Suas almas são a totalidade deles e compreende seus corpos, bem como suas faculdades mentais” [“Life and Immortality”]. Apenas os vivos tem o espírito de vida – O espírito não é a própria pessoa em estado desencarnado que sai do corpo por ocasião da morte. Isso já ficou muito claro nos itens anteriores e fica ainda mais claro a luz de Gênesis 7:15 - “E de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca”. Agora eu pergunto: Os mortos entraram na arca de Noé? É claro que não. Apenas os vivos é que possuem o espírito. Quando a pessoa morre, volta para o pó da terra. O espírito não continua com ela, mas volta para Deus. E não é a própria pessoa em estado desincorporado, apenas os vivos é que possuem espírito (cf. Gn.7:15). A vida deriva de Deus, é sustida por Deus, e retorna para Deus. Quando morremos, esse espírito, “fôlego de vida”, é retirado de nós. Se o espírito fosse o próprio ser racional vivendo em um estado desencarnado, então deveríamos pressupor que os que morreram voltariam e reencarnariam para entrar na Arca de Noé, pois é nos dito claramente que em todos os que haviam espírito de vida entraram na Arca. Claro, nem os mortos entraram na Arca, nem os imortalistas tem uma explicação para tal fato.

Os animais com espírito e fôlego – Ademais, exatamente a mesma palavra, no original hebraico ruach, que é traduzida por “espírito”, é usada tanto em relação aos seres humanos quanto a animais (cf. Gn.7:15; Gn.7:21,22; Ec.3:19,20; Gn.6:17; Sl.104:29). A Bíblia não faz sequer a menor distinção entre eles. O espírito “de toda a carne” entrou na arca de Noé, e não foram apenas seres humanos que lá entraram (Gn.7:15)! Dizer que os animais têm fôlego, mas não tem espírito, é negar dois fatos claros na Bíblia Sagrada. O primeiro, é que espírito [ruach] é usado tanto a animais como a seres humanos indistintamente (cf. Gn.7:15). A Bíblia não faz a mínima distinção, porque “entraram na arca de dois a dois de toda carne em que há um espírito vivo” (cf. Gn.7:15 – Young’s Literal Translation). Se alguém alega que os animais não têm espírito, então além de contradizer a Bíblia, seria forçado a negar também que os seres humanos o possuam, pois a mesma palavra é usada para os dois no mesmo contexto! Também lemos em Gênesis 6:17 – “Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito [ruach] de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará”. Ora, a passagem é bem clara em relatar a eliminação completa de toda a carne em que há o espírito-ruach, por ocasião do dilúvio. Se fosse correta a interpretação dos dualistas de que o espírito significa uma alma imortal e apenas os humanos a possuem, então deveríamos pressupor que apenas os seres humanos fossem eliminados por ocasião do dilúvio, pois a Bíblia relata bem claramente que toda a criatura em que houvesse espírito-ruach seria desfeita. É evidente que os animais também foram eliminados no dilúvio, porque eles também possuem espírito-ruach (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22; Gn.7:15; Sl.104:29; Ec.3:19,20). Em Gênesis 7:21,22 lemos novamente a confirmação bíblica de que os animais também possuem espírito-ruach: “E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de fera, e de todo réptil que se roja sobre a terra, e todo homem, tudo o que tinha fôlego de espírito [ruach] de vida em seus narizes, tudo o que havia na terra seca, morreu” (cf. Gn.7:21,22). Também lemos no Salmo 104:29 o rei Davi afirmando que os peixes também possuem ruach (cf. Sl.104:29), e o rei Salomão igualando o fôlego dos homens com o dos animais em absoluto (cf. Ec.3:19,20). Isso tudo mostra que é fato indiscutível que os animais também possuem o mesmo “espírito” [ruach, no original hebraico] possuído pelos seres humanos. Será que os animais ao morrer irão para o estado intermediário junto com os seres humanos? Claro que não. Fica claro que espírito significa “VIDA” e não um ser inteligente que sai do corpo na hora da morte. O segundo erro provém do fato de que o espírito é o próprio fôlego de vida, conforme descrição de Gênesis 2:7 e o paralelismo de Jó 33:4, de Jó 32:8 e de Isaías 42:5. E todos – humanos e animais – possuem o mesmo fôlego, e não fôlegos diferentes: “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó” (cf. Ec.3:19,20). O que sucedeu na criação do homem é exatamente o mesmo que aconteceu na criação dos animais: Deus soprou-lhes o fôlego de vida [espírito] e eles tornaram-se almas viventes. Não há diferença alguma e nem vantagem nenhuma conosco em relação aos animais que

nos permita desfrutar de uma imortalidade inerente e incondicional diferentemente deles que voltam para o pó. Todos foram feitos do pó e voltarão para exatamente o mesmo lugar: o pó. O mais interessante sobre esta última passagem (cf. Ec.3:19,20), é que o autor faz uso do hebraico ruach [espírito], no mesmo contexto dos seres humanos, dizendo ainda que ambos são iguais! “Todos tem o mesmo espírito-ruach” (v.19)! O escritor inspirado faz questão de ressaltar o fato de que não apenas o fôlego-neshamah, como também o espírito-ruach é possuído pelos animais. E não somente isso, mas também iguala em absoluto o espírito dos homens com o dos animais dizendo que é a mesma coisa (v.19), e por consequência disto a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma (v.19), e, finalmente, conclui dizendo que o local que os homens partem na morte é o mesmo caminho dos animais (v.20). Aqui é claramente indicado a nós que o motivo pelo qual o homem não possui vantagem nenhuma sobre os animais decorre do fato de que ambos possuem o mesmo espírito-ruach. Ora, se o espírito-ruach dos animais não lhes concede uma imortalidade, então é óbvio que o dos seres humanos também não lhes dá tal vantagem. Como os defensores da alma imortal fizeram com tão grande prova irrefutavelmente contra o ensinamento dualista? Simples, adulteraram a tradução. Preferiram tomar a liberdade em traduzir por “fôlego” antes do que por “espírito”, como deveria ser traduzido. O hebraico tem palavra exata para ambos, mas Salomão faz menção do ruach [espírito] para os animais e o faz no mesmo contexto dos seres humanos e igualando-os a este! É óbvio que o “espírito” possuído por nós não significa uma alma imortal e muito menos alguma qualificação em nós presente que nos ofereça vantagem alguma sobre os animais ou que nos leve para o Céu após a morte. Antes, é nada a mais do que a vida presente não apenas nos seres humanos, como também nos animais. O destino de ambos é o pó da terra. Felizmente, a Bíblia nos assegura que existirá a ressurreição dos mortos para todos os seres humanos (cf. Dn.12:2), que acontece na segunda vinda de Cristo (cf. 1Co.15:22,23). Devemos também considerar mais alguns fatos importantes a ser mencionados. O primeiro deles é que se os escritores bíblicos tivessem a idéia de que apenas os humanos possuem espírito e os animais possuem apenas o “fôlego”, então eles utilizariam essa segunda palavra para quando relacionado aos animais, pois o hebraico possui palavra para fôlego [neshamah] e para espírito [ruach]. Mas quando aplicado aos animais, ao invés de mencionarem apenas o fôlego-neshamah, eles mencionavam o espírito-ruach (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22; Gn.7:15; Sl.104:29)! E, pior ainda, eles a mencionavam junto com os seres humanos sem fazer a menor distinção entre eles (cf. Gn.7:15; Gn.6:17; Gn.7:21,22)! E mais, quando o rei Davi foi tratar de peixes, ao invés dele mencionar apenas o fôlego (como qualquer imortalista faria), ele menciona o próprio espírito-ruach (Sl.104:29)! Finalmente, se o fôlego é aquilo que dá animação ao corpo e o espírito é uma alma imortal e consciente (como dizem os imortalistas), então a estátua de pedra do Apocalipse deveria ter sido revestida de fôlego para dar animação à imagem, e não de espírito. Vemos, contudo, que o apóstolo João descreve a imagem de pedra recebendo espírito-pneuma para conceder animação, e não “fôlego” (cf. Ap.13:15)! Portanto, fica mais do que claro que o

espírito que possuímos nada mais é do que o próprio fôlego de vida que nos dá animação ao corpo formado do pó. Isso explica o paralelismo bíblico entre fôlego e espírito (cf. Jó 33:4; Jó 32:8; Isaías 42:5), indicando que ambos tratam-se do mesmo elemento e não de elementos diferentes; ambos é aquilo que dá animação à matéria, nenhum sendo uma “alma imortal” ou algum elemento eterno constituído de personalidade, pois até mesmo os animais o possuem. A imensa dificuldade por parte dos imortalistas em conciliar os conceitos de corpo, alma e espírito com a Bíblia Sagrada, é que eles usam os conceitos kardecistas e platônicos de dualidade de corpo e alma com o espírito sendo uma entidade consciente com personalidade. Quando tentam conciliar isso com a Bíblia (que nos deixa um conceito simples, claro e coerente desses princípios básicos) resulta em uma total confusão de ideias, pois o dualismo de corpo e alma influenciado pelas doutrinas de origens pagãs não se mistura com as doutrinas bíblicas acerca da criação do homem. “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego [ruach – espírito], e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó” (Eclesiastes 3:19,20) O “espírito” não é uma entidade viva e consciente com personalidade – Uma prova muito forte disso é o fato de que, falando de meros peixes, o salmista afirma: “Se lhes cortas a respiração [ruach], morrem, e voltam ao seu pó” (Sl.104:29). Ora, nem mesmo qualquer imortalista chegaria ao ponto de alegar que o espírito-ruach dos peixes leva consigo personalidade e consciência na morte. Dizer que com os seres humanos é totalmente diferente é forçar o texto, pois a mesma expressão é empregada para ambos (cf. Sl.104:29; Gn.7:15; Gn.7:22; Ec.3:21). O processo que acontece com os humanos é o mesmo que acontece com os peixes: “Escondes a tua face - e ficam perturbados, Tu ajunta o seu espírito – eles expiram, e voltam para o pó” (cf. Sl.104:29 - Young’s Literal Translation). Embora você provavelmente já tenha ouvido algo assim antes com relação aos seres humanos, essa passagem está falando de meros peixes! Compare, por exemplo, tal passagem acima (referindo-se a peixes) com o que Jó declara: “Se fosse a intenção dele, e de fato retirasse o seu espírito e o seu sopro, a humanidade pereceria toda de uma vez, e o homem voltaria ao pó” (cf. Jó 34:14,15). Veja que o mesmo processo que ocorre com os seres humanos acontece também com os peixes: Deus retira o seu espírito [ruach], e eles voltam para o pó da terra. Não há a mínima diferença entre o processo que ocorre com um e o que ocorre com outro. Claro, os imortalistas evidentemente preferiram traduzir na maioria das vezes “respiração” no Salmo 104:9 para os peixes e “espírito” para os homens em Jó 34:14,15. Mas a palavra usada no original hebraico é a mesma para ambos [ruach] e o processo que ocorre também é exatamente o mesmo. Sendo assim, o “espírito” que Cristo e que Estêvão entregaram a Deus nada mais era do que as suas vidas humanas que voltavam para Deus que soprou-lhes o fôlego enquanto estes ainda vivam. O espírito que retorna para Deus é, como vimos, simplesmente o

princípio animador da vida que concedido por Deus tanto para homens como para animais durante a jornada terrestre. O “espírito” não é o nosso “verdadeiro eu” – Certa vez, vi uma exemplificação que compreende muito bem os sentidos reais de alma e espírito humanos no contexto da criação. A vida surge quando um corpo inanimado (pó) se une com a força vital, denominada de ruach (espírito ou respiração). Como resultado desta união, o homem tornou-se uma alma vivente (Gn.2:7). Em momento nenhum lhe é infundida uma alma; ao contrário, ele se faz uma alma vivente quando Deus lhes sopra a respiração [fôlego/espírito] nos seus corpos. Poderíamos compará-lo com a “eletricidade” nesta analogia. A questão que fica é: O que sucede à alma vivente, como resultado da junção da respiração com o pó? A resposta para essa pergunta pode ser ilustrada através da nossa ilustração com a lâmpada. A lâmpada pode analogicamente comparada com o corpo e a eletricidade com o espírito. Enquanto a eletricidade circula por dentro da lâmpada, há luz. A luz é como a alma vivente, o ser racional. Quando, porém, desligamos o interruptor da luz e a eletricidade cessa de circular na lâmpada, para onde é que a luz vai? Simplesmente deixa de existir. Não vai para uma outra dimensão. Ao sair da lâmpada, ela simplesmente acaba. Igualmente, quando Deus resolve desligar a “eletricidade” da nossa vida, o fôlego deixa de entrar de entrar no nosso corpo. Para onde vai a alma vivente? Para onde vai a pessoa? Vai imediatamente para o Céu, para o inferno ou para o purgatório? Não, deixa de existir. Exatamente como a luz. A Bíblia descreve este estado como um sono pacífico (cf. Sl.13:3). Mais um outro exemplo elucidativo: A alma é o resultado da junção do pó da terra com o fôlego da vida (Gênesis 2:7). Assim, entendemos que não há uma alma viva [vivente] sem o corpo (pó) com o espírito (fôlego de vida). É como a água, que é a combinação de oxigênio e hidrogênio. Mas se você separar os dois elementos a água desaparece. Não existe uma alma vivente sem o corpo com o fôlego de vida. Poderíamos elucidar a questão da seguinte maneira: LÂMPADA + ELETRECIDADE = LUZ LÂMPADA – ELETRECIDADE = SEM LUZ OXIGÊNIO + HIDROGÊNIO = ÁGUA OXIGÊNIO – HIDROGÊNIO = SEM ÁGUA PÓ DA TERRA + FOLÊGO DA VIDA [ESPÍRITO] = ALMA VIVENTE [vida] PÓ DA TERRA – FOLÊGO DA VIDA [ESPÍRITO] = ALMA MORTA [sem vida] Estêvão conhecia a Bíblia, e sabia que o espírito voltava para Deus que é quem o deu (cf. Ec.12:7). E quando ele entregou o espírito (cf. At.7:59,60), o que é que Estêvão fez? Ele foi para o Céu ou para o inferno? Ele foi arrebatado? Foi levado para junto de Cristo? Não. A Bíblia diz simplesmente que ele “adormeceu” (cf. At.7:60). Igualmente Jesus Cristo entrega o espírito no momento da morte (cf. Lc.23:46), mas a Bíblia afirma que a sua alma esteve no Sheol (cf. At.2:27), no coração da terra durante os três dias e três noites em que esteve morto (cf. Mt.12:40), e não no Paraíso! Além disso,

declara à Maria Madalena, após três dias que esteve morto, que “ainda não subiu para o Pai” (Jo.20:17). O comprometimento de seu espírito (cf. Lc.23:46), não foi o seu regresso ao Pai. O espírito separado do corpo não é o "real" você! Na morte, o real volta ao pó (cf. Gn.3:19). O espírito de todos volta para Deus (cf. Ec.12:7), pois foi Deus quem o deu. Esse é o princípio básico da vida: A vida deriva de Deus, é sustida por Deus e volta para Deus por ocasião da morte. O corpo se desintegra (volta a ser pó) e o fôlego da vida (espírito), que Deus assoprou originalmente nas narinas de Adão, retorna para Ele. Esse é um princípio universal de que Deus recebe o espírito de todos, evidentemente não sendo o nosso “verdadeiro eu”. Outra designação comum na Bíblia com relação ao sentido de “alma” [nephesh/psiquê] é de “vida”. A vida é o resultado do que o homem foi formado (ou seja, pó da terra + fôlego de vida = vida [alma vivente]). Por isso mesmo, em muitas ocasiões a palavra “alma” é corretamente traduzida simplesmente por “vida” ou como “vida eterna” no sentido ampliado de alma-psiquê empregado no Novo Testamento. Tal sentido secundário não adultera o sentido primário simplesmente porque não apresenta nenhuma contradição com outras verdades bíblicas (como Gênesis 2:7 que narra o simplismo bíblico da alma como resultado e não como parte da porção), e, ainda mais, é uma tradução correta uma vez que a vida é o resultado dos elementos que tornaram o homem um ser animado. Em outras palavras, uma “alma vivente” é simplesmente um “ser vivo”, a alma pode ser assim classificada, então, como a própria vida humana. Veremos mais detalhes sobre isso neste estudo ao explorarmos algumas passagens bíblicas tais como, por exemplo, a de Mateus 10:28, usada pelos imortalistas como suposta “prova” da imortalidade da alma. O corpo é a alma visível – A partir do relato da criação humana em Gênesis 2:7, podemos perceber claramente que o homem é uma alma e possui um fôlego de vida que dá a animação ao corpo formado do pó. O que seria então o “corpo”? Nada mais é do que a alma visível. A alma é a pessoa integral, como o resultado do corpo formado do pó da terra com a fusão do fôlego de vida [espírito] soprado em suas narinas para o homem tornar-se um ser vivente. Dito em termos simples, o corpo não é a prisão da alma, mas reflete a própria alma como visivelmente ela é. O Dr. Hans Walter Wolff faz a seguinte ponderação: “O que nephesh [alma] significa? Certamente não a alma [no sentido dualístico tradicional] (...) O homem não possui nephesh [alma], ele é nephesh [alma], ele vive como nephesh [alma]” [“Anthropology of the Old Testament”, pág.10]. A Bíblia confirma tal posição relatando inúmeras vezes a morte do corpo como a morte da alma (ver Lv.19:28; 21:1, 11; 22:4; Nm.5:2; 6:6,11; 9:6, 7, 10; 19:11, 13; Ag.2:13). Nestas passagens, o original hebraico traz alma [nephesh] embora fosse o corpo (ou “carne”) que jazia morto. Por exemplo: “Todos os dias da sua consagração para o Senhor, não se aproximará de um cadáver” (cf. Nm.6:6). No original hebraico dessa mesma passagem lemos: “kol-yemêy hazziyro layhvh `al-nephesh mêth lo' yâbho'” (cf. Nm.6:6). Também lemos em Números 9:7 – “Estamos imundos por termos tocado o cadáver de um homem; por que havemos de ser privados de apresentar a oferta do Senhor, a seu tempo,

no meio dos filhos de Israel?” (Nm.9:7); no original hebraico: “vayyo'mru hâ'anâshiym

hâhêmmâh 'êlâyv 'anachnu themê'iymlenephesh 'âdhâm lâmmâh niggâra` lebhiltiy haqribh

'eth-qorbanAdonay bemo`adho bethokh benêy yisrâ'êl” (cf. Nm.9:7). Lemos também em Números 19:11 – “Aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, imundo será sete dias” (cf. Nm.19:11); no original hebraico: “hannoghêa`

bemêth lekhol-nephesh 'âdhâm vethâmê' shibh`ath yâmiym” (cf. Nm.9:11). E dois versos à frente: “Todo aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, e não se purificar, contamina o tabernáculo do Senhor; essa pessoa será eliminada de Israel; porque a água purificadora não foi aspergida sobre ele, imundo será; está nele ainda a sua imundícia” (cf. Nm.19:13). No texto original hebraico: “kol-hannoghêa` bemêth benephesh hâ'âdhâm 'asher-yâmuth

velo'yithchathâ' 'eth-mishkan Adonay thimmê' venikhrethâh hannephesh hahiv'miyyisrâ'êl

kiy mêy niddâh lo'-zoraq `âlâyv thâmê' yihyeh `odhthum'âtho bho” (cf. Nm.19:13). Poderíamos ficar o livro todo repassando inúmeras passagens bíblicas que demonstram de maneira clara que para os hebreus o corpo nada mais era do que a própria alma visível; não tinha absolutamente parte nenhuma com qualquer segmento imaterial ou imortal. Por isso, o cadáver de um homem era frequentemente relacionado à alma que jazia morta porque o corpo é a alma visível. A noção da natureza humana na concepção hebraica bíblica é de uma natureza holista e não dualista do ser humano. Tal noção de dualidade só veio a se tornar realidade para os judeus a partir do período intertestamentário, quando povo judeu esteve exposto na diáspora (dispersão), à cultura e filosofias helenísticas (gregas) de grande influência; incluindo a concepção do dualismo grego impregnado por Platão na Grécia Antiga. Mas neste momento os livros canônicos do Antigo Testamento já estavam fechados, não sendo, portanto, alvo da mudança de mentalidade mediante o sincretismo com as religiões pagãs. O Novo Testamento também segue a linha de pensamento hebraica bíblica e não a dualista que já vigorava em sua época. Quanto mais lemos a criação divina do ser humano em sua concepção bíblica bem como a sua natureza humana, mais vemos como ela é tão ferrenhamente contrária às concepções dualísticas de corpo e alma. Para Moisés e para os hebreus, a alma nunca foi imortal. Mas, para aquelas pessoas que insistem em se opor à doutrina da mortalidade da alma, “estarão em apuros para explicar aquelas passagens que falam de uma pessoa morta como uma alma-nephesh morta (Lev. 19:28; 21:1, 11; 22:4; Núm. 5:2; 6:6, 11; 9:6, 7, 10; 19:11, 13: Ageu 2:13). Para elas é inconcebível que uma alma imortal possa morrer com o corpo” [“Immortality or

Resurrection?”]. A alma não é algo imaterial – Nenhum escritor bíblico tinha a crença que o corpo é a prisão de uma alma imaterial dentro dele. Isso fica muito claro na Bíblia por inúmeras razões. Em primeiro lugar, porque a Bíblia afirma que a alma emagrece: “E ele lhes cumpriu o seu desejo, mas enviou magreza às suas almas” (cf. Sl.106:5). Ora, se a alma fosse uma entidade imaterial, então ela não poderia “emagrecer” de jeito nenhum! É óbvio que a alma é o ser integral do homem e, sendo assim, ela também emagrece junto com o corpo (lembre-se de que o corpo é a alma visível). Se a alma emagrece, então ela

não é imaterial mas sim algo bem material, que nasce, que cresce, que emagrece, que engorda, que envelhece, que morre e que sente sede. Em segundo lugar, praticamente todos estes fatos são mencionados para a alma, como em Isaías 29:8, que diz: “Será também como o faminto que sonha, que está a comer, porém, acordando, sente-se vazio; ou como o sedento que sonha que está a beber, porém, acordando, eis que ainda desfalecido se acha, e a sua alma com sede; assim será toda a multidão das nações, que pelejarem contra o monte Sião” (cf. Is.29:8). Uma entidade imaterial não pode sentir sede; nisso fica muito claro que a alma é o próprio ser vivente como pessoa, e não algo imaterial dentro dele. Outro exemplo semelhante é ocorre quando os israelitas murmuravam no deserto na insistência por carne: “Agora, porém, seca-se a nossa alma [nephesh], e nenhuma cousa vemos senão este maná” (cf. Nm.11:16). Em terceiro lugar, um segmento imaterial não pode chorar, por exemplo. Contudo, lemos na Bíblia que a alma de tristeza verte lágrimas: “Chora de tristeza a minha alma; reconfortai-me segundo vossa promessa” (cf. Sl.119:28). Se a alma derrama lágrimas, então ela não é imaterial. Nada há nas Escrituas nada que possa mostrar que a alma é um segmento imaterial na natureza do homem, afinal, se assim fosse esperaríamos que ela não pudesse derramar lágrimas, uma vez sendo isso um fenômeno natural, material, físico, visível. Em quarto lugar, a Bíblia afirma categoricamente que a alma desce à cova após a morte (cf. Jó 33:18,22,28,30; Is.38:17; Sl.94:17). Ora, se a alma fosse algo imaterial, então ela de maneira nenhuma poderia descer à sepultura na morte (ela deveria era subir ao Céu ou ir para o inferno). Em quinto lugar, a Bíblia afirma inúmeras e incansáveis vezes que a alma morre, e uma entidade imaterial não pode falecer (ver a morte da alma em Nm.31:19; Nm.35:15,30; Js.20:3,9; Jo.20:3,28; Gn.37:21; Dt. 19:6, 11; Je.40:14,15; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.18:4,20; Jz.16:30; Nm.23:10; Mt.10:28; Ez.22:25,27; Jó 11:20; At.3:23; Tg.5:20, etc). Em sexto lugar, Jó fala que “se comi os seus frutos sem dinheiro, e sufoquei a alma dos seus donos, por trigo me produza cardos, e por cevada joio. Acabaram-se as palavras de Jó” (cf. Jó 31:39,40). “Sufocar a alma” significa sufocar a própria pessoa, porque algo imaterial não pode ser sufocado. Em sétimo lugar, a Bíblia declara a alma como em Gênesis 2:7: uma pessoa, e não uma entidade imaterial. Assim podemos entender que Abraão “tomou a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as almas que lhe acresceram em Harã; e saíram para irem à terra de Canaã; e chegaram à terra de Canaã” (cf. Gn.12:5). Abraão não estava tomando para si substâncias imateriais, mas sim algo bem material, pessoas, carne e osso. Concluímos, pois, que a alma não é um segmento imaterial, mas sim a própria vida humana como o resultado da junção do pó da terra com o fôlego de vida (para dar animação ao corpo morto), resultando em um ser vivo. Enquanto o dualismo platônico ensina a alma-psiquê como imaterial, intangível, invisível, eterna e imortal, as Sagradas Escrituras mostram alma [psiquê; nephesh] com referência a criaturas terrestres, como a animais, referindo-se é algo bem material, tangível, visível e mortal.

Sumariando, corpo e alma não são duas pessoas dentro de um único ser (um mortal e outro imortal), mas sim duas características da mesma pessoa. A alma é a sede dos pensamentos, que também perecem com a morte (cf. Sl.146:4). O corpo é um homem como um ser concreto. Isso não significa dualismo entre corpo e alma, mas sim duas características da mesma pessoa. Como disse Dom Wulstan Mork: “Não havia a dicotomia grega de alma e corpo, de duas substâncias opostas , mas uma unidade, homem, que é bashar [corpo] de um aspecto e nephesh [alma] de outro. Bashar, pois, é a realidade concreta da existência humana, nephesh é a personalidade da existência humana” [“Anthropology of the Old Testament”]. De fato, existe em certo lugar uma tradução muito feliz daquilo que realmente significa “alma”, sem ter parte com algum segmento imaterial preso dentro do homem: “Nephesh [né·fesh] é um termo de muito maior extensão do que nossa ‘alma’, significando vida (Êx 21.23; Dt 19.21) e suas várias manifestações vitais: respiração (Gn 35.18; Jó 41.13,21), sangue [Gn 9.4; Dt 12.23; Sl 140(141).8], desejo (2 Sm 3.21; Pr 23.2). A alma no Antigo Testamento significa, não uma parte do homem, mas o homem inteiro — o homem como ser vivente. Similarmente, no Novo Testamento significa vida humana: a vida duma entidade individual, consciente (Mt 2.20; 6.25; Lu 12.22-23; 14.26; Jo 10.11, 15, 17; 13.37).” [“New Catholic Encyclopedia”, 1967, Vol. XIII, p. 467.”] A alma na cova – Outro fator importante que mostra que os escritores do Antigo e do Novo Testamento não imaginavam uma natureza dualista do ser humano, é a resposta para a pergunta: Para onde vai o corpo quando morre? Biblicamente, para a cova, a sepultura. De acordo com os imortalistas, a alma tem um destino diferente do corpo, prosseguindo de imediato ao Céu ou ao inferno. Sendo a alma a própria pessoa integral como o resultado do pó da terra com o fôlego de vida, entendemos que não há uma alma viva sem a combinação de corpo e espírito. Sem corpo não há uma alma vivente e sem espírito também não há alma viva. O que a Bíblia diz a respeito disso? A alma regressa ao lugar de silêncio (a sepultura) ou seria levada para tormentos eternos ou imediatamente ao Céu, tendo destinos diferentes do corpo? No livro de Jó temos a resposta a esta questão: “Para apartar o homem do seu designo e livrá-lo da soberba; para livrar a sua alma da cova, e a sua vida da espada” (cf. Jó 33:18). Como vemos, o lugar para onde a alma regressaria seria à cova (sepultura), e não para uma outra dimensão! Também continuamos lendo no mesmo capítulo: “Sua alma aproxima-se da cova, e sua vida, dos mensageiros da morte” (cf. Jó 33:22). Novamente é relatado o fato bíblico de que o lugar para onde a alma se aproxima não é para o Céu ou para o inferno, mas para a cova. E novamente continuamos lendo: “Ele resgatou a minha alma, impedindo-a de descer para a cova, e viverei para desfrutar a luz” (cf. Jó 33:28). A clareza da linguagem é tão evidente que não necessita de maiores elucidações. O lugar para onde a alma iria era para a cova, não era o destino apenas do corpo! Porque Eliú no livro de Jó omite completamente que a alma suba consciente para o Céu, inferno, ou qualquer outro canto, mas diz que ela desce para a cova?

Ele estava tentando enganar os teólogos da doutrina da imortalidade? Bom, talvez. Mas, apesar de ter todas as possibilidades de narrar a sobrevivência da alma à parte do corpo, já assegurada em algum lugar “entre os salvos”, ele afirma de maneira categórica que o local da alma é na cova. Ele manifesta claramente a sua visão holista bíblica de que a alma não tem destinos diferentes do corpo após a morte. Ademais, além de relatar que a sua alma desceria para a cova caso morresse, ele ainda afirma que, uma vez que continua com vida, “viverei para desfrutar a luz”. Em outras palavras, caso ele morresse já não veria mais luz nenhuma! Como se isso tudo não fosse suficientemente claro, o salmista declara o mesmo ponto de vista do livro de Jó, assumindo exatamente a mesma posição de que não é apenas o corpo que jaz na sepultura, mas a alma também: “Se o Senhor não fora em meu auxílio, já a minha alma habitaria no lugar do silêncio” (cf. Sl.94:17). Ora, qual era o lugar do silêncio no qual o salmista declara que partiria a sua alma? Evidentemente não é uma referência ao Céu com altos louvores e muito menos aos terrores e gritarias do fogo do inferno; sendo, antes, uma clara referência à sepultura, o verdadeiro lugar do silêncio para o qual o salmista afirma categoricamente que não o corpo tão-somente, mas também a alma partiria após a morte. Quando o rei Ezequias estava à beira da morte, ele relata a sua convicção de que a sua alma partiria para a cova, para a corrupção: “Foi para minha paz que tive eu grande amargura; tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção, porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados” (cf. Is.38:17). O Senhor livrou a sua alma de ir para onde? Pro Céu? Pro inferno? Pro purgatório? Não, de ir pra cova. Ezequias sabia que o destino de sua alma seria para a cova, para o lugar de corrupção. Por isso mesmo, ele clama pela manutenção de sua vida no capítulo inteiro (cf. Isaías 38). No Salmo 88:3, o salmista expressa a mesma ideia: “Porque a minha alma está cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sepultura” (cf. Sl.88:3). Outro fato interessante encontra-se no Salmo 49:8,9, que diz: “Pois o resgate da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre, para que viva para sempre e não sofra decomposição” (cf. Sl.49:8,9). Aqui fica claro que a alma também pode sofrer decomposição; contudo, é passível de ser resgatada [na ressurreição] para viver para sempre e não sofrer decomposição [na sepultura]. Com toda a clareza necessária, a Bíblia não deixa espaços para a heresia de que o corpo é a prisão de uma alma imaterial e imortal que tem destinos diferentes após a morte partindo para o Céu ou para o inferno. Antes, a alma, como é a própria pessoa humana como o resultado do pó da terra com o fôlego da vida (cf. Gn.2:7), jaz na sepultura. Não obstante a isso, o salmista afirma: “Na prosperidade repousará a sua alma, e a sua descendência herdará a terra” (cf. Sl.25:13). A alma também “repousa”, não é só o corpo que dorme! Muito embora os escritores bíblicos tivessem a sua disposição a plena condição de relatar que o corpo somente é que desce a cova ou que “repousa”, eles insistem em declarar que a alma [nephesh] desce a cova, a corrupção, ao silêncio. Ponderamos: iriam todos eles relatar que a alma jaz na cova caso tivessem em mente que após as suas mortes a sua alma partiria logo para qualquer lugar, menos para a cova? É óbvio que não! A crença dos escritores bíblicos era de uma natureza holista e não dualista do ser humano, de modo que a alma não escapava da sepultura. É digno de nota, também,

o fato de que nunca em passagem nenhuma da Bíblia há qualquer declaração de algum relato da alma subindo ao Céu ou descendo para o inferno. Em absolutamente todas as vezes em que alguém relata o local onde a sua alma partiria com a morte, diz respeito somente a sepultura. Evidentemente a alma descer para a cova é a conclusão dos escritores bíblicos diante do fato de que a alma morre, e é exatamente isso o que veremos a seguir. Afinal, “que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do poder da sepultura?” (cf. Sl.88:48). Não! Ninguém! Todos os homens são mortais e não tem uma vida inerentemente imortal; a alma de todos está sujeita ao poder da sepultura! Diante de tudo isso, apenas alguém bem mal-entendido para acreditar que os escritores bíblicos acreditavam que a alma tinha destinos diferentes do corpo após a morte, uma vez que a Bíblia apresenta tantas vezes não só a morte da alma, mas como também a sua descida ao silêncio e a cova (sepultura), bem como que a alma está “repousando”. A visão bíblica, como vimos, é, portanto, holista e não dualista. A alma morre – A Bíblia relata a morte da alma tantas inúmeras vezes que ninguém pode duvidar do caráter da morte da alma. Ela não sobrevive a parte do corpo, mas pelo contrário, morre com ele, pelo que não existe “alma vivente” sem o corpo com o fôlego de vida. Quando o fôlego de vida [espírito] é retirado, nós que somos almas viventes nos tornamos almas mortas. É por isso que a Bíblia fala tão frequentemente na morte da alma também. No Antigo Testamento, os escritores bíblicos quase cansaram de falar que a alma morre. No texto original hebraico, a alma morria, era transpassada, podia ser morta, morria para esta vida e morria para a próxima, a alma morria a toda hora. Josué conseguiu o “feito” de exterminar muitas almas... (ver Josué 10:28 no original hebraico: “Ve'eth-maqqêdhâh

lâkhadh yehoshua` bayyom hahu' vayyakkehâlephiy-cherebh ve'eth-malkâh hecherim

'othâm ve'eth-kâl-hannephesh 'asher-bâh lo' hish'iyr sâriydh vayya`as lemelekh

maqqêdhâh ka'asher `âsâhlemelekh yeriycho”). A tradução literal ficaria assim: “Naquele dia tomou Maquedá. Atacou a cidade e matou o rei a espada e exterminou toda a alma que nela vivia, sem deixar sobreviventes. E fez com o rei de Maquedá o que tinha feito com o rei de Jericó”. E não foi só essa vez que Josué conseguiu o feito extraordinário de matar não só o corpo, mas a alma também: Em Josué 10:30, 31, 34, 36 e 38 a alma costumava morrer sempre. No original hebraico, Josué “matou a espada todas as almas” (cf. Js.10:30), e “exterminou toda a alma” (cf. Js.10:28). Definitivamente, se existia uma imortalidade da alma, então Josué deveria ganhar uma medalha de honra ao mérito por tais feitos. Se alguém “matava uma alma acidentalmente”, podia fugir para uma cidade de refúgio (Js.20:3). Era possível aniquilar uma alma sem intenção (cf. Js.20:9). A alma morria tantas vezes, que uma referência completa a todas as passagens nos faria superar os limites de escopo deste artigo. É claro que a maioria das Bíblias a nossa disposição simplesmente não traduz a palavra “alma” como colocada no original hebraico [nephesh] pelo simples fato de que isso seria uma afronta a teoria imortalista de que é só o corpo que morre e a alma não.

Os personagens bíblicos não acreditavam que seria apenas o corpo que morreria, pois eles categoricamente afirmam: “Quem contará o pó de Jacó e o número da quarta parte de Israel? Que a minha alma morra da morte dos justos, e seja o meu fim como o seu” (cf. Nm.23:10). Veja que ele não diz: “que meu corpo morra a morte dos justos”; o que presumivelmente seria a única coisa que os defesores da imortalidade da alma afirmariam. A própria alma não escapa da morte, e essa era a tão forte convcção de toda a Bíblia. A esperança deles não era que as suas almas fossem imortais, mas sim que elas morressem as mortes dignas dos justos, isto é, com honra. Este seria o fim deles, e não um início de uma nova existência! Tal convicção de que a alma também não escapa da morte pode ser encontrada mais inúmeras vezes: “Dai-me um sinal seguro de que salvareis meu pai, minha mãe, meus irmãos, minhas irmãs e todos os que lhe pertencem e livrareis as nossas vidas da morte” (cf. Js.2:13). Caso os israelitas atacassem Jericó, as “vidas” da família de Raabe seriam mortas. Poucos sabem, contudo, que o original hebraico verte novamente a morte da alma-nephesh ao invés de “vida” como é traduzido por muitas versões. A Versão King James é uma das versões que traduzem nesta passagem corretamente a morte da alma, além do próprio término de vida. Em Deuteronômio 19:11, a tradução em português assim reza: “Mas, se alguém odiar o seu próximo, ficar à espreita dele, atacá-lo e matá-lo, e fugir para uma dessas cidades”. Contudo, o original hebraico traz novamente a morte da alma: “Vekhiy-yihyeh 'iysh sonê'lerê`êhu ve'ârabh lo veqâm `âlâyv vehikkâhu nephesh vâmêth venâs'el-'achath he`âriym hâ'êl”. Em Jó 27:8, quando lemos que Deus eliminaria os ímpios, tirando a sua vida, o original traduz por “tira a alma” [nephesh]: “Pois, qual é a esperança do ímpio, quando é eliminado, quando Deus lhe tira a alma [nephesh]”? O fato bíblico é que a alma que pecar, essa morrerá (cf. Ez.18:4; Ez.18:21). Se Deus tivesse feito a alma imortal, teria dito a Ezequiel que “a alma que pecar viverá eternamente em estado desencarnado”; ou, então, diria que “a alma que pecar nunca morrerá”! Contudo, vemos que nem mesmo a alma está isenta da morte. Os autores bíblicos usavam e abusavam da morte da alma. Outro fato interessante encontra-se no Salmo 49:8,9, que diz: “Pois o resgate da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre, para que viva para sempre e não sofra decomposição” (cf. Sl.49:8,9). Se a alma fosse algo à parte do corpo que se desliga deste por ocasião da morte, então ela jamais poderia em circunstância alguma sofrer decomposição. O que deveria sofrer decomposição seria o corpo, somente, e não a alma. Contudo, o verso 8 faz menção a nephesh-alma! A verdade é que no original hebraico a alma é explicitamente morta: “Para que nelas se acolha aquele que matar alguém [nephesh] involuntariamente” (cf. Nm.35:15). Evidentemente o hebraico nephesh [alma] nunca é traduzido na maior parte das versões pelo simples fato de que isso iria suscitar ao fato de que a alma claramente morre com a morte do corpo. Por isso, traduzem até o “matar alguém”... e daí pulam imediatamente para o: “...involuntariamente”.

Não traduzem por “matar alguma alma”, pois desta forma é muito mais fácil de enganar os leitores que não tem como descobrir usando apenas a linguagem disponível no texto em português se o verso verte a morte apenas do corpo ou também da alma. O que bem podemos observar, ao longo de toda a Bíblia, é que a alma morre tanto quanto o corpo (ou até mais), mas isso é escondido dos leitores pela maioria das traduções. Tais casos semelhantes ocorrem inúmeras vezes nas Escrituras. Alguns, na tentativa de provar que a alma é imortal, argumentam usando o texto de 1 Reis 17:20-22, que assim reza: “E estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, rogo-Te que faças a alma deste menino tornar a entrar nele. E o Senhor atendeu à voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu” (cf. 1Rs.17:20-22). Mas, na realidade, tudo o que este texto nos mostra é que a alma do menino, que estava morta, voltou a ter vida – ele tornou-se novamente um ser vivente, uma alma vivente. Colabora com isso também a variante linguística do texto, como observa o Dr.Samuelle Bacchiocchi: “Esta leitura, que se acha à margem da versão AV, apresenta uma construção linguística diferente. O que retorna às partes interiores é a respiração. A alma como tal nunca se liga a algum órgão ‘interior’ do corpo. O retorno da respiração às partes interiores resulta no reavivamento do corpo, ou, poderíamos dizer, faz com que se torne uma vez mais uma alma vivente” [“Immortality or Resurrection?”] No Novo Testamento, lemos sobre aquele que pode destruir o corpo e a alma (cf. Mt.10:28), porque a alma não está isenta da destruição que afeta diretamente ao corpo. Lemos também que a alma está sujeita a morte (cf. Tg.5:20) e pode ser exterminada (cf. At.3:23). A alma não é e nem nunca foi imortal. Isso explica porque em mais de 1600 citações a “alma”, em nenhuma delas é seguida de um termo “eterno” [aionios] ou “imortal” [athanatos]. É claro que não existe, porque a alma morre. A Bíblia insiste e persiste na morte, destruição, extermínio e aniquilamento da alma (Ncf. úmeros 31:19; 35:15,30; Josué 20:3, 9; Josué 20:3,28; Gênesis 37:21; Deuteronômio 19:6, 11; Jeremias 40:14, 15; Juízes 16:30; Números 23:10; Ezequiel.18:4,21; Juízes 16:30; Números 23:10; Ezequiel 22:25, 27; Jó 11:20; Atos 3:23; Tiago 5:20, etc...). Paulo também afirma, no auge da tempestade, que “nenhuma vida se perderá” (cf. At.27:22). O “perder-se” aqui referido é claramente relacionado com a cessação de vida, a morte na qual passaria aquelas pessoas em caso que o navio se afundasse. Poucas pessoas sabem, contudo, que o original grego traz “alma-psuchê” novamente: “kai abs=ta abs=nun t=tanun

parainô umas euthumein apobolê gar psuchês oudemia estai ex umôn plên tou ploiou”.

Noutras palavras, eles teriam as suas próprias almas mortas. O apóstolo Paulo usou a palavra para alma-psiquê apenas 13 vezes em seus escritos (de 1300 em que aparece na Bíblia). A razão mais provável para isso é que ele não queria dar entender aos seus leitores um sentido equívoco daquilo que seria a “alma”, diferenciando do pensamento platônico que a divulgava amplamente. Por isso mesmo, ele jamais se utilizou do termo “alma-psichê” para denotar a vida que sobrevive à morte. Pelo contrário, ele relata que “é semeado um corpo natural [psychikon ] e ressuscita um corpo espiritual. Se há corpo natural [psychikon], há também corpo espiritual” (cf. 1Co.15:44). Aqui ele se utiliza de um derivado de alma-psyche a fim de denotar a natureza do corpo natural que está sujeito a morte [e consequente ressurreição], e não a algum elemento

imaterial ou imortal. A alma, na Bíblia e principalmente nos manuscritos originais (AT/hebraico; NT/grego), sempre insiste que a alma não é uma parte divisível do corpo ou algum potencial imaterial presente na natureza humana trazendo consigo imortalidade, mas sim a própria pessoa como um ser vivo, como uma alma vivente. Isso explica porque a Bíblia emprega tão frequentemente a morte da alma. Paulo e Barnabé eram “homens que têm arriscado a vida [psiquê] pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (cf. At.15:26), porque a alma-psiquê também morre. Por isso, ela também é colocada em risco de acordo com os perigos em determinada localidade. Eles colocaram a própria alma em risco por amor a Cristo, porque a alma também pode ser morta. A alma é a própria pessoa, é por este motivo que ela sente sede (cf. Isaías 29:8) e até emagrece (cf. Salmos 106:5). A alma também morre: “Acampai-vos por sete dias fora do arraial; todos vós, tanto o que tiver matado alguma alma [nephesh], como o que tiver tocado algum morto” (cf. Nm.31:9). A morte do corpo está ligado a morte da alma porque o corpo é a forma visível da morte. Nós não temos uma alma presa dentro de nós que é libertada por ocasião da morte; nós somos essa “pessoa” que morre e que revive por ocasião da ressurreição (cf. Ap.20:4)! Isto explica por que a morte de um corpo é relatado como sendo a morte da alma (cf. Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3, 9; Gn.37:21; Dt.19:6, 11; Je.40:14, 15; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.18:4; Ez.18:21). Quando Josué conquistou as várias cidades além do Jordão, a Bíblia nos diz que “ele destruiu totalmente toda alma [nephesh]” (cf. Josué 10:28, 30, 31, 34, 36, 38). Definitivamente não haviam avisado Josué que no máximo o que ele matou foi somente um corpo! Em Deuteronômio 11:9, lemos que “havendo alguém que aborrece o seu próximo, e lhe arma ciladas, e se levanta contra ele, e o fere de golpe mortal, e se acolhe a uma destas cidades...” A frase “o fere de golpe mortal” é uma infeliz tradução do original hebraico que diz “fere a alma-nephesh mortalmente”. Ora, jamais poderíamos imaginar que um cidadão iria com a sua espada transpassar tanto um indivíduo num combate ao ponto de matar até a alma “imortal” e imaterial que a pessoa possui dentro dela! Nisso fica claro que a alma não é algo imaterial com imortalidade preso dentro de nós, o que também fica claro em Jeremias: “Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Verdadeiramente enganaste grandemente a este povo e a Jerusalém, dizendo: Tereis paz; pois a espada penetra-lhe até à alma” (cf. Je.4:10). Se a alma fosse algo imaterial, não poderia ser atingida por objeto algum material e nem ser penetrada! Uma entidade imortal e imaterial não pode ser ferida com espada ou algum outro instrumento; contudo, lemos que “vos estejam à mão cidades que vos sirvam de cidades de refúgio, para que ali se acolha o homicida que ferir a alguma alma por engano” (cf. Nm.35:11). Aqui o “ferir” é propriamente a morte, porque o que a atinge é um homicida. Obviamente a morte do corpo é a morte da alma, pelo fato de que a alma não é um segmento imaterial que não pode ser atingido e nem destruído. Nenhum autor bíblico acreditava que existia uma alma imortal e imaterial presa dentro do nosso corpo, pois se assim fosse, então a alma jamais e em circunstância alguma poderia ser morta e nem destruída em hipótese nenhuma!

Isaías fala a respeito de Jesus nessas palavras: “Por isso lhe darei a sua parte com os grandes, e com os fortes ele partilhará os despojos; porque derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores. Contudo levou sobre si os pecados de muitos, e intercedeu pelos transgressores” (cf. Is.53:12). Comentando essa passagem, o Dr.Samuelle Bacchiocchi afirma: “’Ele derramou’ é versão do hebraico arah que significa ‘esvazia, desnudar, ou deixar a descoberto’. Isso significa que o Servo Sofredor esvaziou-Se de toda a vitalidade e força da alma. Na morte, a alma não mais funciona como o princípio animador da vida, mas descansa na sepultura” [“Immortality or Resurrection?”] De qualquer forma, eles não insistiriam tanto na morte da alma, com os tradutores bíblicos na grande maioria dos casos traduzindo por “pessoa” ao invés de “alma-nephesh”, como deve ser traduzido, presumivelmente por causa de crerem que a alma é imortal e não pode ser morta, contrariando a Bíblia toda (cf. Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3, 9; Gn.37:21; Dt.19:6, 11; Je.40:14, 15; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.18:4; Ez.18:21). Em Números 31:19, lemos que a morte do corpo é a morte da alma: “Acampai-vos sete dias fora do arraial; qualquer de vós que tiver matado alguma pessoa [nephesh] e qualquer que tiver tocado em algum morto, ao terceiro dia e ao sétimo dia, vos purificareis, tanto vós como os vossos cativos” (cf. Nm.31:19). O original novamente traz a morte da alma: “Ve'attem chanu michutslammachaneh shibh`ath yâmiym kol horêgh

nephesh vekhol noghêa` bechâlâltithchathe'u bayyom hasheliyshiy ubhayyom

hashebhiy`iy 'attem ushebhiykhem”. Também de acordo com a versão grega da Septuaginta, a alma era exterminada: “Acontecerá que toda alma que não ouvir a esse profeta será exterminada do meio do povo” (cf. At.3:23). O texto original reza: “estai de pasa psuchê êtis ab=ean ts=an mê

akousê tou prophêtou ekeinou a=exolethreuthêsetai tsb=exolothreuthêsetai ek tou laou”. A palavra grega exolethreuthêsetai denota o completo extermínio da alma. Embora os escritores bíblicos tivessem a completa decisão de escolha entre traduzir a morte do “corpo” ou da “pessoa”, duas palavras disponíveis tanto no grego como no hebraico, os escritores bíblicos insistem na morte e extermínio da alma [nephesh/hebraico – psuchê/grego]. Em Tiago também lemos de maneira clara a morte da alma: “Sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma [psuchê] dele e cobrirá multidão de pecados” (cf. Tg.5:20). Em Apocalipse 20:4, é nos dito que as almas dos que foram degolados por causa do testemunho de Jesus reviveram. Se elas “reviveram”, é porque estavam mortas. Para os escritores bíblicos lemos repetidamente a forte convicção deles de que, caso eles morressem, as suas almas não escapariam da morte: “Porque tu livraste a minha alma da morte, os meus olhos das lágrimas, e os meus pés da queda” (cf. Sl.116:8). “Para lhes livrar as almas da morte, e para os conservar vivos na fome” (cf. Sl.39:19) “Pois tu livraste a minha alma da morte; não livrarás os meus pés da queda, para andar diante de Deus na luz dos viventes?” (cf. Sl.56:13) “Quem contará o pó de Jacó e o número da quarta parte de Israel? Que a minha alma morra da morte dos justos, e seja o meu fim como o seu” (cf. Nm.23:10)

“E a sua alma se vai chegando à cova, e a sua vida aos que trazem a morte” (cf. Jó 33:22) “Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo” (cf. Êx.31:14) “Preparou caminho à sua ira; não poupou as suas almas da morte, mas entregou à pestilência as suas vidas” (cf. Sl.78:50) “E sucedeu que, importunando-o ela todos os dias com as suas palavras, e molestando-o, a sua alma se angustiou até a morte” (cf. Jz.16:16) “Conspiração dos seus profetas há no meio dela, como um leão que ruge, que arrebata a presa; eles devoram as almas; tomam tesouros e coisas preciosas, multiplicam as suas viúvas no meio dela” (cf. Ez.22:25) “E naquele mesmo dia tomou Josué a Maquedá, feriu-a a fio de espada, e destruiu o seu rei, a eles, e a toda a alma que nela havia; nada deixou de resto: e fez ao rei de Maquedá como fizera ao rei de Jericó” (cf. Js.10:28) “Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa, para derramarem sangue, para destruírem as almas, para seguirem a avareza” (cf. Ez.22:27) Estas são apenas algumas passagens que ainda não haviam sido passadas e que as traduções em língua portuguesa não adulteraram os manuscritos originais, traduzindo nephesh por alma como realmente deve ser, em um contexto onde ela é morta, ou destruída, ou eliminada, ou devorada! Vale lembrar sempre que existe uma outra grande maioria de passagens bíblicas relatando a morte e extermínio da alma, em que nephesh

não foi traduzido por “alma” como corretamente deveria ser, mas o que ficou a nós já é mais do que o suficiente para imputarmos a doutrina de que a alma não morre como algo completamente antibíblico. Os escritores bíblicos jamais disseram que a alma é um elemento imaterial e imortal, mas sim algo bem material e que morre. Por tudo isso, não existe alma imortal; o fato de a alma morrer tanto provém de que uma “alma vivente” não significa uma “alma imortal”, mas simplesmente um “ser vivo”, sujeito a morte. “Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá” (cf. Ez.18:4). O Dr. Bacchiocchi ainda acrescenta em seu livro sobre a “Imortalidade ou Ressurreição”: “As pessoas tinham grande temor por suas almas [nephesh] (Jos. 9:24) quando outros estavam buscando suas almas [nephesh] (Êxo. 4:19; 1 Sam. 23:15). Eles tiveram que fugir por suas almas [nephesh] (2 Reis 7:7) ou defender suas almas [nephesh] (Est. 8:11); se não o fizessem, suas almas [nephesh] seriam totalmente destruídas (Jos. 10:28, 30, 32, 35, 37, 39). “A alma que pecar, essa morrerá” (Eze. 18:4, 20). Raabe pediu aos dois espias israelitas que salvassem sua família falando em termos de “livrareis as nossas vidas [almas-VKJ] da morte” (Jos. 2:13)”. Sumariando, vemos que, biblicamente, a alma morre (cf. Ez.18:4), perece (cf. Mt.10:28), é destruída (cf. Ez.22:27), não é poupada da morte (cf. Sl.78:50), é completamente

eliminada (cf. Êx.31:14), desce à cova na morte (cf. Jó 33:22), revive na ressurreição [porque estava morta antes disso] (cf. Ap.20:4), é totalmente destruída (cf. Js.10:28), é derramada na morte (Icf. s.53:12), é penetrada pelo fio da espada (cf. Je.4:10), é passível de sofrer decompisição [na sepultura] (cf. Sl.49:8,9), “repousa” na morte (cf. Sl.25:13), é sufocada (cf. Jó 31:39,40), é devorada (cf. Ez.22:25), pode ser assassinada (cf. Nm.35:11) e exterminada (cf. At.3:23). A Bíblia usa e abusa de todos os termos genéricos para a morte da alma. Junto a isso, vemos que nunca algum escritor bíblico fez qualquer questão de dizer que a alma seria ‘eterna’ ou ‘imortal’ (em mais de 1600 citações), porque eles sabiam que a alma morre com a morte do corpo. Isso vai frontalmente contra o dualismo grego que divulgava a ‘imortalidade da alma’ amplamente e nunca ‘ousava’ dizer que a morria podia ser morta. Se a alma de fato fosse imortal, o que deveríamos esperar seria uma “enchente” de passagens bíblicas falando sobre a “alma eterna”, “alma imortal”, “imortalidade da alma”, etc. O próprio fato da Bíblia insistir tanto na morte da alma ao invés de promover a imortalidade desta, é suficientemente incontestável a fim de desqualificarmos inteiramente esta doutrina por não possuir um mínimo de respaldo teológico sério. Crer que a alma é imortal é estar com os olhos “vendados” (cf. 2Co.4:4) a luz de todas as evidências. Por tudo isso, vemos que o Catecismo Católico que afirma que “a alma não perece com a morte do corpo” mostra uma total falta de conhecimento e discernimento bíblico. Isso explica o porquê do “problema da Bíblia” como já foi aqui exposto; e, de fato, até hoje a grande maioria das traduções continuam omitindo dos seus leitores a morte da alma com a morte do corpo. Mas – fazer o que – essa é a única maneira de “salvar” a doutrina de que a alma não morre e está viva em algum lugar. Paralelismo entre corpo e alma - Somente aquele que entende que corpo e alma são duas características da mesma pessoa, e não duas coisas opostas, entenderá o paralelismo bíblico entre corpo e alma: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte, eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de Ti; meu corpo Te almeja” (cf. Sl.63:1). Corpo e alma não são dois opostos; doutra forma seria impossível que eles fossem colocados intercambiavelmente. Isso seria uma afronta para a doutrina dualista, que prega exatamente o contrário disso, isto é, que corpo e alma são dois opostos, pessoas distintas, material e imaterial, mortal e imortal. Qual nada, ambos são colocados intercambiavelmente em um paralelismo bíblico, porque são duas manifestações da mesma pessoa, e não formas diferentes de existência. Nisso fica muito claro a visão bíblica holista em detrimento da doutrina dualista. Colocar corpo e alma intercambiavelmente como paralelismo seria uma completa afronta à visão grega dualista, que prega exatamente o inverso disso, isto é, que um é antagônico – oposto – ao outro. O mesmo paralelismo é feito no Salmo 84:2 entre alma, coração e carne e também em Jó 14:22 incluindo corpo e alma. Devemos sempre lembrar que, de acordo com o dicionário, paralelismo é “um encadeamento de funções sintáticas idênticas ou um encadeamento de orações de valores sintáticos iguais. Orações que se apresentam com a mesma estrutura sintática externa, ao ligarem-se umas às outras em processo no qual não se permite estabelecer maior relevância de uma sobre a outra”.

Outra definição possível é quando “as duas linhas expressam o mesmo pensamento em linguagem ligeiramente diferente”; ou quando “o pensamento da primeira linha é completado, ampliado ou intensificado na segunda, tendo a mesma aplicação prática”. Noutras palavras, se corpo e alma fossem dois distintos opostos, duas pessoas diferentes como pregam os dualistas (o corpo mortal e a alma imortal; o corpo corruptível e a alma incorruptível; o corpo material e a alma imaterial), então o que esperaríamos seria justamente uma antítese, isto é, um contraste nítido entre ambos que expressaria tal discrepância. Contudo, o que vemos na Bíblia é que corpo e alma são usados intercambiavelmente como paralelismo, porque não são dois opostos e nem duas pessoas dentro de um único ser, mas sim duas características da mesma pessoa, pois os dois estão intimamente relacionados; o corpo é a forma exterior da alma e a alma é a vida interior do corpo humano. Por isso, eles não são opostos (como ensinavam os gregos dualistas), mas sim intercambiáveis (como apregoa o holismo bíblico). Tal definição fere gritantemente o conceito platônico da “alma imortal”. A sede dos pensamentos – Alguma parte dos defensores da imortalidade da alma sustentam que o fato dela ser utilizada biblicamente como fonte dos pensamentos humanos significa que ela é um segmento imortal. Sustentam a diferença entre a parte mortal (que não pensa) e a imaterial implantada por Deus (que comanda os sentimentos humanos). Essa conclusão, contudo, carece inteiramente de respaldo teológico. Isso porque o coração também é utilizado biblicamente como sede dos pensamentos, ainda mais do que a própria alma. Por exemplo, é nos dito que o coração é sede de alegria (cf. Pv.27:11), coragem (cf. Sm.17:10), tristeza (cf. Ne.2:2), desânimo (cf. Nm.32:7), perturbação (cf. 2Rs.6:11), tenção (cf. Is.35:4), ódio (cf. Lv.19:17), amor (cf. Dt.13:3), confiança (cf. Pv.31;11), generosidade (cf. 2Cr.29:31), inveja (cf. Pv.23:17). O coração estremece (cf. 1Sm.28:5), excita-se (cf. Sl.38:10), desmaia (cf. Gn.45:26), adoece (cf. Pv.13:13), desfalece (cf. Gn.42:28), agita-se (cf. Pv.13:12). Em outras ocasiões, o coração é claramente indicado como sendo a fonte dos pensamentos e sentimentos do ser humano: “Pois do coração procedem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (cf. Mt.15:39). Por isso mesmo, “sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (cf. Pv.4:23). E quando Davi diz a Salomão: "E você, meu filho Salomão, reconheça o Deus de seu pai, e sirva-o de todo o coração e espontaneamente, pois o Senhor sonda todos os corações e conhece a motivação dos pensamentos” (cf. 1Cr.28:9). Portanto, se a alma é imortal porque em determinadas ocasiões é utilizada como fonte de sentimentos e emoções, então o coração certamente não pode deixar de ser também. O próprio fato de organismos materiais que perecem com a morte do corpo serem utilizados como sede dos pensamentos juntamente com a alma, nos mostra que ambos não são duas partes distintas (uma pensante e outra matéria irracional), mas sim duas manifestações do mesmo ser mortal.

Não existe um aspecto espiritual em contraposição ao físico, nem o ser “interior” em oposição ao “exterior”, mas sim o ser como criatura viva, consciente e pessoal. O paralelismo bíblico entre alma e coração como sede dos pensamentos nos mostra que eles não são duas entidades distintas, mas consistem em duas maneiras de se referir a si próprio. Os escritores bíblicos se utilizavam de paralelismo entre coração e espírito como sede dos pensamentos: “O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos” (cf. Pv.17:22). E também de paralelismo entre coração e alma: “O Senhor, o seu Deus, está pondo vocês à prova para ver se o amam de todo o coração e de toda a alma” (cf. Dt.13:3). Tal paralelismo entre coração e alma nos mostra que ambos são tão-somente agentes materiais utilizados intercambiavelmente ao tratar-se dos pensamentos e sentimentos humanos. O coração e a alma não são dois opostos (um material e outro imaterial; um mortal e outro imortal), mas sim dois agentes que estão intimamente ligados entre si, sendo duas características da mesma pessoa, e não entidades opostas. Isso nos permite perfeitamente acentuarmos o parelelismo entre alma e coração e colocarmos ambos como sede dos pensamentos, o que infelizmente não é possível no modelo dualista tradicional. A verdade é que o espírito é visivelmente presente na forma da respiração, e a alma é visivelmente presente na forma do corpo. Por isso, corpo, alma, espírito e coração não são opostos e nem distintos, mas características da mesma pessoa, o ser integral holista do ser humano. A Bíblia Sagrada fere grandemente os conceitos platônicos da “alma imortal”. V–Conclusão A vista de tudo isso, podemos certamente concluir que, no conceito bíblico, e não no espírita ou no sincronismo com as religiões pagãs que infelizmente acabam influenciando na nossa cultura, a designação de “corpo”, “alma” e “espírito”, de acordo com as Escrituras, são: CORPO ESPÍRITO ALMA Matéria, pó. O corpo é a alma visível.

É sopro de Deus que ele soprou em nós concedendo animação ao corpo formado do pó. É a própria vida presente tanto em homens como nos animais.

A pessoa integral como o resultado do pó da terra com o fôlego da vida, muitas vezes significando a própria vida.

O Dr.Samuelle Bacchiocchi definiu bem os princípios bíblicos acerca de corpo, alma e espírito na visão bíblica holista, dizendo que “o corpo, o fôlego de vida, e a alma estão presentes na criação do homem, não como entidades separadas, mas como características da mesma pessoa. O corpo é o homem como um ser concreto; a alma é o homem como um indivíduo vivo; o fôlego de vida ou espírito é o homem tendo sua fonte em Deus” [“Immortality or Resurrection?”] Nós não somos uma pessoa com outra pessoa dentro de nós; antes, “corpo, alma e espírito” são três características da mesma pessoa. Entender os conceitos bíblicos acerca de corpo,

alma e espírito é de fundamental importância para rejeitarmos a doutrina errônea de “imortalidade da alma”. Certamente existem vários sentidos secundários de alma ou espírito, mas, uma vez que o homem “tornou-se” uma alma (e não “obteve” uma), sendo assim alma, e não tendo uma, e uma vez que o espírito não é a própria alma, não é o nosso próprio “eu”, não é algo com personalidade e consciência, volta o espírito de todos para Deus por ocasião da morte, entre muitos outros fatos que vimos anteriormente, fica claro que o sentido de “alma” como uma entidade imortal/imaterial presa dentro do nosso corpo e liberta por ocasião da morte é perder completamente o sentido primário e legítimo de definições de alma e espírito, por tudo aquilo que vimos acima, para seguir os padrões gregos dualistas de corpo e alma. Os sentidos secundários de alma e espírito jamais podem corromper os seus sentidos primários, pois se assim fosse criaria um dilema teológico de primeira ordem e acarretaria em uma série de contradições bíblicas pelo o que vimos até aqui. Uma vez que o homem não obteve alma nenhuma (mas tornou-se uma) e que a alma morre, qualquer interpretação que defina o corpo como a prisão de uma alma imaterial e imortal levando consigo consciência e personalidade seria falsa. O corpo nunca foi uma prisão da alma. Tais conceitos foram completamente deturpados, primariamente com o dualismo platônico de corpo e alma difundido na Grécia Antiga, e chega aos dias de hoje com ainda mais força despertado pelo espiritismo e pelo kardecismo com suas concepções dualísticas da natureza humana, conceitos esses que batem de frente com a Palavra de Deus, que nada nos diz de Deus ter formado dentro do homem uma alma imortal. Os imortalistas pregam os conceitos espíritas de corpo, alma e espírito, e assim tentam misturar com a Bíblia: O resultado é uma completa e total confusão. Seguem-se treze pontos no quadro a seguir que resumem bem isso: NA TEOLOGIA IMORTALISTA

MOTIVO NA BÍBLIA SAGRADA

(1) Apenas o espírito dos justos sobe para Deus após a morte

Sendo que o espírito seria uma entidade consciente, então o dos justos deveria subir para Deus (cf. Lc.23:46), e o dos ímpios deveria ter um destino diferente descendo para o Hades, que fica nas regiões inferiores desta terra (cf. Mt.11:23; Ef.4:9; Mt.12:40). Contudo...

O espírito de todas as pessoas – justas ou ímpias – retorna para Deus na morte (cf. Ec.12:7)

(2) Ao entregar o espírito na morte, Jesus foi para o Pai

Sendo que o espírito é a própria pessoa inteligente, então quando Cristo entregou o seu espírito para o Pai (cf. Lc.23:46), seria lógico que Cristo já

tivesse subido para o Pai

Depois de três dias morto, Jesus ainda não havia subido ao Pai (cf. Jo.20:17)

depois da morte. Contudo...

(3) Ao entregar o espírito para Deus, Jesus foi para o Paraíso

Se Deus está no Paraíso, e Cristo ao morrer entregou o seu espírito ao Pai, então a sua alma lá deveria ter passado os três dias em que esteve morto. Contudo...

A alma de Cristo passou os três dias e três noites no coração da terra, no Sheol, nas regiões inferiores da terra, e não no Paraíso (cf. At.2:27; Mt.12:40)

(4) O homem obteve uma alma

Essa é a base da doutrina imortalista, de que Deus supostamente teria implantado uma alma nos seres humanos. Contudo...

O homem tornou-se uma alma (cf. Gn.2:7)

(5) Apenas os seres humanos possuem espírito

Se o espírito fosse realmente uma entidade consciente e dotada de personalidade em nós implantada, então somente os humanos a possuiriam. Contudo...

Os homens e os animais possuem espírito-ruach (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22; Ec.3:19,20; Gn.7:15; Sl.104:29)

(6) Existe vida sem sangue Nosso espírito sobrevive em um “estado intermediário” antes da ressurreição quando ganharemos novamente um corpo. Contudo...

Não há vida sem sangue; a alma da carne está no sangue (cf. Lv.17:11; Gn.9:4,5)

(7) Nós já possuímos a imortalidade

Se o nosso “verdadeiro eu”, a nossa alma, fosse eterna, então nós já seríamos detentores da imortalidade, supostamente na forma de um elemento eterno implantado em nosso ser. Contudo...

Nós temos que buscar a imortalidade (cf. Rm.2:7)

(8) A alma vai para o Céu ou para o inferno na morte

Essa é a base da doutrina imortalista. Contudo...

A alma retorna para a cova na morte (cf. Jó 33:18; Is.38:17; Jó 33:22; Sl.94:17; Jó 33:28; Sl.49:8,9; Jó 33:30)

(9) A alma é eterna e imortal Apesar de nunca na Bíblia inteira tais termos presedirem a palavra “alma”, é assim que os imortalistas acreditam. Contudo...

A alma morre (cf. Nm.31:19; Nm.35:15,30; Js.20:3,9; Jo.20:3,28; Gn.37:21; Dt. 19:6, 11; Je.40:14,15; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.18:4,20; Jz.16:30; Nm.23:10; Mt.10:28; Ez.22:25,27; Jó 11:20; At.3:23; Tg.5:20)

(10) O homem já foi criado com a imortalidade

Um elemento eterno já teria sido implantado em nós logo na criação do ser humano, concedendo-lhe imortalidade. Contudo...

Se o homem comesse da árvore da vida seria imortal (cf. Gn.3:22)

(11) Nós já somos revestidos de imortalidade

Mediante uma alma eterna em nós implantada, nós já somos revestidos de imortalidade, para desfrutar dela em um “estado intermediário” pré-ressurreição. Contudo...

Só alcançaremos a imortalidade quando seremos revestidos dela a partir da ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15:51-54)

(12) A alma é algo imaterial A base da teologia que divide a natureza humana entre o corpo material e uma “alma imaterial” que possuiríamos presa dentro do corpo. Contudo...

A alma é visivelmente presente na forma do corpo, e até mesmo em cadáveres (cf. Lv.19:28; 21:1, 11; 22:4; Nm.5:2; 6:6,11; 9:6, 7, 10; 19:11, 13; Ag.2:13), pois o corpo é a forma exterior da alma

(13) Corpo e alma são dois opostos

Sendo o corpo mortal e a alma imortal; o corpo corruptível e a alma incorruptível; o corpo material e a alma imaterial; corpo e alma são antagônicos entre si – dois opostos. Contudo...

Corpo e alma são usados intercambiavelmente como paralelismo (cf. Sl.63:1)

Quando você vê uma pessoa, você está vendo uma alma, que morre. Uma alma vivente é simplesmente um ser vivo, mortal, que só atinge o patamar de imortalidade a partir da realidade da ressurreição (cf. 1Co.15:51-54). O corpo é a alma visível. Dito em termos simples, podemos concluir que você é uma alma, mora num corpo e possui um fôlego da vida (que dá animação ao corpo). Não existe nenhum segmento imaterial, ou imortal, que leve consigo consciência e personalidade, que Deus tenha implantado no ser humano. Isso nunca existiu no relato da criação e ao longo de toda a Bíblia jamais lemos o termo “alma” ser seguido dos termos “eterno” ou “imortal”. Certamente tal fato seria por demasiado estranho caso fosse realmente algo imaterial/imortal que supostamente tivesse sido implantado dentro de nós. A verdadeira razão pela qual a Bíblia insiste tanto na morte da alma e jamais a coloca como “eterna” ou “imortal”, provém de que ela, realmente, perece com a morte do corpo. Como já vimos, e voltamos aqui a relembrar, o que a Bíblia nos revela é que o corpo volta a ser pó e o fôlego da vida [espírito], que Deus assoprou originalmente nas narinas de Adão, retorna a Ele. O que retorna a Deus não é uma alma imortal, mas simplesmente o princípio animador da vida concedido por Deus tanto aos seres humanos quanto aos animais pela duração de sua existência terrena.

Por isso, a alma vivente morre, seguindo-se a seguinte lógica: PÓ DA TERRA + FOLÊGO DA VIDA [ESPÍRITO] = ALMA VIVENTE PÓ DA TERRA – FOLÊGO DA VIDA [ESPÍRITO] = ALMA MORTA É digno de nota que sempre a Bíblia afirma que é o espírito [princípio animador da vida] que volta para Deus por ocasião da morte (cf. At.7:59; Lc.23:46; Ec.12:7), tanto de justos como de ímpios (cf. Ec.12:7), sendo que nunca é nos dito que a alma volta para Deus ou desce para o inferno. Salomão nos escreve que o espírito volta para Deus (cf. Ec.12:7); Estêvão entregou o espírito para Deus na morte (cf. At.7:59), do mesmo modo Jesus entregou o espírito na morte (Lc.23:46). Por que nunca em parte alguma da Bíblia há sequer qualquer menção da alma voltando para Deus ou sendo entregue nas suas mãos? A razão para isso é simples: o que retorna a Deus não é uma alma imortal, mas simplesmente o princípio animador da vida concedido por Deus tanto aos seres humanos quanto aos animais pela duração de sua existência terrena. Por isso, é o “espírito” [fôlego de vida] e não a “alma” que deixa o corpo, pois a alma é o próprio ser vivente, mortal. Os autores bíblicos sabiam muito bem que a alma não voltava para Deus na morte (e nem para o diabo), pois eles sabiam bem que ela morre. Isso explica o porquê da menção ser sempre ao espírito - o princípio animador do corpo que vem de Deus e volta para Deus. O maior problema dos imortalistas é interpretar que o nosso espírito é um ser racional que volta para Deus com consciência e personalidade após a morte. Uma leitura bíblica honesta nos revela que o que volta para Deus não somos nós mesmos em um estado desencarnado, mas sim o fôlego (sopro) que é de Deus, vem de Deus e volta para ele mesmo. O fôlego de vida [espírito] é nos concedido como “empréstimo” a fim de animar um ser inanimado (pó). Quando, porém, esse espírito deixa de dar animação ao corpo (que volta a ser pó), Deus recebe de volta para ele aquilo que já era dele mesmo. Por isso, o espírito de toda a carne volta para Deus, que é quem o deu (cf. Ec.12:7). O ser racional simplesmente deixa de existir – volta a ser pó – morre. Como disse o Dr.Bacchiocchi: “Enquanto permanecer o ‘sopro de vida’ [espírito], os seres humanos são ‘almas viventes’. Quando, porém, o sopro se vai, tornam-se almas mortas. Isso explica porque a Bíblia frequentemente se refere à morte humana como a morte da alma (Lev. 19:28; 21:1, 11; 22:4; Núm. 5:2; 6:6,11; 9:6, 7, 10; 19:11, 13; Ageu 2:13)” [“Immortality or Resurrection?”] Na ressurreição, Deus sopra novamente em nossas narinas o fôlego de vida que retorna a Ele, o nosso corpo é ressuscitado glorificado, e nos tornamos novamente em almas viventes. Quanto ao fator ressurreição, veremos mais sobre isso nos próximos capítulos. A pergunta, no entanto, que quisemos responder neste ponto é: Onde no relato da criação Deus implantou uma alma imortal no homem? Exatamente, em lugar nenhum. Quando analisamos a criação da natureza humana, vemos como fica absurdamente claro que nós não fomos dotados de uma alma imortal presa dentro de nós. Assim como Deus soprou o fôlego de vida em nós (cf. Gn.2:7), ele soprou nos animais também (cf. Ec.3:21; Gn.7:15). E exatamente a mesma expressão “alma vivente” empregada aos seres humanos, também foi empregada aos animais. Em Gênesis 2:19, Adão foi convidado para o

nome de cada “alma [nephesh] vivente”. O que aconteceu no relato da criação dos seres humanos foi exatamente o mesmo que aconteceu com os animais. A nossa diferença é que fomos criados a imagem e semelhança de Deus, sem, contudo, ser composto da mesma substância, como Deus. Deus é espírito, Deus é imortal; Ele possui auto-inerência à vida eterna. O homem, por outro lado, foi formado a partir dos elementos da terra como um material inerte, o cadáver físico de matéria orgânica no chão - até que Deus soprou nele o fôlego da vida. Ao ponto que o homem passou a ser alma vivente (cf Gênesis 2:27). O argumento mais inútil já utilizado pelos defensores da tese de que o homem é matéria e possui em si mesmo uma substância imaterial é dizer que pelo fato do homem ser formado a imagem e semelhança de Deus lhe dá o direito de ser como Deus, imortal. Isso é um completo disparate. Por essa mesma linha de raciocínio, poderíamos presumivelmente pressupor que o homem deveria também ser onisciente, onipresente e onipotente – porque Deus é! É óbvio que nem onipresença, nem onisciência, nem onipotência e nem imortalidade é possuído por outro ser senão o próprio Deus vivo, que é “o único que possui a imortalidade” (cf. 1Tm.6:16). Dizer que o homem é eterno não é o colocar no mesmo patamar de Deus, mas também fazer dele próprio deus. Ele contaria com um poder divino inerente dentro dele mesmo e possuiria aquilo que somente Deus possui (cf. 1Tm.6:16). Tal visão é ferrenhamente contrária ao que a Bíblia nos mostra, afinal, “que é o homem mortal para que te lembres dele?” (cf. Sl.8:4). Nada além de substância materiais que perecem na morte, sendo milagrosamente recriado pelo fator ressurreição. O ser humano é um ser distinto de Deus: Deus é eterno, o homem é finito; Deus é imortal, o homem é mortal; Deus não tem começo e nem fim, o homem naturalmente tem um começo e um fim. Mas Deus, pela Sua infinita graça e misericórdia, trouxe-nos “a ressurreição e a vida” (cf. Jo.11:25) por meio de Jesus Cristo, pelo que nós poderemos desfrutar da imortalidade condicional a partir deste prorrogamento de vida que é a ressurreição dentre os mortos na segunda vinda de Cristo. Como declarou Samuelle Bacchiocchi: “Nada na Escritura sugere que o homem transmite a imagem de Deus por possuir atributos divinos, como a imortalidade. Não existem razões válidas para isolar a imortalidade como o único atributo divino que se tenciona expressar pela frase ‘imagem de Deus’” [“Immortality or Resurrection?”]. A “alma” é algo que somos, não é algo que nós temos. Enquanto isso, os seres humanos são criaturas de pó: “Defendes o órfão e o oprimido, a fim de que o homem, que é pó, já não cause terror” (cf. Sl.10:18); “Com o suor do teu rosto comerás pão, até que voltes a terra, porque dela foste tirado; pois és pó e ao pó tornarás"(cf. Gn.3:19). Abraão respondeu e disse: "Eis que agora eu me comprometi a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza” (cf. Gn 18:27). A nossa estrutura é puramente o pó: “Pois ele conhece a nossa estrutura, ele lembra que somos pó” (cf. Sl.103:14). O Salmo 104 retrata muito bem o processo que ocorre com o ser humano. Não é algo complexo, pelo contrário, completamente simples. Na criação: “Quando sopras o teu fôlego, eles são criados” (v.30); e na morte: “Quando escondes o teu rosto, entram em pânico; quando lhe retiras o fôlego, morrem e voltam ao pó” (v.29). Deus não formou o

homem a partir de alguma substância espiritual divina, mas sim exatamente do pó da terra (cf. Gn.2:7). Concluindo, nós não temos uma alma imortal em nosso ser, o nosso “verdadeiro eu” não tem destinos diferentes após a morte, senão ao pó. Nós não temos alma, somos "almas viventes" [nephesh] (cf. Gn.2:7), assim como os animais. Claro, não demorou muito para que Satanás aparecesse na cena contrariando o aviso de Deus sobre o pecado e suas conseqüências mortais. Tentando Eva com o fruto proibido, ele disse: "Você certamente não morrerá...” (cf. Gn.3:4). Em certo sentido, os conceitos modernos da alma imortal e reencarnação visam transmitir a mesma idéia - de que o homem é inerentemente imortal - que ele realmente não vai morrer. Ezequiel disse exatamente o oposto: "... A alma que pecar, essa morrerá" (cf. Ezequiel 18:4,20). Como bem colocou o luterano Oscar Cullmann: “A doutrina grega da imortalidade e a esperança cristã na ressurreição diferem tão radicalmente porque o pensamento grego tem uma interpretação completamente diferente da criação. A interpretação judaica e cristã da criação exclui todo o dualismo grego de corpo e alma” [“Immortality of the Soul or

Resurrection of the Dead?”] A natureza holista do ser humano é tão evidente que todas as tentativas de negar o simplismo bíblico na criação do homem caem em inúmeras contradições e erros de primeira ordem, porque a narração do Gênesis é gritantemente contrária a uma suposta “alma imortal/imaterial” implantada no ser humano. Moisés (autor do Gênesis) não tinha sequer a mínima idéia de dualismo; e, se tal fosse o caso, decerto teria dito que Deus “formou o homem do pó da terra e incluiu nele um espírito eterno e o homem obteve uma alma imortal”. Apesar de isso parecer ser uma piada (e uma piada de mau gosto), provavelmente seria assim que Moisés teria escrito caso imaginasse que o homem possui uma alma imortal diferentemente dos animais. É óbvio que isso não aparece em lugar nenhum da Bíblia, porque o simplismo bíblico exclui qualquer tentativa de dualismo entre corpo e alma. Deus soprou o fôlego para dar animação ao corpo formado do pó, e assim o homem tornou-se uma alma vivente. Não existe nada, absolutamente nada mesmo, nem sequer alguma pista, de alguma alma imortal implantada nos seres humanos. Os dualistas tentam achar a tal da “alma imortal” onde não existe, e isso acaba acarretando em uma série de contradições sérias como vimos acima. Não é a toa que o Dicionário e Enciclopédia Bíblia Online, a mais completa enciclopédia bíblica em Língua Portuguesa, que se apresenta de maneira imparcial em suas respostas, tendo muitas vezes tendências dualistas, mesmo assim declara no tema de imortalidade da alma: “Nos autores não cristãos, Heródoto, historiador grego que viveu alguns séculos antes de Cristo, diz-nos que os egípcios foram os primeiros que ensinaram a imortalidade da alma humana. Logo depois Platão ensinou ao mundo grego a mesma verdade, dizendo ter aprendido essa doutrina de outro filósofo, chamado Pitágoras. Platão baseou uma boa porção dos seus ensinamentos morais nesta grandiosa crença, o ser bom ou o ser mau é que determina o futuro da alma, sendo pitorescamente descritos os tormentos dos maus, e a felicidade dos bons. Na Sagrada Escritura, ‘E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.’(Gn

2.7). A alma é a combinação do corpo e do fôlego de vida, quer dizer, sem corpo não há alma e sem fôlego de vida também não há alma. O fôlego de vida é a mesma coisa que espírito (Jó 27:3). Quanto à vida futura, a Escritura claramente nos ensina que o corpo volta a ser pó e o espírito, ou fôlego de vida, volta para Deus. 'Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.' Ezequiel 18:4. Nós aspiramos possuir a imortalidade. A Bíblia usa a palavra alma 1600 vezes, mas nunca usa a expressão: 'alma imortal'. Receberemos a imortalidade quando Jesus voltar (1Tim 6:16 e Rom 2:7).” PARTE 3 – A CRENÇA DA IMORTALIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO I –Introdução ao Capítulo Da primeira a última página da Bíblia, a doutrina da imortalidade da alma não resiste a um exame apurado das Escrituras. Já começando com o Antigo Testamento. Um exame das páginas do AT nos faz perceber que os escritores inspirados não tinham a mínima noção de que existisse vida imediatamente após a morte. As evidências são tão fortes que as explicações dos imortalistas quanto ao AT, muitas vezes chegam a negar que os escritores sabiam mesmo do que estavam falando – “eles não tinham tanto conhecimento” – dizem eles. Outros apelam com explicações que deixam a desejar e muito, e, ainda outros, simplesmente deixam sem explicação mesmo – o que vale na verdade é só o NT! Sim, o Novo Testamento certamente que vale também como regra de fé e doutrina, mas o AT jamais pode ser esquecido, até porque “toda a Escritura é divinamente inspirada” (cf. 2Tm.3:16), e as Escrituras que os apóstolos tinham disponíveis a seu tempo eram exatamente os escritos do AT que negavam a vida após a morte em um estado intermediário. Toda Escritura é divinamente inspirada. O Espírito Santo que inspirou as páginas do Antigo Testamento é o mesmo Espírito que dirigiu as páginas do Novo. Ou os dois testamentos pregam a vida pós-morte antes da ressurreição do último dia, ou nenhum dos dois pregam! A fortíssima luz das evidências nos deixa claramente a segunda opção como a única via. Na verdade, ambos não se contradizem – um confirma o outro. O fato é que ambos derrubam a imortalidade da alma, tanto o Novo como o Velho. Começaremos com as definições entre ambos os grupos e em seguida passaremos a ver os ensinamentos veterotestamentários com relação à vida após a morte. Nos próximos capítulos, o foco será centralizado no estado entre a morte e a ressurreição que os seres humanos passam, para, no fim, passarmos aos acontecimentos finais. Holismo – Na visão bíblica holista da natureza humana, o homem na morte está inconsciente, lit. morto (i.e, sem vida). Não existe nenhuma forma de vida descorpórea e consciente entre a morte e a ressurreição, pois a morte implica na cessação total de vida para qualquer ser humano. Este estado entre a morte e a ressurreição é o que a Bíblia

caracteriza como um estado de “sono” (cf. Sl.13:3; Jo.11:11), uma metáfora adequada para o estado inconsciente do ser racional na morte. O despertar da ressurreição na volta de Cristo traz novamente a vida aos que Nele dormiram, revivendo e sendo julgados para a vida ou para a condenação. Tal ensinamento é amplamente baseado na Bíblia Sagrada, como veremos ao longo de todo este estudo. A ressurreição dos mortos implica em dar a vida a alguém que está sem vida, e não em um processo de religação de corpo com alma, pois tal suposição é estranha à luz das Escrituras. A morte do corpo implica na morte da alma, uma vez que o corpo é a alma visível. Dualismo – Para os defensores da doutrina da imortalidade da alma, o corpo é uma prisão da alma, que é liberta por ocasião da morte, indo direto ao Céu ou ao inferno (algumas doutrinas pregam purgatório, limbo, e outros “compartimentos”), e lá esperam até a ressurreição dos mortos, quando as suas almas imortais se religam novamente ao corpo. Defendem esta tese baseando-se em algumas passagens bíblicas isoladas entre si, as quais analisaremos amplamente ao longo deste estudo. Para eles, existe existência de vida entre a morte e a ressurreição em um estado descorpóreo, e a maior parte dos defensores desta doutrina acredita que os mortos já foram julgados, baseando este ensinamento em Hebreus 9:27, mas tem grande dificuldade em explicar outros textos que refutam absolutamente isso (ex: At.17:41; 1Pe.4:5; 2Tm.4:1). As amplas referências bíblicas ao “sono” para os mortos tratam-se todas elas tão-somente ao corpo, e não a alma. A alma nunca, nunca morre. II–Moisés, Jó e a Imortalidade da Alma Segundo reza a tradição, o autor de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio teria sido Moisés, o que também é confirmado biblicamente (cf. Lc.24:44; 2Cr.25:4). Estes livros são muito importantes, pois relatam fatos como a criação do homem, bem como a sua natureza humana. Em termos simples, se existisse uma alma imortal, aí estava uma ótima oportunidade de mencionar tal fato tão importante no tocante a natureza do homem. Mas nada de imortalidade é mencionado nos cinco livros de Moisés. No relato acerca da criação do ser humano bem como a sua natureza, ela é apresentada de maneira holista, e não dualista (cf. Gênesis 2:7 – ver Parte 2). Vimos neste estudo que o mesmo processo sucedente aos homens sucede também aos animais. Afinal, “o que sucede aos filhos dos homens é mesmo que sucede aos animais, lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; todos têm o mesmo fôlego [ruach], e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó” (cf. Ec.3:19,20). É comum a Bíblia igualar absolutamente os homens com os animais, pelo simples fato de que não existe vantagem nenhuma de um em relação a outro. Ambos são feitos do pó e o único lugar para o qual voltam é para o pó. Disso resulta toda uma infinidade de passagens bíblicas em que o homem é igualado aos animais pelo fato de não possuir nenhuma vantagem sobre eles:

“O homem, mesmo que muito importante, não vive para sempre, é como os animais, que perecem” (cf. Sl.49:12). Tais comparações não fariam sentido em caso que nós (ao contrário deles) fôssemos dotados de uma alma imortal que nos diferenciasse deles. Isso seria uma clara vantagem nossa. Deus soprou o fôlego que garante vida aos animais do mesmo jeito que soprou aos seres humanos (cf. Ec.3:19,20), ambos possuem “espírito” [ruach] – cf. Gênesis 7:15; Eclesiastes 3:19,20; Salmo 104:29 -, que é o que garante a vida; ambos expiram o ruach na morte (cf. Sl.104:29; Ec.12:7), e a ambos é referido o termo alma-nephesh (cf. Gn.2:7; Gn.1:20). Não foi dada aos seres humanos nenhuma vantagem sobre os animais, é por isso que Salomão os iguala completamente (cf. Ec.3:19,20). O mesmo que sucedeu aos homens sucedeu aos animais; o mesmo processo que ocorre com os homens ocorre também com os animais. Os humanos não têm a vantagem de possuírem uma “alma imortal”! Deus não colocou uma alma no homem. Moisés é bem claro no relato da criação em negar qualquer vestígio de um elemento transcendental que garanta imortalidade incondicional, intrínseca, com consciência e personalidade na morte. No aspecto prático, é óbvio que nos cinco livros de Moisés não existe qualquer menção de vida dentre os mortos em um “estado intermediário”. Pelo contrário, quando Caim mata Abel, o Senhor Deus diz: “O que foi que você fez? Escute! Da terra o sangue do seu irmão está clamando” (cf. Gn.4:10). O Abel como pessoa não poderia clamar nada depois da morte porque ele estava passando por aquilo que a Bíblia caracteriza por “inconsciência” (cf. Ecl.9:5,6; Ecl.9:10; Sal.146:4; Sal.6:5; Sal.115:17; Sal. 13:3; Jó 14:11,12; Sal.30:9; Isa.38:18; Isa.28:19; Sal.94:17) e de “sono” (cf. Sl.13:3; Sl.25:13; Jó 14:11-12; 1Co.15:6; 1Co.15:20; 1Co.15:51; 1Ts.4:13; 1Ts.4:14; 1Ts.4:15, etc). Por isso, o que clamava não era o próprio Abel, mas sim o sangue dele. Evidentemente é uma personificação e não uma realidade, pois o sangue não tem vida e personalidade em si mesmo. É comum a Bíblia personificar personagens inanimados (ex: Juízes 9:8-15; 2 Reis 14:9; Habacuque 2:11; Lucas 10:40; Mateus 3:9; ver Jó 12:7 e 8; Gênesis 4:10; Apocalipse 10:3, etc). Se Abel estivesse vivo em um “estado intermediário”, Deus teria dito que ele próprio [Abel] que estava clamando. Mas como ele não está, então Deus teve que personificar algo sem vida [o sangue] para exercer o clamor. Ainda mais importante do que isso, é o que relata outro autor bíblico tão antigo quanto Moisés: Jó. Este homem teve a sua história narrada aproximadamente no ano 2000 a.C! Se no caso de Moisés a natureza dualista do homem é totalmente omitida e rejeitada, no caso de Jó os seus diálogos com seus companheiros (Bildade, Zofar, Eliú e Elifaz) é extremamente produtivo em termos práticos. Nele, Jó comenta: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior” (cf. Jó 19:25-27). Até mesmo Jó, há dois mil anos a.C,

já sabia que só iria ver a Deus quando por fim o Redentor (figura de Cristo) se levantasse sobre a Terra, e não antes disso! Jó também é o mesmo que diz: “Mas, morto o homem, e, consumido; sim rendendo o homem o espírito, então onde está? Como as águas se evaporam de um lago, e o rio se esgota e seca; até que não haja mais céus, não acordará nem despertará de seu sono” (cf. Jó 14:10-12). Jó sequer imaginava que ao morrer estaria na presença imediata de Deus, por isso revela que teria que esperar até que “não houvesse mais céus”, pois só neste momento veria a Deus (cf. Jó 19:25-27), sendo despertado de seu estado caracterizado de “sono” (cf. Jó 14:12). Para Jó, a morte não seria um passaporte para estar imediatamente com Deus, porque ele fala claramente de esperar até não mais “existirem os céus” (cf. Jó 14:11) e até ser “substituído” (cf. Jó 14:14). A esperança de Jó, assim como a de todos os cristãos, é na ressurreição do último dia, e não na partida da alma na morte! E como se isso não fosse suficientemente claro, Jó continua a dizer: “Morrendo o homem tornará a viver? Todos os dias da minha vida esperaria, até que viesse a minha mudança. Chamar-me-ias, e eu te responderia...” (cf. Jó 14:14, 15). Jó sabia muito bem que, “morrendo... morreria” (cf. Gn.2:7). Mas ele tinha a esperança de ver a Deus no tempo do fim, e somente no tempo do fim, quando o seu redentor se levantaria sobre a terra. Este é o momento da ressurreição do último dia (cf. Jo.6:39,40), que o Novo Testamento relaciona a segunda vinda de Cristo (ver 1Co.15:22,23). É só neste momento em que veremos a Deus. Jó definitivamente não cria numa natureza dualística do ser humano. Isso explica o porquê do único lar que ele esperava era a sepultura (cf. Jó 17:13). O ser humano não é um ser dividido. Jó sabia que caso morresse (cf. Jó 3:11) não iria imediatamente para junto de Deus, mas estaria permanecendo em “repouso” (cf. Jó 3:13,17; 14:10-12), no mesmo lugar onde encontra-se os justos com os ímpios (cf. Jó 3:17-19), sendo que já não se ouvem mais gritos (cf. Jó 3:18) e todos estão em sossego (cf. Jó 3:18), algo impossível para alguém que está em um lugar ouvindo os gritos de espíritos que estão em meio às chamas. Em meio a tantas evidências claras de que Jó não acreditava na existência de uma suposta “alma imortal” que lhe garantisse sobrevivência após a morte, os dualistas conseguem encontram uma “brecha” em Jó 26:5, que supostamente “provaria” a sobrevivência da alma em um estado intermediário. Algumas traduções em língua portuguesa vertem da seguinte maneira o verso: “A alma dos mortos treme debaixo das águas com seus habitantes”. Essa tradução, contudo, não é fiel aos manuscritos originais. A palavra usada nos manuscritos originais do hebraico é Há Rephaim, que significa literalmente “os gigantes”, e não “almas”! Tal tradução de “a alma dos mortos” não corresponde ao que o texto original do hebraico diz, pois a referência é aos Rephains e não a “almas”-nephesh. Várias das melhores traduções do mundo vertem o texto da maneira como ele verdadeiramente o é, como a Young’s Literal Translation (que mantém uma tradução fiel aos manuscritos originais), e traduz: “Os refains são formados debaixo das águas com seus habitantes”. Os Rephains foram gigantes que habitaram na Palestina e outros lugares, mas foram destruídos por outros povos e por fim acabaram por desaparecer.

Com o tempo, a expressão passou a significar qualquer ser gigantesco, como as baleias, por exemplo. Jó 26:5 deveria ser melhor traduzido por “os gigantes tremem debaixo das águas com seus habitantes” – uma clara alusão aos grandes animais marinhos, como as baleias. Tal tradução de “as almas dos mortos” nem corresponde aos textos originais e nem faz qualquer tipo de lógica, pois as almas dos mortos não ficam “debaixo da água tremendo”... Vale também ressaltar que para ele [Jó], os ímpios não estavam sendo atormentados no dado momento. Se fosse este o caso, então seria imprescindível que não tivesse sido mencionado em absolutamente nenhum diálogo ou filosofias com os seus amigos, uma vez que eles abordavam bastante o aspecto da outra vida e a vantagem entre justos e ímpios. Contudo, o que lemos é que os maus não estão no inferno, mas estão “reservados”, no túmulo, para o dia do Juízo: “Pois dizeis: Onde está a casa do príncipe, e onde a tenda em que morava o ímpio? Porventura não perguntastes aos viandantes? e não aceitais o seu testemunho, de que o mau é preservado no dia da destruição, e poupado no dia do furor? Quem acusará diante dele o seu caminho? e quem lhe dará o pago do que fez? Ele é levado para a sepultura, e vigiam-lhe o túmulo” (cf. Jó 21:28-32). Também em Jeremias 12:3, lemos que os ímpios estão “reservados. . . para o dia da matança” (cf. Je.12:3). A punição não é algo já vigente, mas sim algo futuro. Em momento nenhum é dito no livro de Jó que a morte seria um prêmio ou um passaporte para um Paraíso. Pelo contrário, a morte é caracterizada como um inimigo. A situação de Jó era tão decadente que até a morte seria melhor alternativa para ele. Isso porque a morte dos justos era absolutamente igualada a dos ímpios (cf. Jó 21:23-26). Não existia “vantagem” dos bons em detrimento dos maus! A alma de todos desceria para a cova com a morte (cf. Jó 33:18,22,28,30). Quando é retirado o espírito do homem, para onde este vai? Para junto de Deus? Para Jó, não exatamente. Retirado o espírito, o homem não vai para junto de Deus, mas volta para o pó da terra (cf. Jó 34:14,15). Não só ele, mas o salmista também declara afirmativamente a mesma realidade: “Quando escondes o rosto, entram em pânico; quando lhes retira o fôlego, morrem e voltam para o pó” (cf. Sl.104:29). E em outra parte: “Quando o espírito deles se vai, eles voltam ao pó, e naquele dia perecem os seus pensamentos” (cf. Sl.146:4). Os hebreus, ao contrário dos gregos, acreditavam em uma natureza humana holista, e não dualista. É mais do que evidente que Jó não acreditava em imortalidade da alma nenhuma. Até por isso, ele afirma: “Porém os olhos dos ímpios desfalecerão, e perecerá o seu refúgio; e a sua esperança será o expirar da alma” (Jó 11:20). Ora, já vimos que o extirpar da alma significa a própria morte desta (cf. Dt. 19:6, 11; Je.40:14,15; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.18:4,20; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.22:25,27), com destino a cova (cf. Jó 33:18,22,28,30; Is.38:17; Sl.94:17), sendo que a vida humana sobe para Deus (cf. Ec.12:7). Ora, a coisa mais ridícula que algum defensor da imortalidade da alma ousaria dizer era que a esperança dos ímpios seria o extirpar da alma, pois isso remeteria a um imediato lançamento da alma em um lago de fogo eterno completamente

atormentador. De jeito nenhum que essa seria a esperança deles! O “extirpar da alma” seria o seu medo, e não sua esperança. É óbvio que para Jó não existia qualquer existência de vida pré-ressurreição entre os mortos, concluindo-se então que logicamente a situação destes ímpios seria aqui na terra ruim ao ponto da morte ser o alívio, pois eles deixariam absolutamente de existir. É evidente que na própria visão veterotestamentária haverá um dia que Deus determinou para julgar todo o mundo (cf. Ec.11:9), mas este castigo seria proporcional ao que lhes merece e não seria antes da ressurreição, pois se tal se sucedesse, então o extirpar da alma seria a consequência mais agonizante e aterrorizadora que algum ímpio já poderia passar! Isso estaria longe, muito longe de ser uma “esperança”! É muito claro que para Jó não existia tormento para os ímpios logo após a morte, e nem vida antes da ressurreição. Para Jó, o homem é mortal e não imortal (cf. Jó 4:17; Jó 10:5; Jó 9:2) – “Como pode o mortal ser justo diante de Deus?” (9:2) -, declaração, aliás, que permeia a Bíblia toda com respeito à natureza humana (Sl.9:17; Sl.56:4; Is.51:12; Dn.2:10; 1Co.15:54; 2Co.5:4; Rm.1:23). Existem biblicamente (AT e NT) dezenas de dezenas de menções com relação a natureza humana definindo-a como “mortal”, como o próprio Deus diz em Isaías: “Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu, para que temas o homem, que é mortal, ou o filho do homem, que não passa de erva?” (cf. Is.51:12). O homem é um mero ser mortal, não passa de uma simples erva, não possui em si mesmo um segmento transcendental que lhes dê imortalidade. Por isso mesmo, ele não deve ser temido (v.12), pois “não passa de erva” (v.12). Tal analogia feita por Deus seria nula e sem sentido em caso que, ao contrário da simples erva, o “verdadeiro eu” do ser humano fosse imortal, e não mortal como diz o próprio verso. Aqui a comparação do homem com a erva é claramente relacionada ao fato dele ser mortal. Ora, se o homem tivesse uma alma imortal, então a erva também a possuiria, pois, doutra forma, tal analogia seria oca. Os dois são mortais; nenhum dos dois tem um segmento imortal – por isso, neste sentido o homem não tem nenhuma vantagem sobre a “erva” (cf. Is.51:12), como o próprio Deus colocou. Ademais, se o “verdadeiro eu” do ser humano fosse imortal, seria bem presumível que houvessem também dezenas de menções a essa parte imortal do homem; contudo, em absolutamente todas as ocasiões em que a natureza humana é colocada em jogo, ela sempre aparece como “mortal”, e nunca como “imortal” (cf. Sl.9:17; Sl.56:4; Is.51:12; Dn.2:10; 1Co.15:54; 2Co.5:4; Rm.1:23; Jó 4:17; Jó 10:5; Jó 9:2). Tal quadro que nos é apresentado mostra-nos claramente que o ser humano não é um ser dualista (parte mortal e parte imortal), mas sim plenamente mortal. Jó também sabia que, morrendo, já não existiria mais: “Por que não perdoas as minhas ofensas e não apagas os meus pecados? Pois logo me deitarei no pó; tu me procurarás, mas eu já não existirei” (cf. Jó.7:21). Se Jó morresse e sua alma imortal fosse levada para junto de Deus, então este “acharia” Jó! De maneira alguma Deus não encontraria Jó após a sua morte como é claramente relatado em 7:21, caso este estivesse com o próprio Deus logo após a morte. Mas a razão pela qual o Deus onipresente não encontrar Jó, é que este, morrendo, já não existe. A mesma verdade é relatada no Salmo 39:13. Nem Moisés com a criação do ser

humano, nem Jó na conversa com seus amigos, acreditavam em qualquer imortalidade da alma. Um nega uma natureza dualista do homem, o outro nega um estado intermediário das almas. O fato em comum é que ambos levantam a bandeira contra a imortalidade. III–Os Livros Poéticos São chamados de “Livros Poéticos” aqueles livros que se destacam dos demais do Antigo Testamento pelo gênero devocional de seu conteúdo. São cinco ao todo: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares. Já vimos a evidência de Jó. Veremos agora o testemunho de Eclesiastes: O Testemunho de Eclesiastes - O livro de Eclesiastes certamente que desperta uma grande curiosidade por parte dos leitores. As filosofias do “sábio”, filho de Davi (cf. Ec.1:1), sobre a vida pós-morte, apresenta uma grande recusa da possibilidade de existir vida imediatamente após a morte. Do início ao fim de Eclesiastes, vemos que Salomão segue um princípio e segue essa linha em seus pensamentos. A lógica presente no livro é que não existe vida após a morte. A partir disso, é comum vermos o autor igualar a morte dos homens com a dos animais, por exemplo: “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó” (cf. Ec.3:19,20). A razão pela qual os homens não terem vantagem nenhuma sobre os animais, é que o destino dos dois é o mesmo após a morte. Nisso fica claro que Salomão não cria em uma natureza dualística do ser humano, com uma alma imortal que o diferencia dos animais. Isso implicaria em uma evidente vantagem dos homens sobre os animais! Aliás, já vimos que até aos animais foi designado o mesmo termo “nephesh hayyah” que foi designado aos seres humanos. Como vimos na Parte 2 deste estudo, no original hebraico a palavra aqui utilizada por Salomão (cf. 3:19) é ruach-espírito. Os seres humanos possuem o mesmo espírito-ruach dos animais e, por isso, não possuem nenhuma vantagem sobre eles. Isso nos mostra claramente que o nosso espírito-ruach não é uma “alma imortal” ou algo que garanta imortalidade levando consigo consciência e personalidade após a morte, pois, se assim fosse, o espírito-ruach dos humanos seria gritantemente diferenciado do espírito-ruach dos animais, e Salomão não os igualaria. É evidente que em vários aspectos temos vantagens sobre eles; quando, porém, a questão é a natureza e destinos pós-morte, ambos são absolutamente igualados (cf. Ec.3:19) ESPÍRITO DO HOMEM E DOS ANIMAIS

DESTINO DO HOMEM E DOS ANIMAIS

MATERIAL NO QUAL FORAM FEITOS

CONCLUSÃO

O mesmo (cf. 3:19) O pó da terra (cf. 3:20)

Feitos do pó (cf. 3:20)

A vantagem de homens sobre animais no quesito

de natureza e destinos pós-morte não é nenhuma (cf. 3:19)

Seguindo essa linha de raciocínio, Salomão diz que o destino pós-morte dos tolos é o mesmo do sábios (cf. Ec.2:15), que o sábio morre do mesmo jeito que o tolo (cf. Ec.2:16), que o destino dos justos é o mesmo destino dos ímpios (cf. Ec.2:14), que o destino dos homens é o mesmo dos animais (Ec.3:19), e que todos vão para o mesmo lugar após a morte (cf. Ec.3:20). “E, ainda que vivesse duas vezes mil anos e não gozasse o bem, não vão todos para um mesmo lugar?“ (cf. Ec.6:6); “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.” (Ec.9:2). Salomão não diferenciava o destino dos justos e dos ímpios, tampouco com o dos animais. Ele não acreditava em uma alma imortal que era julgada no momento da morte com destinos diferentes. Por isso mesmo, a melhor opção seria aproveitar hedonisticamente esta vida: “Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho” (cf. Ec.2:24). Isso porque, para ele, não existia uma recompensa logo após a morte: O destino de ambos era o mesmo. “Assim que também isto é um grave mal que, justamente como veio, assim há de ir; e que proveito lhe vem de trabalhar para o vento... Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: comer e beber, e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, em que trabalhou debaixo do sol, todos os dias de vida que Deus lhe deu, porque esta é a sua porção” (cf. Ec.5:16,18). Com a realidade da ressurreição dentre os mortos, é comum vermos os escritores do Novo Testamento proferirem que a recompensa será dada a cada um no momento da segunda vinda de Cristo (cf. Mt.16:27; Ap.22:14; 1Pe.5:4; 5; Lc.14:14; 2Tm.4:1), que é quando os mortos serão ressuscitados (cf. 1Co.15:22,23; 1Ts.4:15), para aí entrarem no gozo do Paraíso (cf. Jo.14:2-4; 1Ts.4:15). Salomão não acreditava na vida imediatamente após a morte, por esta razão a porção do homem era somente esta vida, e não uma vida próxima (cf. Ec.5:18). Mais significativo ainda do que isso são as comparações que Salomão faz: “Se o homem gerar cem filhos, e viver muitos anos, e os dias dos seus anos forem muitos, e se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do que ele”(cf. Ec.6:3). Qualquer leitor honesto concluirá que, para Salomão, uma criança abortada é sinal de alguém que perdeu totalmente o dom da vida. Se ela tivesse automaticamente uma vida no Paraíso ou em algum lugar garantida entre os salvos, não valeria tal comparação que Salomão faz neste verso. E ele continua: “Porquanto debalde veio, e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome. E ainda que nunca viu o sol, nem conheceu nada, mais descanso tem este do que aquele” (cf. Ec.6:5). A vantagem de um aborto sobre os vivos não baseava-se em possuir automaticamente uma vida eterna com Deus, mas sim decorrente do fato de que “nunca

veria o sol”. Por tudo isso, a desvantagem do homem ímpio em relação ao justo, é que ele não prolongará os seus dias (cf. Ec.8:16). Não era de destinos diferentes após a morte! Outra comparação que Salomão faz entre o estado de vivos e mortos pode ser encontrada no início do quarto capítulo do livro: “Vi as lágrimas dos oprimidos, mas não há quem as console; o poder está do lado dos seus opressores, e não há quem os console. Por isso considerei os mortos mais felizes do que os vivos, pois estes ainda tem que viver!” (cf. Ec.4:1,2). Fica mais do que claro que para Salomão os mortos estavam completamente sem vida. Apenas os vivos ainda precisam viver! Tal comparação entre os vivos oprimidos com o estado dos mortos não faria sentido caso os mortos estivessem gozando bem-aventuranças em algum lugar, mas apenas se eles estivessem lit.mortos (i.e, sem vida). Sendo que apenas os vivos ainda têm que viver, então é uma conclusão óbvia e inequívoca de que os mortos não estão com vida. Salomão realmente acreditava que “os mortos não sabem de nada” (cf. Ec.9:5)! Entender o pensamento de Salomão é de fundamental importância para compreendermos a revelação no livro de Daniel: “E muitos dos que dormem no pó da terra despertarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (cf. Dn.12:2). Outra comparação que Salomão faz é relatada em Eclesiastes 9:4, que diz que um cão vivo vale mais do que um leão morto: “Quem está entre os vivos tem esperança; até um cachorro vivo é melhor do que um leão morto!” (cf. Ec.9:4). Ora, se os mortos estivessem vivos gozando de bem-aventuranças então um leão morto valeria mais do que um cão vivo! Como Salomão não acreditava em vida após a morte, então mesmo um “leão” - se estivesse morto - valeria menos até mesmo em relação a um “cão” vivo! Vale ressaltar também que, para Salomão, nós [os que estamos “debaixo do sol”] somos os únicos vivos. Não existem vivos em algum outro lugar. Quem está entre os vivos somos nós, que ainda temos esperança. O verso seguinte também elucida o anterior mostrando o porquê do cão vivo valer mais do que um leão morto: Porque os mortos não estão cônscios de coisa alguma: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol” (cf. Ec.9:5,6) Aqui Salomão apenas reitera aquela linha de raciocínio que ele já mantém desde o início de seu livro, desta vez de forma mais direta: Os mortos não sabem de coisa nenhuma (cf. Ec.9:5), tem a memória entregue ao esquecimento (cf. Ec.9:5), e sentimentos de amor, ódio e inveja já pereceram (cf. Ec.9:6). Como os imortalistas respondem a evidência de Eclesiastes? A maioria afirma que tudo isso se limita ao que acontece “debaixo do sol”. A expressão “debaixo do sol” se refere realmente ao nosso mundo; porém, Salomão a usou porque na mente dele não há a mínima idéia de que os mortos cheguem a outro lugar! Os hebreus não pensavam como os gregos. De fato, Salomão fala muito das coisas que acontecem “debaixo do sol”, como em Eclesiastes 9:6:

“Amor, ódio e inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol”. Aqui ele diz que as coisas que acontecem debaixo do sol (tais como amor, ódio e inveja) já não são possíveis para os mortos, que não sabem de “coisa nenhuma” (v.5). É extremamente errado dizer que Salomão só se preocupava com a vida debaixo do sol, pois ele fala também com relação a vida no além: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (cf. Ec.9:10). Fica claro que também no além, na “habitação dos mortos”, não existe qualquer atividade ou sabedoria. O original hebraico traz neste verso a palavra “Sheol”, transliterado para Hades no grego do NT. Para os defensores da imortalidade, este lugar é referência a “habitação consciente dos espíritos”. Salomão liquida com isso usando as palavras hebraicas ma`aseh', cheshbown e chokmah, que de acordo com a Concordância de Strong, tais palavras transliteradas demonstram que os mortos: (1) Não tem nenhum conhecimento, obras ou atividade [ma`aseh] (2) Não tem inteligência e nem dispositivo de razão [cheshbown] (3) Não tem sabedoria, habilidade e nem inteligência [chokmah] Evidentemente um estado de completa inconsciência. O Espírito Santo não “inspirou errado” o livro de Eclesiastes, e negar todas as evidências de Eclesiastes como prova contra a imortalidade da alma é no mínimo estar com a mente totalmente fechada para o conteúdo geral do livro, é negar todo um raciocínio que o autor mantém desde o princípio de seu livro. Fica claro, diante de todas as evidências, passagens bíblicas, bem como a linha de raciocínio que Salomão segue desde o seu início, que ele não cria de maneira nenhuma em qualquer “alma imortal” que sai do corpo no instante da morte. A visão de Salomão não é única, mas reflete uma regra do AT: não existe a imortalidade da alma. Outro argumento bastante utilizado por alguma parte dos defensores da imortalidade intrínseca com relação ao livro de Eclesiastes, é que ele não acreditava que pudesse existir vida em qualquer era futura. Sendo assim, o argumento deles é que se pegássemos o livro de Eclesiastes como evidente prova contra o estado intermediário teríamos que negar também qualquer vida futura – até mesmo por meio de uma ressurreição – porque (segundo eles) Salomão não acreditava em nenhum tipo de vida para nenhuma era. Esse argumento falha em dois pontos gravíssimos. Em primeiro lugar, porque seria o mesmo que negar que o Espírito Santo dirigia Salomão em seus ensinamentos. Se o Espírito Santo dirigia os ensinamentos dele e ele conta um “engano”, então seria o mesmo que afirmássemos que o Espírito Santo “inspirou errado” e escreveu mentiras e enganações na Bíblia Sagrada, o que é um ultraje contra a divindade. Se, contudo, tomarmos o outro ponto (de que Salomão não estava inspirado), então deveríamos também negar a Bíblia como fonte de fé, pois ela não seria considerada “segura” em seus ensinamentos. Ademais, deveríamos também negar que toda a Escritura (incluindo Eclesiastes, é claro) é divinamente inspirada, e deste modo estaríamos chamando

o apostolo Paulo de mentiroso, pois ele afirmou que “toda Escritura é inspirada por Deus e

útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de

que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (cf. 2Tm.3:16). Aqui vemos que a Escritura é útil não somente para aperfeiçoar o caráter das pessoas (como alguns pensam), mas também como “ensino”, isto é, em questões doutrinárias. Em segundo lugar, é um completo equívoco dizer que Salomão desacreditava completamente que os mortos ressuscitariam um dia. Tão certo como ele desacreditava completamente em que os atuais mortos já estivessem vivos em sua época em algum tipo de “estado intermediário” (cf. Ec.9:5,6; 9:10), também é certo que ele sabia muito bem que Deus haveria de julgar a cada um pelo que fez e lhes conceder uma vida eterna (aos justos). De fato, Salomão fala da "eternidade" no coração humano (cf. Ec.3:11) e de imortalidade quando ele declara que o homem vai "à casa eterna" (cf. 12:5). Ele enfatiza também que devemos temer a Deus porque num certo dia "de todas estas coisas Deus nos pedirá contas" (cf. 11:9). Isso é claramente uma figura do juízo que acontece na segunda vinda de Cristo. Portanto, a partir de Eclesiastes, podemos perceber o que é abaixo relatado: VIDA TERRENA ESTADO INTERMEDIÁRIO RESSURREIÇÃO (JUÍZO)

PARA A VIDA ETERNA A breve vida em que passamos “debaixo do sol”

Um estado em que os mortos se encontram atualmente e que Salomão define como “sem inteligência, razão, conhecimento ou sabedoria” (cf. 9:10), e que “os mortos não estão cônscios de coisa alguma” (cf. 9:5), sendo que os sentimentos como “amor, ódio e inveja já pereceram” (cf. 9:6)

Um estado de vida em que Salomão acentua que estaremos em “moradas eternas” (cf. 12:5), e que certamente passaremos pelo juízo de Deus que nos julgará por tudo o que fizermos (cf. 11:9)

Outra prova clara de que o livro de Eclesiastes não contradiz o restante dos ensinamentos bíblicos neotestamentários é o fato de que ele próprio (além de estar inspirado) escrevia sabendo que o espírito retornava para Deus por ocasião da morte: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volta a Deus, que o deu” (cf. Ec.12:7). Este ensino não é contrário ao do Novo Testamento, pelo contrário, corresponde exatamente ao ensino neotestamentário: “Pai ao Senhor entrego o meu espírito. E com estas palavras morreu” (cf. Lc.23:46). Veja que o que Salomão declara em Eclesiastes é exatamente aquilo que é confirmado pelo Novo Testamento. Tão certo como Salomão, apesar de saber muito bem que o espírito subia para Deus, afirmava também categoricamente, neste mesmo livro, que os mortos não estão conscientes de coisa alguma:

“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol” (cf. Ec.9:5,6). E para aqueles que pensam que Salomão só se preocupava com a vida “debaixo do sol”, ele afirma (também categoricamente) que no além [Sheol] não há atividade alguma: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” (cf. Ec.9:10). Aqui a palavra usada no original hebraico é “Sheol”, que para os imortalistas é a morada dos espíritos, que se localiza nas regiões inferiores desta terra (cf. Ef.4:9; Mt.12:40; Mt.11:23). Tanto isso não é verdade que Salomão afirma que o espírito [de todos] sobe para Deus (cf. Ec.12:7), e sabia que neste local não existia nenhum tipo de sabedoria ou conhecimento (cf. Ec.9:10), que os mortos não sabiam de nada (Ec.9:5), e iam todos [justos ou ímpios] para o mesmo lugar após a morte (cf. Ec.3:20). Em outras palavras, Salomão sabia que o espírito subia para Deus, mas também sabia que não tinha parte alguma com uma “entidade viva e consciente” que nós levamos conosco após a morte. Vemos claramente que Salomão não contraria os ensinos neotestamentários, ao contrário, concorda com eles: ECLESIASTES NOVO TESTAMENTO “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volta a Deus, que o deu” (cf. Ec.12:7)

“Pai ao Senhor entrego o meu espírito. E com estas palavras morreu” (cf. Lc.23:46)

CONCLUSÃO CONCLUSÃO Mesmo assim os mortos não sabem de nada (cf. 9:5) e não tem amor, ódio ou inveja que já não existem para eles (cf. 9:6), que não tem inteligência, razão, conhecimento ou sabedoria (cf. 9:10)

Mesmo assim Jesus não havia subido ao Pai mesmo três dias depois de ter sido ressuscitado (cf. Jo.20:17)

Sendo assim, Eclesiastes não apresenta nenhuma contradição bíblica e podemos chegar à fácil conclusão de que o Espírito Santo não inspirou errado nenhum escritor bíblico. Tal testemunho de Eclesiastes reflete todo o pensar do AT e do Novo, como veremos mais adiante. Tudo o que Salomão faz, e que comprovamos até aqui, é negar absolutamente qualquer imortalidade da alma em um estado intermediário, pois ele não havia sido influenciado pela filosofia grega de dualismo que viria mais tarde. O Livro dos Salmos - Outro livro de valor histórico de grande consideração para analisarmos o pensamento do povo do Antigo Testamento na questão relativa a vida pós-morte, é a coletânea de hinos, salmos e corinhos, também entre os Livros Poéticos aos quais denominamos de “Salmos”. Nele, vemos inúmeras considerações importantes que nos faz confirmar aquele pensamento de Salomão em Eclesiastes, como vimos acima.

Dos cento e cinquenta salmos, não vemos nenhuma menção explícita ou mesmo implícita de um estado intermediário ou de uma imortalidade da alma. Ao contrário, vemos constantemente menções bem explícitas de que não existe vida entre a morte e a ressurreição. Uma prova óbvia disso é o fato dos mortos não poderem mais se lembrar de Deus: “Na morte não há lembrança de ti. E no Sheol, quem te louvará?” (cf. Sl.6:5). A razão pela qual os mortos não se lembrarem de Deus é porque perderam completamente a consciência, porque o processo de pensamento cessa quando o corpo morre. Mesmo no inferno ou em qualquer lugar, entre os mortos justos ou ímpios, se houvesse consciência após a morte poderiam recordar-se de quem é Deus. Na verdade, a primeira pessoa na qual eles se lembrariam seria de Deus! É impossível concluirmos que os mortos estão conscientes sem poderem nem ao menos recordar-se de Deus, uma vez que é Deus quem nos julga, é Deus quem manda para o Céu ou para o inferno, é Deus quem tem o domínio sobre o passado, o presente e o futuro das pessoas. Se existisse vida inteligente entre a morte e a ressurreição, então onde fosse que os mortos estivessem (seja no Céu, no inferno, ou em qualquer outro lugar), seriam capazes de se lembrar de Deus! É evidente que os mortos não se lembram mais de Deus porque não tem mais consciência alguma. Veja que o salmista não expressa uma dúvida se os mortos lembram ou se não lembram de alguma coisa; pelo contrário, afirma de forma categórica a sua convicção que não é possível haver lembrança na morte. Ou seja, a alma pode até ser ‘imortal’, mas neste caso sofreria de um grave problema de amnésia. O Salmo 115 também garante de forma clara que os mortos não louvam a Deus (cf. Sl.115:17), e no verso seguinte reitera que quem louva a Deus são os vivos (cf. Sl.115:18). Essa verdade é confirmada em Isaías 38:19, que diz que “os vivos, e somente os vivos, que te louvam, como eu te louvo agora”. Na morte não existe mais nenhum louvor a Deus (cf. Sl.6:5; Sl.115:17). Nenhum salmista ou qualquer escritor fez distinção entre os mortos justos ou ímpios – somente os vivos é que louvam a Deus! Ponderamos: Caso os salmistas soubessem que a alma dos mortos está consciente, insistiriam tanto em dizer que na morte não é possível louvar a Deus? É evidente que não, pois quem já estivesse no Paraíso, em um lugar de gozo, ou em algum lugar assegurado entre os salvos, poderia perfeitamente louvar a Deus. Afinal, “todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus o Pai” (cf. Fp.2:10,11). É evidente que os mortos não louvam a Deus e quem louva é somente os vivos em decorrência da inconsciência pós-morte que determina a impossibilidade de louvar-se a Deus entre os que morreram (cf. Sl.6:5). “Que proveito obterás no meu sangue, quando baixo à cova? Louvar-te-á, porventura, o pó? Declarará ele a tua verdade?” (cf. Sl.30:9). Aqui novamente o salmista reitera a sua posição de negação à existência de vida entre os mortos. Se ele morresse, nada mais poderia dar de proveito para Deus. A razão disso? Viraria pó: “Louvar-te-á, porventura, o pó”? Claramente o salmista diz que o lugar para onde todas as pessoas vão após a morte, não é ao Céu ou ao inferno com as suas almas imortais, mas sim ao pó da terra. Ao comparar a morte com o pó, o salmista claramente mostra que não há consciência na morte porque o

pó não pode pensar. Por isso mesmo, não seria de proveito nenhum para Deus, e nem ao menos poderia louvá-lo depois da morte (cf. Sl.30:9). A não ser que os mortos sofressem de uma séria amnésia, seriam capazes de se lembrar de Deus. Como se isso não fosse suficientemente claro, o Salmo 146 confirma novamente a crença na inconsciência pós-morte, ao afirmar que os mortos não pensam: “Quando eles morrem, voltam para o pó da terra, e naquele dia perecem os seus pensamentos” (cf. Sl.146:4). Sendo que na morte os pensamentos perecem, é evidente que não há alma consciente que sobreviva a parte do corpo em um estado desencarnado. Se o processo de pensamento que os próprios imortalistas atribuem como função da alma sobrevivesse à morte do corpo, então os pensamentos dos que morressem continuaria, e não pereceria! No momento da morte os pensamentos perecem porque a pessoa simplesmente deixa de existir e passa a inconsciência que a Bíblia caracteriza de “sono” relativo ao estado dos mortos (cf. Sl.13:3). Os mortos não mais pensam. Ademais, estão numa “terra de silêncio”, e não de gritarias características do inferno ou de algum lugar de tormento, ou de altos louvores característicos do Paraíso: “Os mortos, que descem a terra do silêncio, não louvam a Deus, o Senhor” (cf. Sl.115:17). Que nítido contraste com a visão popular “barulhenta” da vida após a morte, na qual os salvos louvam a Deus no Paraíso e os não-salvos gritam desesperadamente no inferno! É evidente que a terra de silêncio na qual não é possível mais louvar-se a Deus diz respeito à sepultura e não a alguma “habitação dos espíritos”. A alma que vai para o lugar de silêncio, não meramente um corpo morto: “Se o Senhor não fora em meu auxílio, já a minha alma habitaria no lugar de silêncio” (cf. Sl.94:17). O local de silêncio não é o Céu ou o inferno, mas puramente sepultura para onde a alma, o ser integral do salmista, partira na morte. Os salmistas sabiam que os mortos não veem mais a luz: “Irá para a geração de seus pais; eles nunca verão a luz” (cf. Sl.49:19). Se os mortos estivessem vivos no Céu, no inferno, no Sheol, ou onde quer que fosse, eles poderiam ver a luz como resultado e consequência da visão. Contudo, não mais veem a luz porque eles já não estão cônscios de coisa alguma. O salmista esperava ver a Deus não quando ele morresse e a sua alma imortal partisse para o Céu, mas sim quando ele “despertasse”, na ressurreição: “Quanto a mim, feita a justiça, verei a tua face; quando despertar, ficarei satisfeito em ver a tua semelhança” (cf. Sl.17:15). O salmista só esperava ver a face de Deus quando “despertasse”, e não quando morresse. O “despertar” diz respeito à ressurreição dos mortos do último dia: “E muitos dos que dormem no pó da terra despertarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (cf. Dn.12:2). Sendo que só nesse “despertar” que o salmista veria a Deus, então é óbvio que ele não o estaria vendo antes disso. Ele expressa nitidamente a sua convicção de que o momento de ver a Deus seria somente na ressurreição. Onde ele estaria agora, então? Dormindo o sono da morte: “Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte” (cf. Sl.13:3).

É digno de nota que o salmista esperava ver a Deus quando ele “despertasse” (uma clara figura da ressurreição – cf. Dn.12:2), ele não tinha a idéia de que estaria imediatamente com Deus depois da morte por meio de uma alma imortal, por isso relata que o momento em que veria a semelhança da face de Deus é na ressurreição – quando despertasse! É mais do que claro que nenhum dos salmistas acreditava na vida consciente após a morte em um estado intermediário dos mortos. Isso fica ainda mais evidente ao vermos que o salmista usou neste verso a palavra hebraica “quwts”, que significa exatamente: “ser arrancado do sono; despertar; surgir”. É uma claríssima referência à ressurreição, e exatamente esta mesma palavra é utilizada por Daniel para denotar o dia em que os mortos hão de ressurgir: “E muitos dos que dormem no pó da terra despertarão [quwts], uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (cf. Dn.12:2). Também em Isaías 26:19 essa mesma palavra é usada como clara referência a ressurreição: “Que os vossos mortos revivam! Que seus cadáveres ressuscitem [quwts]!” Agora voltando para o Salmo 17:15 – “Mas eu, confiado na vossa justiça, contemplarei a vossa face; ao despertar [quwts], saciar-me-ei com a visão de vosso ser”. Não poderia haver linguagem mais clara e liquida do que essa a fim de denotar que só veremos a Deus na ressurreição, e não antes disso. É quando despertar-quwts que veremos a Deus, e não na morte-moth/tâmuth. O Salmo 88:12 diz: “Acaso, nas trevas se manifestam as tuas maravilhas? E a tua justiça, na terra do esquecimento?” (cf. Sl.88:12). O local é descrito como terra do “esquecimento”, pois não mais pode lembrar-se de coisa alguma, nem mesmo de Deus (cf. Sl.6:5). Note que os mortos não estão numa terra de consciência ou de atividade, mas sim de esquecimento, uma clara linguagem de inconsciência, e não de consciência. Os que já morreram não mais veem manifestadas as maravilhas de Deus (cf. Sl.88:12). Davi faz a pergunta retórica: “Será que fareis milagres pelos mortos? Ressurgirão eles para vos louvar?” (cf. Sl.88:10). Alguém que já morreu não mais pode louvar a Deus; por isso, seria necessário que eles “ressurgirem” para louvá-Lo. O estado em que eles estão agora os impede de louvar ao Senhor. Se os que já morreram já pudessem louvar a Deus, então não faria sentido eles terem que “ressurgirem” para poderem louvar. Ainda mais se considerarmos que a palavra hebraica “koom” – subir; levantar; ressurgir – está no sentido de ressurreição (como vemos que a Bíblia usa – cf. Dn.12:2; Dn.12:13; Jo.3:14; Jo.12:32; Jo.12:34), vemos que o salmista expressa a sua convicção de que apenas por meio da ressurreição os que já morreram louvam a Deus. A frase “ressurgirão eles para vos louvar” só faz sentido se – realmente – eles não louvando a Deus no presente momento, sendo, portanto, necessário eles ressurgirem (ou koom-ressuscitarem) para isso. Uma tentativa dos imortalistas de fugirem de algumas de algumas dessas claras evidências contrárias a eles reside em tentar provar que logo após a morte os salmistas pensavam que seriam imediatamente levados para junto de Deus, usando textos como o Salmo 49:15 – “Mas Deus remirá a minha alma do poder do Sheol, pois me receberá”. Ora, como pode isso se a Bíblia diz claramente que a alma vai para o lugar de silêncio (cf. Sl.94:17), e não para o lugar de louvores no Paraíso? É uma contradição bíblica? Logicamente que não. O Salmo apenas fala que Deus remirá a alma do poder do Sheol, que a luz da Bíblia Sagrada é a sepultura (cf. Sl.115:17; Sl.88:11;

Sl.94:17; Gn.37:35), que Deus não esqueceria ela naquele local de escuridão, pelo contrário, iria recebê-lo com Ele, através de uma ressurreição dentre os mortos. Em Atos 2:27, essa passagem é relacionada a ressurreição e não ao momento da morte. O único meio de voltar a vida é através de uma ressurreição dentre os mortos. E essa verdade também é exposta no Novo Testamento, mais especificamente com a ressurreição por ocasião da volta de Cristo, quando a pessoa que está presa ao poder do Sheol ressuscitará para entrar com Cristo, e é só neste momento que a morte é vencida (cf. 1Co.15:26). Que todas as pessoas partiam para o Sheol após a morte, tanto justos como ímpios, isso é mais do que evidente para qualquer leitor honesto da Bíblia, fato comprovado em inúmeras passagens, das quais segue-se uma pequena lista: Gên.37:35; Jó 10:21,22; Sal.94:17; Gên.42:38; Gên.42:29,31; Isa.38:10,17; Sal.16:10; Sal.49:9,15; Sal.88:3-6,11; Jó 17:16.. Cada uma dessas passagens reflete o fato de que tanto justos como ímpios desciam ao Sheol (sepultura) após a morte, não tinham destinos diferentes. O filho de Jacó, José, partiria para o Sheol caso morresse (cf. Gn.37:35), e ele era considerado um homem justo. Prova ainda mais forte, é que a até mesmo a alma de Cristo esteve no Sheol enquanto esteve morto (Atos 2:27), colocando um “ponto final” em qualquer discussão do tipo. Tanto justos como ímpios jaziam no Sheol após a morte. O testemunho dos salmistas, que reflete todo o pensamento dos escritores divinamente inspirados do AT, é que os mortos não louvam a Deus (cf. Isaías 38:19; Salmos 6:5), não sabem de nada (cf. Eclesiastes 9:5), vale menos do que um cachorro vivo (cf. Eclesiastes 9:4), sua memória jaz no esquecimento (cf. Eclesiastes 9:5), não tem lembrança de Deus (cf. Salmos 6:5), estão num lugar de esquecimento (cf. Salmos 88:12), não confiam na fidelidade de Deus (cf. Isaías 38:18), não falam da sua fidelidade (cf. Salmos 88:12), estão numa terra de silêncio - e não de gritaria do inferno ou de altos louvores do Céu (cf. Salmos 115:17; 94:17), não podem ser alvos de confiança (cf. Salmos 146:3), tem que ressurgir para louvar a Deus (cf. Salmos 88:10) e não pensam (cf. Salmos 146:4). Definitivamente um estado de plena e total inconsciência entre aqueles que dormem em suas sepulturas aguardando a ressurreição dentre os mortos. IV–A posição dos Livros Proféticos Ezequiel - Os Livros Proféticos se destacam dos demais por serem as palavras de Deus liberadas pelos profetas. Concentrem-se muito mais no que Deus falou do que nos eventos históricos em que falaram da parte do Senhor. No livro de Ezequiel, por exemplo, vemos o Senhor Deus dizendo através daquele profeta: “A alma que pecar, essa morrerá” (cf. Ezequiel 18:4) Essa passagem pode ser um “susto” para muitas pessoas – sim, a alma [nephesh] – morre. Isso porque, como vimos na Parte 2 deste estudo, nós temos uma natureza holista, e não dualista. Nós somos nephesh, e não “temos” nephesh. A alma [pessoa] que pecar, morrerá! A consequência do pecado foi mortal para toda a natureza humana, atingindo não apenas o corpo, mas também a alma. Deus não disse que apenas “o corpo que pecar. . . morrerá”;

ao contrário, tanto o corpo como a alma foram sujeitos ao efeito destrutivos resultantes do pecado. Por isso mesmo, a alma também pode ser devorada: “Conspiração dos seus profetas há no meio dela, como um leão que ruge, que arrebata a presa; eles devoram as almas; tomam tesouros e coisas preciosas, multiplicam as suas viúvas no meio dela” (cf. Ez.22:25) O orginal hebraico traz neste verso a palavra “aw-kal'”, que significa literalmente: “consumir; devorar”. A alma [nephesh] não é isenta do consumir e devorar do corpo. O mesmo autor também afirma que as almas [nephesh] também são destruídas (cf. Ez.22:27). Como no caso de Ezequiel 18, a grande maioria destes relatos não expressa apenas um “pensamento do profeta” que poderia estar “ultrapassado” para os dias de hoje, porque é o próprio Deus vivo que falava por meio do profeta. Por exemplo: “Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá” (cf. Ez.18:4). Aqui é evidentemente o próprio Deus que estava falando (o profeta apenas passou para escrito aquilo que lhe havia sido dito), porque as “todas as almas são minhas”, isto é, de Deus (em primeira pessoa), e essas almas também morrem. Se as almas não estivessem sujeitas a morte, então não seria apenas a Bíblia que estaria equivocada, mas o próprio Deus estaria mentindo para o profeta. Isaías - O livro de Isaías relata o momento crucial em que o rei Ezequias encontrava-se à beira da morte. O profeta Isaías é enviado a este rei para lhe dizer que ele iria adoecer de uma enfermidade mortal que sofria (cf. Is.38:1). Qual foi a reação de Ezequias? Ficou feliz pois sabia que iria estar imediatamente com Deus ou em algum paraíso? Não, na verdade, ele orou sob lágrimas clamando pela manutenção de sua vida. No capítulo inteiro é mencionado como ele se alegrou ao ver que Deus lhe havia acrescentado quinze anos à sua vida. Ora, se Ezequias pensasse que a sua alma imortal iria partir de imediato a um lugar de conforto e bem-aventurança, então iria desejar a morte acima de todas as coisas! A morte, porém, é tratada como um inimigo na Bíblia, o último inimigo a ser vencido (cf. 1Co.15:26). Não existe vida ou bem-aventuranças na morte. Ezequias queria fugir deste inimigo, e conseguiu, ao menos temporariamente. Em toda a sua declaração de louvor a Deus por este ter-lhe concedido a manutenção de sua vida, ele revela o que realmente aconteceria caso ele tivesse morrido. É nos dito que ele não veria mais os moradores do mundo, “jamais verei homem algum entre os moradores do mundo” (cf. Is.38:11), também declara que “não tornarei mais a ver o Senhor, o Senhor, na terra dos viventes; não olharei mais para a humanidade” (cf. Is.38:11). Isso prova claramente que os que já morreram não estão de forma alguma conscientes do que aqui acontece (como pregam algumas religiões), pois Ezequias demonstra nitidamente a sua convicção que não mais veria ou olharia para qualquer cidadão deste mundo. Isso é consequente do fato de que ele próprio sabia que não estaria consciente depois que morresse.

Afirma, alguns versos em seguida, o destino para o qual partiria sua alma na morte: “Foi para minha paz que tive eu grande amargura; tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção, porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados” (cf. Is.38:17). Ou seja, a cova, o local de corrupção, para o qual a sua alma não escaparia. Em seguida, afirma qual seria o estado dos mortos naquele momento em que ele passaria também a ficar em caso que a sua vida lhe fosse retirada: “Pois não pode louvar-te o Sheol, nem a morte cantar-te os louvores; os que descem para a cova não podem esperar na tua fidelidade. Os vivos, somente os vivos, esses te louvam como hoje eu o faço; o pai fará notória aos filhos a tua fidelidade” (cf. Is.38:18,19). É evidente que do início ao fim Ezequias apresenta a sua convicção e linha de raciocínio de que não existe vida na morte. Diante do que é aqui exposto, percebemos que: (1) Caso ele morresse, não estaria mais ciente das coisas que acontecem neste mundo (cf. Is.38:11) (2) A sua alma iria para a cova com a morte (cf. Is.38:17) (3) Na morte não há louvor a Deus (cf. Is.38:18) (4) Os mortos não podem louvar a Deus e nem cantar louvores (cf. Is.38:18) (5) Eles não esperam a fidelidade de Deus (cf. Is.38:18) (6) Somente os que estão na terra dos viventes é que o louva (cf. Is.38:19) Definitivamente Ezequias não acreditava em uma existência consciente com Deus logo após a morte. Do início ao fim ele mostra a sua visão holista da natureza humana corrente nas Escrituras, sabendo que a morte era a total cessação de vida. Ele não esperava partir rumo a lugar algum de bem-aventurança, nem mesmo estaria com vida, pois se fosse assim poderia louvar a Deus, entoar-lhe cânticos e esperaria pela Sua fidelidade! É evidente que alguém que volta ao pó da terra, estando inconsciente, deixando de existir o ser racional, realmente não pode realizar tais coisas. Note também que Ezequias não somente relata que os mortos não louvam a Deus, como também denota a sua impossibilidade. Os mortos “não podem”, isto é, “não tem como”, não existe meio nenhum de algum morto cantar louvores ao Deus Altíssimo. É evidente que tal impossibilidade só poderia ser fruto de uma inconsciência pós-morte, resultado pelo qual ele diz em seguida que os mortos não esperam pela fidelidade de Deus, fato este que seria uma inverdade profunda caso eles já estivessem na presença de Deus ou em lugar entre os salvos. Os mortos não esperam mais na fidelidade de Deus, não por já estarem na presença Dele, mas sim porque na morte simplesmente deixam de existir – “o que é dele?” (cf. Jó 14:10); nada, não mais existe (cf. Jó 14:10,12; Jó 7:21). Daniel - O livro profético de Daniel é o primeiro que diz de forma mais clara e explícita a ressurreição dos mortos. É nele que lemos que “muitos dos que dormem no pó da terra despertarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (cf. Dn.12:2). No livro de Daniel, lemos que os mortos que ressuscitassem estariam “no pó da terra” (cf. Dn.12:2), e não no “Céu” ou no “inferno” para reincorporarem em seus corpos mortos; e

logo no versículo seguinte tal confirmação de que a entrada na herança só viria no fim, com a ressurreição: “Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias” (cf. Dn.12:13) Como podemos ver Daniel só se levantará no “tempo do fim”, no fim dos dias, e só depois disso entrará na sua herança. A Young’s Literal Translation reza que “ficará na tua sorte no fim dos dias”. A versão King James with Strongs também traduz semelhantemente: “tu ficarás em tua sorte no fim dos dias”. Fica muito evidente que é só no final dos tempos, depois da ressurreição, que entraremos em nossas moradas. Isso está de total conformidade com o Novo Testamento que afirma de forma clara que só entraremos em nossas moradas quando Cristo voltar (cf. Jo.14:2,3; Mt.25:31-34), que é o momento da ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15:22,23). Deus, de forma mais do que clara, deixa evidente para o próprio Daniel que a sua entrada no Paraíso não seria algo iminente, pelo contrário, seria algo que só aconteceria no fim dos dias. O “descansar” aqui é a indicação do estado no qual Daniel estaria na morte, o que a Bíblia relativiza com um estado de “sono” (ver Sl.13:3; 1Co.15:6; 1Co.15:20; 1Co.15:51; 1Ts.4:13; 1Ts.4:14; 1Ts.4:15; 1Co.11:30; 1Co.15:6; 1Co.15:18); o “levantar” é claramente relacionado com a ressurreição dentre os mortos (ver João 3:14; João 12:32; João 12:34); o “fim dos dias” é o momento em que ele [Daniel] seria “levantado” [ressuscitado], o que a Bíblia caracteriza como “no último dia” (ver João 6:39; João 6:40), e é somente neste momento em que Daniel entraria em sua herança, no fim dos dias. Ele não entra na herança logo após a morte com a sua “alma imortal”, mas somente quando fosse ressuscitado no último dia. Isso por si só é prova mais do que suficiente para desmontar completamente a falsa doutrina da imortalidade da alma, pois não reflete apenas um “pensamento do AT”, mas é o próprio Deus falando para o profeta, de que este não estaria com ele imediatamente na morte como um acontecimento iminente, mas deixando claro que tal fato concretizar-se-ia apenas no final dos dias, e através de uma ressurreição! V–Saul conversou com Samuel depois de morto? A passagem mais usada pelos imortalistas para mostrar a crença na vida pós-morte no Antigo Testamento é – pasme – uma sessão espírita. O relato da suposta conversa com o “espírito” de Samuel se encontra em 1 Samuel 28. Contudo, temos várias razões para desacreditar que, de fato, o espírito de Samuel tenha conversado com Saul (além do fato de que, como vimos, não existe uma alma imortal no homem). Em primeiro lugar, Deus havia cortado todo o tipo de comunicação Dele com Samuel. Esse fato é extremamente importante: “E perguntou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas” (cf. 1Sm.28:6). Deus realmente não estava disposto a dar nenhum tipo de mensagem Dele a Saul. Isso aconteceu porque este havia desobedecido às ordens do Senhor. Havia se tronado repugnante a Ele, e por isso Deus não lhe mandava uma resposta, nem por sonhos, nem

por visões, nem por profetas e nem mesmo pelo Urim. Em outras palavras, Deus definitivamente havia cortado todo e qualquer laço com o rei Saul. Logo, não foi Samuel quem apareceu a Saul. Se Deus não havia dado resposta a Saul, então ele não mandaria Samuel falar com ele. Dizer que foi de fato Samuel quem apareceu a Saul, é dizer que Deus mudou de opinião tão rapidamente com relação a dar uma mensagem a Saul, se arrependendo de não ter dado a mensagem antes. Ora, por que razão Deus não mandaria a resposta a Saul por meio de meios legais e lícitos para o povo israelita, como o Urim, os profetas, ou por sonhos ou por visões, mas ao invés disso foi dar a resposta a Saul justamente por meio de uma prática condenada pelo próprio Deus? Em segundo lugar, a própria passagem diz claramente, no verso 6, que Deus não queria mandar uma resposta para Saul por meio de nenhum profeta. Ora, Samuel era profeta, será que Deus tinha mudado de idéia depois? Em terceiro lugar, devemos lembrar que consultar os mortos era uma prática pagã totalmente repudiada pelas Escrituras (cf. Ex.22:18; 1Sm.28:3). Deus não enviaria o seu servo Samuel a falar com o rei Saul se o próprio Deus havia proibido esse tipo de comunicação! A razão pela qual a comunicação com os mortos era proibida é porque quem aparece de fato é um demônio, e não “espíritos”, já que, como vimos, “espírito” na Bíblia não tem parte nenhuma com uma entidade imaterial presa dentro do nosso corpo com personalidade e consciência. Em quarto lugar, Deus ordenou que Saul devia morrer exatamente em decorrência desta atividade de buscar estabelecer esse tipo de comunicação proibida pelo próprio Deus (cf. 1Cr.10:13). Ora, se Deus decidiu se comunicar com o rei Saul por aquele meio (“permitindo” a aparição de Samuel a ele), então Ele terminou traindo ao rei! Como podemos imaginar um Deus traiçoeiro assim? Pois além de ser volúvel por determinar algo e logo em seguida mudar de idéia (passando a ideia de alguém que passa por cima de Suas próprias regras), ainda castiga com morte o rei justamente por que foi em busca de uma comunicação proibida, mas que, na verdade, teria sido propiciada pelo próprio Deus! Em quinto lugar, porque Samuel, como profeta de Deus, não iria tomar a iniciativa de atender ao chamado de uma feiticeira, o que contrariaria diretamente a ordem divina de que os vivos não busquem comunicar-se com os mortos. Além disso, não se submeteria às regras de necromancia , que não iriam jamais interferir em alguém que realmente estivesse na presença de Deus. As Escrituras afirmam que quem buscasse a prática de necromancia seria contaminados por eles (cf. Lv.19:31; Ap.22:15). Se Samuel atendesse ao chamado da feiticeira estaria contribuindo para uma prática condenada por Deus, e, além disso, estaria se contaminando em decorrência disso, e se assim sucedesse nem mesmo poderia mais voltar à companhia divina, pois na presença de Deus não entra quem se contamine (cf. Ap.21:27). Então, de duas possibilidades (nestes últimos dois pontos), temos apenas as seguintes possibilidades: (1) Ou Deus ordenou que Samuel se apresentasse a Saul, o que é improvável e antilógico, tendo em vista que Ele não quis comunicar-se com Saul pelos meios legais e lícitos (v.6),

seguindo-se que muito menos iria ser comunicar com ele justamente mediante uma prática condenada por ele próprio (cf. Lv.24:7) e, pior que isso, depois puni-lo com a morte justamente por esta prática condicionado pelo próprio Deus! (2) Ou foi Samuel que quis se apresentar ao chamado da feiticeira, algo que ainda mais absurdo, tendo em vista que ele estaria se contaminando com esta prática e estaria indo contra as permissões do próprio Deus. Se a premissa 1 estiver errada, então Deus não quis se comunicar com Saul por tal meio, e, se Samuel mesmo assim se apresentou a Saul, então ele só poderia ter “passado por cima” das ordens de Deus ou então nem tê-lo comunicado antes de se apresentar a feiticeira. De qualquer modo, a encruzilhada é infalível: ou Deus ordenou que Samuel se apresentasse (o que já vimos que é uma possibilidade ridícula), ou então Samuel passou por cima do próprio Deus (muito, muito mais ridícula). A única conclusão lógica que podemos chegar é que não foi Samuel quem se apresentou a Saul em En-Dor. Em sexto lugar, se foi de fato Samuel quem se apresentou para Saul, então teríamos que dar crédito para todas as sessões espíritas abrindo uma clara possibilidade de eles estarem realmente se comunicando com os “espíritos”. Tal é impensável e antibíblico. Em sétimo lugar, o que a feiticeira diz ter visto foi um ser sobrenatural, ou seres sobrenaturais—“um deus-elohim”. Este termo é utilizado com grande frequência quando com relação a falsos deuses (cf. Gn.35:2; Êx.12:12; Êx.20:3), e Paulo nos diz que agente por detrás dos “deuses” são os demônios (cf. 1Co.10:20). Portanto, nada mais aconteceu do que “o próprio Satanás se transfigurando em anjo de luz” (cf. 2Co.11:14). Em oitavo lugar, a feiticeira diz claramente: “Vejo um deus que vem subindo de dentro da terra” (cf. 1Sm.28:13). Ora, Samuel nunca foi retratado como “um deus” e nem nenhum profeta do AT. Trata-se claramente do “deus deste século”, de 2 Coríntios 4:4, que “cega o entendimento dos incrédulos” (ver 2Co.4:4). Não é Deus nem Samuel quem cega o entendimento dos incrédulos, mas Satanás. Em nono lugar, porque o referido ser que a feiticeira viu “subia de dentro da terra”. Ora, os seres “divinos” não vem de “dentro da terra” (tal citação é estranha à Bíblia), mas sim do alto (cf. Gn.22:11,15; 2Rs.2:11; Is.6:1,2; Is.32:15; Lc.2:13,14; Mt.3:16,17; Ap.14:6). Negar isso seria contradizer seriamente a Palavra de Deus. Portanto, se fosse realmente Samuel quem tivesse “subido de dentro da terra”, então isso uma mentira e contradição bíblica. Como cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, segue-se logicamente que o que “subia de dentro da terra” não era a alma de Samuel, mas sim um demônio transfigurando-se como Samuel, pois ele pode transfigurar-se até mesmo em um “anjo de luz” (cf. 2Co.11:14). Em décimo lugar, porque a “predição” do suposto Samuel de que “amanhã tu e teus filhos estareis comigo” (cf. 1Sm.28:19) significaria então que os profetas de Deus e reis apóstatas compartilham a mesma habitação após a morte? Não, isso é um absurdo e antibíblico. Mesmo se Samuel estivesse vivo em algum lugar, Saul (um rei ímpio de acordo com a Bíblia) não estaria na mesma habitação de Samuel! De acordo com a própria teologia popular que segue a tendência imortalista, os ímpios já estão no inferno e os justos já estão no Céu e, portanto, Saul não estaria “comigo” (junto com Samuel) mas sim queimando em uma outra dimensão enquanto Samuel desfrutava

das bênçãos paradisíacas (enquanto atendia o chamado de feiticeiras...). Veja que é a própria doutrina imortalista entrando novamente em contradição com ela mesma. Em décimo primeiro lugar, a Bíblia diz que Saul entendeu que era Samuel...(ver 1Sm.28:14). Partindo do princípio de que o rei Saul havia entendido (na percepção dele) que tratava-se de Saul, o texto continua relatando como era na visão deste. Foi Saul que “deduziu” que o vulto que subia da terra, ao qual ele não via, era o profeta Samuel. Deus não disse que era Samuel, foi o rei Saul que entendeu que supostamente tratar-se-ia de Samuel. Em décimo segundo lugar, segundo boas traduções (como a versão inglesa “King James” e a espanhola “Reina Valera”), a feiticeira disse que avistava “deuses”, no plural (v.13). Ora, será que Samuel veio acompanhado de um comitê de santos que subiam da terra para atender ao chamado da feiticeira? Não, tratavam-se de espíritos malignos. Em décimo terceiro lugar, porque Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus (cf. 28:19); como dizia a profecia do suposto “Samuel”. A profecia, sugeria que Saul viria a ser morto pelas mãos dos filisteus. Mas o fato é que Saul se suicidou (cf. 31:4), e veio parar nas mãos dos homens de Jabes-Gileade (cf. 31:11-13), e não dos filisteus (nem Saul e nem os moradores de Jabes-Gileade eram filisteus). Saul apenas passou pelas mãos dos filisteus, e não foi entregue aos filisteus. Ele foi entregue aos cidadãos de Jabes-Gileade, após cometer suicídio. Claro, o pseudo Samuel não podia prever esse detalhe. Em décimo quarto lugar, porque a profecia do “Samuel” era que no dia seguinte “tu e teus filhos estareis comigo”. Isto indica que todos os filhos de Saul estariam com ele, ademais não foram feitas exceções na mensagem de Samuel. Na menor das hipóteses, a maioria dos filhos [em geral] estariam mortos com ele. Contudo, metade dos filhos não morreram. Saul tinha seis filhos e três deles sobreviveram. Morreram na batalha Jônatas, Abinadabe e Malquisua (cf. 2Sm.31:8-10; 21:8). Esses fatos contrastantes tornam essas profecias de “Samuel” uma flagrante contradição com o testemunho da parte de Deus a respeito do verdadeiro Samuel, cujas “nenhuma das suas palavras deixou cair em terra" (cf. 1Sm.3:19). É como se você tivesse dois filhos e eu dissesse que “os seus filhos morrerão”; mas depois apenas um deles morrer. O que essa suposta “profecia” significaria? Claro, uma mentira. Por mais que Satanás quisesse colocar os filhos (a profecia não traz exceção a ninguém e ainda generaliza) na morte, apenas conseguiu isso com a metade deles. Como o diabo não é onisciente como Deus é, ele não pôde fazer profecias exatas, mas apenas generalizações, em estilo sibilino. Concluímos, pois, que não foi Samuel quem se manifestou em En-Dor. Tudo não passou de uma fraude ou de artimanha de um espírito maligno. Satanás é experiente, perito em contrafazer as coisas de Deus, e mesmo imitar falsamente os mortos. Nem com sessão espírita a imortalidade da alma consegue se sustentar. O fato é que os escritores bíblicos inspirados pelo Espírito Santo, jamais falaram em imortalidade da alma, mas sim que os mortos passam inconscientes o sono da morte (cf. Sal.13:3; Ecl.9:5,6; Ecl.9:10; Sal.146:4; Sal.6:5; Sal.115:17; Sal. 13:3; Jó 14:11,12; Sal.30:9; Isa.38:18; Isa.28:19; Sal.94:17).

VI–A alma no lugar de silêncio “Se o Senhor não fora em meu auxílio, já a minha alma habitaria no lugar do silêncio” (cf. Salmo 94:17) Essa informação, presente no Salmo 94, é também de extrema importância para compreendermos o pensamento dos escritores do Antigo Testamento, também guiados pelo Espírito Santo assim como os do Novo. Já provamos aqui neste estudo, por tudo o que analisamos até aqui, que a doutrina do Antigo Testamento é fortemente contrária à posição de imortalidade da alma e a qualquer tipo de vida inteligente entre a morte e a ressurreição, bem como refutamos as passagens bíblicas veterotestamentárias usadas como suposta “evidência” de vida após a morte em um estado desencarnado. O nosso próximo passo, agora, é refutarmos os argumentos que são usados por boa parte deles a fim de negar tão tamanha evidência bíblica acerca do pensamento veterotestamentário relacionado ao estado dos mortos. Para muitos teólogos da imortalidade da alma, todas as posições sobre os mortos tratam-se apenas e tão-somente do corpo. Isso é errado por vários motivos. Em primeiro lugar, porque, como vimos na Parte 2, a natureza humana é holista, e não dualista. Em outras palavras, quando nós morremos, é a pessoa integral que morre. Isso é muito claro nas Escrituras Sagradas que o conceito de “alma” e “espírito” na Bíblia não remete a uma alma imortal com personalidade própria ou a um segmento preso dentro de nós que é liberto por ocasião da morte. Em segundo lugar, porque seria completamente ilógico os escritores do Antigo Testamento escreverem tanto sobre a vida após a morte e fazerem sempre referencias a “perecerem os pensamentos” (cf. Salmos 146:4), “não sabem de nada” (cf. Eclesiastes 9:5), “sua memória jaz no esquecimento”; “não tem lembrança de Deus” (cf. Salmo 6:5), “não louvam a Deus” (cf. Isaías 38:19), “já não existe” (cf. Jó 7:21), entre tantas inúmeras citações que poderíamos aqui citar, e estarem sempre falando só do corpo! É totalmente inimaginável que os escritores estivessem tão excessivamente dispostos a narrar tanto a descrição de um simples corpo morto ao invés de falar sobre a vida pós-morte espiritual! Esperaríamos justamente o contrário! Em terceiro lugar, a descrição é com relação ao estado dos mortos. Quanto a isso não resta dúvidas de que eles sabiam muito bem que era um estado de plena inconsciência, caracterizado como um “sono” (cf. Jó 14:11-12; cf. Sal. 76:5; 90:5), e nisso vemos unaminidade entre todos os salmistas e escritores do AT. Ora, se o estado dos mortos fosse de consciência e de atividade, então a figura usada não seria uma que indica que os mortos estão dormindo, mas sim uma que indicasse que eles estão acordados. O fato do “sono” ser utilizado como metáfora para o estado dos mortos prova que os escritores bíblicos acreditavam que os mortos não estavam conscientes, pois se assim o fosse escolheriam uma metáfora de “acordado”, e não de “dormindo”. Em quarto lugar, trata-se de indivíduos, e não de meros corpos. É a pessoa integral que morre, é a pessoa integral que perecem os pensamentos. Deus não disse: “no dia em que comerdes dela, vossos corpos morrerão enquanto vossa alma sobreviverá num estado

desincorporado”. Antes, declarou: “Vós”, ou seja, a pessoa inteira, “morrereis”. Deus não disse que “a alma que pecar, essa viverá eternamente em um estado desencarnado”; ao contrário, disse que “a alma que pecar, essa morrerá” (cf. Ez.18:4). No livro de Daniel, o próprio Deus chega para ele e diz: “Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias” (cf. Dn.12:13). Deus estava dizendo com indivíduo Daniel ou só com o corpo dele? “Tu, porém” é uma referência ao próprio Daniel como pessoa, e não somente ao corpo dele! “...porque descansarás”... quem descansarás? O indivíduo Daniel ou só o corpo dele? Não seria melhor então Deus corrigir a sua frase para não confundir ou enganar o Daniel e dizer: “porque o teu CORPO

descansarás”... como induzem os imortalistas? Não, Deus não disse para Daniel: “teu corpo dormirá, mas você ficará comigo”! É ao próprio Daniel, a pessoa integral, a que são referidas todas essas coisas. Deus estava falando com o ser racional de Daniel, e é o seu ser racional que “descansaria” com a morte e só “despertaria” no final dos dias. Em quinto lugar, os escritores falavam da vida do além: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (cf. Ec.9:10 - ARA). E é no “além” que não há obra, projeto, conhecimento ou sabedoria! No “além” [Sheol] não existe inteligência ou razão [khesh-bone'], logo, não há consciência. Em sexto lugar, os escritores do AT não acreditavam que a alma permanecia viva, mas que ela morria: “A alma que pecar, essa morrerá” (cf. Ez.18:4,20); “Preparou caminho à sua ira; não poupou as suas almas da morte, mas entregou à pestilência as suas vidas” (cf. Sl.78:50); “Conspiração dos seus profetas há no meio dela, como um leão que ruge, que arrebata a presa; eles devoram as almas; tomam tesouros e coisas preciosas, multiplicam as suas viúvas no meio dela” (cf. Ez.22:25); “E naquele mesmo dia tomou Josué a Maquedá, feriu-a a fio de espada, e destruiu o seu rei, a eles, e a toda a alma que nela havia; nada deixou de resto: e fez ao rei de Maquedá como fizera ao rei de Jericó” (cf. Js.10:28). Se a alma morre, então ela não é imortal. Em sétimo lugar, a Bíblia também que o local da alma seria a cova (não era apenas o destino corporal): “Eis que foi para minha paz que tive eu grande amargura; tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção, porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados” (cf. Is.38:17); “Ele resgatou a minha alma, impedindo-a de descer para a cova, e viverei para desfrutar a luz” (cf. Jó 33:28). Embora os escritores bíblicos pudessem perfeitamente colocar em pauta a sua visão “dualista” de que era apenas o corpo morto que partiria para a sepultura, enquanto a alma supostamente tomasse um rumo diferente, eles fazem questão de mencionar que o destino do corpo é o mesmo destino da alma – a cova (cf. Sal. 94:17; Isa. 38:17; Jó 33:28; Jó 33:18; Jó 33:22; Jó 33:30). O que vemos em todo o AT é a confirmação daquilo que nós vemos historicamente: que a doutrina da imortalidade era completamente estranha para eles; só tornando realidade para os helenistas a partir da diáspora judaica.É mais do que claro que, para os escritores do Antigo Testamento, a alma ia para apenas um lugar após a morte, que por sinal era o mesmo de justos e ímpios: A sepultura.

Este é o lugar de silêncio do qual o salmista fala, este é o local onde perecem os pensamentos (cf. Sl.146:4), onde é impossível louvar a Deus (Sl.6:5), onde os mortos não sabem de coisa nenhuma (cf. Ec.9:5), onde a memória dos mortos jaz no esquecimento e perecem sentimentos de amor, ódio e inveja (cf. Ec.9:5,6), o local onde não há mais sabedoria alguma e nem planejamento (Ec.9:5), o local onde a pessoa já não existe (cf. Jó 7:21) e para a alma [a própria pessoa] vai após a morte (cf. Sl.94:7; Is.38:17). Não é de Céu ou de inferno. É no pó da terra (cf. Gên. 3:19; Sal. 22:15; Isa. 26:19; Jó 7:21; Dan. 12:2). Haverá, porém, o dia em que “muitos dos que dormem no pó da terra despertarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (cf. Dn.12:2). Essa é a verdade bíblica, presente não só na teologia do Antigo Testamento, mas também a mesma do Novo como veremos adiante. VII–Conclusão Pelos escritos do Antigo Testamento, podemos afirmar categoricamente a crença deles de que: NUMERAÇÃO

DECLARAÇÕES RELATIVAS AO ESTADO DOS MORTOS

BASE BÍBLIA VETEROTESTAMENTÁRIA

1 Os mortos não estão cônscios de coisa nenhuma

Eclesiastes 9:5

2 Um cachorro vivo vale mais do que um leão morto

Eclesiastes 9:4

3 No “além” [Sheol] não há sabedoria [khok-maw']

Eclesiastes 9:10

4 No “além” [Sheol] não há conhecimento [dah'-ath]

Eclesiastes 9:10

5 No “além” [Sheol] não há inteligência [khok-maw']

Eclesiastes 9:10

6 No “além” [Sheol] não há dispositivo de razão [khesh-bone']

Eclesiastes 9:10

7 Apenas os vivos [os que estão “debaixo do sol”] estão com vida

Eclesiastes 4:2

8 A vantagem dos homens sobre os animais é nenhuma

Eclesiastes 3:19

9 O destino de bons e de ímpios é o mesmo depois da morte

Eclesiastes 2:14,15

10 O destino dos homens e dos animais é o mesmo depois da morte

Eclesiastes 3:20

11 Fôlego de vida é a mesma coisa que espírito

Gênesis 2:7; Jó 33:4; 32:8; Isaías 42:5

12 O fôlego de vida dos homens é o mesmo dos animais e não há diferença entre eles

Eclesiastes 3:19

13 O espírito de toda a carne [justos e ímpios] volta para Deus por ocasião da morte

Eclesiastes 12:7

14 A memória dos mortos jaz no Eclesiastes 9:5

esquecimento 15 Sentimentos como amor, ódio e inveja

já pereceram para os mortos Eclesiastes 9:4

16 Na morte não há lembrança de Deus Salmos 6:5 17 Os mortos não louvam ao Senhor Isaías 38:19 18 Na morte os homens não têm proveito

nenhum para Deus Salmos 30:9

19 Os mortos não pensam Salmos 146:4 20 Os mortos estão numa terra de

silêncio Salmos 115:17

21 A alma vai para um lugar de silêncio Salmos 94:17 22 A alma vai para a cova Jó 33:18,22,28 23 Nós só veremos a Deus no tempo do

fim Jó 19:25-27

24 Nós só veremos a Deus após a ressurreição

Salmos 17:15

25 Nós só entramos na nossa herança na ressurreição do final dos dias

Daniel 12:13

26 Os mortos não olham mais para a humanidade

Isaías 38:11

27 Os mortos estão numa terra de esquecimento

Salmos 88:12

28 O único destino do homem após a morte é a sepultura

Jó 17:13

29 O homem é como os animais que perecem

Salmos 49:12

30 As referências ao “dormir” tratam-se de indivíduos, do ser racional, e não de meros corpos

Daniel 12:13

31 Até não haver mais céus, o homem não despertará e nem levantará de seu sono

Jó 14:10-12

32 O homem na morte já não existe e Deus não pode encontrá-lo

Jó 7:21

33 O homem na morte torna-se como um lago ou rio cujas águas se secaram

Jó 14:11-12

34 O homem não levanta de seu estado de inatividade até “não existirem mais céus”

Jó 14:12

35 Os ímpios não possuirão uma eternidade, mas serão devorados, consumidos, eliminados, não existirão e serão exterminados

Salmos 21:9; 37:22; 37:9; 37:10; Provérbios 10:25

36 Os ímpios deixarão de existir e apenas os justos viverão para sempre

Salmos 104:35; 49:8,9; Provérbios 2:22; 19:16; 11:19

37 No dia do Juízo, o Senhor não deixará nem raiz e nem ramo dos ímpios

Malaquias 4:1

38 Neste mesmo dia, os ímpios se farão em cinzas debaixo dos pés dos justos

Malaquias 4:3

39 A alma repousa após a morte Salmos 23:13 40 A alma também pode sofrer

decomposição; contudo, é passível de ser resgatada [na ressurreição] para viver para sempre e não sofrer decomposição [na sepultura]

Salmos 49:8,9

41 Os mortos não mais confiam na fidelidade de Deus

Isaías 38:18

42 Os mortos não falam da fidelidade de Deus

Salmos 88:12

43 Não existem gritos no “além” (Heb.: Sheol)

Jó 3:18

44 Sheol não é uma “morada de espíritos”, mas sim uma figura da sepultura

Gênesis 37:35; Salmos 141:7

45 O “além” (Heb. “Sheol”) é um lugar de repouso

Jó 3:11,13,17; 3:18

46 O Sheol é um lugar de silêncio Salmos 115:17; 94:17 47 O Sheol é um lugar de escuridão (e

não de “fogo”, o que remeteria a luminosidade)

Jó 10:20,21; Salmos 88:10-12

48 São os ossos (e não “espíritos”) que descem ao Sheol na morte

Salmos 141:7

49 Os mortos não vêem mais luz Salmos 49:19 50 Todos descem para o Sheol na morte Jó 3:11-19 51 O Sheol é o pó da terra Jó 17:16 52 O local de habitação na morte é no pó

da terra Isaías 26:19

53 A consciência dos mortos é comparada com o pó da terra – ou seja, não há nenhuma

Salmos 30:9

54 Até as ovelhas vão para o Sheol na morte

Salmos 49:14

55 O mau não está no inferno. Está “reservado” no túmulo até o dia do juízo

Jó 21:28-32

56 O homem tornou-se (não “obteve”) uma alma

Gênesis 2:7

57 Não existe alma sem sangue Levítico 17:11; Gênesis: 9:4,5

58 O corpo é a alma visível Levítico 19:28; 21:1,11; 22:4; Números 5:2; 6:6,11; 9:6,7,10; 19:11,13

59 A estrutura dos homens é puramente o pó

Salmos 103:14; Gênesis 18:27

60 Apenas os vivos possuem o “espírito de vida”

Gênesis 7:15

61 A alma [nephesh] pode ser totalmente destruída

Josué 10:28, 30, 32, 35, 37, 39

62 O processo que ocorre aos homens é o mesmo processo que sucede com os animais na morte

Salmos 104:29; Eclesiastes 3:19,20

63 Espírito significa “vida” e não um ser inteligente que sai do corpo na hora da morte

Salmos 104:29; Jó 12:10

64 Tanto homens como animais expiram o espírito-ruach na morte

Salmos 104:29; Eclesiastes 12:7

65 A alma morre Ezequiel 18:4,10 66 A alma é exterminada Josué 10:28 67 A morte do corpo é a morte da alma Números 31:19;

35:15,30; Josué 20:3,9; Gênesis 37:21;

68 A alma-nephesh pode ser transpassada mortalmente

Deuteronômio 11:9

69 Se você matar uma alma, você pode fugir para uma cidade de refúgio

Josué 20:3

70 A alma emagrece Salmos 106:15 71 A alma sente sede Isaías 29:8 72 A própria vida vai para a sepultura

após a morte Salmos 88:3

73 A alma vai para a cova da corrupção [sepultura]

Isaías 38:17

74 Até o sangue desce ao Sheol na morte 1 Reis 2:9 75 O homem é um ser mortal e não

imortal Jó 9:2; 10:15; 4:17; Salmos 56:4; 9:17; Isaías 51:12

76 O Antigo Testamente nunca usa os termos para “eterno” ou “imortal” para a alma

Nunca usa mesmo

77 O homem retorna para o pó na morte Salmos 103:14; Gênesis 3:19; 18:27

78 Os animais também são denominados de “almas viventes”

Gênesis 1:20,21,24,30; 2:19; 9:10,12,15,16

79 O homem não comeu da árvore da vida para ser imortal vivendo eternamente

Gênesis 3:24

80 A presença da “árvore da vida” no jardim do Éden indica que a imortalidade era condicional à participação do fruto de tal árvore

Gênesis 2:9

81 O conhecimento do bem e do mal foi adquirido ao comerem da árvore da ciência do bem e do mal; mas a imortalidade não foi adquirida pois o homem não comeu da árvore da vida

Gênesis 2:22,23

82 No relato da Criação de Gênesis 1 e 2 nada é dito de Deus ter formado dentro do homem uma “alma” ou “espírito” imortal

Nada mesmo

83 Os animais também possuem espírito-ruach

Gn.6:17; Gn.7:21,22; Gn.7:15; Sl.104:29

84 O homem certamente morreria (Heb.: Morrendo, morrerás)

Gênesis 2:7

85 A mentira da serpente [Satanás] é a base da doutrina imortalista: “Certamente que não morrerás”

Gênesis 3:4

Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso confessa que definitivamente os escritores do Antigo Testamento não acreditavam absolutamente em nenhuma vida l ,ogo após a morte. Eles tinham a consciência de que só voltariam de seu estado de inatividade com o despertar da manhã da ressurreição. Esse pensamento não é contrário ao do Novo, pelo contrário, o ensinamento neotestamentário confirma o Antigo. VIII–Estavam enganados os escritores do Antigo Testamento? “Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa” (cf. Números 23:19) Até este ponto já vimos inúmeras evidências claras de que nenhum escritor do Antigo Testamento acreditava em uma vida logo após a morte ou em um estado intermediário das almas. Também já refutamos muitos dos argumentos usados pelos imortalistas numa tentativa de anular as evidências do AT. A luz de tudo isso, devemos perguntar: “Estariam certos os escritores do Antigo Testamento em pregar a inconsciência após a morte, ou eles estariam enganados em suas teologias por terem pouco conhecimento”? Sem dúvida que os escritores do AT não estavam sendo enganados. Por muito tempo um grande esforço tem sido feito para tentar negar a evidência do Antigo Testamento. O argumento mais usado é que eles não tinham conhecimento sobre o futuro e, portanto, acabavam falando coisas como essas. Na realidade, isso nada mais é do que dizer que todos os outros escritores do AT estavam todos errados – e erravam inspirados pelo Espírito Santo! Porém, “Toda Escritura é

inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a

educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado

para toda boa obra” (cf. 2Tm.3:16). Toda Escritura. O AT não é exceção a isso. Eles não estavam escrevendo enganos inspirados! A única diferença entre os escritores do Antigo e do Novo Testamento é que no Novo o foco é maior na ressurreição dos mortos para a vida eterna, enquanto no AT o foco é maior no estado imediato pós-morte, uma vez que eles não conheciam Jesus para saberem que são ressuscitados com a Sua Volta, embora soubessem que no final seriam ressuscitados e recompensados para terem a vida eterna (cf. Dn.12:2; Jó 19:25-27; Sl.58:9-11; Sl.37:22; Sl.37:9). Os autores do AT não estavam inspiradamente errados e nem enganando o povo do século XXI, a única coisa que mudava era o foco, concentrado no estado dos mortos imediatamente após a morte: de inconsciência. No NT, a ressurreição de Cristo assegura a nossa própria ressurreição (ver 1 Coríntios 15), como primícia daqueles que dormem para um dia entrar na vida eterna.

Por isso, enquanto o foco veterotestamentário é no estado atual dos mortos de inconsciência, o foco neotestamentário é totalmente na ressurreição dos mortos para a vida eterna, como veremos mais adiante neste estudo ao analisarmos o Novo Testamento e a sua posição com relação a vida pós-morte. É fato que eles sabiam que, no tempo do fim, voltariam a ver a Deus (cf. Jó 19:25-27), quando até não mais “existirem os céus” (cf. Jó 14:11). O salmista também escreve que Deus não esqueceria a sua alma no Sheol, mas lhe receberia com Ele (cf. Sl.49:15), o que o NT atribui a ressurreição dentre os mortos (cf. At.2:27). O AT nos mostra a realidade da ressurreição “para a vida eterna ou para o desprezo eterno” (cf. Dn.12:2), e que eles entrariam na herança quando “levantassem” (cf. Dn.12:13), uma figura da ressurreição. Davi deixa implícito que um dia os mortos ressurgiriam para louvar a Deus (cf. Sl.88:10), e em outra passagem deixa claro que veria a Deus “quando despertasse” (cf. Sl.17:15), uma figura da ressurreição. Jesus Cristo também aplica o texto de Êxodo 3:6 {Sou o Deus de Isaque, Abraão e Jacó} como prova da ressurreição dos mortos (cf. Lc.20:37). Em Atos 13:34,35, vemos Paulo aplicando o texto de Isaías 55:3 como prova da ressurreição. Neste mesmo livro, há a menção explícita de que “os vossos mortos revivam! Que seus cadáveres ressuscitem!” (cf. Is.26:19). Ezequiel nos diz que a alma pode sofrer a morte final ou viver (cf. Ez.18:4,20), e o salmista afirma que “a herança deles [dos salvos] será eterna” (cf. Sl.37:18) e que terão uma vida eterna (cf. Sl.37:27; Dn.12:2). Quanto a realidade do juízo vindouro, eles também tinham esse conhecimento, pois afirmavam que “o Senhor não o abandonará em suas mãos e, quando for julgado, não o condenará” (cf. Sl.37:33). Eles sabiam que seriam julgados, mas esperavam não sofrer a condenação. Da mesma, Salomão também inclui o fato de que os mortos seriam julgados um dia, quando Deus um dia "de todas estas coisas Deus nos pedirá contas" (cf. Ec.11:9). O próprio “livro da vida” era realidade não apenas ao período neotestamentário, mas no próprio AT (cf. Sl.69:28; Sl.139:16; Êx.32:33). Por tudo (e muito mais) torna-se inútil a tentativa frustrada por parte dos imortalistas em dizer que os escritores do AT não tinham o devido conhecimento por suas “limitações da época” ou que não acreditavam na ressurreição para a vida eterna ou no juízo vindouro. É claro que eles acreditavam nestas coisas, só não aceitavam na doutrina herege da imortalidade da alma e, por isso, não fazem menção nenhuma a ela. Ademais, existem certas passagens do Antigo Testamento que não podem passar-se por “engano” dos escritores por “falta de conhecimento”, simplesmente porque é o próprio Deus vivo (imutável; que não pode mentir) que redige tal frase. Por exemplo, em Ezequiel 18:4,20 (ao falar da morte da alma) é o próprio Deus falando ao profeta, e não apenas um pensamento deles. Também em Daniel 12:13, é o próprio Deus dizendo ao profeta que este só entraria na sua herança prometida no final dos tempos, através da ressurreição dos mortos (ser “levantado” – cf. Dn.12:13 com Jo.3:14; 12:32, 34, que é uma figura da ressurreição) para só neste momento entrar na sua herança, no final dos tempos, e não imediatamente em seguida por meio de uma “alma imortal”.

Isso não era apenas um “pensamento do profeta”, mas era o próprio Deus falando para ele, e Deus não pode mentir. Inúmeros exemplos poderiam ser citados aqui. E, mesmo quando é apenas o escritor bíblico fazendo as suas ponderações, temos que lembrar que ele estava sendo dirigido e inspirado pelo Espírito Santo (cf. 2Tm.3:16). Embora tenham sido homens aqueles que escreveram as mensagens, "nunca, jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (cf. 2Pe.1:21). O Espírito Santo é imutável. Isso significa que ele não poderia ter inspirado um autor a escrever uma coisa sobre os mortos e depois inspirado outro a escrever uma coisa totalmente diferente. A Bíblia não é contraditória em seus ensinamentos. Os escritores do AT sabiam que iam levantar do estado de inatividade (cf. Dn.12:13; Dn.12:2; Jó 19:25-27; Sl.49:15; Sl.73:21-24). Essa não é uma posição contraditória a do Novo Testamento, muito pelo contrário, é a mesma do Novo (cf. 1Co.15:18; 1Co.15:22,23; Jo.14:3; 2Tm.4:6-8). Jamais poderíamos imaginar que os escritores do Novo Testamento fossem contradizer o Velho! Ainda mais quando vemos noções de que a única fonte de fé deles era a Escritura, e não a tradição judaica, sabiam também que toda Escritura era divinamente inspirada (cf. 2Tm.3:16), e citavam inúmeras vezes partes da Escritura para basear os seus ensinos, principalmente tratando-se das epístolas apostólicas. Fica muito claro que todos os apóstolos liam as Escrituras e as compreendiam, colocavam-nas como a fonte de fé divinamente inspirada e baseavam os seus escritos baseando-se também naquilo que tinham de Escritura na sua época - o Antigo Testamento. Os cristãos de Beréia foram desafiados a consultarem nas Escrituras para verem se aquilo que Paulo dizia era mesmo verdade (cf. Atos 17:11), e eles foram elogiados por isso. É completamente impossível pensarmos que os apóstolos estavam pregando um evangelho diferente daqueles que eles tinham como referência no Antigo Testamento. Se Paulo pregasse a imortalidade da alma contraditoriamente com o ensinamento claro do AT, os cristãos de Beréia teriam “desmascarado” ele. Até Jesus desafiava a procurarem na Escritura, o AT (cf. Mt.21:42). Jesus citava repetidamente o Antigo Testamento, que era a Escritura vigente em Seu tempo. Reconhecia sua autoridade como livro histórico e como um manual de instrução da vida prática, e fonte de doutrina religiosa. O apóstolo João também diz para examinar as Escrituras (cf. Jo.5:39), Paulo incentiva Timóteo a examinar a Escritura (cf. 2Tm.3:15), e a dedicar-se à leitura pública da Escritura (cf. 1Tm.4:13). Devemos sempre lembrar que a única Escritura que eles tinham disponível naquela época era exatamente os escritos do Antigo Testamento. Jesus Cristo repetidamente citava as Escrituras e mantinha a sua firme posição de que o AT era Palavra de Deus escrita, afirmando inúmeras vezes que "Está escrito ... está escrito ... está escrito ..." (cf. Mt.4:4,7,10). Esta frase aparece mais de noventa vezes no Novo Testamento, o que nos mostra que não apenas Jesus, mas todos os apóstolos criam ser o Antigo Testamento regra confiável de fé e doutrina que não poderia ser anulada, confirmando a suprema autoridade divina da Palavra de Deus escrita. Ao contrário do que pensam alguns, o Antigo Testamento não é apenas um

bom livro de regras morais, mas é também regra de doutrina religiosa, de fonte de ensino (cf. 2Tm.3:16). Afinal, “tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito” (cf. Rm.15:4)! Ademais, as Escrituras declaram enfaticamente que “é impossível que Deus minta" (cf. Hb.6:18). O apóstolo Paulo confirma o fato declarando que "Deus que não pode mentir" (cf. Tt.1:2). Deus é “o mesmo ontem, hoje e eternamente” (cf. Hb.13:8), ele é o Senhor e não muda (cf. Ml.3:6), ele é o Deus onisciente, “que não muda como sombras inconstantes” (cf. Tg.1:17) e, portanto, não poderia colocar doutrinas falsas em Sua Palavra e depois ter mudado de opinião no Novo Testamento, especialmente em doutrina religiosa com relação à vida após a morte. Ele é a Verdade (cf. Jo.14:6), e Jesus declarou ao Pai que “a tua Palavra é a verdade” (cf. Jo.17:17). Não há como imaginarmos que poderia haver alguma mentira incluída nas Escrituras sobre o estado dos mortos, pois isso faria de Deus um mentiroso, mas “as tuas palavras são em tudo verdade” (cf. Sl.119:160). Em tudo, inclusive no Antigo Testamento! O Antigo Testamento é Palavra de Deus tanto quanto o Novo e, por isso, não pode mentir e nem mudar de opinião sobre qualquer doutrina religiosa que seja. Jesus referiu-se ao Antigo Testamento como sendo a "Palavra de Deus", que "não pode falhar" (cf. Jo.10:35). Ela veio “da boca de Deus” (cf. Mt.4:4) e, por isso, não contém falsos ensinamentos. Jesus confirmou várias vezes que o Antigo Testamento era Palavra de Deus ao afirmar aos fariseus que eles estavam "invalidando a palavra de Deus" pela sua própria tradição (cf. Mc 7:13). Paulo declara a mesma posição ao referir-se às Escrituras como sendo "a palavra de Deus" (cf. Rm.9:6). Enquanto Paulo lhes expunha as Escrituras (AT), a Bíblia afirma que ele expunha a “palavra de Deus” (cf. At.13:44; At.18:11). Os cristãos que foram dispersos anunciam a “palavra de Deus” (cf. At.13:5), tendo como única fonte de fé exatamente o Antigo Testamento. Igualmente, o autor de Hebreus afirma que eles presivam ser ensinados “novamente sobre os princípios elementares da palavra de Deus” (cf. Hb.5:12). O único lugar onde os hebreus eram ensinados era nas Escrituras; o autor de Hebreus, portanto, a coloca como a sendo a “palavra de Deus”. Isso tudo nos mostra que o Antigo Testamento era considerado como “Palavra de Deus”, e Deus não pode mentir, enganar, mudar de idéia depois ou ter falta de conhecimento sobre determinado tema. É bem notório que “aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus” (cf. Mt.5;19). Jesus afirmou categoricamente que "até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra" (cf. Mt 5:18). Os defensores da imortalidade da alma não apenas tiram vários “is” ou “tios” de Eclesiastes, dos Salmos, de Daniel, Jó, de Isaías, Ezequiel, etc, como também adicionam nela o que eles jamais mencionaram: a falsa doutrina da imortalidade da alma. Não, os apóstolos não eram contrários àquilo que a Palavra lhes ensinava. Ensinamentos morais de regra de doutrina e de fé, jamais poderiam ter sido alterados! Isso nada mais é do que uma artimanha maligna para desqualificar as doutrinas bíblicas, negar a infalibilidade doutrinária bíblica, e negar que um mesmo Espírito inspirou e dirigiu ambos os Testamentos que não podem ser contraditórios entre si. Um confirma o outro, e não o anula ou o altera como “totalmente ultrapassado”!

O que Satanás mais quer é anular a Escritura, que “jamais pode ser anulada” (cf. Jo.10:35), passando a idéia de que os ensinamentos veterotestamentários estão ultrapassados e fora de tempo e que o NT contradiz o AT e a Bíblia choca-se entre si mesma em questão de doutrina. Essa artimanha maligna tem enganado milhões de pessoas no mundo todo que acabam mesmo que impropositalmente renegando o AT que é a Palavra do Deus vivo, desacreditando nela e, pior ainda, se opondo às Escrituras! A conclusão que vemos, que ficará ainda mais clara após analisarmos o conteúdo do Novo Testamento, é que eles não contrariavam o Velho, pelo contrário, o confirmavam. O Novo Testamento não anula o Velho, mas o confirma, porque os dois fazem parte da Palavra de Deus escrita, que não engana ninguém. PARTE 4 – A CRENÇA DA IMORTALIDADE NO NOVO TESTAMENTO I–Introdução ao Capítulo Já vimos até aqui que a noção da natureza humana na concepção hebraica bíblica é de uma natureza holista e não dualista do ser humano, confirmado pela descrição da criação humana de Gênesis 1 e 2 e pelos escritos veterotestamentários que negam em completo a doutrina de que o corpo é a prisão de uma ama eterna e imaterial. A visão bíblica do Antigo Testamento era de que o homem é uma alma, e não de que ele possui uma, por isso é tão constante a linguagem denotativa de inconsciência pós-morte e da própria morte da alma. A noção de dualidade só veio a se tornar realidade para os judeus helenistas a partir do período intertestamentário, quando povo judeu esteve exposto na diáspora judaica à filosofias e culturas helenistas, advindas da Grécia, que mantinha forte influência nos povos dispersos; incluindo na concepção do dualismo grego impregnado por Platão na Grécia Antiga. Nosso próximo passo, a partir dos próximos capítulos, visa estabelecer se o Novo Testamento altera a Palavra de Deus escrita no AT ou se a apoia, no tocante a natureza humana e seu destino. Um errado conceito popular é que os mortalistas tem que apelar para as passagens do Antigo Testamento, porque o Novo não traz vantagem nenhuma a ela. Isso, na verdade, é um conceito completamente deturpado do Novo Testamento. Em primeiro lugar, a Bíblia é uma coisa só. O AT deve ser utilizado como regra de fé e doutrina tanto quanto o Novo e é tão inspirado quanto o Novo. Em segundo, pessoalmente, se tivesse que escolher entre o Antigo ou o Novo Testamento para anular a imortalidade da alma, eu ficaria mil vezes com o Novo. O Novo Testamento não só confirma o Velho, como também possui inúmeras provas contra a imortalidade da alma muito mais do que o AT possui, como veremos ao longo de todo o resto deste estudo.

Oscar Cullmann, umas das maiores autoridades em Novo Testamento que já pisaram neste mundo, e ex-defensor da doutrina da imortalidade, provou que a doutrina da ressurreição não pode ser harmonizada com o conceito platônico que divide a natureza humana. Prossiga a leitura, e você verá que – realmente – um mesmo Espírito que dirigia ambos os Testamentos, divinamente inspirados, que não se contradiz naquilo que afirma e não mudou de opinião no NT! A visão do Novo Testamento confirma a visão do Antigo porque o que os apóstolos tinham como fonte de fé e base de doutrina em sua época (as Escrituras) eram exatamente os escritos veterotestamentários que negam a visão dualista de imortalidade da alma. Começaremos com Jesus, depois passaremos para os apóstolos em suas epístolas. Muitas refutações de teses imortalistas serão feitas nesta parte, para tanto é preciso estar de mente aberta para a verdade. Nos próximos capítulos serão passados não somente as provas neotestamentárias da mortalidade da alma, como também passaremos a dar um longo estudo sobre todas as passagens que são utilizadas pelos imortalistas, como supostas provas do dualismo platônico na Bíblia. Serão passadas refutações completas de todas as passagens que são usadas pelos imortalistas a fim de provar que a Bíblia se contradiz e apoia a imortalidade da alma, e, como veremos, a maioria delas são provas contra (e não a favor) da visão dualista, ou então são passagens mal interpretadas, tiradas de seu devido contexto ou que não respeitam a regra gramatical dos manuscritos originais do Novo Testamento, escritos em grego. Começaremos com os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. PARTE 4.1 – JESUS PREGOU A IMORTALIDADE DA ALMA? “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais” (cf. João 14:2,3) Não há espaços para duplas interpretações. O texto é claro quanto a quando iremos para junto de Cristo. Não é quando nós morrermos, mas quando Ele voltar. Isso entra em total acordo com o ensinamento bíblico acerca de quando seremos ressuscitados dentre os mortos e vivificados, que será exatamente nesta segunda vinda: “Pois da mesma forma como em Adão todos morreram, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem” (cf. 1Co.15:22,23). Ora, se Cristo tivesse a intenção de lhes pregar a imortalidade da alma indubitavelmente diria que os lugares estariam disponíveis aos salvos conforme fossem morrendo e as suas almas se achegassem no Céu para assumi-las. Mas, se Cristo não ensinou a imortalidade da alma, como entender determinadas passagens bíblicas que tem sido constantemente vistas pela ótica dualista? A primeira delas que

veremos, e que talvez seja a mais explorada pelos imortalistas, é a parábola do rico e do Lázaro. Para tanto, muitas questões terão que ser abordadas aqui. Questões históricas e bíblicas, que poucas pessoas levam em consideração, mas que é de extrema importância para chegarmos a uma conclusão satisfatória. II–A Parábola do rico e do Lázaro Um argumento bastante usado pelos dualistas é que não se trata de uma parábola, pois ela possui nomes. Ora, isso é totalmente compreensível pelo fato de que os judeus colocavam Abraão acima de Jesus: “Nosso pai é Abraão ... És maior do que o nosso pai Abraão ... ?” (cf. Jo.8:39,53; Mt.3:9). O que simplesmente Jesus faz é por na boca Abraão exatamente as palavras que ele de ter dito em pessoa: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (cf. Lc.16:29-31). Para isso é evidente que tem citar nomes. Além disso, não há absolutamente nenhuma regra que obrigue que uma parábola não tenha nomes. Jesus contou parábolas sem dizer para as pessoas: “Isso é uma parábola”...! A parábola do rico e do Lázaro fica entre parábolas, como podemos ver a seguir: CAP.14 DE LUCAS – A PARÁBOLA DA GRANDE FESTA CAP.15 DE LUCAS – A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA CAP.15 DE LUCAS – A PARÁBOLA DA MOEDA PERDIDA CAP.15 DE LUCAS – A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO CAP.16 DE LUCAS – A PARÁBOLA DO ADMINISTRADOR DESONESTO CAP. 16 DE LUCAS – A ******** DO RICO E LÁZARO CAP.17 DE LUCAS – A PARÁBOLA DO EMPREGADO CAP.18 DE LUCAS – A PARÁBOLA DA VIÚVA E DO JUIZ. Nisso fica claro que a história tratava-se realmente de uma parábola. A parábola diz que "Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caiam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber as úlceras" (cf. Lc.16:20,21). Igualmente, vemos que o homem rico da parábola não era apenas rico, mas vaidoso e se vestia do melhor daquilo que podia usufruir: "Púrpura e linho finíssimo" (cf. Lc.16:19). Ele “todos os dias se regalava esplendidamente” (cf. Lc.16:19), ou seja, era de absolutamente alta classe. Ponderamos: onde é que você já viu um banquete de alta classe de um rico que permitisse que um mendigo cheio de chagas ficasse sentado à sua porta, e que, além disso, ainda deixava que comesse das migalhas de sua mesa? Se isso já é uma possibilidade altissimamente improvável nos nossos dias, isso era completamente impossível de acontecer naquela sociedade judaica. O rico de jeito nenhum iria vir a permitir que os seus visitantes (também ricos tais como ele) passarem pela porta com um mendigo, que, além disso, ainda estava coberto de chagas, em uma doença contaminosa, possivelmente a própria lepra, comum naqueles dias. Isso faz a personalidade de um judeu rico daquela época (muito menos um que teria sido mandado para o inferno em seguida). Como se esse cenário não fosse suficientemente improvável, ainda vemos que também cachorros que lambiam as suas chagas! Quando vemos tal cenário, vemos que isso era impossível!

Tratava-se somente de uma história que Jesus criou do mesmo modo que ele criou outras histórias (parábolas) com uma lição moral a ser dela retirada. E, de fato, Cristo tinha um ponto muito importante para chamar a atenção de seus ouvintes, como veremos mais adiante. Para isso ele usava uma parábola, como é a do rico e do Lázaro. Cristo não precisava dizer: “Olha, gente, isso é uma outra parábola”; pelo simples fato de que ele “nada lhes dizia sem usar alguma parábola” (cf. Mt.13:34). Em Lucas 12:41 os seus discípulos interpretaram um ensinamento de Cristo como sendo uma parábola, mas em lugar nenhum vemos Cristo dizendo que aquilo era uma parábola (ver Lc.12:35-41). Os seus discípulos sabiam que ele lhes falava por meio de parábolas, e não precisavam questioná-lo quanto a isso, muito menos quando tal história localiza-se exatamente no meio de outras histórias parabólicas! O mesmo quadro ocorre em Mateus 7:17 quando os seus discípulos interpretam os seus ensinos como sendo uma parábola (cf. Mt.7:15-17), embora em lugar nenhum ele [Jesus] tenha feito qualquer questão de mencionar que aquilo tratava-se realmente de uma parábola. Em Mateus 15:14, Pedro identifica um ensinamento de Cristo como sendo uma parábola, embora em lugar nenhum ele [Cristo] tenha feito questão de ressaltar que aquilo era mesmo uma parábola, e em Lucas 6:39 o evangelista conta o mesmo ensinamento mas omite que aquilo tratava-se factualmente de uma parábola. Do mesmo modo, em Lucas 5:36, o autor diz que Cristo aplicava uma parábola aos seus seguidores, mas em Marcos 2:21 a mesma história aparece sem qualquer menção de estar ligada a uma parábola. Tudo isso nos faz ter a certeza de que, realmente, Jesus ensinava aos seus seguidores por meio de parábolas, que não tem qualquer necessidade de serem mencionadas como tal. Se até mesmo nestes contextos os seus discípulos sabiam que aquilo era parábola, quanto mais quando vemos que tal história parabólica está exatamente entre várias outras parábolas que Jesus estava contando! Ademais, veremos que o rico possui um corpo físico com língua e todos os outros membros. Que “espírito” mais diferente esse! Não, irmãos, tratava-se de mera parábola assim como as outras, que possuem um ensinamento moral no significado de cada elemento, mas nunca – jamais – pode ser fundamentada como regra de doutrina pelos seus meios parabólicos. Parábolas não tem meios literais - É mais especificamente neste ponto que colocamos um “fim” na superstição de que existe um estado intermediário das almas porque os meios de uma parábola tem que ser literais. É aí que muita gente se engana: Parábolas não necessitam de meios literais, ao contrário, apresenta uma finalidade verdadeira. Uma prova muito forte disso é o simples fato de que Jesus contou muitas parábolas, e se fôssemos tomar literalmente todos os meios que ele usa, iríamos encontrar inúmeros “absurdos”. Por exemplo: Neste mesmo contexto da parábola do rico e Lázaro há a parábola do administrador desonesto (cf. Lc.16:1-12). Veja o que o v.8 diz: “O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu astutamente. Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz” (cf. Lc.16:8). Analisando a parábola

literalmente, poderíamos chegar a infeliz conclusão de que Cristo aprovava a administração desonesta. Contudo, ele não estava incentivando a prática de administração desonesta, até mesmo porque em parte alguma a Bíblia aprova tal prática, mas a lição moral da parábola não é sobre administrar desonestamente (cf. Lc.16:9). Os meios da parábola não são reais e não influenciam na sua lição moral! Do mesmo modo, Jesus contou uma parábola sobre o dever sobre o dever de orar sempre e não desfalecer (cf. Lucas 18:1-8). Nela, o juiz (que representa Deus, aquele que atende as nossas orações) é tratado como “um homem mau que nem ao homem respeitava” (cf. 18:2). É óbvio que o que Cristo queria realmente ensinar não era que Deus é um homem mau, mas sim que se até um homem mal atende aos nossos pedidos, quanto mais atenderá o nosso Pai que está no Céu (que não é mau coisa nenhuma, mas poderíamos chegar a essa conclusão caso tomássemos os meios dessa parábola como reais). Em outra parábola, Deus é retratado como “um homem severo que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste” (cf. Mt.25:24). Tal noção, contudo, não condiz nem um pouco com o verdadeiro caráter de Deus! Tome também, por exemplo, outro meio de parábola contada por Cristo: “Então o senhor disse ao servo: Vá pelos caminhos e valados e obrigue-os a entrar, para que a minha casa fique cheia” (cf. Lc.14:23). Ora, será que as pessoas são forçadas a entrar no Céu, sendo obrigadas a isso? É claro que não, pois Deus nos concedeu o livre-arbítrio. Ninguém é obrigado ou forçado por Deus a ser salvo, pois a salvação é algo que implica em perseverança [nossa] até o fim (cf. Mt.24:13). Evidentemente as parábolas não tem meios literias; jamais podemos fundamentar uma doutrina bíblica sustentada por meios de parábolas. Ora, se fôssemos literalizar a parábola de Lucas 16 (do Rico e do Lázaro), então também deveríamos literalizar todas as outras parábolas também, certo? Afinal, por que a parábola do rico e Lázaro teria que ser exatamente a exceção a regra? Será que é porque somente deste jeito que os imortalistas conseguem sustentar a doutrina da imortalidade da alma baseando-se em tal parábola? Ora, se fôssemos literalizar a parábola encontraríamos, como vimos, uma série de problemas e contradições de primeira ordem à frente. As parábolas não podem jamais serem tomadas literalmente pelos seus meios, pois se fosse assim deveríamos chegar à infeliz conclusão de que Deus é um juiz mau e que não respeita ao homem; que é um homem severo que planta aonde não semeou, e que aprova a prática de administração desonesta! É óbvio que Deus não é nenhuma dessas coisas porque as parábolas nunca podem ser tomadas literalmente – em circunstância nenhuma – mas devemos retirar delas a sua lição moral. O mesmo deve ser dito também com relação à parábola do Rico e do Lázaro. Qual é a sua lição moral? Ela se encontra no verso 31: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (cf. Lc.16:31)

Veja que a lição moral da parábola em nada tem a ver com a imortalidade da alma, pelo contrário, tem relação com a incredulidade dos fariseus em rejeitarem os ensinamentos de Cristo – nem sequer uma ressurreição os faria persuadir. Quando tratamos de descrições bíblicas claras e reais (não em textos parabólicos ou simbólicos), os meios são necessariamente reais e literais ao todo. Contudo, isso não acontece quando estamos tratando de uma parábola. Parábola não necessita de meios reais, mas sim de finalidades reais. O principal problema daqueles que pregam a alma imortal é não saberem ao certo o que é uma parábola: substantivo feminino PARÁBOLA Acepções ■substantivo feminino 1 narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por meio de comparação ou analogia 1.1 narrativa alegórica que encerra um preceito religioso ou moral, esp. as encontradas nos Evangelhos Ex.: a p. do filho pródigo Vamos ver o significado de alegoria: ALEGORIA Acepções ■substantivofeminino modo de expressão ou interpretação us. no âmbito artístico e intelectual, que consiste em representar pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada e em que cada elemento funciona como disfarce dos elementos da idéia representada. Como o próprio dicionário atesta, parábolas são estórias de ficção, que Jesus frequentemente empregava para ensinar alguma coisa aos seus ouvintes. Parábolas não são e nem nunca foram histórias contadas com a intenção de passar meios reais. Se fosse assim, não faria uso de uma parábola. Parábola é quando o autor utiliza-se de meios ou cenários quaisquer, sem a obrigatoriedade de serem verdadeiros ou literais, para ensinar uma lição moral por finalidade, mediante metaforização ou personificação característicos de uma parábola, como é o caso da conversa entre árvores em 2 Reis 14:9. Isso nós podemos ver ao longo de várias parábolas contadas por Cristo, que claramente não são fatos reais – são parábolas. Por exemplo, é extremamente improvável que houvesse um homem que vendeu todos os seus bens para comprar a pérola de grande valor (cf. Mt.13:46), pois isso não faria sentido. Também não houve um administrador infiel elogiado pelo seu Senhor (cf. Lc.16:8). Igualmente, Cristo também afirmou sobre ter de arrancar os olhos ou cortas pernas ou braços para entrar no Reino dos céus. Ora, será que no Reino haverá caolhos, manetas e pernetas – tudo isso literalmente? É claro que não. Tudo isso é obviamente uma linguagem altamente metáfora, tanto quanto a parábola do rico e do Lázaro. Mais ainda do que isso, uma outra prova fatal que nos faz concluir que Cristo não estava como finalidade dado uma aula sobre o estado dos mortos, é o fato de que nem mesmo as

palavras “alma-psiquê” ou “espírito-pneuma” aparecem na nesta parábola. Pelo contrário, o rico possuía um corpo físico com dedo, língua e que sente calor e pede água para matar a sede (cf. Lc.16:24). A própria sede é uma característica do corpo, e não de um espírito “imaterial”, “fluídico”. Um espírito desprovido de corpo não tem nada disso, e a Bíblia diz que nós só teremos um corpo novamente após a ressurreição dentre os mortos (cf. 1Co.15:42-44). Jesus disse claramente que um espírito não tem nem carne e nem ossos (cf. Lc.24:39). Ora, Cristo se enganou dizendo que o rico possuía língua no Hades ou o corpo dos personagens foram parar no Hades por engano? Nenhuma das duas, era mera parábola: não exigia meios reais! Se o objetivo de Cristo ao contar esse parábola fosse exatamente anunciar a imortalidade da alma, então seria completamente indispensável a menção de “almas” ou de “espíritos” deixando o corpo e partindo para o “além”. Contudo, os personagens ali citados vão com os seus corpos e tudo mais para o Hades, e ainda sentem sede, um sentimento característico do corpo, pois um espírito não pode sentir sede. Tudo nos mostra que o que aconteceu foi a personificação de personagens inanimados e, por este motivo, não eram os “espíritos” que desciam ao Hades, mas sim os próprios corpos. Como bem assinalou o doutor Samuelle Bacchiocchi: “Os que interpretam a parábola como uma representação literal do estado dos salvos e perdidos após a morte defrontam problemas insuperáveis. Se a narrativa for uma descrição real do estado intermediário, então deve ser verdadeiro em fato e coerente em detalhe. Contudo, se a parábola for figurada, então somente a lição moral a ser transmitida deve nos preocupar. Uma interpretação literal da narrativa se despedaça sob o peso de seus próprios absurdos e contradições, como se torna evidente sob exame detido” [“Immortality or Resurrection?”] E a “confusão” não para por aqui: O rico pede que joguem um pingo água para molhar a sua língua, enquanto ele queimava em meio às chamas! Além da sede literal (por água) ser uma característica corporal (e não de um “espírito”, como anjos ou demônios, por exemplo), de que serviria um “dedo” molhado “em água” para aliviar tamanhos rigores extremos de um fogo devorador e literalmente verdadeiro que o rico estaria passando naquele exato momento e também por toda a eternidade? Ademais, a própria parábola diz que havia um abismo muito grande entre ambas as partes, motivo pelo qual o rico não podia ser molhado com água. Contudo, ele conversava com Abraão como se estivesse face-a-face com ele! Ora, se ele conversava tão perfeitamente com Abraão, então ele também poderia perfeitamente ser molhado com água, pois a distância assim o permitiria. E será possível compreender absolutamente o que cada pessoa da cena diz sendo que neste mesmo cenário havia um barulho horrivelmente aterrorizante de fogo em atividade e milhões ou bilhões de pessoas queimando e gritando aos prantos naquele mesmo momento? Quem iria compreender o que alguma pessoa fala em tal cenário? Como se tudo isso não fosse suficientemente claro, será que no Reino poderemos conversar com os não-salvos enquanto eles queimam em meios às chamas? Pois, pela parábola, tal comunicação entre os salvos e os não-salvos seria perfeitamente possível (e até “provável”). Poderíamos, caso tomássemos os meios da parábola como

literais, ver e conversar com os nossos parentes não-salvos enquanto eles queimam no inferno! Ora, bater papo com alguém nestas condições e neste cenário, é uma terrível falta de bom senso. Os que não forem salvos jamais poderão se unir novamente com os que forem salvos (por meio de uma conversa, por exemplo), pois a morte significa a separação total entre ambos os grupos. É isso o que também é ilustrado nesta parábola. Não, meus amigos, definitivamente não foi o estado dos mortos que foi ilustrado nesta parábola; não houve nenhuma descrição de “estado intermediário” algum, mas apenas e tão-somente a personificação de personagens inanimados ganhando vida (típico de parábola), em um cenário corrente na época, como veremos mais a seguir. Com toda a clareza, os imortalistas que insistirem em admitir a parábola do rico e Lázaro como sendo “prova” do dualismo platônico na Bíblia, encontrarão dilemas incontestáveis pela frente, e, por fim, acabaria por desacreditar nela. O Argumento Conclusivo - O mais revelador de tudo, não se encontra nem no que vimos acima, que foi só o início do fim dos argumentos imortalistas. Aquilo foi só “a ponta do iceberg”. O fato que mais ajuda a derrubarmos a má interpretação dos dualistas é o lugar para onde teria ido o rico (junto com o seu corpo e língua, etc): “E, no Hades, viu Abraão e Lázaro, em seu seio” (cf. Lucas 16:23) A clareza da linguagem é clara: O rico estava no Hades. E é a partir desta parábola, que surge a idéia de que todos os “espíritos” desencarnados vão para o Hades após a morte, com divisão para justos e ímpios. Ora, qual doutrina básica da fé Cristã que tem por base uma parábola? Não, nenhuma. Mas a parábola do rico e Lázaro (como única suposta “descrição” do “estado intermediário” encontrada na Bíblia) obrigatoriamente tem que ser literalizada e fundamentada como doutrina bíblica (para eles). Afinal, a maior base da doutrina imortalista é justamente os meios de uma parábola, em que os corpos descem junto para o “estado intermediário” conversar com os que já morreram enquanto se queimam entre as chamas. Pasme! Mas, mesmo que este fosse o caso, a História nos mostra que o Hades, como um local de tormento que o rico estava, é de origem totalmente pagã, e não bíblica. Veremos a seguir onde nasceu o Hades e como entrou de braços abertos na doutrina imortalista. III–A Origem pagã do Hades A Origem pagã do Hades - Na literatura hebraica, o Sheol (transliterado para “Hades” no grego), não era um local de habitação de espíritos vivos e conscientes em estado desencarnado. Já vimos que os autores do Antigo Testamento não tinham a mínima idéia de vida logo após a morte, muito menos de almas imortais ou espíritos em estado intermediário. A vida pós-morte na visão do AT era que os mortos não louvam a Deus (cf. Isaías 38:19; Salmos 6:5), não sabem de nada (cf. Eclesiastes 9:5), vale menos do que um cachorro vivo (cf. Eclesiastes 9:4), sua memória jaz no esquecimento (Eclesiastes 9:5), não tem lembrança de Deus (cf. Salmos 6:5), não confiam na fidelidade de Deus (cf. Isaías 38:18), não falam da sua fidelidade (cf. Salmos 88:12), estão numa terra de silêncio - e não de gritaria do inferno ou de altos louvores do Céu (cf. Salmos 115:17), não podem ser alvos de

confiança (cf. Salmos 146:3), não pensam (cf. Salmos 146:4), não tem proveito nenhum para Deus depois de morto (cf. Salmos 30:9), são comparados com o pó (cf. Salmos 30:9), etc. Mesmo assim, eles falavam constantemente em Sheol (Hades), como o local para onde vão os mortos. Algumas referências são: Jó 7:9, Salmos 18:5, Salmos 86:3, Salmos 139:8, Provérbios 30:16, Gênesis 37:35, Eclesiastes 9:10, entre outros. Ora, como podem os escritores do AT desacreditarem completamente no estado intermediário mas falarem tanto no Sheol? É evidente que, para eles, Sheol estava longe de ser um local de habitação consciente de espíritos desencarnados, mas era meramente uma figura para a sepultura. Na passagem de Malaquias (último livro do AT) para Mateus (o primeiro do NT) há um período de quatrocentos (conhecido como “período intertestamentário”). Neste período é que os hebreus estiveram dispersos para as nações influenciadas pelo dualismo grego que estabelecia nelas uma forte ligação ética, cultural, social e filosófica, por meio da doutrina helenista. Tais filosofias correntes na Grécia Antiga (especialmente a amplamente difundida doutrina da “imortalidade da alma”) acabaram entrando no judaísmo helenista. Tal impacto do helenismo sobre o judaísmo é evidente em muitas áreas, incluindo na adoção do dualismo grego por algumas obras literárias judaicas (inclusive vários “livros apócrifos”) produzidas nessa época. De acordo com os professores Stephen L. Harris e James Tabor, Sheol é um lugar de “vazio” que tem suas origens na Bíblia Hebraica (ou Talmud). "Seres humanos, como os animais do campo, são feitos de ‘pó da terra’ e na morte eles retornam ao pó (Gênesis 2:7; 3:19). A palavra hebraica Alma (Nephesh, Psyche), tradicionalmente traduzida por ‘alma viva’, mas mais adequadamente compreendida como ‘criatura vivente’ é a mesma para todas as criaturas viventes e não se refere a nada imortal... Todos os mortos descem ao Sheol, e lá eles jazem no sono juntos. Seja bom ou mau, rico ou pobre, escravo ou liberto (Jó 3:11-19). Ele é descrito como uma região ‘escura e profunda’, ‘a cova’, e ‘a terra do esquecimento’, interrupção da vida (Salmos 6:5; 88:3-12). Se se encara situações extremas de sofrimento no mundo dos vivos acima, como aconteceu com Jó, o Sheol pode ser visto como um alívio bem-vindo à dor - basta ver o terceiro capítulo de Jó. Mas, basicamente, ele é um tipo de ‘nada’ (Salmo 88:10)”. Harris partilha observações similares em seu “Compreendendo a Bíblia”, e acentua o fato de que houve uma associação com as religiões pagãs no período helenista que modificou o real significado de “Sheol” bíblico: “Quando os escribas judeus helenistas traduziram a Bíblia para o grego, eles usaram o termo ‘hades’ para traduzir Sheol, trazendo uma associação mitológica completamente nova à idéia de existência póstuma. Nos mitos da Grécia Antiga, o Hades, nomeado a partir da deidade sombria que o reinava, era originalmente similar ao Sheol hebraico, um submundo escuro no qual todos os mortos, a despeito do mérito individual, eram indiscriminadamente colocados" (Grifo meu) Esta é uma verdade indiscutível: O Sheol estava longe de ser uma habitação consciente de espíritos. Contudo, houve uma associação mitológica com as filosofias gregas (de imortalidade da alma). Em outras palavras, o sentido bíblico de Sheol foi totalmente deturpado pelo sincretismo com a mitologia pagã. Na mitologia grega o Mundo dos mortos, chamado apenas de Hades, é o local no subterrâneo para onde vão as almas das pessoas mortas (sejam elas boas ou más), guiadas por Hermes, o emissário dos deuses,

para lá tornarem-se sombras. É um local de tristeza. No fim da luta dos deuses olímpicos contra os Titãs (a Titanomaquia), os deuses olímpicos saíram vitoriosos. Então, Zeus, Posídon e Hades partilharam entre si o universo: Zeus ficou com os céus e as terras, Posídon ficou com os oceanos e Hades ficou com o mundo dos mortos. Os titãs pediram socorro a Érebo do mundo inferior; Zeus, então, lançou Érebo para lá também, assim tornou-se a noite eterna do Hades (Érebo também é outra designação do mundo inferior). Das Idades do Homem e suas raças, a raça de bronze, raça dos heróis, e a raça de ferro vão para o Hades após a morte. Este sincretismo com as religiões pagãs que resultou em uma aplicação totalmente diferente de Sheol/Hades: De um local no subterrâneo para onde vão as almas das pessoas mortas (sejam elas boas ou más), no “Mundo dos Mortos”, denominado Hades. Querendo ou não, gostado ou não, é uma clara deturpação imortalista do que realmente é o Sheol. Tirando os maiores absurdos, que jamais seriam assumidos pelos cristãos (como, por exemplo, o fato de serem guiadas por Hermes, o emissário dos deuses, ou dos Titãs pedirem a ajuda de Érebo), a essência pagã de Hades, como um local de habitação de espíritos, foi absorvida da mitologia pagã direto para a teologia bíblica dos imortalistas. IV–O que é o Sheol? O que é o Sheol? - Como já vimos acima, antes da mitologia pagã se infiltrar dentro dos moldes do Cristianismo, Sheol era puramente sepultura. É claro que a sua aplicação varia de passagem a passagem, mas nunca no sentido mitológico de “habitação de espíritos”. O Sheol bíblico é um local de silêncio, e não de gritaria do inferno: “Os mortos, que descem à terra do silêncio, não louvam a Deus, o Senhor” (cf. Salmos 115:17) “Se o Senhor não fora em meu auxílio, já a minha alma habitaria no lugar do silêncio” (cf. Salmos 94:17) Mais claro ainda é o Salmo 94:17, que diz de forma clara que o que habita no silêncio é a própria alma, derrubando a toda e qualquer tentativa de vulgarizar o termo como se fosse “silêncio somente para o corpo”. O salmista sabia muito bem que o local para onde iria após a morte seria de silêncio, e não de louvores entre os salvos ou de gritaria do inferno. Convenhamos: qual é o lugar do “silêncio” que o salmista fala? Claramente a sepultura. O local para onde a alma vai após a morte (cf. Sl.94:17), em estado de total inconsciência (cf. Ec.9:5,6; Ec.9:10; Sl.146:4; Sl.6:5; Sl.30:9; Sl.88:12). Outra prova clara de que os hebreus do AT sabiam muito bem que Sheol não era inferno, mas sim sepultura, é Jacó enterrando o seu filho José: “E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser consolado, e disse: Na verdade, com choro hei de descer para meu filho até o Sheol. Assim o chorou seu pai” (cf. Gênesis 37:35) Jacó evidentemente ainda não sabia que na mitologia pagã grega (de imortalidade da alma) o Hades ficava no centro da Terra. Jacó foi cavando até o inferno para enterrar o seu filho

José? Não, Jacó sabia muito bem que Sheol era puramente sepultura. Ele sabia disso porque essa era a crença da época, o sentido puro de Sheol. Ademais, Jacó foi enterrar o corpo morto de José e não uma alma ou espírito descorpóreo. Sheol não é um local de espíritos sem-corpo, mas sim de corpos falecidos. Sheol é claramente identificado como sendo sepultura. Outras inúmeras passagens nos trazem um sentido completo de que Sheol não era habitação consciente de espíritos desencarnados. Alguns exemplos, por exemplo, podem ser encontrados em Jó e em Salmos: “Porventura não são poucos os meus dias? Cessa, pois, e deixa-me, para que por um pouco eu tome alento. Antes que eu vá para o lugar de que não voltarei, à terra da escuridão e da sombra da morte” (cf. Jó 10:20,21) “Será que fazes milagres em favor dos mortos? Será que eles se levantam e te louvam? Será que no Sheol ainda se fala do teu amor? Será que naquele lugar de destruição se fala da tua fidelidade? Será que naquela escuridão são vistos os teus milagres? Será que na terra do esquecimento se pode ver a tua fidelidade?” (cf. Salmos 88:10-12). Como podemos ver, a terra era de “escuridão”! Ora, se o Hades é um local de tormento, com fogo e tudo, então o fogo remeteria a luminosidade. O local não seria nem lugar de “escuridão” e muito menos lugar de “densas trevas”. O Salmo 49:14 também deixa claro que até as ovelhas vão para o Sheol na morte: “Como ovelhas são postas na sepultura [Sheol, no original hebraico]...” (cf. Sl.49:14). É óbvio que o Sheol é apenas o pó da terra, o destino de todas as criaturas viventes. Jó também nos esclarece que o Sheol bíblico está longe de ser morada de espírito queimando em meio às chamas, ao dizer que naquele lugar ele “já agora repousaria tranquilo; dormiria, e, então, haveria para mim descanso... Ali, os maus cessam de perturbar, e, ali, repousam os cansados; os prisioneiros também desfrutam sossego, já não ouvem mais os gritos do feitor de escravos” (cf. Jó 3:13,17,18). Já não se ouve mais gritos, algo inconcebível caso Jó tivesse a idéia de que aquele local era um lugar de tormento ou de gritos de espíritos em meio às chamas. Também no livro de Eclesiastes, lemos: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque no além [Sheol], para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (cf. Ec.9:10). Como se não fosse suficientemente claro o fato de que no Sheol não há obra, nem projeto, nem conhecimento, e nem sabedoria, o salmista afirma que “quem morreu não se lembra de ti; e no Sheol quem te louvará?” (cf. Sl.6:5). É evidente que no Sheol não se pode louvar a Deus. Fica a pergunta: que tipo de “espírito” que é salvo e vai para este lugar sem poder louvar a Deus? A palavra usada em Eclesiastes 9:10 com relação ao Sheol é que não há chokmah [inteligência; razão]. Morre o homem e o ser racional se vai. Não há inteligência, não há consciência. Biblicamente, Sheol não é, e nunca foi, uma morada de espíritos vivos e conscientes em alegria ou em tormento com fogo. O maior (e talvez o único) argumento dos imortalistas para tentar negar que Sheol em sua aplicação é o mesmo que “sepultura”, é o fato de que os hebreus possuíam uma palavra própria para “Sheol” e para “sepultura”.

Este argumento, contudo, é falacioso, além de ignorar todas as provas e evidências bíblicas, sendo nulo e sem sentido. Por exemplo: nós temos na nossa língua as palavras “exterminar” e “aniquilar”, não temos? Sim, temos. Mas na prática é tudo a mesma coisa. O mesmo pode ser dito quanto ao Sheol. Uma vez que a Bíblia negue absolutamente que o Sheol possa ser uma habitação consciente de espíritos desencarnados, logo ela não é. Sheol é o sentido figurado de sepultura, tendo a mesma aplicação prática desta, é o “mundo dos mortos”, não como um local de habitação de espíritos conscientes, mas de almas mortas (cf. Núm. 31:19; 35:15,30; Jos. 20:3, 9; Gên. 37:21; Deut. 19:6, 11; Jer. 40:14, 15; Juí. 16:30; Núm 23:10), em local de total silêncio (cf. Salmos 115:17; Salmos 94:17), e em estado de total inconsciência (cf. Sl.146:4; Sl.6:5; Ec.9:5,6; Ec.9:10). No caso da revolta de Coré, por exemplo, relatada em Números 16, os seus seguidores “desceram vivos ao Sheol” (cf. Nm.16:30; Nm.16:33). Ora, seria algo totalmente inimaginável pensarmos que a terra abriu a boca para eles caírem até o centro da terra onde ficaria o Sheol, em uma “super-queda” (que deve ter demorado um tempo bem considerável...) e no meio da queda os seus corpos transformando-se automaticamente em espíritos desencarnados... Obviamente que o que aconteceu realmente é que a terra abriu a boca e os tragou enquanto ainda estavam vivos, descendo para a “sepultura” [ou “pó”], o que mostra a total correspondência entre estes dois termos. Mais forte ainda do que isso é o que afirma Jó: “Descerá ela às portas do Sheol? Desceremos juntos ao pó?” (cf. Jó 17:16). Aqui vemos Jó fazendo o uso de paralelismo.

Paralelismo é a sucessão de partes do discurso que tem entre si uma relação de similaridade de conteúdo; um encadeamento de funções sintáticas idênticas ou um encadeamento de orações de valores sintáticos iguais. Jó identifica o Sheol como sendo a mesma coisa que o pó da terra, ao relacionar ambos na mesma setença colocando valores igauis entre si. Após afirmar que ele desceria ao Sheol, afirma categoricamente que este lugar é o pó (cf. Jó 17:16). Mas, provavelmente, a maior prova é o fato de que os autores bíblicos do AT falavam constantemente em Sheol, mas, como vimos anteriormente, desacreditavam completamente em qualquer estado intermediário. Talvez seja por isso que o apóstolo Paulo, em suas epístolas, não tenha mencionado em absolutamente nenhuma vez a palavra “Hades” – o termo já estava paganizado. Aliás, nem Paulo, nem Tiago, nem João, nem Pedro, nem Judas, e nem o autor desconhecido de Hebreus: todos pareciam desconhecer tal palavra, não sendo mencionada em parte nenhuma de suas epístolas. Só há uma única razão mais provável para isso, que é exatamente não querer confundir os leitores dualistas com o sentido pagão de Hades, já em vigor na sua época. O Sheol também é caracterizado como “a terra das trevas e da sombra da morte” (cf. Jó 10:21,22), onde os mortos nunca mais vêem a luz (cf. Sl.49:20; 88:13). É também, como vimos, a “região do silêncio”, e não de gritaria do inferno ou de louvores do Paraíso (cf. Sal. 94:17; 115:17), para onde caminha a alma rumo ao local do silêncio (cf. Salmo 94:17). A idéia de descanso ou sono no Sheol fica evidente no livro de Jó que clama em meio a seus tormentos físicos: “Por que não morri eu na madre? Por que não expirei ao sair dela? [...] Porque já agora repousaria tranquilo; dormiria, e então haveria para mim

descanso [...] Ali os maus cessam de perturbar, e ali repousam os cansados” (cf. Jó 3:11,13,17). No Salmo 141:7 também fica mais do que evidente que Sheol é claramente identificado como sepultura: “Ainda que sejam espalhados os meus ossos à boca da sepultura [Sheol] quando se lavra e sulca a terra”. Até os ossos desciam para o Sheol! Se Sheol fosse um local de morada de “espíritos”, o salmista certamente mencionaria isso, mas além negar tal fato ele acentua que são os ossos que descem ao Sheol, o que nos revela que é um local não de “espíritos”, mas de corpos mortos, que jazem na sepultura. De igual modo, Davi adverte seu filho Salomão com relação a Simei: “Mas, agora, não o considere inocente. Você é um homem sábio e saberá o que fazer com ele; apesar de ele já ser idoso, faça-o descer ensangüentado à sepultura [Sheol]” (cf. 1Rs.2:9). Novamente, o original hebraico verte a palavra “Sheol”, e não “sepultura” como a maioria dos tradutores preferiram traduzir. Aqui vemos que alguma pessoa pode descer ensanguetado ao Sheol, o que nos mostra claramente que o Sheol não é uma morada de espíritos incorpóreos, mas sim a própria sepultura, para o qual é o destino dos corpos que morreram. Por isso, até mesmo o sangue das pessoas descem ao Sheol [sepultura]. Isso explica porque em absolutamente nenhuma parte das Escrituras é mencionado espírito-ruach/pneuma no Sheol/Hades. Este nunca foi algum tipo de “morada de espíritos”! Fica mais do que claro que nenhum escritor bíblico pensava em Sheol como uma morada consciente de espíritos desencarnados, como um local de tormento ou suplício. Se fosse esse o sentido primário de Sheol, então veríamos uma infinidade de passagens bíblicas que relatam tal fato, o que não é verdade. Aliás, nem sequer o elemento “fogo” aparece relacionado em qualquer descrição de Sheol. Que maneira “estranha” de descrever o inferno! Portanto, vemos que o Sheol bíblico não é um lugar onde Caim está queimando há seis mil anos até hoje, mas sim uma figura da sepultura, o lugar para onde parte a alma após a morte (cf. Is.38:17; Sl.94:17; Jó 33:18; Jó 33:22; Jó 33:28; Jó 33:30). Sheol é sepulcro, pó, profundezas da terra, morte, vazio, túmulo. Jamais foi morada de espíritos em plena atividade e consciência, em regozijo ou em tormento. Nunca, nunca é mencionado tormento no Hades. Na parábola do rico e do Lázaro, o que ocorreu foi uma metaforização e personificação dos personagens (Abraão, Lázaro, o rico) bem como do próprio cenário onde se passava a parábola (Sheol), que não exige meios literais. Prova forte disso é que a própria parábola retrata o rico indo para a sepultura (v.22), e depois mostra ele no Hades (v.23) sem fazer menção de “almas” ou “espíritos”, mas com o seu próprio corpo natural (v.24), o que nos mostra a correspondência entre a sepultura e o Hades, e que nos revela que o que de fato ocorreu foi uma metaforização e personificação própria dos meios de uma parábola, como é no caso de 2 Reis 14:9 em que as árvores falam. V–O Significado da Parábola Voltando à parábola - Já vimos que a parábola não pode ser analisada literalmente. Vários fatores corroboram para isso, incluindo o fato de que os personagens possuem corpos reais, com língua, dedo, sentimento de sede, o local onde a parábola se passava e outras

parábolas que claramente também não necessitam de meios reais. Observe esta outra parábola bíblica: “Porém Jeoás, rei de Israel, enviou a Amazias, rei de Judá, dizendo: O cardo que está no Líbano enviou ao cedro que está no Líbano, dizendo: Dá tua filha por mulher ao meu filho; mas os animais do campo que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo” (cf. 2 Reis 14:9). Analisando literalmente (assim como fazem com a parábola do Lázaro), cardo e cedro (que são árvores) falam. Creio que a maioria das pessoas concorde que as árvores não falem. São parábolas, e parábolas são metáforas, alegoria, estória, ficção, que não podem ser classificadas literalmente. Se pretendêssemos usar as parábolas literalmente, deveríamos – usando a mesma lógica que os imortalistas fazem com a parábola do Lázaro – dizer que as árvores também falam e fundamentarmos isso como doutrina. Felizmente, parábolas não são relatos literais, e sim metáforas com uma lição moral. Sendo assim, as árvores (realmente) não falam. É evidente que cada elemento na parábola acima de 2 Reis tinha o seu devido significado e a sua devida lição moral. Nada mais que dois reis: O de Judá (Amazias), e o de Israel (Jeoás); são personificados pelas árvores. Jeoás compôs a parábola para Amazias. Este não a atendeu (cf. 2 Reis 14:11), e por isso, o povo do “cardo” (Amazias) foi ferido pelos “animais do campo” (exército do “cedro” – Jeoás). A lição não era que as árvores falam, mas sim uma mensagem aos que lessem a metáfora a partir da personificação de personagens inanimados. A mesma linguagem vemos em várias outras partes da Bíblia: “Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei; e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós. Mas a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, para ir balouçar sobre as árvores? Então disseram as árvores à figueira: Vem tu, e reina sobre nós. Mas a figueira lhes respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, para ir balouçar sobre as árvores? Disseram então as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós. Mas a videira lhes respondeu: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, para ir balouçar sobre as árvores? Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós. O espinheiro, porém, respondeu às árvores: Se de boa fé me ungis por vosso rei, vinde refugiar-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro, e devore os cedros do Líbano” (cf. Juízes 9:8-15) Novamente, a lição não era que as árvores ou os espinheiros falem ou dialoguem entre si. Tudo não passava de mera parábola em que as oliveiras, a figueira e a videira representavam aqueles que não quiseram reinar sobre as “árvores” (povo de Siquém). As mais valiosas árvores do Oriente Médio aqui simbolizam os homens principais de Siquém, e o espinheiro era um arbusto farpado comum nas colinas da Palestina e representava apropriadamente Abimeleque, que nada produzia de valor. Os meios eram puro simbolismo e representação comum na Bíblia Sagrada; não eram verdades literais porque nem árvores, nem cedros, nem cardos, nem oliveiras, nem figueiras, nem videiras e nem espinheiros falam! É óbvio que a única coisa que devemos tirar como verdade literal é a sua lição moral, e não os seus meios. O mesmo deve ser dito com relação à parábola do Lázaro, em que houve uma personificação, vivificação dos personagens ali apresentados (Lázaro, o rico e Abraão)

bem como uma metaforização do cenário (Hades) que, como vimos, é puramente sepultura. É comum a Bíblia personificar personagens inanimados. A PERSONIFICAÇÃO BÍBLICA DE PERSONAGENS INANIMADOS 1 “Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei; e disseram à oliveira: Reina tu

sobre nós” (cf. Juízes 9:8-15) 2 “O cardo ... mandou dizer ao cedro ... Dá tua filha por mulher a meu filho” (cf. 2

Reis 14:9) 3 “Disseram então as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós” (cf. Juízes 9:12) 4 “Porque a pedra clamará da parede, e a trave lhe responderá do madeiramento”

(cf. Habacuque 2:11) 5 “Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão” (cf. Lucas 10:40; Mateus 3:9) 6 “O ouro e a prata de vocês enferrujaram, e a ferrugem deles testemunhará contra

vocês e como fogo lhes devorará a carne” (cf. Tiago 5:3) 7 “A voz do sangue do teu irmão clama da terra a mim” (cf. Gênesis 4:10) 8 “Quando ele bradou, os sete trovões falaram” (cf. Apocalipse 10:3) 9 “Ao sangue aspergido, que fala melhor do que o sangue de Abel” (cf. Hebreus

12:24) 10 “E ouvi o altar responder: Sim, Senhor Deus todo-poderoso, verdadeiros e justos

são os teus juízos” (cf. Apocalipse 16:7) 11 “Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que por vocês

foi retido com fraude, está clamando contra vocês” (cf. Tiago 5:4) 12 “Então jubilarão as árvores dos bosques perante o Senhor, porquanto vem julgar a

terra” (cf. 1 Crônicas 16:33) 13 “Pois com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros

romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores de campo baterão palmas” (cf. Isaías 55:12)

14 “Mas, pergunta agora às alimárias, e elas te ensinarão; e às aves do céu, e elas te farão saber; ou fala com a terra, e ela te ensinará; até os peixes o mar to declararão” (cf. Jó 12:7,8)

15 “Ressoe o mar, e tudo o que nele existe; exultem os campos, e tudo o que neles há!” (cf. 1 Crônicas 16:32)

16 “Os rios batam as palmas; regozijem-se também as montanhas” (cf. Salmos 98:8) As pessoas se esquecem que é comum a Bíblia personificar personagens inanimados, ainda mais em um contexto parabólico ou simbólico! Biblicamente, as árvores, sangue e trovões falam mais do que os mortos, que, quando falam, é em um contexto claramente metafórico, inserido em um contexto que dá margens a isto. Os meios de uma parábola nunca, nunca são literais e, por isso, o nosso próximo passo agora é descobrirmos o que representa cada elemento personificado na parábola do Lázaro. Entendendo a parábola - A Bíblia não diz que o rico era um rico ímpio. Diz apenas que era “um homem ímpio e... morreu” (Lc.16:22). E isso nunca, jamais, em circunstância nenhuma, pode ser considerado um “pecado” digno de lançar uma alma no fogo do inferno. Se fosse assim, então muitos homens por serem ricos deveriam partilhar do inferno também, incluindo Abraão, Isaque, Jacó, Jó, José de Arimatéia, etc. Lembre-se que estamos analisando a parábola literalmente como os imortalistas o querem que façamos para fundamentar uma doutrina bíblica. A parábola diz apenas que era um

homem rico. Em momento nenhum diz que era um homem mau ou profano. E quanto Lázaro? A situação piora ainda mais para o lado dos imortalistas, pois a parábola diz apenas que ele “era um homem pobre e... morreu”. Ora, jamais poderíamos pressupor que ser pobre ou mendigo é passaporte para ir direto para o Céu. Não. A Bíblia não ensina, em nenhum lugar, que por ser pobre ou ter sofrido muitas dores, alguém tem a garantia celestial. Isso não é bíblico! E a parábola nada diz de ser Lázaro um mendigo do “bem”, diz apenas ser um mendigo. Pense: se o rico fosse uma representação todos os justos e Lázaro representasse todos os ímpios (como querem os imortalistas), então não seria estranho que em momento nenhum Jesus dissesse que o rico era ímpio ou que o pobre Lázaro era justo? Afinal, isso seria da maior fundamental importância caso fosse este o caso que Cristo quisesse ilustrar. Se fosse este o caso, então nos seria dito claramente que o rico era ímpio e o mendigo, justo. Mas isso não nos é relatado, porque, como veremos, não era isso o que Jesus ilustrar. Ademais, se a parábola deve ser analisada literalmente, então deveríamos colocar todos os pobres no Céu e todos os ricos no inferno. Irmão, são parábolas, e

parábolas não tem meios reais; jamais podem entendidas literalmente. Ademais, a parábola nos indica que Lázaro era do pior tipo de gente, com o corpo todo carcomido e cheio de chagas por uma doença terrível, presumivelmente a lepra. A obrigação, por Lei, de qualquer leproso (ou nestas condições do Lázaro da parábola) era de passar longe das demais pessoas e ainda gritar: “Imundo! Imundo!”. (cf. Lv.13:44-46). Isto quando não eram apedrejados. Pobres criaturas! Agora continue imaginando o cenário: Um rico, de alta classe, de repente se depara com esse pobre “farrapo” de gente, com cães lambendo as feridas em carne viva, devorada pela lepra. Qual seria sua reação? Deixaria ele comer da comida ou o expulsaria dali? Lembrem-se, pessoas como o pobre Lázaro nem mesmo podiam chegar perto de alguma pessoa da sociedade! Quanto mais comer das migalhas de algum homem rico! Qual seria sua atitude ao encontrar, na porta de sua casa um leproso, em tamanho avançado grau de enfermidade? Sua reação é uma incógnita, mas a do Rico da parábola, não. Não só o permitiu comer das migalhas, como também não o expulsou dali (o que seria de acordo com a própria lei) e, além disso, pelo relato percebemos que tal fato deve ter durado dias de benevolência! Portanto, esse Rico da parábola não era um homem mau, mas bom, de coração e inclinado a fazer tal “caridade”. Ora, se Lázaro por ser mendigo foi para o Seio de Abraão, por que o rico também não foi, uma vez que não é nenhum “pecado” ser rico, e, esse da parábola, demonstrou genuína humanidade? Por que o rico também não foi salvo, se a parábola deve ser analisada literalmente ou se a intenção de Cristo era representar os homens ímpios que vão para o inferno a partir dessa parábola? Se essa fosse a intenção de Cristo, deveríamos esperar que ele narrasse um homem rico completamente desumano, ímpio, ladrão, que merecesse verdadeiramente um inferno para si. Esperaríamos realmente a descrição de alguém que nem ao menos deixa o pobre comer das migalhas e que ainda o chuta para fora, ou que consegue a sua riqueza por meios desonestos. Contudo, isso está muito longe de ser o caso! Ademais, se os salvos personificados pelo mendigo conversam com os ímpios no inferno, personificados pelo Rico;

imaginemos, por exemplo, que você esteja no Céu, gozando a bem-aventurança, quando, de repente, você ouve gemidos, e estes aumentam gradativamente. Você então contempla seu parente ou amigo no inferno, com o fogo inclemente o consumindo; sob gritos e torturas horríveis. Medite: Como você se sentiria, vendo-o do lado de lá, um amigo ou parente nesta estado? Afinal, se a parábola deve ser analisada literalmente, então o Céu e o inferno são separados por uma “parede-de-meia”, certo? Ora, é impossível acreditarmos numa coisa dessas, mas tal cenário insuportável é o que deveríamos admitir em caso de aceitar que os meios da parábola são literais. Selecionei uma lista com apenas vinte de todos os absurdos a que chegaríamos caso fundamentássemos a parábola como uma doutrina bíblica: ERROS E CONSTATAÇÕES DA ANÁLISE LITERAL DA PARÁBOLA PELOS SEUS

MEIOS 1 Os mortos partem para o outro mundo não como “espíritos”, mas com o seu

próprio corpo com dedos, línguas, etc. 2 Os “espíritos” sentem sede (v.24). 3 Ser rico é motivo de ser mandado ao inferno, apesar de ter demonstrado tão

grande benevolência para com o pobre Lázaro e a própria parábola nada dizer de que o Rico era um homem mau!

4 Ser mendigo é passaporte para o Céu. 5 O Céu e o inferno ficam um bem do lado do outro (veríamos os nossos amigos ou

parentes queimando lá do outro lado!). 6 Apesar de haver um “abismo intransponível” entre ambas as partes, os salvos

podem ficar conversando a vontade com os ímpios que estão queimando no inferno (vs. 25 e 26). A comunicação entre os justos do Céu e os ímpios do inferno é perfeitamente possível (poderíamos ficar conversando com os nossos amigos ou parentes enquanto eles ficam queimando lá do outro lado!).

7 É possível falar perfeitamente como em uma conversa normal enquanto queima-se entre as chamas de um fogo verdadeiro (vs. 23-31).

8 O mediador não é Jesus, mas Abraão, para atender o chamado do rico (ver 1 Timóteo 2:5; João 14:6; Efésios 2:18, etc)

9 Usando a mesma lógica que os imortalistas usam com a análise literal dos meios de uma parábola, concluímos que as árvores falam (cf. 2 Reis 14:11).

10 Esse “Paraíso” é meio “esquisito”: Não há menção de Deus naquele lugar, e nem de Jesus.

11 Se os mortos partem para o “Seio de Abraão”, então Abraão morreu e partiu para o seio dele mesmo.

12 Para onde iam os que morriam antes de Abraão? 13 Caim inaugurou o tormento do Hades e está queimando há seis mil anos até hoje. 14 Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz

conclusão de que Deus é um juiz mau que nem ao homem respeita (meios da parábola de Lucas 18:1-8)

15 Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz conclusão de que a Bíblia aprova a prática de administração desonesta (meios da parábola de Lucas 16:1-12)

16 Os meios de uma parábola são reais e, portanto, deveríamos chegar à infeliz

conclusão de que e Deus é um homem severo que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste (meios da parábola de Mateus 25:24)

17 Se o Hades/Sheol é o inferno ou algum local de tormento, então Jacó foi sepultar o seu filho José no inferno (cf. Gn.37:35).

18 Se o Hades/Sheol é alguma “morada de espíritos”, então Davi estava enganando-se a si mesmos e aos outros ao escrever que são os ossos que descem ao Sheol (cf. Sl.141:7 – “Sheol”, no original hebraico)

19 Como explicar que na própria lição moral da parábola (ou seja, o que realmente devemos retirar dela como fonte de doutrina teológica), o personagem Abraão fala em “ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (vs. 30 e 31), confirmando que só a ressurreição é o caminho do retorno de quem morreu à existência?

20 Por que Abraão diz ao Rico que “recebeste os teus bens em tua vida” (v.25), e não disse “na outra vida”, como seria o caso se ele estivesse falando com uma pessoa com vida e se isto fosse uma história real e literal?

É evidente, portanto, que se trata de mera parábola e como as outras devemos tirar dela a sua lição moral e não analisá-la literalmente e muito menos podemos sair por aí fundamentando importantes doutrinas bíblicas edificando-as sobre meios de parábolas! Assim como na parábola de 2 Reis a lição não era que as árvores falam, mas cada elemento tem o seu devido significado, assim também o é na parábola do rico e Lázaro. São parábolas, e parábolas não tem meios reais; jamais podem entendidas literalmente. Em circunstância nenhuma podem ser interpretadas literalmente pelos seus meios. O nosso próximo passo, a partir de agora, é desvendarmos o que cada um representava na parábola. O significado dos elementos - O homem rico representava a nação judaica, que se orgulhava de se auto-considerar “os filhos de Abraão” (cf. Jo.8:33). Eram o povo escolhido de Deus, a nação eleita, sacerdócio real, tinham a Lei de Deus, os Mandamentos, eram os filhos legítimos de Abraão. Deus lhes computou todas as responsabilidades do Reino como os Seus filhos, como a Sua nação eleita. Contudo, rejeitaram o Messias, rejeitaram o Filho de Deus encarnado, preferiram seguir os seus caminhos e as suas tradições, fundamentando-as na segurança de serem os filhos de Abraão, a nação de Jeová e, portanto, os filhos legítimos do Reino. Em contraste, como eles consideravam os gentios? Os consideravam como os coitados, considerados como cães, imundos e indignos do favor do Céu, pelos judeus. Não foram os “escolhidos de Deus”, eram, portanto, os “Lázaros espirituais”. Enquanto os judeus receberam tudo de bom nesta vida, recebendo o favor de Deus como a nação eleita e sacerdócio real, para lhes ser computada como justiça, os gentios (representados pelo mendigo Lázaro) eram os “pobres” do Reino. Ficavam para trás, o máximo que faziam era “comer as migalhas” daqueles que faziam parte do Reino, os judeus, representados pelo Rico. Como o rico, os judeus não estendiam a mão para auxiliar os gentios em suas necessidades espirituais. Permitia apenas comer das migalhas. Cheios de orgulho, consideravam-se o povo escolhido e favorecido de Deus; contudo não serviam nem adoravam a Deus. Depositavam confiança na circunstância de serem filhos de Abraão, dizendo: “Somos descendência de Abraão” (cf. Jo.8:33), e diziam isso com altivez.

Assim, foram os judeus comparados ao homem Rico da parábola, pelo fato de que possuíam as riquezas do evangelho; mas, no entanto, não cumpriram a vontade de Deus a respeito deles, que era de ser a luz dos gentios. No campo religioso, os pobres gentios pegavam mesmo, apenas as migalhas. Uma cena que exemplifica bem esse quadro encontra-se no evangelho de Mateus: “E, partindo Jesus dali, foi para as bandas de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou dizendo: Senhor, filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoniada. Mas Ele não lhe respondeu palavra. E os discípulos, chegando ao pé dEle, rogaram-lhe dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E Ele respondendo disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela e adorou-O dizendo: Senhor, socorre-me. Ele porém, respondendo disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé: Seja isto feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã” (cf. Mateus 15:21-28). Aquela mulher cananéia (gentios) também queria compartilhar das “migalhas” da mesa, assim como o mendigo Lázaro. Uma descrição perfeita daquele cenário. O que Jesus fez? Elogiou a sua fé. Apesar de ele ter sido chamado para a “casa de Israel”, ficou impressionado com a fé dos gentios, pois “nem mesmo em Israel encontrou tamanha fé”. Aquela gentia contentava-se em comer das migalhas da mesa, como é o caso de Lázaro na parábola. Outro exemplo disso encontra-se em Mateus 8:5-13. Nesta experiência o centurião expressou exatamente o que os judeus pensavam dos gentios: “No sou digno de que entreis em minha casa” (v.8). No entanto, o centurião demonstrou grande fé quando disse: “Diga somente uma palavra e meu criado sarará” (v.8). Jesus curou o servo daquele gentio e publicamente elogiou sua fé com estas palavras: “Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé” (v.10), e, por fim, assegurou que muitos gentios irão se assentar na mesa com Abraão (cf. Gl.3:27-29; Rm.10:12). Apesar de serem considerados “a descendência de Abraão”, os gentios demonstravam uma fé muito superior do que a dos próprios israelitas! Embora estes fossem “os ricos do Reino”, devendo ser a luz das nações e os reis da terra deveriam caminhar vendo a glória de Deus que paira sobre eles (cf. Is.60:3), não aproveitaram essa sua riqueza. Os gentios, contudo, mesmo sendo os “Lázaros espirituais”, desprezados pelos judeus por não serem os “filhos de Abraão”, demonstraram uma fé muito superior a dos próprios judeus. No pátio do Templo de Jerusalém havia uma linha demarcatória que, no caso de ali algum gentio passar, morria imediatamente (cf. At.21:29); isso porque eram considerados indignos pelos judeus de cultuar a Deus no Seu Templo. Portanto, Cristo quis ensinar nesta parábola que os judeus (Rico) banqueteavam-se na mesa da verdade, enquanto os gentios (Lázaro), eram como os cachorrinhos que procuravam a todo custo apanhar ao menos das migalhas do evangelho. E, de fato, eles passaram a fazer parte da mesa de Deus, unidos em “um só povo” (cf. Jo.11:52). Isso serviu de lição moral ao grupo dos fariseus, exatamente para quem Cristo dirigia essa parábola (v.14,15). A maior prova de que o Rico (nação judaica) recebeu “seus bens em sua vida”, como nos informa a parábola, foi o fato de ter sido chamada para ser o sacerdócio real de Deus na Terra, nação santa, peculiar.

Sobre ela o Senhor dispensou, por séculos, bênçãos sem limites, além de dar-lhes uma terra onde mana leite e mel e, finalmente, deu-lhes o próprio Messias, o Salvador. A reação do rico (judeus), contudo, foi esta: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (cf. Jo.1:11). Os judeus, portanto, rejeitaram o Messias (o Rico morre). Assim sendo, perderam a soberania divina sobre as demais nações. O evangelho haveria de ser então anunciado em seu poder aos gentios (Lázaro), a fim de que também eles participassem da mesa do Reino. Não comeriam mais migalhas da mesa do Senhor, mas fariam parte da mesa do Reino. O que Jesus faz? Ele tira do próprio Abraão, sobre o qual aquela nação judaica se orgulhava em sua chamada “superioridade”, as palavras que este haveria de ter dito em pessoa: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite” (cf. Lc.16:31). Essa é a lição moral da parábola. Nada, nem mesmo uma ressurreição, poderia converter aquela nação novamente. Tornaram-se cegos espirituais, cavaram-se a si mesmo um abismo intransponível entre eles e Deus, entre eles e a salvação. Os gentios, contudo, haveriam de desfrutar muito maior bem-aventurança! Conclusão - Concluímos, pois, que a parábola não deve ser interpretada literalmente pelos seus meios fundamentando-a como doutrina, pelo contrário, tem cada elemento o seu devido significado ao exemplo das outras parábolas que também não apresentam meios literais, mas uma verdade moral. Diante do contexto, vemos que Cristo contou essa parábola para condenar os fariseus (cf. Lc.16:14,15), que representavam exatamente a hipocrisia dos judeus em considerar-se “os filhos de Abraão” (cf. Jo.8:33). Jesus, então, põe na boca de Abraão as palavras que este haveria de ter dito em pessoa: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (cf. Lc.16:31). Ele contou a parábola do rico e do Lázaro, em que o rico representava o próprio povo judeu que teve todas as oportunidades nesta vida, mas a desperdiçou, enquanto, em contraste, os gentios (representados por Lázaro na parábola) eram os “Lázaros espirituais”, desprezados pelos judeus, mas que desfrutariam de muito maior bem-aventurança do que a própria nação judaica que se autoproclamava os “filhos de Abraão”. O quadro todo representava aquela nação judaica que se orgulhava por serem os filhos de Abraão escolhidos de Deus (representados pelo Rico), quando na verdade os que são da fé, estes sim é que são os verdadeiros filhos de Abraão (representados pelo pobre Lázaro). Por fim, a lição moral da parábola é que “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite” (cf. Lc.16:31). Os fariseus desprezavam Jesus, não acreditavam nele, o perseguiam, apesar de todos os feitos milagrosos de Cristo, incluindo o de ressuscitar os mortos. Jesus havia ressuscitado exatamente um homem chamado Lázaro (cf. Jo.11:43,44), que havia voltado à vida após quatro dias em que esteve morto, mas nem mesmo assim os fariseus acreditaram nele, e ainda continuavam a o perseguir! Então ele ensina que para aqueles que se proclamavam os “filhos de Abraão”, nenhuma prova – nem mesmo sequer uma ressurreição, como foi a de Lázaro – os fariam mudar de opinião e converter-se. O próprio Abraão que os condenava!

Jesus não estava dizendo que literalmente algum morto teria que voltar a vida para contar sobre os tormentos do Hades, convertendo assim aquela nação judaica, pois a Bíblia traz um relatório de sete pessoas que foram levantadas dentre os mortos (cf. 1 Reis 17:17-24; 2 Reis 4:25-37; Lucas 7:11-15; 8:41-56; Atos 9:36-41; 20:9-11), mas absolutamente nenhuma delas teve uma experiência de pós-morte para compartilhar. Lázaro, que foi trazido à vida após quatro dias morto não teve nenhuma experiência fora do corpo, e muito menos alguma “mensagem” para trazer a família nenhuma. O que Jesus estava fazendo era uma exortação a comunidade: Ouvirem a Moisés e aos profetas, antes que seja tarde demais. Na parábola do Rico e Lázaro, Cristo mostra que é nesta vida os homens decidem seu destino eterno, porque, depois, apenas por meio da ressurreição ganharemos vida (cf. Lc.16:31). Durante o presente momento, essa salvação é oferecida por Deus indistintamente, a toda criatura, sem distinção entre judeus ou gregos. Mas, se os homens desperdiçam as oportunidades na satisfação própria, acabam por si mesmos cavando entre eles e Deus um abismo intransponível. VI–Deus de vivos, não de mortos – Argumento contra ou a favor da imortalidade da alma? Outra passagem que tem sido olhada pela ótica dualista é o que Jesus diz em Lucas 20:38,39 – “Ora, Deus não é Deus de mortos, e, sim, de vivos; porque para ele todos vivem”. Infelizmente, bastaria que as pessoas lessem o versículo anterior para entender o que Jesus queria provar com aquilo: “E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o indicou no trecho referente à sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, e, sim, de vivos; porque para ele todos vivem. Então disseram alguns dos escribas: Mestre, respondeste bem. Dai por diante não ousaram mais interrogá-lo” (cf. Lucas 20:37-40). Do início ao fim Jesus estava usando tal passagem para provar a ressurreição dos mortos, e não uma imortalidade da alma. O fato é que, pelo contexto, Jesus estava debatendo com uma seita da época, chamada de “saduceus”. Estes saduceus não acreditavam na ressurreição dos mortos: “Então se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e

lhe perguntaram...” (cf. Mc.12:18) Então, Jesus, para provar que os mortos hão de ressuscitar, citou o trecho que diz que Deus é o Deus de Isaque, Abraão e Jacó, provando assim que eles ainda seriam ressuscitados; eles não estavam mortos para todo o sempre como acreditavam esses saduceus (que não criam na ressurreição para trazer de novo alguém a vida), porque se fosse assim Deus iria dizer que era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. O intuito de Cristo era mostrar para aquele grupo de religiosos que não acreditavam na ressurreição, que essa era um fato que iria acontecer, pois Deus não é um Deus de mortos. Logo, todos os mortos – incluindo Isaque, Abraão e Jacó – seriam ressuscitados, ao contrário do que acreditavam os saduceus, e viveriam com Deus. Do início ao fim a passagem é para provar a ressurreição dos mortos:

“E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o indicou no trecho referente à sarça,

quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” (cf. Lc.20:37,38) Fica muito mais do que claro que Jesus usou essa passagem para desacreditar aquilo que os saduceus acreditavam, isto é, que os mortos não vão ressuscitar nunca. Se a ressurreição não acontecesse, Deus seria Deus de mortos. O evangelho de Marcos também é revelador para descobrirmos o que Jesus estava querendo dizer com esta passagem: “Pois, quando os mortos ressuscitarem, serão como os anjos do Céu, e ninguém casará”

(cf. Mc.12:25) “Quando os mortos ressuscitarem”.... e não quando a nossa alma imortal deixa o corpo por ocasião da morte! Veja que Jesus disse claramente, no contexto, que “quando os mortos ressuscitarem”, é isso o que Jesus queria provar. Se a intenção de Cristo fosse provar a imortalidade da alma (algo estranho, pois a pergunta não foi sobre isso, mas sobre a ressurreição), então decerto teria dito: “Quando vocês morrerem... serão como anjos

no Céu”, se a alma fosse direto para o Paraíso. Contudo, Jesus é claro em dizer: “Quando os mortos ressuscitarem serão como anjos

no Céu”. Na verdade, quando os defensores da imortalidade da alma usam esta passagem como suposta “prova” do estado intermediário, eles mal sabem que tudo não passa de um famoso “chute no pé”. Além de demonstrar uma lastimável interpretação de texto (sem observar o contexto histórico e a contextualização textual que desmontam por completo com a interpretação deles), a passagem ainda sustém uma grande prova contra o estado intermediário. Por quê? Simplesmente porque Cristo afirma categoricamente que “quando os mortos

ressuscitarem, serão como os anjos do Céu” (cf. Mc.12:25). Ora, se o espírito dos salvos partisse para o Paraíso logo no momento da morte em um “estado intermediário”, então decerto Cristo teria dito que “quando morrerem... serão como anjos no Céu”. Contudo, é somente na ressurreição que tal fato se concretiza. Ademais, os próprios saduceus (que não acreditavam em nada após a morte e nem em ressurreição) sabiam que o Mestre não acreditava em um “estado intermediário”, por isso perguntam a ele focando no momento da ressurreição, pois é somente neste momento em que os mortos voltam à vida: “Na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?” (cf. Mc.12:23). Ademais, devemos ressaltar o fato de que neste mesmo contexto, Cristo relata que “não podem mais morrer, pois são como os anjos. São filhos de Deus, visto que são filhos da ressurreição” (cf. Lc.20:36). Aqui vemos que os que partem deste mundo tornam-se imortais (“não podem mais morrer”) e tornam-se como os anjos (“são como os anjos”) a partir da ressurreição dentre os mortos, como é claramente indicado pelo contexto (vs. 33 e 34) e pelo próprio fim do verso que torna tal afirmação muito evidente ao relatar explicitamente que são “filhos da... ressurreição” (v.36). Vemos, portanto, que esta passagem em lugar de favorecer a doutrina da imortalidade da alma, constitui-se exatamente em uma forte confirmação de que a vida eterna e a era

vindoura se dará pela ressurreição dos mortos! Finalmente – como se tudo isso não fosse suficientemente claro para vermos como os imortalistas deturpam essa passagem bíblica tirando-a do seu contexto – a lógica de Cristo nesta passagem só faria sentido caso que os mortos estivessem literalmente mortos mesmo (i.e, sem vida) e só ganharão vida a partir da ressurreição. Em primeiro lugar, porque se Cristo tivesse provado que os mortos estão atualmente vivos (como os imortalistas interpretam erroneamente o verso 38), então isso – por si só – em absolutamente nada provaria que os mortos iriam ressuscitar, pois Cristo usou aquilo para provar a ressurreição que os saduceus duvidavam (Lc.20:37; Lc.20:33), e tal argumento de Cristo no verso 38 (supostamente de que os mortos já estivessem vivos) não seria nenhuma “prova incontestável” da ressurreição, uma vez que os mortos poderiam viver eternamente em um estado desencarnado (como criam os gregos de sua época) na forma de uma alma imortal. Se, contudo, ponderamos que os mortos estão sem vida, vemos que tal afirmação de Cristo (de que Deus não é Deus de mortos) prova totalmente a ressurreição, uma vez que, sem ela, Deus seria Deus de mortos, e que o próprio fato Dele ser Deus de vivos prova que eles sairão deste estado de morte (i.e, sem vida), para necessariamente passar por uma ressurreição, ganhando vida, pois senão Deus seria um Deus de mortos e diria que era o Deus de Abraão, Isaque, Jacó, etc. Então torna-se lógico que tal argumento de Cristo só seria validado caso os mortos estivessem literalmente mortos (i.e, sem vida) para ganharem vida somente a partir da ressurreição, pois somente desta maneira o objetivo de Cristo em provar a ressurreição se concretizaria. Se os mortos já estivessem vivos, tal passagem não provaria a ressurreição, e o argumento seria inútil. Tal pretensão imortalista falha em inúmeros pontos, como vimos: (1) O argumento de Cristo para provar a ressurreição somente a provaria efetivamente em caso que os mortos estivessem literalmente mortos (sem vida) como de fato eles estão. (2) Cristo não quis de maneira nenhuma provar que os mortos estão vivos, pois o verso 37 diz claramente que ele usou tal argumento para provar “que os mortos hão de ressuscitar”, e não de que eles já estão vivos em algum lugar. (3) Os que morrem são filhos “da ressurreição” (v.36), e não da alma imortal, do estado intermediário ou da imortalidade da alma. Eles são considerados “filhos da ressurreição” porque é somente a partir dela que eles ganham vida. (4) Nós nos tornaremos semelhantes aos anjos (não no aspecto físico, mas no sentido de que não possa mais se dar em casamento – v.35) quando “os mortos ressuscitarem” (Mc.12:25), e não quando a alma supostamente partiria do corpo rumo a um “estado intermediário” imaginário. (5) O saduceus sabiam que Jesus não acreditava no estado intermediário, por isso perguntaram direto se “na ressurreição, de qual delas será ela esposa...” (Mc.12:23) Vemos, portanto, que quando analisamos o devido contexto, tal passagem não apresenta absolutamente nenhuma – nenhuma mesmo – prova da “imortalidade da alma”, mas constitui-se em uma fortíssima prova contra ela. Basta analisarmos o devido contexto, e

deixarmos o texto fluir normalmente, que toda e qualquer pretensão imortalista cai por terra. Irmãos, quanto mais vocês lerem, mais verão quantas passagens completamente deturpadas como essa tem sido usadas numa tentativa desesperada em provar uma doutrina que é gritantemente contrária aos ensinamentos claros das Escrituras. VII–A Destruição da Alma A passagem de Mateus 10:28, em que Jesus diz:: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo”, tem sido vista pelas lentes dualistas como um apoio para a doutrina da imortalidade da alma, possivelmente como a única passagem bíblica dentre mais de 1600 em que a “alma” é mencionada com possibilidade de ser imortal. Tal interpretação, contudo, seria muito, muito estranha: Se o que Jesus queria provar em Mt.10:28 era a doutrina da imortalidade da alma, por que então a continuação deste mesmo diz que a alma-psiquê é destruída junto com o corpo? Afinal, se a alma é destruída, então ela não é imortal. E, se Cristo queria provar que a alma nunca é destruída, então certamente não teria dito que ela pode perecer. Ademais, um elemento imaterial não poderia jamais sofrer a destruição que afeta o corpo e nem perecer. Para entendermos o que Jesus realmente quis dizer nesta passagem, teremos que voltar rapidamente para a Parte 2, e depois analisarmos o contexto em que Cristo aplicava a palavra “alma” em seus ensinos. Voltemos a Gênesis 2:7, que fala sobre a criação do homem: “E formou o homem do pó da terra [corpo], e soprou em suas narinas o fôlego de vida [espírito], e o homem tornou-se uma alma vivente [alma]” (cf. Gn.2:7 – grifo meu). Este é o sentido primário de alma. Sendo que o homem “tornou-se” alma, e não “obteve” uma, é fato que qualquer interpretação que induzisse que temos em nós uma alma imortal presa dentro do nosso corpo, estaria errada. Primeiramente, temos que lembrar que existem sentidos secundários de alma-psiquê. Uma vez que corpo, alma e espírito são características da mesma pessoa, então é excluído de imediato a possibilidade que existir uma pessoa dentro de si mesmo. Uma vez que o homem é alma, ele não pode ter/possuir alma, pois isso altera o sentido primário do que é alma (cf. Gn.2:7). Isso, contudo, não exclui a possibilidade de haver sentidos secundários em que a palavra alma-psiquê é empregada, em um sentido que não altere o seu sentido primário. Um bom exemplo disso é psiquê [alma] no sentido de “vida”. Ora, Jesus conhecia muito bem as Escrituras, e sabia muito bem que em nenhuma vez a alma-nephesh/psiquê é apresentada na Bíblia como “eterna” ou “imortal”; ao contrário, a Bíblia afirma categoricamente que a alma perece com a morte do corpo (cf. Nm.31:19; Nm.35:15,30; Js.20:3,9; Jo.20:3,28; Gn.37:21; Dt. 19:6, 11; Je.40:14,15; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.18:4,20; Jz.16:30; Nm.23:10; Mt.10:28; Ez.22:25,27; Jó 11:20; At.3:23). Para entendermos, portanto, a aplicação de Jesus fazia nesta passagem, temos que entender que, de acordo com a criação da natureza humana em Gênesis 2:7, a vida surge a partir da implantação do fôlego de vida:

CORPO [PÓ] + FÔLEGO [ESPÍRITO] = VIDA Assim, “alma vivente” ou “ser vivo” tem a mesma aplicação. Ambos significam a vida humana que resulta de um corpo animado pelo fôlego da vida. Constantemente a Bíblia emprega o termo psiquê no sentido de “vida”, principalmente no Novo Testamento. O sentido neotestamentário de “alma” passou também a abranger a vida eterna àqueles que aceitam a Cristo e seguem ao evangelho (cf. 1Co.15:51-54 com Mt.19:29). Inúmeros exemplos podem ser citados como prova de tal fato, como podemos verificar em Mateus 16:25,26 - “Porquanto, quem quiser salvar a sua vida [psiquê] perdê-la-á; e quem perder a vida [psiquê] por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma [psiquê]? Ou que dará o homem em troca da sua alma [psiquê]?”. Os tradutores da maioria das versões preferiram traduzir psiquê por “vida” do que propriamente dito por “alma”, presumivelmente por crerem que ela é imortal e que não pode ser “perdida”. No v.26, “perder a psiquê” significa perdê-la no fogo do juízo que há de devorar os rebeldes (cf. Hb.10:26,27; Ap.20:9). Mas, no v.25, Cristo diz que é possível um homem “perder a psiquê” por Sua causa! Isso evidentemente criaria um dilema teológico de primeira ordem para a doutrina imortalista. Perante isso, os tradutores, que não eram inspirados (mas eram crentes em uma alma imortal), resolveram o dilema e salvaram sua doutrina da imortalidade da alma traduzindo psiquê como “vida” no v.25 e como “alma” no v.26, variando a tradução de psiquê de acordo com a sua ótica, do que acreditam ser a melhor correspondência do termo e, inevitavelmente, através dos olhos de sua teologia. Voltando a Mateus 10:28, quando substituímos “alma” [psiquê] por “vida” (como adequadamente pode ser), qualquer favorecimento à a doutrina da imortalidade da alma desaparece. Pior ainda do que isso, o texto em pauta nos deixa claro que os ímpios terão a própria vida [psiquê] destruída [apollumi]. Como bem disse o nosso grande teólogo Oscar Cullmann: “Se a alma é destruída, então ela não é imortal”. Alguém, contudo, ainda poderia objetar questionando se “vida” poderia realmente dar sentido a “vida eterna”, obtida através da ressurreição (cf. 1Co.15:53; Jo.5:28,29), e se a Bíblia apoia tal sentido de psiquê. O Dr.Samuelle Bacchiocchi responde a esta questão em “Imortalidade ou Ressurreição?”: “Cristo ampliou o sentido veterotestamentário de nephesh-alma como vida física tornando-a inclusiva da vida eterna recebida por aqueles desejosos de sacrificar a vida presente (alma) por Sua causa. Encontramos confirmação para o sentido ampliado de alma na redação de João da mesma declaração de Cristo: “Quem ama a sua vida [psychê], perde-a; mas aquele que odeia a sua vida [psychê] neste mundo, preserva-la-á para a vida eterna” (João 12:25). A correlação entre “este mundo” e “vida eterna” indica que alma-psychê é empregada para referir-se tanto à vida terrena quanto à vida eterna”. O Dr. Edward Schweizer também faz uma importante observação: “Na versão joanina da declaração de Cristo é evidente que a alma não é imortal, porque doutro modo não devíamos ser instados a detestá-la. Psychê é a vida dada ao homem por Deus e que mediante a atitude do homem para com Deus recebe o seu caráter como mortal ou eterno... Daí nunca lermos da psychê aionios ou athanatos (alma eterna ou imortal),

somente da psychê (alma) que é dada por Deus e mantida por Ele para zoe aionios [vida eterna]” [“TheologicalDictionary of the New Testament”] Bacchiocchi ainda acrescenta o mesmo livro acima mencionado: “O significado de alma como vida eterna aparece também em Lucas 21:19, onde Cristo declara: ‘É na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas’. O contexto indica que Cristo não está falando da preservação da vida terrena, porque Ele prediz que alguns de seus seguidores serão traídos e postos à morte (v. 16). Aqui a alma-psychê é claramente entendida como vida eterna conseguida por aqueles dispostos a fazerem um compromisso total, sacrifical com Cristo. Este é o sentido ampliado que Cristo atribui à alma; um sentido que nega a noção da alma como uma entidade imaterial, imortal que coexiste com o corpo. O erro mais tolo que qualquer um pode cometer é ‘ganhar o mundo todo e perder a sua alma [psychê]’. (Mar. 8:36).” Vemos, portanto, que o termo alma- psiquê no NT chegou a incluir o dom da vida eterna [ou “imortalidade”] que é recebido por aqueles sacrificam a sua vida terrena por amor a Cristo. Tal imortalidade a Bíblia nos deixa claro que obteremos a partir da ressurreição dentre os mortos (cf. 1Co.15:51-54), e é neste sentido ampliado de alma [psychê], que devemos entender a declaração de Cristo em Mateus 10:28. Matar o corpo mas não matar a alma significa matar apenas para esta vida [primeira morte], mas não ter o poder para destruir na morte eterna [segunda morte]. Deus, contudo, mata ambos. Matar o corpo significa a eliminação desta vida presente, mas isso não mata a alma [vida eterna] que é recebida por ocasião da ressurreição àqueles que se sujeitaram ao Senhorio de Cristo. Os homens podem, no máximo, pôr alguma pessoa a dormir [morrer], mas nunca destruí-la em definitivo até a segunda morte, como Deus faz. Em outras palavras, levando em consideração o sentido ampliado de “alma” em seus ensinos, o que Cristo estava dizendo era: “Não temais aqueles que podem trazer a vossa existência terrena (corpo) a um fim, mas não podem eliminar vossa vida eterna em Deus; mas temais o Deus que é capaz de destruir vosso ser integral eternamente”. Além disso, uma outra prova de que era este o sentido da frase de Jesus, é o fato de que esta mesma passagem encontra eco no evangelho de Lucas, mas este omite a palavra “alma-psiquê”, presumivelmente para não confundir os leitores com o conceito dualista da época: “E digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei” (cf. Lc.12:4,5). E é exatamente este o sentido da frase de Cristo. O que Lucas faz é clarear aos seus leitores àquilo que Jesus estava querendo dizer: Não temer aquele que pode matar apenas o corpo [primeira morte], temei antes aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno [segunda morte]. É exatamente este o sentido da frase de Cristo. Ora, por qual motivo Lucas iria deixar de escrever exatamente as palavras que Cristo de fato disse, para ao invés disso omitir a palavra “alma-psiquê” e ir direto para o significado e aplicação da frase? A única razão lógica para isso é que ele não queria confundir os leitores dualistas da época. Se essa passagem não serve de prova a favor da imortalidade, pelo menos ajuda a comprovar aquilo que já está mais do que claro até aqui: a alma também pode ser

destruída. Mais ainda do que isso, a passagem transliterada de Lucas 12:4,5 (no mesmo texto de Mateus 10:28) nos revela que a alma não vai direto para o “inferno” depois da morte do corpo. Alguns imortalistas poderiam objetar levantando a questão que Cristo afirmou que “temei antes aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno”. Para os imortalistas, a palavra aqui traduzida por “inferno” (que não existe nos manuscritos originais, mas é uma palavra de origem latina acrescentada na Bíblia depois de vários séculos), deveria presumivelmente tratar-se do suposto “estado intermediário” em que a alma estaria passando após a morte do corpo. Este local, para eles, é o Hades (transliterado grego de “Sheol”). Não iremos voltar novamente aos conceitos básicos já mostrados sobre Sheol/Hades, até porque já fizemos isso aqui neste estudo. O que eu quero provar aqui é que Cristo nega que a alma parta de imediato a um “estado intermediário” após a morte do corpo. Isso nós descobrimos ao lermos os manuscritos originais do grego: “upodeixô de umin tina phobêthête phobêthête ton meta to apokteinai tsb=exousian

echonta a=exousian embalein eis tên geennan nai legô umin touton phobêthête” (cf. Lucas 12:5) Percebam na palavra grifada no texto acima do original grego, que o local para onde Cristo disse que a alma partiria após a morte do corpo é ao geena. Tal local, contudo, ainda está para ser inaugurado, conforme lemos em Apocalipse 20, que mostra a inauguração deste local pela besta e pelo falso profeta após o término do milênio que sucede o fim dos tempos (Apocalipse). Em outras palavras, Hades é o “estado intermediário” [primeira morte] e geena é o estado final [segunda morte, o lago de fogo]. Ao dizer que “temei antes aquele que depois de matar o corpo tem poder para lançar no inferno [geena]”, Cristo nega em absoluto que exista alguma vida consciente em forma de “espírito descorpóreo” no Hades (estado intermediário), porque se fosse assim então o que sucederia a morte do corpo seria o lançamento da alma no Hades. Contudo, após a morte do corpo lemos que o que sucede ao lançamento no “inferno” [geena], a morte final, ou seja, não existe um estado intermediário! O quadro abaixo ilustra o que acima foi dito: VIDA TERRENA ESTADO INTERMEDIÁRIO

[PRIMEIRA MORTE] ESTADO FINAL [SEGUNDA MORTE]

Morte do corpo ??????? A alma é lançada no inferno-geena

O quadro acima apenas ajuda a ilustrar o que é aqui colocado. Após a morte do corpo, a alma é lançada no geena, que ainda não foi inaugurado! Nisso fica clara a inexistência de um “estado intermediário” com consciência, pois se tal se sucedesse, então a alma partiria ao “Hades” (estado intermediário) na morte. É evidente que o Hades não é nenhuma morada de espíritos conscientes, mas sim a sepultura. Por isso, depois da morte do corpo o que vem direto é o lançamento da alma ao geena [segunda morte], que é inaugurado depois da ressurreição dos mortos.

As palavras de Cristo em Lucas 14:5 foram exatas e ajudam absolutamente a confirmar a interpretação correta de Mateus 10:28 em detrimento da posição dos defensores da imortalidade da alma. Assim, fica ainda mais claro o sentido de alma em Mateus 10:28, como vemos no quadro abaixo: VIDA TERRENA ESTADO FINAL [SEGUNDA

MORTE] “Não temais aqueles que podem trazer vossa existência terrena (corpo) a um fim, mas não podem eliminar vossa vida eterna em Deus”

“Temais antes aquele que é capaz de destruir vosso ser integral eternamente”

Vemos, portanto, que tal passagem de Mateus 10:28 é – novamente – uma arma contrária (e não “a favor”) da imortalidade da alma. Pelo contrário, ela prova a inexistência de um “estado intermediário”, e de fato nos mostra que haverá um dia em que a própria vida será destruída. E, se isso não é aniquilamento final, então não sabemos como isso poderia ser traduzido em palavras. VIII–Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso? A última das falsas interpretações dos verdadeiros ensinos de Cristo por parte dos defensores da doutrina da imortalidade da alma é também uma das últimas mensagens que Cristo trouxe enquanto ainda estava em vida. Segundo os dualistas, o que Jesus disse ao ladrão do lado da cruz foi que estaria naquele mesmo dia com ele no Paraíso: “Em verdade e digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (cf. Lc.23:43). O que poucas pessoas sabem, é que temos muitas evidências de que o ladrão, realmente, não esteve no Paraíso naquele dia. Mas como não? A Bíblia não diz claramente isso? Na verdade, não. O fato é que o original grego não tinha vírgulas, e o texto original assim reza: “Kai eipen autw amhn soi legw shmeron met emou esh en tw paradeisw” (cf. Lc.23,43). Em primeiro lugar, é bom mencionarmos logo que a adição presente em muitas Bíblias, da palavra “QUE”, não existe nos originais. O que Jesus realmente disse ao ladrão da cruz foi: “Em verdade te digo hoje estarás comigo no Paraíso”. Como o texto original não possui vírgulas e o texto deixa em aberto a questão, poderíamos colocá-la em dois lugares diferentes, entretanto é algo que mudaria completamente o significado da frase. Esta poderia ser: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (dando a entender que estaria naquele dia no Paraíso com o ladrão da cruz) ou então: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso” (ele garantia “hoje” que o ladrão estaria no Paraíso). É algo parecido com uma rebelião em determinada cidade, que o governante comunicou a revolta ao seu superior, dizendo: “Devo fazer fogo ou poupar a cidade?” A resposta do superior foi: “Fogo não, poupe a cidade”. Infelizmente, o funcionário do correio trocou a vírgula e escreveu o seguinte na resposta do telegrama: “Fogo, não poupe a cidade”. A cidade foi totalmente destruída. Mas como podemos saber que Jesus realmente não disse: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso”? Temos muitos motivos para

desacreditar que o ladrão não esteve naquele mesmo dia com Cristo no Paraíso. Alguns dos principais motivos: Após três dias, Jesus ainda não havia subido ao Pai – Uma verdade que nos é reveladora para concluirmos que Cristo não esteve com o ladrão da cruz naquele mesmo dia no Paraíso, é o fato de que após três dias morto, Jesus ainda não havia subido ao Pai, e declarou a Maria Madalena: “Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai” (cf. Jo.20:17). Ora, se Jesus ainda não havia subido ao Pai após três dias, então não poderia ter estado naquele mesmo dia com o ladrão da cruz no Paraíso! Além disso, seria muito estranho Cristo ter subido ao Pai junto com o ladrão “em espírito”, e depois voltado ao corpo e dizer que não havia subido ao Pai. Isso seria uma mentira. O texto não diz que ele não subiu “apenas corporalmente”, o texto diz que a pessoa de Cristo, que o próprio Cristo não passou pelo Paraíso nos dias em que esteve morto. Nisso fica claro que não poderia estar junto com o ladrão da cruz naquele mesmo dia no Céu. Ademais, a interpretação dos dualistas de que Jesus esteve no Paraíso nos dias em que esteve morto bate fortemente com qualquer senso de lógica e pelas regras do bom senso, como bem observa o prof. Azenilto Brito: “Para os imortalistas, quando Jesus declarou que não subiu para o Pai em João 20:17 Ele quis dizer — minha alma é que subiu; agora é que vou completo, corpo e alma... Conclusão absurda, para dizer o mínimo”. É evidente que, caso Cristo tivesse subido ao Paraíso, então ele relataria isso a Maria Madalena ou, no mínimo, omitiria tal declaração tão categórica de que ele não esteve no Paraíso; passaria a dizer algo como “já subi e subirei de novo”. Infelizmente para os imortalistas, a única coisa que Cristo disse é que ainda NÃO havia subido ao Pai, algo que não seria verdade caso o “verdadeiro eu” de Cristo já tivesse subido. Jesus desceu, não subiu – Outro fator de clareza fundamental para concluirmos que Cristo realmente não subiu ao Pai no dia em que morreu, é o fato que, nos três dias em que Cristo esteve morto, ele esteve no Sheol, e não no Paraíso. Tal fato é relatado no livro de Atos, quando Pedro falava a respeito da ressurreição de Jesus: “Porque não deixarás a minha alma no Sheol, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.” (cf. At.2:27). Pedro na realidade usou a passagem do livro dos Salmos em que Davi citava tal passagem, que, aliás, já foi passada aqui: “Pois não deixarás a minha alma no Sheol, nem permitirás que o teu santo veja a corrupção” (cf. Sl.16:10). Já vimos aqui também que Sheol, na concepção bíblica, não é morada consciente de espíritos, embora para os imortalistas o seja, contrariando a Bíblia. De qualquer forma, o próprio Cristo afirmou que o Hades (transliterado grego da palavra “Sheol”) fica nas regiões inferiores da terra, em oposição ao Paraíso: “E tu, Cafarnaum, será elevada até ao céu? Não, você descerá até o Hades! Se os milagres que em você foram realizados tivessem sido realizados em Sodoma, ela teria permanecido até hoje” (cf. Mt.11:23; ver também Ef.4:9; Mt.12:40). Portanto, vemos que a alma de Cristo passou os três dias em que esteve morto no Sheol, que não é o Paraíso, muito pelo contrário, está em um local em oposição a este (cf. Mt.11:23). O Filho do Homem estaria “três dias e três noites no coração da terra” (cf.

Mt.12:40), e não no Paraíso. Portanto, sendo que claramente Jesus esteve no Sheol (e não no Paraíso) nos dias em que esteve morto, logo ele não podia estar naquele mesmo dia com o ladrão da cruz em um lugar em que ele não passou. O contexto – O que foi dito pelo ladrão da cruz no verso anterior a esta resposta de Cristo (no verso 42), no original grego foi: µνήσθητί = Lembra-te \ µου = de mim \ ὅταν = quando \ ἔλθῃς = vier \ εἰς = em \ τὴν = o \ βασιλείαν = Reino \ σου = de ti. Ou seja, “Lembra-te de mim quando vieres no teu Reino”. Tal é o texto original no grego e confirmado pelas melhores versões a nossa disposição, tais como a versão Trinitariana, a Versão Italiana de G. Deodatti, a Francesa L. Segond, a Inglesa de King James, Almeida Revisada e Atualizada, entre outras. Cristo buscava assegurar ao ladrão da cruz que não precisava pensar em termos de tempo tão remoto para ser lembrado por Ele. “Hoje lhe garanto que estarás comigo no Paraíso”, é o sentido lógico diante de tal contexto. O ladrão pediu a Jesus para lembrar-se dele no futuro quando Ele viesse no Seu Reino visível (v.42), mas Jesus respondeu o lembrando imediatamente - “hoje” - assegurando que estaria com Ele no Paraíso. “Em verdade te digo hoje”, isto é, eu lembro agora mesmo, não precisa pensar em um tempo tão distante, hoje mesmo eu te digo que você estará comigo no Paraíso. Esse é o sentido lógico pelo contexto. Note que o próprio ladrão sabia que não iria ao Céu imediatamente após a morte, já que pediu para Cristo se lembrar dele “quando viesse em seu Reino”, ou seja, na segunda vinda de Cristo. Lemos, por exemplo, em Deuteronômio 30:16 e 18 frases semelhantes à de Lucas 23:43, o que nos mostra que era comum dizer "em verdade te digo hoje", levando em consideração a sociedade judaizante da época de Cristo. De fato, a Oxford Companion Bible, diz ainda em seu comentário: ‘Hoje’ concorda com ‘te digo’ para dar ênfase à solenidade da ocasião; não concorda com “estarás’. O ladrão não morria naquele mesmo dia – Um condenado a morte de cruz geralmente demorava dias para morrer na cruz. Lemos em João 19:31-33 um costume antigo realizado pelos judeus: “Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a Preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas, e que fossem tirados. Foram, pois, os soldados e, na verdade, quebraram as pernas do primeiro, e ao outro que com ele fora crucificado; mas vindo a Jesus, e vendo-O já morto, não lhe quebraram as pernas” (cf. Jo.19:31-33). Ora, qual seria a razão pela qual devia-se quebrar as pernas dos crucificados? Porque o crucificado não morria no mesmo dia. Cristo foi exceção ao caso porque expirou antes (cf. Lc.23:46), ele não morreu como resultado da hemorragia. Os outros, contudo, ainda ficavam vivos agonizando durante dias – não poderiam estar com Cristo naquele mesmo dia em questão. Isso é o que a História e a Bíblia Sagrada nos mostra. Diz o comentário de J. B. Howell: “O crucificado permanecia pendurado na cruz até que, exausto pela dor, pelo enfraquecimento, pela fome e a sede, sobreviesse a morte. Duravam os padecimentos geralmente três dias, e às vezes, sete” [Comentário a S. Mateus, pág. 500].

Arnaldo B. Christianini segue na mesma linha e afirma: “Depois do sábado haver passado, sem dúvida esses dois corpos foram outra vez amarrados na cruz, e lá ficaram diversos dias, até morrerem (...) Se era necessário quebrar as pernas aos dois malfeitores, antes do pôr do sol, é porque não haviam morrido ainda. Na pior das hipóteses viveram ainda, pelo menos, um dia a mais do que o Mestre. Como podia, um deles, estar no mesmo dia junto de Jesus?” [Subtilezas do Erro, pág 222]. Vemos, portanto, que historicamente os ladrões que morriam na cruz não faleciam no mesmo dia da crucificação. E a Bíblia confirma isso? Sim, confirma. Na passagem anteriormente citada, vemos que “os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto que era véspera do sábado, pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados” (cf. Jo.19:31). Por que as pernas dos crucificados foram quebradas? Para matá-los logo? Na verdade, não. Ora, se alguém quisesse matá-los, bastaria uma lancetada no coração ou no fígado deles (como foi feita com Cristo porque viram que já estava morto). A finalidade em quebrar as pernas deles não era para matá-los, mas sim porque havia uma tradição entre os judeus que não permitia que o condenado ficasse dependurado na cruz no dia de sábado. Por isso, lhes quebravam as pernas e era descido do madeiro e ficava assim até o fim do sábado. Prova ainda mais forte do que o fato que tal procedimento não resultava em morte imediata dos crucificados é a grande surpresa de Pilatos (experiente em crucificações) em ver que Jesus já havia morrido: “E Pilatos se admirou de que {Cristo} já estivesse morto” (cf. Mc.15:44). Veja que Pilatos ficou pasmo em ver que Jesus já estivesse morto. Certamente deveria ter dito algo como “Já morreu?!” Por que Pilatos “se admirou”? Por certo, Pilatos, veterano em mandar pessoas para cruz (já acostumado com as crucificações), admirou-se diante de um fato inusitado: Era algo incomum alguém morrer no mesmo dia da crucificação! Está é outra evidência textual que indica que os ladrões não morreram no mesmo dia que Cristo. Ora, se os crucificados morriam no mesmo dia como resultado do procedimento dos judeus, então Pilatos não iria se admirar com tal fato, pois seria algo relativamente comum de acontecer e não algo tão inusitado ao ponto de um veterano em crucificações (como era Pilatos) ficasse tão admirado. Vemos, portanto, que historicamente e biblicamente o ladrão não morria naquele mesmo dia e, por isso e por outros motivos, não poderia estar naquele mesmo dia no Paraíso com Cristo – que, por sinal, também não subiu por lá enquanto esteve morto (cf. Jo.20:17). Evidências Históricas – Como se tudo isso não fosse suficientemente claro, temos ainda mais fontes e evidências históricas que corroboram com o fato de que o que Cristo disse ao ladrão da cruz foi que “Hoje lhe garanto que estarás comigo no Paraíso”. No texto original do grego, não existia vírgulas e, portanto, os tradutores colocam a vírgula antes do advérbio “hoje”, não por alguma razão gramatical, mas sim em decorrência das suas razões teológicas. Mas, apesar do grego não possuir vírgulas, existiam outros idiomas na época que possuíam e nos ajudam extraordinariamente a desvendar de vez se a vírgula é antes ou depois do

advérbio “hoje”. Tais documentos históricos vêm de idiomas que ou possuía a vírgula ou puderam formular o texto de maneira em que fica mais clara qual é o sentido do verso 43. E todos comprovam que, de fato, o que Jesus realmente afirmou ao ladrão da cruz foi: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso”. "Eu digo a você hoje, que Comigo tu deve está no Jardim de Éden" [Manuscritos Bc e Sy-C -

Antigo Siríaco] "E Ele disse a ele: 'Hoje Eu lhe conto a verdade, que Eu devo o ter em Paraíso Comigo.'"; "E imediatamente Ele disse a mim: Amém, amém, hoje Eu lhe falo, você estará comigo em Paraíso” [Evangelho de Nicodemos – segundo século d.C] "Macário indigna-se contra estes que, incapazes de acreditar na autoridade de Jesus alcançar o Paraíso, pontuam depois de σήµερον.” [Macário Magnes – Comentário de Lucas] “Verdadeiramente eu lhe falo hoje” [Hesichius de Jerusalem, em Patrologia Grega, Volume

Noventa e Três, 1433] “Verdadeiramente Eu lhe falo hoje” [Teofilacto em Patrologia Grega, em Patrologia Grega,

Volume Cento e Vinte e Três, 1104] Portanto, nem historicamente o ladrão entrou no Paraíso naquele mesmo dia... A gramática – Ainda que o texto original não possua vírgulas, a forma linguística em que ele é escrito nos ajuda a desvendarmos qual é o seu real sentido na passagem em pauta. No português, quando traduzimos a frase podemos colocá-la em antes ou depois do advérbio “hoje” (como vimos acima), e ambas as traduções aparentemente podem dar sentido real a frase. Contudo, quando pegamos os manuscritos originais no grego e ponderamos em onde colocar a vírgula, tal não faz sentido se ela for colocada antes do “hoje”, como querem os imortalistas. Por quê? Simplesmente porque isso criaria um dilema de primeira ordem por falta de lógica no próprio texto. Grande parte dos tradutores simplesmente ignoram a palavra; ἐµοῦ = de mim. Sem considerar esta palavra o sentido original do foi dito se perde. Vejamos a tradução do verso palavra por palavra: καὶ = E \ εἶπεν = disse \ αὐτῷ = a ele \ Ἀµήν = amém \ σοι = a ti \ λέγω = digo \ σήµερον = hoje \ µετ᾿ = depois \ ἐµοῦ = de mim \ ἔσῃ = serás \ ἐν = em \ τῷ = o \ παραδείσῳ = paraíso. A palavra µετ᾿ significa “comigo”, como também significa “depois”, se você considerar que µετ᾿ está no sentido de “comigo”. Necessariamente, temos que ignorar a palavra ἐµοῦ = de mim. Comigo de mim, não faz sentido algum. A vírgula não pode ficar antes de “hoje”. A vírgula deve ser colocada após o “hoje” e também após o “depois”. Considerando todas as palavras como elas são literalmente e traduzindo corretamente, o sentido original do foi dito fica muito claro:

“E disse a ele; Amém a ti digo hoje, depois, de mim serás em o paraíso”. Depois de todas as coisas concluídas, o ladrão com certeza absoluta será do nosso Salvador. Jesus entregou ao ladrão da cruz a promessa de que este estaria no Paraíso. ‘Hoje’ é o momento em que esta promessa lhe foi dita. Naquele momento Cristo assegurou a ele tal promessa. Mas em resposta a que foi feita a promessa? Verso 42... µνήσθητί = Lembra-te \ µου = de mim \ ὅταν = quando \ ἔλθῃς = vier \ εἰς = em \ τὴν = o \ βασιλείαν = Reino \ σου = de ti. “Lembra-te de mim quando vier em o reino de ti”. O ladrão tinha dúvida se aquilo poderia ser possível e, por isso, seu pedido a Jesus foi que este se lembrasse dele, não quando morresse, mas quando Ele viesse em seu poder visível. Então, naquele momento, o hoje, Cristo lhe deu esta certeza. Ele lhe garantio: “depois, de mim serás em o paraíso”. A preposição µετὰ indica um tempo – depois; após; além de. Depois que todas as coisas forem concluídas, quando Cristo vier na Sua Glória, o ladrão será propriedade do Senhor Jesus. Naquele momento, o ‘hoje’ do verso, o ladrão recebeu a certeza de que no futuro, estaria com Cristo no Paraíso. ἐµοῦ ou µου é um pronome na primeira pessoa do singular, que não pode ser ignorada. No grego a pontuação não é absolutamente necessária para a compreensão textual, mas no português se você não organizar as palavras da maneira correta e usando a pontuação, o texto fica sem nenhum sentido, e ainda dá margens para más interpretações. A Bíblia deixa claro que a entrada no Reino e a recompensa é somente na ressurreição – O galardão, a recompensa, a herança, a entrada no Paraíso, é dada apenas no momento da segunda vinda de Cristo, que é quando os mortos hão de ressuscitar (cf. 1Co.15:22,23). Fica claro que o ladrão não poderia entrar naquele mesmo dia no Paraíso, pois Cristo não iria contradizer de maneira nenhuma os ensinamentos bíblicos de que a recompensa é só quando Ele voltar, e não no momento da morte: “Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras.” (cf. Ap.22:12); “Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos e então retribuirá a cada um conforme as suas obras” (cf. Mt.16:27). Se estivessem os mortos no Céu ou no inferno, já teriam recebido a recompensa. Também Deus diz para Daniel que entraria na sua herança somente no fim dos dias, na ressurreição dos mortos: “Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias” (cf. Dn.12:13). Ora, qual seria a “herança” que Daniel receberia, senão a entrada no Paraíso? Ademais, o próprio Cristo afirma claramente que a entrada no Paraíso é no momento da Sua Volta, e não no momento da morte: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais” (cf. João 14:2,3). E o apóstolo Paulo também afirma categoricamente: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está

guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (cf. 2Tm.4:6-8). A Bíblia não pode se contradizer em seus ensinamentos sobre a vida futura e ela ensina claramente que as recompensas e punições, bem como a separação entre os salvos e os não-salvos, só terão lugar na segunda vinda de Cristo: “Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa ao pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (cf. Mt.25:31-34). Portanto, fica mais do que claro que a entrada no Paraíso é no momento da segunda vinda de Cristo, e não no momento da morte, afinal, “de modo algum precederemos os que dormem” (cf. 1Ts.4:15). O ladrão da cruz não foi exceção a regra. O ladrão só entra na segunda vinda de Cristo – Como já vimos até aqui, o pedido do ladrão da cruz no v.42: “και ελεγεν τω ιησου µνησθητι µου κυριε οταν ελθης εν τη βασιλεια σου”, corretamente traduzido por: “Lembra-te de mim quanto vieres no teu Reino”; nos deixa claro que o próprio ladrão da cruz sabia que não estaria naquele mesmo dia com Cristo, pois se fosse assim ele pediria para ser lembrado “naquele mesmo dia” ou quando Cristo “entrasse no Reino”, como algumas traduções equivocadamente traduzem para dar algum sentido à sua interpretação de que no verso seguinte Cristo teria lhe assegurado que estaria com o ele no mesmo dia no Paraíso. Por isso, tomaram a liberdade de traduzir o verso 42 por “Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”, tradução essa que vai contra os melhores manuscritos originais e também contra as melhores traduções bíblicas do mundo, e pelo único motivo de não renegar a sua crença na partida da “alma imortal” na morte. Contudo, o ladrão pediu para ser lembrado quando “vieres no teu Reino”. Os judeus criam que a vinda do Messias acarretaria na vinda imediata do Reino em sua forma visível, com um “Cristo” político e libertador. Contudo, a vinda de Jesus trouxe o Reino em sua forma espiritual, dando-nos vitória sobre as forças das trevas. Quando o ladrão pede para ser lembrado por Cristo “quando vieres no teu Reino”, ele traduz a sua convicção de que ele só voltaria à vida novamente quando a vinda visível do Reino de Cristo for consumada, pois é somente neste momento (da segunda vinda de Cristo, a Sua Volta Gloriosa), que os mortos serão ressuscitados. É por isso que muitos manuscritos antigos trazem: “lembra-te de mim quando vieres no teu poder real”. O ladrão sabia que ele iria morrer, e Cristo também, e pede para ser lembrado por Ele naquele dia tão esperado em que Cristo viesse em Seu reino em sua forma visível, destruindo o poder da morte e dando vida aos mortos. É neste momento que o ladrão seria lembrado por ele, porque é somente neste momento em que os mortos ressuscitam para estar com Cristo. Portanto, vemos que:

(1) O ladrão sabia que não entraria no Paraíso naquele mesmo dia, por isso pediu para ser lembrado por Cristo somente quando na Sua Segunda Vinda. (2) Cristo lhe assegurou naquele mesmo dia que o ladrão estaria com ele no Paraíso. O ladrão pediu a Jesus para lembrar-se dele no futuro quando Ele viesse em seu poder visível, mas Jesus respondeu lembrando a ele imediatamente, o “hoje” do verso, e garantindo que com Ele seria no Paraíso. (3) Quando? O verso anterior responde a essa pergunta: “Quando vieres no teu Reino” (v.42)! Essa é a conclusão fácil, clara, óbvia, inequívoca e evidente diante do contexto, dos documentos históricos, das provas bíblicas e dos fatos coerentes que nos mostram nessa passagem que o ladrão só entra no Reino na segunda vinda de Cristo, e não no momento da morte. PARTE 4.2 – O QUE JESUS REALMENTE ENSINOU? Tivemos que mostrar muitas refutações de diversas passagens que são usadas constantemente por parte dos imortalistas, para a partir disso apresentarmos quais foram os verdadeiros ensinos de Cristo, pois de fato muitas palavras de Jesus foram mal interpretadas, tiradas de seu devido contexto, sem ser fiel e verdadeiro para com a gramática dos manuscritos em grego ou vistas com a ótica dualista de imortalidade da alma. Como vimos, nenhuma delas apresenta qualquer prova que chegue perto de abalar os fortes fundamentos da doutrina da imortalidade condicional a partir da ressurreição, como é relatado do início ao fim da Bíblia. Na realidade, grande parte delas não somente mostra o quanto a interpretação “pró-imortalidade” está equivocada, como também, em muitas ocasiões, constituem-se em fortes provas contrárias a ela. Vemos isso quando respeitamos as regras da gramática e a colocamos no devido contexto em que ela se insere. Dadas as devidas refutações, passaremos agora a mostrar aquilo que Jesus Cristo realmente afirmou com relação à natureza humana e a vida pós-morte. Como veremos, todos os ensinamentos de Cristo são coerentes em negar veementemente qualquer pretensão de dividir a natureza humana entre o aspecto material e o aspecto imortal/imaterial. Ao contrário, veremos que a entrada no Reino é somente por ocasião da ressurreição, bem como a entrada na condenação que sofrerão os ímpios, e todos os outros fatores corroborando para isso nos ensinamentos de Cristo Jesus acerca da vida pós-morte. IX–Sobre a entrada no Reino ou na condenação A Parábola do Joio e do Trigo – Ironicamente, comecemos com isso mesmo – uma parábola! Mas essa, por sua vez, possui a explicação do próprio Cristo sobre o significado de sua

própria parábola, sobre o que significa cada elemento e sobre os tempos em que tais coisas se dariam. Nessa parábola vemos Cristo ensinando sobre o estado dos mortos e sobre os destinos finais. Veremos o que ela conta: “Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo; Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? Por que tem, então, joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo? Ele, porém, lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro” (cf. Mateus 13:24-30) A seguir, os discípulos pedem que Cristo explique essa parábola, e a explicação do Mestre vem na sequência: “Então, tendo despedido a multidão, foi Jesus para casa. E chegaram ao pé dele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo. E ele, respondendo, disse-lhes: O que semeia a boa semente, é o Filho do homem; O campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno; O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos. Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (cf. Mateus 13:36-43) Essa parábola de Cristo simplesmente concorda com tudo aquilo que já vimos aqui: Que os justos não entram no Paraíso com as suas “almas imortais” logo após a morte, mas somente no fim do mundo, momento em que os mortos serão vivificados (cf. 1Co.15:22,23), para a partir daí entrarem no Paraíso (cf. Jo.14:2,3; Jo.5:28,29). Do mesmo modo, os ímpios não são condenados a ficarem queimando antes da ressurreição no fim do mundo. Como podemos ter a certeza disso a partir deste ensinamento de Cristo? A parábola do semeador nos ilustra bem esse quadro. Vejamos: “E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo? Ele, porém, lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro” (cf. Mt.13:28-30) Vemos, portanto, que o trigo (filhos do Reino) e o joio (filhos do maligno) são deixados juntos, isto é, no mesmo lugar, até a ocasião da ceifa. Um não está separado do outro, muito pelo contrário, são mantidos juntos até a ceifa e é só neste momento em que o joio (ímpios) irá queimar, e o trigo (justos) irá ser ajuntado no “celeiro” (Reino dos céus). Conforme a explicação que Cristo dá em seguida com relação à parábola, vemos claramente que a ceifa é somente no fim do mundo: “O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o

fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos.” (cf. Mt.13:39). Em outras palavras, o trigo (justos) só será ajuntado no celeiro (Reino) no fim do mundo! Até lá, ambos estão no mesmo lugar (cf. Mt.13:30). É só por ocasião da ceifa, que acontece “no fim do mundo”, que os justos se separarão dos ímpios para aí sim entrarem no “celeiro”! Isso é um golpe fatal na teoria de que entramos no Céu imediatamente após a morte ao mesmo passo que os ímpios vão para o inferno também imediatamente após a morte, e na ressurreição do último dia ambos são ressuscitados para continuarem no mesmo lugar. Também é notório que os ímpios só serão queimados no fogo na consumação deste mundo: “Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo” (cf. Mt.13:40). Isso prova que eles não estão queimando ainda, pelo contrário, só serão queimados no fogo “na consumação deste mundo” (v.40). O texto original do grego traz “sunteleia tou aion”. A palavra sunteleia significa “consumação”, tou é o advérbio de ligação e aion significa “eterno”; em outras palavras, é na “consumação do fim” – no final dos tempos, na última era, no fim do mundo – em que os ímpios serão queimados no fogo. Não é algo que já esteja em atividade! O ensinamento de Cristo nega absolutamente que os ímpios já possam estar queimando atualmente em algum lugar, porque tal fato só se tornará realidade para eles no final dos tempos, na consumação deste mundo quando a Bíblia diz que haverá a separação entre os justos e os ímpios (cf. Mt.13:30), por ocasião da ceifa (cf. Mt.13:29,30), que acontece somente no fim do mundo (Mt.13:39)! Também é notório que é somente neste momento em que os justos herdam o Reino do Pai: “Então os justos brilharão como o sol no Reino do seu Pai. Aquele que tem ouvidos, ouça” (cf. Mt.13:43). Note que é somente neste momento em que os justos entram no Reino. O original grego traz a palavra “tote”, que, de acordo com o Léxico da Concordância de Strong, significa: “quando; o momento em que; naquele tempo; então”. Ou seja, é somente naquele tempo, quando daquele momento, em que os justos brilharão como o sol no Reino de Deus. Pelo contexto de Mateus 13, este momento é claríssimamente definido como sendo na consumação deste mundo, no fim das eras: “O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos. Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (cf. Mt.13:39-43). O que Cristo ensina é bem claro: Os justos só serão ajuntados para o celeiro no fim do mundo (cf. Mt.13:30), e os ímpios só serão queimados no fogo na consumação deste mundo (cf. Mt.13:40). Para um bom entendedor, meia-palavra basta. Mas Cristo foi bem mais exato do que isso!

Separação entre justos e ímpios apenas no fim do mundo – Mais uma vez, Cristo assegura que a separação entre os bons e os maus só se dará na consumação dos séculos: “Igualmente o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanha toda a qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia; e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora. Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus de entre os justos. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes” (cf. Mt.13:47-50). Aqui vemos novamente em cena a segurança de Cristo em afirmar que a separação entre justos e ímpios só ocorrerá na consumação dos séculos, sendo que antes disso eles estão no mesmo lugar, e não em lugares ou dimensões diferentes! Ademais, Cristo também deixa mais do que claro aqui que os maus só serão lançados na fornalha de fogo para terem prantos e ranger de dentes na consumação dos séculos. Não é algo que já esteja em atividade com os ímpios sofrendo tormento. Antes da “consumação dos séculos”, eles estão no mesmo lugar, ou seja, se os ímpios já estão queimando com fogo, então os justos também estão! É óbvio que todos os grupos não se encontram senão no pó da terra (cf. Is.26:19; Gn.3:19; Sl.22:15; Jó 7:21; Dn.12:2), o que explica o porquê de Cristo só diferenciá-los por ocasião da consumação dos tempos. Tudo isso nos mostra que, realmente, Cristo queimará a palha no fogo (cf. Lc.3:17), e eles não estão queimando. O joio, os cestos ruins e a palha serão queimados na consumação dos séculos, na consumação das eras. Não é algo que já esteja em plena atividade. A entrada no Reino é somente na segunda vinda de Cristo - “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (cf. Mt.25:31-34). Aqui fica mais do que claro que a entrada no Reino se dará por ocasião da revelação gloriosa de Cristo, quando o Filho do Homem vier na sua glória para separar os bons dos maus. Se os justos já estivessem desfrutando das bem-aventuranças do Reino, então Cristo diria para eles “continuarem no Reino”. Contudo, a clareza da linguagem textual não deixa margem para duplas interpretações: Os justos não estavam no Reino, mas entrariam no Reino a partir da revelação gloriosa do Filho do Homem. Cristo não disse “continuem no Reino”, mas sim “entrem no Reino” – “o recebam”! Ademais, é digno de nota que é somente nesta vinda gloriosa do Filho do Homem com todos os anjos que as ovelhas serão separadas dos bodes – elas não estão separadas ainda. Do mesmo modo, um pouco mais à frente é dito ao grupo da direita para entrarem no inferno (v.41), também a partir daquele momento. Se eles já estivessem no inferno isso não faria sentido, pois eles já estariam queimando como “espíritos”, para ressuscitar, ser julgado, e continuar queimando do mesmo jeito! É muito claro a partir destes textos que a separação entre os justos e os ímpios não vem senão por ocasião da consumação do mundo, e é neste momento que os justos recebem o Reino lhes prometido e é neste momento em que os ímpios são queimados. Não é no

momento da morte com as suas “almas imortais”. Os justos viriam receber o Reino que lhes fora prometido desde a criação do mundo, lhes sendo concedido naquele momento.

Lembro-me de uma vez, há algum tempo atrás, quando debatia em uma comunidade de relacionamentos com um defensor da doutrina da imortalidade que, ao se deparar com tal passagem e todas as suas conseqüências, simplesmente teve que dizer: “Não tem como refutar” – “você tinha que estar certo em alguma coisa”! De fato, tal passagem é tão expressamente clara que não abre espaços nem para refutações e nem para duplas interpretações. É inimaginável que Cristo tenha que separar os dois grupos caso eles já estivessem bem separados (uns no Céu e outros no inferno), e não tem como se conceber que Cristo diria “venham receber o Reino” à pessoas que já estivessem desincorporadas no Reino há milênios, ou até mais! Realmente, não existe como refutar a clareza e objetividade da linguagem de Cristo em dizer de maneira clara qual é o tempo em que os justos receberiam o Reino e que finalmente seriam separados dos ímpios. Tudo isso ocorre, contudo, não quando as suas almas partem para o Céu com a morte, mas sim por ocasião da revelação gloriosa de Cristo, “curiosamente” o mesmo momento em que se dá a ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15:22,23). O reino que lhes estava “preparado” desde a fundação do mundo (v.34), finalmente lhes seria concedido. E quando isso acontecerá? A resposta se encontra no verso 31: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, com todos os anjos”. Trata-se da Volta Gloriosa de Jesus Cristo, e é só neste momento em que os da direita, os justos, entram no Reino (v.34). Voltarei e tomar-vos-ei comigo – Outro argumento conclusivo contra a teoria de que ao morrermos somos imediatamente levados ao Paraíso antes da ressurreição dos mortos (que se dá por ocasião da segunda vinda de Cristo – cf. 1Co.15:22,23), é o fato de que Jesus não deixou margem de dúvidas quanto a data em que os seus discípulos seriam levados ao Paraíso: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais” (cf. Jo.14:2,3). A clareza da linguagem é tão evidente que não abre espaços para duplas interpretações. A entrada no Paraíso se dá por ocasião da volta de Cristo, e não por uma alma imortal que deixa o corpo por ocasião da morte. A clareza da linguagem é tão clara que já foram feitas inúmeras tentativas frustradas para negar tamanha evidência, mas todas elas fraquejam em suas tentativas. Alguns veem que Jesus com o “voltarei e tomar-vos-ei comigo” referia-se ao tempo apocalíptico quando ele arrebataria os salvos. Contudo, o contexto deixa bem claro que ele estava falando para os seus discípulos (cf. Jo.13:36). Na verdade, Jesus estava respondendo a uma pergunta de Simão Pedro (v.36), dizendo em seguida para os apóstolos: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais” (cf. Jo.14:2,3).

Agora eu pergunto: Será que algum apóstolo está vivo até os dias de hoje para ser arrebatado nesta promessa? É claro que não! Fica mais do que claro que Jesus, falando aos seus discípulos, indicava claramente que eles só ocupariam as suas moradas no Paraíso por ocasião da Sua Volta gloriosa. Essa promessa também é válida para os que ficarem vivos e forem arrebatados, assim sendo “não precederemos os que dormem” (cf. 1Ts.4:15). A segunda teoria imortalista contra a evidência deste texto é que Jesus estaria falando da morte deles para ocuparem os seus lugares no Paraíso. Contudo, isso é ferir o contexto bíblico que afirma de forma categórica de que tal fato se dará não pela morte dos apóstolos, mas sim por ocasião da volta de Cristo. “Voltarei e tomar-vos-ei comigo” é uma clara referência a volta de Jesus. Em outras circunstâncias, tal fato não seria alvo de objeção alguma, mas tendo em vista que comprometeria a doutrina imortalista, tentam negar o evidente. Ademais, Cristo não disse: “Quando vocês morrerem vão ocupar as moradas”, mas sim: “Quando eu voltar tomar-vos-ei comigo”... para só aí ocupar as moradas. E, por fim, o contexto deixa evidente que Cristo irá “preparar um lugar” (v.3), para depois voltar (uma vez) para buscar aqueles que lhe pertencem. Se essa objeção estivesse correta, então Cristo voltaria sucessivas vezes interruptas para buscar crente após crente... A última objeção por parte dos imortalistas é que Cristo pudesse estar se referindo a sua ressurreição dentre os mortos. Contudo, essa teoria falha no mesmo ponto da anterior: “Voltarei e tomar-vos-ei comigo” é uma clara referência a segunda vinda de Cristo, nunca indicando que tratasse da ressurreição de Cristo. Em segundo lugar, se a referência fosse a ressurreição de Cristo, então Cristo estaria “mentindo” ao dizer que “prepararia as moradas”, uma vez que tal fato não seria possível já que Cristo estivesse entre eles enquanto vivo e entre a sua morte e ressurreição não esteve no Céu para “preparar” morada alguma, pelo contrário, não subiu ao Céu (cf. Jo.20:17), e ficou três dias e três noites no Sheol (cf. At.2:27; Mt.12:40), e não no Céu “preparando moradas”... Em terceiro lugar, essa teoria falha ainda mais porque negaria que Jesus tomaria os seus discípulos consigo. Se fosse uma referência a ressurreição, então teríamos um grande problema uma vez que Cristo NÃO “tomou consigo” em suas moradas discípulo nenhum por ocasião da sua ressurreição! Isso seria um disparate e uma promessa não cumprida se Cristo estivesse mesmo falando da ressurreição dele mesmo! Por fim, essa teoria nega tratar-se da volta de Cristo (a segunda vinda), o que é claramente ferir a clareza textual. Para onde Cristo iria, nem sequer os seus próprios discípulos poderiam segui-lo (cf. Jo.13:36). Por isso, faz-se necessário que Ele volte para nos levar

onde ele está [segunda vinda de Cristo], para estarmos com Ele onde ele estiver (cf. Jo.14:3). Finalmente, todas as objeções a clareza da linguagem de João 14:2,3 são vistas como objeções fracas a vista da clareza da linguagem, bem como pelo contexto. De um jeito ou de outro, se Cristo ensinasse a imortalidade da alma, diria que os lugares estariam disponíveis aos salvos conforme fossem morrendo e suas almas chegassem no Céu para assumi-las. Seria impossível Jesus voltar para levar os seus discípulos ao Céu caso eles já

estivessem lá, pois Jesus não teria que voltar para buscar novamente aqueles que já estivessem no Paraíso. É óbvio que eles só entram na segunda vinda, quando Cristo voltar para nos levar onde ele está, e não quando a suposta “alma imortal” deixa o corpo. A linguagem é clara: Só entraremos em nossas moradas quando Cristo voltar por ocasião de sua segunda vinda para nos buscar. Não restam objeções a tal fato. Para onde Cristo vai, só iremos na ressurreição – “Disse, pois, Jesus: Ainda um pouco de tempo estou convosco, e depois vou para aquele que me enviou. Vós me buscareis, e não me achareis; e onde eu estou, vós não podeis vir” (cf. Jo.7:33,34). Quando Jesus afirma em João 7:34 que “onde eu vou, vós não podeis ir”, os imortalistas são rápidos em responder que Cristo estava falando com os fariseus e, portanto, eles vão queimar para sempre e não podem ir aonde Cristo vai. O problema, contudo, é que essa mesma verdade é afirmada não apenas aos fariseus incrédulos, mas aos próprios discípulos dele! Isso fica claro em João 13:33 em que ele afirma: “Meus filhinhos, vou estar com vocês apenas por mais um pouco. Vocês procurarão por mim e, como eu disse aos judeus, agora lhes digo: Para onde eu vou, vós não podeis ir” (cf. Jo.13:33). Não apenas os judeus hipócritas de João 7:34, mas também os seu próprios seguidores em João 13:33, não poderiam ir para onde Jesus partiria. Quando que eles poderiam, então, juntar-se a ele? O próprio Mestre responde alguns poucos versos à frente: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (cf. Jo.14:2,3). Ou seja, quando Ele [Cristo] voltar em Sua segunda Vinda. Não, essa não é apenas uma repetição do argumento passado acima, mas é um complemento muito importante, pois Cristo afirma categoricamente que os próprios apóstolos não poderiam estar com Cristo e nem sequer o achar quando ele partisse para a outra vida, mesmo Simão Pedro afirmando que daria a própria vida para seguir a Jesus: “Pedro perguntou: Senhor, por que não posso seguir-te agora? Darei a minha vida por ti” (cf. Jo.13:37). Em outras palavras, não adiantava procurar entre o “povo espalhado pelos gregos” (cf. Jo.7:35), não adiantava nem mesmo morrer (cf. Jo.13:37) - para onde Cristo iria, absolutamente ninguém poderia ir até ele. Por isso, faz-se necessário ele voltar e nos levar com ele, para só aí estarmos onde ele está – aquele local onde ninguém poderia segui-lo (nem mesmo morrendo para isso) – o Paraíso. Ora, se a morte introduzisse a alma de Pedro imediatamente no Céu com o próprio Jesus, então ele logicamente poderia segui-lo ao dar a vida por ele. Contudo, Cristo é enfático em relatar que nem mesmo a morte os traria para onde ele iria (cf. Jo.13:37; 13:33), o que nos revela que, realmente, é apenas com uma segunda vinda do próprio Cristo em que os apóstolos estariam de fato com ele (cf. Jo.14:2,3), quando os mortos ressuscitarão e os vivos serão arrebatados. A justa recompensa na ressurreição – "E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos" (Lc.14;14). Jesus aqui afirma que a recompensa será dada na ressurreição. Ir ao estado

intermediário já não é uma forma de recompensa? Claro que sim, afinal no estado intermediário já haverá a distinção de pessoas salvas e perdidas e as perdidas estarão em um fogo atormentador e os salvos curtindo as delicias da vida eterna (pelo menos é assim que os imortalistas ensinam). Se existe um estado intermediário junto com Deus, com todos os outros santos, desfrutando das bênçãos paradisíacas e da profunda felicidade que é estar com o Pai em contraste com esta vida terrena, então isso seria uma forma de recompensa – e bota “recompensa” nisso! Contudo, a declaração de Cristo é categórica ao afirmar que a recompensa pelas obras generosas praticadas nesta vida, o momento em que iremos desfrutar da recompensa que Deus nos dá pela sua infinita graça e misericórdia, não é no momento da morte, mas sim na ressurreição dos mortos! Ao tentar conciliar a existência do estado intermediário com a recompensa que só é dada no momento da ressurreição, os imortalistas caem em uma séria contradição, pois, se tal estado intermediário no Céu com Deus realmente existisse, então os que morressem já estariam desfrutando das bênçãos paradisíacas, sendo recompensados. Contudo, Jesus nega isso ao afirmar claramente que a recompensa dada aos que se esforçam nessa vida é na ressurreição dos mortos, o que contraria o ensino do “estado intermediário”. Na verdade, não há sequer “pista” alguma que indique que os justos seriam nem mesmo recompensados gradativamente ao longo de tal “estado intermediário”, afinal, se a recompensa é a ressurreição, então estar com Deus desfrutando das delícias celestiais em um estado intermediário não é uma recompensa. Pelo menos seria essa desastrosa conclusão que deveríamos pressupor em caso que, de fato, existisse esse “estado intermediário”. Além do mais, se essa distinção ocorre na hora da morte, contraria a fala de Jesus que afirma que essa distinção haverá só com Sua Vinda: “E quando o Filho do Homem vier em Sua glória e todos os santos anjos com Ele, então Se assentará no trono da Sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dEle, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as ovelhas à Sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá aos que estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (cf. Mt.25:31-34). Se a distinção e a separação entre justos e injustos é somente na Sua segunda Vinda (como vimos acima), então é imperdoável que os justos e os ímpios já estejam bem separados uns dos outros, no Céu e no inferno, ou em qualquer outro lugar. O próprio fato da distinção entre os justos e os ímpios ser na volta de Cristo prova que eles não estavam separados ainda uns dos outros. A condenação é somente no último dia – "Há um juiz para quem me rejeita e não aceita as minhas palavras; a própria palavra que proferi o condenará no último dia” (cf. João 12:48). As palavras de Cristo são tão lúcidas que não necessitam nem um pouco de maiores elucidações. Qual é o momento em que os ímpios serão condenados? Logo depois da morte quando são lançados no inferno ou somente no último dia? Jesus nos responde a esta questão respondendo claramente e sem rodeios que serão condenados “no último dia” e – olha só que coincidência – este é o momento da

ressurreição: “E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia” (cf. João 6:39). Vemos, portanto, que a condenação dos ímpios não é logo depois da morte em um “estado intermediário” e muito menos que eles já estejam condenados, pois a sua condenação é somente no último dia, o dia da ressurreição dos mortos. Considerar que os ímpios já estejam atualmente queimando em um lugar de fogo denominado de “inferno” ou “Hades” significa crer que eles já sofreram a condenação antes mesmo do momento em que Cristo disse que eles seriam condenados! É óbvio que se o momento da condenação dos ímpios é no último dia, segue-se logicamente então que eles não estão na condenação, como pensam os imortalistas. Infelizmente, os defensores da alma imortal nunca poderão admitir tal verdade declarada por Cristo, pois isso tiraria milhões de pessoas de um inferno de fogo já em atividade sofrendo as suas condenações, e acabaria com a lenda da imortalidade da alma. A entrada no Reino ou na condenação é por ocasião da volta de Cristo – Confirmando as claras palavras de Cristo aos seus discípulos assegurando-lhes que o momento em que eles teriam parte em suas moradas celestiais seria na Sua Volta (cf. Jo.14:2,3), porque é este o momento da ressurreição (cf. 1Co.15:22,23), o próprio Jesus lhes conta uma parábola em que confirma tal ensino de que a entrada no Reino ou na condenação ocorre por ocasião da Sua Volta, e não de alguma “alma” ou “espírito” que parta desencarnado antes disso. Vejamos o que ele ensina: “Depois de muito tempo o senhor daqueles servos voltou e acertou contas com eles. O que tinha recebido cinco talentos trouxe os outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco talentos; veja, eu ganhei mais cinco’. O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor! ’” (cf. Mt.25:19-21). Qual é o momento em que o servo bom e fiel tomou parte na alegria do Senhor? Antes ou depois da volta do seu senhor? Não foi antes, mas depois! É muito claro aqui que o “senhor” da parábola é uma representação do próprio Cristo que há de voltar para então recompensar a cada um, e os servos fiéis só entram no gozo do Senhor quando o dono da vinha [representação de Cristo] voltar, “depois de muito tempo” (v.19)! Ele não poderia ser mais claro e exato do que isso ao afirmar os tempos e datas em que se daria tal acontecimento. Também vemos neste mesmo contexto que é somente quando o Senhor volta que os seus servos têm que prestar contas a ele (vs. 20, 22). É no momento da volta de Cristo, e não antes dela, que teremos que prestar contas perante Ele por tudo o que fizemos! E, finalmente, também é este o momento em que o servo mau é lançado na trevas (v.30). Portanto, a partir de tal parábola de Cristo percebemos que: (1) entraremos na alegria do Senhor por ocasião da Sua Volta; (2) seremos recompensados por ele nessa ocasião; (3) é também nessa ocasião em que teremos que prestar contas a ele; e (4) é também na volta de Cristo que os servos infiéis são lançados nas trevas. Todas essas conclusões negam em absoluto a imortalidade da alma, pois tal doutrina, estranha à Bíblia, prega exatamente o inverso disso: de que já entramos na alegria do

Senhor em um estado intermediário muitíssimo antes da Volta de Cristo (alguns dois mil anos antes de sua volta); de que somos recompensados entrando no Céu logo depois da morte; de que prestaremos contas a ele antes da sua vinda e que os servos infiéis já estão queimando atualmente e estão esperando entre as chamas a volta de Cristo para prestarem contas e voltarem a queimar novamente depois disso. A vergonha dos ímpios é na segunda vinda – “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (cf. Mc.8:38). O momento em que o Filho do homem irá se envergonhar dos pecadores é quando ele vier na glória de seu Pai com todos os santos anjos, algo que vai de frente à doutrina da imortalidade da alma, uma vez que os ímpios já estariam queimando no inferno muito antes disso e, portanto, já sendo envergonhados. O próprio Cristo, contudo, afirma que aquela geração iria passar vergonha na Sua Vinda, e não antes disso. O próprio fato de Cristo ter feito uma referência àquela geração judaica de sua época (“nesta geração” – v.38), prova que eles não podem estar queimando atualmente, uma vez que deste modo aquela geração já estaria sendo envergonhada, mas Cristo afirma categoricamente que tal fato concretizar-se-á na Sua vinda, a ressurreição dos mortos, para a vida ou para a vergonha da condenação. É bem nítido que aquela geração que pereceu não está já na condenação do inferno, pois desta forma eles já estariam condenados, envergonhados, menosprezados, humilhados, e tudo isso antes da volta de Cristo! X–Sobre Imortalidade e Vida Eterna Cristo e a Vida Eterna – É fator bem importante, primeiro, considerar que nem todos alcançam uma vida eterna, que não existe uma vida eterna no inferno, que a vida eterna é a partir da ressurreição e que a imortalidade é um dom de Deus para ser buscada. Aprofundar-nos-emos mais neste ponto principalmente quando passarmos aos ensinos de Paulo, por hora limitemo-nos acerca dos ensinamentos de Jesus Cristo, que disse: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (cf. Jo.10:28). Se Cristo me dá a vida eterna, isso quer dizer que não temos uma natureza imortal, e sim essa imortalidade é totalmente dependente de Cristo se somos salvos. Essa verdade é tão fundamental que é pregada por várias outras vezes por Cristo. A vida eterna está reservada apenas e tão somente aos filhos de Deus: “Para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (cf. Jo.3:15). Note que Cristo fez a promessa de dar a vida eterna somente àqueles que Nele crerem. E ainda acentua: “E esta é a promessa que ele mesmo nos fez, a vida eterna” (cf. 1Jo.2:25). Mas, por que razão que Jesus iria dar uma vida eterna a alguém que já possuísse em si mesmo uma alma imortal? Essa é uma questão que imortalistas tem uma grande dificuldade de explicar. “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo” (cf. Jo.6:27); e também: “De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (cf. Jo.6:40).

Além disso, é importante considerarmos que a vida eterna é uma herança: “Certo homem de posição perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (cf. Lc.18:18). Se a vida eterna já fosse garantia de todos por terem uma “alma imortal”, então este homem não teria que perguntar para Cristo o que ele devia fazer para herdá-la, pois ele já a teria de qualquer jeito! Mas apenas os justos herdam vida eterna. Em João 6:51, Cristo faz a seguinte afirmação: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente” (cf. Jo.6:51). Logo, quem não come do pão da vida não viverá eternamente. O ensinamento é claro em desfazer a imortalidade incondicional por meio de uma alma eterna, pois a conjunção “se” expressa uma condição: apenas aqueles que comem do pão poderão viver eternamente. Isso nos mostra que não existe uma alma imortal/eterna implantada nos seres humanos, pois é apenas por meio de Cristo (e não mediante uma alma imortal) que os justos viverão eternamente no futuro, e os ímpios (que não comem do pão vivo) não viverão eternamente em algum lugar. Isso é confirmado novamente por Cristo: “Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá” (cf. Jo.6:57). Veja que aqui é acentuado o fato de que a vida é somente em Cristo. Apenas por

meio Dele [de Cristo] podemos viver eternamente. O que vai além disso deve fazer parte da mentira de Satanás (cf. Gn.3:4). Os apóstolos contrariavam a Cristo? – Os apóstolos não contrariam a Cristo, muito pelo contrário, seguem na mesma linha. O apóstolo Paulo afirma que a imortalidade é por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10). Ora, se a imortalidade é por meio do evangelho então aqueles que desprezam o evangelho não possuem a imortalidade. O apóstolo João vai além e declara que o assassino não tem a vida eterna permanente em si (cf. 1Jo.3:15), e assegura que a vida é somente em Cristo (cf. 1Jo.5:12). Os ímpios, ao contrário, não verão a vida (cf. Jo.3:36). Importante ressaltar também que a vida eterna e a imortalidade é a partir da ressurreição dentre os mortos. Apenas Deus tem uma “vida eterna” permanente em si no sentido completo da palavra, não tendo nem princípio nem fim de dias, sendo eterno literalmente. Aos justos é concedida uma vida eterna e imortalidade, não como Deus possui (i.e, imortalidade inerente, sem início e nem fim), mas sim uma imortalidade condicional (de seguir o evangelho e de aceitar a Cristo – cf. 2Tm.1:10; Jo.6:51; Jo.6:57). Essa imortalidade é a partir da ressurreição dentre os mortos. É por isso que a imortalidade tem que ser buscada (cf. Rm.2:7), e revestida (cf. 1Co.15:53), na ressurreição (cf. 1Co.15:51-54). Ora, ninguém busca aquilo que já se possui. Essa realidade, da vida eterna a partir da ressurreição, é ainda mais acentuada pelo próprio Cristo, que declara: “Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem da ressurreição para a vida; e os que fizeram o mau da ressurreição para a condenação” (cf. Jo.5:28,29). Veja que eles não estão na vida, mas eles sairão para a vida a partir da ressurreição. A vida está relacionada à ressurreição porque ela está condicionada a ela. Ademais, todos ressuscitarão vindos do túmulo (e não do Céu, do inferno ou do purgatório) a fim de comparecer no tribunal divino. A Bíblia afirma que só Deus possui a imortalidade como uma possessão presente:

“... O único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem ninguém jamais viu nem pode ver. Para ele, honra e poder para sempre. Amém” (cf. 1Tm.6:16). Para a humanidade, a imortalidade é ainda um prêmio a ser buscada: “... para aqueles que pela paciência em fazer bem, procuram glória, honra e imortalidade, ele dará a vida eterna” (cf. Rm.2:7). Definitivamente, Jesus jamais ensinou a doutrina da imortalidade da alma. XI–Sobre o Estado Final dos ímpios Mais ensinamentos de Cristo – Os ensinamentos de Cristo acerca do estado final dos ímpios é bem claro, e do início ao fim nega toda e qualquer “imortalidade” que seja concedida também a eles. Um bom exemplo disso é o que o Mestre narra em Marcos 12:1-9: “Certo homem plantou uma vinha, colocou uma cerca ao redor dela, cavou um tanque para prensar as uvas e construiu uma torre. Depois arrendou a vinha a alguns lavradores e foi fazer uma viagem. Na época da colheita, enviou um servo aos lavradores, para receber deles parte do fruto da vinha. Mas eles o agarraram, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias. Então enviou-lhes outro servo; e lhe bateram na cabeça e o humilharam. E enviou ainda outro, o qual mataram. Enviou muitos outros; em alguns bateram, a outros mataram. Faltava-lhe ainda um para enviar: seu filho amado. Por fim o enviou, dizendo: A meu filho respeitarão. Mas os lavradores disseram uns aos outros: Este é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e a herança será nossa. Assim eles o agarraram, o mataram e o lançaram para fora da vinha. O que fará então o dono da vinha? Virá e exterminará aqueles lavradores e dará a vinha a outros” (cf. Marcos 12:1-9) O que Cristo ensina nessa parábola acerca do fim dos ímpios é bem claro. Se ele quisesse induzir que seriam dotados de imortalidade igual aos justos e ficando para sempre no lago de fogo (conscientemente), então provavelmente teria dito que eles seriam “castigados eternamente”, ou que “torturaria aqueles homens para sempre”. Mas claramente não é isso o que Jesus ensina. O Nosso Senhor compara a destruição dos ímpios com joio reunido em molhos para ser queimado (Mt.13:30). Ora, acaso o joio que é queimado (que representa os ímpios) possui um material imortal e indestrutível? É claro que não. Assim também os ímpios, representados pelo joio, não são indestrutíveis. A Bíblia diz claramente que os ímpios NÃO terão corpos incorruptíveis, que é exclusividade apenas dos justos (ver Fp.3:20,21; 1Co.15:35-55). Paulo também afirma isso categoricamente: “Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (cf. Gl.6:8). Em oposição a uma “vida eterna”, os ímpios possuirão corpos corruptíveis. Ora, se fossem queimar eternamente seriam exatamente o contrário, isto é, incorruptíveis. A comparação de Cristo com o joio que é queimado é exata, pois assim como o joio, os ímpios não ficam queimando para sempre: são corruptíveis como o joio, e não incorruptíveis como os justos. Ademais, Jesus fez a devida analogia do destino dos não-salvos com ervas reunidas nos molhos para serem queimadas (cf. Mt.13:30,40), os maus peixes que lançados fora (cf. Mt.13:48), as plantas ruins que foram arrancadas (cf. Mt.15:13), a árvore que não dá frutos que é cortada (cf. Lc.13:7), os galhos secos que foram queimados (cf. Jo.15:6), os servos infiéis exterminados (cf. Lc.20:16), o mau servo que foi despedaçado (cf. Mt.24:51), os galileus que pereceram (cf. Lc.13:2,3), as dezoito pessoas que foram

esmagadas pela torre de Siloé (cf. Lc.13:4,5), os antediluvianos que foram destruídos pelo dilúvio (cf. Lc.17:27), as pessoas de Sodoma e Gomorra que foram consumidas pelo fogo (cf. Lc.17:29) e os servos maus que foram executados (cf. Lc.19:14,27). Nenhuma dessas comparações do fim dos ímpios induz a uma existência eterna, muito pelo contrário, remete a uma destruição completa, a um fim de existência. A imortalidade é um dom de Deus e dons não são distribuídos assim para os ímpios, mas apenas para os justos. Por tudo isso não existe a imortalidade da alma. XII–A Ressurreição de Lázaro A Ressurreição de Lázaro – Outro fato de fundamental importância que revela fatalmente que Cristo jamais ensinou a doutrina da imortalidade da alma é a ressurreição de Lázaro, o que fica mais evidente quando analisamos cuidadosamente o contexto: “Chegando, pois, Jesus, encontrou-o já com quatro dias de sepultura. Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. E muitos dos judeus tinham vindo visitar Marta e Maria, para as consolar acerca de seu irmão. Marta, pois, ao saber que Jesus chegava, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se (estivesses aqui) meu irmão não teria morrido. E mesmo agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá. Respondeu-lhe Jesus: Teu irmão há de ressurgir. Disse-lhe Marta: Sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia. Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto? Respondeu-lhe Marta: Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo” (cf. João 11:17-27) Muitas coisas podemos considerar a partir deste relato. Em primeiro lugar, quando Jesus consolava as irmãs de Lázaro (já morto), em nada indicou que este estivesse na “glória” ou contemplando a face de Deus, mas apenas lhes dá a esperança da ressurreição (cf. Jo.11:17-27). Ele aponta à ressurreição “no último dia” como única fonte de consolação. Ora, se Lázaro já estivesse na “glória”, então Jesus iria aproveitar tal oportunidade a fim de ressaltar que era sem sentido o pranto por ele, uma vez que já estaria em um lugar muitíssimo melhor, e seria muito mais desvantajoso para ele (Lázaro) ter que voltar para esta presente terra cheia de perdição. Em outras palavras, seria melhor para Lázaro tê-lo deixado onde ele estava! Mas Cristo não somente o ressuscita como também usa como fonte de consolação a base na ressurreição do último dia. Em momento nenhum ele chega a induzir que Lázaro já estivesse desfrutando de alguma bem-aventurança paradisíaca, e se tal fato fosse verdade então ele mencionaria às irmãs dele sem a menor hesitação, uma vez que estavam não só elas – mas todos os outros – aflitos de espírito e chorando pela sua morte. Contudo, não somente Cristo usa como a única base de consolação a esperança da ressurreição, como também Marta reage às palavras Dele na mesma base, confirmando sua esperança na ressurreição. De acordo com o texto, Jesus consolou a irmã de Lázaro dizendo que este iria “ressurgir”. Marta sabia disso, mas sabia também que ele só iria ressurgir na ressurreição do último dia. Este fato é muito importante, pois mostra que

Marta acreditava que Lázaro só voltasse à vida através da realidade da ressurreição, que se dá somente no último dia, o dia da volta de Cristo (cf. 1Co.15:22,23). Marta certamente que não estava falando apenas de um simples corpo morto que voltaria a vida, pelo contrário, referia-se ao próprio Lázaro como pessoa, como ser racional. Marta acreditava realmente que seu irmão estava literalmente morto, e chorava, pois acreditava que só ressurgiria na ressurreição do último dia. Um pouco mais de raciocínio e saberíamos o porquê que a esperança de Marta era na ressurreição do último dia: porque era somente neste momento em que ela (Marta) voltaria a encontrá-lo (Lázaro). O momento em que ambos seriam reapresentados e poderiam exultar-se de alegria e satisfação não seria quando Marta morresse junto e a sua alma se encontrasse com Lázaro, pelo contrário, tal reencontro só se daria na ressurreição do último dia, pois é somente neste momento em que Lázaro voltaria à vida e Marta (que certamente também passaria pela morte) também, e ambos seriam apresentados. Isso explica a esperança de Marta em voltar a vê-lo na ressurreição do último dia, o que também foi a única fonte de consolação dada a ela. O apóstolo Paulo escreve a mesma coisa ao ressaltar que o momento em que todos serão reapresentados é na ressurreição dentre os mortos: “Porque sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos, também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará com vocês” (cf. 2Co.4:14). Cristo não contradiz essa concepção de Marta, muito pelo contrário, concorda com ela, e por fim diz: “...quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (v.25). Cristo não disse “...ainda que morra, vive...”, pelo contrário, afirmou: “ainda que esteja morto, viverá”. Do princípio ao fim, Jesus nega qualquer existência de um estado intermediário consciente em que Lázaro estivesse vivo, pois se este fosse o caso então Cristo teria dito que “ainda que esteja morto... vive”, o que indicaria o estado consciente (de vida) do ser racional na morte. Contudo, Cristo nega este estado, pois afirma que tal vida não é algo presente, mas sim um acontecimento futuro: “ainda que morra... viverá” – verbo no futuro, indicando a esperança da ressurreição no último dia como único meio de alguma pessoa voltar à vida. O ensinamento é que quem nele crer “viverá eternamente” (cf. Jo.6:58), e não “vive... eternamente”. A posse da eternidade é um acontecimento futuro, e não algo já presente – ainda que morra, viverá! Alguns ainda objetam dizendo que no verso seguinte ele diz que nós não morremos nunca, como algumas versões erroneamente traduzem: “todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?” (v.26). Contudo, esta tradução segue novamente as tendências dualistas dos tradutores, e não o original grego. O texto original traz: “ou mh apoqanh eiV ton aiwna" – não morrerá eternamente. Como vemos, no verso 25 Jesus falava do estado atual dos mortos negando que estes estivessem com vida e indicando que a posse da vida aos mortos é um acontecimento futuro; e no verso seguinte (v.26) ele falava da morte eterna [segunda morte] na qual os justos não passarão, mas somente aqueles que não forem encontrados no livro da vida no dia do Juízo, na segunda vinda de Cristo (cf. 2Tm.4:1). Algumas versões traduzem corretamente de acordo com o original grego, como é o caso da NVI e da ARA. Tal passagem é, portanto, um golpe de morte na doutrina do estado intermediário consciente dos mortos. Todos passaremos pelo estado de morte (i.e, sem vida) entre a

morte e a ressurreição, mas apenas os ímpios sofrerão também a morte eterna [segunda morte] em contraste com os justos que terão a vida eterna. É exatamente isso que Cristo descreve nos versos de João 11:25,26, sem fazer nenhuma indicação de estado consciente dos mortos, pelo contrário, dizendo que apenas no futuro os que já morreram desfrutarão de vida. Além de tudo isso, devemos lembrar também que o texto absolutamente não fala de lugar nenhum em que Lázaro tivesse passado pelos quatro dias em que esteve morto. Cristo não disse: “Lázaro, sobe”, ou então: “Lázaro, desce”; pelo contrário, disse simplesmente: “Lázaro, sai para fora” (cf. Jo.11:43). O ser racional de Lázaro estava na sepultura, e não no alto (Céu) ou embaixo (inferno). Como os próprios atestam o processo de pensamento ligado a alma e como função desta, sendo o próprio ser racional de Lázaro, é imprescindível que Jesus se dirigisse a este ser racional (alma) com o grito de “Lázaro, desce!” – se estivesse no Sheol ou no inferno – ou então: “Lázaro, sobe!” – se estivesse com Deus no Céu. Contudo, vemos que o ser racional não estava em outro lugar senão na própria sepultura. Se Lázaro tivesse alguma “experiência sobrenatural” nos quatro dias em que esteve morto, João certamente então iria narrar tal fato sem hesitação alguma. Afinal, seria tema importantíssimo e de maior interesse da comunidade dos crentes. Contudo, Lázaro nenhuma informação trouxe da sua possível passagem pela glória celestial; aliás, nem ele e nem qualquer das outras sete pessoas que foram levantadas dentre os mortos (cf. 1 Reis 17:17-24; 2 Reis 4:25-37; Lucas 7:11-15; 8:41-56; Atos 9:36-41; 20:9-11) tiveram qualquer experiência entre a morte e a ressurreição para compartilhar conosco. Isso seria de importância fundamental para calar alguns grupos daquela sociedade judaica, como os saduceus, que não acreditavam em nada após a morte nem em ressurreição. Contudo, nem eles tiveram história nenhuma para contar, nem mesmo qualquer escritor bíblico fez questão relatar tal suposição. Isso não é meramente um “argumento do silêncio” como argumentam alguns. Mas, mesmo que assim fosse, o bom senso nos leva a acreditar que qualquer experiência fora do corpo entre a morte e a ressurreição seria narrada por quem tivesse passado por tal fato. Uma prova muito forte disso são as várias pessoas que entraram em estado de “quase-morte”, e o cérebro criou imagens de “paraísos” e/ou do “inferno”, sem, contudo, as pessoas haverem falecido de fato. Todas elas narram tais acontecimentos sem a menor hesitação, e não somente isso, mas tal fato é o primeiro a ser mencionado por elas. Na Bíblia Sagrada, contudo, absolutamente nada disso acontece. As pessoas que literalmente morreram (não ficaram apenas em estado de “quase-morte”) não tiveram nada e história nenhuma para relatar. A razão pela qual Lázaro e as outras sete pessoas levantadas dentre os mortos não tiveram nada para contar é que elas passaram pelo “sono da morte”, assim como todas as pessoas passam, até Cristo Jesus nos trazer de volta a vida, como ele prometeu: “Eis que virá a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz, e os justos sairão para a ressurreição da vida; e os maus para a ressurreição da condenação” (cf. Jo.5:28,29). Os que pregam a teoria do “estado intermediário” com as nossas “almas imortais” encaram uma grande confusão: Ou Cristo retirou Lázaro do conforto no Paraíso (no “seio de Abraão”), para trazer de volta para este mundo que jaz no maligno - cometendo assim uma

maldade para com Lázaro -, ou então teria retirado Lázaro do inferno (algo muito improvável, pois era um seguidor do Mestre que Lhe amava), mas teria sido assim antibíblico, concedendo-lhe uma segunda oportunidade de salvação. Não, Jesus não tirou Lázaro do Paraíso à força para trazer de volta para este mundo (o que, aliás, faria Lázaro ter ficado revoltadíssimo...!). O que os imortalistas imaginam Deus dizendo, jamais aconteceu: “’Lázaro, você já está aqui

há quatro dias, mas agora você vai ter que voltar, porque o meu filho está te

ressuscitando!!!’ ‘Mas Deus, eu quero ficar aqui’! ‘Vai nada, Lázaro, você vai embora...!’” É óbvio que esse absurdo jamais aconteceu, o que realmente aconteceu é o que Jesus disse em João 11:11 – “Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do seu sono.” Conclusão – Concluímos, pois, que Jesus em momento algum pregou a doutrina da imortalidade da alma. Pelo contrário, muitas passagens foram distorcidas por parte dos dualistas, mas todas elas não passam por um teste de fogo bíblico, em poucas linhas são facilmente refutadas. Uma doutrina que apresenta como principal fundamento os meios de uma parábola, não pode ser alvo de muita confiança. Na verdade, não merece nem um mínimo de confiança. Nosso Senhor assegurou aos apóstolos que para onde ele iria, eles não poderiam ir (cf. Jo.13;33). Contudo, apresenta-lhes a esperança de que chegaria o dia em que ele “voltaria para lhes tomar consigo... para que onde Cristo estaria, lá estivessem eles também” (cf. Jo.14:2,3). A necessidade da ressurreição traduz-se em dar a vida a quem está sem vida, e não a um simples fato de um espírito sem corpo ganhar um e continuar no Céu do mesmo jeito. Tal fato é assegurado pelas palavras de Cristo de que entrariam na vida a partir a ressurreição (cf. Jo.5:28,29), que a alma não vai diretamente para a vida eterna mas é preservada até este momento em que entraria na vida [através da ressurreição] (cf. Jo.12:25), que a condição de ter vida é de segui-Lo (cf. 2Tm.1:10; Jo.6:51; Jo.6:57), da realidade de que só a partir dessa ressurreição é que os justos se separarão dos ímpios (cf. Mt.25:31,32), para só aí entrarem no celeiro, fato que se dará no fim do mundo (cf. Mt.13:39), e de igual modo os ímpios só serão queimados na consumação deste mundo (cf. Mt.13:40), na consumação dos séculos (cf. Mt.13:47-50). Os justos entrarão no Reino não quando eles morressem e as suas almas imortais partissem para o Céu, mas sim quando o “Filho do homem vier na sua glória e todos os anjos com ele” (cf. Mt.25:31-34), pois é somente neste momento em que os justos recebem o Reino que lhes fora prometido desde a fundação do mundo (cf. Mt.25:34). Tudo isso prova que na há separação de corpo e alma por ocasião da morte com destinos diferentes a justos e ímpios, estabelecidos definitivamente em seus destinos finais por toda eternidade logo após o momento da morte, através de uma alma imortal sendo liberta da prisão do corpo. Corpo e alma não são opostos. A esperança do cristão é a de que “ainda que morra, viverá” (cf. Jo.11:25), e não a de que “ainda que morra, vive”! Seria excelente se todas as pessoas viessem a refletir sinceramente sobre o tema, e deixassem de crer na mentira de Satanás (cf. Gn.3:4), para crer que “virá a hora em que

todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz, e os justos sairão para a ressurreição

da vida; e os maus para a ressurreição da condenação” (Jesus Cristo, em João 5:28,29).

PARTE 3.4 – OS PRIMEIROS APÓSTOLOS PREGAVAM A IMORTALIDADE DA ALMA? XIII–Atos dos Apóstolos “Ao contrário, tinham alguns pontos de divergência com ele acerca de sua própria religião e de um certo Jesus, já morto, o qual Paulo insiste que está vivo” (cf. Atos 25:19) Para descobrirmos se a Igreja Primitiva pregava a doutrina da imortalidade da alma, temos o testemunho ocular de uma pessoa que conviveu com Paulo, Pedro, Marcos, Barnabé e com os primeiros apóstolos, um médico que contou a história dos primeiros anos do Evangelho: Lucas. Quando o sincronismo com as religiões pagãs ainda não havia penetrado nos moldes do Cristianismo e a doutrina que era pregada vinha diretamente daqueles que eram testemunhas oculares de Jesus Cristo, que conviveram com ele e estavam com ele, e foram deixados aqui com a missão de pregar o evangelho a toda criatura (cf. Mc.16:15), a doutrina da imortalidade era deixada das portas para fora da Igreja. Como iremos ver ao longo da evidência de Atos, a pregação era totalmente voltada para a ressurreição dentre os mortos, não só de Cristo, mas de todos os cristãos por ocasião da Sua Volta. A pregação era o Cristo que, mesmo morto, ainda vive, e vive para todo o sempre. E aos demais estaria valendo essa mesma lógica? Certamente que não. A primeira evidência que veremos é a de Davi. Davi morto, Jesus vivo – A primeira forte evidência que veremos é a que Pedro se refere a Davi, fazendo um contraste com Jesus Cristo. O que Pedro nos revela em Atos 2:34 certamente que não é aquilo que a maioria dos imortalistas concordam: “Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita.” (cf. Atos 2:34) A clareza da linguagem é indiscutível: Pedro estava dizendo que Davi não havia subido aos Céus. Veremos agora duas objeções constantemente usadas pelos dualistas, com as suas devidas refutações, quanto a Davi não haver subido aos Céus: (1) O corpo de Davi não havia subido ao Céu, mas ele estava lá em espírito. (2) Davi não subiu ao Céu para declarar a frase do versículo. Começaremos com a refutação da primeira objeção, que é levantada por muitos. Em primeiro lugar, Pedro jamais poderia ter dito que Davi não havia subido ao Céu corporalmente, mas já havia subido em espírito, porque isso levaria a confundir uma inumeridade de pessoas que estavam acompanhando o discurso. Devemos lembrar que o apóstolo estava pregando para nada a mais nada a menos que três mil pessoas, que, além disso, eram descrentes ouvindo a pregação do Evangelho. A maioria

poderia ser pessoas humildes, que não teriam a tamanha “habilidade” que os imortalistas têm de discernir que a alma subiu, mas o corpo não. Certamente que eles iriam pensar como o texto parece indicar claramente: que Davi (a pessoa de Davi), não havia passado pelo Céu. E isso já seria o suficiente para negarem o evangelho com o pretexto de heresia por não terem entendido direito o que Pedro estava tentando dizer nesta passagem. As pessoas que ouviam viva-voz a pregação de Pedro iriam pensar realmente que Davi não havia subido aos céus. Em segundo lugar, Pedro jamais iria querer confundir a multidão. Se Davi estivesse já no Céu ele não diria que ele não estava e ainda omitiria explicações! O apóstolo na iria “confundir” a multidão de tal maneira a induzir que apenas um corpo morto não havia subido, mas que o espírito (que seria uma “alma imortal”) já estivesse lá. Se tal caso procedesse, certamente que Pedro faria uma distinção, explicando que Davi não havia subido apenas corporalmente, e explicando que o espírito já havia subido para não confundir o pessoal. Em terceiro lugar, isso é ferir o texto bíblico, que omite completamente que Davi tenha subido em espírito. O texto só diz que ele NÃO subiu. Dizer que Davi subiu em espírito é colocar na boca de Pedro aquilo que ele jamais afirmou e ir absolutamente “além daquilo que está escrito” (cf. 1Co.4:6). Em quarto lugar, se a passagem deve ser interpretada conforme essa opinião, então deveríamos entender que o escritor de Atos (Lucas) deixou entender errado. O jeito certo seria: “Porque Davi não subiu CORPORAVELMENTE aos céus...”. Essa opção estava mais do que disponível para colocar no texto e evitaria absolutamente qualquer interpretação “equivocada”. Lucas era um escritor bem inteligente para deixar passar batido tão tremenda confusão aos seus leitores. Qualquer imortalista daria uma ênfase ao fato de que Davi não subiu aos céus corporalmente apenas, se esse fosse o caso. Mas em nada o texto nos indica isso. Em quinto lugar, porque, como vimos na Parte 2, a natureza humana é holista, e não dualista. O “espírito” que nós possuímos nada mais é do que simplesmente o princípio animador da vida concedido por Deus tanto aos seres humanos quanto aos animais pela duração de sua existência terrena. Não tem nada a ver com uma “alma imortal”! Prova disso é que Davi se encontrava na sepultura e não em algum lugar no Paraíso ou em alguma outra dimensão: “Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente, a respeito do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado e o seu túmulo permanece entre nós até hoje” (cf. At.2:29). Alguns poderiam objetar alegando que o que estava no túmulo era tão-somente o corpo de Davi, e não sua alma que já havia subido aos céus. Essa interpretação, contudo, é absolutamente negada pelas explícitas palavras de Pedro: “Porque Davi não subiu aos céus” (cf. At.2:34). O ser racional de Davi (geralmente associado à alma ou ao ser pensante) não havia subido aos céus. Em sexto lugar, o primeiro Céu é o lugar acima onde as aves voam; o segundo Céu é o espaço (astros, planetas); o terceiro Céu é onde Deus fica em uma outra dimensão. O texto em pauta diz que Davi não subiu aos Céus, no plural, isto é, ele não subiu para lugar nenhum!

Em sétimo lugar, conforme veremos mais adiante, o contexto da passagem não confirma tal idéia. O contexto faz uma antítese com Cristo, que está vivo e já subiu ao Céu. Se Davi também tivesse subido ao Céu, essa analogia seria nula e sem sentido. E, em oitavo, a referência faz alusão a pessoa de Davi, ao Davi como indivíduo. Não como um Davi separado, “cortado pela metade”, mas ao Davi integral, como pessoa. Quando falamos de indivíduos, tratamos da pessoa integral que não subiu aos céus. Davi não teve um corpo que morreu e uma alma que subiu ao Céu. Davi, como pessoa, não havia subido aos céus. Os apóstolos não iriam querer passar tal “confusão” para o povo sem ainda explicar nada... Quanto à segunda teoria, essa é a ainda mais falha. Em primeiro lugar, falha primeiramente no mesmo ponto da outra, em admitir a existência de uma alma imortal que está presa dentro do corpo, mas é liberta por ocasião da morte. Tal alusão é estranha à Bíblia, e a natureza humana é holista, e não dualista (ver Parte 2). Em segundo lugar, é óbvio que ninguém vai subir até o Céu para escrever alguma coisa. O autor desta fala estaria dizendo algo muito “esquisito”, para falar pouco! É a mesma coisa que eu dizer para você: “Almeida não desceu para o inferno para traduzir a Bíblia”! Como você reagiria a tal questão? Certamente que não faria sentido algum, pois é óbvio que uma pessoa não vai descer para o inferno (ou subir para o Céu) para escrever alguma coisa e depois voltar! Isso fere completamente a lógica de pensamento do autor. Em terceiro lugar, o contexto contradiz essa segunda objeção por parte dos defensores da imortalidade. Pedro, que falava a multidão, fazia uma antítese entre Jesus e Davi, e dizer em seguida que Jesus subiu ao Céu (literalmente) e no contraste dizer que Davi não subiu aos céus apenas para escrever alguma coisa é, além de absurdo, totalmente descontextualizado. Quebra a clareza textual da analogia de Pedro. Não faz sentido algum com a analogia que está sendo feita, ficaria assim nula e sem sentido. Em quarto lugar, se Davi não tivesse subido ao Céu para falar aquilo, então o texto estaria errado. O jeito certo seria: “Porque Davi não subiu ao Céu PARA DECLARAR disse o Senhor ao

meu senhor...”. Tal declaração seria a mais lógica e se Lucas tivesse a intenção de dar a frase tal sentido, ele teria essa opção pronta, a mão, que poderia ser perfeitamente utilizada. Mas é óbvio que o texto não diz isso, o que o texto realmente diz é: “Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara...”. Veja que Davi não subiu aos Céus e declarou esta mensagem. Além de uma total falta de nexo dentro do próprio texto, essa segunda [tentativa de] refutação é mais falha ainda que a outra. Davi, realmente, não havia subido aos céus. Outra “explicação” que já fora levantada para essa passagem, é que os mortos estariam no “Paraíso” e não no “Céu”, e, por isso, Davi não subiu para o Céu (sim, eu já ouvi essa “explicação”!). Essa última objeção é a mais absurda de todas por dois principais motivos. O primeiro é o que já vimos acima, o primeiro, segundo e terceiro Céu incluem todas as dimensões existentes de vida humana ou espiritual. Pedro não disse que Davi não subiu somente ao “primeiro ou segundo céu”, pelo contrário, relata que Davi não subiu aos Céus, no plural, ou seja, Davi não subiu para lugar nenhum! O Paraíso, portanto, localiza-se

no “Terceiro Céu”, que inclui todas as dimensões espirituais, no qual Davi também não subiu. Logo, tal objeção é inválida e não ajuda em nada para “melhorar” as coisas. Em segundo lugar, para confirmar o fato de que o Paraíso é o Terceiro Céu, o apóstolo Paulo escreve: “Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado ao terceiro céu [...] foi arrebatado ao paraíso e ouviu coisas indizíveis, coisas que ao homem não é permitido falar” (cf. 2Co.12:2,4). Aqui vemos claramente o paralelismo de Paulo em afirmar primeiramente que foi arrebatado ao Terceiro Céu e, sem seguida, confirmar que este local é o Paraíso. E Davi não subiu a nenhum dos Céus (nem ao terceiro). Portanto, não restam objeções contra o fato de que verdadeiramente Davi não subiu para lugar nenhum – nem para o primeiro, segundo ou terceiro céu, nem para o Paraíso, etc... Contexto! Contexto! Contexto! Este mesmo texto de Atos que diz que Davi não subiu aos céus faz um paralelo entre Davi e Cristo, dizendo que este último não está morto que nem Davi, mas vivo, e já subiu aos céus (cf. Atos 1:3; Atos 2:33), como podemos observar claramente inclusive no verso anterior, com respeito a Cristo: “Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.” (cf. At.2:33). Enquanto Davi, em contraste, o texto diz que: “Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado e o seu túmulo permanece entre nós até hoje” (At.2:29). Ora, mas por que o autor iria fazer uma declaração tão óbvia como essa? Certamente que ele estava acentuando uma antítese: Davi está morto, mas Jesus está vivo. O seguinte quadro ajuda a elucidar o contraste feito por Pedro: CONTRASTE ENTRE JESUS E DAVI JESUS CRISTO DAVI Já subiu aos Céus – At.2:33 Não subiu aos Céus – At.2:34 Está com Deus (Pai) – At.2:33 Está na sepultura – At.2:29 Está vivo – At.1:3; ; 2:31; 2:33 Está morto e o seu túmulo se encontra entre

nós até hoje – At.2:29 O próprio fato de haverem pelo menos mais de três mil pessoas escutando atenciosamente ao discurso de Pedro elimina qualquer possibilidade dele ter dito que Davi não subiu aos Céus se, ao contrário, ele já tivesse subido de alguma forma. O contraste entre Cristo e Davi é evidente no discurso de Pedro e qualquer bom analisador bíblico consegue discernir a devida antítese entre um e o outro em seu discurso. Dizer que Davi não subiu aos Céus é algo que os apóstolos evitariam ao máximo de pronunciar diante de tão grande multidão em caso que Davi, ao contrário, já tivesse subido aos Céus. O bom senso, a lógica, o contexto e a antítese clara são fortes evidências de que não existe a imortalidade da alma, e não somente isso, mas elimina a possibilidade de haver um “estado intermediário” nos Céus, pois nem sequer Davi (homem que era segundo o coração de Deus – ver Atos 13:22) poderia ser achado por lá.

O Argumento Conclusivo Além de tudo isso que já vimos até aqui provando que, de fato, Davi não subiu em existência alguma para os céus, outro fato de importância fundamental a ser mencionado é que, no original grego, a palavra utilizada para “não. . . subiu aos céus” é “eis”, que significa exatamente: “nunca”. Davi não subiu aos céus apenas naquela época em que escreveu o texto utilizado por Pedro em At.2:34, pois Pedro além de ressaltar o fato de que Davi não subiu aos céus, ainda faz mais questão ainda de ressaltar que ele nunca subiu aos céus. Ora, se Davi NUNCA havia subido aos céus então ele não poderia estar nos céus naquele mesmo momento. A palavra grega para “não” é “mê”; e a palavra “eis” (utilizada por Pedro) significa “nunca”. Davi nunca subiu aos céus. Isso é ocultado da grande maioria das versões vernáculas a nossa disposição porque torna o argumento contra a imortalidade ainda mais forte do que já é. A versão Knox verte corretamente: “Davi nunca subiu aos céus...”. Portanto, diante do texto em pauta, das suas consequências e do original grego, vemos que a imortalidade da alma é clarissimamente negada aqui. Aqueles que sustentam que a alma de Davi foi para o Sheol na morte e só subiu aos céus por ocasião da ressurreição de Cristo, ou que não subiu aos céus apenas na época em que escreveu o versículo, ignoram inteiramente as palavras utilizadas no grego e, quando são deparados com tudo isso, simplesmente ficam sem refutação alguma – não tem resposta. O texto inegavelmente põe a imortalidade da alma das portas para fora da Igreja Primitiva, e isso diante de uma multidão de mais de três mil pessoas. A insistência de Paulo: Jesus está vivo! – Uma prova muito patente de que todos os que morreram estão literalmente mortos, e não “vivos em outro mundo”, é a insistência de Paulo na presença do rei Agripa em provar que Jesus Cristo, mesmo morto, está vivo. É dito para esse rei: “Ao contrário, tinham alguns pontos de divergência com ele acerca de sua própria religião e de um certo Jesus, já morto, o qual Paulo insiste que está vivo”(cf. Atos 25:19). Ora, ponderamos: Por que a insistência de Paulo em provar que Jesus, mesmo morto, ainda vive? Simplesmente pelo fato de que os outros que morreram não estão vivos. É por isso que Paulo tanto insistia para provar que Jesus Cristo, mesmo morto, ainda vive. Se todas as pessoas ao morrerem fossem diretamente ao Céu ou ao Inferno, vivas em algum lugar, será que Paulo precisaria insistir com eles para provar que Jesus está vivo? Absolutamente que não! Não seria nem necessário provar, já que todos os mortos já estão vivos em algum lugar! E veja que o foco é no presente: Paulo tenta provar que Cristo está vivo; e não somente que ele “ressuscitou” ou “reviveu”. Se o foco aqui fosse a insistência de Paulo em provar que Jesus ressuscitou, então o texto diria que Paulo insistia para provar que Jesus ressuscitou, mas o texto diz que Paulo insistia que Cristo estava (no presente momento) vivo, o que todos os mortos estariam na teologia imortalista, sendo, portanto, inútil Paulo ter que insistir que alguém que já morreu está vivo. Ou se a única coisa que Paulo queria provar era que Jesus ressuscitou, então Lucas (escritor de Lucas) indiscutivelmente deveria ter relatado que foi a ressurreição que Paulo queria provar – e não que Cristo estava (naquele momento) vivo, em detrimento dos demais. E, se

é somente por meio da ressurreição que alguém que já morreu ganha vida, então a imortalidade da alma é ainda mais claramente negada. Se a imortalidade da alma fosse a crença dos primeiros apóstolos na Igreja Primitiva, então Paulo definitivamente não teria que reiterar a sua posição de que Jesus está vivo, até porque todos os mortos já estariam vivos! Se Paulo teve que insistir com eles para provar que Jesus está vivo, então evidentemente é porque os outros em geral estão realmente mortos – não estão vivos em estado “desencarnado”. Essa passagem não faz lógica nenhuma na teologia dos imortalistas: todos os mortos estariam vivos mesmo! O motivo pelo qual Paulo tinha que insistir com eles para provar que Jesus, mesmo morto, está vivo, vem pelo fato evidente de que os outros em geral estão, realmente, mortos. Novamente o contraste: Cristo, mesmo morto, ainda vive, ao contrário dos demais mortos. Imagine, por exemplo, na trágica queda do World Trade Center, em 11 de Setembro de 2001, que eu dissesse a você que houve um sobrevivente que caiu de um dos últimos andares, mas estava vivo. Certamente que, tamanha a destruição que foi feita, bem como o impacto que causou, poucas pessoas acreditariam logo de cara: Eu teria que insistir com você para provar que realmente houve um sobrevivente, que se salvou em meio à tragédia. Agora, imagine que no dia 11 de Setembro não houvesse atentado algum. Os prédios não foram atingidos por nenhum avião, não houve explosões e ele permaneceu intacto, perfeito, sem nenhum arranhão. Eu teria que dizer a você que acreditasse que existia alguma pessoa viva naquele prédio? É claro não! Isso seria óbvio, pois logicamente todas as pessoas estariam vivas! Qualquer pessoa que tenha em mente a capacidade de raciocinar, percebe o motivo óbvio e lógico pelo qual Paulo dizia que Jesus, mesmo morto, estava vivo: Os outros mortos realmente não estavam vivos. A verdade é que Jesus “apresentou a eles dando-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo” (cf. At.1:3) porque os outros mortos em geral estão, realmente, mortos – sem vida. Poderíamos resumir o argumento da seguinte maneira: (1) Paulo precisou afirmar na presença do rei Agripa a sua convicção de que Cristo mesmo morto está vivo. (2) Se todos os mortos estivessem vivos, então não seria preciso insistir para provar que algum morto está vivo, pois isso seria um pressuposto óbvio e qualquer que já morresse estaria mesmo de qualquer jeito. (3) Logo, os mortos se encontram literalmente mortos (i.e, sem vida); o que explica o porquê de Paulo insistir em afirmar que Cristo está vivo. Paulo contra os imortalistas – “Quando ouviram sobre a ressurreição dos mortos, alguns deles zombaram, e outros disseram: “A esse respeito nós o ouviremos uma outra vez” (cf. Atos 17:32). Paulo foi a Atenas, pregar o Evangelho. O contexto mostra que Paulo estava ensinando sobre o Deus vivo, o “Deus desconhecido” dos gregos (v.23). Até este momento, eles o ouviam atentamente. Isso durou apenas até o devido instante em que Paulo declarou uma verdade cristã, mas contrária aos ensinamentos pagãos, dizendo uma coisa que fez com que os atenienses

zombassem dele e parassem de escutá-lo: A Ressurreição dos Mortos. O que acontece, e mais chama a atenção, é o motivo pelo qual eles rejeitaram a doutrina de Paulo: Eles acreditavam na imortalidade da alma. Aí está a chave de todos os problemas. Paulo pregava a ressurreição, os atenienses pregavam a imortalidade. Enquanto a esperança cristã primitiva era de alcançar superior ressurreição no último dia, a esperança dos gregos era de ver a “alma imortal” deixando o corpo depois da morte. Obviamente eles não puderam aceitar o ensinamento de Paulo, e zombaram dele. O evangelho que Paulo pregava era totalmente diferente daquilo que os gregos acreditavam sobre a vida pós-morte, a idéia de “imortalidade”, também enraizado no catolicismo e em muitas igrejas protestantes. Foi, aliás, da filosofia grega secular que o conceito extrabíblico e antibíblico de imortalidade da alma entrou nas raízes do Cristianismo. Imortalidade da alma e Ressurreição dos Mortos são dois opostos. Nesse caso, Paulo sofreu o maior embate de ideias que persiste até os dias de hoje: Imortalidade da Alma x Ressurreição dos Mortos. A Ressurreição dos Mortos: O Foco da Igreja – Contando apenas o livro de Atos dos Apóstolos (sem levar em conta as epístolas pastorais), são feitas mais de 25 exposições da palavra “ressurreição” e seus derivados. Por que a Igreja Primitiva focava tanto na ressurreição dentre os mortos? Veja, por exemplo, o que o bem-aventurado apóstolo Paulo disse em Atos 26:6-8: “Agora, estou sendo julgado por causa da minha esperança no que Deus prometeu aos nossos antepassados. Esta é a promessa que as nossa doze tribos esperam que se cumpra, cultuando a Deus com fervor, dia e noite. É por causa dessa esperança, ó rei, que estou sendo acusado pelos judeus. Por que os senhores acham impossível que Deus ressuscite os mortos?” (cf. Atos 26:6-8). É exatamente isso. A esperança de Paulo era focada no dia em que todas as pessoas hão de ressuscitar dentre os mortos. “Por que os senhores acham impossível que Deus ressuscite os mortos?” Se existisse uma “imortalidade da alma”, um segmento que está preso dentro do nosso corpo, liberto por ocasião da morte, todos os mortos justos já estariam no Céu (como é pregado pelos imortalistas) e o foco na esperança de ressurreição de um simples corpo morto seria totalmente sem sentido, a esperança seria em uma “alma imortal” que se liberta do corpo rumo ao Paraíso. Uma vez que todos já estivessem no Céu naquele momento, não haveria um motivo lógico para acharem impossível que Deus ressuscite os mortos, e o foco da esperança não seria de uma ressurreição de um simples corpo morto que já virou pó, mas sim de uma alma imortal que deixa o corpo por ocasião da morte. Não seria estranho que, no livro da História da Igreja, houvesse dezenas e dezenas de menções da “ressurreição dos mortos”, mas nenhuma (absolutamente nenhuma mesmo) falando de “imortalidade da alma”, ou de “estado intermediário”? Afinal, se essa doutrina de “imortalidade da alma” fosse realmente uma realidade entre os primeiros cristãos, então seria completamente imprescindível que os apóstolos deixassem inteiramente de fazer qualquer menção à ela, ainda mais quando vemos eles fazendo dezenas de menções claras sobre a ressurreição dos mortos no último dia. Adicione então a

isso todas as cartas apostólicas que também não mencionam nada de “alma imortal”, mas continuam falando em outras centenas de vezes sobre a ressurreição, e você verá o resultado. A pregação dos primeiros apóstolos e da Igreja Primitiva era sempre focada na esperança da ressurreição dentre os mortos. Essa doutrina, como já vimos anteriormente, não combina em absolutamente nada com a imortalidade da alma. Isso porque não faz sentido nenhum focar na ressurreição dos mortos se todos ao morrerem vão direto para o Céu ou para o inferno e o fato da ressurreição é quase insignificante já que eles já estariam lá! É por isso que nas nossas igrejas de hoje pregações sobre a ressurreição dos mortos praticamente inexistem. Pregações sobre a “ressurreição dos mortos” praticamente não existem porque a doutrina pagã de imortalidade sobrepõe grandemente a realidade da ressurreição. A ressurreição dentre os mortos virou apenas uma ressurreição de um corpo morto, que na maioria dos casos já virou pó. A única coisa que muda é que os “espíritos desincorporados” acabam “ganhando novamente um corpo”. Por este motivo, torna-se ilógica pregações sobre a simples ressurreição de um mero corpo morto: a realidade dentro da maioria das igrejas cristãs é de imortalidade da alma, e não de ressurreição dos mortos! Pregações sobre os que “estão na glória” são mais do que comuns, mesmo não se importando com o fato dos apóstolos jamais falarem tal coisa. A ressurreição perdeu o seu sentido. Ficou “fora de moda”. Isso é bem diferente daquela esperança, que os primeiros cristãos sustentavam dentro de si mesmos com todas as forças: A Esperança da Ressurreição dentre os Mortos. Uma vez que os mortos em geral estão literalmente mortos, só ressuscitando no último dia, torna-se comum pregações focadas sobre a esperança de ressurgir dentre os mortos no último dia e torna-se lógica frases como: “Por que os senhores acham impossível que Deus ressuscite os mortos?” Respondendo a pergunta do início, por que os apóstolos focavam tanto na ressurreição dentre os mortos sem dar nenhuma pista de “imortalidade”? Porque pessoas morriam, porque pessoas eram vivificadas. Eis a raiz da questão: A ressurreição é para a pessoa integral, e não para um simples corpo morto que já virou pó que se une com a sua “alma imortal” que lhe espera lá em cima. Aí vermos tanto foco da Igreja Primitiva e dos primeiros apóstolos na ressurreição e nada de “imortalidade”, em contraste com as Igrejas dos dias de hoje, em que as pregações sobre a ressurreição desapareceram pelo simples fato de que perderam o sentido diante da imortalidade. Voltemos ao Evangelho puro e sincero. Voltemos ao foco da ressurreição dentre os mortos. A verdade é que imortalidade da alma e ressurreição são dois opostos, e a primeira anula a segunda e torna a ressurreição algo completamente desnecessária. Para que “ressurreição” se sem ela nós ficaríamos no Céu eternamente do mesmo jeito? De modo nenhum que a esperança viva dos primeiros apóstolos seria totalmente voltada à ressurreição. A doutrina da imortalidade da alma diminui completamente o sentido e o valor do que é a ressurreição dentre os mortos.

Não existe vida antes da ressurreição – Finalmente, devemos rever a afirmação que Paulo faz em Atos: “O fato de que Deus o ressuscitou dos mortos, para que nunca entrasse em decomposição, é declarado nestas palavras: ‘Eu lhes dou as santas e fiéis bênçãos prometidas a Davi’. Assim ele diz noutra passagem: ‘Não permitirás que o teu Santo sofra decomposição’” (cf. At.13:34,35). Vamos por partes. O verso 35 nos faz explicitamente pensarmos na ressurreição, pois ele não sofreria decomposição no túmulo. Mas e o verso 34? Será que Paulo citou um verso do AT de maneira errada? O que ele tem a ver com a ressurreição? Vejamos novamente o verso 34: “O fato de que Deus o ressuscitou dos mortos, para que nunca entrasse em decomposição, é declarado nestas palavras: ‘Eu lhes dou as santas e fiéis bênçãos prometidas a Davi’” (v.34). Quando assumimos a posição de imortalidade da alma, esse verso não faz sentido nenhum a fim de provar irrefutavelmente a ressurreição, mas quando assumimos a posição mortalista tudo começa a fazer sentido. A lógica é bem simples: Se ele receberia as bênçãos, então ele necessariamente seria ressuscitado, pois não existe glória e benção antes da ressurreição. A morte é um estado sem vida (i.e, sem existência), em que o ser racional deixa de existir. Mas, se lhe eram prometidas as santas e fiéis bênçãos, então ele deveria sair deste estado de inatividade para ser abençoado. Nisso fica nítido que ele necessariamente deveria ser ressuscitado, e vemos que o apóstolo Paulo citou um versículo certo e que realmente prova a ressurreição. Este verso só provaria de fato a ressurreição se antes dela não existisse vida (nem bênçãos), pois doutra forma ele poderia perfeitamente estar desfrutando de bênçãos com ou sem a ressurreição (supostamente na forma de um espírito descorpóreo). Paulo segue a linha de raciocínio de que entre a morte e a ressurreição não existe vida e, por isso, se era-lhe predito as bênçãos, então ele deveria ressuscitar para desfrutá-las, pois elas não são possíveis antes da ressurreição em decorrência do fato deles estarem sem vida. Ele segue a seguinte lógica que contraria a posição dos imortalistas de que existe “glória” antes da ressurreição: (1) Era predito profeticamente a respeito de Cristo que este iria receber as bênçãos de Davi. (2) Como não existe existência pré-ressurreição, segue-se que antes da ressurreição ele não poderia desfrutar de bênção nenhuma. (3) Logo, ele necessariamente teria que ser ressuscitado (a fim de desfrutar das bênçãos). É esta lógica que o apóstolo segue, desmentindo inteiramente qualquer possibilidade de “glória” ou de “bênçãos” antes da ressurreição. Qual nada, este versículo passado por Paulo só provaria de fato a ressurreição se antes dela não existisse nem a glória e nem as bênçãos. Conclusão – Quando lemos todos os vinte e oito capítulos que nos mostram o pensamento da Igreja primitiva, vemos que eles não tinham qualquer relação com a doutrina dualista de imortalidade da alma. Para os imortalistas, Davi já subiu aos céus; já para Pedro, Davi nunca subiu aos céus (cf. At.2:34), e o contexto nos mostra que ele só entra quando “que [Cristo] ponha todos os teus inimigos como estrado dos teus pés” (v.35), uma referência ao que Jesus fará por ocasião da ressurreição (cf. 1Co.15:25). A verdade é que Davi está

morto, no túmulo (cf. At.2:29), pois, “tendo Davi servido ao propósito de Deus em sua geração, adormeceu” (cf. At.13:36). Cristo, em contrapartida, está vivo (cf. At.2:33; 19:25). A declaração de Pedro no pentecoste com relação ao estado de Davi jamais seria proferida por um defensor da imortalidade da alma, e muito menos em meio a tanta gente! Isso explica o porquê da esperança dos primeiros apóstolos fosse total e completamente voltada no dia da ressurreição (cf. At.23:6; 17:18; 17:32; 26:6-8; 24:15), porque é somente este o momento em que “os mortos viverão” (cf. s.26:19). O próprio fato de Cristo ter a necessidade de provar que, mesmo morto, ainda vive (cf. At.1:3), e de Paulo precisar causar polêmica ao insistir que Jesus, mesmo morto, está vivo (cf. At.19:25), são provas suficiente e incontestáveis de que os que morreram não desfrutam de vida ainda, senão na ressurreição dos mortos do último dia. Como Cristo ressuscitou primeiro, já desfruta de vida (cf. At.2:27,28). Não é a toa que Paulo teve tão grande contenda com os gregos dualistas quando o tema era a ressurreição dos mortos (cf. At.17:32), porque a doutrina da imortalidade anula o sentido e valor que a ressurreição tem dentro do Cristianismo. Enquanto a doutrina era pura e sincera, o foco era completamente voltado na ressurreição; quando, porém, o dualismo entrou também na teologia cristã, a ressurreição foi praticamente abandonada dos púlpitos, dando lugar àquilo que jamais foi mencionado por apóstolo algum: A Lenda da Imortalidade da Alma. PARTE 3.4 – PAULO PREGOU A IMORTALIDADE DA ALMA? “Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (cf. 1 Coríntios 15:32) O apóstolo Paulo é outra peça fundamental para compreendermos se a Bíblia é contra ou a favor da imortalidade da alma. Dois terços dos livros do Novo Testamento são de autoria do apóstolo. Ele, além de ver a Cristo na estrada de Damasco, teve o apostolado marcado por revelação direta por parte de Jesus Cristo (cf. Gl.1:11,12), tendo sido inclusive arrebatado ao terceiro céu (cf. 2Co.12:2-4). Sem dúvida, se tem alguém instruído na verdadeira doutrina, esse alguém é Paulo. O evangelho paulino tampouco podia ser mudado (cf. Gl.1:8,9). Já vimos anteriormente que Paulo inclusive foi censurado em Atenas exatamente por pregar a doutrina da ressurreição, em contraste direto com a “imortalidade da alma” pregada pelos atenienses (cf. At.17:32). Mas, para vermos se Paulo pregava ou não a doutrina da imortalidade da alma, iremos começar pelo fim. Quando é que Paulo “estaria com Cristo”? XIV–A Morte de Paulo e o estar com Cristo Partir e estar com Cristo. Quando? – Começaremos exatamente a respeito da morte de Paulo bem como a sua esperança de quando ele de fato estaria com Cristo, em razão de

serem essas as únicas alegações dos imortalistas de que Paulo pregasse a doutrina da imortalidade, doutrina essa que desaparece completamente em todas as outras epístolas. A primeira passagem bíblica bastante utilizada encontra-se na epístola de Paulo aos Filipenses, quando ele diz: “Porquanto, para mim, o viver é cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (cf. Fp.1:21-23). Sem dúvida alguma, Paulo não poderia se contradizer em suas colocações. Mais a frente em nosso estudo sobre os ensinos de Paulo acerca da vida pós-morte, veremos uma enxurrada de provas mais fortes do que tudo aquilo que já vimos até aqui, que mostram que Paulo nunca, jamais, ensinou a imortalidade da alma, contrariando a Bíblia toda e os ensinos dele mesmo. Por enquanto, reservamo-nos em desvendar o véu que cobre Filipenses 1:21-23. De partida, poderíamos pressupor que Paulo estaria imediatamente com Cristo, logo em seguida de sua morte, em forma de espírito descorpóreo, até receber novamente um corpo na ressurreição dos mortos. É essa, aliás, a visão de todos os que pregam a doutrina da imortalidade agarrando-se neste versículo. Primeiramente, é bom mencionarmos que Paulo não diz que estaria em forma de “espírito desincorporado” e nem diz que tal fato se daria imediatamente em seguida de sua morte no tempo Chronos. Ele diz apenas: “Partir e estar com Cristo”. E essa letra “e” é a chave de toda a questão. O que queremos resolver em seguida é: Paulo iria partir e estar com Cristo em forma de espírito desincorporado ou partir e estar com Cristo na ressurreição dos

mortos?

Com certeza, a segunda opção. Embora o texto faça parecer que isso se daria em um período anterior a ressurreição, devemos notar que é mais do que comum a Bíblia usar a conjunção “e” em períodos que acontecem anos ou até milênios entre um acontecimento e outro (com a letra “e” no meio). Como nos conta Francis D. Nichol, em seu livro “Respostas

a Objeções”: “Não é incomum um escritor bíblico reunir eventos que estão separados por um longo espaço de tempo. Geralmente, a Bíblia não entra em detalhes, mas apresenta os pontos realmente importantes do trato de Deus com a humanidade no transcorrer dos séculos. Por exemplo, Isaías 61:1 e 2 contém uma profecia da obra que Cristo faria em Seu primeiro advento. Em Lucas 4:17-19 está o relato de Cristo lendo essa profecia para o povo e informando: ‘Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir.’ (v.21). Mas um exame cuidadoso revelará que Cristo não leu toda a profecia de Isaías, embora evidentemente ela seja uma declaração conectada. Ele terminou com a frase: ‘Apregoar o ano aceitável do Senhor’. Mas a frase seguinte da sentença é: ‘E o dia da vingança do nosso Deus’. Ele não leu essa parte porque ela não devia se cumprir logo. A passagem de Isaías nem mesmo sugere que um período de tempo se interpõe entre esta frase e as precedentes. Mas outras passagens bíblicas indicam claramente tal fato, e é pelo exame de todas as outras passagens que entendemos uma profecia breve e condensada como essa de Isaías” [“Respostas a Objeções”] E ele continua acentuando agora sobre o período de mil anos que se interpõe entre a vinda de Cristo e a destruição desta terra, o que é aparentemente negado por Pedro (se

usássemos a mesma lógica que os imortalistas usam de juntar os acontecimentos iminentes): “Ou considere a profecia do segundo advento conforme apresentada em II Pedro 3:3-13. Se nenhuma outra passagem bíblica fosse comparada com essa, poderíamos facilmente chegar à conclusão de que o segundo advento de Cristo resulta imediatamente na destruição do mundo pelo fogo. Todavia, quando comparamos II Pedro 3 com Apocalipse 20, aprendemos que um período de mil anos se interpõe entre o segundo advento e a destruição do mundo pelo fogo. Pedro estava apenas dando um breve sumário dos extraordinários eventos iminentes. Ele passou imediatamente do grande fato do segundo advento para o próximo grande ato no drama do trato de Deus com este planeta: sua destruição pelo fogo. No caso da profecia de Pedro, assim como no da profecia de Isaías, não há necessidade de confusão se seguirmos o plano de comparar passagem com passagem para preencher os detalhes” [“Respostas a Objeções”] No caso de Isaias e de Pedro, são reunidos eventos separados por um longo período de tempo, com séculos ou até milhares de anos de diferença. Logo, o nosso próximo passo que no resta a fazer é saber quando é que se daria o “estar com Cristo”, de acordo com o ensinamento claro deste mesmo apóstolo dizendo de forma incontestável quando é que se daria tal acontecimento: 2 Timóteo 4 6 Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. 7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. 8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda. Essa é uma refutação de peso para aqueles que acreditam que, morrendo, vamos imediatamente ao Céu antes da ressurreição que se dará com a segunda vinda de Cristo (cf. 1Co.15:22,23). Paulo, já próximo da morte, declara que ele só receberá a coroa da justiça “naquele dia”. Esse dia é o da segunda vinda de Cristo (1Co.15:23), confirmado também no final da própria passagem: “mas também a todos os que amarem a sua vinda”. Até aquele dia, a coroa dele está “guardada” (v.8). Ele não vai para o Céu antes da ressurreição. É só neste momento receberemos a coroa da justiça, a justa premiação por todos os esforços empreendidos pelos santos, consumando com a entrada no Paraíso, coroa a qual Deus nos guarda até aquele dia (o dia da segunda vinda de Cristo). A linguagem de Paulo próximo da morte não é: “a minha merecida coroa da justiça receberei tão logo ao morrer”, mas sim de ter corrido uma corrida da fé, cuja retribuição por seus frutos ele veria “naquele dia”, da segunda vinda de Cristo (v.8), quando ganhará a sua merecida coroa da justiça. Ora, é inteiramente improvável esperarmos que Paulo desejasse morrer para desfrutar da coroa da justiça que ele receberia no aparecimento do Cristo caso ele já estivesse dois mil anos sem Deus lhe concedido tal “premiação”! Vemos, portanto, que o “partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (cf. Fp.1:23) se concretizará, não quando sua alma fosse para o Céu, mas no aparecimento de Jesus Cristo, na ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15;22,23).

Tal fato também é apoiado por todo o resto da epístola aos filipenses, em que Paulo afirma sua convicção de que tomaria posse da “cidade celestial” quando Cristo “subordinar a si todas as coisas”, pela “transformação de nossos corpos” (cf. Fp.3:20,21), ou seja, na ressurreição dos mortos, e não antes disso. A expectativa de Paulo (ao compararmos com o estado temporal em que ele estaria com Cristo) é que ele morresse e só ganharia a sua merecida “coroa da justiça” no Dia do Senhor, na sua vinda, na ressurreição dos mortos (cf. 2Tm.4:6-8). Não era algo que aconteceria iminentemente após a morte, mas é um prêmio guardado, reservado, para se tomar posse em um acontecimento futuro através da ressurreição dentre os mortos na segunda vinda de Cristo. O maior desejo de Paulo expressado aos filipenses era que, “de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos” (cf. Fp.3:11). A vontade de Paulo em morrer não era para estar com Cristo antes da ressurreição, mas sim na ressurreição, pois este era o seu desejo (cf. Fp.3:11). A ambição de Paulo era de alcançar a sua ressurreição dentre os mortos, e não o estado intermediário. O Estado Atemporal entre a Morte e a Ressurreição Para os hebreus, o tempo para de contar para quem morre. Quem morresse estaria inconscientemente morto (cf. Sal.13:3; Ecl.9:5,6; Ecl.9:10; Sal.146:4; Sal.6:5; Sal.115:17; Sal. 13:3; Jó 14:11,12; Sal.30:9; Isa.38:18; Isa.28:19; Sal.94:17). De forma que o intervalo entre a morte e a ressurreição não passaria de um piscar de olhos para o ressuscitado, mesmo que se passassem alguns milênios entre a morte e a ressurreição. É tão rápido, tão rápido, que é praticamente desprezível. Por isso, a passagem de Paulo em Filipenses aborda a vida após a morte neste aspecto atemporal da existência depois da morte. Algo semelhante ocorre quando o autor de Hebreus escreve que após a morte vem em seguida o juízo (cf. Hb.9:27), mas sabemos que o juízo só ocorre na segunda vinda de Cristo (cf. 2Tm.4:1). Novamente vemos o autor ressaltando o aspecto atemporal entre a morte e a ressurreição. Embora depois da morte venha em seguida o juízo, o juízo só vem na volta de Jesus! Não existe nenhum tipo de vida inteligente entre a morte e a ressurreição e, por isso, quem morre não está mais sujeito a tempo e espaço, de modo que após a morte vem uma iminente chegada à Cristo, embora no campo material tal fato se dê pela ressurreição dos mortos na Volta de Cristo (cf. Jo.14:2,3; 1Ts.4:15; 2Tm.4:6-8; Mt.13:30; Mt.13:40; 1Co.15:18; 1CO.15:19; 1Co.15:32; Rm.2:7; 1Co.15:23; 1Tm.6:16; Hb.9:27,28; 2Tm.1:16-18; Cl.3:4; Fp.3:20,21; 2Co.4:14). O quadro a seguir elucida o pensamento holista bíblico do Antigo e Novo Testamento relacionado a vida após a morte: VIDA TERRENA ESTADO

INTERMEDIÁRIO RESSURREIÇÃO NA

SEGUNDA VINDA Existência de vida; morremos e somos ressuscitados para estar com Cristo na Sua Vinda (cf. Jo.14:2,3; 1Ts.4:15; 2Tm.4:6-8; Mt.13:40; Hb.9:27,28; Fp.3:20,21;

Estado sem vida; atemporal. É o estado em que se passa os atuais mortos e que a Bíblia define como inconsciência (cf. Ecl.9:5,6; Ecl.9:10; Sal.146:4; Sal.6:5;

Quando estaremos com Cristo; quando “isto que é mortal se revestir de imortalidade” (cf. 1Co.15:53), e que todos aqueles que buscaram

perseverando em fazer

2Co.4:14) Sal.115:17; Sal. 13:3; Jó 14:11,12; Sal.30:9; Isa.38:18; Isa.28:19; Sal.94:17), relativizando-a a um estado de “sono” (cf. Jó 14:11-12; 1Co.15:6; 1Co.15:20; 1Co.15:51; 1Ts.4:13; 1Co.11:30; 1Co.15:6; 1Co.15:18; 1Ts.4:14; Jo.11:11; 2Pe.3:4; At.7:20; Dn.12:12,13; 1Ts.4:13; 1Ts.4:14,15; At.13:36; 2Pe.3:4; Sl.13:3; Is.14:18)

bem alcançarão a imortalidade (cf. Rm.2:7). É este é o momento em que estaremos com Cristo. Paulo diz que “partiria e estaria com Cristo” não porque subsistiria desencorporado em um “estado intermediário”, mas sim porque para quem morre não existe tempo entre a morte e a ressurreição, de modo que morremos e somos ressuscitados para estar com Cristo, na Sua Vinda.

O momento em que estaremos com Cristo é quando ele voltar para nos levar onde ele está, como ele afirma em João 14:2,3. Dizendo aos seus discípulos, ele é claro em afirmar que eles estariam com Cristo quando ele voltar para levá-los onde ele está (cf. Jo.14:2,3). Este é o momento da vivificação dos mortos (cf. 1Co.15:22,23), é neste momento em que estaremos com Cristo. Portanto, no aspecto atemporal, é como se “partimos e estamos com Cristo”, porém no aspecto temporal (em relação a este mundo) só estaremos com Cristo na vivificação dos mortos na sua segunda vinda (cf. Jo.14:2,3; Jo.5:28,29; 1Co.15:22,23).Podemos traçar um paralelo entre o aspecto atemporal e o aspecto temporal com relação a nossa partida e a nossa entrada celestial: ASPECTO ATEMPORAL ASPECTO TEMPORAL Partir e estar com Cristo (cf. Fp.1:23) Só estaremos com Cristo quando ele voltar

para nos levar onde ele está (cf. Jo.14:2,3) Ausentar-se do corpo e estar presente com Cristo (cf. 2Co.5:8)

Não precederemos os que dormem na entrada do Paraíso (cf. 1Ts.4:15)

Contrariamente ao ensinamento da imortalidade da alma, a Escritura nos adverte: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (cf. Hb.9.27). O juízo segue-se à morte, pois passa-se do Chronos ao Kairos, muda-se o parâmetro temporal. Do tempo linear para a eternidade; morremos e somos julgados, e este julgamento é somente na ressurreição/segunda vinda (cf. 2Tm.4:1). No parâmetro temporal, os mortos estão como que “dormindo” (cf. Jo.11:11; Sl.13:3), literalmente mortos (i.e, sem vida), esperando a ressurreição para entrar na vida ou na condenação (cf. Jo.5:28,29). Já no aspecto atemporal, o “estado intermediário”, sem vida, não conta em questão de tempo. Morremos e estamos com Cristo. Para nós, eles não estão com Cristo ainda. Para eles, o intervalo entre a morte e a ressurreição não passaria de um piscar de olhos para o ressuscitado (cf. 1Ts.4:15; 1Co.15:51-54).

Ao afirmar “partir e estar com Cristo”, é o mesmo que falarmos que vamos partir para Washington e estar com Barack Obama. Sim, ambos vão deixar algo, um a vida e outro o Brasil. Ambos vão encontrar algo, ou alguém. Mas de maneira nenhuma as frases indicam que isto se dará do Chronos seguinte. Pela não existência de um “estado intermediário”, quem morre voltando ao pó não está condicionado a tempo e a espaço. A ressurreição é como em um piscar de olhos, de modo que partimos e estamos com Cristo. Esse intervalo inconsciente de tempo é exatamente aquilo que a Bíblia faz uso da metáfora do sono para os mortos (cf. Sl.13:3), indicando o estado inconsciente e não consciente do ser racional quando morre. Quem vai para Washington aguarda a viagem de aviação e tudo o mais. A esperança bíblica é clara em que só receberemos a nossa recompensa e a nossa coroa da justiça quando ressuscitado naquele dia (cf. 2Tm.2:7,8; 1Pe.5:4; Dn.12:13; Ap.22:12), e não em morrer e ir para o céu encontrar Cristo e depois voltar para o corpo para ser ressuscitado e encontrar Cristo nas nuvens do Céu de novo. Ausente do corpo e presente com Cristo – Por fim, a última das passagens completamente mal-interpretadas pelos imortalistas, com respeito à morte do apóstolo e o estar com Cristo, está presente na sua segunda epístola aos Coríntios, cap.5, no verso 8: “Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor”. O problema deste é que ele está completamente descontextualizado. E texto, fora do contexto, é pretexto para heresia. Desde o início de sua segunda carta aos Coríntios, Paulo acentua a realidade da ressurreição, e não de almas desencarnadas (ver 2Co.1:9, 2Co.1:14; 2Co.4:14; 2Co.5:15). Logo no início da carta, ele já acentua: “Como também já em parte reconhecestes em nós, que somos a vossa glória, como também vós sereis a nossa glória no dia do Senhor Jesus” (cf. 2Co.1:14). Ora, o apóstolo é muito claro: nós seremos transformados em glória no “dia do Senhor Jesus”, que é a segunda vinda de Cristo quando os mortos serão ressuscitados (cf. 1Co.15:22,23), e não quando uma “alma imortal” sai do corpo! Nós seremos a glória e fruto do trabalho de Paulo, não no estado intermediário, mas no “dia do Senhor Jesus” (v.14). Primeiramente devemos notar que existe uma grande diferença entre estar fora “do” corpo e em estar fora “de” corpo. Estar ausente “do” corpo significa estar ausente deste presente corpo em que nós estamos agora. Mas não significa estar sem corpo nenhum. Muito pelo contrário, Paulo escreve claramente que não estaria “se achando nu” (cf. 2Co.5:13). Ora, qualquer um sabe que nós só nos acharemos revestidos de corpo novamente com a ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15:22,23). Além disso, Paulo enfatiza o teor da ressurreição dos mortos poucos versos antes, em 2Co.4:14 – “Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará também a nós com Jesus e nos fará comparecer diante dele convosco”, deixando claro que nós só nos compareceremos diante dele convosco depois da ressurreição! Veja que antes de Paulo escrever a passagem isolada usada pelos imortalistas, ele acentua: “Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco” (cf. 4:14), acentuando o caráter da ressurreição. Paulo afirma que desejava ser apresentado com aqueles a quem ele havia convertido a Cristo, ou seja, quer encontrá-los todos. Por que ele não disse que esperava isso acontecer quando ele morresse e fosse com sua alma para o Céu? Qual nada, a ênfase dele está

inteiramente na ressurreição; é somente na ressurreição que Paulo e os Corintos seriam apresentados novamente; e poucos versos depois: “Se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus” (cf. 5:3), aqui já vimos que Paulo estaria “vestido” no Céu (com corpo) e não “achado nu” (sem corpo)! Só isso já seria o suficiente para desmoronar com a falsa interpretação dos dualistas. Mas como se isso não fosse suficientemente claro, ele continua acentuando tal fato no verso seguinte: “Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida” (cf. 5:4). Novamente o apóstolo confirma que ele não quer se achar “despido”, mas sim “revestido”! Ora, perguntaríamos: Será que o apóstolo Paulo rejeitava entrar no Céu como um espírito desincorporado, uma vez que ele diz claramente que “não queria ser despido, mas revestido”? É evidente que não, pois o Céu seria um prêmio para qualquer um. O que o apóstolo Paulo realmente estava dizendo é que nós, enquanto neste presente corpo, gememos querendo deixar este corpo (cf. 5:8), não para passar pelo “sono da morte”, em que deixaremos de existir, por isso estaremos “despidos” (cf. 5:4), mas sim porque seremos revestidos em seguida (5:8), fato esse que acontece apenas na ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15:22,23; 1Co.15:51-54). É exatamente isso o que Paulo estava dizendo. Seria muito estranho que o “despido” se relacionasse a um espírito com consciência e personalidade que vai para o Paraíso esperando a ressurreição, pois se fosse assim Paulo não acentuaria tanto que NÃO desejava estar neste estado (cf. 2Co.5:3; 2Co.5:4). Paulo não estava rejeitando entrar no Céu como um espírito descorpóreo, mas sim não queria passar pelo período em que deixamos de existir com vida antes da ressurreição, momento este em que estaremos despidos, inconscientes, e é isso o que Paulo não desejava, pelo contrário, esperava com entusiasmo o momento glorioso em que ele seria revestido novamente (cf. 5:4), para aí sim o “mortal ser absorvido pela vida” (cf. 5:4) e ele conseguir aquilo que ele queria: ser revestido para entrar no Paraíso, pois não entraria no Paraíso “se achando nu” (cf. 2Co.5:3). Até aqui vimos a lógica do apóstolo Paulo no contexto de 2 Coríntios cap.5, que nos mostra que, para ele: (1) O momento em que seremos apresentados uns aos outros é na ressurreição (cf. 2Co.4:14) (2) Não há vida na condição de despido e incorpóreo (cf. 2Co.5:3) (2) Paulo não queria ser despido, mas sim revestido (cf. 2Co.5:4) (3) O momento em que seremos revestidos é na ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15:53) Isso por si só já é um verdadeiro golpe de morte na doutrina pró-imortalista. Mas o último golpe (como se isso tudo já não fosse suficientemente claro) vem quando ele afirma em seguida o seu desejo de estar com Cristo quando o mortal fosse absorvido pela vida (v.14). Era este o desejo de Paulo: “Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida” (cf. 2Co.5:4). Veja que o desejo de Paulo, pelo qual ele gemia carregado, era na esperança de ser revestido para que o mortal fosse absorvido pela vida. Este era o desejo de Paulo pelo qual

ele desejava estar ausente do corpo (morrer). A pergunta final que nos fica é: Quando é que se dá este momento tão desejado por Paulo, quando o mortal será absorvido pela vida? Ora, o próprio apóstolo Paulo já havia respondido aos coríntios na sua primeira carta a eles: “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que isso que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isso que é mortal se revista da imortalidade. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.” (cf. 1Co.15:51-54). Resposta: No som da última trombeta, que “coincidentemente” é exatamente o momento. . . isso mesmo, da ressurreição dos mortos! É somente na ressurreição que o mortal se reveste da vida, o que também nos mostra que antes da ressurreição nós somos meros seres mortais a sermos revestidos de imortalidade em função da ressurreição dos mortos. Além disso, vemos que logo em seguida de Paulo escrever que queria ausentar-se deste corpo, ele escreve: “Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más” (v.10), ou seja, ele esperava partir do corpo para o tribunal de Cristo e receber dele o que lhe é devido. O mesmo Paulo escreve quando é que se dá tal acontecimento: “Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino” (cf. 2Tm.4:1). Ou seja, na segunda vinda de Cristo, que também é a ressurreição dos mortos de acordo com o mesmo apóstolo (cf. 1Co.15:22,23). Tudo isso nos traz mais do que claramente a resposta para a pergunta: Quando é que Paulo estaria com Cristo? Resposta clara e inequívoca: Na ressurreição dentre os mortos! Vemos, portanto, que é na ressurreição que Paulo estaria com Cristo. A passagem de 2 Coríntios nada mais é do que o fruto de uma passagem totalmente fora de seu devido contexto. O que faz com que Paulo acentuasse que “partiria e estaria com Cristo” não é o fato de que subsistiria em forma de “espírito descorpóreo”, mas sim pelo fato que quem deixa de existir não está mais sujeito a tempo e espaço, não existe lapso de tempo entre a morte e a ressurreição. Morremos e somos ressuscitados, como se em “um piscar de olhos” (cf. 1Co.15:52). Contudo, o apóstolo Paulo faz questão de frisar que tal acontecimento se dará não quando se achasse “despido”, mas sim “revestido”, de um corpo glorioso, e isso só acontece na ressurreição dos mortos. VIDA TERRENA ESTADO INTERMEDIÁRIO RESSURREIÇÃO NA

SEGUNDA VINDA Ausente do corpo para estar com Cristo quando o mortal fosse absorivdo pela vida (5:4) e quando Paulo estivesse revestido [i.e, com corpo], não se achando

Estado de não-existência [sem corpo]; o qual Paulo rejeita dizendo que não estaria se achando nu e que não queria ser despido, mas sim revestido [ressurreição]

Quando o mortal é aborvido pela vida e Paulo é revestido para entrar no Reino (cf. 2Co.5:4; 1Co.15:51-54); o momento em que ele seria apresentado aos Corintos

despido, mas sim revestido (cf. 5:4; 5:3)

(cf. 5:3; 5:4) novamente (cf. 4:14)

A passagem de 2 Coríntios 5:8, quando colocada no seu devido contexto, é um golpe de morte em cima da doutrina da imortalidade da alma em seu estado intermediário. O que nós vemos quando contextualizamos o que o apóstolo afirma, é exatamente a não-existência deste “estado intermediário”, e que o momento em que ele de fato estaria com Cristo seria na ressurreição dos mortos, quando ele estivesse revestido de um corpo glorioso, quando o mortal fosse absorvido pela vida, quando ele estaria se achando vestido e não despido, quando ele seria apresentado aos Corintos novamente. Os defensores da doutrina imortalista, quando são deparados com o devido contexto de 2 Coríntios cap.5, simplesmente não tem como explicar a lógica do apóstolo Paulo. Tudo o que eles conseguem ver é o verso 8 descontextualizado, porque é tudo o que lhes interessa para falar da “imortalidade da alma” como uma suposta prova desta. Esquecem-se, porém, que tal união com Cristo é, como vimos, na ressurreição, e não em um estado intermediário. O fato da aparente iminência da chegada de Paulo junto a Cristo não se dá por supostamente subsistir desencarnado antes da ressurreição, mas sim exatamente pela não-existência do estado intermediário, o que faz com que o intervalo de tempo entre a morte e a ressurreição – para o ressuscitado – seja praticamente desprezível. Não há nenhuma passagem em que Paulo mencione “almas” ou “espíritos” que já estejam no Paraíso, e quando ele se refere aos mortos diz apenas “aqueles que dormem”, e nunca “aqueles que estão na glória” ou “aqueles que já estão com Cristo”, e isso em treze epístolas paulinas! É muito claro que Paulo, de fato, não acreditava na imortalidade da alma, mas sim em uma partida para estar com Cristo “naquele dia”, o dia de Cristo, da sua majestosa Vinda, o mesmo dia em que ele ganharia a sua coroa da justiça (cf. 2Tm.4:6-8), correspondendo ao dia da sua própria ressurreição para a glória celestial, a fim de ser apresentado para todos os Corintos novamente (cf. 2Co.4:14). O contexto todo derruba “alma imortal” e “estado intermediário”, porque se opõe fortemente àquilo que jamais foi ensinado por Paulo. XV–A realidade da ressurreição em contraste com a alma imortal Uma das maiores declarações bíblicas que contrariam a ilusão da imortalidade da alma é o que o apóstolo Paulo escreve em 1 Coríntios, no capítulo 15. Como veremos a seguir, o capítulo inteiro é uma refutação da doutrina de que a alma imortal se religa ao corpo por ocasião da ressurreição. Primeiramente, como já vimos, vamos repassar os conceitos do lado dos imortalistas: Para eles, a ressurreição dos mortos (que acontece na segunda vinda de Cristo) é apenas para este corpo morto, que ressuscita glorificado. Nós, contudo, já estamos com as nossas almas imortais em forma de espíritos desincorporados no Paraíso (ou no inferno), e na ressurreição o que acontece é simplesmente as nossas almas voltando do Paraíso e se religando com o nosso corpo morto, voltando novamente para o Céu ou para o inferno. Tal conceito antibíblico não aparece em parte nenhuma das Escrituras. Em caso que não ocorresse a ressurreição, nós ficaríamos como espíritos desencarnados durante toda a eternidade.

Já do lado holista (contrário a imortalidade da alma), o homem não “obteve” uma alma, ao contrário, “tornou-se” uma alma vivente, e quando perdemos o fôlego de vida [espírito] voltamos para o pó da terra e tornamo-nos almas mortas. De fato, a Bíblia repete inúmeras vezes a morte da alma (cf. Núm. 31:19; 35:15,30; Jos. 20:3, 9; Gên. 37:21; Deut. 19:6, 11; Jer. 40:14, 15; Juí. 16:30; Núm 23:10; Ez.18:4; Ez.18:21 – ver parte 2). Não existe “religação” de corpo e alma pelo simples fato de que não existe uma “alma imortal” presa dentro do nosso corpo que é liberta por ocasião da morte. Na ressurreição, Deus sopra novamente o fôlego de vida [espírito] em nossos corpos que ressuscitam glorificados, e voltamos a ser almas viventes. Pela não existência de um “estado intermediário das almas”, se a ressurreição do último dia não existisse então estaríamos todos perdidos, mortos no pó da terra sem mais nenhuma esperança. A pergunta que fica é: Qual seria a posição do apostolado de Paulo sobre o assunto? Seria ele favorável a religação de corpo com a alma, ou seria ele favorável ao fato de que não existe vida antes da ressurreição? Paulo nos responde a esta questão em um longo capítulo de sua primeira epístola aos Coríntios. E é exatamente isso que veremos a seguir. 1 Coríntios 15 12 Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? 13 E, se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou. 14 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; 15 e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam. 16 Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. 17 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. 18 E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. 19 Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. 20 Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. 21 Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. 22 Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. 23 Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. 24 Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. 25 Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. 26 Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. 27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. 28 E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. 29 Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos? 30 Por que estamos nós também a toda a hora em perigo?

31 Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor. 32 Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos. Fiz questão de passar todo o contexto para analisarmos várias implicações para o que é dito acima pelo apóstolo Paulo. Vemos que alguns Corintos estavam dizendo que a ressurreição não iria acontecer. Paulo, então, primeiramente mostra as consequências disso, depois mostra o que aconteceria caso a ressurreição não existisse, em seguida confirma que, de fato, a ressurreição irá acontecer como algo futuro, mostra os tempos em que ocasião se dará e termina o capítulo mostrando o que ele faria caso não ocorresse a ressurreição dos mortos. O capítulo inteiro, que vai até o verso 58, é uma aula sobre a ressurreição dos mortos. Se houve um ótimo momento para Paulo afirmar a sua doutrina da imortalidade, com a menção das nossas almas imortais no Céu ou de religação de corpo e alma por ocasião da ressurreição, aí estava uma ótima ocasião! Contudo, vemos que as implicações do que é acima exposto é muito, mas muito diferente daquilo que imaginam os imortalistas. Em primeiro lugar, se existisse uma imortalidade da alma, os que “dormem” estariam com almas desincorporadas lá no Céu. Contudo, Paulo diz que se não há a ressurreição (que, segundo os imortalistas, é de um mero corpo morto já que a alma já está lá no Céu), então os mortos já teriam perecido (eles não ficariam “desincorporados pela eternidade”, pelo contrário, estariam todos mortos!). Embora algumas versões da Bíblia tragam “perdidos” ao invés de “perecer”, o original grego traz a palavra apôlonto, que, de acordo com a Concordância de Strong, significa literalmente: “para destruir completamente”. Se Paulo quisesse dar a frase o sentido de “perdidos”, ele teria a sua disposição adjetivos que poderiam ser perfeitamente utilizados no texto em pauta, o que não é o caso aqui porque a referência é de literalmente destruição, sendo, portanto, “perecer” o sentido correto, conforme colocado também pelas melhores e mais confiáveis Bíblias do mundo, como a versão inglesa King James, a versão King James with Strongs e a Young’s Literal Translation. Ademais, se Paulo quisesse dar a “apollumi” o sentido de “perdido”, teria necessariamente feito uso do advérbio de conexão “kai-estão”; entre o “Christos apollumi”. Contudo, esta palavra não se encaixa aqui porque apollumi não está no seu sentido secundário de perdição, mas sim em seu sentido primário de destruição. A frase seria “...dormiram em Cristo estão [kai] perdidos”; sem esta partícula de ligação. Contudo, o verso só faz senso se a referência for, realmente, a “pereceram”, a não ser que adulterem a Bíblia e “encaixem” entre ambas as palavras, o que não acontece no texto original. Ora, por que Paulo fazia referência àqueles que já morreram (“dormiram”)? Porque era importante a realidade da ressurreição, pois, caso ela não existisse, eles já teriam perecido-apollumi em caso da ressurreição não ser um fato. Esta é uma das consequências fatais em caso de a alegação infundamentada dos Coríntios de que a ressurreição não existe fosse verdadeira. Aqueles que aguardam a ressurreição dentre os mortos a fim de ganhar vida nesta ocasião não ganhariam vida nenhuma – estariam destruídos – sem vida, para sempre, sem esperança (v.18,19,30,32).

Não estariam desfrutando as bênçãos paradisíacas no Céu por toda a eternidade desprovidos de corpos. O que Paulo estava dizendo era que, se a ressurreição não existe, então os mortos já pereceram. Em outras palavras, se não fosse pelo “fator ressurreição”, coitados – já teriam perecido! De jeito nenhum que estariam com as suas “almas imortais” desencarnados para todo o sempre! Além disso, no verso 19 o apóstolo continua seguindo na mesma linha, afirmando que se não há a ressurreição [de um simples corpo morto (?)], então a nossa esperança se limitaria apenas a esta vida, razão dele escrever no verso seguinte, seguindo a mesma lógica: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (cf. 1Co.15:19). Ora, mas as nossas almas já não estariam lá no Céu, desincorporadas, na OUTRA vida? A ressurreição de um simples corpo morto não seria um mero detalhe? Porque a nossa esperança se limitaria apenas para esta presente vida se nós ficaríamos a eternidade inteira lá no Céu do mesmo jeito, só que sem corpo? É evidente que, para o apóstolo Paulo, a vida é somente a partir da ressurreição, e, portanto, já teriam perecido os que dormiram em Cristo caso ela não fosse uma realidade, e não existiria uma vida póstuma nem como “almas” nem como “espíritos”. A nossa esperança limitar-se-ia apenas e tão-somente a esta presente vida. Uma “saída” encontrada por alguma parte dos defensores do estado intermediário é que Paulo referia-se somente ao versículo anterior: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (v.17). Contudo, se contextualizarmos a passagem, veremos que o apóstolo está relatando uma série de conseqüências em caso que a ressurreição não existisse; uma delas é que Cristo não ressuscitou, outra delas é que a nossa fé seria vã, outra delas é que os apóstolos seriam tidos como falsas testemunhas de Cristo, outra delas seria que os que dormiram em Cristo já teriam perecido, outra delas é que a nossa esperança se limitaria apenas a esta vida, e assim por diante. Como podemos ter a certeza de que Paulo estava enumerando um outro ponto e não somente completando o verso anterior? Simplesmente porque ele acrescenta o “E ainda mais...”, mostrando que claramente ele estava enumerando outro ponto, como veremos a seguir: a) Alguns corintos estavam dizendo que a ressurreição não existia. b) Paulo diz que, se a ressurreição não existe, então Jesus também não ressuscitou, e nós continuamos mortos em nossos pecados. c) “E ainda mais” (ou seja, ele estava enumerando um outro ponto), se a ressurreição não existe, estão os que dormiram em Cristo já pereceram (uma vez que a ressurreição não existisse). d) Se a ressurreição não existe, então conforme o verso 19 a nossa esperança seria apenas para esta vida (em outras palavras, não existiria uma “vida póstuma”!) e) Mas, de fato, Cristo ressuscitou como primícia daqueles que dormem, e por isso vivificará todos os mortos na sua segunda vinda (v.23) f) O último inimigo a ser vencido é a morte. g) Se não há ressurreição, então Paulo lutou com feras em Éfeso à toa. h) Se não há ressurreição, então seria melhor “comer, beber, e depois morrer”. Como vemos, alguns de Corinto estavam duvidando da ressurreição, e Paulo lhes apresenta uma série de conclusões que naturalmente se extrairiam desta falsa alegação. Se os mortos

não ressuscitam, logo (1) nem sequer Cristo ressuscitou (v.13); (2) é vazia a nossa pregação (v.14); (3) é vazia a vossa fé (v.14); (4) somos falsas testemunhas de Cristo foi ressuscitado (v.15); (5) é inútil a nossa fé (v.17); (6) ainda estamos nos nossos pecados (v.17); (7) ainda estamos na condenação do pecado (v.17); (8) também os que dormiram em Cristo já pereceram (v.18); (9) a nossa esperança seria somente para esta vida (v.19); (10) somos os mais dignos de compaixão (v.19); (11) sofremos adversidades a toa (v.30); (12) o melhor a fazer seria viver a vida hedonisticamente (v.32). Principalmente as conclusões de Paulo número 8, 9, 11 e 12 nos mostram claramente que, sem a ressurreição, nem existiria mais nenhuma vida póstuma. Perceba ainda que em nenhum dos argumentos Paulo fala de que “os que morreram não estariam com Cristo agora mesmo”; ou que eles “não estariam na Glória”; tampouco fala ele sobre “religação de corpo com alma”. Isso nos mostra que, na visão paulina, não existia nenhuma forma de vida racional entre a morte e a ressurreição. Por isso, caso não existisse ressurreição, seria o fim de tudo (cf. 1Co.15:18,19; 15:30,32). Vale a pena lembrar também que, se existisse uma alma eterna/imortal em nós, então o fato de Cristo ter ou não ressuscitado nos garantiria de qualquer jeito uma vida póstuma por meio dela, ainda mais quando de acordo com a teologia imortalista os que morreram antes de Cristo já estariam com vida em algum lugar e, portanto, não poderiam ter “perecido” como mostra o verso 18, e já obteriam uma vida póstuma contrariando o que indica o v.19. Portanto, não existem “escapatórias” à luz da clareza da linguagem de Paulo em tratar-se da ressurreição. Ele nega inteiramente que qualquer crente em qualquer era já pudesse estar com vida antes da ressurreição. Os versos mostrados deixam bem claro que (na visão de Paulo) a vida era somente a partir da ressurreição, e não antes da ressurreição em um “estado intermediário” como dizem os imortalistas. Evidentemente as únicas exceções a isso são os que não passaram pela morte, como é o caso de Elias e Enoque e, portanto, não necessitam de uma ressurreição, pois foram transladados vivos. Mais algumas observações podem ser feitas à luz de todo o capítulo de 1 Coríntios 15. O último inimigo a ser vencido é a morte, que diante do contexto será vencida em função da ressurreição, e não de uma alma imortal que vence a morte sendo liberta do corpo por ocasião do falecimento! E, por fim (como se tudo isso não fosse mais do que o suficiente...), Paulo diz que se não há ressurreição então ele lutou com feras em Éfeso à toa. Mas como seria “à toa” caso ele fosse para o Paraíso do mesmo jeito só que desincorporado? Por que ele diz que não se aproveitaria nada disso, “se os mortos não ressuscitam”? Não valeria a pena caso estivéssemos com as almas desincorporadas durante toda a eternidade no Paraíso do mesmo jeito? E, por fim, a cartada final na imortalidade: “Se os mortos não ressuscitam, então comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (v.32). Segundo o apóstolo, a melhor opção seria aproveitar hedonisticamente esta vida, “comendo e bebendo e depois morrendo”. Qual a razão para Paulo falar deste jeito? Simplesmente porque se a ressurreição não existe então também não existiria nenhuma vida póstuma. Seria o “morrer e acabou”. A melhor opção, então, seria “comer e beber, e depois morrer”! Clarissimamente o que se segue à morte não é um “estado intermediário das almas”, mas sim a ressurreição na volta de Cristo (v.22,23).

Sem a realidade da ressurreição, não há nenhuma esperança de vida eterna. Também é importante analisarmos o verso 30: “E por que também nós nos expomos a perigos a toda hora? Dia após dia morro!” (v.30). Para Paulo, não fosse a ressurreição dos mortos, nem valia a pena viver, porque a morte seria o fim de tudo. Por isso, o melhor a fazer seria viver hedonisticamente esta vida (v.32), pois não existiria uma vida póstuma (v.19), e ele estaria exposto a perigos sem razão lógica nenhuma (v.30)! Claramente Paulo não imaginava de jeito nenhum que sem a ressurreição os que já morreram viveriam eternamente do mesmo jeito por meio de uma “alma eterna/imortal”. O contexto todo faz com que qualquer pessoa com um mínimo de bom senso abandone completamente na mesma hora a heresia de que “morremos e vamos com as nossas almas

imortais para o Céu, e a ressurreição é de um simples corpo morto que se religa as nossas

almas no Paraíso por ocasião da ressurreição que acontece na segunda vinda de Cristo”. A coisa mais ridícula que algum imortalista diria é que sem a ressurreição o melhor que temos a fazer é viver hedonisticamente sem mais nenhuma esperança, porque para eles a vida seria eterna do mesmo jeito por meio de uma alma imortal em nós implantada. A ressurreição, sendo ou não sendo uma realidade, não impediria a vida após a morte. Seria um mero detalhe ser importância, pois nós viveríamos eternamente, seríamos julgados e todas as demais coisas seriam feitas sem corpo. Isso é claramente negado pelas palavras do apóstolo Paulo. A verdade é que a própria esperança de vida eterna ou imortalidade teria perecido em caso que a ressurreição na volta de Cristo não existisse (cf. 1Co.15:18,19,30,32), o que nos mostra claramente que a esperança cristã não é a de eternidade por meio de uma alma eterna implantada em nós por ocasião do nascimento, mas sim de uma imortalidade mediante a ressurreição dos mortos, o foco de todo o capítulo (cf. 1Cor.15). É apenas pela ressurreição, por meio da ressurreição e na ressurreição que obteremos a imortalidade. Paulo nega em absoluto a existência de vida póstuma senão por ocasião da ressurreição dentre os mortos, a nossa esperança. Do início ao fim, o apóstolo segue a linha de pensamento holista. Sendo que não existe uma “alma imortal”, então não existe uma vida “com almas” antes da ressurreição. Por isso, se essa ressurreição não existe, então os que dormem em Cristo já teriam perecido. Por isso, a nossa esperança se limitaria apenas a esta presente vida. Por isso, Paulo teria lutado com feras em Éfeso totalmente a toa, pois não existiria uma vida póstuma. Então o melhor a fazer caso os mortos não ressuscitassem seria “comer, beber e depois morrer”. Seria o fim. Não fosse pelo fator ressurreição, a morte que cada indivíduo passa seria o fim de sua existência. É óbvio que Paulo não tinha a mínima noção de que a ressurreição se limitava a um simples corpo mortal que se religaria ao nosso “verdadeiro eu”, as nossas almas imortais que já estariam no Paraíso em uma vida póstuma. Qual nada, se não fosse pela ressurreição, já teriam perecido. Mas, de fato, Paulo traz uma esperança. Essa é a mesma esperança que os apóstolos alimentavam tanto: a esperança da ressurreição dentre os mortos, no último dia. Paulo dá um motivo de esperança e de alegria para os Corintos, não porque as nossas almas imortais já estariam no Céu, mas focando no dia em que todos os que estão literalmente mortos seriam vivificados. E essa esperança é apresentada nos versos 22 e 23: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados

em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda”. Em Adão todos morremos, literalmente, pois Adão desobedeceu as ordens de Deus, tornando-se mortal, sendo enganado pela mentira de Satanás de que “Certamente não

morreria” (cf. Gn.3:4). Porém, a esperança é que, em Cristo Jesus, todos serão vivificados.

De acordo com o dicionário, “vivificar” significa exatamente “Dar vida a; fazer existir”. Os mortos voltarão à vida na ressurreição do último dia, na gloriosa volta do Nosso Senhor Jesus Cristo. Isso explica porque biblicamente a recompensa só acontece nessa segunda vinda, a da ressurreição dos mortos (ver 2Tm.2:7,8; 1Pe.5:4; Dn.12:13; Ap.22:12, etc.). Isso também explica porque Paulo esperava que a sua coroa da justiça estivesse “guardada” até esse dia da volta de Cristo e, acima de tudo, isso apenas confirma todos os fatos de já vimos aqui. Que não existe uma imortalidade da alma. Não é a toa que Paulo passou algumas epístolas falando capítulos inteiros sobre a ressurreição, como em 1 Coríntios 15, o único capítulo na Bíblia completamente elaborado à ressurreição dos mortos, mas não há referência nenhuma à religação dos corpos ressurretos a almas deixando o Céu, o inferno ou o purgatório. Ora, como Paulo poderia ter-se esquecido do ponto mais fundamental da doutrina da ressurreição? Certamente os teólogos imortalistas do século XXI com as suas doutrinas dualistas iriam dar uma “aula teológica” para o apóstolo Paulo aprender a falar de algo tão importante na doutrina da ressurreição! Não seria estranho que Paulo deixasse de mencionar isso inteiramente em sua discussão acerca daquilo que acontece na ressurreição? Afinal, tal conceito é de fundamental importância a fim de compreendermos o que se dá por ocasião da ressurreição. Se Paulo fosse imortalista, certamente não deixaria de mencionar um “fato” tão importância dentre os acontecimentos que sobrevêm na ressurreição! E olha que Paulo não poupou palavras sobre o tema. Disse sobre as consequências da ressurreição (v.19,20), disse sobre as testemunhas da ressurreição (v.4,5), disse sobre o seu próprio testemunho (v.8), disse sobre a ressurreição de Cristo (v.13), disse sobre quando seremos vivificados (v.22,23), disse sobre o inimigo da ressurreição (v.26), disse com que tipo de corpos virão (v.36-39), disse sobre os corpos celestes e os corpos terrestres (v.40), disse sobre o corpo semeado e o corpo ressurreto (v.v.42-44), disse sobre a imagem do homem terreno e celestial (v.47,48), disse sobre quando seremos imortais (v.53), disse sobre quando seremos incorruptíveis (v.51-54), disse sobre quando a morte é tragada (v.54,55). . . mas sobre a religação de corpos ressurretos com almas descorpóreas, um dos principais pontos e focos da doutrina da imortalidade da alma no contexto da ressurreição. . . NADA!!! A razão para isso é que, na ressurreição, Deus sopra novamente o fôlego de vida em nós, ressuscitando o corpo (glorificado), tornando-nos novamente em almas viventes. Esse é o ideal da ressurreição, o princípio tão modificado e deixado de lado pelos imortalistas, com as suas doutrinas fundamentadas e edificadas sobre simbolismos e parábolas. Lamentável. Paulo “se esquece” de mencionar simplesmente o ponto mais importante dentro para os imortalistas no contexto da ressurreição. Mais do que isso, ele acentua o momento em que realmente atingiremos a imortalidade: “Eis que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos

transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: A morte foi destruída pela vitória” (cf. 1Co.15:51-54). Como vemos, a imortalidade não é algo que nós já possuímos, mas sim algo pelo qual nos revestiremos. E quando? Na ressurreição dos mortos. Poderíamos resumir o argumento de diversas maneiras: (1) Se os mortos estivessem vivos, a ressurreição nada mais faria do que acrescentar um corpo, mas sem ela os mortos viveriam eternamente do mesmo jeito. (2) Paulo escreve que se não há ressurreição, então “comamos e bebamos que amanhã morreremos”. (3) Isso indica claramente a dica de Paulo em viver hedonisticamente a vida em caso que a ressurreição na fosse uma realidade; “comer, beber e depois morrer” porque não haveria nada depois da morte se não existisse a ressurreição. (4) Se não existiria nada depois da morte então os mortos não estão vivos. (5) Logo, os mortos não estão vivos, mas só voltarão à vida com a ressurreição dos mortos. Outra maneira que poderíamos fazer para chegarmos à mesma conclusão: (1) Se os mortos estivessem vivos, a ressurreição nada mais faria do que acrescentar um corpo, mas sem ela os mortos viveriam eternamente do mesmo jeito. (2) Mas Paulo escreve que se os mortos não ressuscitam então os que dormiram em Cristo pereceram [apolonto], uma vez que os mortos em Cristo não estariam desfrutando a vida, e sim mortos no pó da terra. (3) Logo, o atual estado dos mortos é aquele que Paulo descreve no verso 18 [apolonto] – pereceram. Outra maneira que poderíamos resumir o argumento: (1) Em Adão todos morrem; com Adão o processo de morte teve início; morrendo morrerás

(cf. Gn.2:17). (2) Esse processo de morte só será revertido em Cristo; quando ele vivificar os mortos. (3) A morte só será vencida na ressurreição. (4) Tal fato só acontece na segunda vinda de Cristo. (5) Logo, os mortos estão literalmente mortos e só voltam à vida com a ressurreição. Mais uma maneira na qual poderíamos resumir o argumento em premissas: (1) Se nós fôssemos detentores de uma alma eterna dentro de nós, então nós já seríamos detentores da imortalidade. (2) Ainda mais, a imortalidade seria algo que nós temos, e não algo que nós temos que nos revestir. (3) Contudo, nós só alcançaremos a imortalidade na ressurreição (v.52,53) (4) E a imortalidade é algo que nós seremos revestidos, e não algo que já somos possuidores, supostamente na forma de uma alma imortal presa dentro de nós.

Poderíamos resumir os argumentos levantados acerca de 1Coríntios cap.15 de outras diversas maneiras, incluindo a omissão de Paulo em relatar “almas” desfrutando já atualmente das boas-aventuranças da eternidade; contudo, Paulo nada diz sobre isso e nem sequer de “religação” alguma na ressurreição, o que leva claramente a acreditarmos que, de fato, o apóstolo Paulo desconhecia completamente tal “religação” entre corpo e alma que os imortalistas tanto pregam. Nem sequer “almas” ou “espíritos” são mencionados em qualquer parte de todo o capítulo! A crença real de Paulo era que mesmo morrendo em Adão, seremos vivificados em Cristo, na sua vinda. É só neste momento que o processo de morte iniciado em Adão seria revertido. O quadro a seguir ilustra como o pensamento de Paulo se opõe ao pensamento dos defensores da doutrina da imortalidade da alma: O QUE ACONTECERIA CASO A RESSURREIÇÃO NÃO EXISTISSE... PARA OS IMORTALISTAS PARA O APÓSTOLO PAULO Os mortos ficariam desencarnados para sempre

Os que dormiram em Cristo já pereceram – cf. 1Co.15:18

Existiria uma vida póstuma em forma de “espírito descorpóreo”

A nossa esperança se limitaria apenas a esta presente vida – cf. 1Co.15:19

Deveríamos dar o máximo pela nossa salvação pois as nossas almas ficariam para sempre no Céu do mesmo jeito

O melhor a fazer seria viver a vida hedonisticamente, “comamos e bebamos, para que amanhã morramos” – cf. 1Co.15:32

Valeria a pena ficar em perigo pois as nossas almas ficariam para sempre no Céu do mesmo jeito

Estaríamos correndo perigo totalmente à toa – cf. 1Co.15:30

Na ressurreição a alma imortal se religa ao corpo morto

Pessoas são mortas, pessoas são vivificadas

na volta de Cristo – cf. 1Co.15:22,23 A morte é vencida quando a alma imortal vence a morte sendo liberta da prisão do corpo

A morte só é vencida por ocasião da ressurreição dos mortos – cf. 1Co.15:55

Nós já somos imortais Nós alcançaremos a imortalidade com a ressurreição dos mortos – cf. 1Co.15:51-54

Com tudo isso, vemos claramente que, na visão de Paulo, a imortalidade está ligada unicamente à ressurreição de Jesus, como podemos ver em todo o capítulo de 1 Coríntios 15. Paulo termina o capítulo da seguinte maneira: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho no Senhor não é em vão” (cf. 1Co.15:58). No capítulo inteiro toda a esperança da recompensa pelo trabalho dos cristãos não é relativa a uma alma imortal que lhes garante a imortalidade, mas sim unicamente ligada à ressurreição na volta de Cristo. Se todos os crentes tivessem uma alma imortal implantada dentro deles, então Paulo certamente lhes lembraria disso como garantia certa de imortalidade e de recompensa pelo trabalho no Senhor. Contudo, vemos em todo o capítulo que a ressurreição é o único fundamento e penhor da esperança do crente a fim de atingir uma vida eterna e imortalidade. XVI–A consolação do apóstolo Paulo aos Tessalonicenses

“Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (cf. 1 Tessalonicenses 4:18) Paulo responde a várias perguntas dos Tessalonicenses que foram feitas a ele sobre a vida pós-morte, e Paulo lhes dá uma palavra de conforto, a qual ele diz para consolar-vos uns aos outros com essas palavras. Mas qual foi essa “consolação”? A consolação de que os que morreram já estão todos no Céu e desfrutando da glória ou a esperança de que um dia todos os mortos iriam ressuscitar? O contexto todo aponta para a segunda alternativa:

“Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e

com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.” (cf. 1Ts.4:13-15). O contexto é totalmente voltado para a esperança da ressurreição dentre os mortos. A pergunta que incomoda os imortalistas é: Por que razão Paulo não consolou os Tessalonicenses dizendo que os mortos já estavam no Céu, mas em momento nenhum disse isso e trouxe como única esperança de “consolo” a ressurreição dentre os mortos? Por que razão Paulo iria ocultar uma verdade tão fundamental e importante que iria “matar a charada” de uma vez? Por que Paulo não fez isso também em nenhuma de todas as suas outras epístolas? Se os mortos já estão com Cristo, o que custava Paulo ter consolado os tessalonicenses com essa palavra, e não frisar apenas na ressurreição? Como bem disse o doutor Samuelle Bacchiocchi: “Se Paulo realmente cresse que ‘os mortos em Cristo’ não estavam de fato mortos nas sepulturas, mas vivos no céu como almas desincorporadas, teria se aproveitado de sua bendita condição no céu para explicar aos tessalonicenses que a lamentação deles era sem sentido. Por que lamentar por seus amados, se estavam já desfrutando as bênçãos celestiais? A razão de Paulo não lhes dar tal encorajamento é, obviamente, o fato de que sabia que os santos adormecidos não estavam no céu, mas em suas sepulturas” [“Immortality or Resurrection?”] Paulo foca-se inteiramente na esperança da ressurreição ao consolar os tessalonicenses sobre os seus parentes já falecidos. Quanta diferença para os dias de hoje em que a consolação é sempre voltada ao “fato” de que a pessoa supostamente “já está na glória”, e a ressurreição [adição de um corpo] virou um simples e mero detalhe! Para Paulo, contudo, a única esperança para o cristão que hoje descansa é a ressurreição (cf. 1Ts.4:18). Não precederemos os que dormem – Outro fato que nos chama a atenção é o que o apóstolo escreve no final dessa “consolação”: De modo algum precederemos os que dormem. Ora, se os mortos já estivessem com Cristo então nós, os que fomos arrebatados, precederíamos os que dormem.

Paulo, contudo, não querendo confundir os tessalonicenses, além de não falar nada de que eles já estivessem na glória, além de não falar nada de religação de corpo e alma por ocasião da ressurreição, além de consolar os tessalonicenses voltando-se exclusivamente no

“fator ressurreição” (o que se fosse apenas um corpo morto ressuscitando não faria sentido já que as nossas almas já estariam no Céu, sendo consoladas), ele ainda diz que “não precederemos os que dormem”! Ora, não haverá “arrebatamento de mortos”, da mesma forma que não haverá “ressurreição de vivos”. O que Paulo estava dizendo é que, pelo soar da última trombeta, nós (os vivos) seremos arrebatados para entrarmos na glória ao mesmo passo dos mortos. Por isso, nós “não precederemos os que dormem”! Interessante também é que o contexto da passagem deixa claro que os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (v.16). Depois é que nós [os vivos] seremos arrebatados para juntamente deles nas nuvens (v.17). Fica claro então que é na entrada no Paraíso que nós, realmente, não precederemos os que dormem. Nós não entraremos no Reino depois

deles, mas sim ao mesmo instante, quando nós seremos arrebatados e eles serão ressuscitados, entrando Reino no mesmo instante dos vivos. Um grupo não precede o outro; doutro modo, eles levariam uma evidente prioridade sobre nós [os vivos]! O argumento inequivocadamente exclui com qualquer possibilidade deles nos precederem; Paulo é bem certo em dizer que a vantagem de crentes mortos sobre os vivos não é nenhuma, o fato é que a entrada nos portões celestiais se dará ao mesmo tempo, tanto de crentes vivos tanto de crentes que já morreram, “e assim estaremos para sempre com o Senhor” (v.17). Se as almas dos salvos já estivessem na comunhão do Salvador no Céu e devessem regressar para a terra na Sua Volta, então obviamente teriam uma indiscutível prioridade sobre os crentes vivos. O fato, porém, é que “nós os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem” (cf. 1Ts.4:15). E que “os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com ele entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (cf. 1Ts.4:16,17). A maneira pela qual nós estaremos para sempre com o Senhor (os vivos e os que já morreram) não é quando as nossas almas deixarem o corpo na morte rumando para junto deles; mas sim por ocasião do arrebatamento/ressurreição, quando ambos os grupos entrarão no Reino ao mesmo passo, e deste modo concretiza-se a nossa união com eles. A verdade é que tanto os crentes vivos quanto os que já morreram estão aguardando sua tão ansiada união com Cristo, união essa que ambos os grupos experimentarão ao mesmo tempo, no dia da vinda de Cristo. De modo algum precederemos os que dormem (cf. 1Ts.4:15). “Não sejamos ignorantes” – “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também cremos que aos que dormem em Jesus, Deus os trará com Ele” (cf. 1Ts.4:13,14). Não podemos enfrentar a morte como aqueles que já perderam a esperança. Sabemos que os que já dormiram em Cristo serão ressuscitados para a vida eterna. Essa é a grande esperança pela qual vive o cristão (cf. 1Cor.15). Após afirmar para que “não sejamos ignorantes a respeito dos que dormem”, o apóstolo

Paulo não afirma que eles estão na glória, pelo o contrário, os consola novamente com a esperança da ressurreição dos mortos. Essa é a esperança, e não de uma alma imortal que já estivesse entrado no Paraíso antecedendo os vivos. Seria muito estranho que Paulo afirmasse para que não fôssemos IGNORANTES acerca dos que dormem, e não dizer nada sobre eles estarem no Paraíso, caso eles lá estivessem. Não ser “ignorante” significa exatamente a falta de conhecimento, sabedoria e instrução sobre determinado tema. Então, após afirmar aos Tessalonicenses não terem falta de conhecimento ou sabedoria ou instrução sobre os seus parentes falecidos, ele “esclarece” eles SEM DIZER NADA DE QUE OS MORTOS JÁ ESTIVESSEM NO CÉU! Ora, se os mortos já estivessem no Céu então Paulo teria deixado os Tessalonicenses continuarem na ignorância, continuarem sem o conhecimento e sabedoria de que tais mortos já tivessem entrado no Paraíso! O esclarecimento de Paulo seria nulo e sem sentido, passando em termos simples ele estaria dizendo para que “não fossem ignorantes” e depois tê-los deixado continuar na ignorância! O mesmo apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios que “acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (cf. 1Co.12:1). O que ele faz em seguida? Ele realmente não quer que eles tenham falta de conhecimento a respeito de nada sobre os dons espirituais, e lhes fala tudo: fala sobre os dom de línguas (cf. 12:10), fala sobre o dom de sabedoria (cf. 12:8), fala sobre a palavra de conhecimento (cf. 12:8), fala sobre o dom de cura (cf. 12:9), fala sobre o dom da fé (cf. 12:9), fala sobre o dom de operação de milagres (cf. 12:10), fala sobre o dom de discernimento de espíritos (cf. 12:10), fala sobre o dom de variedades e de interpretação de línguas (cf. 12:10), fala da diversidade de dons (cf. 12:4), fala da diversidade de ministérios (cf. 12:5), fal sobre a diversidade de operações (cf. 12:6), fala sobre as manifestações do Espírito (cf. 12:7), fala que nem todos tem os determinados dons (cf. 12:28-30), fala mais um capítulo inteiro sobre o dom de línguas (cap.14), fala quais são os dons de edificação coletia (da Igreja) e quais são os dons de edificação pessoal (cf. 14:4), fala quais são os dons maiores e quais são os dons menores (cf. 12:1,39), fala que o espírito dos profetas está sujeito aos profetas (cf. 12:32); enfim, fala sobre TUDO! Paulo realmente não queria que eles continuassem na ignorância. Igualmente, ele fala que “não quero que sejais ignorantes acerca dos que dormem” (cf. 1Ts.4:13), ou seja, sobre aqueles que já morreram; mas não fala nada sobre eles já estarem no Céu, não fala nada sobre a imortalidade da alma, não fala absolutamente nada religação de corpo com alma na ressurreição, não fala nada sobre “almas” ou “espíritos” subsistindo à parte do corpo, não faz descrição nenhuma e nem qualquer menção do “estado intermediário”, e a sua única fonte de consolação a eles é voltada completamente e absolutamente somente na ressurreição dos mortos; sem mencionar nada, nada, nada mesmo, daquilo que os imortalistas pregam! – parece até que ele queria que os tessalonicenses continuassem na ignorância!!! É evidente que o apóstolo Paulo não iria omitir todas essas coisas caso ele fosse defensor da doutrina da imortalidade da alma, ainda mais quando vemos que os tessalonicenses não acreditavam em nada depois da morte (cf. 1Ts.4:13), e Paulo não queria que eles fossem ignorantes com respeito ao estado dos mortos (os que “dormem”).

Se Paulo fosse um imortalista, então ele teria mentido aos tessalonicenses ao dizer que não queria que eles fossem ignorantes (mas tê-los feito continuar na ignorância); é óbvio que ele realmente não os deixou na ignorância, assim como na carta aos Coríntios em que ele não queria que fossem ignorantes nos dons espirituais e não os deixa na ignorância disso, pelo contrário, passa a expor-lhes detalhadamente a questão. Assim também com os tessalonicenses ele disse absolutamente tudo aquilo que eles precisavam saber com respeito aos que já dormiram para que eles não continuassem na ignorância, ou seja, que eles iriam ressuscitar, passando a expor-lhes em detalhes como se dariam os eventos finais da ressurreição, pois isso é tudo o que é necessário para o cristão saber; o evangelho bíblico é algo realmente muito simples: você morre e só volta ao estado de vida na ressurreição, essa é a consolação do cristão, e isso é tudo o que um cristão precisa saber, sem ficar desconhecido de mais nada! Os que não tem esperança – “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também cremos que aos que dormem em Jesus, Deus os tornará a trazer com Ele” (cf. 1Ts.4:13,14). A mesma passagem vista acima também há mais pontos a considerarmos. Recapitulando o que vimos a pouco, quando Paulo diz “não quero que sejais ignorantes acerca dos que já dormem”, em outras palavras o que ele estava dizendo é que não queria que os tessalonicenses tivessem falta de conhecimento, sabedoria ou instrução sobre os que dormem; isso é o que significa não ser ignorante acerca de um determinado assunto. Trazendo em termos simples, Paulo queria lhes contar tudo. Não queria que fossem ignorantes acerca de nada sobre os que dormem. Curiosamente, a única fonte de consolo é a ressurreição, e se existisse a imortalidade da alma então Paulo os teria deixado continuar na ignorância, pois nada é nos dito de que tais mortos já estivessem na “glória”! Isso, aliás, seria algo muito importante a ser mencionado, pois, além de Paulo os fazer sair da ignorância, ainda os consolaria sobre os seus parentes falecidos da devida maneira como qualquer imortalista faria: dizendo que eles já estavam no Céu. Contudo, vemos que Paulo queria lhes contar tudo, não queria que eles fossem ignorantes acerca dos que dormem – seria completamente indispensável tal menção caso realmente eles já estivessem no Paraíso. Mas o que chama mais atenção é o que ele escreve na sequência: “... para que não vos entristeçais como os demais, que não tem esperança”. Porque Paulo escreve isso? Porque para algumas pessoas a morte era o fim total da vida e nunca mais eles voltariam a viver um dia. Essas pessoas não tinham mais esperança nenhuma. Inscrições em túmulos e referências na literatura demonstram que os pagãos daquela região encaravam com pavor a morte, considerando-a o fim de tudo. Paulo, contudo, não queria que os tessalonicenses fossem como essas pessoas. Consolou-lhes dizendo que não deviam ser como essas pessoas que não tinham mais esperança nenhuma. Para o verdadeiro cristão, a morte não é o fim para sempre. A Bíblia nos traz a realidade da ressurreição no último dia, quando os mortos serão vivificados (cf. Jo.6:39,40; 5:28,29; 1Co.15:22,23). E é exatamente isso que Paulo escreve

aos tessalonicenses: a morte não é o fim completo, existe a ressurreição! Da mesma forma que Cristo ressurgiu, os mortos ressurgiriam também um dia. Ora, se os mortos já estivessem vivos, então Paulo iria dizer que essa falta de esperança é totalmente sem sentido já que os mortos já estão no Paraíso. Os outros não tinham mais esperança nenhuma por acreditar que os mortos estivessem literalmente mortos (i.e, sem vida). Paulo não lhes contradiz dizendo que eles estavam errados e que os mortos estivessem vivos, apenas ressalta para que eles não se entristecessem, pois existia a esperança de alcançar a ressurreição na vinda de Cristo. Os outros não tinham mais esperança, mas Paulo lhes trazia uma esperança: a esperança de ressurgir dentre os mortos no último dia. Paulo não queria que os tessalonicenses se entristecessem, não porque os que “dormem” já estivessem no Céu, mas sim porque existia a esperança da ressurreição na volta de Cristo. A ressurreição de Cristo como único penhor da nossa ressurreição – Outro fato interessante Paulo expressa no verso 13: “Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e juntamente com ele, aqueles que nele dormiram” (cf. 1Ts.4:13). Aqui vemos que o único penhor (garantia) da ressurreição pessoal dos que já morreram provém da garantia de que o próprio Jesus ressuscitou nos antecipando. Em outras palavras, se existisse uma alma eterna em nós implantada, esta já seria um argumento mais do que suficiente a fim de garantir superior ressurreição à imortalidade, uma vez que ela mesma seria eterna. E essa alma imortal seria o principal penhor e garantia de que os que morrerram em Cristo se unirão conosco. Contudo, o único argumento utilizado pelo apóstolo como esperança da ressurreição é a ressurreição do Nosso Senhor: “Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu...”; essa é a esperança, penhor, garantia, sustento de que o nosso trabalho não é “em vão” (cf. 1Co.15:58), de que nós nos veremos novamente com os nossos parentes já falecidos, e de que nós seremos ajuntados para junto deles novamente. Nós somos os únicos vivos – Também outro fator podemos considerar nesta passagem de Paulo aos tessalonicenses acerca dos que dormem. Nos versos seguintes, continuado a sua consolação, o apóstolo escreve: “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (cf. 1Ts.4:16,17)). Veja aqui a clara distinção entre ambos os grupos; que nós somos vivos e não que vamos nos encontrar com outros vivos de outros mundos. Isto está muito claro que somos somente nós os “vivos”. A distinção reside aqui: nós somos os únicos vivos. XVII–“Buscando” aquilo que nós já temos?

“E vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade” (cf. Rm.2:7 - VKJ) A Vida Eterna e a Imortalidade – Ter uma vida eterna é exclusividade apenas daqueles que “perseveram em fazer o bem”, e a “imortalidade” não é algo que todos possuam dentro de si, visto que tem que ser buscada. Ora, quem já viu alguém BUSCAR uma coisa que todo mundo já tem independente de ser bom ou mal, justo ou ímpio? Eu não vi! Ninguém busca aquilo que já se possui. Buscamos aquilo que não temos, mas almejamos ter. Também não é todos os que conseguem alcançar, visto que se fosse assim não seria necessário “perseverar em fazer o bem”. De acordo com o apóstolo Paulo, então, podemos assegurar que: (1) A imortalidade não é uma possessão natural, visto que tem que ser buscada. (2) Nem todas as pessoas a alcançam, mas apenas aqueles que “perseveram em fazer o bem”. Essas duas conclusões concordam afirmativamente com tudo aquilo que já vimos até aqui. Se existisse uma ama imortal presa dentro do nosso corpo, mas liberta por ocasião da morte, então a imortalidade não teria que ser buscada. Visto que deve ser buscada, então nós não a temos. Ninguém diz: “vamos buscar a imortalidade” se todo mundo já tem uma alma imortal que garante imortalidade a todos. Se temos que buscar é porque não a temos agora, e não é para todos. Poderíamos resumir o argumento da seguinte maneira: (1) Se existisse alma imortal, nós possuiríamos a imortalidade, supostamente na forma de um elemento eterno implantado no nosso ser. (2) Contudo, se temos que buscar alcançar algo, é porque não a possuímos no presente momento. (3) A imortalidade tem que ser buscada. (4) Logo, nós não temos em si mesmo algo que nos garanta a imortalidade.

No texto original grego, a palavra usada foi aphtharsia, que, de acordo com a Concordância de Strong, tem dois significados: (1) Imortalidade (2) Incorruptibilidade Paulo empregou essa palavra porque ambos os sentidos fazem a lógica de pensamento dele. A vida eterna é dada a todos aqueles que buscam a “glória [...] honra [...] imortalidade [...] incorruptibilidade”. Se Paulo achasse que a imortalidade não tem que ser buscada assim como a glória, a honra e a incorruptibilidade, então de modo algum teria utilizado uma palavra que tem ambos os significados. O fato aqui é que o apóstolo considerava tanto a imortalidade como a incorruptibilidade como dons que devem ser buscados, de outra maneira não teria empregado a palavra aphtharsia.

Várias das melhores versões do mundo trazem “imortalidade”, como a versão inglesa King James, também a King James with Strongs, as versões norte-americanas New Jerusalem Bible, a Revised Standard Version, a Christian Community Bible, a The New American Bible, a Biblia Latinoamericana, a versão francesa da Bíblia de Jerusalém, a versão alemã Die

Bibel, a versão croata Bilija Hrvatski, a versão húngara Kotolikus Biblia, a versão espanhola La Santa Biblia, a versão alemã de Martinho Lutero, a versão francesa Louis Segond, a versão francesa Ostervald, a versão italiana Giovanni Diodati Bible, a Synodal Translation, a versão espanhola Reina Valera, a versão turca Kutsal Ínsil, a New Chinese Version, a Chinese Union Version, a Korea Version, a Lithuanian Version, entre outras. A grande maioria das Bíblias a nossa disposição traduz por “imortalidade”, pois é a que mais faz sentido com o texto bíblico em pauta. Mas tanto a imortalidade como a incorruptibilidade tem que ser buscadas, porque a palavra aqui empregada significa ambas e Paulo não iria querer passar tão tremenda confusão aos seus leitores. Se somos imortais, porque devemos ainda “buscar a imortalidade e a incorruptibilidade”? (cf. Rm.2:7). Se devemos buscar, é porque não a temos. Não se procura por algo que já se possui, supostamente na forma de um elemento eterno que se carregaria no íntimo do ser. A imortalidade não é algo que já somos possuidores mediante uma alma imortal, mas sim algo que tem que ser buscado com perseverança. Obter futura imortalidade não é algo simplíssimo pela implantação de uma alma eterna em nosso interior, mas sim um prêmio que implica em perseverança, busca, desejo, que é alcançado por aqueles que fazem por merecer. Ademais, se temos que buscar a imortalidade, então é certo também que nem todos a alcançam (de outra forma não deveríamos buscá-la!). O próprio fato da imortalidade tem que ser buscada, prova que não é algo que todos conseguem obter; é como uma corrida, em que somente os melhores alcançam a coroa da vida e aquilo que Paulo chama de “imortalidade”. O contexto todo também faz desmontar absolutamente qualquer teoria de que os ímpios também são imortais. Em primeiro lugar, porque a imortalidade é dada a todos aqueles que buscar alcançar a “glória... a honra... e a imortalidade”. É evidente que nem todos alcançam a glória e é evidente também que nem todos alcançam a honra – glória e honra apenas os justos alcançam. Visto que a imortalidade também é imediatamente ligada a elas, é uma presunção lógica que apenas os justos alcançam a imortalidade, que tem que ser buscada tanto quanto a glória e a honra! DEVE SER BUSCADA MOTIVO Glória (cf. Rm.2:7) Nem todos a alcançam Honra (cf. Rm.2:7) Nem todos a alcançam Imortalidade (cf. Rm.2:7) Nem todos a alcançam Ora, se existisse em nós algum elemento eterno, imortal, imaterial, supostamente implantado em nós desde o nascimento, então todos “alcançariam” a imortalidade, até porque todos já possuiriam a imortalidade. Dizer que a glória e honra só é alcançado por alguns mas a imortalidade todos possuem, é negar a clareza textual bem como o próprio contexto em pauta. Em segundo lugar, a imortalidade é dada àqueles que “perseveram em fazer o bem” (v.7), ou seja, se você não persevera em fazer o bem você não alcança a imortalidade! Tendo em vista tudo isso, fica muito claro que a imortalidade não é uma coisa normal e/ou natural que todos possuem mediante a posse de uma alma eterna, mas é um dom de Deus que Ele concede pela Sua Graça a todos aqueles que a buscam! O fato é que “o homem, mesmo

que muito importante, não vive para sempre, é como os animais, que perecem” (cf. Sl.49:12). Os animais são igualados aos humanos pelo fato de nenhum deles possuir algo que lhes imortalidade – ambos perecem do mesmo jeito. Outra passagem em que Paulo reafirma a sua crença de que a imortalidade não é uma possessão natural do ser humano e é apenas para os justos, aqueles mesmos que “perseveram em fazer o bem”, se encontra em sua segunda epístola a Timóteo: “E que agora se manifestou pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual destruiu a morte, e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho” (cf. 2Tm.1:10). A Nova Versão Internacional traz “imortalidade por meio do evangelho”. A ARA traz “imortalidade mediante o evangelho”. Em todas as ocasiões, fica claro que a imortalidade não é algo que todas as pessoas têm ou possuam, mas algo que é alcançado mediante o evangelho. Isso explica porque Paulo afirma categoricamente que só a obtêm aqueles que a “buscam”, e “perseveram em fazer o bem”! Ora, se a imortalidade é por meio do evangelho então aqueles que desprezam o evangelho não alcançam a imortalidade. E se só a obtém os que a alcançam por meio do evangelho, então não existe uma alma imortal implantada dentro de nós, pois se assim o fosse a imortalidade seria para todos, dentro ou fora do evangelho. Ademais, se Paulo cresse que a imortalidade é para todos, então não diria que ela é mediante o evangelho.

Seria por meio de uma alma imortal que qualquer ímpio possui. Por que razão Paulo faz questão de acentuar que a imortalidade é por meio do evangelho? Porque aqueles que não seguem o evangelho não alcançam a imortalidade, que é um dom concedido por Deus (cf. Rm.6:23). Nisso fica mais do que evidente que não existe uma alma imortal implantada nos seres humanos. Mais algumas considerações importantes nos escritos de Paulo nos revela que a imortalidade (ter uma vida eterna) é um dom concedido por Deus: “Que fruto vocês colheram então das coisas as quais agora vocês se envergonham? O fim delas é a morte! Mas agora que vocês foram libertos do pecado e se tornaram escravos de Deus, o fruto que colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (cf. Rm.6:23) O salário (i.e, o fim) do pecado não é uma existência eterna, mas a morte. O pecado tem por finalidade a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, destinada apenas aqueles que creem. Definir “morte” com outro significado além de “cessação de vida” é rejeitar o fato de que se trata dos destinos finais e está sendo usado em contraste com “vida”, sendo Paulo apresenta a nós os dois caminhos finais: a morte e a vida. O texto não diz que o ímpio viverá eternamente em tormento; aqui se contrastam a vida e a morte. Quanto ao destino final dos ímpios, este tema será mais abordado nos temas seguintes. Por enquanto, o que eu quero colocar em evidência é o fato de que ter uma vida eterna é um dom, dom este concedido por Deus. Não é qualquer um que tem o dom de alcançar uma imortalidade.

Stephen H. Travis definiu acertadamente o que é a imortalidade da seguinte maneira: “A imortalidade da alma é uma doutrina não-bíblica derivada da filosofia grega. No ensino bíblico o homem é ‘condicionalmente imortal’--isto é, ele tem a possibilidade de tornar-se imortal se receber a ressurreição e imortalidade como um dom de Deus. Isso deixaria implícito que Deus concede a imortalidade na ressurreição àqueles que O amam, mas os que a Ele resistem perdem a existência” [I Believe in the Second Coming of Jesus] Ter uma vida eterna (ou imortalidade) não é uma garantia por meio de uma alma eterna em nós implantada, mas sim uma esperança para aqueles que tem fé em Jesus, uma promessa futurística, e não algo já presente na forma de um elemento eterno presente no nosso ser: “Fé e conhecimento que se fundamentam na esperança da vida eterna, a qual o Deus que não mente prometeu antes dos tempos eternos” (cf. Tito 1:2). O que nos garante ter no futuro uma vida eterna não é uma alma que já esteja implantada em nós, mas sim a nossa fé e esperança em confiar que Deus é fiel para cumprir a sua promessa, “que Ele o fez a fim de que, justificados por sua graça, nos tornemos seus herdeiros, tendo a esperança da vida eterna” (cf. Tt.3:7). Ora, se já possuíssemos uma alma eterna que não perece na morte, então a imortalidade não seria uma “esperança”, mas sim uma certeza baseada neste elemento eterno, imortal. Contudo, vemos que a vida eterna é uma esperança porque não temos em si mesmos algo que nos garanta tal imortalidade, mas cremos (pela fé) que o mesmo Deus que ressuscitou ao Senhor Jesus nos ressuscitará também, e essa é a esperança do verdadeiro cristão. A imortalidade não é uma possessão natural do ser humano decaído, pois o pecado da Queda atingiu tanto o corpo como a alma; a morte entrou no mundo não apenas para o corpo, mas para o ser integral que foi desobediente e rebelde a Deus. O mesmo apóstolo (Paulo) escreve para que “purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (cf. 2Co.7:1), porque o espírito não está isento da contaminação do pecado que atingiu o corpo. Mas os justos que são lavados e purificados no sangue do Cordeiro tem a esperança de herdarem, por meio do evangelho, a imortalidade. Atualmente falar em “imortalidade” já transformou-se em algo tão comum, que poucas pessoas sabem realmente que a natureza humana, como um todo, é mortal, mas Deus em Sua infinita misericórdia, concede uma vida eterna àqueles que lhes buscam. Essa é a verdade do evangelho puro e sincero. É por isso que um homem perguntou ao Filho do Homem: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (cf. Lc.18:18). A vida eterna é um dom de Deus, e não uma realidade já presente em qualquer um na forma da alma. Deus não distribui dons assim para qualquer um; e não é sádico para fazer com que algumas pessoas busquem a imortalidade se todos já a tem de qualquer jeito. XVIII–Deus, o único a possuir a Imortalidade Deus, o único que é Imortal – “Aquele que possui, ele só, a imortalidade, e habita em luz inacessível; a quem nenhum dos homens tem visto nem pode ver; ao qual seja honra e poder para sempre. Amém” (cf. 1Tm.6:16)

A declaração conclusiva que faz o apóstolo Paulo confirma com tudo aquilo que já vimos até aqui: Deus é o único Ser Imortal. Ponderamos: Se todos nós tivéssemos presos dentro de si uma “alma imortal”, sendo o nosso “verdadeiro eu” um ser imortal (justos ou ímpios), Paulo iria dizer que apenas Deus que é imortal? Absolutamente que não. Nisso fica claro que nós, seres humanos, não somos imortais. Deus é o único. Ele só possui a imortalidade. Se nós possuíssemos uma alma imortal, então segue-se que nós não morreríamos nunca, viveríamos eternamente e inerentemente, aliás, essa é a base da doutrina imortalista. Contudo, levando-se em consideração o que enfaticamente foi afirmado pelo apóstolo Paulo, só Deus possui a imortalidade, seguindo-se, portanto, a idéia que qualquer outro ser como criatura do único imortal existente, a saber: Deus, é por necessidade mortal. O que foi afirmado enfaticamente por Paulo vai frontalmente contra os princípios da doutrina da imortalidade da alma, e constitui-se em uma fortíssima prova contrária a ela. Deus, o único a possuir a imortalidade - Tal passagem é tão irrefutável, que os apologistas Norman Geisler e Thomas Howe (ambos defensores da alma imortal) deram a melhor explicação para tal passagem dentro do prisma imortalista, mas que, como veremos, só complica ainda mais a situação. Vejamos a refutação da parte deles: ”Deus é o único que possui a imortalidade intrinsecamente, em virtude de sua própria natureza. Todos os crentes a recebem como uma dádiva de Deus, mas ela não é inerente à natureza humana, como criaturas que são. Coloquemos isso de outro modo: somente Deus é imortal - os seres humanos simplesmente possuem imortalidade” [“Manual Popular de

Dúvidas e Enigmas e Contradições da Bíblia”, pág.320]

A explicação deles (presente em praticamente todos os sites e por todas as pessoas que tentam defender a imortalidade da alma diante dessa passagem) acaba caindo em uma série de erros de primeira ordem que, no final, veremos que só fazem fortalecer a mortalidade da alma. Em primeiro lugar, porque se o nosso ser racional (que os próprios dualistas colocam como fonte a “alma”) fosse eterno, então ele seria intrínseco e, portanto, seria imortal como Deus! Em segundo lugar, é realmente verdade que Deus possui natureza imortal, mas não é verdade que o homem seria mortal caso Deus lhe concedesse uma alma eterna. Esta alma eterna evidentemente daria uma condição natural humana de imortalidade, pela

própria natureza. E, finalmente, o maior dos argumentos: o texto original do grego. A colocação deles de que “os seres humanos simplesmente possuem a imortalidade” entra em forte contradição com os manuscritos originais (presumivelmente porque a tradução deles, assim como algumas outras, omitem o termo grego para possessão-echôn da passagem) “o monos echôn athanasian phôs oikôn aprositon on eiden oudeis anthrôpôn oude idein

dunatai ô timê kai kratos aiônion amên” (cf. 1 Timóteo 6:16) Aqui o termo grego colocado [echôn], significa justamente “posse; possessão; desfrutar; segurar, etc”. É um adjetivo de possessão. Tal fato é confirmado pelas melhores traduções do mundo, como a Version King James with Strongs, a João Ferreira de Almeida Revisada e Atualizada, e todas as demais que seguem fielmente o original grego e não as suas tendências dualistas. Se o texto em pauta nos dissesse apenas que Deus é o único que é imortal, então a explicação dos imortalistas poderia até fazer algum sentido.

Vemos, contudo, que é muito claro que Paulo falava de possessão, que só Deus que possui a imortalidade, e isso obviamente exclui qualquer ser humano que poderia a possuir mediante a posse de uma alma eterna/imortal. Portanto, a explicação de Norman Geisler e Thomas Howe (que é a melhor que podemos achar dentre os dualistas) mostra um grave erro que nos dá um ponto final na lenda da imortalidade da alma, pois “os seres humanos NÃO possuem a imortalidade”! O texto em pauta fala acerca de possessão, de posse presente. Paulo afirma que Deus é o único a possuir a imortalidade. Nós, seres humanos, não possuímos a imortalidade, mas almejamos obtê-la, é por isso ela tem que ser buscada. Deus é o único que tem a imortalidade como possessão presente (cf. 1Tm.6:16), os outros terão a sua natureza mortal transformada um uma natureza imortal por ocasião da ressurreição (cf. 1Co.15:53). Se Deus é o único que possui a imortalidade, então nós obrigatoriamente não a possuímos (supostamente na forma de um elemento eterno que teria sido implantado em nós secretamente). Nós não somos um corpo mortal que possui um elemento imortal, porque o único a possuir tal imortalidade é o Deus Todo-Poderoso (cf. 1Tm.6:16). E isso obviamente excluiu todo o dualismo grego de corpo e alma. Deus, o único com incondicional imortalidade – O terceiro fato que devemos mensurar a partir de tal passagem de 1 Timóteo 6:16, é a possessão incondicional da imortalidade por parte de Deus contrastando-se com os seres humanos. A "glória do Deus imortal" é contrastada com a do "homem mortal": “E trocaram a glória do Deus imortal em semelhança da imagem do homem mortal, pássaros e animais e répteis” (cf. Rm.1:23). Para a humanidade, a imortalidade é ainda um prêmio a ser buscada: “Para aqueles que pela paciência em fazer bem, procuram glória, honra e imortalidade, ele dará a vida eterna” (cf. Rm.2:7). E será concedido apenas para "aqueles que são considerados dignos": “E Jesus disse-lhes: Os filhos deste mundo casam e se dão em casamento, mas os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos não casam, nem se dão em casamento, pois eles não podem morrer mais, porque eles são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” (cf. Lc.20:34-36) Imortalidade é exatamente aquilo que “não tem fim”. Perguntaríamos agora: Por que Paulo afirma que Deus é o único que não tem fim? A Bíblia não diz claramente que aos justos será lhes dado a vida eterna, como objetam os dualistas? Com certeza, mas Deus é o único que possui imortalidade incondicional. Os seres humanos, por não terem em si mesmos nada que garanta a imortalidade, são meros seres mortais, com a possibilidade de tornarem-se imortais “por meio do evangelho” (cf. 2Tm.1:10). Em outras palavras, por não termos dentro de nós algo imortal, temos uma imortalidade condicional.

Se “perseverarmos em fazer o bem”, teremos a imortalidade (cf. Rm.2:7). Deus é o único Ser do Universo que possui imortalidade incondicional. Nós possuímos imortalidade condicional, condicional a crer em Jesus Cristo e a perseverar em seus mandamentos (cf. Rm.2:7; 1Tm.1:10; Jo.6:40; Jo.15:24; Jo.3:36). É por isso que Paulo afirma claramente e categoricamente que Deus é o ÚNICO que possui a imortalidade (incondicional). Isso prova novamente que nós não temos preso dentro de nós uma alma imortal.

Pelo contrário, obteremos a vida eterna (imortalidade) por ocasião da ressurreição, e não por uma alma imortal (cf. 1Co.15:53; Rm.2:7; Jo.5:28:29). E a Bíblia afirma objetivamente quem são aqueles que irão herdar uma vida eterna: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe [ou mulher], ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna” (cf. Mt.19:29). Definitivamente isso não parece com uma pessoa ímpia! A doutrina da imortalidade é condicional, uma vez que a alma humana é considerada por sua natureza mortal (cf. Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3, 9; Ez.18:4), e que a imortalidade é concedida por Deus como um dom. A imortalidade (no original grego, athanasia), quando é mencionada na Bíblia, ou é com relação a Deus, que é “o único que possui imortalidade” (cf. 1Tm.6:16), ou então é relacionada à mortalidade natural da natureza humana que há de se revestir do dom da imortalidade por solenidade da ressurreição dentre os mortos (cf. 1Co.15:53), ou é com relação àquilo que deve ser buscado pelos seres humanos (cf. Rm.2:7). Absolutamente nunca provém de uma possessão natural de um ser imaterial dentro de nós . Nós, seres humanos, somos criaturas totalmente dependentes de Deus para a nossa continuação de existência. Nunca, em inteiramente nenhum lugar da Bíblia, é mencionada com relação a uma “alma” ou “espírito” eterno/imortal ou a algum tipo de possessão dos homens ou obtenção por naturalidade. Vemos, portanto, que a partir de tal texto de Paulo à Timóteo podemos tirar três conclusões importantes, cada um delas individualmente desmascarando por completo e absoluto contraste com a doutrina da imortalidade natural da alma humana: (1) Deus é o único que é imortal (2) Deus é o único que possui a imortalidade (3) Deus é o único com imortalidade incondicional

XIX–Paulo e a questão do inferno Paulo pregou a entrada no Céu por ocasião da ressurreição de Cristo? – Outro conceito extremamente deturpado dentro da teologia imortalista, é a tese extrabíblica amplamente divulgada entre as teses dualistas, de que por ocasião da ressurreição de Cristo, os mortos justos que esperavam conscientemente no Sheol (que, como vimos, não é uma morada de espíritos desencarnados, mas puramente sepultura), partiram dali para o Paraíso, onde estão até hoje. Isso apresenta uma total contradição com o que a Bíblia afirma categoricamente, que todos os (vivos ou que já “dormiram”) entrarão juntos no Paraíso por ocasião do arrebatamento/ressurreição (cf. 1Ts.4:15), pois nós (os vivos) não precederemos os que dormem (cf. 1Ts.4:15). Também contradiz o escritor da epístola aos Hebreus, que afirma de modo claro em Hebreus 11:39 e 40 que os heróis da fé ainda não obtiveram a concretização da promessa, pois Deus não quer que sem nós eles sejam aperfeiçoados. Além disso, contradiz o fato de que a recompensa é somente na volta de Cristo e não quando o espírito desencarnado sobe para o Céu (ver Apocalipse 22:12; Mateus 16:27), e contradiz aquilo que o próprio Mestre Jesus Cristo afirmou com relação ao tempo em que os

seus próprios discípulos entrarão no Paraíso – na Sua Volta (ver João 14:2,3), bem como a separação entre justos e ímpios e a entrada no Reino ou na condenação (cf. Mt.25:31-34). Vejamos, portanto, quais são as duas passagens bíblicas em que os imortalistas apoiam a sua tese (que contraria todo o resto da Bíblia). Será mesmo que Paulo teria contrariado ele mesmo e dito que por ocasião da ressurreição de Cristo, todos os justos subiram já para o Paraíso? Eis aí a passagem isolada na Bíblia usada por eles: “Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens. Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra?” (cf. Efésios 4:8,9) E – pronto! Os imortalistas acharam neste versículo toda a “chave oculta” desta verdade bíblica tão pregada por Paulo de que os vivos precedem os outros vivos do Céu. A partir desta passagem de Efésios, o que Paulo realmente quis dizer é que, pela ocasião da ressurreição de Cristo, todos os mortos que estavam no Hades foram transferidos para o Paraíso. Sim, é exatamente isso o que está dizendo a passagem... Além disso, Cristo desceu – pasme - até o inferno (v.9), entendem eles “inferno” por “regiões inferiores da terra”. Não é preciso dizer nada, pois o texto fala por mim: não há absolutamente nada disso no texto! Se realmente houvesse havido esta transferência de lugar dos mortos, então além de Cristo estar mentindo em João 2:3,4, Paulo também apresenta-se bem contraditório em seus ensinamentos, como em 1Tess.4:13-15, em que não faz qualquer menção direta ou indireta à “almas” ou “espíritos” dos santos no Céu, e em todo o capítulo de 1Cor.15 nega a existência de vida póstuma senão na ressurreição, e nega também a “religação” de corpos com almas na ressurreição. Além disso, se fosse isso o que Paulo quisesse realmente dizer (que os mortos foram transferidos de lugar, direto para o Paraíso), então Paulo iria acentuar isso em qualquer uma de suas epístolas ou então o próprio Jesus iria pregar tal coisa. Este “ensinamento” seria amplamente encontrado nas Escrituras. Mas isso não aparece em lugar nenhum, senão na teologia de alguns poucos que distorcem completamente essa passagem como forma isolada de conciliar os meios “literais” da parábola do Lázaro com a consciência pós-morte no Céu. É uma apelação, em outras palavras, uma vez que a passagem inteira é muito, mas muito vaga para retirarmos tal conclusão. Interpretar que “levar cativo o cativeiro” significa exatamente transportar espíritos desencarnados justos do Hades para o Céu é forçar a passagem completamente – o texto não diz isso e poderíamos forçá-la do jeito que quisermos para fundamentar qualquer doutrina! Se essa transferência realmente tivesse ocorrido, então certamente isso estaria mencionado de maneira clara nas Escrituras. Mas isso não ocorre em parte nenhuma. Vejamos, por exemplo, o comentário do apologista norte-americano Norman Geisler, que é defensor da teoria da imortalidade da alma, o que ele tem a dizer sobre este texto de Efésios 4:8,9, em seu livro “Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e Contradições da Bíblia”: “Finalmente, quando Cristo ‘levou cativo o cativeiro’, não estava levando amigos para o céu. É uma referência à sua vitória sobre as forças do inimigo. Os cristãos não são ‘cativos’ no céu. Não somos forçados a ir para lá contra a nossa própria e livre escolha (veja Mt 23:37; 2 Pe 3:9).”

Sobre o “descer as regiões inferiores da terra”, ele comenta: “A expressão ‘até as regiões inferiores da terra’ não é uma referência ao inferno, mas ao túmulo. Até mesmo o ventre de uma mulher é descrito como sendo ‘profundezas da terra’ (SI 139:15). Essa expressão significa simplesmente covas, túmulos, lugares fechados na terra, em oposição a partes altas, como montanhas.” Vemos, portanto, que levar cativo o cativeiro é uma linguagem que expressa a vitória de Cristo sobre as trevas e sobre os inimigos espirituais de Cristo. Não significa que ele desceu até o inferno e nem que ele tenha levado amigos cativos para o Céu. Ademais, as regiões inferiores da terra é uma referência à sepultura, e não ao inferno, uma vez que até mesmo o ventre materno é descrito como sendo as profundezas da terra: “Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra” (cf. Sl.139:15). Quanto ao segundo texto bíblico por eles utilizado, este é ainda mais completamente descontextualizado: “’E também: Nele porei a minha confiança’. Novamente ele diz: ‘Aqui estou eu com os filhos que Deus me deu’” (cf. Hb.2:13). Para eles, estes “filhos que Deus me deu” significa exatamente os espíritos desencarnados que Cristo transportou para o Céu na sua morte. Tal interpretação, contudo, é claramente negada pelo verso seguinte que especifica tudo: “Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo” (v.14). Aqui vemos que os “filhos” do verso 13 não são espíritos sem corpo levados para o Céu a fim de serem apresentados para Deus, mas sim pessoas, de carne e de sangue, e um espírito descorpóreo jamais poderia possuir tais qualificações (Lc.24:39). O texto diz respeito a encarnação de Cristo, quando Cristo “participou desta condição humana” (v.14), e esteve com pessoas “de carne e sangue”. Por tudo isso, vemos que não existe base bíblica nenhuma para a teoria amplamente divulgada entre os imortalistas, de que por ocasião da morte e ressurreição de Cristo, ele desceu até ao inferno e transportou os justos direto do Hades para o Céu. O que a Bíblia realmente ensina, como vimos, é exatamente o contrário disso. Os justos não estão no Céu ainda, mas entrarão por ocasião da segunda vinda de Cristo, momento em que os vivos justos serão arrebatados a fim de entrarem no Paraíso ao mesmo passo dos justos que já morreram. Qualquer doutrina que vai além disso é não-bíblica e, sobretudo, antibíblica.

O momento em que os justos se separarão dos ímpios não foi há dois mil anos atrás, mas será somente na volta gloriosa de Cristo, “quando o Filho do Homem vier em sua glória, com todos os anjos... e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes... então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (cf. Mt.25:31-34). Não é a toa que Deus assegurou ao profeta Daniel que este entraria na sua herança prometida, não quando morresse e entrasse desencarnado no Céu e nem mesmo quando Jesus ressuscitasse, mas sim quando ele próprio [Daniel] fosse “levantado” dentre os mortos, uma figura da ressurreição do último dia (ver Daniel 12:13 com João 6:39,40).

À luz de tudo isso, vemos que a doutrina de que Cristo levou amigos cativos para o Céu e os mudou (transportou) de lugar para o Paraíso (como é amplamente divulgado pelos dualistas) carece inteiramente de respaldo bíblico, é uma doutrina completamente estranha à luz das Escrituras, que nos adverte a “não se deixar levar pelos diversos ensinos estranhos” (cf. Hb.13:9). Todo joelho se dobrará nos infernus? – Outra passagem usada a fim de pregar que os ímpios já estão atualmente queimando no inferno, se encontra em Filipenses 2:10, que assim reza: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra”. Algumas versões católicas trazem a palavra “infernus” nesta passagem (como a versão “Ave Maria”, embora outras muitas Bíblias católicas traduzam corretamente por “debaixo da terra”, como a CNBB). Contudo, essa é uma adulteração do texto bíblico original. O texto original grego verte: “epigeiôn kai katachthoniôn” – debaixo da terra. A palavra “infernus” simplesmente não existe nos manuscritos originais. A tradução correta por “debaixo da terra” também é aplicada em praticamente todas as outras traduções, principalmente as mais respeitadas. O original não a traduz por “inferno” e, como vimos, até mesmo o ventre de uma mulher é descrito como sendo "profundezas da terra" (cf. SI 139:15). Como já vimos, essa expressão significa simplesmente covas, túmulos, lugares fechados na terra, em oposição a partes altas, como montanhas. A expressão “que todo joelho se dobre no Céu, na terra e debaixo da terra” não prega de jeito nenhum que dentro do nosso planeta existam pessoas queimando no inferno dobrando os seus joelhos. A própria Bíblia com o maior volume de nota textual do mundo, a NVI (Nova Versão Internacional) que, por sinal, mantém a frente dualista (de imortalidade da alma), mesmo assim declara: “céu [...] terra[...] debaixo da terra. Expressão convencional usada para expressar a universalidade da proclamação. Não pretendia ensinar uma divisão tríplice do universo” (nota textual da NVI, comentário de Ap.5:3) Tão é verdade isso, que em Apocalipse 5:13, lemos: “Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra , debaixo da terra, e no mar, e tudo o que neles há, diziam: Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre” (cf. Ap.5:13). Ora, analisando literalmente, devemos supor então que os peixes ou os mergulhadores declaravam isso no fundo do mar? Evidente que não, era apenas uma expressão convencional usada para expressar a universalidade da proclamação. A Bíblia, do início ao fim, nega que os ímpios já estão queimando agora. A Bíblia ensina que “O Senhor sabe entregar o devoto fora das tentações, e reservar os injustos para o dia do juízo para ser punido” (cf. 2Pe.2:9 – VKJ). Se eles estão sendo mantidos “reservados” para o dia em que serão punidos, é porque eles não estão sendo punidos ainda (no presente momento). Também é notório que os ímpios só serão queimados no fogo na consumação deste mundo: “Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo” (cf. Mt.13:40). Novamente, os argumentos pró-dualismo na Bíblia Sagrada são facilmente refutados, ainda mais quando comparamos com o contexto e com os manuscritos originais.

Receberão a devida paga no futuro - “Se de fato é justo para com Deus que Ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam, e a vós outros que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do Seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do Seu poder. Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho” (cf. 2Ts.1:7-10). Mais essa vez, Paulo deixa claríssimo que: (1) Os cristãos que estavam sofrendo perseguição receberão alívio “quando do Céu se manifestar o Senhor Jesus” (segunda vinda de Cristo). Ora, se nas mortes de cada um as suas almas partissem para o Céu, então elas já seriam aliviadas muito antes da segunda vinda de Cristo [ressurreição]! (2) Os ímpios só serão castigados, quando “o Senhor tomar vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus”. É dito claramente que no verso 7 que isso só acontecerá “quando do Céu se manifestar o Senhor Jesus”, ou seja, um acontecimento lançado para um futuro. (3) Os ímpios sofrerão a pena da destruição eterna, eles não estão sofrendo ainda. O verbo é conjurado no futuro, indicando que a punição dos ímpios é algo que está para acontecer “naquele dia”, e não algo que já esteja em atividade. Se já existisse um inferno de fogo em atividade, então Paulo teria se enganado em conjurar o verbo no futuro: “sofrerão”, ao invés de colocar o verbo no presente: “sofrem”, ou “sofrendo”! (4) O mais interessante é o que Paulo escreve no verso 10, quando ele relata quando é o momento em que aqueles que atribulam os cristão serão castigados. Ao invés de dizer que seria quando eles morressem e as suas almas fossem para o inferno (o que já seria um grande castigo), ele escreve categoricamente que “isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos”, ou seja, na segunda vinda de Cristo, que é o momento da ressurreição. Paulo se revela contrário ao pensamento grego de que a punição e o castigo viria no momento das mortes de cada um. Para os cristãos, o momento em que toda a esperança em ver os atos de justiça de Deus serem consumados é na conclusão de todas as coisas (cf. Ap.15:4; Ap.21:4,5), com a consequente retribuição aos justos com salvação e aos ímpios com o castigo. (5) Deus “punirá os que não o conhecem”; ou seja, um acontecimento futuro – Deus “punirá”, e não “pune” ou está “punindo”. A punição dos ímpios é um acontecimento futuro, e não algo em andamento. Paulo faz questão de ressaltar aos seus leitores que a condenação dos que atribulam os cristãos vem a ocorrer somente quando o Senhor Jesus se manifestar, ocasião quando Ele punirá aqueles que não obedecem ao evangelho. (6) Os que atribulam os cristãos receberão a sua condenação quando Jesus se manifestar “em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus”. Ou seja, a paga não está ainda ocorrendo, não havendo esse fogo vingador senão por ocasião da

segunda vinda de Cristo. Ademais, fica muito evidente pelo contexto que o alívio das tribulações dos santos se dará não quando eles morressem e as suas almas fossem para o Céu, mas sim quando obteriam “alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do Seu poder” (cf. 2Ts.1:7). Veja que o apóstolo se inclui entre os que esperam esse “alívio”, e aponta à ocasião “quando... se manifestar o Senhor Jesus”! Não pode haver linguagem mais evidente que liquida inteiramente com a idéia de que Paulo tinha expectativa de ir para o Céu obter esse alívio imediatamente após a morte, antes do aparecimento de Cristo. Do início ao fim, Paulo segue a lógica de que os ímpios não estão sendo castigados atualmente, mas que esse castigo se dará em uma ocasião futura, claramente indicada na revelação do Senhor Jesus Cristo, do mesmo modo que o alívio dos santos é na revelação de Cristo, o momento da ressurreição (cf. 1Co.15:22,23), e não quando eles morressem partindo para um estado intermediário de bem-aventuranças; afinal, tal solenidade já seria um alívio para o povo de Deus. Paulo, contudo, enfaticamente traduz a sua convicção de que tais fatos apenas se concretizarão a partir da segunda vinda de Cristo e não antes dela. XX–A Bíblia e as Experiências Fora do Corpo Experiências fora do corpo – Alguns imortalistas citam a experiência de Paulo revelada aos Coríntios para tentarem provar de alguma maneira que existe uma alma imortal presa dentro do nosso corpo. Veremos tal citação: “É necessário que eu continue a gloriar-me com isso. Ainda que eu não ganhe nada com isso, passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado ao terceiro céu. Se foi no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe” (cf. 2Co.12:1,2). Para eles, a alma de Paulo se desligou temporariamente do corpo rumando ao Céu a fim de ter as revelações. Tal interpretação, contudo, carece de respaldo teológico. Em primeiro lugar, porque a experiência que Paulo teve se deu enquanto este estava em vida, e não depois de morto. A doutrina da mortalidade da alma prega que não existe vida entre a morte e a ressurreição, sendo, portanto, a morte a cessação total de existência. Como a experiência de Paulo se deu enquanto este ainda estava com vida, segue-se que não contraria os princípios teológicos da doutrina mortalista. Em segundo lugar, não é nos dito que Paulo foi na forma de uma “alma imortal” para o Paraíso. Ele afirma que foi “no corpo ou fora dele”; e não “no corpo ou na alma”. Em toda a citação deste acontecimento não há qualquer citação de alma-psiquê ou de espírito-pneuma. Mas apenas de corpo-soma. Paulo não queria confundir os seus leitores e, por isso, nem sequer faz qualquer menção de “alma” ou “espírito” em tal experiência. Estar fora do corpo não significa, na visão holista paulina, estar na forma de um espírito descorpóreo (se fosse assim então ele faria menção da possibilidade de partida da alma na experiência, o que não é nos dito). Significa apenas que ele poderia estar fisicamente no Paraíso (“no corpo”), ou tendo um quadro mental do Paraíso (“fora” do corpo). Isso explica o porquê de Paulo falar claramente em “visões e revelações” no verso 1, porque ele sabia da possibilidade daquilo ter se tratado apenas de uma visão, o que não é algo real em si mesmo (cf. At.12:9).

Neste caso, não seria o seu próprio corpo que lá estaria, pois ele [Paulo] estaria na terra e tendo uma visão [arrebatamento de sentidos] do Paraíso. O apóstolo Pedro nos afirma que uma visão não é necessariamente algo que esteja acontecendo de fato no devido momento como um acontecimento físico: “Pedro, saindo, seguia-o, e não sabia que era real o que se fazia por meio do anjo, mas julgava que era uma visão” (cf. At.12:9). Vemos, portanto, que a dúvida de Paulo não se baseava na suposição de estar no Céu como alma ou como corpo, mas sim de estar literalmente no Céu (corporavelmente) ou de estar tendo uma visão como se lá estivesse (v.1), o que seria considerado “fora do corpo”, porque o corpo estaria na terra enquanto passava-se a visão e as revelações, e não porque a alma teria partido. Concorda também com isso todo o ensinamento bíblico acerca de arrebatamentos, pois a Bíblia nunca nos mostra qualquer caso de qualquer profeta do AT ou de qualquer pessoa que tenha visto a partida da alma para ter a experiência. Essa nunca é a linguagem bíblica empregada por eles, porque eles não acreditavam na visão dualista da natureza humana. Por isso, em absolutamente nunca a alma-psyque/nephesh é referida em qualquer experiência de qualquer pessoa, mas tão somente fazem eles questão de mencionar uma visão (revelação), em um arrebatamento de sentidos em que eles se viam em determinado lugar. Vemos, por exemplo, a narração da experiência de Ezequiel: “Enquanto ele falava, o Espírito entrou em mim e me pôs de pé, e ouvi aquele que me falava” (cf. Ez.2:2). Não é nos dito que foi o espírito do próprio profeta que deixou o corpo na experiência, mas sim o Espírito de Deus que temporariamente entrou nele a fim de lhe capacitar a receber de Deus aquilo que Ele lhe havia dado. A mesma linguagem é expressa várias vezes pelo profeta: “No quinto dia do sexto mês do sexto ano do exílio, eu e as autoridades de Judá estávamos sentados em minha casa quando a mão do Soberano Senhor veio ali sobre mim” (cf. Ez.8:1); “Então o Espírito me ergueu e me levou para a porta do templo do Senhor, que dá para o oriente. Ali, à entrada da porta, havia vinte e cinco homens, e vi entre eles Jazanias, filho de Azur, e Pelatias, filho de Benaia, líderes do povo” (cf. Ez.11:1); “Então o Espírito de Deus ergueu-me e levou-me aos que estavam exilados na Babilônia, na visão dada pelo Espírito de Deus” (cf. Ez.11:24). Veja que não é o espírito do profeta que deixa o corpo, mas sim o Espírito de Deus que espiritualmente lhe erga a fim dele ter uma visão de determinado local. É exatamente isso o que aconteceu com João no Apocalipse: “Imediatamente me vi tomado pelo Espírito, e diante de mim estava um trono no céu e nele estava assentado alguém” (cf. Ap.4:2), e é essa a idéia expressa pelo apóstolo Paulo em 1Cor.12:1,2. Sumariando, quando Paulo menciona que foi “arrebatado” nesta experiência, ele está falando de visões proféticas, como diz de modo claro o verso 1. Os profetas tinham a sensação de estarem em outros lugares quando estavam tendo as visões (cf. Ez.11:24; Ap.1:10); mas essa de Paulo, em especial, ele não sabia se estava de fato naquele lugar (se fosse assim necessariamente estaria no corpo), ou se estava lá em uma visão, tendo um arrebatamento de sentidos em que se viu no Paraíso. Algo semelhante aconteceu com Pedro:

“Estando eu orando na cidade de Jope, tive, num arrebatamento dos sentidos, uma visão; via um vaso, como um grande lençol que descia do céu e vinha até junto de mim” (cf. At.11:5). Veja que o que acontece é um arrebatamento de sentidos – ou uma “visão” – e não uma “alma imortal” deixando temporariamente o corpo. Tal linguagem é extremamente estranha à luz da Bíblia, simplesmente porque o dualismo grego não se encaixa nas Escrituras. Todos os apóstolos e profetas sabiam muito bem que o que lhes sucedia não era um espírito deixando o corpo e muito menos uma alma imortal que se desligava da matéria, mas sim um arrebatamento de sentidos em que se viam em determinado lugar. A razão pela qual eles jamais afirmaram que as suas “almas” deixaram o corpo provém do fato evidente de que eles não acreditavam no dualismo entre corpo e alma pregada entre os gregos. XXI–A Entrada no Reino é somente na Ressurreição Paulo e Onesíforo – O companheiro de Paulo – Onesíforo - morre, e Paulo fala a respeito dele em sua segunda epístola a Timóteo: “O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes ele me reanimou e não se envergonhou por eu estar preso; ao contrário, quando chegou a Roma, procurou-me diligentemente até me encontrar. Conceda-lhe o Senhor que, naquele dia, encontre misericórdia da parte do Senhor! Você sabe muito bem quantos serviços ele me prestou em Éfeso” (cf. 2Tm.1:16-18). Este desejo de Paulo reforça ainda mais aquilo que já vimos até aqui: os mortos permanecem sem vida até a ressurreição dos mortos, quando serão despertados, sendo julgados para entrarem no Céu ou no inferno. Sabendo que Onesíforo, já morto, se encontrava nesse estado, Paulo deseja que ele encontre misericórdia da parte do Senhor “naquele dia” , indicando como um acontecimento futuro, o dia do juízo na segunda vinda de Cristo. Para os imortalistas isso não faz sentido algum já que Onesíforo já teria encontrado a misericórdia da parte de Deus, pois já teria supostamente entrado no Paraíso com todos os outros santos. A misericórdia a Onesíforo já seria encontrada, ele já estaria no Céu e já teria sido julgado (cf. Hb.9:27), já estaria desfrutando das bênçãos paradisíacas. Contudo, Paulo nada diz de Onesíforo já ter partido para a glória celestial, e ainda consola a família baseando-se na esperança de alcançar a misericórdia da parte do Senhor “naquele dia”, obviamente porque ele não teria encontrado tal misericórdia ainda. Isso não faz senso algum caso Onesíforo já estivesse no Paraíso, pois Paulo (assim como qualquer imortalista) teria escrito que Onesíforo já teria alcançado a misericórdia de Deus e que ele já estava na “glória”. Mas o fato é que Onesíforo ainda não alcançou a misericórdia de Deus, senão “naquele dia”, o dia do juízo. Paulo deseja que ele alcance a misericórdia de Deus no dia do juízo, uma vez que Onesíforo não havia sido julgado ainda para encontrar a misericórdia da parte de Deus e entrar no Céu. Tal declaração de Paulo é fatal à doutrina da imortalidade por dois motivos principais: (1) A consolação de Paulo não é que Onesíforo já esteja confortado no Céu, mas sim de obter a misericórdia no dia de um Juízo futuro.

(2) Se Onesíforo já estivesse no Céu então já teria alcançado a misericórdia de Deus e, portanto, Paulo teria que ter empregado o verbo no passado: “encontrou”, e não “encontre naquele dia”, a misericórdia da parte do Senhor. A linguagem de Paulo difere absurdamente dos defensores da alma imortal, porque ele não diz que “ele encontrou misericórdia da parte de Deus”; mas sim que ele só encontra a misericórdia de Deus em um acontecimento futuro que se dará “naquele dia”. Se Onesíforo já tivesse no Céu Paulo seria um mentiroso, pois Onesíforo já teria de todas as maneiras encontrado a misericórdia da parte de Deus: já estaria no Céu, já estaria na comunhão com o Salvador, e, principalmente, já teria encontrado a misericórdia por parte do Senhor. Evidentemente tal linguagem de Paulo expressa a sua convicção de que os que já morreram só ganham vida em um acontecimento futuro – “naquele dia” – e, portanto, torna-se lógico o desejo de Paulo em ver Onesíforo encontrar a misericórdia de Deus em um futuro distante, e não em consolar alguém com a suposição de que este já estaria “na glória” desfrutando da graça e misericórdia de Deus. A salvação do espírito é no Dia do Senhor – “Entreguem esse homem a Satanás, para que o seu corpo seja destruído, e o seu espírito seja salvo no dia do Senhor” (cf. 1Co.5:5). Essa é uma refutação de peso para a doutrina de que o espírito seja salvo logo no momento da morte. O apóstolo Paulo ressalta que o homem a quem seria excomungado da Igreja (“entregue a Satanás”) com isso poderia voltar a Cristo e buscar a salvação para ser salvo. A pergunta que fica é: Quando é que o espírito deste homem seria salvo? Quando ele morresse? Não, mas “no dia do Senhor”, que é claramente relacionado com a segunda vinda de Cristo. Inúmeros versículos nos mostram que o “dia do Senhor” trata-se da sua segunda vinda: “O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor” (cf. At.2:20). Outras passagens que relacionam claramente o “dia do Senhor” que ainda está por vir com a segunda vinda de Cristo, encontram-se em nas epístolas de Paulo aos Tessalonicenses: “Pois vós mesmos estais inteirados com precisão que o dia do Senhor vem como o ladrão de noite” (cf. 1Ts.5:2). E novamente ele conclui que o dia do Senhor é o momento da sua segunda vinda: “A que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o dia do Senhor” (cf. 2Ts.2:2). O “dia do Senhor” não chegou ainda porque ele só acontece na segunda vinda de Cristo. Paulo do início ao fim compartilha a sua crença de que o dia do Senhor é relacionado à Sua Volta. Pedro também compartilhava da mesma idéia ao escrever: “Virá, entretanto, como o ladrão, o dia do Senhor [segunda vinda de Cristo], no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (cf. 2Pe.3:10 – parêntese meu). Portanto, o “dia do Senhor” é uma clara referência à segunda vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, a Sua Volta gloriosa, e não ao momento da morte do homem no qual Paulo trata. É no momento da segunda vinda de Cristo que o espírito será salvo, e não no momento da morte! Vale ressaltar sempre que é exatamente nesta segunda vinda que ocorre a ressurreição (cf. 1Co.15:22,23).

Ora, se Paulo cresse que uma alma imortal deixasse imediatamente o corpo com a morte, levando consigo consciência e personalidade, então diria que o espírito seria salvo no momento da morte. Contudo, é claro o sentido do texto – o espírito é salvo “no dia do Senhor”, e não no dia de sua morte, o que nos revela ainda mais claramente a crença de Paulo de que a vida era somente a partir da ressurreição. Sendo que é nos dito de modo claro que “o corpo seja destruído” [iria morrer corporalmente], o que esperaríamos na sequência, se existisse a imortalidade da alma, seria que o espírito seria salvo logo neste mesmo momento da morte, partindo imediatamente para junto de Deus. Contudo, Paulo faz questão de ressaltar que o espírito será salvo é “no dia do Senhor”, e não no dia da morte ou no mesmo momento exato da destruição corporal. Se Paulo cresse que os mortos já estão vivos no Céu em um estado intermediário, certamente teria dito que o espírito seria salvo no momento em que ele deixa o corpo na morte. Contudo, tal fato só se dará pela ressurreição. Os filhos não foram revelados na glória ainda – “A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados” (cf. Rm.8:19). Ora, se os filhos de Deus já estivessem na glória, então a natureza não estaria esperando nada, pois já estariam todos sendo sucessivamente revelados nas mortes de cada um! Veja que o verbo está no futuro: “sejam revelados”; e não: “estão sendo revelados” ou “foram revelados”! O que o apóstolo Paulo escreve vai frontalmente contra a doutrina de que “morremos e vamos para a glória celestial”, porque os filhos de Deus ainda nem sequer foram revelados. A natureza está aguardando, isto é, ela está com “grande expectativa”, sabendo que os filhos de Deus não foram revelados, mas haverá um dia em que eles, finalmente, serão revelados. Essa é a expectativa de todo o verdadeiro cristão, o glorioso dia da ressurreição dentre os mortos no qual os filhos de Deus serão finalmente revelados para a Glória diante de Deus! Aleluia!!! Mas ainda alguém poderia argumentar como é que podemos ter a completa certeza de que se trata realmente da ressurreição dos mortos. Isso é muito simples; em primeiro lugar porque o verbo está no futuro, indicando um estado que ainda está para vir e, enquanto isso, a natureza aguarda tal expectativa. Em segundo lugar, porque a continuação da passagem no seu contexto deixa tal interpretação ainda mais clara: Romanos 8 19 A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. 20 Pois ela foi submetida à futilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança 21 de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. 22 Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. 23 E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. 24 Pois nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo? 25 Mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente.

Paulo afirma que ele esperava com anciedade o momento em que seremos adotados como filhos, e indica este momento na sequência: a redenção do nosso corpo! Uma clara referência a ressurreição dos mortos, quando este corpo corruptível se transformará em incorruptível e a nossa natureza mortal se revestirá de imortalidade. O que Paulo afirma é muito importante, pois a partir disso vemos que a expectativa de Paulo não era que sua alma deixasse o seu corpo indo a um estado intermediário, mas sim na ressurreição dos mortos! Tal era a {única} esperança dele, na qual ele diz que “esperava anciosamente” (v.23). Quanta diferença para os dias de hoje em que a doutrina da imortalidade da alma fez com que a ressurreição se tornasse um mero detalhe desnecessário! É óbvio que esta é a esperança de Paulo porque é neste momento em que ele se veria na glória. Tal conclusão fica ainda mais forte quando vemos que é neste momento em que seremos adotados como filhos (v.23). Não é logo após a morte em um estado desencarnado, mas sim na “redenção do nosso corpo”, na ressurreição dos mortos. É muito, muito óbvio que Paulo nem imaginava que poderia ficar milênios no Páraíso em um “estado intermediário” {sem ter sido adotado como filho ainda!} para só depois disso Deus finalmente adotá-lo como filho e só depois disso ele ser revelado. O foco todo é na ressurreição dos mortos. Paulo segue uma lógica incontestável: Os filhos de Deus ainda não estão revelados (v.19); a espera anciosa era pela redenção do corpo {ressurreição} (v.23); e a nossa adoção como filhos é também somente na ressurreição (v.23)! E Paulo ainda conclui: “é nessa esperança que fomos salvos” (v.24)! Alguém ainda resta alguma dúvida? Qual é o contexto? Qual é a ênfase? Qual é o sentido lógico lendo-se todo o conjunto? É óbvio que Paulo sabia que o momento em que estaria na glória seria na ressurreição, quando finalmente seremos adotados como filhos. A recompensa ou a condenação ocorre somente por ocasião do Juízo - “Se alguém constrói sobre esse alicerce, usando ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, sua obra será mostrada, porque o Dia a trará à luz; pois será revelada pelo fogo, que provará a qualidade da obra de cada um. Se o que alguém construiu permanecer, esse receberá recompensa. Se o que alguém construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que escapa através do fogo. Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado” (cf. 1Co.3:12-17). Vemos a partir de tal relato de Paulo, que a recompensa ou prejuízo se daria por ocasião do dia do Juízo quando seremos julgados (v.13). A pergunta que fica é: quando é esse “Dia”? O próprio apóstolo responde em outra epístola: “Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua vinda e por seu Reino” (cf. 2Tm.4:1). Ou seja, na segunda vinda de Cristo! Este também é o momento da ressurreição (cf. 1Co.15:22,23). É neste momento (da ressurreição na segunda vinda, e não nas mortes de cada um) em que, de acordo com 1Cor.3:13-17, os justos que morreram receberão a recompensa (v.14), ou sofrerão o prejuízo (v.15), ou serão destruídos {condenados} (v.17). De acordo com a teologia imortalista, contudo, os mortos já estariam sendo recompensados no Céu e os ímpios já estariam condenados sofrendo a destruição. Paulo nega tal interpretação, porque,

para ele, tais fato se concretizarão apenas Naquele Dia, o dia do Juízo, na segunda vinda de Cristo, quando os mortos serão ressuscitados. Novamente, a teologia paulina contraria a de imortalidade da alma. Também é interessante notar que, para o apóstolo, os que já morreram ainda não foram feito justos (justificados perante Deus), porque tal acontecimento é retratado como algo futuro, e não como algo que já esteja acontecendo, em pleno andamento: “Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos” (cf. Rm.5:19). Note que o verbo está no futuro: “serão feitos” – e não “estão sendo feitos”, como creem os dualistas. Muitos já foram feitos pecadores por causa de um homem (Adão), mas muitos serão feitos justos por meio de um homem (Cristo), na Sua Vinda. A mesma linguagem é expressa por ele no verso 17: ”Se pela transgressão de um só a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo” (cf. Rm.5:17). Paulo de modo algum indica que eles já estão reinando, ou que “reinam”; pelo contrário, indica novamente como um acontecimento lançado para um futro: reinarão – por meio de Cristo – na Sua Vinda. A entrada no Reino sucede a ressurreição – Existem, biblicamente, muitas verdades espirituais que são também verdades materiais. Por exemplo, Deus nos “resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado” (cf. Cl.1:13). Essa é uma verdade espiritual; embora nós materialmente continuarmos nesta terra no mesmo lugar antes e depois de recebermos a Cristo em nossos corações, nós espiritualmente estávamos no Reino das Trevas, no poderio de Satanás, coberto pelos nossos pecados, sem o sangue de Cristo, sem Jesus nas nossas vidas. O material destino dos ímpios e pecadores é onde eles espiritualmente já estão agora, neste exato momento. Da mesma forma, nós {os que já recebemos a Cristo} espiritualmente chegamos “ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo [...] aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião, à igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus [...] a Deus, juiz de todos os homens, aos espíritos dos justos aperfeiçoados, a Jesus, mediador de uma nova aliança, e ao sangue aspergido, que fala melhor do que o sangue de Abel” (cf. Hb.12:22-24). O que materialmente só alcançaremos no Juízo daquele Dia, nós espiritualmente já alcançamos agora. Há muitas outras verdades materiais que são espiritualizadas na Bíblia. Uma delas não poderia deixar de mencionar a ressurreição e a entrada na glória: “Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (cf. Ef.2:6). Evidentemente, trata-se de mais uma verdade espiritual, nós materialmente

seremos ressuscitados na volta de Cristo para depois estarmos com Ele. O que é verdade no campo espiritual também é verdade no campo material: A participação nos lugares celestiais sucede a ressurreição. Isso fica muito claro quando Paulo coloca em primeiro lugar a ressurreição, para depois mencionar a tomada nos lugares celestiais. O que nós espiritualmente já tomamos posse hoje {no campo espiritual}, nós materilamente tomaremos de fato tais lugares após a ressurreição, como é

claramente mencionado acima pelo apóstolo, que coloca primeiro a ressurreição, para depois a tomada nos lugares celestiais. Verdade espiritual, verdade material! “Deus nos ressuscitou [1] com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais [2] em Cristo Jesus” (cf. Ef.2:6) Isso não faz lógica para os imortalistas, pois, para eles, nós já estaremos nos lugares celestiais muito antes da ressurreição, e, portanto, a ressurreição sucederia (e não “precederia”) a entrada na glória. O orgulho de Paulo seria no dia do Senhor – “...Assim, no dia de Cristo eu me orgulharei de não ter corrido nem me esforçado inutilmente” (cf. Filipenses 2:16). O orgulho de Paulo em ver que não correu inutilmente é relacionado ao dia de Cristo (momento da ressurreição – cf. 1Co.15:23). Seria presumível que se Paulo acreditasse que iria para o Céu muito antes da ressurreição (e os filipenses também), então nesse momento ele já se orgulharia de seu trabalho em favor deles, em não ter corrido em vão. Contudo, tal satisfação de Paulo concretizar-se-á no “dia do Senhor”, a Sua volta, relacionado à ressurreição dos mortos. Paulo coloca a ênfase de sua satisfação nessa ocasião porque é na ressurreição que eles se veriam novamente, e ele [Paulo] se orgulharia de seu trabalho, vendo que conseguiu a salvação deles. O mesmo também pode ser dito quanto aos tessalonicenses: “Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós?” (cf. 1Ts.2:19). O momento em que Paulo irá orgulhar-se e regozijar-se de seu trabalho é na segunda vinda de Cristo, porque é neste momento que os mortos serão ressuscitados. Os que morreram ainda não foram manifestados na Glória – “Quando Cristo, vossa vida, for manifestado, então também vós sereis manifestados com ele na glória” (cf. Colossenses 3:4). Como vemos, o momento em que seremos manifestados na glória é quando ele [Cristo] se manifestar. Não é quando morrermos e a nossa alma imortal deixa o corpo, mas sim quando Cristo, o Supremo Pastor, se manifestar! Convenhamos: se Paulo acreditasse que os que morreram já estão manifestados na glória, será que dizer que a manifestação na glória é somente na segunda vinda de Cristo, que é o momento da ressurreição dos mortos? É claro que não! O próprio fato de Paulo manifestar a sua convicção de que ele e os demais seriam manifestados na glória na sua segunda de Cristo, prova que eles não estão manifestados ainda, mas que tal momento se dará pela ocasião da ressurreição dos mortos, na volta de Cristo (cf. 1Co.15;22,23), o verdadeiro momento em que seremos manifestados na glória. A lógica é realmente muito simples: nós seremos manifestados na glória quando Cristo for manifestado. E, se isso não é prova que os mortos não estão manifestados ainda, então não sabemos como os imortalistas poderiam ser convencidos disso. É, também, por ocasião da manifestação de Cristo que Paulo veria a Deus: “Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido” (cf. 1Co.13:12).

A palavra “então” denota um tempo: naquele momento, naquele instante, a partir daquilo; é somente na manifestação de Cristo em que coinheceremos plenamente a Deus e o veremos face a face, porque o contexto deixa claro que isso se dará por ocasião da segunda vinda de Cristo, quando chegar o que é perfeito (cf. 1Co.13:10). Nós seremos manifestados em glória quando ele [Cristo] se manifestar, e também é somente nesta ocasião que Paulo e os leitores de sua carta veriam a Deus plenamente, face a face. O foco em ser manifestado na glória e em ver Deus plenamente é relacionado à ocasião da segunda vinda porque é neste momento que os mortos ressuscitam (cf. 1Co.15:23) para a desejada união com o Salvador, e não quando as almas supostamente partem rumo ao Céu imediatamente na morte. A nossa cidadania celestial na ressurreição – “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Pelo poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele transformará os nossos corpos humilhados, para serem semelhantes ao seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (cf. Filipenses 3:20,21). Paulo aqui fala, no verso 20, que nós temos uma cidadania nos céus; e, no verso seguinte (v.21), mostra quando é que tomaremos posse desta cidade: quando Cristo transformar os nossos corpos humilhados para serem semelhantes ao seu corpo glorioso! É evidente que trata-se de mais uma menção a ressurreição, quando “isto que é mortal se revestirá de imortalidade e isto que é corruptível se revestirá de incorruptibilidade” (cf. 1Co.15:53). Se Paulo cresse no estado intermediário e na imortalidade da alma, seria presumível que ele falasse que "nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos um Salvador, Jesus Cristo, a quem iremos encontrar tão logo morramos". Contudo, o desejo de Paulo em tomar possa da cidadania celestial concretiza-se na ressurreição dos mortos, na transformação de nossos humilhados a um glorioso a imagem de Cristo. Paulo acentua mais uma vez sua expectativa da “cidade celestial” que herdaria quando no Seu retorno Cristo “subordinar a Si todas as coisas”, e sabemos que tal fato se dará na consumação deste mundo, na volta de Cristo, com a ressurreição dos mortos. Os que já morreram não estão no Céu – Prova muito forte disso (além de tudo aquilo que já vimos até aqui) é o fato de que, se tal se sucedesse, então seria praticamente imprescindível que ele mencionasse tal fato nas suas 13 epístolas. Mas, além de não mencionar absolutamente nenhuma “alma” ou “espírito” no Céu em nenhuma de suas epístolas, ele ainda “se esquece” de mencioná-los até mesmo quando faz uma referência a quem lá está! Isso fica muito claro quando analisamos a primeira carta de Paulo a Timóteo: “Conjuro-te diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade” (cf. 1Tm.5:21). É evidente que ele está fazendo uma menção, uma citação, uma referência àqueles que estão na glória, como testemunhas daquilo que ele dizia a Timóteo. E ele menciona, a saber, Deus e os anjos eleitos. Se existisse uma “multidão de almas” no Paraíso {junto com Deus e com os anjos eleitos então seria imprescindível que ele [Paulo] fizesse menção delas também!

É óbvio que ele, contudo, não faz menção nenhuma, porque eles não estão lá ainda. Ele faz uma distinção entre os anjos, fazendo questão de mencionar os anjos “eleitos”, uma vez que existem também anjos “caídos”, que perderam as suas posições no Céu. Por isso Paulo faz questão de mencionar os “anjos eleitos”, pois estes ainda continuam no Céu; mas, com respeito a “almas” naquele lugar... nada! Paulo não faz nenhuma questão de mencionar a multidão de espíritos humanos que supostamente estariam no Céu! “Conjuro-te diante de Deus [1], e do Senhor Jesus Cristo [2], e dos anjos eleitos [3], que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade” (cf. 1Tm.5:21) O reencontro é somente na ressurreição – “E espero que, assim como vocês nos entenderam em parte, venham a entender plenamente que podem orgulhar-se de nós, assim como nos orgulharemos de vocês no dia do Senhor Jesus” (cf. 2Co.1:14). Aqui fica claro que o momento em que Paulo se orgulharia de que seu trabalho pelos Corintos não foi em vão, não é no momento da morte de cada um deles se apresentando a Paulo e aos demais santos do Céu, mas sim “no dia do Senhor Jesus”, o glorioso dia da Sua Vinda quando os mortos serão ressuscitados. Por quê? Porque é somente neste momento em que ambos (Paulo e os Corintos) se veriam novamente, pois “de modo algum precederiam os que dormem” (cf. 1Ts.4:15). Tal fato é ainda mais acentuado pelo que Paulo escreve na mesma carta: “Porque sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos, também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará com vocês” (cf. 2Co.4:14). Novamente a ênfase de Paulo reafirmando que o momento no qual Paulo voltaria a ver os Corintos e que ambos seriam apresentados novamente seria na ressurreição dos mortos, no “dia do Senhor Jesus” (cf. 2Co.1:14; 2Co.4:14), e não no momento das mortes de cada um com as suas almas imortais se encontrando lá no Céu. Paulo afirma que gostaria de ser apresentado com aqueles a quem ele havia ganho para a fé cristã, isto é, quer encontrá-los todos. Por que ele não disse que esperava que isso se desse quando morresse e a sua alma fosse para o Céu? Qual nada, a ênfase dele está na ressurreição, porque é na ressurreição que Paulo e os Corintos se veriam novamente, como é claramente declarado por ele: “nos ressuscitará... para nos apresentar com vocês” (v.14). Fica muitíssimo claro que, para o apóstolo Paulo, o momento em que ele se veria de novo com os Corintos seria na ressurreição, quando Deus ressuscitará ambos e nós seremos apresentados. A aprovação de Deus é somente na ressurreição – “Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até que o Senhor venha. Ele trará à luz o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos corações. Nessa ocasião, cada um receberá de Deus a sua aprovação” (cf. 1Co.4:5). Paulo declara que o momento em que o que está oculto será revelado não é no momento da morte de cada um, mas quando o Senhor vier. Ora, se os ímpios já estivessem no inferno então já teria sido revelada as suas más obras e intenções do coração. Contudo, tal fato concretiza-se apenas na Vinda do Senhor Jesus, na ressurreição dos mortos (1Co.15:22,23). Além disso, o apóstolo escreve que “nessa ocasião” (quando o Senhor vier) cada um receberá de Deus a sua aprovação. A aprovação dos justos não vem

no momento da morte de cada um, mas sim na volta do Senhor que é quando os mortos serão ressuscitados. Se os mortos já estivessem no Céu ou em algum lugar de gozo e alegria, eles já teriam obtido a aprovação de Deus. Outras versões trazem “nessa ocasião, cada um terá de Deus o seu louvor” (ARA; VKJ). Novamente, nós só obteremos o louvor de Deus por ocasião da segunda vinda de Cristo que é quando os mortos serão ressuscitados, e não quando supostamente entraríamos no Paraíso no momento das nossas mortes. Por que nós só obteremos a aprovação e o louvor de Deus no momento em que ocorre a ressurreição? Porque é neste momento em que entramos no Paraíso; não antes disso. XXII–Últimas considerações dos ensinos de Paulo contra a imortalidade da alma Paulo não pregava a imortalidade da alma – Essa conclusão é muita clara a partir do texto de Atos 17, em que Paulo foi a Atenas a fim de pregar o evangelho. Já vimos neste estudo que foi do dualismo grego que a mentira da serpente de que “certamente não morrerás” entrou no judaísmo por ocasião da diáspora judaica, sendo os gregos, portanto, ferrenhos defensores da doutrina da imortalidade da alma. Em outras palavras, se Paulo pregava esta mesma doutrina, ele estaria praticamente em casa! O que nós vemos, contudo, é que Paulo de jeito nenhum pregava a imortalidade da alma: “Ora, alguns filósofos epicureus e estóicos disputavam com ele. Uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece ser pregador de deuses estranhos; pois anunciava a boa nova de Jesus e a ressurreição” (cf. At.17:18). Aqui vemos duas coisas que Paulo pregava. Uma delas praticamente todas as religiões cristãs pregam: Jesus. A segunda coisa praticamente nenhuma igreja cristã que crê no dualismo prega: a ressurreição dos mortos. Satanás conseguiu praticamente silenciar as boas novas acerca da ressurreição porque conseguiu trazer o dualismo grego direto para a teologia dos imortalistas. Vemos, por enquanto, que Paulo pregava: (1) Jesus (2) Ressurreição Prova ainda mais forte de que Paulo não pregava a doutrina da imortalidade da alma é o versículo seguinte, que diz: “E, tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?” (cf. At.17:18). A doutrina da imortalidade da alma era bem conhecida pelos gregos, mas, ainda assim, vemos a afirmação deles de que o que Paulo pregava era uma “nova doutrina”. É óbvio que Paulo não pregava a imortalidade da alma. Tal doutrina não seria nem um pouquinho “nova” para eles! Um pouco mais a frente vemos o discurso de Paulo, dizendo: “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois dele também somos geração” (cf. At.17:28). Aqui vemos Paulo contrariando a doutrina grega da imortalidade da alma, pois, para ele [Paulo] a vida era somente em Deus, e totalmente dependente dele. Não poderia existir algum tipo de vida fora Dele, porque é em Deus que nós existimos (cf. At.17:18). Sem Deus não há existência. Os gregos (na sua doutrina de imortalidade da alma) acreditam em existência de vida com ou sem Deus, num Paraíso com Deus ou num

tormento eterno com um Inimigo – e tudo isso por meio de uma “alma imortal” que lhes tivesse sido implantada! Que grande diferença para o evangelho de Paulo no qual a imortalidade tem que ser buscada pelos seres humanos (cf. Rm.2:7) e só Deus a tem por possessão (cf. 1Tm.6:16)! Para os gregos, a primeira coisa que Deus teria implantado no ser humano foi uma “alma imortal”. Paulo, contudo, não faz qualquer questão de mencioná-la: “Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas” (cf. At.17:25). Paulo apenas faz menção do “fôlego” (aquilo que dá animação ao corpo formado do pó da terra) que resulta na vida, em um ser vivo. Nada de “alma imortal” é mencionada por ele, pelo simples fato de que Deus não colocou uma alma no homem. O que para os gregos dualistas era de todas as coisas a mais primária e importante, para Paulo é desprezada – ele nem faz questão de mencionar junto ao “fôlego” e a “vida”! Já disso podemos perceber o contraste entre a teologia paulina e a dualista com relação à natureza humana. Um pouco mais à frente e vemos Paulo desmoronando ainda mais com a doutrina da imortalidade pregada por eles: “Porquanto determinou um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que para isso ordenou; e disso tem dado certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (cf. At.17:31). Para os gregos, ferrenhos defensores do dualismo, os mortos já haviam sido julgados para serem condenados num estado intermediário ou desfrutarem as delícias de um paraíso. Afinal, a alma é julgada logo depois que sai do corpo! Para Paulo, contudo, Deus não julgou o mundo ainda (At.17:31). A razão para isso é muito simples: nós só ganharemos vida novamente na ressurreição e, por isso, é na volta de Cristo em que seremos julgados para a vida ou para a condenação (cf. 2Tm.4:1). Novamente Paulo contraria a imortalidade da alma pregada pelos gregos. Mais interessante ainda é a segunda parte de seu argumento: “...e disso tem dado certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (cf. At.17:31). Aqui vemos que a segurança e a esperança de Paulo em uma vida eterna não se baseava em uma alma imortal que garantiria isso a todos, mas sim na ressurreição de Jesus Cristo, que garante a nossa própria ressurreição! A única esperança para o cristão ser julgado e obter vida é baseado e fundamentado na esperança da ressurreição dentre os mortos, da qual Cristo foi a nossa primícia. Os gregos depositavam toda a confiança deles na esperança de uma alma eterna ter sido implantada neles – e essa alma imortal é segurança de vida eterna, de juízo e, evidentemente, de imortalidade. Quanta diferença para o evangelho bíblico pregado por Paulo! Isso tudo explica o por quê dos gregos terem o deixado falar sozinho em seguida: “Mas quando ouviram falar em ressurreição de mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos ainda outra vez” (cf. At.17:32). Ressurreição dos mortos realmente não tem nada a ver com a imortalidade da alma. Ambos são dois opostos e são também mutuamente exludentes; não se pode admitir a existência de uma alma imortal com a ressurreição, pois a primeira faz com que a segunda seja algo desnecessário e inútil, praticamente sem proveito uma vez que a nossa esperança não seria baseada na ressurreição, mas sim em uma “alma imortal” indo para o Céu e lá ficando eternamente.... independente de ressurreição ou não!

É claro que tal idéia grega não bate com o cristianismo, não bate com aquilo que Paulo ensinava em Atenas, não bate com aquilo que Paulo ensinava em lugar nenhum, pois ele nunca – em circunstância nenhuma – fez qualquer menção de imortalidade da alma ou de estado intermediário em seus escritos e, aliás, nem precisava – por que tal doutrina é uma lenda à luz da Bíblia Sagrada, a nossa verdadeira fonte de fé e ensino. A transformação da natureza humana é somente na ressurreição – A Bíblia não abre margens para a interpretação de que a nossa natureza já possui a imortalidade mediante a posse de uma alma eterna. Uma prova muito forte disso é que a imortalidade é algo em que nós seremos revestidos, não é algo que nós já possuímos. Paulo escreve abertamente sobre isso em sua primeira epístola aos Coríntios, no cap.15, no mesmo capítulo em que Paulo trata-se do caráter da ressurreição dos mortos; e ele não poderia concluir o capítulo sem lhes revelar quando é o momento em que nós seremos dotados de imortalidade: “Eis que lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar da última trombeta. Pois a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: ‘Tragada foi a morte pela vitória!’” (cf. 1Co.15:51-54). Diante do que é aqui exposto, percebemos que antes da ressurreição (que só acontece na segunda vinda de Cristo), nós estaremos: (1) Mortais (2) Corruptíveis Aqui vemos que a imortalidade não é uma possessão, mas sim algo que nós seremos revestidos a partir da ressurreição. Antes disso, nós somos corruptíveis e mortais, só atingindo o patamar de imortalidade quando os mortos ressuscitarem e a nossa natureza corruptível e mortal transformar-se revestindo-se de incorruptibilidade e imortalidade. Ora, se os mortos já estivessem em um “estado intermediário das almas”, então eles já estariam desfrutando da imortalidade e esta não deveria ser revestida (i.e, ganha, adquirida) na ressurreição. Isso é somente lógica. Se dentro da nossa natureza já existisse um elemento imaterial e eterno (concedendo imortalidade), então a imortalidade não deveria ser “revestida” por nós na ressurreição, pois nós supostamente já seríamos detentores. Ora, só se reveste de algo que não se possui. Se a imortalidade é revestida em nós na ressurreição – e não implantada logo no nascimento – então nós não temos algum elemento eterno em nosso íntimo. É como se você já estivesse revestido de um casaco de pele oriundo do Polo Norte e depois dissesse: “Eu quero ser revestido de um casaco de pele do Polo Norte”. Ora, você já tem tal casaco e, portanto, não tem que ser revestido. Da mesma forma, não existe uma “dupla imortalidade”, ou você já é revestido de imortalidade (na forma de “alma imortal”), ou então essa imortalidade é revestida em nós somente na ressurreição. Biblicamente, a imortalidade só é revestida em nós na ressurreição – 1Cor.15:51-54 – e, portanto, a natureza da nossa alma deve ser necessariamente mortal, e não imortal.

O fato de que nós só atingiremos a imortalidade na ressurreição dos mortos e da morte só ser tragada neste momento é prova mais do que suficiente de que nós não a possuímos no presente momento, mas só a adquirimos no instante da ressurreição, em “um abrir e fechar de olhos” (v.51). O texto é bem claro em dizer que a imortalidade só é alcançada após a segunda vinda de Cristo! Nós não somos imortais mediante uma alma eterna, mas seremos transformados em imortais a partir da ressurreição dos mortos, na segunda vinda do Nosso Senhor. Como os imortalistas fazem para escapar de tamanha evidência deste texto bíblico tão claro? Geralmente, adulterando a Bíblia. Muitas delas trazem as palavras "este corpo mortal" ou "este corpo corruptível", nos versos 53 e 54. Contudo, essa adição simplesmente não existe nos manuscritos originais. Paulo jamais colocou a palavra "corpo" na passagem. O original é traduzido assim: “dei gar to fqarton touto endusasqai afqarsian kai to qnhton touto endusasqai aqanasian

otan de to fqarton touto endushtai afqarsian kai to qnhton touto endushtai aqanasian tote

genhsetai o logoV o gegrammenoV katepoqh o qanatoV eiV nikoV” (1Coríntios 15:53,54) A tradução correta é a passada acima neste texto. Paulo jamais induziu que era apenas e tão-somente um corpo que é revestido de imortalidade, pois a palavra no original grego para corpo [swma] nem sequer é mencionada em nenhuma parte do texto! Paulo estava retratando o momento em que a nossa natureza mortal se revestiria de imortalidade: somente na ressurreição dos mortos. Antes dessa ressurreição, o que nós somos? R- Mortais e corruptíveis! Só alcançaremos a imortalidade com a ressurreição dos mortos por ocasião da segunda vinda de Cristo. Diante dos ensinamentos do apóstolo Paulo, percebemos que a imortalidade está longe, muito longe, de ser uma possessão natural do ser humano por meio da posse de uma alma imortal que supostamente teria sido “implantada” nos seres humanos. Pelo contrário: (1) A imortalidade deve ser buscada (cf. Romanos 2:7) (2) A imortalidade é por meio do evangelho (cf. 2 Timóteo 1:10) (3) Só seremos dotados de imortalidade e de incorruptibilidade com a ressurreição dos mortos (cf. 1 Coríntios 15:52,53) Isso explica o porquê que, caso ela não existisse, os mortos já teriam perecido (cf. 1Co.15:18) e a nossa esperança seria somente para esta vida (cf. 1Co.15:19; 1Co.15:30,32); pois nós não temos uma alma imortal. Conclusão – Os ensinamentos do apóstolo Paulo foram desmoralizantes para a doutrina da imortalidade da alma. Além de jamais ter afirmado que os que estão mortos se encontram com Cristo, ou que já estão no Paraíso, mas insistindo sempre que eles “dormiam” (cf. 1Co.15:6; 1Co.15:20; 1Co.15:51; 1Ts.4:13; 1Ts.4:14; 1Ts.4:15; 1Co.11:30; 1Co.15:18; Ef.5:14, etc.), ele também afirma categoricamente que se não fosse pela ressurreição dos mortos, que acontece na volta de Cristo, todos os mortos já teriam perecido (cf. 1Co.15:18), a nossa esperança então seria apenas para esta vida (cf. 1Co.15:19), e seria bem melhor “comer, beber e depois morrer” (cf. 1Co.15:32), porque a luta de Paulo seria a toa (cf. 1Co.15:32).

É evidente que Paulo acreditava que não existia vida antes da ressurreição. Para nós, não existiria nenhuma vida póstuma sem a ressurreição (v.19,32), e, para os que já morreram, já teriam perecido-apollumi (v.18). Não estariam eternamente no Céu. Paulo também deixa claro que estaremos no Paraíso vestidos, e não achados nus (cf. 2Co.5:3; 2Co.5:4). Afirma que após a sua morte, a coroa da justiça estaria guardada para ele receber somente “naquele dia”, o dia da volta de Cristo (cf. 2Tm.4:6-8). Na consolação aos tessalonicenses, falando sobre os seus parentes mortos, o apóstolo jamais indica que eles já estão na glória do Paraíso, muito pelo contrário, os consola unicamente com a esperançada da ressurreição dos mortos (cf. 1Ts.4:18), o que não faria sentido nenhum se fosse apenas para um corpo morto que já virou pó se as almas imortais já estivessem no Paraíso. A consolação de Paulo, voltada totalmente para a ressurreição, além de omitir que os seus amigos e parentes já estivessem no Céu, afirma ainda de modo categórico que “de modo algum precederemos os que dormem” (cf. 1Ts.4:15), não deixando mais dúvida alguma para qualquer falsa interpretação. As pouquíssimas passagens usadas pelos imortalistas dentre as treze epístolas paulinas assinadas, são de versos completamente descontextualizados ou de passagens totalmente forçadas. O motivo para não acharem nada nos escritos de Paulo que favoreça a imortalidade da alma em suas treze epístolas provém de que, de fato, Paulo desacreditava completamente que Deus tivesse implantado nos homens uma “alma imortal”. Se Paulo acreditasse que nós possuímos uma alma imortal, então teria dito que o espírito seria salvo no momento da morte, e não no “dia do Senhor” (ver 1Co.5:5). Também teria dito que o reencontro dele com os santos seria no momento das mortes de cada um, e não na ressurreição (no “dia do Senhor Jesus” – 2Co.1:14; 4:14). Paulo não acreditava que o ser humano era dividido dualisticamente. Por isso, se não existe a ressurreição, os mortos já pereceram (cf. 1Co.15:18). Por isso, a imortalidade deve ser buscada (cf. Rm.2:7), e só Deus a possui como uma possessão presente (cf. 1Tm.6:16). A imortalidade subsistirá com a ressurreição dos mortos, quando aos justos será lhes dado corpos incorruptíveis (imortais), ao contrário dos ímpios (cf. Gl.6:8), sendo a imortalidade apenas “por meio do evangelho” (cf. 2Tm.1:10). Por isso, apenas Deus é que possui a imortalidade (cf. 1Tm.6:16). Também é importante ressaltar que é apenas por ocasião da ressurreição que seremos dotados de imortalidade (cf. 1Co.15:51), e que seremos adotados por Deus como filhos (cf. Rm.8:19-25), e que tomaremos posse de nossa cidadela celestial (cf. Fp.3:20,21). Por enquanto, não existe nenhuma “multidão de almas” no Paraíso (cf. 1Tm.5:21), porque é somente pela manifestação de Cristo que seremos manifestados na glória (cf. Cl.3:4). Contudo, existe uma esperança, esperança essa tão pregada pela Igreja Primitiva e pelos primeiros apóstolos, esperança essa que consolida a consolação de Jesus Cristo às irmãs de Lázaro (cf. Jo.11:17-27), esperança essa que consolida a consolação de Paulo aos Tessalonicenses (cf. 1Ts.4:13-18), a esperança de que “assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda” (cf. 1Co.15:22,23), a esperança de que seremos dotados do dom da imortalidade e da incorruptibilidade por ocasião dessa ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15:53,54), quando, finalmente, eis que “a morte foi tragada pela vitória”!

PARTE 3.5 – AFINAL: ALGUM APÓSTOLO PREGOU A IMORTALIDADE DA ALMA? XXIII–O autor desconhecido de Hebreus também desconhecia a Imortalidade da Alma “Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (cf. Hebreus 11:39,40) A carta aos Hebreus, por não ser assinada, causa a especulação de muitos sobre quem teria sido o seu autor. Alguns arriscam tratar-se do próprio apóstolo Paulo. Mas sendo Paulo, ou sendo outro, o fato é que o autor da epístola aos Hebreus mantém a mesma linha de pensamento holista, contrária a imortalidade da alma. A imortalidade condicional, a partir da ressurreição (dia do juízo), era unaminidade entre todos os apóstolos. Começaremos com a questão relativa ao juízo, bem colocada pelo autor de Hebreus: A Questão do Juízo – “Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo” (cf. Hb.9:27). Uma das provas que eu considero mais forte da inconsciência pós-morte é a questão relativa ao juízo. O autor de Hebreus é bem enfático ao dizer que logo em seguida da morte vem o juízo. Não vem o Céu e nem o inferno. A pessoa só é levada ao Céu ou ao Inferno depois de ser julgada. Contudo, lemos que este julgamento só irá acontecer ao soar da última trombeta (cf. Ap.11:18), e após toda a tribulação apocalíptica, no final dos tempos (cf. Ap.20:12), na volta de Jesus (cf. 2Tm.4:1). O julgamento só acontecerá “quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória” (ver Mateus 25:31 e contexto). Sendo assim, a doutrina de que vamos diretamente para o Céu ou para o inferno antes da volta de Cristo (quando os mortos serão ressuscitados – cf. 1Co.15:22,23) entra em um total choque de lógica. Se as pessoas vão direto para o Céu ou para o inferno antes da volta de Cristo quando serão julgadas (Mt.25:31), então entraria em choque com Hebreus 9:27 que diz enfaticamente que é logo após a morte. Se o juízo é só na volta de Cristo (cf. Mt.25:41; 2Tm.4;1), mas os mortos já estão no Céu ou no inferno muito antes disso, então eles estariam lá sem serem julgados ou, então, haveria dois julgamentos, mas Hebreus 9:27 traz o juízo no singular. Cada pessoa é julgada apenas uma vez. Ninguém é levado ao Céu ou ao inferno antes do juízo, e este só acontecerá na volta de Cristo (cf. Mt.25:31). Por conseguinte, os mortos antes disso não podem estar no Céu ou no inferno. Estão literalmente mortos, na sepultura, e só serão ressuscitados na volta de Cristo quando serão julgados. Um só julgamento, logo após serem ressuscitados, e só depois de serem julgados irão para o Céu ou para o inferno. Uma lógica simples e coerente, mas do lado dos imortalistas é preciso muita imaginação para sustentar a doutrina da imortalidade da alma à luz da doutrina do juízo.

Para deixar um pouco mais claro, vamos enumerar as premissas: (1) Existe um só juízo. (2) Esse juízo é somente na volta de Cristo. (3) Ninguém é lançado no Céu ou no inferno sem antes ser julgado. (4) Por conseguinte, concluímos que não existe vida antes da ressurreição dentre os mortos quando todos serão julgados. Vamos fortalecer um pouco mais os dois primeiros pontos e mostrar à luz da Bíblia Sagrada a questão relativa ao Juízo: 1. Existe um só juízo. Esse é um fato evidente que a Bíblia deixa mais do que claro. Em primeiro lugar, nunca na Bíblia inteira é mencionada qualquer pessoa passando por dois

juízos. O juízo é apenas um porque não pode ser revogado. Além disso, Hebreus 9:27 traz “juízo” no singular. Existe um único juízo. Também em Mateus 10:25, em Mateus 11:22, em Mateus 11:24, em Mateus 12:36, em Mateus 12:41, em Mateus 12:42, em Lucas 10:14, em Lucas 11:31, em Lucas 11:32, em João 5:29, em João 9:39, em João 12:8, em João 12:11, em Atos 24:25, em Hebreus 6:2, em Hebreus 9:27, em Tiago 2:23, em 2Pedro 2:4, em 2Pedro 2:9, em 2Pedro 3:7, em 1João 14:17, em todas essas passagens o juízo vem no singular. Apenas um péssimo leitor da Bíblia para negar o fato inteiramente claro e óbvio que existe um única juízo para cada pessoa. Juízo este que não pode ser revogado e nem alterado, por isso mesmo é chamado de “juízo eterno”. Que os mortos não foram julgados fica ainda mais claro à luz de Atos 7:31, que diz: “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos”. Esse dia não chegou ainda. Note que o verbo está no futuro: “há de julgar” – ou seja, o juízo ainda não se concretizou e, portanto, os mortos não foram julgados para entrarem no Céu ou no inferno. Tal juízo ocorre é na segunda vinda de Cristo, como veremos a seguir. 2. Esse juízo é somente na volta de Cristo. Esse juízo a Bíblia afirma que acontece exatamente no momento da segunda vinda de Cristo. Em Mateus 25, a partir do verso 31, o Senhor Jesus fala sobre esse juízo, e diz quando ele será efetuado: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial” (cf. Mt.25:31). Trata-se a uma referência clara a volta gloriosa de Cristo. Também no contexto lemos: “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (cf. Mt.25:32). Veja que os justos só entram na herança depois deste juízo, que acontece na revelação gloriosa de Cristo. Na epístola à Timóteo, Paulo afirma tal fato categoricamente: “Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos pela sua vinda e por seu Reino” (cf. 2Tm.4:1). Clareza maior do que essa é impossível: “há de julgar... pela

sua vinda”! Veja também que é só depois deste julgamento que os santos serão recebidos no Reino (cf. Mt.25:32). Se ao morrerem as suas almas imortais já tivessem partido para o Paraíso (sem serem julgadas e nem nada, contrariando inclusive Hebreus 9:27), então os santos já

teriam sido recebidos no Reino. O fato é que este julgamento só acontece na segunda vinda de Cristo. Isso explica porque Paulo esperava que Onesíforo encontrasse a misericórdia da parte do Senhor “naquele dia” (cf. 2Tm.1:16-18). Se os mortos já estivessem sido julgados estando no Céu ou no inferno como pregam os imortalistas, então Onesíforo já teria encontrado a misericórdia da parte do Senhor. No próprio livro de Apocalipse lemos que o Juízo só vem após o término de todos os acontecimentos finais, após a segunda vinda de Cristo e a ressurreição: “Vi também os mortos, grandes e pequenos, de pé diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi aberto, o livro da vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava registrado nos livros” (cf. Ap.20:12). 3. Ninguém é lançado no Céu ou no inferno sem antes ser julgado. Já vimos nos dois últimos pontos que existe um único juízo para cada pessoa, e este juízo começa apenas na segunda vinda de Cristo. Obviamente, ninguém seria condenado sem ser julgado primeiro. Se os ímpios já estivessem queimando no inferno, seria totalmente desnecessário um juízo na volta de Cristo já que eles já estão lá, não podem sair de lá, e vão continuar lá do mesmo jeito. Isso prova que eles não estão queimando ainda. A paga não está ainda ocorrendo, não havendo esse fogo devorador senão por ocasião da revelação de Cristo “naquele dia”, o dia da segunda vinda de Cristo (ver 2 Tessalonicenses 2:7-10). O fato, porém, que quisermos passar aqui, é que existe um só juízo (cf. Mt.10:25; Mt.11:22; Mt.11:24; Mt.12:36; Mt.12:41; Mt.12:42; Lc.10:14Lc.11:31; Lc.11:32; Jo.5:29; Jo.9:39; Jo.12:8Jo.12:11; At.24:25; Hb.6:2; Hb.9:27, Tg.2:23; 2Pe.2:4; 2Pe.2:9; 2Pe.3:7; 1Jo.14:17), esse juízo após a morte (cf. Hebreus 9:27), sendo na volta de Cristo (cf. Mt.25:31; Ap.20:12; 2Tm.4;1; At.7:31), só depois deste juízo que os mortos receberão a merecida recompensa (cf. Mt.16:27; Ap.22:12; Dn.12:13), e se os ímpios já estivessem queimando no inferno, seria totalmente desnecessário um juízo na volta de Cristo já que eles já estão lá, não podem sair de lá, e vão continuar lá do mesmo jeito. Ninguém é lançado no Céu ou no inferno sem ser julgado primeiro! - Por conseguinte, concluímos que não existe vida antes da ressurreição dentre os mortos quando justos e ímpios serão julgados, para entrarem no Paraíso ou para serem punidos. Os ímpios não vão estar sendo castigados no inferno sem nem ao menos serem julgados primeiro, para depois sair e ir para o julgamento e voltar a queimar novamente. Tal doutrina (de estado intermediário) não se harmoniza com a doutrina do Juízo. Poderíamos sustentar as premissas de várias maneiras provando que a doutrina do juízo não se harmoniza com a imortalidade em um estado intermediário. Alguns meios que são legítimos pelo que vimos até aqui: (1) Depois da morte vem em seguida o juízo, e não o Céu ou o inferno (cf. Hb.9:27) (2) Este juízo é somente na segunda vinda de Cristo (cf. 2Tm.4:1) (3) Logo, os mortos não estão atualmente no Céu ou no inferno. As duas primeiras premissas são fatos que nós já vimos até aqui, amplamente declarados na Bíblia, e a terceira é a conclusão óbvia das premissas. É muito óbvio que os apóstolos tinham a convicção de que o estado entre a morte e a ressurreição era um estado realmente de morte (sem vida) e, por isso, um estado atemporal. Não existe lapso de tempo entre a morte e a ressurreição.

É por isso que o escritor de Hebreus afirma que para quem morreu vem em seguida o juízo (cf. Hb.9:27), apesar deste juízo ser somente na segunda vinda do Senhor (cf. 1Tm.4:1). Se o estado intermediário fosse um estado temporal, então existiriam milhares de anos no Céu ou no inferno antes da ocasião do juízo; em outras palavras, depois da morte não haveria o juízo! É óbvio que este estado é, como vimos, atemporal, não-existente.

Morreu e vem o juízo, apesar de ser somente na volta de Jesus. VIDA TERRENA

ESTADO INTERMEDIÁRIO SEGUNDA VINDA DE CRISTO (RESSURREIÇÃO)

Estado de vida - temporal

Estado sem vida - atemporal Estado de vida - temporal

Sendo que em um estado atemporal não existe tempo, segue-se que, morrendo, vem em seguida o juízo, que no estado temporal é claramente relacionado à segunda vinda do Senhor, o Cristo. Para quem está literalmente morto (i.e, sem vida) não existe tempo e espaço, e a passagem da vida terrena para a ressurreição é, realmente, como em um abrir e piscar de olhos, quando seremos ressuscitados e julgados para estar com Cristo. Isso é muito evidente quando comparamos a declaração de Hebreus 9:27 em relação à doutrina do juízo registrada na Bíblia Sagrada. Outra maneira simples de desclassificarmos a doutrina da imortalidade da alma em frente à doutrina do juízo: (1) Existe um só juízo para cada pessoa. (2) Se alguém é lançado no fogo do inferno, pressupõe que tenha sido julgado para isso. (3) Contudo, o juízo somente vem a ocorrer na segunda vinda de Cristo. (4) Logo, os mortos estão literalmente mortos (i.e, sem vida) esperando ser ressuscitados para aí sim serem julgados para entrarem na vida ou na condenação. Novamente todas as premissas são confirmadas biblicamente, como já vimos acima. A premissa número dois apresenta uma lógica incontestável de que para alguém ir para o fogo do inferno é bem presumível que, realmente, deva ter passado por um juízo para isso. Afinal, o nosso Deus é um Deus justo, que não iria de forma alguma condenar alguém sem ter sido julgado para isso! Deus julga, e depois condena ou salva. A salvação não precede o juízo porque na própria continuação da passagem o autor de Hebreus evidencia que a salvação sucede (e não “antecede”) o juízo: “Da mesma forma, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e depois disso enfrentar o juízo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam” (cf. Hb.9:27,28). Portanto, fica muito claro que não existe um “estado intermediário das almas”, pois o juízo para a separação entre justos e injustos só ocorre na segunda vinda de Cristo e a salvação não precede o juízo. Se as pessoas já tivessem no Céu neste “estado intermediário” (ou em algum outro lugar entre os salvos) então ela já estaria salva e, portanto, a salvação precederia o juízo, o que é claramente negado pelo autor de Hebreus (cf. Hb.9:28)! Os que “o aguardam” não estavam já entre os salvos, pois se fosse assim Cristo não teria que

“trazer salvação” a eles! A lógica desmente completamente a lenda da imortalidade da

alma. Também João afirma que “nisto é aperfeiçoado em nós o amor, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos também nós neste mundo" (cf. 1Jo.4:17). Por que ele acentua essa confiança “no dia do juízo” e não no dia da morte, quando a suposta “alma eterna” iria partir para o Céu? Ou o salvo morrendo já teria a sua sorte definida entre salvos, ali permanecendo esperando o dia do dia do juízo para saber se serão salvos ou não, embora já certos de que sim! Ora, o crente que morre só ganha (efetivamente) a salvação para desfrutá-la na segunda vinda de Cristo (cf. Hb.9:27,28), e não em um “estado intermediário”; e a expectativa sendo lançada para o Dia do Juízo seria inútil em caso que a alma já fosse salva ou condenada logo no momento da morte. Esperaríamos justamente o inverso, isto é, que a expectativa para saber se seremos ou não salvos fosse logo na morte e não no juízo que só vem a acontecer na volta de Jesus (cf. 2Tm.4:1; At.7:31). Quando assumimos a posição de mortalidade fazemos como João – colocamos o Dia do Juízo sendo o “clímax” da história; quando, porém, a “imortalidade da alma” entra no cristianismo, esse Dia deixa de ser o centro do palco. Poderíamos também argumentar de outra maneira, se preferíssemos: (1) Se os ímpios já estivessem no inferno e os justos no Céu, não precisariam ser julgados para permanecerem no mesmo lugar do mesmo jeito, já que a ida ao Céu ou ao inferno é algo irreversível. (2) O juízo é somente na segunda vinda de Cristo. (3) Pressupõe-se logicamente então que os mortos não estão na vida ou na condenação antes do momento do juízo. Nestas últimas premissas, o ponto-chave está fundamentado sobre a lógica da primeira premissa, de que é algo que vai frontalmente contra a lógica ter que sair do Céu ou do inferno para ser julgado e depois permanecer no Céu ou no inferno do mesmo jeito que antes. Isso não faz nem um pouco a cara do juízo e faz do Dia do Julgamento algo presumível e sem sentido. Esperaríamos justamente o contrário, isto é, que os mortos fossem julgados e, depois, encaminhados ou para a vida ou para a condenação, em seus destinos finais de acordo com o que as suas obras fizeram por merecer. Essa é uma lógica muito simples, que nos faz desacreditar na doutrina imortalista, uma vez que apresentaria um choque de lógica praticamente irreversível. É impossível que a sabedoria divina apresentar-se-ia de maneira tão confusa, de fazer um juízo depois de todos já serem condenados ou terem ido para a vida, e depois do juízo voltar para o inferno ou voltar para o Céu do mesmo jeito que estava antes. Como já foi colocado aqui, os ímpios não vão estar sendo castigados no inferno sem nem ao

menos serem julgados primeiro, para depois sair e ir para o julgamento e voltar a queimar

novamente; e se os ímpios já estivessem queimando no inferno, seria totalmente

desnecessário um juízo na volta de Cristo já que eles já estão lá, não podem sair de lá, e

vão continuar lá do mesmo jeito. Mais importante ainda do que os fatos expostos acima que desqualificam a doutrina da imortalidade em frente à doutrina do juízo, é o que o autor da carta aos Hebreus escreve

logo em seguida do verso em que aqui colocamos: “Da mesma forma, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e depois disso enfrentar o juízo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam” (cf. Hebreus 9:27,28) Assim como na ordem natural o homem morre uma só vez (v.27 – em consequência do pecado – cf. Rm.5:12), também Cristo morreu uma só vez como sacrifício pelo pecado (v.28). E assim como, depois da morte, o homem enfrenta o juízo, também Cristo aparecerá de novo, trazendo a salvação para os que o aguardam. Aqui mora mais uma chave para compreendermos o teor da negação da doutrina imortalista em frente à carta aos Hebreus e à doutrina do juízo: os que lhe aguardam (v.28), que morreram vindo em seguida o juízo (v.27) [que ocorre na segunda vinda de Cristo – cf. 2Tm.4:1], não estão já salvos atualmente desfrutando das bênçãos paradisíacas, pelo contrário, aguardam a segunda vinda do Senhor para aí sim serem salvos. Ora, se os mortos já estivessem no Céu então eles já teriam encontrado a salvação. Deus não teria a necessidade de “trazer a salvação” para alguém que já está entre os salvos. Do início ao fim, a doutrina do juízo nega de forma mais do que clara e evidentemente a doutrina da sobrevivência da alma em um estado intermediário. Eles estão esperando por nós – “Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (cf. Hebreus 11:39,40). Os heróis da fé ainda não obtiveram a concretização da promessa, pois Deus não quer que sem nós eles sejam aperfeiçoados. Qual é essa promessa, de acordo com o contexto? O contexto deixa claro que a “concretização da promessa” é a entrada no Paraíso, na cidade celestial (cf. Hb.11:10; Hb.11:16; Hb.11:26), como também é dito claramente no verso 16: “Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, e lhes preparou uma cidade” (cf. Hb.11:26). E todos esses “heróis da fé” dos quais o autor de Hebreus trata no capítulo 11, não obtiveram ainda. Eles esperam superior ressurreição, como é dito no verso 35: “Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição”. O verso 39 deixa claro que eles não obtiveram a concretização da promessa (de entrar no Paraíso – cf. 11:16), e o verso seguinte explica o por quê deles não terem ainda entrado nos Céus, “por haver Deus provido coisa superior a nossa respeito”, e “para que eles, sem nós, não sejam aperfeiçoados”. Eles [os mortos] só entrarão na Jerusalém celestial quando nós [os vivos] formos junto com eles, eles não entram antes de nós! Pelo contrário, eles “esperam superior ressurreição”, como é dito claramente no verso 35, e entram na pátria celestial ao mesmo passo nosso, pois eles sem nós não são aperfeiçoados nem obtêm a concretização da promessa. Isso também está de total acordo com o ensinamento de Paulo em 1 Tessalonicenses 4:13-18:

“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que dormiram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”

De modo algum precederemos os que dormem! Os que morreram não obtêm a concretização da promessa após a morte, por Deus haver provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados! Pois “de modo algum precederemos os que dormem” (cf. 1Ts.4:15)! Veja também que Paulo se inclui entre os que seriam arrebatados [“nós, os vivos”], os heróis da fé não obtêm a concretização da promessa senão quando nós, os vivos da época da volta de Cristo, formos ajuntados para entrar na Cidade Celestial ao mesmo passo dos mortos para não precedermos os que dormem. Pois apenas desta forma os vivos não precederão os que dormem e apenas desta forma que os heróis da fé que já morreram alcançam a promessa: quando todos forem ajuntados ao mesmo tempo, sem distinção, sem prioridade entre mortos e vivos por ocasião da volta de Cristo. A segunda vinda do Senhor não é um bem apenas aos vivos para entrar no Céu, mas também aos próprios mortos, pois da mesma maneira que os vivos só entram no Céu na Sua Vinda, o mesmo se dá para os que já morreram (cf. 1Ts.4:15; Hb.11:39,40). Isso é o que significa colocar a volta de Cristo totalmente no centro do palco! É digno de nota que esses heróis todos “não obtiveram a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”. Os que pregam que o autor da epístola aos Hebreus, contraditoriamente, ensinava a doutrina da imortalidade da alma, apregoam o texto de Hebreus 12:23, que diz: “à igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus. Vocês chegaram a Deus juiz de todos os homens, aos espíritos dos justos aperfeiçoados”. Contudo, basta analisarmos o contexto para vermos o quão equivocada está a interpretação dualista e deixarmos o texto fluir livremente, a partir dos versos anteriores e seguinte: Hebreus 12 22 Mas vocês [hebreus] chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo. Chegaram aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião, 23 à igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus. Vocês chegaram a Deus, juiz de todos os homens, aos espíritos dos justos aperfeiçoados, 24 a Jesus, mediador de uma nova aliança, e ao sangue aspergido, que fala melhor do que o sangue de Abel. O autor começa falando de uma santificação sem a qual ninguém verá a Deus (v.14), alerta para seus leitores não serem como Esaú que vendeu a benção de Deus, e de como o povo pecou no pé do Sinai. Então a partir do v.22 começa a elogiar aos hebreus ao qual ele escrevia, e essa seção de elogio consta que:

Eles já haviam chegado a Jerusalém celestial (espiritualmente), chegaram também ao acesso dos anjos, faziam parte da mesma igreja dos primogênitos, que assim como eles estão inscritos no céus (livro da vida), alcançaram a Deus, alcançaram a Jesus, estão no mesmo patamar daqueles que tiveram seus espíritos aperfeiçoados (estatura de varão perfeito), dos quais ele menciona em todo o capítulo 11, aqueles ao qual o autor se referia estavam no mesmo nível dos justos patriarcas. O autor não poderia estar falando que existe alguém aperfeiçoado no Céu, pelo simples fato que em Heb.11:40, onde se fala dos "heroes da fé", escrito pelo mesmo escritor verte: "Por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles [os patriarcas mortos do cap.11], sem nós [os vivos], não fossem aperfeiçoados" (cf. Hb 11:40) Ou seja, os heróis da fé ainda aguardam o aprefeiçomanto total de suas vidas. O texto deixa claro que esse aperfeiçoamento será em conjunto com os outros santos (nós), e ocorrerá somente como Jesus predisse (cf. Jo.6:44), num abrir e fechar de olhos (cf. 1Co.15:52) no último dia, o da sua volta e não antes disso. O que o autor de Hebreus estava colocando era uma verdade espiritual e não um fato material. Os hebreus não haviam chegado literalmente aos milhares de anjos, por exemplo. É como quando Paulo escreve que Deus nos “resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado” (cf. Cl.1:13). Essa é uma grande verdade espiritual; embora nós materialmente continuarmos nesta terra no mesmo lugar antes e depois de recebermos a Cristo em nossos corações, nós espiritualmente estávamos no Reino das Trevas antes de conhecer a Cristo. Materialmente falando, a nossa união com eles se dará por ocasião da ressurreição (cf. 1Ts.4:15), como o próprio autor de Hebreus escreve que eles ainda não foram aperfeiçoados (cf. Hb.11:39,40). É só neste momento que eles entram no Céu sendo aperfeiçoados, pois “eles sem nós não alcançam a promessa”. Ademais, não nos é dito que os primogênitos estão nos céus, mas sim que os seus nomes

estão nos céus. Isso é muito significativo, porque nós temos os nossos nomes inscritos no céu em vida e não depois que morremos: “E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida” (cf. Fp.4:3). Veja que eles já estavam com os seus nomes inscritos no Céu, no livro da vida; Paulo não escreve “estará” {no futuro}, mas sim “estão” {no presente momento}. Cristo também diz que nós temos os nossos nomes escritos nos céus no presente momento (cf. Lc.10:20). Portanto, a menção de Hebreus 12:23 diz respeito a pessoas vivas, e não a mortos! Finalmente, se o autor de Hebreus quisesse realmente passar a informação de que as próprias pessoas estão nos Céus, então ele diria que eles “estão nos céus”; contudo, ele diz que “cujos nomes... estão nos céus”! Isso é muito importante, pois os nomes são escritos enquanto as pessoas estão vivas e, por isso, não são as próprias pessoas, mas sim os seus nomes, que estão nos céus. Outra passagem igualmente utilizada para se provar a vida após a morte na epístola aos Hebreus, encontra-se no verso 4 de Hebreus 11: “Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim. Pela fé ele foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas ofertas. Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala” (cf. Hb.11:4).

Mas vemos que eles falham aqui exatamente no mesmo ponto do anterior: não é a “alma” de Abel que ainda fala, mas sim a sua fé! O seu exemplo e dedicação de fé que nos dá exemplo e ensino até os dias de hoje. Seu ato ainda fala! O ato de Abel foi um ato de adoração a Deus: pela fé ele apresentou a Deus um culto mais aceitável e excelente em relação a Caim. É evidente que se fosse o próprio Abel que falasse, então bastaria que o autor de Hebreus registrasse que “ele [Abel], mesmo morto, ainda fala” – e “fim de papo”! Mas, uma vez que ele de fato não acreditava que Abel já estivesse vivo em algum lugar, então teve que dizer que foi o seu ato de fé que fala a nós. Não é o próprio Abel, e muito menos a “alma” dele que fala! O mesmo autor escreve na mesma epístola que o sangue de Abel fala (cf. Hb.12:24)! Não é “estranho” que sempre seja “a fé”... “o sangue”... “cujos nomes”... e não a “alma”, o “espírito”, ou as próprias pessoas que vivam ou falem? Morreram e mesmo assim não alcançaram a promessa – Neste mesmo contexto vemos o autor de Hebreus colocando algo semelhante ao que ele relata nos versos 39 e 40: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (Hb.11:13). Aqui vemos que, mesmo morrendo, eles ainda não alcançaram a promessa! A versão católica da CNBB assim reza: “Todos estes morreram firmes na fé. Não chegaram a desfrutar a realização da promessa, mas puderam vê-la e saudá-la de longe e se declararam estrangeiros e peregrinos na terra que habitavam” (cf. Hb.11:13). Temos sempre que lembrar que a “promessa” que o autor de Hebreus se refere é exatamente a cidade celestial junto com Deus (cf. Hb.11:10; Hb.11:16; Hb.11:26). Mesmo depois de morrerem {estando na fé}, eles não alcançaram a promessa! Ora, se a morte introduzisse as suas almas direto na presença de Deus, então eles já teriam alcançado a promessa na morte, que seria a própria estadia celestial. O que vemos, contudo, é exatamente o inverso disso, eles morreram e não alcançaram a promessa, eles a viram (as “saudaram”) pelos olhos da fé, vendo-as de longe, mas sem a alcançar! É impossível que as promessas ali relatadas tratem-se apenas de seus objetivos terrenos, porque com relação a promessas terrenas eles já haviam alcançado as promessas (cf. Hb.11:13). É inequívoco, então, que realmente tratam-se das promessas espirituais, da “cidade que tem fundamentos” (cf. Hb.11:10), como é ressaltado por todo o contexto (cf. Hb.11:10; Hb.11:16; Hb.11:26). Vemos, portanto, que a morte não foi o passaporte direto para a presença de Deus no Céu (como erroneamente pensam os defensores da alma imortal). O autor nunca diz em parte nenhuma de sua carta que “eles já receberam a promessa”; pelo contrário, diz exatamente o inverso disso: “morreram sem receber as promessas”; “não chegaram a desfrutar da realização das promessas; “não obtiveram a realização da promessa”; “eles sem nós não são aperfeiçoados”, etc (cf. Hb.11:39; Hb.11:40; Hb.11:13). Ora, se os pais da fé já tivessem no Céu na época que o escritor de Hebreus relatava tais fatos, então seria imprescindível que ele narrasse este fato tão importante na teologia da imortalidade da alma. Isso seria de fundamental importância pelo contexto, deixando claro que depois de todos os seus esforços e lutas aqui na terra, eles finalmente alcançaram a promessa da cidade

celestial. Contudo, tal colocação não é levantada em parte nenhuma, pelo simples fato de que eles – realmente – não alcançaram a promessa celestial. Eles não estão na pátria celestial – Um outro ponto importante com relação aos “heróis da fé” é que é nos dito ainda mais enfaticamente que eles, de fato, ainda não estão na cidade celestial, como podemos ver ao longo de todo o contexto: Hebreus 11 13 Foi na fé que todos {nossos pais} morreram. Embora sem atingir o que lhes tinha sido prometido, viram-no e o saudaram de longe, confessando que eram só estrangeiros e peregrinos sobre a terra. 14 Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. 15 E se se referissem àquela donde saíram, ocasião teriam de tornar a ela... 16 Mas não. Eles aspiravam a uma pátria melhor, isto é, à celestial. Por isso, Deus não se dedigna de ser chamado o seu Deus; de fato, ele lhes preparou uma cidade. Aqui vemos a confirmação de que os heróis da fé, de fato, não estão na pátria. Isso porque eles “buscam uma pátria” (v.14). Ora, se eles buscam uma pátria, então eles não estão nesta pátria! Tal lógica simples desmente em absoluto que eles já estejam no Céu, porque o mesmo contexto nos mostra que tal “pátria” refere-se exatamente a cidade celestial (v.16). Se você busca por algo é porque você não possui tal coisa, mas sim anseia alcançar tal coisa, deseja tal coisa, espera tal coisa, procura por tal coisa. É um objetivo de você busca alcançar. É exatamente esta a situação dos heróis da fé: eles não alcançaram ainda tal pátria, não estão nela, mas anseiam e desejam tomar posse dela. Por isso, eles buscam uma pátria, e não estão em alguma pátria! O verso 13 traduz praticamente tudo o que nós estamos dizendo aqui: “Embora sem atingir o que lhes tinha sido prometido...”; ou seja, eles não atingiram tal pátria, e a analogia nos mostra a tipificação com a pátria celestial (v.16), na qual eles não estão ainda. Deus lhes “preparou” esta cidade (v.16). A cidade está preparada para eles entrarem; eles não entraram ainda, mas aguardam tal concretização da promessa para que “conosco eles sejam aperfeiçoados” (v.40), pois certamente “não precederemos os que dormem” (cf. 1Ts.4:15). Tal união entre os heróis da fé e os outros salvos concretiza-se exatamente neste momento tão esperado, tão desejado, tal ansiado, momento este na volta do Senhor deles e nosso, o Salvador, o Cristo, na superior ressurreição dentre os mortos. O autor de Hebreus faz questão de relatar que eles não então na pátria celestial (doutro modo teria dito abertamente isso), mas sim que esta cidade lhes está “preparada” para o dia em que irão entrar. A cidade está preparada não apenas para nós, mas também para eles, para que juntamente atinjamos o que foram-nos prometido, a promessa de uma pátria suprema, isto é, a celestial. Focando-se na esperança da Ressurreição – “Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição” (cf. Hebreus 11:35). A passagem é bem clara em dizer que o motivo pelo qual eles suportaram a tortura e a perseguição foi a esperança de obterem uma superior

ressurreição, e não da alma partindo imediatamente para o Céu por ocasião da morte. Isso seria muito estranho caso existisse a imortalidade. Esperar-se-ia o contrário, isto é, que eles morressem esperando que as suas almas já partissem para o Céu para receber sua herança. Contudo, eles morreram foi “para obterem superior ressurreição”. Foi pela ressurreição dos mortos que eles aceitaram a tortura e a perseguição, pelo simples fato de que é na ressurreição em que finalmente entraremos no Reino prometido do Pai. Se existisse a imortalidade da alma, eles morreriam esperando que as suas almas imortais partissem imediatamente para o Céu. Contraste entre Cristo e os homens mortais – “No primeiro caso, os que recebem os dízimos são homens mortais; lá, porém, se trata de alguém do qual se declara que vive” (cf. Hb.7:8). Aqui contrasta-se “homens mortais” com aquele vive [atualmente] – Cristo. Este versículo simplesmente não faz lógica para os imortalistas; em primeiro lugar, porque os que recebem o dízimo “no primeiro caso” (pelo contexto, os levitas – cf. Hb.7:5,6) também deveriam estar vivos assim como Cristo, pois seriam imortais através de uma alma eterna que lhes teria sido supostamente implantada. Em segundo lugar, o contraste que faz o autor de Hebreus é muito claro: Jesus é aquele “que se declara que vive”, ao contrário dos demais homens! Ora, se existisse a imortalidade da alma então aqueles homens também estariam vivos e, portanto, o contraste ali apresentado seria nulo e sem sentido. Novamente vemos a distinção entre Cristo e os outros que já morreram, assim como a antítese entre Cristo e Davi (cf. At.2:34), e entre Cristo e os demais (cf. At.19:25), vemos também aqui o fato de que os homens são mortais, mas Cristo vive! Aleluia!!! O texto original do grego traz: “apothnesko anthropos” – homens mortais – e, sem seguida, aplica os termos gregos: “ekei de” – lá, porém. Veja que o autor faz questão de ressaltar o caráter de um contraste. A última palavra deixa claro uma condição: “mas;

porém; contudo”. Ele ressalta um nítido contraste, uma antítese, entre um grupo (levitas) e o outro (Cristo). Após ressaltar que estava elaborando um contraste entre um e outro grupo, ele declara que a respeito de Cristo se “marturoumenos oti zê" – testemunha que vive. Em outras palavras, dado o devido contraste, Cristo continua vivo e os outros não; à Cristo se declara que vive, aos homens se declara que são mortais; é muito claro e óbvio a partir deste versículo que Cristo está atualmente vivo, ao contrário dos demais homens. Aqui são homens que estão mortos; lá, porém, trata-se de alguém que está vivo. Embora na teologia imortalista todos os que morreram já estão vivos em algum lugar (até mesmo junto com o próprio Cristo), o autor de Hebreus faz o contraste e distinção entre ambos – lá estão mortos; aqui está vivo! Isso provém do fato de que Jesus já ressuscitou antes (cf. 1Co.15:22,23) e, por isso, vive. Os outros, contudo, esperam a ressurreição (sem vida), o que explica o nítido contraste feito pelo escritor de Hebreus, entre o Cristo vivo e os demais mortos. Se tanto Cristo quanto os outros homens estivessem todos vivos, então a antítese perderia completamente o seu sentido. Só entende esta passagem quem realmente crê que não existe vida entre a morte e a ressurreição, sendo a morte o fim da existência. A passagem é uma prova incontestável de que Cristo está vivo e os outros do “primeiro caso” estão – realmente – mortos.

Antítese entre os que morrem e o que permanece eternamente – “E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer. Mas este, visto que vive para sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, pois vive para sempre para interceder por eles” (cf. Hb.7:23-25). Aqui vemos que o motivo pelo qual Cristo tem um sacerdócio perpétuo provém do fato de que ele permanece [vivo] para sempre! Ora, se os homens subsistissem fora do corpo em estado desencarnado por meio de uma alma imortal, segue-se então que eles também permaneceriam para sempre! Novamente, vemos como é confusa a doutrina imortalista, porque de novo faz com que o contraste feito pelo escritor seja fútil, sem sentido, pois ambos permaneceriam para sempre. Ora, se Cristo permanecesse vivo para sempre e os outros também, então isso não seria antítese coisa nenhuma. Isso ignora completamente o contexto bíblico e o fato dele aplicar a partícula grega “de” – mas; contudo; entretanto. É muito, muito claro que se trata de uma antítese, de um contraste entre o Cristo que está vivo e os demais estão mortos. Se seguimos a lógica incontestável de que os que já morreram realmente estão sem vida (pois não existe forma de vida inteligente entre a morte e a ressurreição), então tudo começa a fazer sentido. A morte os impede de permanecer (v.23); mas Cristo vive para sempre (v.25), porque tem um sacerdócio perpétuo proviniente do fato de que permence vivo eternamente (v.24)! Novamente, vemos que toda a antítese aqui feita revela-nos que a doutrina da alma imortal não bate com o que é nos dito. Afinal, os dois grupos viveriam para sempre e os dois grupos permaneceriam inerentemente eternamente vivos. Isso significa contrariar o pensamento do autor, que segue uma lógica incontestável: Cristo está vivo; os demais, mortos. Conclusão – Seguindo a linha de raciocínio bíblica holista, o autor da epístola aos Hebreus refuta vigorosamente a tese de imortalidade da alma em um estado intermediário. Afinal, se isso fosse uma realidade, então os heróis da fé do passado já haveriam alcançado a promessa, algo que não somente ele não diz em parte nenhuma da epístola, como também faz questão de ressaltar o fato de que eles não alcançaram a promessa (cf. Hb.11:39,40). Nem mesmo com a morte eles alcançaram a promessa (cf. Hb.11:13), o que nos mostra que a morte não implica na libertação da alma direto na presença de Deus. Se tal fosse o caso, então eles já teriam alcançado a promessa e a morte introduziria eles direto no Céu, algo que o autor de Hebreus nega (cf. Hb.11:13; 11:39,40). Ademais, o fato do juízo suceder o momento da morte (cf. Hb.9:27) e este juízo só ser na segunda vinda de Cristo (cf. 2Tm.4:1), nos mostra que os mortos não podem já estarem no Céu ou no inferno, uma vez que não é isso o que sucede a morte (mas sim o juízo na volta do Senhor) e que presumivelmente para alguma pessoa ser lançada no fogo deve ter passado primeiramente por uma condenação, algo que também é negado biblicamente que já tenha acontecido (cf. At.17:41; 1Pe.4:5; Jo.5:28,29).

Em todo o livro de Hebreus, vemos que toda a “confiança que nós temos” (cf. Hb.10:35) e que “será ricamente recompensada” (v.35), se dará não quando nós morrermos e as nossas almas partissem para o Céu, mas sim quando “em breve, muito em breve Aquele que vem virá, e não demorará” (v.37), e aí sim receberemos o que Ele nos prometeu (v.36), porque é somente neste momento em que os mortos serão ressuscitados (cf. 1Co.15;22,23). Em Hebreus 11:35, vemos que o motivo pelo qual alguns deles aceitaram a tortura foi visando uma superior ressurreição, e não a “esperança” de suas almas estarem de imediato no Céu em um “estado intermediário”. A ressurreição deveria ser a única esperança para o cristão obter vida novamente e imortalidade, algo que também é muito ressaltado por Paulo ao longo de todo capítulo de 1 Coríntios 15. Ademais, é nos feito um contraste entre Cristo – que vive – e os homens mortais (cf. Hb.7:8). Uma vez que o autor de Hebreus está claramente intitulando uma antítese, segue-se que não há como os “homens mortais” estarem vivos (pois se fosse assim então não seria um contraste!). Pouco mais a frente e lemos também que “ele [Cristo] pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles” (cf. Hb.7:25). Novamente vemos o contraste aqui acentuado, entre aqueles que perecem pela morte (v.23) e aquele que permanece para sempre (v.24), Cristo! Por tudo isso, a imortalidade da alma continua sendo, como vimos sempre até aqui, uma grande, grande lenda. XXIV–Pedro pregou a Imortalidade da Alma? Jesus foi ao inferno pregar aos antediluvianos? – Uma passagem bastante utilizada para colocar Jesus no inferno (vale tudo para defender a imortalidade da alma...) se encontra na primeira epístola de Pedro. O texto bíblico assim narra: “Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no Espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais noutro tempo foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água” (cf. 1Pe.3:18-21). Por isso, grande parte dos imortalistas pregam que entre a morte e a ressurreição Jesus foi para o inferno, selecionou os espíritos dos antediluvianos dos dias de Noé, e lhes fez uma pregação. Há muitos problemas com essa interpretação. Em primeiro lugar, o ensino bíblico em sua totalidade nega qualquer oportunidade de salvação para os mortos, pois ela é restrita apenas a esta vida (cf. 2Co.6:1,2; Hb.3:13; Hb.9:27, etc.). Logo, Cristo não poderia ter pregado para pessoas mortas, pois elas não podem mais se arrepender e sair do lugar de condenação para o lugar de conforto. Dizer que Cristo literalmente desceu para o inferno, a fim de fazer uma pregação para pessoas já mortas e condenadas é, além de colocar o Senhor Jesus em um lugar que ele não merece, ferir a Bíblia que afirma categoricamente que os mortos não tem uma segunda oportunidade de salvação, tornando-se assim vã qualquer pregação. Em segundo lugar, uma vez que os mortos não poderiam mais sair daquele lugar de tormento, então qualquer pregação de Cristo, independente de qual fosse o teor, seria inútil, uma vez que aqueles perdidos não poderiam sair de lá jamais. Se os mortos que se encontravam no inferno, ou no Hades, não poderiam sair de lá mesmo, não importa qual

fosse a pregação, então podemos até especular sobre como devia ter sido a tal da “pregação”: “Eis que vos trago ‘boas novas’ de grande desespero: Estão sendo atormentados por seus

pecados? Não viram nada ainda! Muito mais torturas enfrentarão depois da ressurreição

quando as suas ‘almas imortais’ forem lançadas junto com os seus corpos não-

incorruptíveis, iguais aos dos salvos, no lago de fogo e enxofre!...” . Será que isso faz o estilo de Jesus Cristo? Não me parece nem um pouco! Em terceiro lugar, tendo descido ao Hades ou inferno, Jesus teria selecionado apenas e tão-somente os espíritos daqueles da época de Noé, que enquanto estavam queimando no fogo, Jesus escolheu a dedo só a alguns, e enquanto eles queimavam, Jesus foi fazendo a pregação para eles. Os outros, contudo, presumivelmente deviam estar com os ouvidos tampados (ou algo assim). E, por fim, após terminar de ouvir a tal da pregação (enquanto queimavam entre as chamas), eles continuaram queimando do mesmo jeito que antes! Isso realmente deve fazer lógica para os imortalistas, além de basearem-se em um Deus arbitrário, que escolhe a dedo alguns poucos “privilegiados” para ouvirem a pregação enquanto queimam no fogo do inferno, do purgatório, ou do Hades, e os outros nem sequer podem ouvir a tal pregação! Em quarto lugar, o texto nada diz sobre Jesus ter passado pelo inferno (ou Hades). Se Cristo não subiu para o Céu entre a sua morte e ressurreição (cf. Jo.20:17), tampouco teria morrido e ido para o inferno, lugar no qual ele, sem pecado algum, não merece parar lá! Se Cristo tivesse ido para o inferno fazer essa pregação, então bastaria que Pedro tivesse mencionado isso no verso 19, no qual ele menciona que a pregação teria sido realizada aos espíritos em prisão.

Se Cristo tivesse descido ao inferno ou ao Hades, Pedro poderia ter perfeitamente mencionado este local, como qualquer um assinaria “espíritos no inferno” ou “espíritos no Hades”. O fato de Pedro não mencionar nenhum destes dois lugares provém do fato de que essa prisão corresponde à prisão do pecado, como veremos mais adiante. E, em quinto lugar, mandar Jesus para o inferno é ferir a ética e o bom senso que nos diz que um homem santo como este não seria mandado para tal lugar entre a sua morte e ressurreição! Portanto, tendo em vista as razões lógicas expostas acima, é ilógico interpretar a passagem da maneira como querem os dualistas. Veremos a seguir mais algumas provas de que tal interpretação deles está equivocada e, em seguida, explicar e elucidar tal passagem à luz do contexto. Alguns versículos que lançam bastante luz – Além dos fatos já expostos acima, há mais razões pelas quais a Bíblia desaprova absolutamente que Cristo tenha pregado no inferno

para pessoas que já estavam mortas. Acima foi exposto como que o bom senso liquida com tal “interpretação”, e agora veremos alguns textos bíblicos que também derrubam com qualquer possibilidade dos mortos ouvirem o evangelho. “Como cooperadores de Deus, insistimos com vocês para não receberem em vão a graça de Deus. Pois ele diz: No tempo aceitável te escutei e no dia da salvação te socorri; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação!” (cf. 2Co.6:1,2)

Aqui fica claro que a pregação para a salvação não é depois da morte, mas é “aqui agora”, neste momento, no tempo chamado “hoje”. Depois da morte não existe qualquer chance de ouvir a pregação a fim de ser salvo, porque é hoje – agora – o tempo aceitável, o dia da salvação. A mesma linguagem é empregada pelo autor de Hebreus: “Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama ‘hoje’, de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado” (cf. Hb.3:13). O tempo que nós temos de encorajar uns aos outros é hoje, nesta presente vida, porque depois não teremos mais qualquer possibilidade de ouvir ao evangelho. Por isso, é durante o tempo que se chama “hoje” que ainda existe tal possibilidade. O evangelho não é e nem pode ser pregado para mortos, mas apenas aqueles que estão debaixo do céu: “Desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro” (cf. Cl.1:23) Se os mortos tivessem ouvido alguma pregação de Cristo entre a sua morte e ressurreição, então segue-se logicamente que o evangelho também teria sido proclamado não apenas àqueles que estão debaixo do céu, mas também àqueles que estão “no além”, ou no inferno. Tal suposição, contudo, é negada pelas claras palavras do apóstolo Paulo em relatar que até aquele momento o evangelho havia sido pregado era para aqueles que estão “debaixo do céu” (ou seja, nós), e não a pessoas já mortas em algum lugar! Por fim, de acordo com o texto de Hebreus 9:27, que diz que “depois da morte vem o juízo” (cf. Hb.9:27), segue-se, portanto, a ideia de que os mortos já estariam julgados e qualquer pregação de Cristo seria vã, pois o juízo é “eterno” (cf. Hb.6:2), ou seja, irreversível! Portanto, biblicamente não existe qualquer chance de salvação depois da morte, bem como não existe qualquer possibilidade de ouvir a pregação do evangelho depois de já haver morrido - muito menos estando no inferno! Por tudo isso, os eruditos bíblicos mais sérios têm rejeitado a interpretação absurda de que Jesus tivesse ido para o inferno pregar para pessoas mortas que não poderiam se salvar. Tal suposição, além de contradizer completamente as regras da lógica e do bom senso e de ir frontalmente contra a Palavra de Deus, ainda tem como finalidade colocar Jesus no inferno. É uma suposição tão satânica quanto a própria lenda da imortalidade da alma. O nosso próximo passo, a partir de agora, é analisarmos o devido contexto a fim de interpretarmos corretamente o texto de 1 Pedro 3:19 à luz do contexto textual e das verdades apresentadas nas Escrituras. Como entender os “espíritos em prisão”? - Para vermos o que Pedro estava dizendo nessa passagem, temos que contextualizá-la ao invés de isolarmos o verso 19 para fundamentarmos uma doutrina antibíblica. Aliás, é bem típico dos defensores da imortalidade da alma retirarem um verso totalmente fora do seu contexto, porque se o contextualizam veem claramente que tal suposição não tem fundamento algum.

Já averiguamos isso ao longo de todo este estudo e, de fato, a maioria das passagens bíblicas utilizadas por eles são provas fortíssimas contra a própria imortalidade da alma se são colocadas no seu contexto. A mesma coisa acontece neste caso. O verso anterior (v.18), explica o seguinte (v.19), declarando: “Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo, mas vivificado pelo Espírito”. Aqui o termo “espírito” é o próprio Espírito Santo, conforme também mencionam muitas boas traduções como a Versão Inglesa King James (considerada por muitos a melhor versão do mundo), a versão francesa Louís Segond, a versão italiana Giovanni Diodati Bible, a versão alemã Luther, a versão católica da CNBB, a NVI (Nova Versão Internacional), a nova versão Vulgata Latina, entre outras. Jesus não foi vivificado pelo espírito dele mesmo, foi o Espírito Santo quem vivificou a Cristo. O original grego não possui diferenciação alguma entre as letras maiúsculas e/ou minúsculas, de modo que é pelo contexto que analisamos se “espírito” trata-se da pessoa do Espírito Santo ou não. A prova mais forte de que é o Espírito Santo quem vivificou a Cristo está na própria Bíblia Sagrada: “E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês” (CF. Rm.8:11). O Espírito (Santo) que ressuscitou a Cristo é o mesmo que nos ressuscitará. Nisso fica claro que o “espírito” no verso 18 é uma referência ao Espírito Santo, e não ao próprio espírito de Cristo. Portanto, o verso 18 afirma que Jesus foi vivificado pelo Espírito (Santo). A palavra grega “en” (empregada no início do verso 19) refere-se ao termo anterior “Espírito” e o verso 19, significa que Cristo pregou aos antediluvianos, não pessoalmente, mas pelo Espírito Santo nos dias de Noé. Levando-se em conta o contexto bíblico o texto diz o seguinte: “Nos dias de Noé, por meio do Espírito Santo Cristo pregou aos antediluvianos que estavam presos pelas cadeias do pecado”. Quais eram essas “cadeias”? O próprio Cristo responde: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos” (CF. Lc.4:18-21). Vemos que Jesus compreendia que a sua obra terrena implicava principalmente em dar “abertura da prisão aos presos”. Ora, de qual “prisão” Jesus estava falando? Da prisão espiritual. Achavam-se ligados em pecado, e Cristo devia fazer essa obra, porquanto sobre Ele estava “o espírito do Senhor”. Tanto Cristo quanto as pessoas a quem Ele pregava, estavam vivos. Inúmeras menções a “prisão” como sendo uma referência espiritual (e não física ou literal), com respeito ao pecado, é encontrada nas Sagradas Escrituras. No Salmo 142:7 Davi suplicou que Deus tirasse a sua alma da prisão: “Tira a minha alma da prisão, para que louve o teu nome; os justos me rodearão, pois me fizeste bem” (cf. Sl.142:7). Provérbios 5:22 nos afirma que a prisão que traz a alma prisioneira é a prisão do pecado: “Quanto ao ímpio, as suas iniqüidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido” (cf. Pv.5:22). E que os antediluvianos estiveram bem

presos na prisão do pecado é evidenciável a partir da leitura bíblica de Gênesis 6:5-13. Portanto, o Espírito Santo pregou a pessoas vivas, e não a pessoas mortas que estavam queimando em algum lugar e não podiam mais se salvar! A “prisão” ali mencionada é uma referência, não ao inferno-geena, e nem ao hades ou tártarus, mas sim à prisão espiritual na qual estão presos aqueles que vivem no pecado. Ademais, o termo “espírito” não remete a pessoas mortas desencarnadas. Biblicamente, os vivos são considerados como espíritos, porque corpo, alma e espírito são características da mesma pessoa. Na sua primeira epístola aos Coríntios (cf. 16:18), Paulo aplica o termo com respeito as pessoas vivas – “Porque trouxeram refrigério ao meu espírito” -, isto é, a mim, a minha pessoa. Também em Gálatas 6:18, ele afirma: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja irmãos, com o vosso espírito”. Vosso espírito quer dizer convosco, com a vossa pessoa. Gênesis 7:15 afirma que: “de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca” (cf. Gn.7:15). Em Hebreus 12:23, vemos o termo “espírito” ser utilizado como menção para a igreja militante. Portanto, o termo “espírito” remete a pessoas vivas, e não mortas. E a última questão a ser resolvida é: Quando é que se deu tal pregação? No verso 21 há a expressão “noutro tempo”, que claramente se identifica com o tempo em que “a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé”. O tempo era os dias de Noé, o tempo durante o qual Deus procurou libertá-los da prisão do pecado. Portanto, a passagem bíblia, dentro de seu devido contexto, nega qualquer possibilidade de salvação após a morte ou de pregação para pessoas mortas e que não poderiam mais sair do lugar onde se encontravam. A Bíblia é bem clara em mencionar que a oportunidade de receber a pregação oferecida por Cristo é somente nesta vida (cf. 2Co.6:1,2; Hb.3:13; Hb.9:27; Cl.1:23). O professor Apolinário faz uma boa observação em sua conclusão sobre tal passagem: “Ao ler com atenção 1 Pedro 3:18, verificamos que o Espírito Santo que ressuscitou dos mortos a Cristo, foi o meio usado por Cristo para advertir o povo do tempo de Noé, de que estava iminente o dilúvio e se preparassem para entrar na arca. Não obstante, eles rejeitaram a mensagem, e somente Noé e sua família foram salvos. Não há, pois, nestes passos, insinuação alguma de que enquanto esteve na sepultura, Cristo haja pregado. Essa doutrina é ensinada pela Igreja Católica, sem apoio nas Escrituras” [“Explicação de Textos

Difíceis da Bíblia”, pág.244] O mesmo Pedro afirma que Noé era um “arauto de justiça” (cf. 2Pe.2:5). A pregação ocorreu não quando Cristo teria descido ao “inferno” (o que é antibíblico), mas sim pelo Espírito Santo (v.18), durante os dias de Noé. O que podemos tirar de 1Pedro 3:18-21 é simplesmente que nos dias de Noé, por meio do Espírito Santo Cristo pregou aos antediluvianos que estavam presos pelas cadeias do pecado. Não há apoio nenhum a doutrina da imortalidade da alma e não apresenta contradição alguma com o restante total das Escrituras Sagradas que negam em completo a doutrina da imortalidade da alma. Os únicos que querem colocar Jesus no inferno são os satanistas, e não os verdadeiros cristãos. Vejamos, então, o resumo de alguns pontos que confirmam essa correta interpretação acima, em detrimento da interpretação isolada dos imortalistas no verso 19.

1 Não coloca Jesus no inferno. 2 Não contradiz o resto da Bíblia toda que desmente completamente a imortalidade

da alma. 3 A pregação não foi de Jesus pessoalmente, mas sim pelo Espírito Santo, como

indica o contexto (v.18). 4 A “prisão” não é o inferno ou o Hades (se fosse, poderia perfeitamente ser

utilizado estas palavras), mas trata-se da prisão espiritual na qual se encontravam aqueles antediluvianos.

5 Não indica uma segunda oportunidade de salvação após a morte. 6 Não faz com que o evangelho tenha sido pregado para pessoas mortas em

condenação, o que é antibíblico e inútil, já que eles não poderiam sair de lá mesmo. O evangelho foi pregado aos que hoje estão mortos (mas estavam vivos na época em que a pregação foi feita).

7 Não induz um Deus arbitrário que escolhe alguns privilegiados da época de Noé para ouvir a pregação (em meio à condenação) enquanto os outros que não foram selecionados ficaram sem ouvir nada.

8 Faz uma correspondência correta com o tempo em que tal pregação foi feita através do Espírito Santo (v.21).

9 Não contradiz o próprio Pedro que afirma em outra oportunidade que os ímpios só serão punidos no dia do Juízo (cf. 2Pe.2:9) e que serão reduzidos as cinzas (cf. 2Pe.2:6), desmentindo assim qualquer imortalidade incondicional aos condenados.

10 Por fim, o fato que Pedro narrou em 1Pe.18-21 não é uma “revelação extrabíblica” que ele recebeu diretamente de Cristo depois que ele ressuscitou (e não avisou isso), mas sim um fato bíblico, como os autores das epístolas do NT constantemente costumavam citar as Escrituras. Que o Espírito Santo pregou por meio de Noé e de sua família àqueles antediluvianos, que não aceitaram a pregação, isso é um fato bíblico. Em outras palavras, Pedro citou um fato escriturístico, sendo que ele mesmo afirmou ser Noé um instrumento de Deus para a justiça na terra de sua época (cf. 2Pe.2.5). Pedro não foi “além do que está escrito” (cf. 1Co.4:6), pelo contrário, narrou algo que a Bíblia conta.

O castigo é no dia do Juízo – Pedro não poupou clareza em tratando-se de negar completamente a imortalidade da alma. Em 2 Pedro 2:9, lemos que: “O Senhor sabe entregar o devoto fora das tentações, e reservar os injustos para o dia do juízo para ser punido” (cf. 2Pe.2:9). Os ímpios não estão já sendo punidos, eles estão “reservados” para o dia do juízo em que, aí sim, serão punidos. Se eles estão reservados para o dia em que serão punidos é porque não estão sendo punidos ainda. Se eles já estivessem queimando em algum lugar, já estariam sendo punidos. À luz deste texto bíblico tão ferrenhamente contra a punição atual dos ímpios, algumas traduções como a Almeida Atualizada, trazem: “Também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados” (cf. 2Pe.2:9). Contudo, esta tradução não corresponde com o original grego, mas sim com as pretensões dos defensores da imortalidade em defenderem que os ímpios já estão sendo castigados agora. O original grego traz: “krisewV kolazomenouV threin" – reservados para condenação – e as palavras gregas “hmeran krisewV" empregadas no verso, mostram

quando é que se dá essa punição: “hmeran krisewV" – dia do juízo [julgamento, condenação]. De acordo com a tradução literal da Concordância de Strong, o texto assim reza: “O Senhor conhece como entregar o piedoso fora de tentações e reservar os injustos até o dia do juízo para ser punido” (cf. 2Pe.2:9). Essa tradução correta também é a tradução das melhores versões do mundo, como a King James, que traduz: “O Senhor sabe livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo para ser punido” (cf. 2Pe.2:9 – VKJ). A tradução de Reina Valera (Espanha), assim traduz: “O Senhor sabe livrar os piedosos fora das tentações e reservar os injustos para serem atormentados no Dia do Juízo Final”. Mais traduções que trazem que os injustos só serão punidos no dia do Juízo, além do próprio texto original no grego de acordo com a Concordância de Strong, é a Young's Literal Translation, a Luther (1912), a Giovanni Diodati Bible (1649), a Louis Segond (1910), entre outras. A clareza da linguagem é indiscutível: os ímpios não estão sendo punidos ainda, mas reservados para o dia do Juízo, quando aí sim serão punidos. As versões católicas “Ave Maria” e a da CNBB, seguem na mesma linha, traduzindo: “Porque o Senhor sabe livrar das provações os homens piedosos e reservar os ímpios para serem castigados no dia do juízo” (cf. 2Pe.2:9 – Versão Ave Maria). “É que o Senhor sabe livrar os homens piedosos da provação e separar os malvados, para castigá-los no dia do juízo” (2Pe.2:9 – CNBB). Como vemos, apara o apóstolo Pedro os ímpios não estavam sendo castigados no presente momento, mas o momento em que seriam castigados era no dia do Juízo. A pergunta que fica é: Quando é o dia do Juízo? Apenas na segunda vinda de Cristo: “Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos pela sua vinda e por seu Reino” (cf. 2Tm.4:1). “Há de julgar” {futuro}; “pela sua vinda” {momento}. O julgamento é somente no dia do Juízo, o que explica o por quê que os que morreram ainda não foram julgados: “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (cf. At.7:31). Deus “há de julgar”; ou seja, ele não está julgando ainda! Isso fica ainda mais claro na própria epístola de Pedro: “Contudo, eles terão que prestar contas àquele que está pronto para julgar os vivos e os mortos” (cf.1Pe.4:5). Deus não está julgando os mortos; ele “está pronto para julgar”, um acontecimento indicado no futuro; i.e, não aconteceu ainda. Sendo que este juízo é claramente relatado como sendo um acontecimento futuro na volta de Cristo (cf. 2Tm.4:1; At.7:31; 1Pe.4:5), e os ímpios só serão castigados no dia do Juízo (cf. 2Pe.2:9), segue-se a lógica de que eles não estão sendo castigados atualmente. O próprio texto de 2 Pedro 2:9 coloca a punição dos ímpios e o juízo como acontecimentos futuros, e não algo em andamento. Segue-se as premissas: (1) Os ímpios estão “reservados” para serem castigados “no dia do Juízo” (cf. 2Pe.2:9) (2) Este juízo é um um acontecimento futuro na volta de Cristo (cf. 2Tm.4:1; At.7:31; 1Pe.4:5) (3) Logo, os ímpios não estão sendo castigados atualmente.

Novamente, a lógica desmente absolutamente o inferno de fogo em atividade. O que nós realmente vemos é uma punição e um castigo futuros, ao que os ímpios estão “reservados” a sofrer, e não algo no presente momento. A punição dos ímpios é um acontecimento futuro – Também em 2 Pedro 2:6, o apóstolo declara, com relação ao destino final dos ímpios: “Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas, tornando-as exemplo do que acontecerá aos ímpios” (cf. 2Pe.2:6). “Reduzindo-os as cinzas”! Que péssima figura de linguagem para alguém que terá uma vida eterna no inferno! A versão francesa Louis Second, assim traduz: “Ele condenou a destruição e reduziu as cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra, tornando-os um exemplo para o futuro dos ímpios”. Assim percebemos que, além da redução as cinzas por parte dos ímpios (o que não tem parte alguma com “imortalidade”) o apóstolo Pedro é claro em referir-se a punição dos ímpios como algo futuro. Novamente, a confirmação de que os ímpios não estão queimando ainda. Se os ímpios já estivessem sendo castigados e sofrendo no presente momento, então se segue logicamente que Pedro escreveria que “está acontecendo aos ímpios”, e não “exemplo daquilo que acontecerá aos ímpios”. O apóstolo deixa mais do que claro que o tempo dos ímpios serão castigados é no futuro, do que “acontecerá” com os ímpios, e não daquilo que já está acontecendo com eles. Não resta sombra de dúvida nenhuma que, na visão pedrina, a punição/castigo e destruição dos ímpios sempre foi classificado a um acontecimento futuro, ao que lhes está reservado a acontecer, no dia do Juízo, que corresponde a ressurreição dos mortos/segunda vinda de Cristo (cf. 1Co.15:22,23). Isso se confirma nas palavras de Pedro na sua segunda epístola: “Mas estes, como criaturas irracionais, por natureza feitas para serem presas e mortas, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, recebendo a paga da sua injustiça; pois que tais homens têm prazer em deleites à luz do dia; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em suas dissimulações, quando se banqueteiam convosco; tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecar; engodando as almas inconstantes, tendo um coração exercitado na ganância, filhos de maldição; os quais, deixando o caminho direito, desviaram-se, tendo seguido o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça, mas que foi repreendido pela sua própria transgressão: um mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. Estes são fontes sem água, névoas levadas por uma tempestade, para os quais está reservado o negrume das trevas” (cf. 2Pe.2:12-17). Os pecadores estão “reservados” para o castigo final, intitulado “negrume das trevas”, para o dia do Juízo, ou seja, não estão queimando ainda. Ele jamais faz menção a um “inferno de fogo em atividade”, pelo contrário, intitula os ímpios como “reservados para serem castigados no dia do Juízo” (cf. 2Pe.2:9), para o que “acontecerá aos ímpios” (cf. 2Pe.2:6), aos quais está “reservado o negrume das trevas” (cf. 2Pe.2:17). Nada disso condiz com um fogo eterno em funcionamento, mas sim com a mesma linguagem empregada por Jó: “Pois dizeis: Onde está a casa do príncipe, e onde a tenda em que morava o ímpio? Porventura não perguntastes aos viandantes? e não aceitais o seu testemunho, de que o

mau é preservado no dia da destruição, e poupado no dia do furor? Quem acusará diante dele o seu caminho? e quem lhe dará o pago do que fez? Ele é levado para a sepultura, e vigiam-lhe o túmulo” (cf. Jó 21:28-32). Os ímpios estão “reservados” em seus túmulos para o dia em que “sairão para a condenação” (cf. Jo.5:29). Não estão condenados e queimando ainda! Exultação e Regojizo somente na volta de Cristo – “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo. Pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (cf. 1Pe.4:12,13). É também de grande importância o que é dito aqui por Pedro. De acordo com ele, a exultação se dá por ocasião da revelação da glória de Cristo (segunda vinda). Ora, se fossem com suas almas para o céu, seguindo-se à morte, não iriam ali exultar e alegrar-se? Para ele, contudo, somente por ocasião da “revelação da Sua glória” é que se concretiza tal sentimento de exultação, porque é neste momento em que os mortos são ”vivificados” (cf. 1Co.15:22,23). A imarcescível coroa da glória – “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada. Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória” (cf. 1Pe.5:1-4). De acordo com Pedro, a imarcescível coroa da glória só estará disponível aos crentes por ocasião do segundo advento de Cristo. Se já não fosse o suficiente a “coroa da justiça” de Paulo estar guardada até para “naquele dia” (cf. 2Tm.4:6-8), a coroa da glória também só estará disponível aos santos na segunda vinda de Cristo, que “coincidentemente” é o momento da ressurreição dos mortos. Seria muito estranho que os santos ficassem milênios no Céu sem terem recebido ainda a tão esperada coroa da justiça e a coroa da glória! A volta de Cristo no centro do palco - É digno de nota também que, em toda a epístola, o que ele reflete não é a “esperança viva de morrer e a alma regozijar-se no Céu”, mas sim da hora da volta de Cristo, pelo fato de que é neste momento em que os vivos são arrebatados e os mortos ressuscitados, para todos juntos entrarmos juntamente no Reino de Deus. Tal foco é apresentado ao longo de toda a epístola, a começar pelo primeiro capítulo: “Que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo” (cf. 1Pe.1:5). A herança e a salvação só são recebidas na revelação de Cristo no último tempo. Isso fere a doutrina da imortalidade da alma porque, para eles, os santos que fossem morrendo já estariam salvos em um “estado intermediário” muito antes do “último tempo” na “revelação de Jesus Cristo”! Pedro nega que possamos tomar parte {efetivamente} na salvação {Reino} antes da revelação de Jesus Cristo que há de se consumar no último tempo.

Um pouco mais à frente lemos: “Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos oferece na revelação de Jesus Cristo” (cf. 1Pe.1:13). A graça e a esperança são dadas no momento da ressurreição/segunda vinda de Cristo, e não no momento das mortes de cada crente para habitar com Deus no Céu. Sumariando, a esperança de Pedro sempre esteve ligada ao aparecimento de Jesus Cristo, porque é neste momento que seremos salvos (cf. 1Pe.1:5) e é neste momento em que a graça nos é concedida (cf. 1Pe.1:13). Essa graça relaciona-se a nossa própria união com Cristo, ao que Pedro indica como se concretizando no dia da Sua Volta, e não nas mortes de cada crente e suas almas subindo ao Céu. Tal doutrina é estranha à Bíblia, e não condiz nem um pouco com a “esperança viva” de Pedro: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada nos céus para vós, que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo; na qual exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações, para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (cf. 1Pe.1:3-7). Essa era a esperança dos cristãos: de receberam a sua herança garantida nos céus, não por ocasião da morte, mas sim “no último tempo... na revelação de Jesus Cristo”. Note que o apóstolo confirma a idéia bíblica de que os santos entrarão na herança “no último tempo” e, confirmando tal fato, ele ainda assinala: “na revelação de Jesus Cristo”! Há linguagem mais clara do que isso para mostrar quando é que os salvos entrarão na herança e receberão o Reino? Toda a ênfase está na vinda futura de Cristo no último tempo, porque é exatamente neste momento em que “os mortos levantam e ganham vida” (cf. João 5:21) e que há a reunião no Céu entre os arrebatados e os ressuscitados. O foco cristão verdadeiro sempre foi voltado à segunda vinda de Cristo, a sua volta gloriosa, que foi deixada de lado para dar lugar à idéia grega de que, morrendo, as nossas almas partem já para o Céu – e tudo isso antes da volta de Cristo! Negar a falsa doutrina pagã de “imortalidade da alma” significa colocar a esperança da segunda vinda e do Reino de Deus em perspectiva: no centro do palco, como sempre faziam os primeiros cristãos. Os que morreram ainda não passaram pelo julgamento – Outra prova muito forte que contraria a posição de imortalidade da alma é o fato dos que morreram ainda não terem passado por um julgamento. Tal fato é amplamente registrado na Bíblia: “Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos pela sua vinda e por seu Reino” (cf. 2Tm.4:1) “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (cf. At.7:31)

“Contudo, eles terão que prestar contas àquele que está pronto para julgar os vivos e os mortos” (cf. 1Pe.4:5) Ora, não há como admitir que existam pessoas sofrendo horriveis tormentos sob a tortura de demônios cruéis e torturadores em um lago de fogo durante séculos desde o passado até aqui (ou até mais!) e tudo isso sem ter passado por um julgamento! Até mesmo no Direito Romano era proibido condenar algum cidadão sem ter passado por um juízo antes disso. Era ilegal açoitar um cidadão romano (cf. At.16:38), ainda mais no caso de não haver processo. Essas são regras de ética que regem o mundo até os dias de hoje. Se nós, “sendo maus” (cf. Mt.7:11), sabemos condenar um cidadão eticamente a partir de um juízo para isso, quanto mais Deus, o Juíz que está nos céus, que é muitíssimo mais justo do que o mais honesto dos homens, não irá atormentar alguma pessoa sem antes ter passado por julgamento! Deus é ético, e, pela sua ética, só irá condenar alguém depois dela passar por um juízo, a fim de ter a completa ciência do mal que praticou e ter o direito de se defender ou não. Dizer que Deus lança a alma de alguma pessoa em um tormento durante séculos sem direito a julgamento é ferir a ética e a natureza divina. O próprio fato de Paulo e Pedro insistirem tanto no fato de dizer que Deus não julgou ainda, mas “há de julgar”, e por ocasião da Sua Vinda, já mostra que eles não acreditavam que a alma de qualquer pessoa já pudesse estar sendo castigada ou condenada. Afinal, onde é que já se viu uma pessoa estar na condenação sem nem ao menos ser. . . condenada?! Ora, isso é inadimisível, completamente contra as leis da lógica e do bom senso! Os que morrerem só irão para a condenação na ressurreição (cf. Jo.5:28,29) e só serão julgados na volta de Cristo (cf. 2Tm.4:1), seguindo-se logicamente, então, o fato de que eles não estão condenados e nem sofrendo castigo antes de tal momento. João 5 28 Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham nos sepulcros ouvirão a sua voz, e sairão; 29 os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados. Veja que é somente por ocasião da ressurreição que os não-salvos serão condenados – não é antes disso! Ora, se os incrédulos só sairão para serem condenados por ocasião da ressurreição dos mortos, segue-se logicamente que eles não estão já condenados antes deste momento. O momento em que os ímpios sofrerão condenação é clarissimamente indicado como sendo na ressurreição, e não no momento da morte ou em algum “estado intermediário”. Sendo que é somente na ressurreição dos mortos quando os não-salvos sairão para a condenação, eles então não estão sofrendo condenação antes disso, neste presente momento. Todo o cenário esperado para a entrada no Céu ou no inferno é relacionado inteiramente ao momento da ressurreição dos mortos, e não ao momento das mortes de cada um: “Vi também os mortos, grandes e pequenos, de pé diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi aberto, o livro da vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava registrado nos livros” (cf. Ap.20:12).

No verso 4 é relatada a ressurreição dos mortos com a consequente vivificação das almas (cf. Ap.20:4), e poucos versos na sequencia (v.12) é mencionado o julgamento dos que já morreram e a sua consequente entrada na vida ou no lago de fogo, que é a segunda morte (v.14,15). Portanto, todo o cenário se enquadra perfeitamente dentro da visão de mortalidade da alma: as almas são vivificadas na ressurreição (cf. Ap.20:4), sendo em seguida julgadas (cf. Ap.20:12) e depois condenadas (cf. Ap.20:14,15). Todo este cenário passa-se não quando as almas partem rumo a um estado intermediário antes da ressurreição, mas sim exatamente no instante da ressurreição/vivificação dos mortos, no último dia. O momento da condenação dos ímpios é clarissimamente indicado como sendo quando o “dono da vinha voltar” (cf. Mt.21:40,41), e não antes deste momento. É nesta ocasião em que os ímpios serão envergonhados (cf. Mc.8:38). XXV–João pregou a Imortalidade da Alma? Vida é somente em Cristo – Algo que o apóstolo João costumava acentuar bastante era o ensino de que a vida era somente em Cristo, mediante Cristo e por meio de Cristo apenas. Não existe vida senão em Cristo. Com isso, ele acentua ainda mais que nós não temos uma alma imortal como posse presente a todos indistintamente, com uma imortalidade incondicional. Pelo contrário, assim como Paulo, João acentua o fato de que a vida é unicamente em Cristo, que os que não seguem a Cristo não terão a vida e de que esta tem que ser buscada, resultante do fato de que não temos em nós um segmento que nos garanta a imortalidade. No seu evangelho, vemos João dar bastante ênfase aos ensinamentos de Cristo acerca do tema da imortalidade. De acordo com o dicionário, “vida eterna” e “imortalidade” são sinônimos: Imortalidade: é o termo utilizado para designar uma vida ou existência indestrutível, que se auto sustém. Vida eterna: é o termo utilizado para designar uma vida ou existência indestrutível, que se auto sustém. Também de acordo com o dicionário da Língua Portuguesa (DPLP), “imortalidade” significa: 1. Qualidade, estado daquilo que é imortal. 2. Duração perpétua. “Vida” significa: “O período de tempo que decorre desde o nascimento até a morte dos seres”. Eterno, aplicado para seres humanos, significa: “Aquilo que não tem fim”. Aplicando os significados de ambos os termos, o dicionário conclui que “Vida Eterna” significa: “Vida futura, a outra vida, a vida espiritual”. Biblicamente falando, teremos uma vida eterna (i.e, que não tem fim) quando formos ressuscitados dentre os mortos para a ressurreição da vida (cf. Jo.5:28,29; Jo.12:25; 1Tm.6:16; Rm.2:7; 1Co.15:51-54). Portanto, vemos que “vida eterna” tem a mesma aplicação prática de “imortalidade”. Porém, perante a Bíblia, teremos uma vida eterna (i.e, imortalidade, viver eternamente) apenas por meio de Cristo. A vida eterna (imortalidade) é exclusividade dos salvos. Se

alguém já tivesse imortalidade, Jesus não precisaria lhe prometer vida eterna . Para que dar vida eterna a alguém que já é imortal? Não seria o mesmo que “chover no molhado”? “E esta é a promessa que ele mesmo nos fez, a vida eterna” (cf. 1Jo.2:25) “Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados” (cf. Jo.5:28,29). Veja que eles não estão na vida, mas eles sairão para a vida a partir da ressurreição.

Também João acentua as palavras de Cristo em João 5:40, que diz: “Contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida” (cf. Jo.5:40). Obter vida não é algo implantado em nós desde o dia do nascimento, mas sim algo que está presente em Cristo (cf. Cl.3:4; Rm.6:23), que é concedido àqueles que Nele creem (cf.Jo.17:3), a fim de entrarem no Paraíso quando obterem imortalidade, na ressurreição (cf. 1Co.15:51-54). A doutrina da imortalidade natural da alma não bate com os ensinamentos bíblicos acerca do que é a “vida” e de como a adquirimos. Apenas perseverando que obteremos a vida: “É perseverando que vocês obterão a vida” (cf. Lc.21:19). Apesar de já possuirmos a vida por estarmos ligados a Cristo (cf. Jo.6:47), porque “a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste” (cf. Jo.17:3), nós só tomaremos posse da vida (eterna) por ocasião da ressurreição (cf. Jo.5:28,29; 1Co.15:51-54). Algo semelhante ocorre quando Paulo afirma que Cristo “destruiu a morte” (cf. 2Tm.1:10), mas mesmo assim as pessoas continuam morrendo (cf. Hb.9:27; Rm.5:12). O que acontece é que Cristo destruiu a morte legalmente (por meio de sua ressurreição), entretanto a morte só será destruída literalmente (efetivamente) por ocasião da ressurreição (cf. 1Co.15:54), quando “se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória” (cf. 1Co.15:54). De igual modo, nós legalmente já somos possuidores da vida (cf. Jo.6:47; 6:40), porque já conhecemos ao Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, e é nisto que consiste a vida eterna (cf. Jo.17:3). Contudo, nós só obteremos literalmente a vida por ocasião da ressurreição, quando “isto que é mortal se revestir de imortalidade” (cf. 1Co.15:53), e entraremos efetivamente na vida eterna, de fato, quando os justos “sairão para a vida” (cf. Jo.5:29) e os ímpios “sairão para a condenação” (cf. Jo.5:29), o que se dá por ocasião da ressurreição. É neste aspecto que Jesus aborda em Lucas 21:19 – “obterão a vida”. A vida é efetivamente um acontecimento futuro (“obterão”; e não “possui”). A vida não é algo que já somos efetivamente possuidores por meio de uma alma eterna, mas sim algo que implica em perseverança (cf. Lc.21:9), e que os santos “obterão”, no futuro. Obter vida não é algo simplíssimo em decorrência de uma alma eterna em nós implantada, pelo contrário, é algo que se obtém por meio da perseverança! Cristo também afirma no evangelho de João: “Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o Filho também dá vida a quem ele quer dá-la” (cf. Jo.5:21). Esta passagem não faz sentido para os imortalistas, uma vez que os mortos já estariam vivos em algum lugar e, portanto, não iriam “obter” vida na ressurreição, mas tão-somente “continuar” vivos, como já estariam antes, supostamente em um “estado desencarnado” entre a morte e a ressurreição. Sendo

que o processo de pensamento é geralmente associado à alma, segue-se que o ser racional estava realmente morto, e não vivo. A alma pode ser perdida – Em João 12:25, Cristo diz: “Aquele que ama a sua vida [psique], a perderá [apollumi]; ao passo que aquele que odeia a sua vida [psique] neste mundo, a conservará para a vida eterna” (cf. Jo.12:25). Aqui, o original grego traz a palavra psique [alma] em lugar de “vida”, como aparece na grande maioria das traduções. Muitas coisas podemos ver a partir deste verso no evangelho de João. Em primeiro lugar, é nos ensinado que a alma [psique] também pode ser perdida, e no contexto percebe-se que o “perder-se” está no sentido de morte, literal, em contraste com “vida eterna” no final do verso. Também a palavra aqui utilizada no original grego [apollumi] denota primariamente “destruição”. O sentido é de cessação de vida. Em segundo lugar, Cristo diz que nós devemos odiar as nossas almas [psique]. Isso nos mostra que a alma não é um elemento eterno, transcendental, que Deus colocou em nós e que nos liberta na morte indo para o Céu. Doutro modo, deveríamos amá-la, e não odiá-la! O próprio fato da alma ter de ser odiada provém de que a alma humana, na Bíblia, tem um significado completamente diferente do ensinado pelos gregos. A alma não é a nossa garantia de eternidade; pelo contrário, deve ser odiada. A nossa própria vida tem que ser odiada com a finalidade de alcançarmos uma futura bem-aventurança. Aqui a alma [psique] é claramente relacionada com a vida humana, e não com a imortalidade. Aqueles que tem a fé em Cristo possuem a segurança de ter as suas vidas guardadas na esperança do dia em que irão despertar para a vida eterna. Outras versões, como a ARA, traz “preservá-la”. A versão de Almeida Atualizada traz “guardada”. O sentido é claro: A alma é guardada, preservada, conservada, até o dia do juízo quando aí sim sairá para a vida (ver João 5:28,29; João 5:21), ou para ser perdida [destruída] na condenação do inferno. Ela não sai do corpo para ir direto para a vida (Céu), mas é guardada até o dia do juízo para, aí sim, entrar para a vida (eterna) ou para a condenação. Todos os que já morreram ressuscitarão para o Juízo do Grande Dia, ao jazerem em suas sepulturas as suas almas (i.e, as suas “vidas”), a vida que têm vivido contra ou favorável ao evangelho, ainda está no aguardo de seu destino final, quando elas sairão ou para a vida [eterna] ou para serem condenadas. A realidade bíblica nega que a nossa alma subsista desincorporada em algum lugar. Como disse o Dr.Bacchiocchi, “a preservação da alma no ensino de Cristo não é um processo automático no poder da própria alma, mas um dom de Deus recebido por aqueles que estão dispostos a sacrificarem sua alma (a vida presente) por Ele” [“Immortality or

Resurrection?”] Cristo, o Pão da Vida – “Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém

dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne” (cf. João 6:47-51). A partir destes versos, podemos depreender que: a) Apenas aquele que crê em Cristo tem uma vida eterna (imortalidade). b) Os pais dos israelitas, no deserto, comeram o maná, e morreram. c) Essa morte não é para esta vida, tendo em vista que todos morrem para esta vida. Diz respeito ao estado do ser humano após a morte. Eles literalmente haviam morrido (não estavam vivos em algum lugar). d) Cristo é o pão vivo que desceu do Céu, e quem crer Nele não perecerá. e) Apenas aquele que come do pão da vida viverá eternamente. Do início ao fim, Cristo mostra o contraste entre o destino final dos bons e dos ímpios. Apenas aqueles que creem no Filho de Deus “viverão eternamente”. Não existe imortalidade para os ímpios! Ter uma vida eterna, possuindo uma imortalidade com a ressurreição dos mortos, é um dom de Deus que Ele concede a todos aqueles que creem. Se existisse alguma espécie de “alma imortal” nos seres humanos, então os não-salvos igualmente obteriam uma vida eterna. Mais ensinamentos de João – Além disso, a Bíblia deixa claro quem é que herdará uma vida eterna: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe [ou mulher], ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna” (cf. Mt.19:29). Nisso fica mais do que evidente que os ímpios não terão uma vida eterna. Obter a vida [eterna] implica em sacrificar as nossas vidas terrenas por amor a Cristo. De outro modo, Jesus teria sido vão em dizer que deveria deixar a família e segui-lo, se qualquer um teria uma vida eterna em algum lugar de qualquer jeito por meio da posse de uma alma imortal. Mas a Bíblia é bem clara em dizer que a imortalidade é apenas por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10), e não por meio de uma alma imaterial que inclusive todos os ímpios que desprezam o evangelho a possuam. O apóstolo João, tanto em seu evangelho, como também em suas epístolas, acentua o fato de que a imortalidade é apenas em Cristo Jesus, seguindo os passos do apóstolo Paulo. Cristo faz a seguinte afirmação: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente” (cf. Jo.6:51). Logo, quem não come do pão da vida não viverá eternamente. Este é um fato mais do que óbvio. Lembram-se do apóstolo Paulo, que escreveu que a imortalidade é apenas por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10)? Da mesma maneira, João acentua tal fato: “Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá.” (cf. Jo.6:57). Havia uma plena concordância entre os apóstolos de Jesus de que a vida não vem por meio de uma alma implantada no nascimento, mas essa vida é somente em Cristo, sem Cristo não há vida. É por isso que João escreve: “Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (cf. 1Jo.5:12). Quem não tem Cristo não tem vida. Somente em Cristo temos a vida. Quem não tem Cristo nem sequer poderá ver a vida: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (cf. Jo.3:36). Os ímpios nem ao menos verão a vida, pois essa é somente para quem crê no Filho de Deus, e a tem

em seu nome: “Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (cf. Jo.20:31). Em João 5:40, Cristo afirma: “Contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida” (cf. Jo.5:40). Aqui são colocados dois caminhos finais: ter uma vida eterna ou ter a cessação de vida, que significa não ter vida nenhuma. De outro modo, não seria estritamente necessário vir a Cristo para ter vida, pois qualquer um teria vida em algum lugar de qualquer jeito! Mais referências bíblicas claras em João da vida somente em Cristo: “Da mesma forma que o Pai que vive me enviou e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que se alimenta de mim viverá por minha causa. Este é o pão que desceu dos céus. Os antepassados de vocês comeram o maná e morreram, mas aquele que se alimente deste pão viverá para sempre” (cf. João 6:57,58). A clareza da linguagem é tão clara que não necessita de maiores elucidações. Sim, as palavras de Simão Pedro acertaram o alvo: “Senhor, para onde iremos? Tu tens as palavras de vida eterna” (cf. Jo.6:68). Não existe vida em outro lugar senão em Cristo. Ter a vida não é algo natural pela posse de uma alma imortal, mas sim algo que obtém aquele que vem a Cristo, porque só os que vencerem obterão a vida: “Contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida” (cf. Jo.5:40). Vejam o que diz o apóstolo João: “Quem tem o Filho de Deus tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (cf. 1João 5:12) A conclusão inequívoca a partir de tudo isso, que o apóstolo João nos revela em suas epístolas e em seu evangelho, é que ter uma vida eterna e consequente imortalidade herdando a vida, não é uma possessão natural de todos os seres humanos por meio de uma alma imortal presa dentro do corpo. Pelo contrário, é mediante Jesus Cristo para aqueles que o seguem por meio do evangelho, negando-se a si mesmos e tomando a sua cruz, este terá o dom da vida e da imortalidade, obtido com a ressurreição dos mortos. “Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram e, contudo, morreram; quem comer este pão viverá eternamente” (cf. Jo.6:58). Será que os ímpios também comem do pão da vida? XXVI–Mais pilares do imortalismo sendo derrubados Já vimos até aqui várias refutações de passagens bíblicas usadas pelos defensores da doutrina da imortalidade pregar que existe vida antes da ressurreição. Vamos agora as considerações das últimas duas passagens constantemente pregadas pelos dualistas como suposta “prova” da vida antes da ressurreição em um estado intermediário das almas. A primeira delas se encontra no Monte da Transfiguração. Elias e Moisés apareceram vivos a Pedro, Tiago e João. Mas como pode isso se os mortos só voltam à vida com a ressurreição, com tudo o que já vimos aqui? É exatamente isso o que vamos descobrir agora. Elias – Que Elias apareceu no Monte, isso não apresenta problema nem contradição alguma, uma vez que Elias não passou pela morte, não necessitando assim de uma ressurreição. Elias foi transladado vivo: “E, indo eles caminhando e conversando, eis que um carro de

fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho” (cf. 2Rs.2:11) Moisés – Quanto a Moisés, a Bíblia relata a morte dele (cf. Dt.34:5), como também relata a ressurreição dele (cf. Jd.9; Rm.5:14). E é exatamente este o ponto em que estudaremos agora: A Ressurreição de Moisés. A Ressurreição de Moisés – Que Moisés ressuscitou, isso fica muito claro quando comparamos a cena do Monte com outras passagens bíblicas que elucidam o fato. Moisés não estava no monte como um “espírito”, pois Pedro propôs construir três tendas: "Uma para Ti [para Cristo], outra para Moisés, e outra para Elias” (cf. Mc.17:4). Ora, é inadmissível construir tenda para um espírito. Pedro viu a pessoa de Jesus, a pessoa de Elias e a pessoa de Moisés. Se Moisés estivesse como “espírito”, então Pedro propuseria construir duas tendas, e não três. Moisés não estava como um espírito, mas em corpo glorificado. Ora, só teremos a glorificação de nossos corpos com a ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15:42-44). Se Moisés estava glorificado, então ele passou pela ressurreição. A pergunta que fica é: Quando? E temos mais algumas evidências bíblicas de tal fato? Sim, temos. O momento em que ele foi ressuscitado está na narração de Judas 9 em que o autor retira o fato do livro hebraico da “Assunção de Moisés”: “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda” (cf. Judas 9). Aqui é relatada a cena em que Miguel briga com Satanás pelo corpo de Moisés. Mas para quê o diabo iria querer um cadáver? Evidentemente o que ele queria era o corpo vivo (ressuscitado) de Moisés, porque este havia sido exatamente o primeiro a deixar o túmulo, em desafio ao seu “império de morte” (Hb.2:14). Satanás lutava para mantê-lo preso à sepultura. O real objetivo de Satanás ao se colocar entre Miguel e o corpo de Moisés, era impedir sua ressurreição, pois o diabo não estaria tão interessado em um simples cadáver que de nada vale! Obviamente Miguel ganhou a posse do corpo de Moisés e o ressuscitou. Para aqueles que teimam em negar a clareza desta passagem dizendo que Moisés não ressuscitou, e o diabo queria tanto um cadáver, a situação fica muito mais complicada quando vemos o fato de que tal passagem está narrada no livro hebreu chamado “A Ascensão de Moisés”. Coincidência? Não! Os judeus acreditavam na ressurreição de Moisés, e Judas colocou isso como uma verdade ao escrever este fato inspirado pelo Espírito Santo. Isso certamente não significa que o livro da ascensão de Moisés é inspirado, significa apenas que aquele fato – da ressurreição de Moisés – é uma verdade. Verdade é verdade em qualquer lugar. Os hebreus de sua época acreditavam plenamente em tal fato, e Judas também acreditava neste fato (da ressurreição de Moisés) tanto que ele transcreveu para a Bíblia Sagrada a passagem do livro judaico sobre tal acontecimento. Ao compararmos com a cena no monte da Transfiguração, fica claro que Moisés não estava ali como um “espírito desencarnado” enquanto Moisés e Cristo estavam com corpos glorificados, pois Pedro propôs construir três tendas, incluindo para Moisés (cf. Mc.17:4). Ora, não se concede edificar tendas para espíritos imponderáveis, fluídicos e abstratos.

Não, Moisés não era um espírito, mas já estava em corpo glorificado – havia passado pela ressurreição. Isso explica o porquê de a morte ser “rompida” em Moisés: “No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de vir” (cf. Rm.14:5). Como assinala o prof. Azenilto Brito: “Porque Moises ressuscitou Paulo fez esta declaração, mostrando que Moises não estava mais morto. Essa é uma espantosa revelação: ‘No entanto, a morte reinou desde Adão até MOISÉS’. Notemos o verbo reinar, que quer dizer, dominar, prevalecer. Ora, depois de Moisés os homens continuaram morrendo, mas o texto acima nos diz que a morte teve domínio indiscutível sobre os mortais até MOISÉS. Em outras palavras, até Moisés ninguém se levantou do túmulo para provar que é possível reviver. Nisso o diabo viu seu império abalado. Vemos nisso evidência clara da ressurreição de Moisés.” Quando lemos que Cristo é a “primícia dos que dormem” (cf. 1Co.15:23), isso não significa que Cristo foi o primeiro a ressuscitar de todos os tempos de toda a história da humanidade, pois a Bíblia traz um relatório de várias pessoas que ressuscitaram antes dele (cf. 1 Reis 17:17-24; 2 Reis 4:25-37; Lucas 7:11-15; 8:41-56; Atos 9:36-41; 20:9-11), e não só fisicamente mas também em glorificação, como é o caso dos que ressuscitaram com a morte e ressurreição do próprio Cristo conforme descrição de Mateus 27:52-53. “Primícias" não está no sentido de prioridade, mas com o símbolo. Está em relação ao molho movido que o sacerdote erguia na festa dos pães asmos, na dedicação dos primeiros frutos da colheita. Jesus era o antítipo dos molhos, da mesma maneira tal como como é chamado Cordeiro por ser antítipo dos cordeiros no ritual dos sacríficos da lei do AT. Isso, obviamente, não muda o fato de que houve muitos cordeiros sacrificados antes dele. Como antítipo, Cristo é as primícias dos que dormem. Vemos vários exemplos disso nas Escrituras, como, por exemplo, em Tiago, que diz: “Por sua decisão ele nos gerou pela palavra da verdade, para que sejamos como que os primeiros frutos de tudo o que ele criou” (cf. Tg.1:18). Obviamente em número nós não somos literalmente a primícia (o primeiro que Ele criou foi Adão), mas o somos no símbolo. De igual modo, também lemos no Apocalipse: “Estes são os que não se contaminaram com mulheres, pois se conservaram castos e seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá. Foram comprados dentre os homens e ofertados como primícias a Deus e ao Cordeiro” (cf. Ap.14:4). Estes com absoluta certeza não foram os primeiros a não tocarem em mulher (em toda a história da humanidade), mas mesmo assim são primícias por causa do símbolo, e não da prioridade. De igual modo, Jesus foi o primeiro a ressuscistar no nosso tempo atual, o “Tempo da Graça”, e tronou-se o símbolo e garantia (penhor) da nossa própria ressurreição final (cf. 1Ts.4:13). Mas numericamente houve pessoas ressuscitadas antes deste tempo (cf. Jd.9; Rm.5:14; Mt.27:52,53; 1Rs.17:17-24; 2Rs.4:25-37; Lc.7:11-15; Lc.8:41-56; At.9:36-46; At.20:9). O fato da ressurreição de Moisés era tão aceitado entre os hebreus, que Paulo registrava que a morte deixou de reinar em Moisés sem medo de errar (cf. Rm.5:14), pois todos os hebreus acreditavam nisso, tendo um livro chamado “A Ascensão de Moisés”. Os hebreus acreditavam que bem como Moisés passou pela morte, igualmente passou pela ressurreição, motivo este de ter se apresentado glorificado no Monte da Transfiguração e

não como um “espírito”, como deveria ser, no caso da alegação dos imortalistas estivesse correta. E Judas também concordava com isso porque o mencionada em sua epístola, inspirado pelo Espírito Santo, a narração do mesmo livro da Ascensão de Moisés, frisando no momento em que Miguel disputava com Cristo acerca de Moisés (cf. Jd.9) – Judas também acreditava na ressurreição de Moisés! Esse fato é, portanto, inegável. Quanto a morte ser rompida em Moisés, isso é o sentido lógico da passagem de Romanos 5:14. Ora, se a morte reinou (i.e, dominou, prevaleceu) até... Moisés, então é porque em Moisés a morte não prevaleceu, não reinou. Ora, se Moisés tivesse continuado como um morto no pó da terra, então a morte teria prevalecido também sobre Moisés e passada "ilesa" sem nenhum problema. É evidente que o império da Morte se viu abalado rompendo-se em Moisés porque este foi o primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos, e sendo assim, a morte deixou de reinar em Moisés (cf. Rm.5:14). Os hebreus acreditavam em uma natureza holista do ser humano, isto é, ele não "tem" uma alma, ele é uma alma (cf. Gn.2:7). Uma alma vivente significa simplesmente um “ser vivo”, que morre. Uma vez que todos os mortos permaneciam sem vida, a morte continuava reinando. Logo, ao diabo disputar o corpo de Moisés o que ele queria era mantê-lo preso a sepultura onde ele estava em estado de inconsciência (cf. Ec.9:5,6; Ec.9:10; Sl.146:4; Sl.6:5;Jó 7:21; Sl.94:7), quando ele despertaria para entrar na vida ou na condenação (cf. Jo.5:28,29), tal fato que só se daria no último dia (cf. Jo.6:39). É evidente que os demais mortos só ressuscitarão neste último dia, motivo este da morte se ver derrotada em função da ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15:51-55). Em outras palavras, o diabo, o mantendo preso a sepultura (o corpo que representa o próprio Moisés em pessoa porque a natureza humana é holista e não dualista) impediria assim a sua ressurreição, pois Moisés continuaria como um morto. Mas é evidente que Miguel ganhou a batalha, e Moisés deixou de ser um morto na sepultura, é por isso que Paulo escreve aos Romanos (cf. 5:14) que a morte deixou de reinar em Moisés. Conosco, a morte só será vencida por ocasião da ressurreição, no último dia (cf. Jo.6:39,40; 1Co.15:25,26; 1Co.15:54,55), quando “tragada foi a morte pela vitória” (cf. 1Co.15:51-54). Quando a morte conosco é “tragada”? Na ressurreição. Com Moisés, porém, a morte deixou de reinar antes (cf. Rm.5:14). Por que? Porque ele ressuscitou antes (cf. Jd.9). Agora, você poderia me perguntar: Mas porque Cristo queria ressuscitar Moisés? Provavelmente, para que este aparecesse no Monte da Transfiguração, pois Elias representava os profetas e Moisés o Pentateuco (a Lei). Para isso ele devia ser ressuscitado, e assim o fez. É claro que Satanás não gostaria de ver o seu domínio de morte abalado, é por isso que ele quis brigar para impedir a ressurreição de Moisés, sem sucesso. A Bíblia nos apresenta apenas duas únicas alternativas para deixamos de estar no estado de morte (i.e, sem vida). São essas: (1) Passar pela ressurreição (ser vivificado – 1Co.15:22,23) (2) Não passar pela morte (ser transladado vivo como nos casos de Elias e Enoque) Sem passar pela ressurreição não há vida (cf. 1Co.15:18,19; 1Co.15:32), e é evidente que nós seremos ressuscitados na volta de Cristo (cf. 1Ts.4:16; 1Co.15:22,23). A cena da

transfiguração do monte não era uma sessão espírita e muito menos uma contradição bíblica. Pelo o contrário, das duas únicas pessoas que apareceram com Cristo no monte, uma não passou pela morte e a outra passou pela ressurreição. Interessante seria se víssemos um “espírito” baixando no Monte... O erudito bíblico Adam Clarke colocou perfeitamente em suas palavras aquilo que aconteceu no Monte da Transfiguração, sem fazer absolutamente nenhuma acepção a doutrina de imortalidade neste contexto: "Elias veio do Céu no mesmo corpo com que deixou a Terra, pois fora trasladado, e não viu a morte. (II Reis 2:11). E o corpo de Moisés fora provavelmente ressuscitado, como sinal ou penhor da ressurreição; e como Cristo está para vir a julgar os vivos e os mortos--porque nem todos morreremos, mas todos seremos transformados (I Coríntios 15: 51)--Ele certamente deu plena representação deste fato na pessoa de Moisés, que morrera e então fora trazido à vida (ou aparecera naquele momento como aparecerá ressurreto no dia final), e na pessoa de Elias, que nunca provou a morte. Ambos os corpos (Moisés e Elias) apresentavam a mesma aparência, para mostrar que os corpos dos santos glorificados são os mesmos, quer a pessoa seja arrebatada (viva) ou ressuscitada (estando morta)" As almas do Apocalipse: Literal ou Simbólico? – Por fim, o último dos argumentos imortalistas a ser refutado, se encontra em Apocalipse 6:9-11, que os defensores da doutrina da imortalidade da alma gostam de usá-la como um acontecimento literal daqueles que estavam no Céu pedindo a vingança dos seus inimigos. Eles esquecem-se, porém, que João não escreveu um livro literário e sim um livro simbólico. Todas as ações místicas tem um exato sentido literal para ser identificado. Quando ela fala de saraiva e fogo, eram exatamente as flechas com fogo nas pontas para queimar a cidade; quando João escreve que o Céu se escureceu refere-se às cidades pegando fogo com fumaça para todos os lados – veja se você vai conseguir ver o sol! Quando fala do mar virando sangue, jogue corpos e mais corpos no mar e você vai ver no que vira; ou então o famoso terremoto, o império romano assaltava a cidade usando troncos para derrubar as suas muralhas; todas as simbologias tem um sentido literário para ser identificado - Apocalipse está em um sentido simbólico e não literário. Ninguém pensará que no Céu há cavalos brancos, bermejos, negros ou pálidos, montados por ginetes belicosos; ninguém pensará que Jesus não está no Céu na forma de um cordeiro com uma ensanguentada ferida de faca, ou que está em forma de um leão (leão da tribo de Judá). Os quatro seres viventes não representam criaturas aladas reais com características de animais. Também não há ali "almas" que jazem na base de um altar. Toda a cena foi uma representação gráfica e simbólica, de que aqueles que foram martirizados seriam vingados por Deus, no dia do juízo final. Toda a simbologia apocalíptica tem um sentido a ser identificado. Algumas passagens que são claramente simbólicas, dentre muitas outras, devem ser observadas: (1) Cristo no Céu em forma de cordeiro ensanguentado (cf. Ap.5:6)

(2) Criaturas dentro do mar falando e louvando a Deus (cf. Ap.5:13) (3) Várias estrelas caindo sobre a terra (cf. Ap.6:13). Sabe-se que o tamanho das estrelas é maior do que o do nosso planeta e se caíssem estrelas sobre a Terra esta acabaria no mesmo instante e o Apocalipse teria fim. (4) Cavalos com cabeças de leão (cf. Ap.9:17) (5) Cavalos que soltavam de sua boca fogo e enxofre (cf. Ap.9:17) (6) Gafanhotos com coroa de ouro e rosto humano, cabelos como de mulher e dentes como de leão (cf. Ap.9:7,8) (7) Um dragão perseguindo uma mulher grávida no deserto (cf. Ap.12:13) (8) A mulher grávida do deserto tem asas e voa (cf. Ap.12:14) (9) A terra abre a boca engolindo um rio que um dragão soltou com a sua boca (cf. Ap.12:15,16) (10) Os trovões falam (cf. Ap.10:3) (11) O altar fala (cf. Ap.16:7) (12) Jesus tem sete chifres e sete olhos (cf. Ap.5:6) (13) Duas oliveiras e dois candelabros soltam fogo devorador de suas bocas (cf. Ap.11:4,5) Diante de tudo isso, por que não crer que almas agonizando debaixo do altar em pleno Paraíso clamando por vingança contra os seus inimigos seja uma cena simbólica? Tal como não existia uma mulher grávida sendo perseguida por um dragão no deserto durante mil duzentos e sessenta dias, mas esta mulher representa a Igreja e o dragão representa Satanás perseguindo a Igreja, da mesma forma não existe alguém no Paraíso agonizando e gritando vingança, mas é de fato uma representação de que aqueles que foram martirizados seriam vingados por Deus, no dia do juízo final. Pressupor que existem literalmente almas no Céu agonizando, gritando “em alta voz” (cf. Ap.6:10) em seus clamores por vingança contra os seus inimigos, é ferir a todos quanto pensam racionalmente e entendem as linguagens simbólicas do Apocalipse. Se até o trovão fala no Apocalipse (cf. Ap.10:3), e isso é claramente uma linguagem simbólica, porque as “almas” gritando vingança no Céu tem que ser necessariamente literal? Afinal, João escreveu um livro altamente simbólico: “Quando ele bradou, os sete trovões falaram. Logo que os sete trovões falaram, eu estava prestes a escrever, mas ouvi uma voz do céu, que disse: Sele o que disseram os sete trovões, e não o escreva” (cf. Ap.10:3,4). Dois pesos... duas medidas! O Paraíso não é um local onde as pessoas ficam agonizadas e atormentadas ao ponto de clamarem em alta voz a vingança contra os inimigos, muito pelo contrário, é exatamente o inverso: é o momento em que as pessoas recebem a sua merecida recompensa e entram no conforto do Pai, no lugar no qual “Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (cf. Ap.21:4). Se não há mais dor e nem lágrima na presença de Deus, então é totalmente inconcebível que haja literalmente almas clamando por vingança contra os seus inimigos, aos gritos! A conclusão óbvia na qual podemos chegar é que tanto as almas debaixo do altar como os trovões que falaram eram linguagem simbólica, e não um acontecimento literal, pois as almas só revivem na ressurreição (cf. Ap.20:4), e naturalmente trovão nenhum emite fala clara. Lemos neste mesmo livro (Apocalipse), que as almas permanecem mortas até o momento da ressurreição:

“Então vi uns tronos; e aos que se assentaram sobre eles foi dado o poder de julgar; e vi AS ALMAS daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na fronte nem nas mãos; E REVIVERAM, e reinaram com Cristo durante mil anos” (cf. Ap.20:4) Ora, como pode alguma “alma morta” falar? É evidente que a linguagem do cap.6 é claramente simbólica, pois as almas não revivem senão na ressurreição (cap.20) após todos os acontecimentos apocalípticos tiveram término. O Céu não é um lugar onde almas agonizam-se debaixo de um altar em seus gritos por vingança, mas sim o local onde somos tomados da mais profunda alegria que jamais seria possível sentir nesta vida. Isso é estar na presença de Deus! As almas que clamavam em alta voz por vingança era uma representação daqueles mártires que deram a sua vida pelo evangelho, daqueles que, enquanto vivos, clamavam em alta voz contra os terrores daqueles que pronunciavam morte e perseguição a eles. O que é ensinado simbolicamente em Apocalipse é que estas almas que clamavam em alta voz enquanto eram martirizadas pelo Império Romano (e pela “Babilônia” espiritual), seriam vingadas, e para isso restaria mais algum tempo, até que se completassem o número dos seus conservos e irmãos que deveriam ser mortos como eles. Jamais estava ensinando que depois da morte dos mártires, depois deles sofrerem tanto aqui nesta vida, eles sobem ao Paraíso e continuam agonizando debaixo de um altar em gritos por vingança! Prova maior ainda de que se trata de uma simbologia apocalíptica, é o fato de que as almas não ficariam gritando debaixo de um altar, sofrendo aflitas, clamando em altos brados por vingança contra os inimigos. Além de “incomodar” os outros moradores do Céu (que diferentemente daquelas “almas” deviam certamente estar curtindo o Paraíso, e não clamando vingança...), isto nem é do espírito cristão, que manda “amar os inimigos, e orar por eles” (cf. Mt.5:44). Desta maneira, além de proferir que o Céu assim como a terra é um local de profunda agonia, eles estariam descumprindo totalmente aquilo que Cristo ensinou biblicamente sobre o que fazer com os seus inimigos. Ninguém tem a alegria plena de chegar ao Paraíso, e ao invés de aproveitá-lo, continuar reclamando com Deus porque além de tudo ainda querem ver os seus inimigos queimando! Além disso, se fossem “espíritos” (i.e, seres imponderáveis, fluídicos e abstratos, como querem os imortalistas) como se concede eles estarem trajando “vestes brancas”? Isso fica claro na própria passagem: “Depois destas coisas olhei, e eis uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e em presença do Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmeiras nas mãos; E um dos anciãos me perguntou: Estes que trajam as compridas vestes brancas, quem são eles e donde vieram? Respondi-lhe: Meu Senhor, tu sabes. Disse-me ele: Estes são os que vêm da grande tribulação, e levaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro” (cf. Ap.7:9-14). Ora, se tal se sucedesse, então a Bíblia seria totalmente confusa e contraditória, pois afirma que só seríamos dotados de corpos novamente após a ressurreição dos mortos (lembre-se que para os imortalistas a ressurreição dá-se apenas para o corpo; portanto um “espírito”

não poderia estar com “vestes brancas”). O imaterial não veste e nem pega o material. Não, tratava-se de uma visão. Tudo era simbólico. Como a reputação dos mártires tivesse sido engrandecida por todos os seus méritos, então o simbolismo apocalíptico fez questão de relatar a sua inocência com o símbolo das “vestes brancas”. O que representava este simbolismo? Representava que eles (os mártires) eram pessoas dignas e santas, como atesta o próprio livro do Apocalipse: “O linho fino são os atos justos dos santos” (cf. Ap.19:8). Deus vingaria aqueles que morreram em nome Dele. De maneira nenhuma deve ser analisado como algo literal, com “almas” desfrutando dos “deleites” e dos prazeres do Paraíso há dois mil anos e ainda reclamando com Deus do motivo de ainda não terem sido julgados. Também devemos lembrar que cada selo representava um espaço de tempo real na história da terra, e as almas que apareceram no quinto selo representavam as pessoas que foram mortas pelo cavalheiro denominado por “Morte” (presente no selo anterior). Noutras palavras, eles foram exterminados sob o selo precedente, dezenas ou centenas de anos antes, consequentemente, portanto, os seus perseguidores já deviam estarem mortos, e supostamente já estariam queimando no fogo do inferno. Isso tornaria inteiramente inócuo os “gritos de vingança”, pois os seus inimigos já estariam sendo castigados. O que Deus manda a seguir é “descansarem mais um pouco até que se complete o número dos irmãos que deveriam ser mortos como eles” (cf. Ap.6:11). Deus mandou que eles “descansassem” ou “repousassem” um pouco mais, conforme trazem as melhores traduções como a Almeida Revisada e Atualizada, a Versão King James, a Vulgata Latina, bem como a Concordância de Strong. O original grego traz a palavra “anapano”, que significa: “repouso; descanso”. Certamente que Deus não estava falando para os corpos dormirem mas as almas continuariam acordadas. É para as próprias almas que Deus estava dirigindo tal frase. E é exatamente isso o que a simbologia de Ap.6 estava retratando: que os que foram martirizados seriam certamente vingados, entretanto isso só aconteceria no fim dos tempos, até que todos os seus irmãos fossem martirizados como eles foram, pois aí sim os ímpios iriam ser queimados e os justos finalmente vingados, afinal, o joio só será queimado na “consumação deste mundo” (cf. Mt.13:40). Até lá, os justos permanecem dormindo o sono da morte, repousando até que se completasse o número de conservos até o final dos tempos, quando despertarão para a vida ou para a condenação. Quando a morte é vencida? – Outro argumento futilmente utilizado a fim de sustentar a doutrina da alma imortal, encontra-se relacionado ao estado em que o próprio Cristo passou na morte: “Pois sabemos que, tendo sido ressuscitado dos mortos, Cristo não pode morrer outra vez: a morte não tem mais domínio sobre ele” (cf. Rm.6:9). Já ouvi alegações dizendo que esta passagem em pauta seria uma suposta “prova” de que o homem não morre. Contudo, essa é uma péssima interpretação do texto bíblico, pois ele diz claramente que o homem não morre mais a partir da ressurreição dos mortos, e não antes disso. O verso deixa muito bem claro isso: “...tendo sido ressuscitado dos mortos, Cristo não pode morrer outra vez”. O fato de não podermos morrer não é antes da ressurreição (ou no

dado momento em que a “alma eterna” é implantada), mas sim a partir da ressurreição dos mortos, e a morte só não tem mais domínio sobre ele em função da ressurreição, como é colocado no verso. O domínio da morte não é rompido em função de uma alma imortal libertada por ocasião da morte, mas sim pelo fator “ressurreição”, que, para nós, só vem a ocorrer na segunda vinda de Cristo (cf. 1Co.15:23). O próprio fato da morte continuar tendo domínio sobre nós até o momento da ressurreição, é uma prova incontestável de que nós não podemos já estar desfrutando as delícias paradisíacas na presença de Deus antes disso, pois, se tal se sucedesse, seria bem presumível que nós não estaríamos mais sobre o domínio da morte! Isso nós também encontramos no livro de Atos: “Mas Deus o ressuscitou dos mortos, rompendo os laços da morte, porque era impossível que a morte o retivesse” (cf. At.2:24). O “romper os laços da morte” não vem senão em função da ressurreição e, por isso, é somente neste momento que, diante do contexto, a morte é vencida, derrotada, destruída, tragada. Quem estava retendo Cristo não era Deus ou o diabo (no Céu ou no inferno), mas sim a própria morte, o inverso de “vida”, que estava retendo Cristo. Isso explica o porquê de, no mesmo contexto, a entrada na vida suceder (e não “anteceder”) a ressurreição dentre os mortos (cf. At.2:27,28). Diante de tudo isso, é inegável o que é aqui exposto, de que: (1) a morte é vencida em função da ressurreição, e não de uma alma imortal que sai do corpo logo após a morte; (2) é a partir da ressurreição que nós somos imortais; (3) Antes da ressurreição, a morte continua tendo o domínio sobre quem já morreu; (4) Os laços (ou “grilhões”) da morte não são vencidos pela alma imortal, mas sim pelo milagre da ressurreição; (5) antes da ressurreição, estamos presos e retidos pela morte. Também é interessante ressaltarmos o que Paulo afirma aos filipenses: “Quero conhecer a Cristo, ao poder da sua ressurreição e à participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte, para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos” (cf. Fp.3:10,11). Ou seja, o estado em que Paulo estaria na morte seria o mesmo estado em que o próprio Cristo se encontrou. Ora, sabendo-se que Cristo não subiu ao Pai nos dias em que esteve morto (cf. Jo.20:17), segue-se logicamente que nós também não nos encontraremos com Deus neste estado, mas somente na ressurreição. O estado em que o próprio Cristo esteve na morte é um antítipo do que nós mesmos estaremos na morte (cf. Fp.3:10), e ele [Jesus] não esteve com o Pai (cf. Jo.20:17). É óbvio que só estaremos com o Pai na ressurreição, o que explica claramente o porquê desta ser a esperança do apóstolo Paulo: “de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos” (v.11). Isso liquida com a ideia de que nós nos encontraremos com Deus antes da ressurreição. Conclusão – Por mais que muitos argumentos tenham sido levantados como suposta “base” para confirmar a doutrina da imortalidade da alma, para “compensar” o fato de que nunca a palavra “alma” na Bíblia é sucedida de “eterno” ou “imortal” (pelo contrário, declara tanto que a alma morre), nenhum dos argumentos pró-imortalidade passam por uma pequena análise bíblica sem serem facilmente explicados por meio da própria Bíblia Sagrada,

mostrando que os textos que são levantados por eles são todos descontextualizados ou mal interpretados diante do conteúdo total das Escrituras. Pegar um versículo fora do contexto é fácil para fundamentar doutrina, ainda mais quando tratamos de parábolas e simbolismos! Quando, porém, cada uma das passagens bíblicas usadas pelos imortalistas passa por uma análise bíblica, cuidadosa ao contexto e aos manuscritos originais, bem como ao conteúdo total das Escrituras, deixando o texto fluir livremente, nenhuma permanece de pé. O fato é que nem Pedro, nem Tiago, nem João e nem Judas ou o autor de Hebreus acreditava numa alma imortal presa dentro do nosso corpo. Em Hebreus, lemos que os heróis da fé não obtiveram a concretização da promessa, que pelo contexto é a própria entrada no Paraíso. A razão para isso também é bem clara: Eles estão esperando por nós (cf. Hb.11:39,40). Na questão relativa ao juízo, os imortalistas têm de concordar que para sustentar a doutrina antibíblica da vida antes da ressurreição, os mortos lá estão sem nem ao menos serem julgados! Isso é simplesmente o fruto que leva tentar conciliar a existência de um estado intermediário com a questão bíblica relativa ao juízo. Também nas epístolas de Pedro vemos que, apesar de descontextualizarem uma passagem bíblica com o intuito de levar Jesus para o inferno e pregar para mortos que não poderiam mais se salvar (o que diante do contexto bíblico não é nada disso), o próprio Pedro nega toda e qualquer tentativa de pregarem a doutrina imortalista. Para Pedro, a esperança não estava fundamentada em uma alma imortal no ser humano, mas sim “no último tempo... na revelação de Jesus Cristo” (cf. 2Pe.1:3-7), e é somente neste momento que a coroa da glória estará disponível aos crentes no Senhor Jesus Cristo (cf. 2Pe.5:1-4). De igual modo, é digno de nota que o tormento dos ímpios é um acontecimento, para o dia do Juízo, e não algo que já esteja em atividade (cf. 2Pe.2:9). Os ímpios estão “reservados. . . para serem punidos no dia do Juízo”; e não punidos no presente momento. É a punição dos ímpios algo futuro, e não presente. Por isso, até o Juízo os não-salvos não estão sendo punidos, mas sim “reservados” [na sepultura - Jó 21:28-32] para o dia em que, aí sim, serão punidos [castigados]. O apóstolo João vai ainda mais além afirmando que sem Cristo na há vida (cf. 1João 5:12), e que apenas aquele que come do pão da vida viverá eternamente (cf. João 6:47-51). Não há como imaginar que os ímpios também desfrutam deste mesmo pão da vida reservado para os justos para viverem eternamente também em algum lugar! Mais significativo ainda que isso, é vermos como são tão frágeis os pilares que sustentam os argumentos pró-imortalistas. Um simples raciocínio lógico e bíblico desmente inteiramente qualquer pretensão de colocar o dualismo grego dentro das Escrituras. A conclusão inequívoca a que chegamos é que não era apenas o apóstolo Paulo que compartilhava seu total descrédito para com a imortalidade da alma, mas também todos os demais apóstolos compartilhavam da mesma única esperança: a da ressurreição dos mortos no última dia quando os vivos não precederão os que dormem e os mortos finalmente obterão a promessa da entrada no Paraíso. Até lá, passam todos pelo sono da morte, assunto pelo qual passaremos a ver a seguir: Os mortos dormem.

PARTE 4 – O SONO DA MORTE “Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte” (cf. Salmos 13:3). I–A Metáfora do Sono A Bíblia Sagrada caracteriza a morte como um “sono”, daqueles que “estão dormindo”, em mais de setenta e duas situações diferentes, dentro do Antigo e do Novo Testamento. Uma listagem completa provavelmente nos faria superar os limites de escopo deste artigo. Primeiramente, contudo, teremos que ver o porquê da morte na Bíblia Sagrada ser tão caracterizada como um “sono”. Qual era o objetivo dos escritores bíblicos e o porquê do uso de tal metáfora para o estado dos mortos ser tão utilizada pelos escritores. Em seguida, passaremos a contestar algumas das objeções por parte dos imortalistas que defendem o ponto de vista contrário a morte como um sono. Importante é ressaltarmos que o sono a qual todos os escritores bíblicos falam, não é um sono como o que a gente dorme. Eles se referem a um sono não literal indicando o estado inconsciente e não consciente do ser racional quando morre. Porém, este estado é tão somente um intervalo da vida entre a morte e a ressurreição. O estranho mesmo seria usar o “dormir” como figura de linguagem para pessoas que estão bem vivas, acordadas, dispostas e conscientes após a morte, que já estão com Deus ou que estão gritando no inferno, ou que estão intercedendo por nós, coisas que não fazem o menor sentido com a figura de linguagem empregada pelos autores bíblicos para retratar o estado dos mortos: sono. Por que os autores bíblicos empregavam a metáfora do Sono? – Uma razão muito forte para que os escritores bíblicos, inspirados pelo Espírito Santo, empregassem o sono como caracterização da morte, é que este apresenta uma correspondência perfeita com o despertar da ressurreição, como explica o Dr. Samuelle Bacchiocchi: “Deixa implícita a segurança de um despertamento posterior. Ao ir uma pessoa dormir à noite na esperança de despertar pela manhã, também o crente adormece no Senhor com a garantia de ser despertado por Cristo na manhã da ressurreição [...] Assim como uma pessoa que está dormindo pode ser erguida, também os mortos, como ‘adormecidos’, têm a possibilidade de serem ressuscitados e viver novamente [...] A metáfora do sono é frequentemente utilizada na Bíblia para caracterizar o estado dos mortos porque representa adequadamente o estado inconsciente dos mortos e seu despertar no dia da vinda de Cristo. Sugere que não há consciência do lapso de tempo entre a morte e a ressurreição. A metáfora do ‘sono’ é verdadeiramente uma bela e terna expressão que indica que a morte não é o destino humano final, porque haverá um despertar do sono da morte na manhã da ressurreição” [“Imortalidade ou Ressurreição”] Os mortos que estão em estado de inatividade, inconsciência, ainda sem estarem despertos, como que “dormindo”, serão despertados na manhã da ressurreição. Ora, não se desperta pessoas ativas e despertas. Afinal, como “despertar” alguém que já está justamente. . . desperto?!

O fato, porém, que aqui quisemos mencionar, é que a linguagem bíblica do sono como caracterização da morte (e não de despertamento ou de atividade) remete a um estado de inatividade, improdutividade, não-despertamento. A esperança é do despertar posterior, do “despertar” da ressurreição dos mortos. A morte (estado entre o falecimento e a ressurreição) pode ser classicamente declarada como um “sonho sem sonhos” – na esperança de despertar. Para que tanto barulho? – “Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá” (cf. Ef. 5:14). Para que “despertar” alguém que já no Céu e já está bem vivo e consciente? Alguém que já está no Céu não precisa ser “despertado” para continuar no Céu! É evidente que as pessoas enquanto mortas continuam literalmente mortas, aguardando a ressurreição dentre os mortos, da qual eles irão despertar de seu estado de inconsciência para entrar na vida eterna: “Não vos maravilheis disto; porque vêm a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida” (cf. Jo.:28-30). Ninguém que já está no Céu precisa ser despertado para continuar no Céu. Não existe descrição bíblica nenhuma de almas ou espíritos vivos despertando de algum lugar do além para reincorporarem quando da ressurreição final. Todos ressuscitarão vindos da sepultura (cf. Jo.5:28-30), e não do Céu ou do inferno reincorporando aos seus corpos para comparecerem ao juízo que acontece na volta de Cristo (cf. 2Tm.4:1), tendo que serem “despertados” embora já estivessem bem “despertos”! Caracteriza perfeitamente o Estado dos Mortos – Além disso, a descrição bíblica dos mortos como que “dormindo”, é uma caracterização perfeita do estado daqueles que aguardam a ressurreição dos mortos: Inconsciência. Sendo que os mortos não louvam a Deus (cf. Isa.38:19; Sal.6:5), não sabem de nada (cf. Ecl.9:5), vale menos do que um cachorro vivo (cf. Ecl.9:4), sua memória jaz no esquecimento (cf. Ecl.9:5), não tem sabedoria alguma e nem conhecimento (cf. Ecl.9:10), não tem lembrança de Deus (cf. Sal.6:5), não confiam na fidelidade de Deus (cf. Isa.38:18), não falam da sua fidelidade (cf. Sal.88:12), estão numa terra de silêncio - e não de gritaria do inferno ou de altos louvores do Céu (cf. Sal.115:17), não podem ser alvos de confiança (cf. Sal.146:3), não pensam (cf. Sal.146:4), já não existem (cf. Jó 7:21), se não há a ressurreição já pereceram (cf. 1Cor.15:18), não estão no Céu (cf. João 14:2,3; Atos 2:34; Mat.13:30; Heb.11:39,40; 1Tess. 4:15), não estão no inferno (cf. Mat.13:40; 2Pe.2:9), só vão para a vida eterna a partir da ressurreição (cf. João 5:28,29; Rom.2:7), e nem sequer teriam uma vida póstuma caso não houvesse a ressurreição que acontece no último dia (cf. 1Cor. 15:19; 1Cor.15:32). Não há nenhuma metáfora mais bem adequada para definir a inconsciência dos mortos senão isso: O sono. É por isso que ele é tão frequentemente utilizado na Bíblia, persistindo em mais de setenta e duas vezes. Os autores realmente acreditavam que os mortos “dormiam”! O mais importante a ressaltar, contudo, é que novamente o NT não altera o AT. Já vimos neste estudo que a doutrina da imortalidade da alma claramente entrou no judaísmo por ocasião da diáspora judaica (quando os judeus estiveram expostos a doutrinas

helenistas de forte influência, incluindo a adaptação da doutrina dualista amplamente difundida na Grécia Antiga). O que deveríamos pressupor caso o NT trouxesse uma mudança de pensamento com relação a visão veterotestamentária, seria que a descrição com respeito aos mortos fossem amplamente distintas do Antigo, ou seja, usariam uma figura de linguagem mais adequada para a “nova visão”. Porém, o que mais nos surpreende é que os escritores neotestamentários seguem exatamente na mesma linha do Velho – porque tinham a mesma linha Escriturística e inspirada como regra doutrinária. O que deveríamos pressupor em caso de mudança de pensamento, seria uma consequente mudança de colocações; eles definiriam bem a vida após a morte como fazia a filosofia pagã secular da época, mas os apóstolos mantinham a fonte de fé e doutrina nas Escrituras, e não na intromissão pagã. O resultado disso é que, também no Novo, as descrições ao “dormir” referenciando-se aos mortos invadem a Bíblia, como veremos a seguir. Setenta e dois a zero – Mais uma das características que não deixa despercebida, é o uso tão frequente do “dormir” na Bíblia em contraste absoluto com uma vida consciente após a morte daqueles que já morreram. É uso mais do que frequente a figura do sono na Bíblia Sagrada para caracterizar os mortos. Por exemplo, ainda no Antigo Testamento, lemos no livro de Jó (o mais antigo de toda a Bíblia escrito há cerca de quatro mil anos atrás): “O homem, porém, morre e fica prostrado; expira o homem, e onde está?” (cf. Jó 14:10). Sua resposta é: “Como as águas do lago se evaporam, e o rio se esgota e seca, assim o homem se deita, e não se levanta: enquanto existirem os céus não acordará, nem será despertado do seu sono” (cf. Jó 14:11-12). Após fazer a pergunta de onde o homem se encontrava após a morte, Jó em nada aplica que esse estivesse em algum mundo superior em perfeita atividade, muito pelo contrário, não seria despertado (para alguém despertar tem que estar em inatividade) e nem acordaria do seu sono até não haver mais céus. Se isso não fosse suficientemente claro, Jó continua a dizer: “Morrendo o homem tornará a viver? Todos os dias da minha vida esperaria, até que viesse a minha mudança. Chamar-me-ias, e eu te responderia...” (cf. Jó 14:14, 15). É evidente que a crença de Jó era que iria dormir no sepulcro até que Jesus o chamasse na Manhã da Ressurreição (cf. Jó 17:13-16; Jó 19:25-27). Em absolutamente todas as vezes em que um rei é morto no AT, é citado que ele “descansa com os seus antepassados” (ver 1Rs.2:20; 1Rs.11:43; 1Rs.14:20; 1Rs.14:31; 1Rs.15:8; 1Rs.15:24; 1Rs.16:6; 1Rs.16:28; 1Rs.22:40; 1Rs.22:50; 2Cr.9:31; 2Cr.12:16; 2Cr.14:1; 2Cr.16:13; 2Cr.21:1; 2Cr.26:2; 2Cr.26:23; 2Cr.27:9; 2Cr.28:27; 2Cr.32:33; 2Cr.33:20; 2Cr.36:21, etc). No livro dos Salmos, também é constante a figura do sono como caracterização do estado dos mortos, como expressamente colocado no Salmo 13:3 - “Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte”. Até Moisés (no Salmo 90) descreve a morte como um sono: “Tu os levas como uma corrente de água; são como um sono; de manhã são como a erva que cresce” (cf. Sl.90:5). A analogia nos faz crer que, realmente, o “sono” não indica nenhum estado consciente do ser racional na morte, porque ele diz no verso seguinte: “de madrugada floresce e cresce; à

tarde corta-se e seca” (v.6). O ser humano é como a erva que de madrugada floresce e cresce e a tarde se corta e seca; ou seja, ele não permanece vivo eternamente em um estado desencarnado, mas é como a erva que depois de algum tempo já não existe. A analogia nos traz o “sono” como uma metáfora idaqueda para a inconsciência do ser racional na morte.Também no livro de Isaías lemos que “todos os reis das nações, todos eles, dormem com glória, cada um no seu túmulo” (Is.14:18). O Novo Testamento segue a mesma linha do Velho porque simplesmente apresenta exatamente o mesmo ponto de pensamento holista do AT (cf. 1Co.15:18,19,30,32,51-54; At.2:34; Mt.13:40; 1Ts.4:15; Rm.2:7; Hb.11:38,39). O que muda no Novo é que a esperança da ressurreição bem como sua realidade é mais expressa e fortalecida pelo fato de que Cristo ressuscitou, sendo assim a primícia dos que dormem, dando-nos desta forma a confiança e segurança de que a esperança da ressurreição dos mortos na qual os apóstolos tanto esperavam e sustentavam não era vã (cf. At.26:6-8; 1Cor.15). O estado dos mortos, porém, continuava o mesmo do Velho: Dormindo. Paulo faz contínuas e inúmeras referências ao sono como o estado dos mortos (ver 1Co.15:6; 1Co.15:20; 1Co.15:51; 1Ts.4:13; 1Ts.4:14; 1Ts.4:15; 1Co.11:30; 1Co.15:6; 1Co.15:18; Ef.5:14, etc). Pedro também faz o mesmo uso da figura do sono, dizendo que “os pais dormem” (cf. 2Pe.3:4). Até Jesus Cristo classificou a morte como um sono inconsciente ao comparar com o estado de Lázaro, já morto: “Isto dizia e depois lhes acrescentou: Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou para despertá-lo do seu sono. Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono. Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu” (cf. Jo.11:11-14). O estado de Lázaro era um estado de sono. Esta última referência nos mostra que o “sono” não era apenas mero “eufemismo” para o corpo, mas sim uma realidade de um estado em que o próprio Lázaro se encontrava. Embora algumas versões omitam o termo “dormir” de suas Bíblias, o original grego traz a palavra koimeeteerion, que significa “lugar de dormida”. Outra palavra usada pelos escritores do Novo Testamento, que citaram o “sono” até mais vezes do que o Velho, é a palavra katheudein, empregada para o sono ordinário. Essa palavra é usada quatro vezes para o sono da morte (cf. Mt. 9:24; Mc.5:39; Lc.8:52; Ef.5:14; 1Ts.4:14). Isso nos mostra que a morte é igualmente assemelhada a um sono comum, porque o estado do homem na morte e no “sono- katheudein” é semelhante; os escritores bíblicos não fizeram questão de distinguir entre os dois, porque de fato a metáfora com o sono é adequadamente assimilada para o estado do homem na morte. O mais importante, porém, que devemos ressaltar de tudo isso, é o significativo fato de que jamais é referido a qualquer pessoa morta o termo “estar com Cristo”, ou com relação aos que “estão no Céu”, mas sempre é “os que estão dormindo”. Na maioria das igrejas cristãs de hoje que concordam com a doutrina da imortalidade da alma, o termo “dormir” (empregado por todos os escritores bíblicos do AT e do NT) desapareceu absolutamente das pregações. A moda é falar dos que “estão com Cristo” ou dos que “estão na glória”. Por que o termo bíblico simplesmente foi extinto pelas igrejas cristãs da imortalidade? Simplesmente porque não combina em absolutamente nada com o estado dos mortos que

eles acreditam ser. Por isso, faz muito mais sentido aplicarem constantemente que as pessoas já estão no Paraíso como espíritos, ao invés de aplicarem o termo que a Bíblia insiste em aplicar: O Sono da Morte. Ponderamos: Se os escritores do AT ou qualquer dos apóstolos acreditassem que os mortos já estão conscientes no Céu ou no inferno, persistiriam em usar tanto a classificação do “sono” para os mortos, daqueles que “dormem”, ao invés de fazerem uso do linguajar popular das igrejas de hoje? É claro que não! A total omissão de qualquer menção àqueles que apesar de mortos já estivessem vivos em algum lugar no Céu ou no inferno, bem como a total omissão dos termos “estão com Cristo” ou “estão na glória” (que poderiam ser perfeitamente utilizados e seria o mais aplicável para a doutrina imortalista, mas não aparecem de forma nenhuma na Bíblia), ainda mais quando vemos o foco da Igreja Primitiva totalmente focado para a ressurreição dos mortos (totalmente diferente de hoje, já que a ressurreição perdeu o seu sentido para a “imortalidade da alma”), nos leva a crer que, de fato, os escritores bíblicos não tinham qualquer ciência de que os mortos já estariam no Céu, o que é ainda mais acentuado quando Paulo tem que insistir para provar que Jesus mesmo morto está vivo (cf. At.25:19), e que é dito expressamente que Davi não havia subido aos céus (cf. At.2:34). Fica mais do que claro que a total ausência de qualquer referência bíblica aos “chargões” de hoje em dia torna o “argumento do silêncio” válido quando deparamos com uma infinidade inumerável de passagens bíblicas que apresentam que os mortos dormem em um total contraste com a realidade imortalista. O placar arrasador é de 72 a 0. É impossível negarmos a evidência de que em absolutamente todas as ocasiões eles “esqueceram-se” de lembrar que os mortos já estavam no Céu (apesar de lembrarem setenta e duas vezes de que eles estavam dormindo).

II–O “dormir” é referência somente para o corpo? Uma “saída” que os imortalistas conseguem achar para desqualificar o termo usado pelos escritores bíblicos para com o estado dos mortos (de “sono”) é apresentarem a explicação de que tal termo é referente somente para o corpo morto que jaz na sepultura. Tal teoria, contudo, é falha por uma razão inumerável de motivos, dos quais veremos a seguir: Corpo, alma e espírito são conservados para o dia de Jesus Cristo – A partir da criação da natureza humana de Gênesis 2:7, em que vemos que: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra [corpo], e soprou em suas narinas o fôlego de vida [espírito], e o homem tornou-se uma alma vivente [alma]” (cf. Gênesis 2:7 – grifo meu). O apóstolo Paulo acentua que estes três elementos devem ser conservados irrepreensíveis até o dia de Jesus Cristo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (cf. 1Ts.5:23). Atualmente vê-se tal passagem utilizando-se da ótica dualista, como se o apóstolo estivesse colocando os três elementos como divisíveis. Contudo, por esta mesma lógica, poderíamos então presumirque Jesus queria dividir a natureza humana em quatro partes por declarar: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (cf. Mc.12:30).

Ora, sabemos que a natureza humana não é dividida entre “alma, coração, entendimento e força”, do mesmo modo que não é dividida entre corpo, alma e espírito como segmentos separados e independentes entre si. Do mesmo modo, é nos dito com relação a Josias que “nunca houve um rei como ele, que se voltasse para o Senhor de todo o coração, de toda a alma e de todas as suas forças” (cf. 2Rs.23:25). Aqui é “dividido” entre “corpo, alma e forças”. Obviamente tanto Jesus em Marcos 12:30 como Paulo em 1 Tessalonicenses 5:23 e o autor de 2 Reis estavam tão-somente denotando características do ser integral e indivisível. Quando analisamos bem o texto, vemos que o apóstolo mantém a sua visão fortemente contrária à interpretação dualista. Ele, na verdade, nos mostra que a natureza humana consiste de um todo onde o corpo, o fôlego de vida, e a alma funcionam, não como entidades separadas, mas como características da mesma pessoa. Ele mantém a sua visão bíblica de que o corpo, alma e espírito não são entidades separadas agindo interdependentemente entre si. Corpo, alma e espírito são características da mesma pessoa, e não pessoas diferentes agindo interdependentemente entre si e voltando com consciência e personalidade para Deus na morte. Maior prova disso ainda é o fato de que a necessidade para o preparo não é para o momento da morte (momento em que supostamente algum destes três partira como entidade consciente ao Céu), mas sim para o momento da “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”! A razão para isso é muito simples: é somente na segunda vinda que os mortos voltam a obter vida novamente, no momento da ressurreição, que se dá exatamente nesta ocasião (cf. 1Co.15:22,23). É, portanto, para a ressurreição (e não para a morte) o preparo, porque somente na volta gloriosa de Nosso Senhor que entraremos efetivamente no Reino – este é o momento tão esperado para o qual Paulo estava preparando o ser integral dos seus discípulos. O mais importante é o que o preparo para a ressurreição não é apenas do corpo (que seria ressuscitado), e não da alma; ao contrário, a alma (e o espírito) também estão preparadas para este momento – da ressurreição dos mortos na segunda vinda de Cristo. Paulo contradiz a interpretação popular dos dualistas de que a ressurreição é um fenômeno de exclusividade do corpo e por isso a esperança do corpo é a ressurreição. Ao contrário, a alma (como a pessoa total) e o espírito (fôlego de vida) também estão focados e centralizados para esta segunda vinda, porque é, de fato, apenas na ressurreição que o ser humano vive. Não existe vida sem a combinação de corpo, alma e espírito, porque o ser humano é um ser holista, e não dividido. Sem o espírito não existe vida; sem o corpo não existe vida; sem a alma não existe vida. O ser humano depende da conservação destes três elementos a fim de ganhar vida. Isso explica o por quê que, para Paulo, tanto corpo, como a alma e o espírito estão aguardando a ressurreição dentre os mortos (segunda vinda de Cristo), porque é este o instante em que o ser racional volta a funcionar. É neste momento que tornamo-nos novamente em “almas viventes”. Uma vez que o todo do ser humano é indivisível, segue-se que as referências não podem ser apenas ao corpo, mas evidentemente a pessoa integral como um todo.

Para que demasiada preocupação? – É totalmente inimaginável que os escritores do AT e do NT estivessem tão excessivamente dispostos a narrar tanto a descrição de um simples corpo morto ao invés de falar sobre a vida pós-morte espiritual. Com os escritores do Antigo e do Novo Testamento usando os termos relativos ao “sono”, em mais de setenta ocasiões diferentes ao longo de toda a Bíblia, e esse termo estar sendo usado em todas as ocasiões relacionado apenas e tão-somente ao corpo. Esperaríamos justamente o contrário, isto é, que fizessem descrições da vida espiritual e não de um corpo físico já decomposto que estivesse “dormindo”! Certamente que os escritores bíblicos não iriam querer se meter em tão demasiada confusão em relatar em tantas inúmeras vezes que os mortos “dormem”, algo que poderia passar uma “noção errada” aos seus leitores que julgariam que a pessoa integral realmente estivesse dormindo. Os escritores não iriam querer passa tal confusão e ainda teriam a disponibilidade de narrar a condição da alma e não somente do corpo, usando quantas palavras que quisessem para indicar que os mortos já estão bem despertos atualmente. Como bem assinalou Basil Atkinson: “Assim, os reis e outros, que morreram, são tidos por dormindo com seus pais. Se seus espíritos estivessem vivos noutro mundo poderia possivelmente ser dito de forma regular, sem qualquer pista, que a pessoa real não estava de modo algum dormindo?” REFERÊNCIAS AOS MORTOS COMO “OS QUE DORMEM”

REFERÊNCIAS AOS MORTOS COMO “OS QUE ESTÃO NO CÉU” (OU “NA GLÓRIA”)

REFERÊNCIAS AOS MORTOS COMO “OS QUE ESTÃO COM CRISTO”

SETENTA E DUAS CITAÇÕES NADA* ??????????????????? *Pelo contrário, existe uma citação de que Davi não subiu aos céus (cf. At.2:34). Logo, o correto seria marcarmos isso como “-1”, mas essa nós vamos dar como “colher de chá”. Heresia não é pregar que os mortos “dormem” (como a Bíblia se refere inúmeras vezes), mas sim pregar que Paulo e os demais foram tão ingênuos ao ponto de que em absolutamente todas as suas citações indiretas à eles referiram-se como “os que dormem” (uma péssima figura para alguém que está muito, muito acordado), e nunca “os que estão na glória” ou “os que estão com Cristo”; o que é nos dito nas igrejas cristãs da imortalidade da alma não tem qualquer respaldo bíblico e muda completamente o “vocábulo dos primeiros cristãos”! Referência a pessoa racional dormindo – No livro de Daniel, o próprio Deus chega a ele e diz: “Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias” (cf. Dn.12:13). Deus estava dizendo com indivíduo Daniel ou só com o corpo dele? “Tu, porém” é uma referência à pessoa racional de Daniel (o “verdadeiro eu” dele – a alma), e não somente ao corpo dele! “...porque descansarás”... quem descansarás? O indivíduo Daniel ou só o corpo dele? Não seria melhor então Deus corrigir a sua frase para não confundir ou enganar o Daniel e dizer: “porque o teu CORPO descansarás”... como induzem os imortalistas? Não, Deus não disse para Daniel: “teu corpo dormirá, mas você ficará comigo”! É ao próprio Daniel, a pessoa racional, a que são referidas todas essas coisas. É ao “verdadeiro eu” de Daniel a que são referidas tais palavras de que ele descansaria e só levantaria no fim dos

dias e só aí receberia a sua herança (cf. Dn.12:13). É como se eu dissesse para você: “Descanse hoje e só depois se levante para receber uma herança prometida”. Você, ao ouvir isso, imaginaria que estivesse imediatamente recebendo a sua herança ou que iria de fato “dormir” e somente depois que receberia a sua “herança”? Evidentemente, a segunda opção, a opção lógica e racional. Nenhuma pessoa com um mínimo de bom senso acharia que eu estaria falando apenas com o corpo seu, mas sim com o ser racional. Se Deus quisesse induzir a Daniel que este estaria com Ele no Paraíso imediatamente e só o corpo de Daniel que “dormiria”, Deus de modo algum diria que “descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias” (cf. Dn.12:13), deixando claro que ele como pessoa não iria encontrar-se com Deus para receber a sua herança senão quando ele se levantasse “no fim dos dias”, algo que estava longe de ser um acontecimento iminente. Por tudo isso, sendo a natureza humana holista e não dualista, é a pessoa racional que morre e a pessoa racional que ressuscita. Trata-se de indivíduos, e não de meros corpos. É a pessoa integral que morre, é a pessoa integral que perecem os pensamentos e não tem lembrança de Deus (cf. Sl.146:4; Sl.6:5). Deus não disse: “no dia em que comerdes dela, vossos corpos morrerão enquanto vossa alma sobreviverá num estado desincorporado”. Antes, as referências ao “sono” dizem respeito ao próprio ser humano como pessoa racional. Não é de se estranhar que em mais de setenta citações bíblicas que dizem respeito ao sono, nenhuma delas fala que vale só para o corpo. Paulo citou inúmeras vezes o sono como o estado dos mortos, dizendo que “os que dormem pereceram” (cf. 1Co.15:18), que “alguns já dormem” (cf. 1Co.15:11) ou que “Deus trará em sua companhia os que dormem” (cf. 1Ts.4:14). Porém, ele nunca disse que “os corpos pereceram”, ou que “alguns corpos já dormem”, ou que “Deus trará em sua companhia os corpos que dormem e não as almas”. Pelo contrário, são as almas que Deus trará em sua companhia e a referência ao “dormem” é propriamente referido a elas. Pedro diz que “os pais dormem” (cf. 2Pe.3:4) e não que “os corpos dormem”. Jesus Cristo disse que Lázaro havia adormecido, ele não disse que o seu corpo estava no sono, embora pudesse perfeitamente ter dito. Paulo também diz que “nem todos dormiremos” (cf. 1Co.15:51) e que falava “com respeito aos que dormem” (cf. 1Ts.4:13). Ele não falava de simples corpos dormindo, mas a referência é propriamente dita àqueles familiares dos Tessalonicenses que já morreram, aos quais Paulo afirma que “dormem”, referindo-se claramente ao estado em que eles se encontram. Paulo jamais pretendeu afirmar que “nem todos os corpos dormirão”. Pelo contrário, é o próprio indivíduo que se encontra em estado de sono após a morte. As referências dizem respeito ao ser racional, ao nosso “verdadeiro eu” na morte, ao ser racional pessoal que morreu e “dorme”. Ora, de acordo com a própria teologia imortalista (a alma como sede dos pensamentos), a alma é o ser racional do homem. Portanto, quando Paulo fala dos parentes e/ou amigos dos cristãos de Tessalônica (cf. 1Ts.4:13) e quando Pedro afirma que “os pais dormem” (cf. 2Pe.3:4), ou em várias outras situações, vemos claramente que a colocação é relativa ao ser racional do ser humano que “dorme”. É o ser pensante, o “verdadeiro eu”, e, portanto, a alma não fica isenta de tais menções como sede dos pensamentos e como ser racional do ser humano.

Como se tudo isso não fosse suficiente, outra passagem que mostra o repouso da alma está no Salmo 25, que assim reza: “Na prosperidade repousará a sua alma, e a sua descendência herdará a terra” (cf. Sl.25:13). A alma também “repousa”, não é só o corpo que dorme! Diante de tudo isso, é um fato incontestável que os escritores bíblicos estavam fazendo sempre referências à pessoa integral e racional na morte, uma vez que a Bíblia apresenta tantas vezes não só a morte da alma, mas como também a sua descida ao silêncio e a cova (sepultura), bem como que a alma está “repousando” (cf. Jó 33:18,22,28,30; Is.38:17; Sl.94:17; Sl.25:13). Além disso, vale a pena lembrar que não existe passagem bíblica nenhuma em que qualquer escritor bíblico dissesse que é só um corpo que dorme, e nunca qualquer deles faz qualquer questão de ressaltar que a única coisa que aparentemente dorme é o corpo e não a alma. O motivo simples para isso é que, realmente, as menções eram aos próprios indivíduos, e não a meros corpos. A alma no sono da morte – Em Apocalipse 6:9-11, vemos o simbolismo apocalíptico das almas que clamavam por vingança contra os seus inimigos em alta voz, agoniadas debaixo do altar no Céu. Essa cena é simbolismo apocalíptico daqueles mártires que deram as suas vidas pelo Evangelho e que dentro de mais algum tempo seriam devidamente vingados no momento em que se completasse o número dos conservos que deveriam morrer assim como eles (ver Parte 3.4, comentários de Apocalipse 6:9-11). Duas coisas são notáveis nesta descrição: Em primeiro lugar, é fato que aqueles mártires não haveriam de serem vingados até que se completassem o número total de mártires na história. Isso obviamente só acontecerá no fim dos tempos quando a Igreja será arrebatada. Em outras palavras, se cada assassino de um mártir fosse morrendo e entrasse imediatamente no inferno, então esses mártires já teriam a vingança de quem derramou o sangue deles (que já deveriam estar no inferno) e continuariam sendo vingados progressivamente até o fim dos tempos. Contudo, a devida paga só acontecerá quando “se completar o número dos irmãos que deveriam ser mortos como eles” (cf. Ap.6:11). Nisso vemos uma clara referência de que os ímpios não estão queimando ainda, mas entrarão todos no inferno ao mesmo tempo, no fim dos dias, assim também como os justos entrarão no Céu todos ao mesmo tempo (cf. 1Ts.4:15). O segundo fator, e ainda mais importante do que esse último, é que a frase: “descansarem mais um pouco até que se complete o número dos irmãos que deveriam ser mortos como eles” (cf. Ap.6:11). A palavra grega aqui utilizada é “anapano”, que significa exatamente “repouso; descanso”, e aqui a referência é explicitamente às próprias almas. São as próprias almas que continuam em seu repouso. A figura apocalíptica é a de que as almas que estavam dormindo e continuariam dormindo até o fim dos tempos, receberiam a devida paga quando o número dos mártires se completasse. Sendo que explicitamente é referido o “repousar- anapano” às almas, então é lógico que a alma também não está isenta do sono da morte. O “dormir” como linguagem de inatividade – Se todas as referências fizessem respeito apenas para um corpo que já virou pó, mas o ser racional, isto é, o nosso “verdadeiro eu”, a nossa alma já estivesse bem desperta, então os escritores bíblicos (especialmente os do Novo Testamento) fariam o máximo possível para utilizar o mínimo possível tal termo. Por

que isso? Simplesmente porque devemos ponderar aqui que Paulo, Pedro, etc, escreviam as cartas direcionadas às Igrejas, a maioria delas recém-formadas, algumas delas inclusive Paulo jamais esteve lá entes disso (como é o caso da epístola aos Romanos), e escreviam a pessoas novas na fé, recém-alcançadas pelo cristianismo aberto também aos gentios. Eles não tinham um formulário de doutrina totalmente completo em mãos, e a insistência de Paulo em afirmar que os mortos estavam dormindo poderia perfeitamente “enganar” uma pessoa que estivesse ouvindo o que Paulo escreveu , pensando que os mortos estivessem mesmo dormindo caso eles não estivessem. Quando alguém ouve que os mortos estão “dormindo”, irremediavelmente pensamos na pessoa racional e não na pessoa irracional que “dorme”. Admitimos que é a pessoa que morreu e a pessoa que dorme. Agora imagine que “confusão” isso traria em caso dos mortos estivessem bem acordados. Os leitores da carta, recém-convertidos, pensariam que tal estado ali descrito representava perfeitamente a inatividade e não a atividade do ser consciente na morte. Nem Paulo nem alguma pessoa iria querer passar tão tremenda confusão aos seus leitores recém-convertidos que iriam pensar mesmo que os mortos estavam dormindo! Esperaríamos o inverso, isto é, que Paulo dissesse que os mortos “estão com Cristo” ou que aos que “estão na glória”, acabando assim com toda e qualquer “confusão” generalizada. Se você frequenta uma igreja que adota a doutrina da imortalidade da alma, responda sinceramente: Quantas vezes você já ouviu o pastor da sua igreja dizendo que os mortos dormem? Eu posso responder perfeitamente a essa pergunta: NUNCA! Mas por que isso, já que tal termo é tão frequentemente utilizado na Bíblia inteira? Simplesmente porque deixaria entender que os mortos estão realmente inativos, inconscientes, como que “dormindo”! Melhor mesmo dizer que os mortos não estão de modo algum dormindo! Muito mais fácil dizer que eles já estão na glória, certo? Agora imagine naquela sociedade do primeiro século em que os gentios recém-convertidos não entediam perfeitamente a doutrina “recém-fundada” dessa nova religião chamada “cristianismo”, você diria a esses recém-convertidos que os mortos “dormem” se eles não estivessem “bem acordados”? DE JEITO NENHUM!!! Ninguém iria querer passar tão tremenda confusão aos seus leitores recém “cristianizados”. Se hoje esse termo bíblico desapareceu completamente nas igrejas que adotam a imortalidade, quanto mais naquela época! Referência ao estado na morte – As referências ao “dormir” na Bíblia não são meramente relativas a uma parte ou outra da natureza humana em que se encontra morta, mas vai muito além disso. Diz respeito ao estado daqueles que se encontram na morte. O que seria a “morte” aqui mencionada? É o período entre a morte e a ressurreição, o que os imortalistas classificam como um “estado intermediário”, é o estado em que a pessoa se encontra naquele momento. Por exemplo, o salmista afirma que “na morte... não há lembrança de ti” (cf. Sl.6:5). O que ele estava dizendo? Que naquele estado em que os mortos se encontram, “na morte”, não é possível lembrar-se de Deus. A “morte” relaciona-se ao “estado intermediário” entre o momento em que morremos e o momento em que despertaremos para a ressurreição da vida ou da condenação (cf. Jo.5:28,29). Este estado em que a pessoa se encontra que é perfeitamente caracterizado como o sono da morte, como é

claramente dito no Salmo 13:3 e depois confirmado em muitos outros versos: “Ilumina os meus olhos, para que eu não durma o sono da morte” (cf. Sl.13:3). O salmista sabia que o estado na morte não era um estado de atividade, mas de inatividade. Por isso a figura do sono para ilustrar a morte, uma perfeita ilustração do que é o estado dos mortos. Ora, se o estado na morte fosse de atividade e de consciência, esperaríamos justamente o contrário, que a figura utilizada a fim de caracterizar este estado fosse uma figura de atividade, de pessoas muito bem acordadas, e não de pessoas que dormem um sono na morte. Conclusão – A conclusão inequívoca é que os escritores bíblicos aplicaram corretamente um termo designado ao estado dos mortos, caracterizado como um “sono”, sendo uma metáfora mais do que perfeita indicando o estado inconsciente e não consciente do ser racional quando morre. Essa metáfora, empregada em mais de setenta vezes tanto no Velho como no Novo Testamento, é uma referência a pessoa integral que dorme o sono da morte, corpo e alma. O estado entre a morte e a ressurreição é claramente indicado como um estado de sono: “Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte” (cf. Sl.13:3), estado do qual eles irão despertar por ocasião da ressurreição dos mortos: “Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá” (cf. Ef.5:14). É uma conclusão inequívoca à luz de todas as provas apresentadas, que os escritores bíblicos inspirados não acreditavam que as almas estivessem conscientes em forma descorpórea em algum lugar, sendo despertadas para permanecer no Céu depois. Antes, as pessoas que morrem permanecem adormecidas até o despertar da ressurreição, como é indicado com Estevão: “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.” (cf. At.7:20, na morte de Estevão). Na morte, ele não foi levado ao Paraíso ou arrebatado ou levado para o Alto com Deus. Ele não “disse isso e foi para a glória”; pelo o contrário, Estevão entrou no sono da morte da qual nenhum dos mortos está isento, até o momento do despertar da ressurreição, que, aliás, é o assunto do próximo capítulo. O fato, contudo, é que em parte alguma da Bíblia há a referência popular dos mortos que “estão com Cristo”. Pelo o contrário, eles dormem o sono da morte (cf. 1Rs.2:20; 1Rs.11:43; 1Rs.14:20; 1Rs.14:31; 1Rs.15:8; 1Rs.15:24; 1Rs.16:6; 1Rs.16:28; 1Rs.22:40; 1Rs.22:50; 2Cr.9:31; 2Cr.12:16; 2Cr.14:1; 2Cr.16:13; 2Cr.21:1; 2Cr.26:2; 2Cr.26:23; 2Cr.27:9; 2Cr.28:27; 2Cr.32:33; 2Cr.33:20; 2Cr.36:21; Jó 14:11-12; 1Co.15:6; 1Co.15:20; 1Co.15:51; 1Ts.4:13; 1Ts.4:14; 1Ts.4:15; 1Co.11:30; 1Co.15:6; 1Co.15:18; Ef.5:14; Mt.9:24; Mc.5:39; Lc.8:52; Ef.5:14; 1Ts.4:14; Jo.11:11-14; 2Pe.3:4; At.7:20; Lc.8:52; Mc.5:39; Dn.12:13; Dn.12:12; 1Ts.4:13; 1Ts.4:14; 1Ts.4:15; At.13:36; 2Pe.3:4; Sl.13:3; Is.14:18, etc). A verdade é que “nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos” (cf. 1Coríntios 15:51). Para o cristão, o sono é uma linguagem apropriada para a morte, pois o aspecto horrendo e definitivo da morte dá lugar para a certeza da ressurreição dentre os mortos.

PARTE 5 – A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS “Pois da mesma forma como em Adão todos morreram, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, as primícias; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem” (cf. 1 Coríntios 15:22,23) A Ressurreição dos Mortos é um dos fatos mais comentados na Bíblia Sagrada, principalmente no Novo Testamento, e é, com toda a certeza, um dos ensinamentos mais lindos de toda a Bíblia. A esperança de um dia ressurgir dentre os mortos é o que move qualquer cristão a continuar na caminhada cristã focando-se sempre no autor e consumador da nossa fé, o Senhor e Salvador Jesus Cristo. No Antigo Testamento, o despertamento dos mortos por ocasião de uma ressurreição pode ser encontrado de forma mais clara no livro de Daniel: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (cf. Dn.12:2). No Novo Testamento, essa esperança é ainda mais acentuada pelo fato de que Cristo ressuscitou, como as primícias, trazendo uma alegria e segurança de que, em Cristo, todos os justos um dia hão de ressuscitar para a vida, ou os ímpios da ressurreição para a condenação (cf. Jo.5:28,29). Pois o próprio Cristo disse que “não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz, e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados” (cf. João 5:28,29). A esperança de ressurgir no último dia era a esperança que permeava todo o Novo Testamento. Esperança essa que foi praticamente anulada nos dias de hoje com a mentira de Satanás da imortalidade da alma (cf. Gn.3:4). De qualquer maneira, iremos estudar cuidadosamente os fundamentos da ressurreição dentre os mortos, que é de grande relevância para estudarmos sobre os destinos do ser humano após a morte. I–Quando acontecerá a Ressurreição dos Mortos? A Ressurreição dos Justos - Que a ressurreição dos mortos em Cristo se dará apenas e tão-somente no fim dos tempos, com a Volta Gloriosa de Nosso Salvador, isso é um fato que permeia todo o Novo Testamento, e são muitas poucas as pessoas que questionam tal fato. Paulo afirma aos Coríntios que tal só se dará ao soar da última trombeta, para só neste momento herdarmos o dom da imortalidade e da incorruptibilidade: “Eis que lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: A morte foi destruída pela vitória” (cf. 1 Coríntios 15:51.52,54)

Como é somente no soar da “última trombeta” que os mortos são ressuscitados, fica inteiramente evidente que isso não aconteceu ainda. Como se isso não fosse suficientemente claro, o apóstolo volta a afirmar na mesma epístola que se trata, realmente, da segunda vinda do Messias: “Pois da mesma forma como em Adão todos morreram, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, as primícias; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem” (cf. 1 Coríntios 15:22,23) Vemos, portanto, que a ressurreição dos justos se dará por ocasião da segunda vinda de Cristo, como o apóstolo Paulo sempre coloca como um acontecimento futuro, e não um que já tenha acontecido (ver 1Ts.4:14, Ef.5:14; Dn.12:2). Ele próprio declara que nós, os vivos, “de modo algum precederemos os que dormem” (cf. 1Ts.4:15). É por isso que os Evangelhos são tão claros em afirmarem que tal acontecimento se dará apenas no fim dos tempos, no “último dia”: “Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (cf. Jo.6:40). Essa ressurreição se dará apenas no último dia, não aconteceu ainda. Em João 6:39 Jesus também diz: “E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia” Até Marta já sabia disso, ao dizer a Cristo: “Disse-lhe Marta: Sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia”. Marta poderia perfeitamente dizer que Lázaro já havia ressuscitado. Porém, ela afirma categoricamente a sua crença de que ele só ressurgiria no último dia, e Cristo não corrige ela, pelo contrário, concorda com ela baseando-se no mesmo fundamento da ressurreição dos mortos que acontece somente no último dia. O apóstolo Paulo é ainda mais enfático contra os hereges que pregavam naquela época que já houve a ressurreição dos mortos, provavelmente confundindo as pessoas com a idéia apóstata de que os mortos já estivessem no Paraíso: “Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns” (cf. 2Timóteo 2:18). Ele afirma de maneira mais do que clara que dizer que a ressurreição já é feita é perverter a fé cristã. Isso porque a ressurreição dos justos só se dará pela solenidade da segunda vinda de Cristo, em que nós, os vivos, seremos transformados, e os mortos ressuscitados (ver 1Co.15:51,52). O fato é que “da mesma forma como em Adão todos morreram, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, as primícias; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem” (cf. 1Co.15:22,23). Perceba também como é evidente o verbo conjugado no futuro: “quando ele vier” – e não quando ele “veio” – que os mortos serão ressuscitados. Perceba também que os que ressuscitarão por ocasião da segunda vinda de Cristo são “os que lhe pertencem”. A pergunta que fica é: “Quando serão ressuscitados aqueles que não pertencem a Cristo?” O apóstolo João nos dá essa resposta, na revelação do Apocalipse, e é isso o que veremos a seguir.

A Ressurreição dos Ímpios – No Apocalipse, João, nos descreve quando se dará a ressurreição dos ímpios: “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos. E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os devorou” (cf. Apocalipse 20:4-9) Portanto, vemos que: (1) A ressurreição dos justos se dará exatamente na segunda vinda de Cristo (cf. 1Ts.4:15; 1Co.15:22,23; 1Co.15:51-54), período que antecede o milênio, um período de mil anos em que os justos habitarão sobre terra. Essa é a primeira ressurreição, a ressurreição dos justos (cf. Ap.20:4,5) (2) Acabando-se o milênio, as almas dos ímpios que estão literalmente mortas, reviverão. Ora, como pode uma alma “reviver”, sem ter passado pela morte? O fato de que as almas dos não-salvos reviverão apenas ao término do milênio prova que elas não estavam vivas em qualquer lugar, mas realmente mortas. João nos relata que eles só ressurgirão no fim do milênio em que os justos habitarão sobre a terra: “Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos” (cf. Ap.20:5). Vale lembrar que o Apocalipse é um livro altamente simbólico e, por isso, algumas frentes teológicas classificam o “milênio” como um período de tempo indefinido, como representação de algum período “x” de tempo. Pedro, por exemplo, nos diz que para Deus um “milênio” pode durar tão somente um dia apenas: “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” (cf. 2Pe.2:8). Por isso mesmo, algumas frentes teológicas classificam o “milênio” como um período simbólico, e não literal. De fato, o apóstolo Pedro não diferencia a volta de Cristo com o fim do mundo, mas diz ser no mesmo dia (cf. 2Pe.3:3-13). Não cabe aqui relativizarmos se este período é literal ou não, mas sim elucidarmos a luz da Bíblia e de todas as frentes teológicas que os ímpios também só serão ressuscitados no fim do mundo, e não antes disso. De qualquer modo, sendo o tempo do “milênio” relativo a qualquer período temporal, o fato é que os não-salvos só reviverão quando Satanás for solto da sua prisão (v.7), no fim do milênio, ajuntando os ímpios para a batalha final de Gogue e Magogue (v.8), sendo que o seu número é “como as areias do mar” (v.8), sendo em seguida todos consumidos pelo fogo que caiu do Céu (v.9). Quem participa dessa segunda ressurreição, no final do milênio (v.5), acaba na segunda morte, que é o lago de fogo (v.10). Para os judeus, a ressurreição à glória e imortalidade não aconteceria antes da ressurreição geral dos mortos no fim do mundo.

II–O que é a “Ressurreição”? De acordo com a teologia pró-imortalidade, essa ressurreição que se dá no último dia é apenas para um corpo que jaz na sepultura, enquanto as nossas almas imortais que já aguardam no Céu voltam ao corpo (glorificado) religando-se com ele para voltar novamente com Cristo no Céu. Esta teologia é totalmente estranha à luz das Escrituras, que jamais fazem menção a tal fato. Jamais é mencionado a tal religação de corpo com a alma, sendo que os apóstolos eram bem claros em dizer que a alma revive na ressurreição, tornando-se novamente uma “alma vivente”, e o corpo é ressuscitado e transformado, pela adição do espírito divino que nos garante a existência de vida. Vamos primeiramente compreender como ambas as visões, a holista e a dualista, defendem os seus pontos de vista no tocante a ressurreição dos mortos: A Ressurreição holista - De acordo com o holismo, a alma não é um segmento em separado do corpo que sobrevive após a morte, pelo contrário, o homem tornou-se uma alma vivente, podendo-se tornar alma morta, fato que acontece com a morte do corpo. A morte do corpo é a morte da alma porque o corpo é a alma visível. Em outras palavras, você é uma alma, e não tem uma. O ser humano nasce, cresce, morre e ressuscita. A morte não é a religação da alma com o corpo, muito pelo o contrário: na ressurreição, o nosso corpo ressuscita glorificado, e nos tornamo-nos novamente em almas viventes.

A Ressurreição dualista – Já o dualismo apresenta uma noção totalmente diferente sobre a realidade da ressurreição. Como Deus supostamente colocou uma alma imortal no homem, sendo que este teria “obtido” uma alma (que sempre era vivente e nunca morta), a ressurreição é na verdade a religação da alma que parte do seu corpo para o Céu ou para o inferno, que se religa ao corpo por ocasião da ressurreição e volta para a glória novamente. A ressurreição é meramente de um corpo morto, o nosso “verdadeiro eu” já está vivo em algum lugar. Caso não houvesse a ressurreição, nós ficaríamos no Céu do mesmo jeito só que em estado desincorporado. Conseqüências – Agora vamos para as conseqüências que ambos os pontos de vista levam, uma vez que ambas as visões são tão diferentes dando um sentido completamente oposto entre elas quanto à ressurreição. Em primeiro lugar, se a ressurreição é meramente de um corpo morto, mas o nosso “verdadeiro eu” já está no Paraíso, então essa ressurreição seria, antes de tudo, completamente desnecessária. A doutrina da imortalidade da alma ignora como nulo e sem sentido ressurreição e juízo finais, uma vez que tudo já estaria definitivamente definido com ambos os grupos já estando queimando ou já estando na glória paradisíaca, tornando-se assim sem sentido ser julgado para permanecer no mesmo lugar e ainda mais estranho alguém que morre hoje e já vai para o Céu em um “estado intermediário” ter que, por ocasião da volta de Cristo, retornar ao corpo para ser ressuscitado e voltar novamente para o Céu. É uma confusão que a Bíblia não sanciona e nem faz qualquer tipo de citação.

Se a pessoa ao morrer fosse para o Céu ou para o inferno, que necessidade haveria de Jesus voltar e nos ressuscitar, se já estivéssemos no Céu? Ora, é ilógico Jesus enviar nossa alma para o Céu para depois voltar para a sepultura para depois ter de ressuscitar. Como harmonizar a doutrina da ressurreição com a doutrina imortalista? Se as pessoas que morreram em Cristo já estão no Paraíso, então qual a necessidade da ressurreição? Para eles, nenhuma! Por que elas precisariam deixar o Céu e voltar para o corpo que já se decompôs, ressuscitar e novamente retornar à glória? Será que é por causa deste “dilema doutrinário", impossível de ser resolvido, que absolutamente não se vê pregação nenhuma sobre a “ressurreição do último dia” nas igrejas cristãs que acreditam na imortalidade da alma? Em segundo lugar, se o nosso “verdadeiro eu” já está na “glória”, com a ressurreição sendo apenas de um corpo morto, então uma vez que este já virou pó e se decompôs completamente, a “ressurreição” se limita a pessoas desincorporadas “ganharem” um corpo, continuando no Céu do mesmo jeito e da mesma maneira. Só isso. Pasme! E pensar que os apóstolos falavam inumeramente sobre a esperança de um dia ressuscitar dentre os mortos, sendo que essa “ressurreição” é diminuída a tal ponto que se limita tão somente a um ato de espíritos descorpóreos ganharem um corpo. Seria muito estranho que os apóstolos falassem mais de cem vezes sobre a ressurreição, sendo que esta tem uma função tão limitada. A palavra “ressurreição” e seus derivados aparecem na Bíblia centenas de vezes. Sobre a ressurreição, 52 menções, junto com 20 menções de “ressuscitará”; “ressuscitou” aparece 58 vezes nas Escrituras; “ressuscitarão” aparece 8 vezes; junto com mais de dez citações de “ressuscitar”, afora todos os seus derivados! Apesar dos números variarem de acordo com a versão bíblica utilizada, o fato é que os escritores bíblicos não cansaram de explicar detalhadamente sobre a ressurreição e a colocar como um dos focos, um dos centros do cristianismo, como mostra o autor de Hebreus: “Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno” (cf. Hb.6:1,2). Evidentemente a doutrina da ressurreição dos mortos não poderia deixar de ser relatada como um dos palcos da fé cristã, apesar de absolutamente nada de “imortalidade da alma” ou de “estado intermediário” ser mencionado! O foco era todo voltado à ressurreição de Cristo que nos antecedeu e a nossa própria ressurreição no último dia. Ora, por que as menções sobre a ressurreição dos mortos na volta de Cristo simplesmente desapareceu nas igrejas cristãs que pregam o estado consciente dos mortos? Por que ouvimos falar de tudo: sobre anjos, demônios, maldição hereditária, inferno eterno, vitória, teologia de prosperidade financeira, imortalidade da alma, os que já estão na glória, a justificação, a salvação, a libertação. . . mas sobre a ressurreição dos mortos, principal esperança dos primeiros critãos e foco da Igreja primitiva... NADA!? A razão para isso é realmente muito, muito simples: Os líderes das comunidades cristãs da imortalidade da alma andam em sua grande maioria profanando a ressurreição dos servos de Deus que Nele descansam, o sono da morte. Não vemos nenhum ensinamento tão

importante e tão grandemente mencionado como palco da fé cristã ser totalmente abandonado nos dias de hoje, senão quando a questão se refere a ressurreição dos mortos! É evidente que quanto mais a mentira da imortalidade da alma foi invadindo o cristianismo puro e sincero ao longo dos séculos, mais a ressurreição foi sendo abandonada, pois a imortalidade da alma simplesmente anula a ressurreição como nula e sem sentido, como desnecessária e inútil! Seria muitíssimo mais provável que os apóstolos focassem plenamente na “esperança da imortalidade da alma”, heresia essa que não é comentada em parte nenhuma de toda a Bíblia, mas de modo algum insistiriam tanto em um simples ato de “ganhar um corpo”! É mais do que óbvio que, sendo essa ressurreição da pessoa integral que dorme na sepultura, traz um sentido completo à realidade da ressurreição, e explica o porquê dos apóstolos falarem tanto dela e depositarem tamanha confiança de um dia ressurgirem dentre os mortos (além de explicar evidentemente o porquê da imortalidade da alma não ser mencionada em nenhuma vez). Esperar-se-ia o contrário, isto é, que os apóstolos focassem na imortalidade e não na ressurreição, como um espelho do que vemos hoje em dia nas igrejas cristãs da imortalidade. Tornar-se-ia estranha tamanha esperança de Paulo em [ganhar um corpo (?)]:“Agora, estou sendo julgado por causa da minha esperança no que Deus prometeu aos nossos antepassados. Esta é a promessa que as nossa doze tribos esperam que se cumpra, cultuando a Deus com fervor, dia e noite. É por causa dessa esperança, ó rei, que estou sendo acusado pelos judeus. Por que os senhores acham impossível que Deus ressuscite os mortos?” (cf. Atos 26:6-8). Tornar-se-ia estranho Paulo pregar a ressurreição do último dia e não a imortalidade da alma: “Quando ouviram sobre a ressurreição dos mortos, alguns deles zombaram, e outros disseram: ‘A esse respeito nós o ouviremos uma outra vez’” (cf. Atos 17:32). Tornar-se-ia estranho o autor de Hebreus escrever que pessoas aceitaram serem torturadas visando a ressurreição e não uma alma imortal que sai imediatamente do corpo: “Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição” (cf. Hb.11:35), uma vez que eles esperariam seria a entrada imediata da alma no Paraíso e a ressurreição não mudaria nada já que eles continuariam no Céu do mesmo jeito. Contudo, o foco, o objetivo, o motivo de honra pelo qual eles aceitaram passar pela tortura era para alcançar a superior ressurreição, pois é somente neste momento em que entraremos no Reino; esta (ressurreição) era o alvo, o centro, a esperança e o palco da fé cristã. Eles não esperavam que as suas almas imortais partissem para o Céu! Tornar-se-ia estranho que todos os apóstolos pregassem a ressurreição por meio de Cristo, ao invés de saírem por aí divulgando a imortalidade da alma que seria “bem mais importante”: “Eles estavam muito perturbados porque os apóstolos estavam ensinando o povo e proclamando em Jesus a ressurreição dos mortos” (cf. Atos 4:2). Tornar-se-ia estranho Paulo pregar as boas-novas a respeito de Jesus e da ressurreição, ao invés de fazer menção a imortalidade da alma: “Paulo estava pregando as boas novas a respeito de Jesus e da ressurreição” (cf. Atos 17:18). Tornar-se-ia estranho Paulo colocar a sua confiança e a sua esperança na ressurreição de um simples corpo morto, ao invés da imortalidade do nosso “verdadeiro

eu”: “Então Paulo, sabendo que alguns deles eram saduceus e os outros fariseus, bradou no Sinédrio: ‘Irmãos, sou fariseu, filho de fariseu. Estou sendo julgado por causa da minha esperança na ressurreição dos mortos’” (cf. Atos 23:6). A esperança de Paulo era focada totalmente na ressurreição dos mortos e não em uma imortalidade da alma que seria “bem mais importante”! E o apóstolo continua acentuando qual é a sua esperança: “E tenho em Deus a mesma esperança desses homens: de que haverá ressurreição tanto de justos como de injustos” (cf. Atos 24:15). Veja que essa esperança focada totalmente na ressurreição não era somente de Paulo, mas também dos outros que compartilhavam a mesma doutrina com ele. Diante de tudo isso, fica mais do que evidente que os apóstolos jamais imaginaram um dia que a ressurreição se restringiria a um ato simples de “ganhar um corpo” sendo que a nossa alma imortal já estivesse preparadíssima lá no Céu já há muito tempo como um espírito descorpóreo e continuaria no Céu do mesmo jeito. É evidente que a razão pela qual a ressurreição dos mortos era tão pregada pelos primeiros apóstolos que depositavam a confiança e a esperança totalmente nesta ressurreição, era que eles sabiam que a natureza humana era holista (cf. Gn.2:7), sendo que pessoas que morrem, pessoas que ressuscitam. Aí está o motivo de nunca depositarem confiança e esperança nenhuma em alguma suposta “alma imortal” que poderia ter sido implantada em nós como esperança, penhor e garantia de vida eterna; mas sim focando-se inteiramente à realidade de um dia deixar o estado em que dormimos o sono da morte para sermos despertados na manhã da ressurreição. Aí está a esperança dos cristãos. Aí está o fim da alma imortal. A verdade é que imortalidade da alma e ressurreição são dois opostos, e a primeira anula a segunda e torna a ressurreição algo completamente desnecessária, perdendo inteiramente a sua importância. Para que “ressurreição” se sem ela nós ficaríamos no Céu eternamente do mesmo jeito? De modo nenhum que a esperança viva dos primeiros apóstolos seria totalmente voltada à ressurreição. A doutrina da imortalidade da alma diminui completamente o sentido e o valor do que é a ressurreição dentre os mortos, tornando-a desnecessária. Até mesmo no antigo Credo Apostólico, a imortalidade da alma é completamente rejeitada. Em concordância com a Bíblia Sagrada, ele diz “Creio na ressurreição do corpo” e não “creio na imortalidade da alma”. A imortalidade da alma, novamente, não é nem ao menos mencionada. O mesmo acontece ao longo de toda Escritura. REFERÊNCIAS DIRETAS A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

REFERÊNCIAS REFERENTES A “IMORTALIDADE DA ALMA”

CENTO E DEZESSEIS MENÇÕES AO TERMO NADA. NINGUÉM LEMBROU DA “IMORTALIDADE DA ALMA”

Poderíamos resumir o argumento da seguinte maneira: (1) Se os mortos já estivessem vivos, a ressurreição nada mais faria do que acrescentar um corpo, mas sem ela os mortos viveriam eternamente do mesmo jeito; logo, tal ressurreição seria desnecessária. (2) Sendo desnecessária, esperaríamos que os apóstolos não focassem tanto nela, mas sim naquilo que é realmente necessário: a “imortalidade da alma”.

(3) Contudo, o que vemos é exatamente o inverso disso: a imortalidade da alma não aparece como esperança viva dos primeiros cristãos e a ressurreição é o foco, palco, centro e pilar da esperança deles. (4) Portanto, crer na doutrina da imortalidade da alma é uma gritante falta de bom senso e de lógica a luz dos fatos. (5) Confirmação ainda maior da última premissa é o fato da ressurreição ter desaparecido dos cultos de hoje e a imortalidade entrado de cabeça no cristianismo e em todos os cultos. (6) Por que não era assim com os primeiros cristãos? Evidentemente porque eles rejeitavam a doutrina da imortalidade da alma, e, portanto, a ressurreição dos mortos era a única esperança deles. III–A Ressurreição é a religação da alma com o corpo? A Bíblia nos deixa mais do que claro, sem pista alguma, que a ressurreição se dá para a pessoa inteiramente e não se trata de “religação” alguma. O apóstolo Paulo escreve um capítulo inteiro sobre isso, o maior capítulo das epístolas de Paulo é dedicado inteiramente a doutrina da ressurreição, que se encontra em 1 Coríntios 15, e não vemos absolutamente nenhuma menção de religação da alma com o corpo, e nem sequer vemos a menção da palavra “alma”! Isso seria um absurdo se Paulo fosse um dualista da concepção de religação de corpo e alma pela solenidade da ressurreição. Ao contrário, vemos o apóstolo Paulo deixando evidente o seu verdadeiro ensinamento quanto à doutrina da ressurreição dos mortos: 1 Coríntios 15:18 – “Os que dormiram em Cristo pereceram” – No capítulo em que Paulo trata da ressurreição, ele deixa claro que se a ressurreição não fosse um fato, então “os que dormiram em Cristo já pereceram” (v.18), sendo que a palavra usada por Paulo foi apolonto, uma variante de apollumi, que designa “destruir completamente”, de acordo com a Concordância de Strong, sendo “perecer” o sentido correto na aplicação desta passagem (ver Parte 3.4, comentários de 1 Coríntios 15). Como assinala o Dr. Samuelle Bacchiocchi, “Paulo dificilmente teria podido dizer que os santos adormecidos teriam perecido sem a garantia da ressurreição de Cristo se cresse que suas almas eram imortais e já estavam a desfrutar das bênçãos paradisíacas. Se Paulo cresse assim, ele provavelmente teria dito que sem a ressurreição de Cristo as almas dos santos adormecidos permaneceriam desincorporadas por toda a eternidade. Todavia, Paulo não faz tal alusão quanto a essa possibilidade” [“Immortality or Resurrection?”]. Paulo mostra com clareza a sua convicção de que se não fosse pelo “fator ressurreição”, a pregação do evangelho seria “vã”, sendo que os que já dormiram no Senhor não estariam desfrutando de vida, mas mortos no pó da terra. 1 Coríntios 15:19 – “Se a nossa esperança se limita apenas a esta vida, somos de todos os homens os mais infelizes do mundo” – Na sequência, logo no verso seguinte, o apóstolo

acentua que a nossa esperança se limitaria apenas a esta vida caso a alegação absurda dos Coríntios no cap.15 fosse verdadeira. A esperança se limitaria apenas a esta presente vida pelo fato de que não existe uma “alma imortal” que sobe para o Céu aguardando ansiosamente a hora de se religar com o seu corpo morto. A ressurreição é para a pessoa racional. Por isso, se ela não existe, a nossa esperança seria de vida apenas nesta vida. Morreríamos e acabaria tudo porque não existiria a ressurreição na volta de Cristo. 1 Coríntios 15:30 – “Por que estamos nós também a toda a hora em perigo?” – Novamente, o apóstolo acentua a dura realidade que, não fosse pela ressurreição do último dia, só existiria essa presente vida (e não uma vida póstuma em forma de “espírito descorpóreo”!). Por isso, se a ressurreição dos mortos não existe, então Paulo se queixa do por que dele estar em perigo a toda a hora. A lógica é simples: isso não teria motivo algum caso não houvesse a ressurreição, porque não existiria uma vida após a morte. Por isso, Paulo estaria correndo perigo a toa em nome do Evangelho. 1 Coríntios 15:32 –“ Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos.” – A lógica permanece a mesma: Se os mortos não ressuscitam (e essa ressurreição é somente na segunda vinda de Cristo), então Paulo lutou com feras em Éfeso a toa. Ponderamos: Seria a toa caso Paulo estivesse em uma vida póstuma no Paraíso do mesmo jeito, só que sem corpo? É claro que não! Nisso fica claro que não existiria uma vida póstuma. Seria mesmo o “morreu e acabou”. Paulo nos mostra que não existiria vida após a morte, senão na ressurreição. Por isso mesmo, a dica de Paulo caso não existisse a ressurreição seria passar a vida hedonisticamente, “comendo e bebendo, para que amanhã morramos” (v.32). Tudo isso faz com que qualquer pessoa com um mínimo de bom senso abandone completamente a mentira de Satanás da imortalidade da alma. Felizmente, Paulo apresenta sim notícias de boas novas, mas obviamente não é a da religação da alma com o corpo, mas do glorioso dia em que “assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.” (v.22,23) IV–A Recompensa é no momento da Morte ou somente na Ressurreição? A teologia imortalista prega que nós recebemos a nossa recompensa no momento da morte, pois é o momento em que partimos dali para o Céu. Só o fato de estar no Céu já é uma grande de uma recompensa! Entrar pelas portas do Céu é certamente aquele momento glorioso em que todos os cristãos verdadeiros esperam, aguardando ansiosamente a chegada deste momento, pois é a hora em que seremos recompensados por tudo aquilo que passamos nesta presente vida. A Bíblia nos deixa um claro ensinamento de quando é que isso acontecerá, e concorda com tudo aquilo que já vimos até aqui. Algumas dessas partes já vimos anteriormente, mas vale a pena revisarmos um pouco para passarmos um pleno entendimento de quando é que nós receberemos a nossa merecida recompensa e a consequente entrada no Paraíso: Apocalipse 22:12 - “Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (cf. Ap.22:12). Aqui fica mais do que claro que

a retribuição a cada um será quando Cristo vier, sem demora, e com ele estará o galardão. Os salvos não recebem o galardão antes disso e muito menos são retribuídos de acordo com as suas obras porque tal feito só se dará quando Jesus voltar para retribuir a cada um. Mateus 16:27 - “Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos e então retribuirá a cada um conforme as suas obras” (cf. Mt.16:27). Novamente aqui é retomado o fato de que a retribuição a cada um se dará por ocasião da vinda do Filho do Homem na glória de seu Pai, fato que se concretizará pela solenidade da Volta Gloriosa de Cristo. Até lá, os mortos permanecem ser terem a devida retribuição por suas obras, algo que seria um absurdo caso já estivessem todos no Céu. Mateus 25:31-34 - “Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa ao pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (cf. Mt.25:31-34). Os justos só recebem a herança do Reino de Deus quando “o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos”, ou seja, na segunda vinda de Cristo, que é o momento da ressurreição dos mortos (cf. 1Co.15:22,23). 1 Coríntios 4:5 - “Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até que o Senhor venha. Ele trará à luz o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos corações. Nessa ocasião, cada um receberá de Deus o seu louvor” (cf. 1Co.4:5). O momento em que receberemos o louvor de Deus é quando o Senhor vier. Este é o momento da ressurreição dos mortos em Cristo, e é neste momento em que receberemos a aprovação de Deus, e não no momento das mortes de cada um. 2 Pedro 5:4 - “Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória” (cf. 1Pe.5:4). De acordo com Pedro, a imarcescível coroa da glória só estará disponível aos crentes por ocasião do segundo advento de Cristo, quando o Supremo Pastor (Jesus Cristo) se manifestar. Este é o momento da ressurreição dos mortos, e não da nossa morte. Se Pedro cresse que fôssemos para o Céu logo ao morrermos, então teria dito que seria este o momento em que receberíamos a imarcescível coroa da glória, a entrada no Paraíso celestial. 2 Timóteo 4:6-8 – “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (cf. 2Tm.4:6-8). Aqui fica mais do que claro que a coroa da justiça que Paulo esperava receber só estaria disponível a ele “naquele dia”, o dia da vinda de Cristo (v.8), e até este momento ela lhe está “guardada” (v.7). Daniel 12:13 - “Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias” (cf. Dn.12:13). Daniel só iria entrar na sua herança “no fim dos dias”, e até este momento ele estaria descansando, só levantando neste momento final para finalmente entrar na sua herança prometida.

Lucas 14:14 – “Feliz será você, porque estes não têm como retribuir. A sua recompensa virá na ressurreição dos justos” (cf. Lc.14:14). Mais uma vez, a clareza da linguagem de que receberia a recompensa não quando as suas “almas imortais” deixassem o corpo entrando direto na glória desfrutando das bênçãos paradisíacas que todas as pessoas almejam, mas sim “na ressurreição dos justos”. A recompensa pelo nosso trabalho na terra, não vem com a morte ou com um estado intermediário das almas, mas com a ressurreição dos mortos. Raciocinando... – Seria por demais coincidência que sempre quando a Bíblia apresenta as devidas recompensas, coroas, heranças e entradas no Reino, esteja em todas as vezes relacionando-se com o momento da segunda vinda de Cristo, que “COINCIDENTEMENTE” é o momento da ressurreição dos mortos (ver 1Co.15:22,23; 1Ts.4:15; 1Co.15:51-54). É só aí que nós receberemos a coroa da justiça. É só aí que nós receberemos a incorruptível coroa da glória. É só aí que nós receberemos o louvor de Deus. É só aí que nós receberemos a nossa recompensa. É só ai que nós entraremos na nossa herança. É só aí que nós nos alegraremos exultando. É só aí que nós entraremos no Reino. Ora, se existisse uma alma imortal presa dentro do corpo, liberta por ocasião da morte, então nós já receberíamos a nossa herança no Paraíso, nós já receberíamos a recompensa, nós já teríamos entrado no Reino, nós já teríamos recebido o louvor de Deus, nós já iríamos nos exultar muito, nós já teríamos a incorruptível coroa da glória (que, obviamente, representa a entrada na Glória), e nós já teríamos recebido a coroa da justiça (Deus não “esconderia” ela de nós durante milênios!). Provavelmente, os melhores argumentos favoráveis à imortalidade da alma talvez sejam as “divinas revelações” do inferno de Mary Baxter ou então as “revelações” do inferno do diário da santa Faustina. Se por um lado as “experiências pessoas” sempre atestam para a existência deste tal “estado intermediário”, a luz da Sagrada Escritura a imortalidade da alma não passa de uma lenda. V–Morte – o maior inimigo O que é a “morte”? – A morte (período entre o falecimento e a ressurreição) é classificada pelos dualistas como um estado de bem-aventuranças no Céu (para os salvos), período de regozijo e exultação; de graça e de louvores. Outros acreditam também que haja intercessões e orações na morte; com direto a lembrança de seus antepassados e em plena consciência. Isso tudo é claramente negado pela Escrituras pelo simples fato de que ignora o que significa a “morte”. Ora, se tal período fosse de tamanha exultação, então seria uma amiga, que nos ajudaria a levar para o Céu. Contudo, a morte, em primeiro lugar, é descrita como um inimigo: “Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser aniquilado é a morte” (cf. 1Co.15:25,26). É claramente indicada como um inimigo. A morte não é a nossa amiga que nos leva imediatamente para o Céu, mas sim o poder destruidor que prende o ser integral sem vida, jazendo a sepultura. Por isso, ela é descrita como uma feroz adversária, que tem que ser tragada pelo milagre da ressurreição: “Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a

morte na vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (cf. 1Co.15:54,55). Em segundo lugar, a morte tem que ser tragada. Ora, só se “traga” (i.e, vencer, destruir, aniquilar) alguma coisa, se essa coisa é ruim; se é uma inimiga. Tendo em vista tais fatos, crer na imortalidade da alma em um estado de alegria e exultação na morte não é somente tornar a morte inócua, como também tirar do mal o seu agulhão – e antes da ressureição! Como perspicazmente considera Emil Brunner: “Daí, uma vez que essa forma de retirar do mal o seu aguilhão corre necessariamente paralelo com deixar a morte inócua mediante o ensino a respeito da imortalidade, esta solução ao problema da morte revela-se em irreconciliável oposição com o pensamento cristão” [“Eternal Hope”] E, realmente, é completamente irreconciliável. A imortalidade da alma anuncia bravamente a morte como uma maravilha; aliás, é exatamente essa a base do dualismo platônico. Na Bíblia, contudo, ela é descrita como um adversário assustador, um inimigo a ser destruído, tragado, aniquilado. Este inimigo ainda possui os seus “aguilhões”, que só lhe serão retirados por ocasião da ressurreição (cf. 1Co.15:54,55). Em quarto lugar, a morte é descrita como um estado de sono, e não de atividade: “Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte” (cf. Sl.13:3). A mesma linguagem é referida por Jesus em João 11:11 e por Jó em 14:12. Nunca a morte é descrita como um estado de atividade: “Os louvores da morte”; ou “a atividade na morte” são linguagens inteiramente estranhas à Bíblia. Em quinto lugar, este estado é descrito como sem consciência: “Pois na morte não há lembrança de ti; no Seol quem te louvará?” (cf. Sl.6:5). Se não há lembrança nem sequer do Ser Criador do universo, quanto mais de qualquer outra coisa! Alguém ainda poderia objetar alegando que Paulo achava que a morte era incomparavelmente melhor para ele (cf. Fp.1:23). Esta vontade, contudo, não decorre do fato dele subsistir desencorporado na morte, mas sim exatamente para passar dela e alcançar a ressurreição. Embora a morte seja um inimigo cruel e um estado que tem que ser tragado, ela é a única maneira de alcançarmos a vitória em seguida, na ressurreição. É por isso que Paulo diz que na cidade celestial não se encontraria despido (cf. 2Co.5:3), e não queria morrer para ser despido [sem corpo],mas sim revestido na sequencia (cf. 2Co.5:4), fato este que concretiza-se na ressurreição, quando o mortal será absorvido pela vida (cf. 2Co.5:4). Vemos, portanto, que assumir a posição de imortalidade da alma significa negligenciar a morte como um inimigo, ignorar a não-consciência na morte e retirar dela os seus “aguilhões” antes do tempo. VI–O que acontece na Ressurreição? Vimos até aqui que a ressurreição não significa religação nenhuma com almas imortais, e que antes da ressurreição não existe vida, sendo que a ressurreição é para a pessoa integral. Como podemos compreender exatamente essa ressurreição? É sobre isso que veremos agora, a fim de finalizar o tema contagiante da ressurreição dos mortos. Primeiramente, vamos aos vários nomes que são dados a ela:

Ressurreição – A palavra mais usada para o momento em que os mortos sairão de seus túmulos para herdarem a vida ou a condenação é propriamente a palavra “Ressurreição”, que é a mais usada pelos escritores bíblicos, apesar de não ser a única. De acordo com o dicionário, lemos que a definição de “Ressurreição” é: “Ressurreição em latim (resurrectione), grego (a�ná�sta�sis). Significa literalmente "levantar; erguer". Esta palavra é largamente utlizada com frequência nas Escrituras bíblicas, referindo à ressurreição dos mortos. O seu significado literal é voltar à vida, assim o ato de devolver uma pessoa considerada morta era chamada ressurreição.” Como vemos, o significado literal de “Ressurreição” é exatamente o de “voltar à vida”. Os mortos que aguardam a ressurreição não estão vivos em algum lugar, pois se assim o fosse eles não “voltariam à vida” se já estivessem vivos. Essa é a palavra mais usada, apesar de não ser a única. Veremos adiante mais palavras usadas pelos escritores bíblicos acerca do que acontece com os mortos no último dia. Despertamento – Essa palavra é usada em pelo menos duas vezes na Bíblia Sagrada a fim de definir o acontecimento da saída dos santos da sepultura onde se encontram caminhando para o Paraíso a partir da ressurreição dos mortos e não antes disso (cf. Jo.5:28,29). Uma delas se encontra no livro de Daniel: “E muitos dos que dormem no pó da terra despertarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (cf. Dn.12:2). E a segunda na epístola de Paulo aos Efésios: “Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá” (cf. Ef.5:14). De acordo com o dicionário, “Despertar” significa: “Estar acordado é um estado metabólico que é marcado por processos catabólicos e que sejam caracterizados pela consciência, o oposto de sono, um processo anabólico. A comunicação, o andar, e a ingestão são conduzidos normalmente quando acordado, embora seja sabido também acontecerem durante o sono.” A Bíblia usa corretamente o termo “Despertar” porque nos oferece um sentido completo do que acontece com os mortos no momento da ressurreição. Ninguém que já está no Céu é “despertado” para continuar no Céu, ao contrário, os que dormem o sono da morte é que são “despertados” por ocasião da ressurreição, tendo assim uma correta aplicação. Veremos a seguir mais algumas palavras usadas na Escrituras. Reviver – Essa palavra encontra-se no Apocalipse quando João descreve que “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos” (cf. Ap.20:5). De acordo com o dicionário, a definição de “Reviver” é: “Voltar à vida, renascer, revigorar-se, renovar-se: revivem, por vezes, as plantas murchas.” Novamente, só “revive” quem está literalmente morto. Já vimos também que antes da ressurreição não existe vida (cf. 1Co.15:18,19,30) o que explica o uso contínuo de tais termos. Veremos mais adiante mais algumas palavras usadas na Bíblia para a ressurreição. Ressurgir – Em todas as ocasiões em que ocorreu ressurreição no Antigo Testamento de pessoas que morreram e voltaram para esta vida, a palavra aplicada no original é

exatamente “ressurgir”. Em nenhuma vez os que “ressurgiram” estavam vivos, obviamente estavam todos mortos. Na conversa de Jesus Cristo com Marta, Cristo a consolou com a esperança de que Lázaro ressurgiria um dia, e Marta confirmou essa esperança reafirmando que tal só se daria no último dia: “Respondeu-lhe Jesus: Teu irmão há de ressurgir. Disse-lhe Marta: Sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia” (cf. Jo.11:23,24). De acordo com o dicionário, “Ressurgir” significa: “Surgir de novo; ressuscitar, reviver, renascer: a fênix ressurge de suas próprias cinzas.” Perceba também que um de seus significados primários é “renascer”. Renascer é ter uma nova vida, uma criação nova do Deus Todo-Poderoso no dia da ressurreição, com corpos glorificados e dotados de imortalidade. Veremos adiante mais algumas palavras empregadas. Vivificar – Essa outra palavra foi usada, por exemplo, pelo apóstolo Paulo na primeira carta as Coríntios: “assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda” (cf. 1Co.15:22,23). Vivificar é exatamente o ato de tornar a pessoa viva novamente. De acordo com o dicionário, significa: “Dar vida a; fazer existir” Todos estes termos usados pelos escritores bíblicos são perfeitamente relacionados com uma Nova Criação de Deus com a realidade da ressurreição dos mortos. É sobre isso que fala Isaías 65. No capítulo, é relatada uma “Nova Criação”, com Novos Céus e Nova Terra (cf. Is.65:17), e com crianças que “morrerão com cem anos” (cf. Is.65:20). É evidente que Isaías não está falando literalmente que pessoas “novas” habitarão na terra e muito menos que tenha morte no período eterno. Antes, é uma metáfora para a Nova Criação de Deus, quando as mesmas pessoas que morreram nesta vida são recriadas em uma Nova Criação a partir do momento em que são vivificadas, para viverem eternamente. À vista de tudo isso, devemos concluir que, a partir da criação do homem relatada em Gênesis 2:7, o que ocorreu foi que “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra [corpo], e soprou em suas narinas o fôlego de vida [espírito], e o homem tornou-se uma alma vivente [alma]” (Gênesis 2:7 – grifo meu). Com a morte, o espírito [o princípio de vida] volta para Deus (cf. Ec.12:7), e quem era “alma vivente” torna-se “alma morta” (cf. Núm. 31:19; 35:15,30; Jos. 20:3, 9; Gên. 37:21; Deut. 19:6, 11; Jer. 40:14, 15; Juí. 16:30; Núm 23:10; Ez.18:4; Ez.18:20; Juí. 16:30; Núm. 23:10; Eze. 22:25, 27). O que acontece na Ressurreição? Simplesmente, Deus sopra novamente em nós o fôlego de vida [espírito], como relatado figurativamente em Ezequiel, no vale dos ossos secos: “Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor” (cf. Ezequiel 37:5,6). Ou seja, o espírito de Deus que é soprado da parte dele em nós pela duração de nossa existência terrestre, volta para ele mesmo e, na ressurreição, ele novamente sopra o espírito dele em nós, ressuscitando-nos em corpos glorificados, como relatado em 1 Coríntios 15:42-44:

“Assim será com a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é perecível e ressuscita imperecível; é semeado em desonra e ressuscita em glória; é semeado em fraqueza e ressuscita em poder; é semeado um corpo natural e ressuscita um corpo espiritual” (cf. 1 Coríntios 15:42-44) E, desde modo, nós que éramos almas mortas tornamo-nos novamente em almas viventes, como relatado em Apocalipse 20:4. “Então vi uns tronos; e aos que se assentaram sobre eles foi dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na fronte nem nas mãos; e reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos” (cf. Apocalipse 20:4) Veja que aqui é nos dito que as almas dos que foram degolados por causa do testemunho de Jesus reviveram. Se elas “reviveram”, é porque estavam mortas. Sendo que o “reviver” aqui está claramente relacionado às almas (e não somente ao corpo que passa pela ressurreição), segue-se logicamente que, para as almas reviverem, certamente antes deste acontecimento elas estavam mortas mesmo. A posição de que é somente o corpo que revive nega inteiramente que em Apocalipse 20:4,5 o “reviver” é clarissimamente relacionado às alma-psiquê, e não aos corpos-soma. Na verdade, corpo-soma nem sequer é mencionado neste contexto. A realidade bíblica nos mostra com clareza indiscutível que o corpo ressuscita e, assim, a alma [que era morta] revive. O momento em que as almas mortas revivem não vem senão depois da ressurreição no fim do mundo! Vemos, portanto, que esse é o ideal da ressurreição: Na ressurreição, Deus sopra novamente em nós o fôlego da vida [espírito], ressuscitando um corpo [glorificado] e assim tornamo-nos novamente em almas viventes. Este é o ideal da ressurreição, que não tem parte nenhuma com religações de corpos com almas ou com espíritos descorpóreos que já estivessem habitando no Céu em um “estado intermediário” e tivessem que “despertar” para retornar novamente ao corpo, ser ressuscitado e passar finalmente pelo juízo para continuar no Céu. O espírito que nos é soprado não é nós mesmos em um estado desencarnado, mas sim o espírito do próprio Deus que nos é soprado novamente (cf. Ez.37:5,6; Ez.37:12-14; Ap.11:11), e as almas não estavam vivas antes da ressurreição, mas realmente mortas e, por isso, faz-se necessário que eles revivam nesta ocasião (cf. Ap.20:4). Algo semelhante ocorre com as duas testemunhas de Deus no tempo do Apocalipse: “Mas, depois dos três dias e meio, entrou neles um sopro de vida da parte de Deus, e eles ficaram de pé, e um grande terror tomou conta daqueles que os viram” (cf. Ap.11:11). Veja que não é nos dito que as suas “almas” se “religaram” com os seus corpos e nem que eles próprios retornaram ao estado encarnado; ao contrário, é nos referido o sopro de Deus (que originalmente foi soprado nas narinas de Adão – cf. Gn.2:7) sendo soprado da parte Dele naqueles corpos a fim de ganharem vida novamente. Este é o ideal da ressurreição.

NA CRIAÇÃO HUMANA

NA MORTE NA RESSURREIÇÃO

- Deus sopra o fôlego da vida no homem (cf. Gn.2:7)

- O sopro de Deus se vai (cf. Ec.12:7)

- Deus sopra novamente em nós o fôlego da vida (cf. Ez.37:5,6; Ez.37:12-14; Ap.11:11)

- Este torna-se uma alma vivente (cf. Gn.2:7)

- O homem torna-se alma morta (cf. Lv.19:28; 21:1, 11; 22:4; Nm.5:2; 6:6,11; 9:6, 7, 10; 19:11, 13; Ag.2:13)

- A alma revive (cf. Ap.20:4)

Conclusão – A doutrina bíblica da imortalidade diverge completamente da esperança bíblica da ressurreição. De que valeria uma ressurreição final a fim de conceder salvação ou condenação, uma vez que os justos já estariam desfrutando as bem-aventuranças celestiais e os infiéis já estariam queimando inferno? Em outras palavras, todos os casos já teriam sido decididos e não haveria necessidade de ressurreição e juízo finais. Além de passar os conceitos e as palavras utilizadas, os seus tempos e o que acontece no momento da ressurreição, é importante também compreendermos o momento em que a morte é vencida. “Pois assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda” (cf. 1Co.15:22,23). A compreensão deste texto vai muito além daquilo que geralmente observamos e classificamos como simplesmente “ressurreição”. A morte reinou em Adão (cf. Rm.5:14), e continuará reinando até o momento da ressurreição (cf. 1Co.15:54) sobre todos os que morrem. A morte obtém domínio total sobre Adão porque ele desobedeceu a palavra de Deus de que no dia em que comesse da árvore certamente morreria – o processo de morte teria início (Heb. “Morrendo, morrerás”). Quando é que esse processo de morte será revertido? Logo quando morremos pois somos “imortais”? Não, mas sim quando seremos vivificados em Cristo – na Sua Vinda! Preste bem atenção a esta palavra: vivificados. O processo de morte iniciado em Adão, tendo ela legitimidade sobre todas as pessoas por meio da mentira de que “certamente não morrerás” (cf. Gn.3:4), será revertido em Cristo Jesus, nosso Senhor, por ocasião de sua segunda vinda. O império da morte seria tragado, e todos aqueles que se encontram literalmente mortos, presos sob a morte (cf. Sl.6:5; Sl.13:3), seriam vivificados em Cristo. A morte que teve domínio sobre Adão e sua descendência só será revertida em Cristo na Sua Volta. Não antes disso. Cristo com sua morte “libertou aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte” (cf. Hb.2:15), porque a sua ressurreição foi penhor e garantia da nossa própria superior ressurreição (1Co.15), de modo que hoje vivemos na esperança da ressurreição (Hb.11:35), sem mais o medo da morte, pois sabemos que “aquele que ressuscitou a Cristo também nos ressuscitará” (cf. 2Co.4:4), “para, de alguma forma, alcançarmos a ressurreição dentre os mortos” (cf. Fp.3:11).

Porque “o primeiro homem, Adão, se fez alma vivente. O segundo homem, porém, é espírito vivificante” (cf. 1Co.15:45). Se nós fossemos imortais, então também deveríamos ser chamados espíritos viventes como o último Adão, que sabemos que isto se refere a Cristo. Mas não fomos chamados assim porque somos almas viventes, que, ao morrer, tornam-se almas mortas. Quem compreende isso entenderá o porquê de Paulo ter dito que, “se não há ressurreição, então comamos e bebamos, para que amanhã morramos” (cf. 1Co.15:32). É evidente que na teologia paulina a vida era somente a partir da ressurreição. Se ela não existisse, então a dica dele seria viver a vida hedonisticamente e amanhã morrer. Por quê? Porque seria o fim total da existência humana. Para os dualistas, caso não houvesse a ressurreição, nós ficaríamos no Céu do mesmo jeito só que em estado desincorporado. Paulo claramente não compartilhava da mesma opinião porque afirma que se ela não existe então ele lutou com feras a toa (v.32), também ele estaria se expondo toda hora a perigos sem motivos (v.30), então a nossa esperança se limitaria apenas a esta presente vida (v.19), e por fim caso os mortos não ressuscitam então os que dormiram [morreram] em Cristo já pereceram-apolonto, pois não existiria nada depois da morte. A vitória sobre a morte vem em função da ressurreição, e não de uma alma imortal sendo libertada da prisão do corpo e vencendo a morte; a nossa própria vitória se dará por ocasião da ressurreição, “quando o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória” (cf. 1Co.15:54). Nenhuma palavra, nem um “piu” de “grito de vitória” antes da ressurreição! VIDA TERRENA ESTADO INTERMEDIÁRIO

[PRIMEIRA MORTE] RESSURREIÇÃO PARA A VIDA ETERNA OU PARA A CONDENAÇÃO [SEGUNDA MORTE]

A vida em que passamos “debaixo do sol”

Não é um estado de bem-aventuranças e alegria, mas sim algo que tem que ser tragado e vencido (cf. 1Co.15:54) em função da ressurreição. Como bem colocou Oscar Cullmann em Imortalidade

da Alma ou Ressurreição dos

Mortos: “Quem não entendeu o horror da morte não pode se unir a Paulo no hino da vitória: ‘Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão? – Tragada foi a morte pela vitória’! (1 Coríntios 15:54)”

A morte é tragada e os santos exultam de alegria (cf. 1Co.15:54)

Pelos escritos do Novo Testamento, podemos afirmar categoricamente a crença deles de que: NUMERAÇÃ DECLARAÇÕES RELATIVAS AO BASE BÍBLIA

O ESTADO DOS MORTOS NEOTESTAMENTÁRIA 1 Os mortos só entram na vida ou na

condenação a partir da ressurreição dentre os mortos

João 5:28,29

2 Os vivos não precederão os que dormem para a entrada no Reino

1 Tessalonicenses 4:15

3 A entrada no Paraíso se dará por ocasião da “colheita” no fim do mundo

Mateus 13:39; 28-30

4 Até a ceifa (que acontece no fim do mundo) justos e ímpios partilham o mesmo lugar

Mateus 13:28-30

5 Somente na consumação dos séculos haverá a separação entre os justos e os ímpios

Mateus 13:47-50

6 A entrada no Reino é por ocasião da revelação do Filho do Homem

Mateus 25:31-34

7 Só entraremos nas nossas moradas quando Cristo voltar para nos levar onde ele está

João 14:2,3

8 Davi não subiu aos céus Atos 2:34 9 Davi está morto na sepultura Atos 2:29 10 Os mortos só alcançam a misericórdia

da parte do Senhor no dia da Sua Vinda

2 Timóteo 1:16-18

11 Os heróis da fé não obtiveram ainda a concretização da promessa

Hebreus 11:39,40

12 Os heróis da fé só obtém a concretização da promessa junto conosco

Hebreus 11:39,40

13 A salvação do espírito é no Dia do Senhor

1 Coríntios 5:5

14 Se não há ressurreição de mortos, então os que dormiram em Cristo já pereceram

1 Coríntios 15:18

15 Se não há ressurreição de mortos, então a nossa esperança se limitaria apenas a esta vida

1 Coríntios 15:19

16 Se não há ressurreição de mortos, então Paulo esteve exposto a perigos a toa

1 Coríntios 15:30

17 Se não há ressurreição de mortos, então o melhor a fazer seria viver hedonisticamente a vida, “comer e beber, que amanhã morreremos”

1 Coríntios 15:32

18 Os mortos só serão vivificados na segunda vinda de Cristo

1 Coríntios 15:22,23

19 A única esperança para os que hoje dormem é a ressurreição

1 Tessalonicenses 4:13-15

20 Nós somos os únicos vivos 1 Tessalonicenses 4:16,17

21 A imortalidade tem que ser buscada Romanos 2:7 22 A imortalidade só é alcançada por

aqueles que “perseveram em fazer o bem”

Romanos 2:7

23 A imortalidade é um dom de Deus Romanos 6:23 24 A imortalidade é uma herança Lucas 18:18 25 A imortalidade é por meio do

evangelho 2 Timóteo 1:10

26 O único que possui a imortalidade é Deus

1 Timóteo 6:16

27 O homem é um ser mortal e não imortal

Romanos 1:23; 1 Timóteo 6:16

28 A imortalidade só é alcançada a partir da ressurreição dentre os mortos

1 Coríntios 15:51-54

29 A imortalidade tem que ser revestida (na ressurreição)

1 Coríntios 15:53

30 O reencontro entre Paulo e os Coríntios é somente na ressurreição

2 Coríntios 4:14

31 O momento em que Paulo irá orgulhar-se deles é somente na ressurreição

2 Coríntios 1:14

32 O momento em que receberemos o louvor de Deus é na ressurreição

1 Coríntios 4:5

33 A morte só é vencida na ressurreição 1 Coríntios 15:54,55 34 A morte é igualada a um estado de

sono Jó 14:12

35 A alma morre Tiago 5:20 36 A alma é exterminada Atos 3:23 37 A alma é destruída Mateus 10:28 38 A alma dos mortos é vivificada na

ressurreição Apocalipse 20:4

39 Existe um só juízo e ele é somente na segunda vinda de Cristo

Hebreus 9:27; 2 Timóteo 4:1

40 O motivo pelo qual os mártires aceitaram a tortura foi visando uma superior ressurreição

Hebreus 11:35

41 A exultação e regojizo é somente por ocasião da volta de Cristo

1 Pedro 4:12,13

42 A imarcescível coroa da glória só estará disponível aos salvos por ocasião da segunda vinda de Cristo

1 Pedro 5:1-4

43 A ressurreição é somente na segunda vinda de Cristo

1 Tessalonicenses 4:13-15; 2 Timóteo 2:18; 1 Coríntios 15:22,23

44 O assassino não tem uma vida eterna permanente em si

1 João 3:15

45 Paulo só receberia a coroa da justiça na ressurreição

2 Timóteo 4:6-8

46 Depois da morte vem o juízo e não o Céu ou o inferno

Hebreus 9:27

47 A vida é somente em Cristo e não há vida fora dele

1 João 5:12

48 Apenas aquele que come do pão da vida viverá eternamente em algum lugar

João 6:51

49 Existem 72 referências ao estado de sono na morte mas nenhuma de que estão acordados

Nenhuma referência

50 Não existe nenhuma passagem bíblica neotestamentária em um contexto que não seja parabólico ou simbólico que mostre que os justos já estão na glória

Nenhuma referência

51 Nós só seremos recompensados na ressurreição dos mortos

Mateus 16:27; Apocalipse 22:12; Lucas 14:14

52 Não existe passagem bíblica nenhuma que mostre religação de corpo com alma na ressurreição

Nenhuma referência

53 A punição dos ímpios é algo futuro e não algo presente

2 Pedro 2:9; 2 Pedro 2:6; 2 Tessalonicenses 27-10; Lucas 3:17

54 A condenação dos ímpios é somente no último dia

João 12:48

55 Os ímpios só sofrerão a punição na manifestação do Senhor Jesus Cristo

2 Tessalonicenses 27-10

56 A imortalidade está ligada unicamente à ressurreição de Jesus e a nossa própria ressurreição

1 Coríntios 15; 1 Coríntios 15:57

57 Nós só entraremos no Paraíso se estivermos constituídos de um corpo

2 Coríntios 5:13

58 O mortal só é absorvido pela vida na ressurreição dentre os mortos

1 Coríntios 15:51-54

59 Deus é único possuidor de imortalidade incondicional

1 Timóteo 6:16

60 Todos os heróis da fé morreram e não receberam a promessa

Hebreus 11:13

61 A herança e a salvação só é recebida na revelação de Cristo no último tempo

1 Pedro 1:5

62 A graça e a esperança é dada no momento da ressurreição/segunda vinda de Cristo

1 Pedro 1:13

63 Deus ainda não julgou os que morreram

1 Pedro 4:5; 2 Timóteo 4:1

64 Jesus teve que apresentar muitas provas para mostrar que, mesmo morto, ainda vive

Atos 1:3

65 O apóstolo Paulo teve que insistir na presença dos reis Agripa e Festo para tentar provar que Jesus Cristo, mesmo

Atos 19:25

morto, estava vivo 66 Os filhos não foram revelados na glória

ainda Romanos 8:19

67 A nossa adoção como filhos é somente na ressurreição

Romanos 8:23

68 Nossas obras só serão reveladas no dia do Juízo (também somente neste momento que recebemos a recompensa ou a condenação)

1 Coríntios 3:13-17

69 O primeiro homem é do pó da terra 1 Coríntios 15:47 70 Assentaremos nos lugares celestiais

em função da ressurreição Efésios 2:6

71 O orgulho de Paulo em ver que não correu inutilmente é no dia de Cristo (momento da ressurreição)

Filipenses 2:16

72 A nossa cidadania nos céus irá se concretizar quando Cristo transformar nossos corpos humilhados semelhantes ao seu corpo glorioso (ou seja, na ressurreição)

Filipenses 3:20,21

73 O momento em que seremos manifestados em glória é quando ele [Cristo] se manifestar

Colossenses 3:4

74 O momento em que Paulo irá orgulhar-se e regozijar-se de seu trabalho é na segunda vinda de Cristo

1 Tessalonicenses 2:19

75 Na lista de seres no Céu, Paulo não inclui espíritos humanos (inclui apenas Deus e os anjos eleitos)

1 Timóteo 5:21

76 Contrasta-se “homens mortais” com aquele vive [atualmente] – Cristo

Hebreus 7:8

77 É possível perder a alma- psiquê por causa de Cristo

Mateus 10:39

78 Apenas na consumação do mundo que os justos brilharão como o sol no Reino de Deus

Mateus 13:43, 30, 39, 40, 49

79 Os apóstolos só tomam os seus assentos no Paraíso para julgar as doze tribos de Israel “na regeneração de todas as coisas”

Mateus 19:28

80 Os servos fiéis só entram no gozo do Senhor quando o dono do vinha [representação de Cristo] voltar, “depois de muito tempo”

Mateus 25:19-21, 23

81 Também é somente nesta ocasião [da segunda vinda de Cristo] que o servo infiel é condenado

Mateus 25:30

82 A separação entre justos e ímpios ocorre na revelação do Filho do homem

Mateus 25:31

83 O momento em que o Filho do homem irá se envergonhar dos pecadores é quando ele vier na glória de seu Pai com todos os santos anjos

Marcos 8:38

84 Após a morte do corpo, o que sucede é a destruição da alma no geena (segunda morte, o estado final) e não a algum “estado intermediário”

Lucas 12:4,5

85 Até uma estátua de pedra recebe espírito-pneuma para dar animação ao corpo

Apocalipse 13:15

86 Mesmo após entregar o espírito ao Pai, Jesus não havia retornado a ele depois de três dias morto

João 20:17

87 O destino final dos ímpios não é uma imortalidade mediante a posse de uma alma eterna, mas sim o extermínio, destruição completa, fim de existência e tornar-se-ão em cinzas

Marcos 12:5-9; Atos 3:23; 2 Pedro 3:7; 2 Pedro 2:6

88 O fogo do Juízo há de devorar, consumir completamente os rebeldes

Hebreus 10:26,27

89 Em contraste com a vida eterna que só os justos desfrutam (através da ressurreição), os ímpios serão destruídos repentinamente

Gálatas 6:8; 2 Pedro 2:1; Tiago 4:12; Apocalipse 20:9; 1 Coríntios 3:16,17

90 Jesus usou várias e inúmeras analogias que retratam a destruição completa dos ímpios, e não a permanência eterna de vida

Mateus 13:30,40, 48; Lucas 13:2, 3, 7; Lucas 20:16; 13:4, 5; Lucas 17:27; Mateus 15:13; 24:51; Lucas 17:27, 29; 19:14,27

91 Os ímpios pagarão no inferno-geena

de acordo com as suas obras, e não “para sempre”

Apocalipse 22:12; Romanos 2:

92 A punição pode ser de muitos ou de poucos açoites

Lucas 12:48,49

93 Os ímpios não ficarão no inferno-geena para sempre, mas sim até pagar o último centavo

Lucas 12:59

94 Fogo eterno, na Bíblia Sagrada, não é porque o fogo não apaga nunca, mas sim pelas conseqüências irreversíveis da destruição completa

Isaías 34:9,10; Jeremias 17:27; Ezequiel 20:47,48; Judas 7

95 Quem crê em Cristo, ainda que morra, viverá – no futuro

João 11:25

96 Os que partirem desta vida serão “filhos da ressurreição”

Lucas 20:36

97 Nós nos tornaremos semelhantes aos anjos quando “os mortos ressuscitarem”

Marcos 12:25

98 O momento em que os mortos serão lembrados por Cristo é quando ele vier em Seu Reino visível

Lucas 23:42

99 Mesmo tendo entregue o espírito ao Pai na morte, a alma de Cristo passou os três dias em que esteve morto no Sheol, que fica nas regiões inferiores desta terra, e não no Paraíso

Atos 2:27; Efésios 4:9; Mateus 11:23; Mateus 12:40

100 É anti-lógico os salvos terem que comer da árvore da vida na ressurreição para viverem eternamente caso já possuíssem uma alma imortal

Apocalipse 22:2

101 A alma também descansa Apocalipse 6:11 102 Almas mortas são vivificadas na

ressurreição Apocalipse 20:4

103 Para onde Cristo partiria, os seus discípulos não poderiam ir, nem mesmo se dessem a própria vida para isso

João 7:33,34; 13:37

104 Nem Lázaro e nem qualquer das outras sete pessoas que foram levantadas dentre os mortos tiveram qualquer experiência de vida fora do corpo para compartilhar

1 Reis 17:17-24; 2 Reis 4:25-37; Lucas 7:11-15; 8:41-56; Atos 9:36-41; 20:9-11

105 É anti-lógico crer que os mortos que já estão queimando no inferno serão ressuscitados, voltarão para os seus corpos, serão julgados, e voltarão do mesmo jeito para o inferno a fim de continuar queimando infinitamente

Nenhuma referência

106 A doutrina da imortalidade da alma ignora como nulo e sem sentido ressurreição e juízo finais, uma vez que tudo já estaria definitivamente definido com ambos os grupos já estando queimando ou já estando na glória paradisíaca

Nenhuma referência

107 É anti-lógico crer que Cristo tirou Lázaro do conforto celestial para trazê-lo a este mundo que jaz no maligno, ou tê-lo dado uma segunda oportunidade de salvação retirando-o do inferno

João 11:17-27

108 A única fonte de consolação de Cristo às irmãs do falecido é baseada na ressurreição do último dia, e não em alguma bem-aventurança atual

João 11:23,24

109 O ser racional de Lázaro estava na sepultura, e não no Céu ou no inferno

João 11:43

110 A doutrina que Paulo pregava ia Atos 17:32

frontalmente contra a doutrina da imortalidade da alma pregada pelos gregos

111 O foco da Igreja Primitiva era completamente voltado à ressurreição dos mortos, assunto que praticamente foi extinto nas Igrejas cristãs da imortalidade da alma

Atos 16:6-8; Hebreus 11:35; Atos 4:2; 17:18; Atos 23:6; 24:15

112 Ninguém que já está muito bem acordado no Céu precisa ser “despertado” para continuar no Céu do mesmo jeito

Efésios 5:14

113 O processo de morte que iniciou-se em Adão só será revertido em Cristo na Sua segunda Vinda

Gênesis 2:17 com 1 Coríntios 15:22,23

114 É anti-lógico Cristo fazer a promessa de uma vida eterna caso já possuíssemos uma alma imortal

1 João 2:25

115 Quem diz que a ressurreição já aconteceu perverte a fé cristã

2 Timóteo 2:18

116 O homem com a morte não vai para o Céu

João 7:33,34

117 A morte não é descrita como um estado de bem-aventurança e/ou prêmios, mas sim como um inimigo que tem que ser aniquilado

1 Coríntios 15:26

118 Só o que vence adquire a imortalidade (na ressurreição)

Apocalipse 2:7, 11

119 A esperança viva dos cristãos é a da “herança” reservada no Céu, e que será desfrutada pelos filhos de Deus, não quando morrem e suas almas vão para o céu, mas sim “no último tempo... na revelação de Jesus Cristo”

1 Pedro 1:3-7

120 Os pecadores estão “reservados” para o castigo final, intitulado “negrume das trevas”, para o dia do Juízo, ou seja, não estão queimando ainda

2 Pedro 2:12-17

121 Os heróis da fé ainda buscam uma pátria [celestial]

Hebreus 11:13-16

Este é um pequeno resumo do que poderíamos passar aqui de maneira muito mais ampliada. De qualquer maneira, o que fica mais do que claro aqui é que não existe contradição entre Novo e Velho Testamento; um confirma o outro e não o contradiz: ambos levantam a bandeira contra a imortalidade da alma. É muito curioso também o fato de que a única pessoa que Paulo relate que já tenha entrado na glória celestial seja Cristo: “Não há dúvida de que é grande o mistério da piedade: Deus foi manifestado em corpo, justificado no Espírito, visto pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo, recebido na glória” (cf. 1Tm.3:16).

O autor de Hebreus também faz menção a Enoque (cf. Hb.11:15), e, pela aparição no monte, fica claro que Moisés e Elias também estavam vivos (um foi ressuscitado – cf. Jd.9 – o outro foi arrebatado vivo – cf. 2Rs.2;11). Ninguém mais, absolutamente ninguém, é relatado pelos apóstolos ou pelos demais escritores bíblicos como já partilhando das bênçãos paradisíacas ou já estejando na glória, no Reino. Todas as passagens utilizadas pelos defensores da falsa doutrina da imortalidade da alma foram refutadas ao longo de todo este estudo, e provamos que, de fato, nenhuma delas serve como qualquer apoio a esta doutrina. Pelo contrário, quando fazem uso de meios de parábolas e simbolismos vemos como é completa a falta de passagens bíblicas, que, quando colocadas no seu devido contexto, constituem-se em provas contra a própria imortalidade da alma, e não a favor dela. Há certas lendas que quasem tornam-se realidade; outras, porém, são tão gritantemente negadas que não é a toa que um livro tão grande – como é a Bíblia – possa armezenar tão grande arsenal (do início ao fim; do Gênesis ao Apocalipse) de centenas de fatos e milhares de versículos que condenam tal doutrina que, de fato, nenhum erudito bíblico sincero que leia a Bíblia sem o véu espiritual e com parcialidade daria qualquer crédito. PARTE 6 – A DOUTRINA DO INFERNO E DOS ACONTECIMENTOS FINAIS I-Introdução ao Capítulo Até aqui, nós nos reservamos mais a focar no estado intermediário do ser humano entre a morte e a ressurreição, que, como vimos, apresenta um estado de inconsciência que a Bíblia caracteriza como um “sono”, daqueles que estão no pó da terra aguardando a ressurreição dentre os mortos, quando serão vivificados para entrarem no Reino ou para serem condenados. A partir de agora, porém, nos reservaremos a comentar o que a Bíblia nos diz a respeito dos acontecimentos finais, sobre suas durações e sobre os acontecimentos. Veremos resumidamente o que pregam ambos os grupos: Holismo – Os justos ressuscitam com corpos incorruptíveis, e tomam parte na árvore da vida reservada aos salvos no Paraíso (cf. Ap.22:2,14; Ap.2:7), vivendo assim eternamente. Os ímpios também ressuscitam; porém, sem corpos incorruptíveis como os justos (cf. Gl.6:8; Fp.3:20,21; 1Co.15:35-55). Pagam no inferno-geena de acordo com as suas obras (cf. c.12:47,48; Lc.12:58,59; Mt.18:32-35; Ap.22:12; 2Tm.4:14; Rm.2:6; Mt.16:27) e por fim são completamente eliminados (cf. Pv.10:25 - Sl.37:22 - Sl.37:9 - 2Pe.2:6 - Sl.37:10 - Sl.37:38 - Sl.34:21 - Sl.37:20 - Rm.6:23 - Sl.62:3 - Sl.94:23 - Sl.104:35 - Sl.145:20 - Pv.22:23 - Pv.1:29 - Is.5:23,24 - Is.11:4 - Ob.1:16 - Ml.4:1 - Ml.4:3 - Lc.17:27-29 - Rm.8:13 - 1Ts.5:3 - Tg.1:15 - Ap.20:9 - 2Pe.2:6). A punição é eterna pelos resultados, e não pelo processo. Dualismo – As almas dos justos se religam ao corpo ressurreto e vivem eternamente no Céu; as almas imortais dos ímpios que estavam queimando no inferno religam-se com seus corpos, ressuscitam, são julgados, e voltam a queimar novamente durante toda a eternidade. Os justos têm uma vida eterna no Céu e os pecadores têm uma vida eterna no

inferno com o diabo. A destruição dos ímpios é eterna em processo bem como a sua punição infinita. O nosso próximo passo, a partir de agora, é descobrir qual é a visão bíblica acerca das sortes finais de justos e ímpios depois do Juízo final. PARTE 6.1 – INFERNO: TORMENTO ETERNO OU DE ACORDO COM AS OBRAS? II–Conceitos errôneos sobre o Inferno Tendo em vista que, como vimos, os ímpios não se encontram atualmente no inferno, então este é um lugar que está para ser inaugurado. A palavra “inferno” não se encontra nos manuscritos originais, mas é uma tradução posterior em lugar de palavras gregas e hebraicas que, muitas vezes, não significam nenhum lugar de tormento com fogo. Algumas dessas palavras são: Sheol/Hades – Sheol (no hebraico) e Hades (transliterado grego) não era um lugar de tormento, mas era puramente sepultura na concepção hebraica bíblica. Abraão foi enterrar o seu filho do Sheol (cf. Gn.37:35). Os ossos vão para o Sheol (e não “espíritos” – ver Salmo 141:7). O Salmo 49:14 nos deixa claro que até as ovelhas descem para o Sheol na morte! O Sheol é um local de escuridão, e não de fogo que remete à luminosidade (cf. Sl.88:10-12; Jó 10:20,21; Lm.3:6). O Sheol é um lugar de silêncio, e não de gritaria do inferno (cf. Sl.94:17; Sl.115:17). Não são “espíritos incorpóreos” que descem ao Sheol na morte, mas sim a própria pessoa com sangue (cf. 1Rs.2:9). É lugar de descanso e de repouso, e não de dor ou de tormento (cf. Jó 3:11,13,17). No Sheol, não existe atividade e nem conhecimento ou sabedoria nenhuma (cf. Ec.9:10). Os que lá estão não louvam a Deus (cf. Sl.6:5), e nem sequer tem lembrança dele (cf. Sl.6:5)! No Sheol não se escutam gritos (cf. Jó 3:18). O Sheol é um local de almas mortas (cf. Núm. 31:19; 35:15,30; Jos. 20:3, 9; Gên. 37:21; Deut. 19:6, 11; Jer. 40:14, 15; Juí. 16:30; Núm 23:10), em estado de total silêncio (cf. Salmos 115:17; Salmos 94:17), e em plena inconsciência (cf. Sl.146:4; Sl.6:5; Ec.9:5,6; Ec.9:10). Nunca Sheol é identificado como um local de tormento e jamais é mencionado o elemento “fogo” nele, senão em contexto parabólico como metaforização. Por tudo isso, o Sheol nada mais é do que a figura da sepultura. É por isso que Jó iguala o Sheol com o pó da terra: “Descerá ela às portas do Sheol? Desceremos juntos ao pó?” (cf. Jó 17:16). O único lar para o qual Jó esperava ir era a sepultura (ver Jó 17:13). Tártarus – Este lugar é mencionado em apenas uma única vez em toda a Bíblia, e não é para seres humanos, mas para anjos caídos. A Bíblia afirma que o diabo não está preso em algum lugar ou sofrendo atualmente, mas está solto “nos ares” (cf. Jo.1:7; Jo.2:2; Ef.6:12). Se o diabo estivesse no inferno se divertindo a custa das outras pessoas que lá estão, isso seria um prêmio para ele. Contudo, a Bíblia afirma que Satanás e seus anjos só serão lá lançados após a milênio (cf. Ap.20:10).

A referência a Tártarus se encontra unicamente em 2Pedro 2:4, que assim reza: “Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno [Tártarus], e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo” (cf. 2Pe.2:4). Sendo que a Bíblia afirma categoricamente que o diabo não está preso, mas solto, então a referência de 2Pedro deve-se mais provavelmente dizer respeito aos “filhos de Deus”, que poderia possivelmente tratar-se de anjos, que cometeram o pecado de Gênesis 6:1-4. O “Tártarus”, na visão grega, dizia respeita a condição rebaixada dos Titãs após serem derrotados pelos deuses olímpicos. Na referência feita por Pedro vemos que aqueles anjos caídos foram “tartarizados” a fim de aguardar um juízo futuro em meio a completa escuridão, o que uma provável referência ao fato deles estarem destituídos da antiga luz que possuíam antes da Queda, sendo assim uma referência ao estado caído em que eles se encontram. De qualquer modo, vemos que o Tártaro não se refere a um lugar onde seres humanos pudessem estar vivos ou mortos, mas sim a anjos caídos. Geena – A vista de tudo isso, o que seria então o “inferno” bíblico? O geena. E esse lugar de tormento ainda está para ser inaugurado, sendo esse sim o lugar onde contém fogo, o elemento típico do inferno [de acordo com a teologia popular]. Este sim é o “lago de fogo”, mas que será inaugurado apenas após o milênio (ver Apocalipse 20). Em todas as citações de Cristo sobre o lugar do choro e ranger de dentes, a referência era ao geena, e não a algum outro lugar (cf. Mt.8:12; 13:42; 13:50; 22:13; 24:51; 25:30). Quando Cristo usa “inferno”, no original é “geena” e se refere não a um inferno existente, mas ao lago de fogo que existirá depois do milênio (cf. Ap.20). Se o inferno fosse algum outro lugar senão o geena, então a referência a choro e ranger de dentes seria ampliado a este outro lugar também. Contudo, sempre quando vemos Cristo mencionar o local de tormento para onde serão lançados os ímpios, ao local de choro e ranger de dentes, a referência é ao geena. Isso também nos ajuda a compreender que o verdadeiro inferno ainda está para ser inaugurado, sendo que subsistirá aqui na terra (cf. Ap.20:7-10), antes dela ser restaurada e dar lugar a “novos céus e nova terra” (cf. Ap.20:1), “e o mar já não existe” [nem o lago de fogo] (cf. Ap.21:1). O que era o geena? – Geena era o nome dado ao Vale de Hinon, que se localizava ao sul de Jerusalém. Era um verdadeiro “lixão público”, local onde se deixavam os resíduos, bem como toda a sorte de cadáveres de animais e malfeitores, e imundícies de todas as espécies, recolhidas da cidade. Neste local, era aceso um “fogo que nunca se apagava”, pelo fato de que estava constantemente aceso, tendo em vista que suportava todos os tipos de lixo e carniça que eram ali despejados. Os dejetos que não eram rapidamente consumidos pela ação do fogo, eram consumidos pela devastação dos vermes que ali se achavam – um cenário muito típico de um verdadeiro lixão público – que devoravam as entranhas dos cadáveres dos impenitentes que lá eram lançados, em um espetáculo realmente aterrador. Por isso mesmo, o fogo não podia ser apagado, para a preservação da saúde do povo que viva naquelas redondezas. Este quadro histórico do “Vale de Hinon” ou “Geena”, também é o quadro espiritual do fim dos pecadores que, de acordo com a Bíblia, seriam ali lançados. Este é exatamente o quadro relatado por Isaías, no último capítulo de seu livro:

“E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne” (cf. Isaías 66:24) Exatamente o mesmo cenário histórico é retratado por Isaías como o cenário do juízo final. Isaías não contemplava “almas” ou “espíritos” entre as chamas, mas sim cadáveres. Não existe vida eterna no geena. O geena era um local de impurezas, e no Reino de Deus “não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (cf. Ap.21:27). Aquilo que era de impureza era lançado no geena para ser completamente consumido e devorado pelo fogo e pelos vermes; o mesmo cenário da sorte final dos pecadores! “Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira” (cf. Ap.22:15). É evidente que tal quadro será completamente transformado por Deus para dar lugar aos “Novos céus e Nova terra”, prometidos por Deus tanto em Isaías como no Apocalipse (cf. Is.66:22; Ap.21:1). Nesta nova ordem não existe geena e nem algo que seja repugnante, mas “Deus é tudo em todos” (cf. 1Co.15:28), e “eis que faço novas todas as coisas!” (cf. Ap.21:5) “Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou” (cf. Apocalipse 21:4) III–O Repertório Bíblico de Aniquilamento A Bíblia, do início ao fim, cansa de caracterizar o aniquilamento final dos ímpios, cujo destino é a destruição completa. São mais de 152 passagens designando tal fato, as quais selecionei apenas algumas, para depois passar por um estudo sobre o destino final dos ímpios em contraste com o dos justos, tanto no Novo como no Antigo Testamento. NO ANTIGO TESTAMENTO “No dia em que te manifestares farás deles uma fornalha ardente. Na sua ira o Senhor os devorará, um fogo os consumirá” (cf. Sl.21:9) “Passada a tempestade o ímpio já não existe, mas o justo permanece firme para sempre”(cf.Pv.10:25) “Aqueles que o Senhor abençoa receberão a terra por herança, mas os que ele amaldiçoa serão eliminados” (cf. Sl.37:22) “Pois os maus serão exterminados, mas os que esperam no Senhor receberão a terra por herança”(cf.Sl.37:9) “Um pouco de tempo, e os ímpios não mais existirão, por mais que você os procure, não serão encontrados” (cf. Sl.37:10)

“Mas todos os rebeldes serão destruídos, futuro para os ímpios nunca haverá” (cf. Sl.37:38) “A desgraça matará os ímpios, os que odeiam os justos serão condenados” (cf. Sl.34:21) “Mas os ímpios perecerão, os inimigos do Senhor murcharão como a beleza dos campos, desvanecerão como a fumaça” (cf. Sl.37:20) “Até quando maquinareis o mal contra um homem? Sereis mortos todos vós, sereis como uma parede encurvada e uma sebe prestes a cair” (cf. Sl.62:3) “E trará sobre eles a sua própria iniquidade; e os destruirá na sua própria malícia; o Senhor nosso Deus os destruirá.” (cf. Sl.94:23) “Sejam os pecadores da terra eliminados e deixem de existir os ímpios” (cf. Sl.104:35) “O Senhor guarda a todos os que o amam; mas todos os ímpios serão destruídos” (cf. Sl.145:20) “Mas àqueles que o desprezam, retribuirá com destruição; ele não demora em retribuir àqueles que o desprezam” (cf. Dt.7:10) “Porque o Senhor defenderá a sua causa em juízo, e aos que os roubam ele lhes tirará a vida” (cf. Pv.22:23) “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio” (cf. Pv.1:29) “Dos que justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça! Por isso, como a língua de fogo consome a palha, e o restolho se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos, e desprezaram a palavra do Santo de Israel” (cf. Is.5:23,24) “Mas julgará com justiça aos pobres, e repreenderá com eqüidade aos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará ao ímpio” (cf. Is.11:4) “Porque, como vós bebestes no meu santo monte, assim beberão também de contínuo todos os gentios; beberão, e sorverão, e serão como se nunca tivessem existido” (cf. Ob.1:16) “Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo” (cf. Ml.4:1) “E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que estou preparando, diz o Senhor dos Exércitos” (cf. Ml.4:3)

“Aqueles que se opõem ao Senhor serão despedaçados. Ele trovejará do céu contra eles; o Senhor julgará até os confins da terra. Ele dará poder a seu rei e exaltará a força do seu ungido” (cf. 1Sm.2:10) “Todas as trevas são reservadas paro os seus tesouros; um fogo não assoprado o consumirá, e devorará o que ficar na sua tenda. As rendas de sua casa ir-se-ão; no dia da ira de Deus todas se derramarão. Esta, da parte de Deus, é a porção do ímpio; esta é a herança que Deus lhe reserva” (cf. Jó 20:26-29) “Pelo sopro de Deus são destruídos, pelo vento de sua ira eles perecem” (cf. Jó 4:9) “Não é o caso dos ímpios! São como a palha que o vento leva. Por isso não resistirão no julgamento, nem os pecadores na comunidade dos justos. Pois o Senhor aprova o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios leva a destruição!” (cf. Sl.1:4-6) “Voltem os ímpios ao pó, todas as nações que se esquecem de Deus!” (cf. Sl.9:17) “Mas os ímpios perecerão; os inimigos do Senhor murcharão como a beleza dos campos; desvanecerão como fumaça” (cf. Sl.37:20) “Os ímpios serão varridos antes que as suas panelas sintam o calor da lenha, esteja ela verdade ou seca. Os justos se alegrarão quando forem vingados, quando banharem os seus pés no sangue dos ímpios. Então os homens comentarão: De fato os justos têm a sua recompensa, de fato há um Deus justo na terra” (cf. Sl.58:9-11) “Que tu dissipes assim como o vento leva a fumaça, como a cera derrete na presença do fogo, assim pereçam os ímpios na presença de Deus” (cf. Sl.68:2) “Até que entrei no santuário de Deus, e então compreendi o destino dos ímpios. Certamente os põe em terreno escorregadio e os fazes cair na ruína. Como são destruídos de repente, completamente tomados de pavor! São como um sonho que se vai quando acordamos, quando te levantares, Senhor, tu os farás desaparecer” (cf. Sl.73:17-20) “Os ímpios que te abandonam sem dúvida perecerão; tu destróis todos os infiéis” (cf. Sl.73:27) “O insensato não entende, o tolo não vê que, embora os ímpios brotem como a erva e floresçam todos os malfeitores, eles serão destruídos para sempre” (cf. Sl.92:6,7) “Deus fará cair sobre eles os seus crimes, e os destruirá por causa dos seus pecados; o Senhor, nosso Deus, os destruirá!” (cf. Sl.94:23) “Sejam os pecadores eliminados da terra e deixem de existir os ímpios” (Sl.104:35) “Pois o resgate de uma vida não tem preço. Não há pagamento que o livre para que viva para sempre e não sofra decomposição” (cf. Sl.49:8,9) “O Senhor cuida de todos os que o amam, mas a todos os ímpios destruirá” (cf. Sl.145:20)

“Quem obedece aos mandamentos preserva a sua vida, mas quem despreza os seus caminhos morrerá” (cf. Pv.19:16) “Pois não há futuro para o mau, e a lâmpada dos ímpios se apagará” (cf. Pv.24:20) “Tema ao Senhor e o rei, meu filho, e não se associe aos dissidentes, pois terão repentina destruição, e quem pode imaginar a ruína que o Senhor e o rei podem causar?” (cf. Pv.24:21,22) “Mas os ímpios serão eliminados da terra, e dela os infiéis serão arrancados” (cf. Pv.2:22) “Quem permanece na justiça viverá, mas quem sai em busca do mal corre para a morte” (cf. Pv.11:19) “Há uma severa lição para quem abandona o seu caminho; quem despreza a repreensão morrerá” (cf. Pv.15:10) “Sião será redimida com justiça, com retidão aos que se arrependerem. Mas os rebeldes e os pecadores serão destruídos, e os que abandonam ao Senhor perecerão” (cf. Is.1:28) “Por isso, assim como a palha é consumida pelo fogo e o restolho é devorado pelas chamas, assim também as suas raízes apodrecerão, e as suas flores, como o pó, serão levadas pelo vento: pois rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos, desprezaram a palavra do Santo de Israel” (cf. Is.5:24) “O opressor há de ter fim, a destruição se acabará e o agressor desaparecerá da terra. Então, o amor será firmado em trono; em fidelidade um homem se assentará nele a tenda de Davi, um juiz que busca a justiça e se apressa em defender o que é justo” (cf. Is.16:4,5) “Erguida está a tua mão, mas eles não a vêem! Que vejam o teu zelo para com o teu povo, e se envergonhem; que o fogo reservado para os teus adversários os consuma” (cf. Is.26:11) “Mas os seus muitos inimigos se tornarão como o pó fino, as hordas cruéis, como palha levada pelo vento. Repentinamente, num instante, o Senhor dos Exércitos virá com trovões e terremoto e estrondoso ruído, como tempestade e furacão e chamas de um fogo devorador” (cf. Is.29:5,6) “Naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e não mais em trevas e escuridão, os olhos dos cegos tornarão a ver. Mais uma vez os humildes se alegrarão no Senhor, os necessitados exultarão no Santo de Israel. Será o fim do cruel, o zombador desaparecerá e todos os de olhos inclinados para o mal serão eliminados” (cf. Is.29:18-20) “Ai de você, destruidor, que ainda não foi destruído! Ai de você, traidor, que não foi traído! Quando você acabar de destruir, será destruído” (cf. Is.33:1) “Todos os que o odeiam certamente serão humilhados e constrangidos; aqueles que se opõe a você serão como o nada e perecerão. Ainda que você procure os seus inimigos, você não os encontrará. Os que guerreiam contra você serão reduzidos a nada” (cf. Is.41:11,12)

“Sem dúvida eles são como restolho; o fogo os consumirá” (cf. Is.47:14) “Vocês deixarão seu nome como uma maldição para os meus escolhidos; o Soberano, o Senhor, matará vocês, mas aos seus servos dará outro nome” (cf. Is.65:15) “Pois como o fogo e a espada o Senhor executará julgamento sobre todos os homens, e muitos serão os mortos pela mão do Senhor” (cf. Is.66:16) “Os que se consagram para entrar nos jardins indo atrás do sacerdote que está no meio, comem carne de porco, ratos e outras coisas repugnantes, todos eles perecerão, declara o Senhor” (cf. Is.66:17) “Tu, porém, me conheces, Senhor; tu me vês e provas a minha atitude para contigo. Arranca os ímpios como as ovelhas destinadas ao matadouro! Reserva-os para o dia da matança!” (cf. Je.12:3) “Mas, se um ímpio se desviar de todos os pecados que cometeu e obedecer a todos os meus decretos e fizer o que é justo e é direito, com certeza viverá, não morrerá” (cf. Ez.18:21) “Teria eu algum prazer na morte do ímpio? Palavra do Soberano, o Senhor. Ao contrário, acaso não me agrada vê-lo desviar-se dos seus caminhos e viver? Se, porém, um justo se desviar de sua justiça, e cometer pecados e as mesmas práticas detestáveis dos ímpios, ele deverá viver? Nenhum de seus atos de justiça será lembrado! Por causa de sua infidelidade de que é culpado e por causa dos pecados que ele cometeu, ele morrerá” (cf. Ez.18:23,24) “Se um justo desviar-se de sua justiça e cometer pecado, ele morrerá por causa disso, por causa do pecado que ele cometeu ele morrerá. Mas, se um ímpio se desviar de sua maldade e fizer o que é justo e direito, ele salvará a sua vida. Por considerar todas as ofensas que cometeu e se desviar delas, ele com certeza viverá, não morrerá” (cf. Ez.18:16,28) “Por isso serão como a neblina da manhã, como o orvalho que bem cedo evapora, como a palha que num redemoinho vai-se de uma eira, como a fumaça que sai pela chaminé” (cf. Os.13:3) “Embora estejam entrelaçados como espinhos e encharcados de bebida como bêbados, serão consumidos como a palha mais seca” (cf. Naum 1:10) “Nem a sua prata nem o seu ouro poderão livrá-los no dia do Senhor. No fogo do seu zelo o mundo inteiro será consumido, pois ele dará fim repentino a todos os que vivem na terra” (cf. Sf. 1:18) NO NOVO TESTAMENTO “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (cf. Jo.3:16)

“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo” (cf. Mt.10:28) “Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos.” (cf. Lc.17:27-29) “Faltava-lhe ainda um para enviar: seu filho amado. Por fim o enviou, dizendo: A meu filho respeitarão. Mas os lavradores disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e a herança será nossa’. Assim eles o agarraram, o mataram e o lançaram para fora da vinha. O que fará então o dono da vinha? Virá e exterminará aqueles lavradores e dará a vinha a outros” (cf. Mc.12:5-9) “Ele, porém, lhes disse: Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (cf. Lc.13:2,3) “Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (cf. Lc.13:4,5) “Mas os seus concidadãos o odiavam e enviaram após ele uma embaixada, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós. Quanto, porém, a esses meus inimigos, que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e executai-os na minha presença” (cf. Lc.19:14,27) “Jesus olhou fixamente para eles e perguntou: Então, qual é o significado do que está escrito? ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular’. Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó” (cf. Lc.20:17,18) “Aquele que cair sobre esta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó” (Mt.21:44) “Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens” (cf. Mt.5:13) “Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne” (cf. Jo.6:47-51) “Eu lhes disse que vocês morrerão em seus pecados. Se vocês não crerem que Eu Sou, de fato morrerão em seus pecados” (cf. Jo.8:24) “Disse-lhes Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente” (cf. Jo.11:28)

“Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo, a conservará para a vida eterna” (cf. Jo.12:25) “Eu lhes dou a vida eterna, e eles jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão” (cf. Jo.10:28) “Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a vida por minha causa, este a salvará” (cf. Lc.9:24) “Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se ou destruir a si mesmo?” (cf. Lc.9:25) “Pois Davi não subiu ao céu, mas ele mesmo declarou: O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos como estrado para os teus pés” (cf. At.2:34,35) “Mas quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus. Daí em diante, ele está esperando até que os seus inimigos sejam colocados como estrado dos seus pés” (cf. Hb.10:12,13) “Acontecerá que toda alma que não ouvir a esse profeta será exterminada do meio do povo” (cf. At.3:23) “Cuidem para que não lhes aconteça o que disseram os profetas: Olhem, escarnecedores, admirem-se e pereçam; pois nos dias de vocês farei algo que vocês jamais creriam se alguém lhes contasse! (cf. At.13:40,41) “Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam” (cf. Rm.1:32) “Todo aquele que pecar sem Lei, sem a Lei também perecerá, e todo aquele que pecar sob a Lei, pela Lei será julgado” (cf. Rm.2:12) “Não sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-se escravos daquele a quem obedecem: escravos do pecado que leva a morte” (cf. Rm.6:16) “Que fruto colheram então das coisas das quais agora vocês se envergonham? O fim delas é a morte!” (cf. Rm.6:21) “E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos da sua ira, preparados para a destruição?” (cf. Rm.9:22) “Pois a palavra da cruz é uma estultícia para os que perecem, mas para nós que somos salvos é o poder de Deus” (cf. 1Co.1:18) “Se ainda um véu permanece sobre o nosso Evangelho, naqueles que perecem está o véu” (cf. 2Co.4:3)

“Entretanto, falamos de sabedoria entre os que já têm maturidade, mas não da sabedoria desta era ou dos poderosos desta era, que estão sendo reduzidos a nada” (cf. 1Co.2:6) “Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado” (cf. 1Co.3:16,17) “Pois para Deus somos o bom cheiro de Cristo nos que são salvos e nos que perecem. Para estes somos cheiro de morte; para aqueles, fragrância de vida” (cf. 2Co.2:15,16) “Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica” (cf. 2Co.3:6) “A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz a morte” (cf. 2Co.7:10) “Sem de forma alguma deixar-se intimidar por aqueles que se opõe a vocês. Para eles isso é sinal de destruição, mas para vocês, de salvação, e isso da parte de Deus” (cf. Fp.1:28) “Quanto a estes, o seu destino é a destruição, o seu deus é o estômago e têm orgulho do que é vergonhoso; eles só pensam nas coisas terrenas” (cf. Fp.3:19) “Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena da destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder” (cf. 1Ts.1:8,9) “Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobre-virá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão” (cf. 1Ts.5:3) “E com sinais e com prodígios mentirosos e com toda a sedução da injustiça para aqueles que perecem, porque não receberam o amor da verdade, a fim de serem salvos” (cf. 2Ts.2:10) “Portanto, deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avancemos sem lançar novamente o fundamento do arrependimento de atos que conduzem à morte” (cf. Hb.6:1) “Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a destruição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma” (cf. Hb.10:39) “Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, mas tão-somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que há de devorar os rebeldes” (cf. Hb.10:26,27) “Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar o seu próximo?” (cf. Tg.4:12) “Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados” (cf. Tg.5:20)

“Aquele que pratica o pecado é do diabo, porque o diabo vem pecando desde o princípio. Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo” (cf. 1Jo.3:8) “Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não leva à morte, ore, e Deus lhe dará vida. Refiro-me àqueles cujo pecado não leva à morte. Há pecado que leva à morte; não estou dizendo que se deva orar por este” (cf. 1Jo.5:16) “No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição” (cf. 2Pe.2:1) “Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda” (cf. 2Pe.2:3) “Mas eles difamam o que desconhecem e são como criaturas irracionais, guiadas pelo instinto, nascidas para serem capturadas e destruídas; serão corrompidos pela própria corrupção. Eles receberão retribuição pela injustiça que causaram” (cf. 2Pe.2:12,13) “Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios” (cf. 2Pe.3:7) “O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (cf. 2Pe.3:9) “Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (cf. Gl.6:8) “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.” (cf. Rm.8:13) “Que fruto vocês colheram então das coisas as quais agora vocês se envergonham? O fim delas é a morte!” (cf. Rm.6:21) “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (cf. Rm.6:23) “Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda morte. Se o nome de alguém não foi encontrado no livro da vida, este foi lançado no lago de fogo” (cf. Ap.20:14,15) “E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os consumiu” (cf. Ap.20:9) “As nações se iraram; e chegou a tua ira. Chegou o tempo de julgares os mortos e de recompensares os teus servos, os profetas, os teus santos e os que temem o teu nome, tanto pequenos como grandes, e de destruir os que destroem a terra” (cf. Ap.11;18) “Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-os as cinzas, tornando-as como exemplo do que acontecerá com os ímpios” (cf. 2Pe.2:6)

Conclusão - Com todo o arsenal que a Bíblia usa retratando o destino final dos ímpios, até um cego nota todas as evidências: de que os ímpios serão eliminados (cf. Pv.2:22; Sl.37:9; Sl.37:22; Sl.104:35; Is.29:18-20), destruídos (cf. 2Pe.2:3; 2Pe.2:12,13; Tg.4:12; Mt.10:28; 2Pe.3:7; Dt.7:10; Fp.1:28; Rm.9:22; Sl.145:20; Gl.6:8; 1Co.3:16,17; 1Ts.5:3; 2Pe.2:1; Sl.145:20; Sl.94:23; Pv.1:29; 1Ts.5:3; Jó 4:9; Sl.1:4-6; Sl.73:17-20; Sl.92:6,7; Sl.94:23; Pv.24:21,22; Is.1:28; Is.16:4,5; Is.33:1; Lc.9:25; Gl.6:8; 1Ts.1:8,9), arrancados (cf. Pv.2:22), mortos (cf. Jo.8:24; Jo.11:28; Jo.6:47-51; Is.65:15; Rm.6:23; Is.11:4; Pv.11:19; Sl.34:21; Rm.8:13; Sl.62:3; Pv.15:10; Tg.1:15; Rm.8:13; Pv.19:16; Is.66:16; Je.12:3; Rm.1:32; Ez.18:21; Ez.18:23,24; Ez.18:16,28; 2Co.7:10; Rm.6:16; 2Co.3:6; Hb.6:1), exterminados (cf. Sl.37:9; Mc.12:5-9; At.3:23), executados (cf. Lc.19:14,27), serão devorados (cf. Ap.20:9; Jó 20:26-29; Is.29:5,6; Sl.21:9), se farão em cinzas (cf. 2Pe.2:6; Is.5:23,24; Ml.4:3), não terão futuro (cf. Sl.37:38; Pv.24:20), perderão a vida (cf. Lc.9:24), serão consumidos (cf. Sf.1:18; Lc.17:27-29; Is.47:14; Sl.21:9; Jó 20:26-29; Ap.20:9; Is.26:11; Naum 1:10; Sl.21:9; Lc.17:27-29), perecerão (cf. Jo.10:28; Jo.3:16; Sl.37:20; Jó 4:9; Is.66:17; Sl.37:20; Sl.68:2; Sl.73:27; At.13:40,41; Is.1:28; Is.41:11,12; 1Co.1:18; Rm.2:12; 2Co.4:3; 2Co.2:15,16; Lc.13:2,3; Lc.13:4,5; 2Ts.2:10), serão despedaçados (cf. Lc.20:17,18; Mt.21:44; 1Sm.2:10), virarão estrado para os pés dos justos (cf. At.2:34,35), desvanecerão como fumaça (cf. Sl.37:20; Sl.68:2; Is.5:24), terão um fim repentino (cf. Sf.1:18; Pv.24:21,22; Is.29:5,6; 1Ts.5:3; Is.29:18-20; 2Pe.2:1), serão como a palha que o vento leva (cf. Sl.1:4-6; Is.5:24; Is.29:5,6), serão como a palha para ser pisada pelos que vencerem (cf. Ml.1:1,3; Mt.5:13; Hb.10:12,13), serão reduzidos ao pó (cf. Sl.9:17; Is.5:24; Is.29:5,6; Lc.20:17,18; Mt.21:44; 2Pe.2:6), desaparecerão (cf. Sl.73:17-20; Is.16:4,5; Is.29:18-20), deixarão de existir (cf. Sl.104:35), serão apagados (cf. Pv.24:20), serão reduzidos a nada (cf. Is.41:11,12; 1Co.2:6), serão como se nunca tivessem existido (cf. Ob.1:16), serão evaporados (cf. Os.13:3), será lhes tirada a vida (cf. Pv.22:23; Jo.12:25), e não mais existirão (cf. Sl.104:35; Pv.10:25). Apenas alguém bem mal-entendido para achar que Deus joga pessoas para ficarem queimando os seus corpos (que, ao contrário dos justos, não são incorruptíveis – cf. Gl.6:8; Rm.2:7) para um tormento eterno que não acaba nunca, em um processo de destruição eterno e inconclusivo. Importante é ressaltarmos desde já, que os ímpios não ressuscitarão para serem aniquilados de uma vez sem sofrer castigo nenhum, mas cada um pagará de acordo com o que merece, sendo que no fim todos serão completamente destruídos dando lugar a novos céus e nova terra onde habita a justiça e já não há mais luto e nem dor. A Bíblia nos mostra um quadro claro de consumo total pelo fogo, não de um tormento eterno. Em seguida, refutaremos as [quase] meia dúzia de passagens bíblicas usadas por aqueles que pregam a vida eterna no inferno. Por hora, basta respondermos a pergunta: Os incrédulos irão ficar de eternidade em eternidade sofrendo no inferno ou eles serão completamente consumidos pelo fogo do inferno? Biblicamente, a segunda opção. IV–Os ímpios serão Atormentados Eternamente? Haja visto que, como vimos acima, e reforçaremos mais adiante, a destruição completa dos ímpios (a qual denominamos “aniquilamento”) é um fato, o nosso próximo passo é desvendarmos as passagens isoladas e descontextualizadas usadas por parte dos

defensores da doutrina da imortalidade da alma para sustentar a doutrina do inferno eterno. A primeira e mais famosa delas, a mais usada e a primeira a ser devidamente explicada, trata-se da frase de Jesus Cristo em Mateus 25:46, que assim reza: “E irão eles para o castigo eterno, mas os justos irão para a vida eterna”. Analisando friamente o texto, parece que o sentido da frase de Cristo era colocar os justos em uma vida eterna no Céu e os ímpios sendo torturados eternamente no inferno, contrariando o resto da Bíblia toda (cf. 2Pe.2:.6; Sl.37:9; Sl.37:22; Sl.104:35; Is.19:18-20; Sl.145:20; Sl.94:23; Pv.1:29; 1Ts.5:3; Jó 4:9; Sl.1:4-6; Sl.73:17-20; Sl.92:6,7; Sl.94:23; Pv.24:21,22; Is.1:28; Is.16:4,5). Porém, para analisarmos qual é o sentido do “castigo eterno”, empregado por Cristo, primeiramente devemos regressar ao significado literal expressado por Ele. A palavra kolasin empregada por Cristo em Mateus 25:46 diz respeito à punição, e não a tormento. Se Cristo tivesse a intenção de pregar o tormento eterno, Mateus poderia ter perfeitamente empregado a palavra grega basaniso, que significa tortura, dor, tormento. Se Mateus tivesse a intenção de dar a frase tal sentido, ele teria essa opção pronta, a mão, que poderia ter sido perfeitamente utilizada. Contudo, o sentido aqui mencionado é de punição,

e não de tormento.

A versão King James (considerada a melhor versão de todos os tempos), traz: “everlasting punishment” – “punição eterna”. O mesmo fazem todas as grandes versões tais como a American Standard Version, a Versão King James with Strongs (de acordo com a Concordância de Strong), e todas as versões mais reconhecidas e imparciais. A Young’s Literal Translation vai além e traduz: “E estes vão se ir à idade de punição, mas o honrado à idade de vida eterna”.

A pergunta que fica agora é: Qual é a punição eterna que Cristo mencionou em Mateus 25:46? É de ficar queimando para sempre em um lago de fogo em um sofrimento que não acaba nunca, ou será o fato de serem “eternamente destruídos e banidos da face do Senhor”, como diz o apostolo Paulo em 2Tessalonicenses 1:7-10, e não se pode conceber um processo de destruição incompleto que não termina nunca, em um processo eterno e inconclusivo? É destruição com resultados permanentes. Em Hebreus 6:2 o autor fala de “juízo eterno-aionios”. Isso evidentemente não significa que o julgamento é um processo que tem início mas não tem fim, mas sim que este juízo é de resultados irreversíveis. Da mesma maneira, a “punição” eterna que os ímpios sofrerão, é uma punição de resultados permanentes. Para entendermos qual é a punição/castigo a que Cristo se referia em Mateus 25:46, basta regressarmos cinco versos, contextualizando a passagem, em que Cristo afirma aos ímpios: “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (cf. Mt.25:41). Portanto, quando não pegamos um verso isolado da Bíblia para fundamentar uma doutrina, mas o contextualizamos como devidamente deve ser feito, percebemos que a punição eterna é o fogo eterno em que os ímpios serão jogados. Mas seria esse fogo eterno um fogo que não apaga nunca? Certamente que não! Vamos ver o que significa “fogo eterno” na Bíblia Sagrada: “Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó, em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a

sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela” (cf. Is.34:9-10) Ora, onde é que estão os edomitas? Já desapareceram há muitíssimo tempo e na sua terra o fumo não está subindo nem queimando e muito menos o piche está ardendo até hoje. “Mas, se não me ouvirdes, e, por isso, não santificardes o dia de sábado, e carregardes alguma carga, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então, acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém e não se apagará” (cf. Je.17:27) Aqui vemos que Deus disse que se o povo israelita deixasse de santificar o sábado, Ele iria acender fogo nas portas da cidade que “não se apagará”. Lemos em 2 Crônicas 36:19-21 que esta profecia se cumpriu: “Os babilônios incendiaram o templo de Deus e derrubaram o muro de Jerusalém; queimaram todos os palácios e destruíram todos os utensílios de valor que havia neles. Nabucodonosor levou para o exílio, na Babilônia, os remanescentes, que escaparam da espada, para serem seus escravos e dos seus descendentes, até à época do domínio persa. A terra desfrutou os seus descansos sabáticos; descansou durante todo o tempo de sua desolação, até que os setenta anos se completaram, em cumprimento da palavra do Senhor anunciada por Jeremias” (cf. 2Cr.36:19-21) A cidade estão queimando até hoje? É claro que não!!! “Diga à floresta do Neguebe: Ouça palavra do Senhor. Assim diz o Soberano, o Senhor: Estou a ponto de incendiá-la, consumindo assim todas as suas árvores, tanto as verdes quanto as secas. A chama abrasadora não será apagada, e todos os rostos, do Neguebe até o norte, serão ressecados por ela. Todos verão que eu, o Senhor, acendi, e não será apagada” (cf. Ez.20:47,48) Será que existe algum fogo queimando até hoje sobre as florestas do Neguebe? Ou será que as árvores foram completamente consumidas pelo fogo, apesar de ser chamado de “eterno”, que “não seria apagado”, mas não está queimando até hoje? Vemos, portanto, que fogo eterno na Bíblia Sagrada é o resultado de uma destruição/aniquilamento completo, com resultados que são permanentes. Em absolutamente nunca quando a Bíblia menciona “fogo eterno” ou que “não se apagará”, existe realmente um fogo que permanece queimando literalmente até os dias de hoje. Uma passagem que lança bastante luz, encontra-se em Judas 7, que diz: “De modo semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades ao redor se entregaram a imoralidade e a relações sexuais antinaturais, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno” (cf. Jd.7). Aqui é nos dito de maneira clara que o fogo eterno que as cidades de Sodoma e Gomorra acabaram sofrendo é o exemplo do fogo eterno que acontecerá com os ímpios. Ora, será que o fogo que caiu nas cidades de Sodoma e Gomorra está queimando até hoje? É evidente que não, e nem poderia, já que na região atualmente localiza-se o “mar Morto”!

O mais importante a mencionarmos aqui, é o fato de que este fogo eterno que caiu em Sodoma e Gomorra (que não está queimando até hoje) é o exemplo, a tipificação, o antítipo do fogo eterno que acontecerá com os ímpios. Ora, se o fogo eterno das cidades de Sodoma e Gomorra não está queimando até hoje, então o fogo eterno do juízo final (que é claramente indicado como o mesmo tipo de fogo eterno que caiu sobre aquelas cidades – cf. Jd.7) do mesmo modo não é eterno por queimar para sempre, mas por ter resultados que são eternos e permanentes, irreversíveis. Se nas regiões de Sodoma e Gomorra estivesse literalmente um fogo queimando até os dias de hoje, aí seria motivo de grande preocupação, pois o fogo eterno dos ímpios é do mesmo tipo do fogo eterno de Judas 7. Mas, novamente, como em todas as demais ocasiões em que fogo eterno que nunca se apaga é mencionado nas Sagradas Escrituras, é para mencionar a total e plena destruição que tem resultados que são permanentes e irreversíveis. Portanto, a passagem de Mateus 25:46, dentro de seu devido contexto textual e Escriturístico, nos assegura a antítese de que “os justos irão para a vida eterna, mas os ímpios irão para a punição do fogo eterno [que é eterno pelos resultados permanentes da destruição completa]”. Cristo está estabelecendo a antítese do destino final de salvos e perdidos, o que evidentemente é um destino eterno [irreversível], definitivo para ambos os grupos. A palavra “eterno-aion” está relacionada para ambos os grupos, mas não está igualada em seu sentido pleno e absoluto. Ambos são “eterno”, mas com aplicações diferentes. Para os salvos, a eternidade é no próprio processo; para os perdidos, a eternidade é nos efeitos/consequências do fogo eterno. Como bem observa o erudito Basil Atkinson: “Quando o adjetivo aionios com o sentido de ‘eterno’ é empregado no grego com substantivos de ação faz referência ao resultado da ação, não ao processo. Assim, a frase ‘castigo eterno’ é comparável a ‘eterna redenção’ e ‘salvação eterna’, ambas sentenças bíblicas. Ninguém supõe que estamos sendo redimidos ou sendo salvos para sempre [como um processo]. Fomos redimidos e salvos de uma vez por todas por Cristo, com resultados eternos. Do mesmo modo, os perdidos não estarão passando por um processo de punição para sempre, mas serão punidos uma vez por todas com resultados eternos. Por outro lado, o substantivo ‘vida’ não é um substantivo de ação, mas um que expressa uma condição. Assim, a própria vida é eterna” [Life and Immortality] Antes de concluirmos essa fácil refutação, é bom também levarmos em consideração a aplicação que kolasin tinha na época de Cristo. “Kolasin” era uma palavra que tinha costume de uso para “Pena de Morte” (Punição Capital) e, portanto, no versículo citado ele se refere a morte eterna (morte, e não tormento), referindo-se a “segunda morte” (Ap.2:11; Ap.21:8). O Dicionário Internacional de Teologia do NT (pág. 313), declara nas seguintes palavras: “Kolasin = Castigo. Deriva-se de Kolos, ‘mutilar’, ‘cortar fora’; é usado figuradamente para ‘impedir’, ‘restringir’, ‘punir’” [Dicionário Internacional de Teologia do NT] Como vemos, o termo “kolasin” era usado na época de Cristo, nunca para indicar um tormento sem fim, mas sim para acentuar o caráter bíblico do aniquilamento dos ímpios [morte eterna; segunda morte] que serão “mutilados”, “cortados fora” ou “despedaçados”. Essa analogia é feita para ressaltar o aspecto irreversível da destruição completa dos

pecadores, mas nunca de um processo de tormento sem fim. Jesus estava acentuando o contraste entre a vida eterna dos justos e a morte eterna dos ímpios, que serão mutilados e despedaçados [figura de aniquilacionismo], cortados fora do Seu Reino. V–Mais passagens usadas pelos imortalistas para o Tormento Eterno Já vimos que Mateus 25:46 não serve de maneira alguma de prova de que os incrédulos serão atormentados conscientemente durante toda a eternidade, e que “fogo eterno” na Bíblia Sagrada não significa jamais que existe um fogo que literalmente fica queimando para todo o sempre. Outras passagens usadas pelos pregadores do inferno de fogo eterno se encontra no livro de Apocalipse, mais especificamente em Apocalipse 20:10 e em Apocalipse 14:11. Vamos primeiramente ressaltar o fato de que o Apocalipse é um livro altamente metafórico, repleto de linguagens hiperbólicas e de alegorias e figuras (ver Parte 3.5, comentários de Ap.6). Ademais, vemos que muitas vezes a palavra “eterno” não significa, de fato, que não teria um fim jamais. Por exemplo, vemos que Davi descreve no Salmo 23:6 que “habitarei na casa do Senhor para sempre-olam”. Em linguagem semelhante, Jonas afirma: : “Desci até à terra, cujos ferrolhos se correram sobre mim para sempre [olam], contudo fizestes subir da sepultura a minha vida” (cf. Jo.2:6). Contudo, este “para sempre” não poderia ser mais breve: durou apenas três dias! Também vemos que a lepra que atingiu a Geazi (servo do profeta Eliseu) alcançaria a sua descendência “para sempre-olam”. Será que nos dias de hoje existem leprosos sofrendo de tal enfermidade pelo fato de serem descendentes do problemático servo do profeta? Se a lepra alcançaria “a ti. . . para sempre”, será que após 2900 anos Geazi continua leproso? Ana relata ao seu marido Elcana: “Depois que o menino for desmamado, eu o levarei e o apresentarei ao Senhor, e ele morará ali para sempre” (cf. 1Sm.1:22). Contudo, o “para sempre” aqui duraria até o tempo de sua dedicação, ou seja, até o término de vida dele. O Novo Testamento segue a mesma linha do Velho, já que a palavra grega usada, “aionios”,

não significa “eterno” no sentido absoluto da palavra, mas sim “perdurado por um tempo”, tendo assim um sentido de tempo indeterminado, e não de eternidade sem fim. Por isso, torna-se constante o uso do “aion” onde, de fato, existe um fim. O erudito bíblico Henry Feyerabend faz as seguintes ponderações sobre o “aion” e suas durações: “51 vezes no Novo Testamento, aionios se aplica á eterna alegria dos redimidos, o que, é claro, não possui limitação de tempo. Pelo menos 70 vezes na Bíblia, essa palavra qualifica objetos de uma natureza limitada e temporária; assim, indica apenas uma duração indeterminada. Quando lemos que Deus é “eterno”, isso é verdadeiramente eterno, como entendemos o termo. Quando lemos que as montanhas são “perpétuas”, significa que duram tanto quanto possível durar uma montanha” [“Um Evangelista

Responde as 101 Perguntas Mais Freqüentes”] Isso porque a Bíblia fala sobre “colinas eternas” (cf. Gn.49:26), de “outeiros eternos” (cf. Dt.33;15), e de “montes perpétuos” (cf. Hc.3:6). Evidentemente, as colinas, outeiros e montes terrenos tem um fim de suas existências, não são absolutamente eternos. Igualmente, o aspergir do sangue na festa da páscoa era “ordenança eterna” (cf. Êx.12:24), tanto quanto era a herança de Calebe (cf. Js.14:9), a lepra de Geazi (cf. 2Rs.5:27), e a

duração do serviço de um escravo (cf. Êx.29:9; 40:15; Lv.3:17). Todas essas coisas tinham, naturalmente, um fim temporal. A Bíblia diz que Arão devia “queimar incenso diante do Senhor, para o servir e para dar a bênção em seu nome, eternamente” (cf. 1Cr.23:13). Este “eternamente”, contudo, durou menos de 123 anos (período de vida de Arão). Igualmente, o templo construído por Salomão seria uma “eterna habitação” (cf. 1Rs.8:12,13) para Deus, que, contudo, durou apenas alguns séculos antes de ser destruído pelos babilônicos. Davi relata que Deus o escolheu para que “eternamente fosse eu rei sobre Israel” (cf. 1Cr.28:4). Aqui o “aion” equivale a um período de quarenta anos (cf. 1Rs.2:10,11). Jonas afirma, como já vimos, que “ferrolhos se correram sobre mim, para sempre” (cf. Jn.2:6), em tratar-se de linguagem figurada para quando esteve engolido por um grande peixe e estava na barriga dele. Mas será que Jonas esteve eternamente na barriga do peixe? É claro que não. Aqui o “aion” equivale a somente três dias e três noites (cf. Jn.1:17). O apóstolo Paulo refere-se ao escravo Onésimo que este deveria voltar a serviu a seu senhor “a fim de que o possuísseis para sempre-aionios” (cf. Fm.15,16). Mas esse “para sempre” significava até o fim da vida do escravo! Da mesma maneira, o “para sempre” empregado no sentido apocalíptico é até serem consumidos os seus corpos. Por isso mesmo, a designação de Apocalipse 20:10 com relação ao destino de Satanás deve ser analisado dentro do sentido apocalíptico e, principalmente, dentro de seu devido contexto. Logo no verso anterior, é nos dito que o fogo os consumiu: “E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os consumiu” (cf. Ap.20:9). Nisso fica claro que o período “eterno” aqui mencionado diz respeito até o momento em que seus corpos fossem completamente consumidos pelo efeito da destruição do fogo. No texto grego, a duração do “aion” deve sempre ser determinado relacionado à natureza da pessoa ou coisa na qual se aplica. Por exemplo, as montanhas e outeiros seriam “eternos” até o momento em que “eles perecerão” (cf. Hb.1:11) junto com a terra. De igual modo, alguém seria escravo “para sempre” de outro até que ele morresse. Nestes dois últimos exemplos (e em muitos outros) há um fim temporal àquilo que foi designado “eterno-aion”. Em outras palavras, elas são eternas na perspectiva em que se aplica um outro acontecimento. Elas são eternas “até que”. . . se dê um outro acontecimento. No caso de Apocalipse, o “eterno-aion” vai “até que”. . . sejam criados novos céus e nova terra, e “o mar já não existe” (cf. Ap.21:1) – nem o “lago de fogo”! Isso nos mostra claramente que, aqui, o “aion” equivale até ao momento em que os seus corpos (que não são incorruptíveis como os dos justos – cf. Gl.6:8; Rm.2:7) pereça completamente até ao ponto de virar cinzas (cf. Ml.4:1-3; 2Pe.2:6). E isso pode realmente acontecer? Embora na nossa língua possa parecer esquisito que existe um “para sempre... até que”... ocorra alguma outra coisa, isso não é incomum quando tratamos de língua grega e hebraica: “O palácio será abandonado; a cidade populosa ficará deserta; Ofel e a torre da guarda servirão de cavernas para sempre, ... até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto: então o deserto se tornará em pomar e o pomar será tido por bosque” (cf. Is.32:14,15).

Aqui vemos o “para sempre” sendo imediatamente sucedido pelo “até que”, em contexto imediato. Ora, no português algo que é “para sempre” não pode ser estipulado apenas até

quando se der certo fato. Contudo, embora no português isso não faça sentido, no hebraico sim! Quanto a Apocalipse 14:11, que traz que “a fumaça do seu tormento subirá para todo o sempre”, esse sim relacionado com pessoas, é bom ressaltarmos que, como Stott assinala, “o fogo mesmo é chamado ‘eterno’ e ‘inextinguível’, mas seria muito estranho se aquilo que nele fosse jogado se demonstrasse indestrutível. Esperaríamos o oposto: seria consumido para sempre, não atormentado para sempre. Segue-se que é o fumo (evidência de que o fogo efetuou seu trabalho) que ‘sobe para todo o sempre’ (Ap.14:11)” [John Stott e David

L. Edwards, Essentials: A Liberal-Evangelical Dialogue] O que é eterno ou inextinguível não é o tormento dos ímpios, mas sim o fogo que nos casos de Sodoma e Gomorra causou a destruição completa e irreversível das cidades e seus habitantes, condição esta que permanece para sempre. Apocalipse 14:11 não descreve um processo infinito, mas sim um ato cujos resultados serão permanentes, irreversíveis. Compare, por exemplo, Apocalipse 14:11, com Isaías 34:9, que diz: “Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó, em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela” (cf. Is.34:9-10). A figura de linguagem é exatamente a mesma: em ambos os casos, “a fumaça subiria para todo o sempre”, mas assim como em Edom, não existe nenhum fogo queimando até hoje. Concluímos, portanto, que a punição eterna dos homens ímpios é eterna até que sejam consumidos completamente os seus corpos, quando essa terra dará lugar a Novos céus e Nova terra, onde habita a justiça. Para onde vão os ímpios? A resposta se acha em Malaquias 4:1: “Pois eis que vem o dia, e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os

que cometem perversidade, serão como o restolho; o dia que vem os abrasará diz o

Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo”.

VI–O Aniquilamento dos Ímpios “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (cf. João 3:16) Esse versículo que você acabou de ler é, provavelmente, a passagem mais conhecida de toda a Bíblia. Mas talvez seja uma das menos bem compreendidas. Transmite exatamente a realidade do amor de Deus até mesmo pelo maior dos pecadores, ao ponto e dar o seu único filho pela redenção da humanidade. Além de ser um dos textos mais belos de toda a Bíblia, ele nos apresenta uma realidade na qual veremos a partir de agora: A Realidade dos dois Destinos. Os dois destinos: Vida e Cessação de vida (não-vida) – Traduzindo este texto da maneira como trazem os manuscritos originais, percebemos que a palavra empregada por João no seu evangelho foi apoletai, uma variante de apollumi. De acordo com a Concordância de Strong, essa palavra empregada em João 3:16 significa “para destruir completamente”.

Já vimos aqui também a total correspondência entre vida eterna e imortalidade (ver Parte 3.5). Ter uma vida eterna, isto é, uma vida que não tem um fim em si mesma, é ser imortal. Passando o texto de João 3:16 literalmente de acordo com a correspondência dos dicionários bíblicos, podemos notavelmente traduzir da seguinte maneira o versículo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu filho único, para que todo aquele que nele crê não seja destruído completamente, mas tenha uma vida eterna [imortalidade]” Quando passamos o texto de acordo com as suas correspondências, a realidade dos dois destinos fica ainda mais clara. São dadas duas escolhas para a humanidade: Ou você tem uma vida eterna (imortalidade) que é por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10), OU. . . você é “destruído completamente”. O contraste é exatamente entre a vida e a morte, não como uma simples morte espiritual com uma existência eterna e infindável, mas como literalmente uma destruição completa na qual passam os ímpios em contraste com uma imortalidade que é por meio do evangelho. É morte como a cessação de vida, como a não-vida. Essa é a realidade entre os dois destinos: Imortalidade ou destruição completa. Isso explica o porquê que a imortalidade é por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10) e o porquê dela ter que ser buscada

(cf. Rm.2:7): Porque nem todos alcançam a imortalidade, mas somente aqueles que a atingem por meio de Cristo se fazem dignos de receber este dom de Deus. Aqueles que desprezam o evangelho não tem uma imortalidade e nem uma vida eterna em algum lugar, pois a imortalidade é mediante o evangelho (cf. 2Tm.1:10). O destino destes é ser “completamente destruídos”. Evidentemente a destruição dos ímpios não pode ser eterna em duração porque é impossível imaginarmos um processo eterno, infinito, e inconclusivo de destruição. A destruição pressupõe aniquilamento. Apenas aquele que “faz a vontade de Deus permanece para sempre” (cf. 1Jo.2:17). Se alguém não faz a vontade de Deus, então não permanece para sempre, não obtém uma eternidade. A imortalidade é algo que deve ser buscada cf. (Rm.2:7) pelo simples fato de que não são todos os que a possuem, mas restrito apenas aqueles que a alcançam por meio de Cristo (cf. 2Tm.1:10; Jo.6:51; Jo.3:15; Jo.6:40). Isso explica o porquê da vida eterna ser considerada um dom de Deus (cf. Rm.6:23), e nenhum ímpio tem um dom divino para viver eternamente em algum lugar. Apenas aqueles que comem o pão da vida viverão eternamente (cf. Jo 6:51), e é inconcebível pensar que todos os ímpios desfrutam abundantemente do pão da vida para viverem eternamente em algum lugar herdando também o dom da imortalidade concedido apenas por meio do evangelho. Os dois destinos que são apresentados em João 3:16 se opõe contrastivamente entre a imortalidade concedida como um dom aos justos e a destruição completa dos ímpios no juízo final, denotando a total cessação de vida. O contraste é entre vida e não-vida, entre imortalidade e destruição, entre a vida eterna e a cessação de vida. Tal contraste também é acentuado pelo próprio Deus no livro de Ezequiel: “Ele não morrerá por causa das iniquidades do seu pai, certamente viverá” (cf. Ez.18:17)

Aqui a morte não é para essa vida, pois todos morrem para esta vida, tanto justos como ímpios. Deus está falando, evidentemente, do destino final do homem. Nem todos têm a vida: “Uma vez que o filho fez o que é justo e direito e teve o cuidado de obedecer a todos os meus decretos, com certeza ele viverá. A alma que pecar é que morrerá” (cf. Ez.18:19,20); “Mas, se um ímpio se desviar de todos os pecados que cometeu e obedecer a todos os meus decretos e fizer o que é justo e é direito, com certeza viverá, não morrerá” (cf. Ez.18:21) “Teria eu algum prazer na morte do ímpio? Palavra do Soberano, o Senhor. Ao contrário, acaso não me agrada vê-lo desviar-se dos seus caminhos e viver? Se, porém, um justo se desviar de sua justiça, e cometer pecados e as mesmas práticas detestáveis dos ímpios, ele deverá viver? Nenhum de seus atos de justiça será lembrado! Por causa de sua infidelidade de que é culpado e por causa dos pecados que ele cometeu, ele morrerá” (cf. Ez.18:23,24) “Se um justo desviar-se de sua justiça e cometer pecado, ele morrerá por causa disso, por causa do pecado que ele cometeu ele morrerá. Mas, se um ímpio se desviar de sua maldade e fizer o que é justo e direito, ele salvará a sua vida. Por considerar todas as ofensas que cometeu e se desviar delas, ele com certeza viverá, não morrerá” (cf. Ez.18:16,28) Considerar nessas passagens a morte não como a cessação de vida, mas como uma existência eterna, é ferir o texto bíblico que usa morte como antítese de “vida”, que apenas os justos têm, ainda mais tendo em vista que ele “salvará a sua vida” (cf. Ez.18:17). Para alguém salvar a vida, consequentemente existe outra opção: a cessação de vida. Se o sentido de vida é literal e é usada em contraste com a “morte”, então esta é literal também. Qualquer coisa que seja usada em contraste com vida, não é uma vida! O mais importante dessas passagens, porém, fica por conta de que ela não expressa um simples pensamento da época, mas é o próprio Deus vivo falando pela boca dos seus profetas. Através do profeta Ezequiel, Deus desmonta com todas as pretensões dos imortalistas, afinal, “porque deveriam morrer, ó nação de Israel? Pois não me agrada a

morte de ninguém! Palavra do Soberano, o Senhor! Arrependam-se e vivam!” (cf. Ez.18:31,32) Os dois destinos no Antigo Testamento – O Antigo Testamente está mais do que repleto dessa antítese característica entre os destinos de justos e ímpios. O contraste deixa sempre claro a vida concedida aos justos e o aniquilamento dos ímpios. Do arsenal de passagens bíblicas mencionadas há pouco neste capítulo, a alegação dos defensores do inferno eterno é que as menções dizem respeito apenas a esta presente vida e não a vida póstuma bem como os nossos destinos eternos. Contudo, essa objeção é fraquíssima pelo simples fato de que os autores faziam um contraste bem claro entre o destino de ambos: Novamente, é a vida aos justos e a destruição total e completa dos ímpios por ocasião do juízo final. Afinal, não haveria razões lógicas aos escritores bíblicos do AT focarem tanto que os ímpios seriam completamente destruídos e aniquilados já que todas as pessoas (incluindo os mais justos) são aniquiladas para esta vida.

Isso só faria sentido se considerarmos que realmente o aniquilamento dos ímpios não diz respeito apenas a esta presente vida (já que todos são aniquilados para esta vida), mas como também para a vida póstuma. E é exatamente aqui que entra em cena os dois destinos de vida (eterna) aos justos e a linguagem de destruição completa dos ímpios: “Passada a tempestade o ímpio já não existe, mas o justo permanece firme para sempre” (cf. Pv.10:25) Aqui fica muito bem claro que os justos terão uma vida eterna, “permanecendo firme para sempre”, enquanto o ímpio por sua vez. . . já não existe! Ora, se os ímpios deixam de existir, então eles não tem uma existência eterna e muito menos um tormento eterno. Mas o contraste entre o destino final de ambos os grupos é amplamente difundido por toda a Bíblia: “Quem obedece aos mandamentos preserva a sua vida, mas quem despreza os seus caminhos morrerá” (cf. Pv.19:16) Aqui a referência não pode tratar-se a esta presente vida pelo simples fato de que até o maior dos justos morre para esta vida. É mais uma clara referência ao destino final de ambos os grupos, sendo que apenas o justo “preserva a sua vida”. Aqui a morte dos ímpios é claramente relacionada como a cessação total de vida, que não pode ser preservada em contraste com os justos. O livro dos Salmos continua com a antítese evidente entre os destinos finais: “Os ímpios serão varridos antes que as suas panelas sinta o calor da lenha, esteja ela verdade ou seca. Os justos se alegrarão quando forem vingados, quando banharem os seus pés no sangue dos ímpios. Então os homens comentarão: De fato os justos tem a sua recompensa, de fato há um Deus justo na terra” (cf. Sl.58:9-11) “Aqueles que o Senhor abençoa receberão a terra por herança, mas os que ele amaldiçoa serão eliminados” (cf. Sl.37:22) “Pois os maus serão eliminados, mas os que esperam no Senhor receberão a terra por herança” (cf. Sl.37:9) Nestas outras três passagens, fica claro novamente a antítese: Enquanto os justos receberão a sua herança, os ímpios serão eliminados, denominando o fim de sua existência, sendo que os justos “banharão os seus pés no sangue dos ímpios” e isso seria completamente impossível caso os ímpios continuassem plenamente vivos eternamente assim como os justos. Inúmeras vezes é mostrada a antítese bíblica entre o destino de bons e maus por ocasião do juízo, como é claramente relatado também em Isaías 29: “Naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e não mais em trevas e escuridão, os olhos dos cegos tornarão a ver. Mais uma vez os humildes se alegrarão no Senhor, os necessitados exultarão no Santo de Israel. Será o fim do cruel, o zombador desaparecerá e todos os de olhos inclinados para o mal serão eliminados” (cf. Is.29:18-20) “Naquele dia” refere-se ao dia do Juízo, quando os surdos ouvirão as palavras do livro da vida (o que não aconteceu ainda) e os olhos dos cegos tornarão a ver (v.18). É uma clara referência ao Dia Final quando os justos sairão para a vida e os ímpios para a condenação.

Enquanto os justos ouvirão as palavras do livro e sairão para a vida, o que acontecerá com os ímpios? Isaías não poderia ter deixado menos pistas no caminho. A clareza da linguagem é tão evidente que não necessita de maiores elucidações: Os ímpios terão um fim de suas existências, desaparecerão, e como se isso não fosse suficientemente claro ele termina dizendo que serão eliminados. Não há espaços para duplas interpretações; qualquer pessoa com um mínimo de clareza percebe a linguagem denominativa de aniquilamento evidenciado em Isaías pelas palavras do próprio Deus (v.13)! De acordo com o original hebraico, a partir deste texto de Isaías podemos perceber que o destino final dos ímpios corresponde a: (1) Desaparecer, deixar de existir, ser reduzido a nada ['aphec] (2) Perecer, ser consumido, ser totalmente destruído, expirar [kalah] (3) Ser cortado, eliminado, destruído, perecer [karath] Os ímpios desaparecerão, deixarão de existir, perecerão, serão consumidos e devorados; cortados e eliminados, totalmente destruídos e reduzidos a nada. Definitivamente um estado de total e completo aniquilamento. Lembrando que estamos apenas tirando tais conclusões a partir da correspondência das palavras do texto original hebraico, que nos mostra claramente que no dia do Juízo os ímpios serão completamente aniquilados. A verdade é que os ímpios virarão pó: “Dos que justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça! Por isso, como a língua de fogo consome a palha, e o restolho se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos, e desprezaram a palavra do Santo de Israel” (cf. Is.5:23,24) “Mas os seus muitos inimigos se tornarão como o pó fino, as hordas cruéis, como palha levada pelo vento. Repentinamente, num instante, o Senhor dos Exércitos virá com trovões e terremoto e estrondoso ruído, como tempestade e furacão e chamas de um fogo devorador” (cf. Is.29:5,6) A figura do pó é a mais perfeita linguagem que alguém poderia designar a total eliminação/aniquilamento dos ímpios. Alguém que vira pó não grita, não sente dor, não é imortal, não é incorruptível, não é consciente, não tem uma existência eterna. O que melhor para comparar o aniquilamento dos ímpios senão com a figura do pó? No livro de Malaquias, o último livro do Antigo Testamento, esse fato também fica mais do que evidente: “Porque eis que aquele dia vem ardendo como forno; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha, e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo. E pisareis os ímpios, porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que farei, diz o Senhor dos Exércitos” (cf. Ml.4:1-3) Novamente, a figura do pó entra em cena: os ímpios se farão em cinzas “naquele dia”, o dia do Juízo Final, e ficarão debaixo da planta dos pés dos justos. Ora, será que os justos pisariam em cima de alguém que (além de estar sendo queimado pelo fogo “eterno”) ainda estariam vivas, conscientes e com o dom da imortalidade? É claro que não! Os justos só irão pisar nos ímpios porque os ímpios literalmente se farão em cinzas, caracterizando o

total desaparecimento e inexistência deles. Se isso não é aniquilamento, então eu não sei o que é. (além do pó ser imortal e consciente). Mais figuras de aniquilamento – São inúmeros os recursos usados pelos escritores bíblicos para designar o aniquilamento dos ímpios, além da figura do pó. Outros vários adjetivos que foram frequentemente utilizados pelos escritores bíblicos designando perfeitamente o aniquilacionismo, é os ímpios transformando-se em fumaça, em cinzas, em palha, em restolho e em vento. Segue-se abaixo apenas alguns destes adjetivos utilizados: “Mas os ímpios perecerão, os inimigos do Senhor murcharão como a beleza dos campos, desvanecerão como a fumaça” (cf. Sl.37:20) A utilização da “fumaça” como símbolo do destino dos ímpios é mais uma perfeita aplicação prática daquilo que desaparecerá completamente. Ao invés do salmista comparar o destino dos ímpios com um material eterno, indestrutível, é nos dito que os ímpios “desvanecerão... como a fumaça”. Assim como a fumaça desvanece sendo levada pelo vento, assim também será o destino dos ímpios. Importante também ressaltar que neste mesmo Salmo, lemos que os ímpios “definharão como a erva” (v.2), “serão exterminados... já não existirá o ímpio” (vs. 9 e 10), “serão à uma destruídos” (vs. 38), “perecerão desvanecendo como a fumaça” (v.20), eliminados e não mais existem (v.22, 34 e 36). Não se trata de uma mera referência a esta presente vida, uma vez que todas as pessoas, incluindo qualquer justo, é exterminado e deixa de existir para esta vida. O foco no aniquilamento dos ímpios deve-se ao fato de que os ímpios terão como destino final a total cessação de vida, enquanto os justos, em contraste, herdarão a vida, como é claramente indicado no próprio Salmo (cf. 37:3; 37:11; 37:17; 37:22; 37:26; 37:28; 37:29; 37:34). O capítulo inteiro é dedicado a um contraste entre o destino final dos ímpios, que serão “exterminados... já não existe” (cf. 37:9,10 ver também 37:20; 37:9,10; 37:38; 37:2; 37:28), e o destino final dos justos, a vida eterna: “Porque o Senhor ama o juízo e não desampara os seus santos; eles são preservados para sempre; mas a semente dos ímpios será desarraigada... os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre” (cf. Sl.37:28,29). A Bíblia deixa claro que os ímpios “serão como a neblina da manhã, como o orvalho que bem cedo evapora, como a palha que num redemoinho vai-se de uma eira, como a fumaça que sai pela chaminé” (cf. Os.13:3). Essa é uma descrição bem vívida do destino dos homens maus: assim como a neblina da manhã que evapora, os perdidos se desvanecerão como a neblina da manhã, evaporando-se: deixa de existir. As Escrituras cansam de comparar o destino final dos ímpios como um material altamente perecível que não tem a capacidade de ser eternamente refratários ao fogo: “Por isso, assim como a palha é consumida pelo fogo e o restolho é devorado pelas chamas, assim também as suas raízes apodrecerão, e as suas flores, como o pó, serão levadas pelo vento: pois rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos, desprezaram a palavra do Santo de Israel” (cf. Is.5:24). O destino dos ímpios é o mesmo da palha que é consumida pelo fogo.

Ora, não há quem pense que a palha consegue ser eternamente refratária ao fogo. Se ela não é, os ímpios também não o são, pois a ilustração é claramente relacionada ao destino destes. As suas raízes apodrecerão e as suas flores serão como o pó, levado pelo vento. Nenhuma destas comparações faria sentido caso houvesse uma imortalidade concedida também aos ímpios. As analogias bíblicas seriam nulas e sem sentido. É fato que os ímpios, “embora estejam entrelaçados como espinhos e encharcados de bebida como bêbados, serão consumidos como a palha mais seca” (cf. Naum 1:10). Novamente a analogia entre o destino dos ímpios com a palha que é consumida pelo fogo. . . sem ter a capacidade de ser refratária a este, ao contrário, é completamente consumida até virar pó. Isso explica o porquê da Bíblia afirmar tanto que os ímpios serão consumidos pelo fogo (cf. Lc.17:27-29; Sl.21:9; Jó 20:26-29; Is.26:11; Naum 1:10), sendo que não são consumidos eternamente em um processo eterno e inconclusivo, ao contrário, são completamente consumidos ao ponto de virar cinzas (cf. 2Pe.2:6; Is.5:23,24; Ml.4:3). O fogo devorador há de consumir os ímpios até transformá-los em pó (cf. Is.29:5,6). Isso é claramente indicado como a cessação total de vida. No salmo 49, lemos a seguinte declaração: “Pois o resgate de uma vida não tem preço. Não há pagamento que o livre para que viva para sempre e não sofra decomposição” (cf. Sl.49:8,9). Aqui os dois destinos finais são claros: O resgate de uma vida implica em viver eternamente em detrimento de sofrer decomposição. Isso fere frontalmente a doutrina da eternidade dos ímpios, pois o salmista deixa claro que apenas os salvos viverão eternamente. Os ímpios “sofrerão decomposição” simplesmente porque deixarão de existir. “Que tu dissipes assim como o vento leva a fumaça, como a cera derrete na presença do fogo, assim pereçam os ímpios na presença de Deus” (cf. Sl.68:2) O fogo do Juízo Final, quando os ímpios estarão na presença de Deus, há de consumi-los ao ponto de serem completamente destruídos (aniquilados). O salmista faz duas comparações no mesmo texto retratando como seria o destino dos ímpios: Serão como o vento leva a fumaça; e como a cera que derrete na presença do fogo. Ambas as figuras caracterizam o total desaparecimento/eliminação dos ímpios, como também é claramente relatado em diversas partes das Escrituras (cf. Sl.37:9; Sl.37:22; Sl.104:35; Is.19:18-20; Sl.73:17-20; Is.16:4,5). Como se isso não fosse suficientemente claro, o salmista continua dizendo que os ímpios perecerão na presença de Deus. É mais do que óbvio que nenhum escritor bíblico imaginava que o fogo que há de consumir os ímpios em seu destino final (cf. Ap.20:9) é um fogo que continua consumindo as pessoas vivas e conscientes em um tormento que não tem fim. Ao contrário, é um fogo que literalmente consumirá os ímpios reduzindo-os as cinzas (cf. 2Pe.2:6; Ml.4:1-3), causando a sua total destruição e aniquilamento (cf. Sl.145:20; Sl.94:23; Pv.1:29; 1Ts.5:3; Jó 4:9; Sl.1:4-6; Sl.73:17-20; Sl.92:6,7; Sl.94:23; Pv.24:21,22; Is.1:28; Is.16:4,5). Alguns poderiam objetar alegando que Cristo disse que o verme não morre (cf. Mc.9:47,48). Contudo, tal passagem usada por Cristo é uma referência a Isaías 66:24, que diz que: “E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne” (cf. Is.66:24).

Aqui fica claro que a retratação é de cadáveres, e não de pessoas vivas e conscientes. Isaías está aqui buscando acentuar o tamanho horror dos inimigos de Deus mortos ao final, com seus cadáveres comidos pelos bichos que aparentemente nunca morrem, ou não morrem até consumirem suas carnes. Para os hebreus, a maior desonra era morrer e não ser sepultado, ainda mais sendo comido por bichos e vermes! Assim, Jesus faz essa comparação com a destruição final que os não-salvos padecerão, valendo-se da mesma figura hiperbólica utilizada por Isaías. Ele fala claramente em cadáveres, e não em “almas”. Para compreender como os escritores bíblicos relatavam o destino final dos ímpios, basta vermos como esse dia (do juízo final) era classificado: “Tu, porém, me conheces, Senhor; tu me vês e provas a minha atitude para contigo. Arranca os ímpios como as ovelhas destinadas ao matadouro! Reserva-os para o dia da matança!” (cf. Je.12:3). Como vemos, a referência bíblica ao destino dos ímpios é o “dia da matança”, daqueles que vão para o “matadouro”. Tal referência reflete exatamente aquilo que pensavam os escritores bíblicos: Os ímpios terão o mesmo destino daquelas “ovelhas destinadas ao matadouro” (cf. Je.12:3), isto é, a morte literal como cessação de vida. Os ímpios serão mortos pela espada do Senhor, o que explica porque o dia é chamado de “dia da matança”: “Pois como o fogo e a espada o Senhor executará julgamento sobre todos os homens, e muitos serão os mortos pela mão do Senhor” (cf. Is.66:16). E também em Isaías 11:4 - “Mas julgará com justiça aos pobres, e repreenderá com eqüidade aos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará ao ímpio” (cf. Is.11:4). Os ímpios hão de ter um fim sendo destruídos e desaparecendo da terra (cf. Is.16:4,5), pois nem ao menos terão um futuro (cf. Sl.37:38; Pv.24:20). Serão como se “nunca tivessem existido”: “Porque, como vós bebestes no meu santo monte, assim beberão também de contínuo todos os gentios; beberão, e sorverão, e serão como se nunca tivessem existido” (cf. Ob.1:16). Evidentemente eles serão “como se nunca tivessem existido” em razão de sua completa eliminação, e alguém que é aniquilado é “como se nunca tivesse existido”. Ora, se as almas continuassem subsistindo eternamente, então eles continuariam em suas existências (sem corpo), por toda a eternidade, tornando o que é dito pelo profeta como algo inteiramente sem sentido. Se os ímpios serão como se nunca tivessem existido, então é porque eles não terão uma imortalidade como os justos, mas desaparecerão completamente. A Bíblia Sagrada não abre espaços para a menor sombra de dúvida de que constrata-se a vida (eterna) para os justos em detrimento do destino eterno dos ímpios que é serem aniquilados tornando-se em cinzas (cf. 2Pe.2:6; Ml.4:1-3). Eles “serão como um sonho que se vai quando acordamos, quando o Senhor se levantar, os fará desaparecer” (cf. Sl.73:20). Definitivamente serão como se nunca tivessem existido. O Novo Testamento muda o Antigo? – De forma alguma que os escritores do NT inventaram de alterar os destinos claros do fim dos ímpios de acordo com o AT. A Bíblia não pode ser dividida. Com base nisso, vemos que, se a Bíblia é uma coisa só, devemos usar Antigo e Novo Testamento para a compreensão de uma doutrina. Devemos sempre lembrar que a

fonte de fé dos apóstolos era as Escrituras que eles dispunham a sua época, e toda Escritura que eles tinham a sua disponibilidade era exatamente os escritos do Antigo Testamento. Logo, o Novo Testamento não altera e nem muda o Antigo, pelo contrário, o confirma. É por isso que o apóstolo Pedro segue o mesmo passo de Malaquias em definir o final dos ímpios: “Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-os as cinzas, tornando-as como exemplo do que acontecerá com os ímpios” (cf. 2Pe.2:6) Ao apóstolo Pedro afirmar que o fim dos ímpios é exatamente virar pó, fazia assim uma clara declaração do aniquilamento dos ímpios, uma vez que quem vira pó não grita, não sente dor, não é imortal, não é incorruptível, não é consciente, não tem uma existência eterna. O que melhor para comparar o aniquilamento dos ímpios senão com a figura do pó? Dizer que os ímpios “serão reduzidos as cinzas” equivale a declarar a sua total eliminação/desaparecimento. E de onde Pedro sabia que o destino final dos ímpios era de transformar-se em pó? Exatamente dos escritos do Antigo Testamento que colocavam isso de maneira bem clara: “Porque eis que aquele dia vem ardendo como forno; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha, e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo. E pisareis os ímpios, porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que farei, diz o Senhor dos Exércitos” (cf. Ml.4:1-3) Aos ímpios não será lhes deixada “nem raiz e nem ramo”, e nisso fica evidente que não mais existirão, sendo completamente consumidos pelo fogo do inferno/geena. Ademais, além de alguém que se faz em cinza não possuir existência, o motivo dos justos poderem “pisar nos ímpios” é exatamente porque estes viraram cinzas. Não mais existem. Ninguém vai pisar em cima de alguma pessoa imortal, viva e consciente em meio às chamas de fogo eterno. É claramente nos dito que o motivo dos justos pisarem nos ímpios é pelo fato destes últimos virarem cinzas. Pedro sabia muito bem desse destino de total aniquilamento dos ímpios, é por isso que ele escreve na sua segunda epístola: “Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-os as cinzas, tornando-as como exemplo do que acontecerá com os ímpios” (cf. 2Pe.2:6). Pedro conhecia o destino final dos ímpios e com certeza era instruído nos escritos do AT que constantemente relatavam tal fato, explicitamente relatado (cf. Is.5:23,24; Ml.4:3; Sl.9:17; Is.5:24; Is.29:5,6). Ora, se os ímpios tivessem corpos eternamente refratários ao fogo, também dotados do dom da imortalidade e de uma vida/existência eterna e indestrutível, eles de modo algum seriam reduzidos as cinzas a tal ponto dos justos pisarem em cima deles. Ademais, há um outro ponto bem importante aqui na descrição de Pedro acerca do destino dos homens maus: Eles teriam o mesmo fim que tiveram as cidades de Sodoma e Gomorra, sendo reduzidos as cinzas. Ora, perguntaremos: As cidades de Sodoma subsistem até hoje?

É claro que não! Elas já não existem há muito tempo e no local atual situa-se o “mar Morto”. Pedro deixa claro que o destino dos ímpios é o mesmo que tiveram as cidades de Sodoma e Gomorra. Essas cidades simplesmente deixaram de existir, foram reduzidas às cinzas literalmente. Dada a devida analogia do apóstolo com o destino final dos ímpios, é evidente que o destino dos ímpios é o mesmo das cidades de Sodoma e Gomorra, isto é, deixar de existir virando pó literalmente. Algo que vai contrário a isso é ferir completamente a clareza do texto bíblico em pauta. Pedro de modo algum tinha alguma idéia de imortalidade aos ímpios, porque a imortalidade é por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10). Pedro jamais teve qualquer idéia de imortalidade concedida aos ímpios em tormento. Considerando a sua segunda epístola, em que ele trata-se exatamente do destino final dos homens ímpios por ocasião do juízo (ou seja, um ótimo momento para ele afirmar a sua posição de que seriam para sempre atormentados), ele nega que estes possuiriam uma eternidade, e ainda confirma que eles trariam sobre si mesmos “repentina destruição”: “No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição” (cf. 2Pe.2:1). Não tratava-se da calamidade física imediata (pois eles continuariam vivos após pregar as heresias), mas sim da destruição que se dá de repente, após o juízo na segunda vinda do Senhor. Na mesma epístola o apóstolo acentua que a retribuição pela injustiça que causaram é a destruição (cf. 2Pe.2:12,13), e não um tormento eterno. Em seguida ele volta a mencionar que após o dia do Juízo, os ímpios serão completamente destruídos: “Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios” (cf. 2Pe.3:7). E, para terminar, ele conclui dizendo que os ímpios terão o mesmo fim das cidades de Sodoma e Gomorra, tornando-se em cinzas (cf. 2Pe.2:6). Tem como se pensar que o apóstolo tinha alguma idéia de um tormento eterno aos ímpios? Não! Certamente que não! O autor da epístola aos Hebreus escreve que o fogo do Juízo há de devorar os rebeldes (cf. Hb.10:26,27). Outras versões trazem “consumir”. Ora, não há como se conceber uma eternidade de devoração e consumição como um processo. O efeito/resultado do “devorar” do juízo (ou seja, a sua completa destruição) pode ser eterna, mas não o processo, que seria eternamente inconclusivo. Ademais, a palavra no original grego aqui utilizada é “esthio”, que, quando é usada, é usada em seu sentido literal. Quando o sentido de “devorar” pode ser literal ou figurado, a palavra utilizada no original grego é “katesthio”. Contudo, o autor de Hebreus usa o termo “esthio”de “devorar”, acentuando que a destruição é literal. O autor faz questão de ressaltar o fato de que os ímpios seriam literalmente devorados. O apóstolo Paulo também afirma que “vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado” (cf. 1Co.3:16,17). Diante do contexto, fica evidente que Paulo refere-se ao juízo final, dizendo poucos versos antes que o dia do juízo revelará as obras de cada um (v.13), uns serões salvos (v.15), mas os

que destruírem o santuário de Deus, este os destruirá (v.17). Ele não irá preservá-los para sempre em tormento. Os corpos ressurretos dos ímpios não são incorruptíveis para serem eternamente refratários ao fogo (cf. Gl.6:8). Paulo não estava falando simplesmente da destruição do corpo físico por Deus [primeira morte], porque seriam as próprias pessoas que destruiriam o santuário terreno (v.17). Diz respeito ao que acontece depois da morte. Ele também afirma que os vasos da ira de Deus estão preparados para a destruição (cf. Rm.9:22), faz várias vezes um contraste entre os que serão salvos e os que perecerão (cf. 1Co.1:18; 2Co.2:15,16; 2Co.4:3), e acentua o contraste entre vida e morte (cf. Rm.6:21-23; Rm.8:13; 2Co.7:10; 2Co.3:6; Rm.6:16). Em outra epístola, o apóstolo Paulo confirma que o final dos ímpios é a destruição, em contraste com vida eterna que só os justos possuirão: “Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (cf. Gl.6:8). Os ímpios colherão destruição e não uma vida eterna em algum lugar. Apenas aqueles que semeiam para o Espírito colherão uma vida eterna! Paulo sempre discordou inteiramente da teologia de que Deus preservará em vida (eterna) os homens ímpios em tormento. Por isso, 2 Tessalonicenses 1:9 diz eterna destruição, e não tormento eterno; pois só Deus é imortal (cf. 1Tm.6:16), e para algo ser imortal (eterno), tem que ser parte de Deus (cf. Rm.13:14; Gl.3:27; 1Co.15:53,54). Evidentemente a destruição é eterna não como um processo eterno e infindável em uma destruição infinita e inconclusiva que não termina nunca, mas sim pelos resultados (i.e, efeitos, conseqüências) da completa destruição no dia do Juízo final que há de devorar os rebeldes (cf. Hb.10:26,27). Paulo usou a palavra apollumi para designar o destino final dos ímpios, palavra essa que corresponde a “destruição completa”. Ora, se Paulo acreditasse que os ímpios serão atormentados eternamente então ele poderia perfeitamente aplicar a palavra kolasin [castigo] ou ainda mais previsivelmente a palavra basaniso, que significa tortura, dor, tormento. Isso seria o que qualquer defensor da doutrina imortalista faria; Paulo, contudo, aplica apollumi [destruição completa], porque ele não acreditava que os ímpios fossem atormentados eternamente. Na própria continuação do verso ele ressalta o que é que ímpios terão prejuízo, que corresponde “a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder” (v.9), e não a um tormento eterno com fogo. O mesmo apóstolo Paulo também sabia muito bem que a imortalidade é por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10), se a pessoa rejeita o evangelho não tem parte no dom da imortalidade que Deus concede aos justos. Destruição e extermínio da alma – Que a alma é destruída no inferno-geena isso é muito claro a partir de Mateus 10:28, que já vimos aqui: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo” (cf. Mt.10:28). Várias razões fazem com que a palavra grega apollumi aqui empregada represente o aniquilamento e não o prosseguimento eterno de vida da alma. Em primeiro lugar, porque exatamente a mesma palavra é empregada com respeito à morte do corpo, e essa morte é literal, pois o corpo dos ímpios não é incorruptível para ser eternamente refratário ao fogo (cf. Gl.6:8), sendo reduzido completamente ao pó (cf. 2Pe.2:6).

Se a morte do corpo é um extermínio literal – e a mesma palavra também é empregada com relação à alma – então segue-se logicamente que a alma – realmente – também é destruída completamente no inferno-geena. Em segundo lugar, porque o contexto todo está referindo-se a mortes literais no sentido de cessação de vida. Lemos sobre aqueles que podem matar o corpo, e isso está longe de estar no sentido de continuação de vida. Uma vez que a morte da alma está neste mesmo contexto, segue-se presumivelmente que também está no mesmo sentido {exterminar, literalmente}. Em terceiro lugar, a palavra grega aqui empregada “apolesai”, dificilmente pode ser classificada senão como a cessação total da vida, uma vez que está em seu sentido primário de destruição, como vemos que está pelo contexto. Pela Concordância de Strong, tal palavra significa primariamente: “para destruir

completamente”; e tal designação está muito, muito longe de ser classificada como um prosseguimento de vida. E, se Paulo quisesse realmente dar o seu sentido secundário (de “perdição”, e não de “destruição”), então o texto perderia inteiramente o seu nexo. É antilógico crer que Cristo queria dizer que “temei antes aquele que pode perder o corpo a alma no geena...”; pois isso deixaria o texto fora de sentido, e, pior ainda, a implicação desta intepretação deturpada nos faria levar a crer que o próprio Deus perderia e a alma no inferno. . . ou seja, um total absurdo. A passagem só faz sentido se, realmente, Deus “destruir” – e não “perder” – a alma no geena. E, quando apollumi é utilizado em seu utilizado em seu sentido primário, ele remete e uma destruição completa, e nunca a um prosseguimento de vida. Vemos, portanto, que tal referência de Cristo relacionando-se a destruição da alma no inferno-geena é de destruição completa, literal, e, portanto, anula em absoluto a doutrina da imortalidade da alma no inferno. Afinal, onde é que já se viu um processo de destruição que nunca se... destrói?! Outra passagem que nos mostra de maneira clara a cessação de vida da própria alma-psiquê no inferno-geena, encontra-se quando lemos o discurso de Pedro em Atos 3: “E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo” (cf. At.3:23). A palavra aqui usada no original grego para a destruição da alma é “exolothreuo”, que, de fato, significa: “extirpar; exterminar; destruir”. Se existe alguma palavra grega para denominar o total fim completo de qualquer existência, esta palavra certamente é exolothreuo-exterminar. O mais interessante nesta passagem é que é uma referência direta ao próprio destino da alma-psiquê (v.23). Diante do contexto, vemos que o “profeta” ali citado trata-se do próprio Jesus (v.20). Em outras palavras, aquele que não escutar e seguir a este profeta [o Cristo] terá a sua alma exterminada- exolothreuo! É óbvio que em absolutamente nenhuma vez em que exolothreuo é mencionada no Novo Testamento tem o sentido senão de total cessação de vida, um extermínio total. O que mais Pedro poderia fazer para provar que a alma dos ímpios seria realmente aniquilada??? Mais figuras do Novo Testamento – Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou que o final dos ímpios é o mesmo daqueles ímpios que viviam em Sodoma e Gomorra até serem

completamente destruídos: “O mesmo aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e destruiu a todos” (cf. Lc.17:28,29). Ora, os habitantes de Sodoma foram literalmente destruídos. O fogo do Céu que caiu sobre eles não continuou os queimando até hoje em uma destruição eterna e inconclusiva que não termina nunca. Cristo usou a destruição que sofreram os habitantes de Sodoma como comparação com o que acontecerá aos ímpios. A destruição sofrida em Sodoma foi uma destruição literal, o fogo consumiu a todos e eles deixaram de existir. Dada a devida analogia com a sorte final dos ímpios, tal comparação estaria completamente equivocada caso o fogo que cairá sobre os ímpios também não os destrua totalmente da mesma forma que aconteceu com os habitantes de Sodoma. Cristo também afirmou que os ímpios serão como os servos infiéis que foram executados com a chegada do seu senhor (cf. Lc.20:16). Eles não foram castigados ou torturados para sempre, mas tiveram a cessação de vida. Jesus comparou a destruição dos ímpios com ervas reunidas em molhos para serem queimadas (cf. Mt.13:30,40), e o fogo consome completamente as ervas reunidas em molhos até deixarem de existir. Tal comparação não faria sentido caso os ímpios, ao contrário das ervas, continuassem subsistindo para todo o sempre. Ademais, os ímpios serão como o mau servo que será destruído (cf. Mt.24:51), os galileus que pereceram (cf. Lc.13:2,3), e as dezoito pessoas que foram esmagadas pela torre de Siloé (cf. Lc.13:4,5). Todos estes tiveram literalmente a cessação de suas vidas e não a permanência delas até os dias de hoje apesar de sua “destruição”. A destruição que caiu sobre estes foi uma destruição de caráter aniquilacionista, reduzindo-os completamente até o fim completo de suas existências. O Dr. Bacchiocchi explica mais uma figura do AT que se aplica no NT relacionada ao destino final dos ímpios na Bíblia: “A separação que se procedia no Dia da Expiação entre israelitas impenitentes e penitentes tipifica a separação que ocorrerá por ocasião do Segundo Advento. Jesus comparou essa separação com a que tem lugar ao tempo da colheita entre o trigo e o joio. Os malfeitores serão lançados ‘na fornalha de fogo’ e os ‘justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai’ (Mat. 13: 42, 43). As parábolas de Jesus e o ritual do Dia da Expiação ensinam a mesma importante verdade: cristãos falsos e genuínos coexistirão até Sua vinda. Mas por ocasião do juízo final uma separação permanente ocorre quando pecado e pecadores serão erradicados para sempre e um novo mundo será estabelecido. Como no serviço típico do Dia da Expiação, os pecadores impenitentes eram ‘eliminados’ e ‘destruídos’, assim no cumprimento antitípico do juízo final, os pecadores ‘sofrerão penalidade de eterna destruição banidos da face do Senhor’ (2 Tes. 1:9)” [“Immortality or Resurrection?”] Nunca a penalidade era de sofrer uma tortura eterna, ou um aprisionamento para sempre, mas sim o fim da vida da vítima, tipificando a destruição completa tanto do pecado quanto dos pecadores: “Os israelitas penitentes que se arrependiam de seus pecados eram pronunciados ‘purificados . . . perante o Senhor’ ao completarem-se os ritos de purificação. Os israelitas impenitentes que pecaram desafiadoramente contra Deus (cf. Lev. 20:1-6) e não se arrependiam, no Dia da Expiação eram ‘eliminados’ (Lev. 23:29, 30)” [“Immortality or

Resurrection?”]

Tal tipificação entre Antigo e Novo Testamento perderia completamente o seu sentido no caso de acontecer justamente o inverso, ou seja, a tortura eterna e não a eliminação dos ímpios. A Bíblia afirma que “a Lei é uma sombra daquilo que há de vir” (cf. Hb.10:1), seguindo-se logicamente, então, que os pecadores terão o mesmo destino que tiveram os israelitas impenitentes: a total e completa eliminação, pois “toda alma que não ouvir este profeta será exterminada do meio do povo” (cf. At.3:23). Nesta mesma passagem acima mencionada por Pedro em Atos ele faz referência a Dt 18,15.19, o que nos mostra que, realmente, Pedro entendia a devida tipificação entre a pena sofrida pelos israelitas no AT e a sorte final dos homens pecadores. E, além de nos mostrar que tal figura entre o Antigo e Novo Testamento é verdadeira, ele ainda mostra que, assim como em Deuteronômio, os ímpios terão as suas próprias almas exterminadas (cf. Dt.18,15.19 com At.3:23). A ordem era “eliminem o mal do meio de vocês” (cf. Dt.19:19), uma sombra da futura eliminação dos ímpios. É evidente que a “eliminação” aqui relatada jamais supunha uma continuação de existência, mas sim uma cessação de existência. O mal que tinha que ser eliminado do meio dos israelitas tipifica o mal a ser completamente excluído e eliminado no dia do Juízo. Preste atenção à clareza desta analogia pregada por Cristo: “Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (cf. Lc.13:2,3). Aqui o “perecer” não pode ser considerado como a permanência da vida, simplesmente porque Cristo afirma de modo claro que seria “IGUALMENTE”, isto é, de igual modo ao que sucedeu àqueles galileus, assim se daria com o fim daqueles que não se arrependessem (tratava-se dos ímpios). Os galileus ali citados foram aniquilados, isto é, tiveram a cessação de suas vidas, foi uma destruição completa. Cristo atribui que a destruição final dos ímpios se dará DE IGUAL MODO daqueles galileus. Se é de igual modo, então também serão exterminados. Outra passagem em que Cristo acentua tal realidade, encontra-se no evangelho de Lucas: “Jesus olhou fixamente para eles e perguntou: Então, qual é o significado do que está escrito? ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular’. Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó” (cf. Lc.20:17,18). Assim como um vaso de barro é quebrado ao ser jogado contra uma pedra e assim como é esmagado quando uma pedra cai sobre ele, assim também será o completo extermínio final dos que rejeitarem a Jesus. O quadro não é de continuação eterna de vida, mas de sua total cessação de existência, sendo despedaçada e reduzida precisamente ao pó (v.18)! Jesus também disse: “Eu lhes dou [aos remidos] a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão” (cf. Jo:10:28); “Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz para a perdição [apollumi] e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela” (cf. Mt.7:13,14). Dentro do contexto destas passagens, não há razão para reinterpretar a palavra “perecer” ou “destruir” para significar permanência de vida em tormento eterno, sem um fim, ainda

mais quando percebemos que em seu sentido completo está sendo usada em antítese a vida. Então eles não tem vida. Por fim, em 2 Pedro 3:6-10 temos o paralelo traçado pelo apóstolo entre os que foram destruídos por ocasião do dilúvio com os que perecerão ao final, segundo é decretado “pela mesma palavra” [de Deus]. O termo empregado por ele é apollumi, no sentido de destruição dos homens ímpios, (v.7), ao que ele narra que estão eles “reservados para o fogo”, que não está em atividade, senão no “dia do juízo” (v.7), em que os ímpios serão destruídos. Acaso os que foram destruídos no dilúvio ficaram eternamente dentro d’água, sofrendo tormentos infindáveis nesse “inferno líquido”? É claro que não. Tal tipificação com a sorte final dos ímpios perderia o seu sentido em caso que o fogo destruidor que lhes está reservado no dia do Juízo não lhes consumisse completamente, como é de se esperar. Contexto de vida versus não-vida – Em toda a Bíblia vemos o contraste entre vida versus

morte, entre vida versus destruição. Tal ensinamento é claramente colocado por Jesus no evangelho de Lucas: “Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a vida por minha causa, este a salvará. Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se ou destruir a si mesmo?” (cf. Lc.9:24,25). Aqui é fortemente ressaltado o aspecto de vida versus não-vida (destruição). Se os ímpios podem perder a vida, então segue-se que eles ficam sem vida. Não existe existência humana sem Cristo, pois o homem pode salvar a sua vida ou perder a vida em caso de não aceitá-Lo. A palavra empregada no original grego é apollumi, sendo a “perdição” relatada no v.24 no sentido de destruição mesmo. O final do verso seguinte confirma a idéia ao aplicar novamente o termo: “perder-se ou destruir a si mesmo”. Em suma, a ideia é que a vida pode ser perdida (resultando em não-vida, sem existência de vida) o que resulta em destruição ao indivíduo, destruindo-se a si mesmo. É uma clara descrição do destino final dos ímpios que terão as suas próprias vidas (existências) perdidas, destruídas. O próprio Jesus afirmou que “quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará” (cf. Mt.10:39). Se você “perde a vida”, então necessariamente tem que ficar “sem vida”. Aqui a morte é claramente relacionada com o inverso de vida, isto é, não-vida. Por isso, torna-se inaceitável que Deus mantenha em vida bilhões de criaturas por toda a eternidade, uma vez que elas deveriam perder a vida por não aceitarem a Cristo, e não ter a permanência delas. Outra abordagem interessante neste mesmo contexto é feita pelo autor da epístola aos Hebreus, ao lermos: “Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a destruição [apollumi]; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma” (cf. Hb.10:39). Aqui nós vemos algo que vai muito além do fato de que os não-salvos serão destruídos, algo que por si só já seria um argumento. Mas, mesmo que aqui apollumi possa significar outra coisa senão destruição, o contexto não nos deixa outra opção senão o aniquilamento dos ímpios. Isso porque apenas os justos [os salvos] é que conservarão a sua vida, sendo que no original grego a palavra utilizada pelo autor é exatamente “psuche” – alma! Só os salvos que conservarão as suas almas em existência e, uma vez que os não-salvos não terão as suas almas conservadas, segue-se logicamente que eles terão a sua própria alma [vida] eliminada.

Assim podemos entender o nítido contraste entre os que serão destruídos-apollumi e aqueles que terão a conservação de suas vidas [alma- psuche]. A clareza do texto é evidenciável, pois se a “destruição” ou “perdição” aqui mencionada não fosse exatamente a completa eliminação/aniquilamento dos ímpios, então eles teriam também as suas almas conservadas em vida! Contudo, a antítese nos deixa claro que tal fato é exclusividade dos justos, seguindo-se então que nenhum ímpio terá a prorrogação eterna de suas vidas, mas sim o fim delas. Veremos agora o que Deus declara no livro de Ezequiel: “Mas, se um ímpio se desviar de todos os pecados que cometeu e obedecer a todos os meus decretos e fizer o que é justo e é direito, com certeza viverá, não morrerá” (cf. Ez.18:21) “Teria eu algum prazer na morte do ímpio? Palavra do Soberano, o Senhor. Ao contrário, acaso não me agrada vê-lo desviar-se dos seus caminhos e viver? Se, porém, um justo se desviar de sua justiça, e cometer pecados e as mesmas práticas detestáveis dos ímpios, ele deverá viver? Nenhum de seus atos de justiça será lembrado! Por causa de sua infidelidade de que é culpado e por causa dos pecados que ele cometeu, ele morrerá” (cf. Ez.18:23,24) “Se um justo desviar-se de sua justiça e cometer pecado, ele morrerá por causa disso, por causa do pecado que ele cometeu ele morrerá. Mas, se um ímpio se desviar de sua maldade e fizer o que é justo e direito, ele salvará a sua vida. Por considerar todas as ofensas que cometeu e se desviar delas, ele com certeza viverá, não morrerá” (cf. Ez.18:16,28) Ora, considerar nessas passagens a morte apenas como uma “separação” ou como uma morte apenas espiritual, mas com uma existência eterna, é ferir o texto bíblico que usa morte como ANTÍTESE de “vida”, que apenas os justos possuem. Se alguém não tem vida, então chamamos isso exatamente de “cessação de vida”. É o fim total da existência humana. Isso fica mais do que claro em Ezequiel, no capítulo 18, do v.17 ao v.32, onde nitidamente o contraste é entre vida versus não-vida (cessação de vida). Também a “morte” e “vida” aqui mencionadas não podem tratar-se desta presente vida, pelo simples fato de que todos os justos perecem e morrem para esta vida. É uma clara referência entre os destinos finais oferecidos aos seres humanos entre a vida e a morte como a cessação de vida. Também no verso 17 lemos que se um pecador se desviar de sua maldade e fizer o que é direito, ele “salvará a sua. . . vida”. É evidente que para alguém salvar a sua vida ele tem que ter a opção de não ter vida (não-vida). É a morte claramente identificada como a cessação total da vida. No final, Deus conclui perguntando: “porque deveriam morrer, ó nação de Israel? Pois não me agrada a morte de ninguém! Palavra do Soberano, o Senhor! Arrependam-se e vivam!” (cf. Ez.18:31,32) Esse contraste entre a vida e a cessação de vida, é acentuado diversas vezes também no Novo Testamento. No evangelho de Lucas, o Senhor Jesus declara: “Disse Jesus: ‘Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá’” (cf. Lc.10:28). Ora, como é que Cristo pode dizer a quem o indagava, que este teria que fazer algo para viver (a saber, cumprir os mandamentos – cf. Lc.10:26,27) senão porque tem como opção a cessação de vida?

Se ele tem que fazer algo para viver, então é porque ele pode ter a cessação de sua vida. Nisso fica mais do que claro o contraste entre vida versus cessação de vida, e não de vida em ambos os casos para justos e ímpios em lugares diferentes por toda a eternidade. Ele tem que fazer algo para viver porque ou ele tem a vida (eterna), OU. . . a cessação de vida (não-vida). O apóstolo João também acentua: “Contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida” (cf. Jo.5:40). Ora, se é preciso vir a Cristo para ter vida, então aqueles que não vêm a Cristo ficarão sem vida. É claramente classificado como a cessação total da vida. A verdade, porém, é que só tem vida aqueles que “comem e bebem da carne do Filho do Homem”: “Jesus lhes disse: Eu lhes digo a verdade: Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em si mesmos” (cf. Jo.6:53). E o apóstolo reitera essa verdade em sua primeira epístola bíblica: “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si” (cf. 1Jo.3:15). Em outras palavras, o assassino (e aquele que não segue ao Evangelho) não terá a vida (cf. Jo.6:53; Jo.6:58), não possuirá o dom da imortalidade vivendo uma vida eterna. Ora, até mesmo o pior dos assassinos teria vida eterna permanente em si caso fosse detentor de uma alma eterna e imortal presa dentro de seu ser. Outro ensinamento claro de Nosso Senhor Jesus Cristo, é que para ser imortal, “vivendo eternamente”, deve-se comer do “pão da vida”: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne” (cf. João 6:51) Vemos que apenas aquele que dele comer, do pão vivo que desceu do Céu, pode ser imortal vivendo eternamente. Ora, os ímpios também comem do pão da vida? É claro que não! Então eles não são imortais para viverem eternamente em algum lugar. Não é necessária muita capacidade para percebemos o nítido contraste bíblico entre a vida e a cessação de vida. Por isso mesmo, devemos analisar que o “lago de fogo”, descrito em Apocalipse como o local final onde os ímpios terão a devida paga, é a “segunda morte” (cf. Ap.20:14). O lago de fogo não é um lugar onde as almas passam a eternidade queimando, o lago de fogo é um lugar onde a alma dos não-salvos será lançada para ser morta, o lago de fogo é a segunda morte (cf. Ap.20:14). O lago de fogo destrói corpo e alma (cf. Mt.10:28), a alma também pode ser morta (cf. Núm. 31:19; 35:15,30; Jos. 20:3, 9; Gên. 37:21; Deut. 19:6, 11; Jer. 40:14, 15; Juí. 16:30; Núm 23:10; Ez.18:4; Ez.18:20; Juí. 16:30; Núm. 23:10; Eze. 22:25,27). Para os salvos, a ressurreição marca o galardão de outra vida mais elevada, mas para os perdidos marca a retribuição de uma segunda morte que é final. Como não há mais morte para os remidos (cf. Ap.21:4), assim não há mais vida para os perdidos (cf. Ap.21:8). A “segunda morte”, então, é a morte final e irreversível. O lago de fogo é a segunda morte, é a morte física e espiritual, a morte final e irreversível. Finalmente, as Escrituras no ensinam: “Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O lago de

fogo é a segunda morte” (cf. Ap.20:14). Será a morte da morte! É certamente o fim total de qualquer existência de vida. O Dr.Samuelle Bacchiocchi ainda acrescenta: “A frase ‘segunda morte’ era frequentemente empregada pelos judeus para descrever a morte final, irreversível. Numerosos exemplos podem ser encontrados no Targum, que é a tradição aramaica e interpretação do Velho Testamento. Por exemplo, o Targum sobre Isa. 65:6 é muito próximo de Apoc. 20:14 e 21:8. Assim reza: ‘A punição deles será no Geena onde o fogo queima o dia todo. Eis que está escrito perante mim: Não lhes darei descanso durante sua vida, mas lhes atribuirei a punição por suas transgressões e entregarei seus corpos para a segunda morte’. Novak, o Targum sobre Isa. 65:15 reza: 'O Senhor Deus vos matará com a segunda morte mas os seus servos, os justos, Ele chamará por um nome diferente’. Aqui a segunda morte é explicitamente igualada à morte dos ímpios pelo Senhor, uma clara imagem da destruição final, não de tormento eterno” [“Immortality or

Resurrection?”] A Bíblia é clara em dizer que sem Cristo não há vida: “Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (cf. 1Jo.5:12) A morte não é tão-somente uma separação ou uma morte apenas espiritual mas com uma existência eterna. Antes, a segunda morte é uma morte física e espiritual, a morte final e irreversível, a separação definitiva de Deus, sendo que Deus é vida, e sem Deus não há vida. A vida é somente em Cristo! Só o que vence adquire a imortalidade (cf. Ap.2:7,11), e apenas aqueles cujos nomes são achados no livro da vida possuem vida. Algumas versões, como a ARA, trazem “livro dos vivos” (cf. Sl.68:29). Para uma pessoa ser mantida com vida, o seu nome tem que ser achado no livro dos vivos, o livro da vida. As pessoas que cujos nomes não são encontrados neste livro, não são preservados com vida. A vida é somente e unicamente aos salvos, àqueles que estão no livro da vida, aqueles que estão em Cristo Jesus, àqueles que têm participação na árvore da vida que está reservada aos salvos no Paraíso (cf. Ap.2:7,11), e quem tiver parte na

árvore da vida obterá a imortalidade (cf. Gn.3:22; Ap.22:2,14). Apenas os justos tem corpos incorruptíveis – A Bíblia Sagrada indica que somente os salvos terão corpos incorruptíveis (cf. Fp.3:20,21; 1Co.15:35-55). Os ímpios, ao contrário, colherão corrupção, em contraste com a “vida eterna”, fato que é expressamente relatado em Gálatas 6:8. A pergunta que fica é: Como os corpos dos ímpios que ressuscitam têm capacidade de ser eternamente refratários ao fogo, pois somente os remidos são descritos como tendo corpos incorruptíveis? Ora, alguém que tem corpo corruptível, em contraste com a incorruptibilidade e a vida

eterna dos justos, não pode ficar queimando vivo no inferno para sempre, pois se assim fosse seria exatamente o inverso, isto é, incorruptível. Os imortalistas na tese do inferno eterno têm uma imensa dificuldade em explicar como os ímpios que ressuscitam poderiam ser lançados no fogo que jamais consome seus corpos que não são incorruptíveis. Ora, se os corpos ressurretos dos ímpios conseguissem ser eternamente refratários ao fogo do inferno, tendo uma vida eterna naquele lugar sem ter jamais chegar o seu fim de existência, seria exatamente o inverso disso: seria incorruptível. O fato de apenas os justos

terem corpos incorruptíveis (cf. Fp.3:20,21; 1Co.15:35-55) e dos ímpios serem corruptíveis (cf. Rm.2:7; Gl.2:8), revela que eles não serão eternamente refratários a fogo, pelo contrário, terá um momento em que serão completamente consumidos por ele, deixando de existirem, pois seus corpos ressurretos não são incorruptíveis. A Imortalidade é buscada e só é alcançada pelo evangelho – Já vimos aqui a passagem de Romanos 2:7, que se constitui em uma fortíssima prova contrária a suposição de que o homem possui uma alma imortal. Mas, além dessa conclusão na qual podemos facilmente verificar a partir da leitura de tal versículo, também vimos que ele serve como uma prova ainda mais forte de que não há existência eterna no inferno. A existência eterna no inferno consequentemente faria com que os ímpios também fossem detentores de imortalidade. Mas, se todos – até mesmo os ímpios – ganham a imortalidade, então para que ela tem que ser buscada? Essa é uma pergunta que incomoda os imortalistas. Se você vai buscar algo, então segue-se que nem todos a alcançam. Se todos alcançassem a imortalidade ou já a possuíssem naturalmente, então ninguém teria que buscar nada, pois isso seria uma consequência natural que qualquer pessoa do universo é possuidora. A única razão lógica pela qual a imortalidade ter de ser buscada é porque, realmente, nem todos a alcançam. O fato de a imortalidade ter de ser buscada revela que nem todos conseguirão tê-la. Ter uma vida eterna sendo imortal é um dom de Deus (Rm.6:23) porque só Deus a possui como uma possessão natural (cf. 1Tm.6:16), e só a alcança aqueles que a buscam (cf. Rm.2:7). Logo, os ímpios não a possuem para poderem ser imortais assim como os justos. Se os ímpios não são imortais, então eles terão um fim total de suas existências, a total eliminação quando deixam de existir (cf. Sl.104:35; Is.41:11,12), assim como é relatado na Bíblia toda (cf. Sl.37:9; 2Pe.2:6; Is.5:23,24; Ml.4:3; Pv.22:23; Sl.73:17-20; Is.16:4,5; Is.19:18-20). Ninguém vai buscar alguma coisa que todo mundo alcança “querendo ou não”! Ainda mais, em 2 Timóteo 1:10, Paulo nos afirma de forma categórica que a imortalidade é “por meio do. . . evangelho”. Isso contraria a teologia moderna de que os ímpios herdarão uma vida eterna no inferno e de que o diabo e seus anjos herdarão a imortalidade. Isso é um tiro no que a Bíblia Sagrada afirma. A imortalidade é por meio do Evangelho (cf. 2 Timóteo 1:10)! Isso deveria ser claro para todos nós cristãos, pois se o diabo e os demais forem “mantidos com vida” para serem “castigados” por um tempo sem fim, durante toda a eternidade, seria o mesmo que Deus dar a vida eterna à Satanás, aos demônios e aos que rejeitaram a Cristo. Isso é uma heresia, pois somente os justos comerão da árvore da vida para serem imortais! (cf. Ap.22:2). Lemos em 1 João 3:15 que ímpios não têm vida eterna! Paulo faz questão de ressaltar o fato de que a imortalidade é mediante o evangelho de Cristo, e não há como admitir que Satanás e todos os homens ímpios também alcancem essa imortalidade que é por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10), para aqueles que comem da árvore da vida (cf. Ap.22:2), e que comem do pão da vida que é Cristo (Jcf. o.6:51).

A imortalidade é por meio do evangelho, e não por meio do diabo ou de uma “alma” imortal em nós implantada. Se a doutrina da imortalidade da alma dos ímpios e pecadores fosse verdadeira, então o diabo, os anjos caídos, os ímpios, e todos os profanos teriam parte no evangelho! É óbvio que a razão pela qual o apóstolo Paulo faz questão de ressaltar que a imortalidade é pelo evangelho provém do fato de que não existe imortalidade senão por meio do evangelho, em Cristo Jesus nosso Senhor! Será que os ímpios também “perseveram em fazer o bem...” para “buscar a imortalidade” (cf. Rm.2:7)? É claro que não. A vista de tudo isso, concluímos, pois, que apenas os justos herdarão o dom da vida eterna e da imortalidade, e os ímpios serão eliminados na segunda morte. VII–A Lei da Proporcionalidade Já frisamos neste aspecto, e voltamos a mencionar, que o aniquilamento dos ímpios não é algo que anula o castigo do tormento do inferno. O aniquilamento não vem senão depois de cada um pagar de acordo com o que as suas obras fizeram por merecer, ou seja, atua uma lei de justa retribuição (proporcionalidade), cada um de acordo com as obras. Esse ensinamento encontra uma clareza indiscutível nas Escrituras Sagradas, não apenas nos ensinamentos relativos ao Antigo Testamento, mas como também nos ensinos neotestamentários. Novamente, o Novo Testamento não anula e nem altera o Antigo. O inferno-geena é um local de castigo que perdura até o momento em que cada um paga de acordo com o que merece, quando esta presente terra desaparecerá para dar lugar a Novos Céus e Nova Terra, fato esse que veremos mais adiante. Importante é ressaltarmos que essa verdade não contradiz o ensinamento bíblico de que o homem é justificado pela fé genuína. Uma coisa é bem diferente da outra: A justificação

vem pela fé, a retribuição vem de acordo com as obras de cada um (cf. Ap.22:12). O Antigo Testamento – No Antigo Testamento vemos a crença clara de que a cada ímpio lhe seria retribuído exatamente aquilo que é correspondente as suas obras. Tão certo como os ímpios seriam por fim totalmente eliminados (cf. Sl.37:9; 2Pe.2:6; Is.5:23,24; Ml.4:3; Pv.22:23; Sl.73:17-20; Is.16:4,5; Is.19:18-20; Sl.62:), certo também seria que cada um pagaria de acordo com as suas obras (cf, Pv.24:12; Is.59:18; Is.65:5; Os.12:2; Sl.28:3,4; Je.25:14; Sl.62:12). Veremos alguma dessas citações: A retribuição é exatamente aquilo que cada um merece de acordo com as suas obras: “Conforme o que fizeram lhes retribuirá: aos seus inimigos, ira; aos seus adversários, o que merecem; as ilhas, a devida retribuição” (Is.58:18). Do início ao fim, o foco é na devida retribuição, de acordo com o que cada um fez e o que cada um merece. Contudo, tormentos infinitos por pecados finitos não entram nessa lógica. Também pouco mais a frente: “Vejam, porém! Escrito está diante de mim: Não ficarei calado, mas lhes darei a plena e total retribuição” (Is.Is.65:5). Acerca de Israel, Deus também diz: “O Senhor tem uma acusação contra Judá, e vai castigar Jacó de acordo com os seus caminhos; de acordo com suas obras lhes retribuirá” (cf. Os.12:2). Que a retribuição vem de acordo

com as obras de cada um, e não um tormento eterno para todos, isso fica ainda mais claro à luz do Salmo 28:3-4: “Não me dês o castigo reservado para os ímpios e para os malfeitores, que falam como amigos com o próximo, mas abrigam maldade no coração. Retribui-lhes conforme os seus atos, conforme as suas más obras; retribui-lhes o que as suas mãos têm feito e dá-lhes o que merecem” (cf. Sl.28:3,4). O castigo vem de acordo com os atos e as más obras de cada um, evidentemente podendo variar de pessoa a pessoa. Essa mesma verdade é expressa por Davi no salmo 62 – “Contigo também, Senhor, está a fidelidade. É certo que retribuirás a cada um conforme o seu procedimento”. O castigo varia de acordo com o procedimento de cada um, de acordo com o que cada um fez por merecer pelas suas obras. Em Provérbios 24:12, lemos: “Mesmo que você diga: Não sabemos o que estava acontecendo! Não o saberia aquele que pesa os corações? Não o saberia aquele que preserva a sua vida? Não retribuirá ele a cada um segundo o seu procedimento?” (cf. Pv.12:24). A retribuição não é um tormento infinito, mas sim conforme o procedimento de cada um. Creio que não haja quem pense que seria “de acordo com o que cada um merece pelas suas obras” um tormento infinito por pecados finitos, de décadas de “pecado” (ou até menos!). Isso é contradizer a Bíblia e a sabedoria divina. Dizer que o Antigo Testamento apregoava um tormento eterno para todos, é negar todas as evidências de retribuição conforme as obras (cf. Is.59:18; Is.65:5; Os.12:2; Sl.28:3,4; Je.25:14; Sl.62:12), bem como todo o arsenal característico de aniquilamento final. Mais de 25 substantivos são usados no Velho Testamento para descrever a destruição final dos ímpios, esgotando-se os recursos de língua hebraica para denominar o aniquilamento final. Contudo, embora chegue até a ser cansativo de ler as passagens que denominam que os ímpios serão “completamente destruídos. . . exterminados. . . se farão em cinzas. . . deixarão de existir”, é notório que NUNCA é mencionada qualquer referência de que os ímpios serão “atormentados para sempre”, ou “castigados para sempre”! A razão para isso é simples: A crença do AT era que, após cada um pagar o que lhes correspondia às suas obras, seriam todos completamente destruídos. Três coisas mais do que constantes no Antigo Testamento, pelo o que qualquer leitor honesto facilmente concluirá, é que: (1) A punição dos ímpios é um acontecimento futuro, e não algo que já esteja em atividade. (2) Eles [os não-salvos] serão exterminados, eliminados, destruídos, e não “atormentados para sempre”. (3) Cada um pagará de acordo com o seu procedimento, pelo o que fez por merecer. Quando os defensores da imortalidade da alma se deparam com as provas do terceiro ponto apresentadas (pelos vários versos que vimos acima), costumam dizer que o quadro não apresenta um futuro aos ímpios no dia do Juízo, mas sim uma relação apenas a esta presente vida. Tal suposição, contudo, é negada pelas claras palavras do apóstolo Paulo [no Novo Testamento]:

“Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento. Deus ‘retribuirá a cada um conforme o seu procedimento’. Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade” (cf. Rm.2:5-7). O quadro é do “dia da ira de Deus”, o dia do julgamento. O verso 6 é bem interessante porque Paulo (como costumava fazer) cita uma passagem veterotestamentária que tem uma correta aplicação no contexto: “Deus ‘retribuirá a cada um conforme o seu procedimento’” (v.6). Essa é uma citação paulina de Provérbios 12:24 e do Salmo 28:2,3, o que nos mostra que os próprios apóstolos sabiam que as afirmações veterotestamentárias tinham uma correta aplicação prática ao destino final dos ímpios no dia do julgamento. O Novo Testamento – O Novo Testamento segue o mesmo ritmo do Velho afirmando a mesma verdade apresentada que os ímpios sofrerão no inferno até pagarem pelas suas obras, fato esse que varia de pessoa a pessoa. Jesus Cristo é o primeiro a ensinar a clareza deste ensinamento bíblico em Lucas 12:47-48. Analisaremos o contexto todo para vermos como Cristo falava da punição do juízo final aos ímpios: “Estejam também vocês preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora em que não o esperam; Pedro perguntou: ‘Senhor, estás contando esta parábola para nós ou para todos? O Senhor respondeu: ‘Quem é, pois, o administrador fiel e sensato, a quem seu senhor encarrega dos seus servos, para lhes dar sua porção de alimento no tempo devido? Feliz o servo a quem o seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar. Garanto-lhes que ele o encarregará de todos os seus bens. Mas suponham que esse servo diga a si mesmo: ‘Meu senhor se demora a voltar’, e então comece a bater nos servos e nas servas, a comer, a beber e a embriagar-se. O senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera e numa hora que não sabe, e o punirá severamente e lhe dará um lugar com os infiéis. Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá muitos açoites. Mas aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de castigo, receberá poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” (cf. Lucas 12:40-48) Nestes versos, Nosso Senhor Jesus anula com toda e qualquer possibilidade de tormento eterno para todo mundo. Qual nada, os servos podem levar “muitos açoites, ou. . . poucos açoites”. Ora, qualquer pessoa que tenha a mínima capacidade de raciocínio (não precisa ser muito bom de física e de matemática) sabe que um tormento eterno, que não tem fim, sendo que passa um milênio e eles continuam lá... dois milênios e eles continuam lá... um bilhão de anos e eles continuam lá.... duzentos zilhões de anos e eles continuam lá... e permanecem lá para todo o sempre.... jamais, nunca, em circunstância alguma, em nenhuma hipótese pode ser considerada de “poucos... açoites”. Isso é ofender a todos quantos tem a capacidade de raciocínio. Se o tormento é eterno, infindável em um processo que permeia para todo o sempre, pagando infinitamente por pecados finitos, então o MÍNIMO que poderia ser considerado seria de “muitos açoites”, ou “infinitos açoites”! Para alguém levar “POUCOS” açoites, ela não pode ficar queimando eternamente em um tormento infindável dentro de um lago de fogo e enxofre que jamais chega a consumi-los completamente. Isso não chega nem perto de ser considerado de “POUCOS açoites”!

A verdade que Cristo revela em Lucas 12:47-48, é que o tormento no inferno varia de pessoa a pessoa e não vai existir alguém que vai queimar eternamente pois se fosse assim seria muitos açoites para todo o mundo. A pena não é de tormento eterno para todo mundo, pois uma pessoa pode levar muitos açoites ou poucos açoites. Deus não vai punir o ladrão de ovelhas que morreu sem aceitar a Jesus e Adolf Hitler que foi responsável pelo assassinato de mais de seis milhões de judeus com a mesma pena: “Tormento eterno para os dois”! Não. Hitler levaria “muitos açoites” e o ladrão de ovelhas não seria punido tão severamente por tão pouco. Antes, este levaria “POUCOS açoites”. O motivo de um levar muitos açoites e o outro pouco é porque o tempo em que vão queimar no inferno varia de pessoa a pessoa: Cada um paga de acordo com aquilo que as suas próprias obras fizeram por merecer; é a Lei da Proporcionalidade ou “Justa Retribuição” em ação! O Novo Céu e a Nova Terra botam o ponto final no tormento dos ímpios com o estabelecimento de uma “nova criação” em que reina a justiça e que o mar já não existe [nem o “lago” de fogo!]. “Eis que faço novas todas as coisas”! É digno de nota que “Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (cf. Ap.21:4). Um outro ensinamento claro que podemos retirar das palavras em Cristo em Lucas 12:40-49, é que “aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá muitos açoites”. Esse servo que conhece a vontade do seu senhor representa aquelas pessoas que conhecem a Cristo, mas rejeitam-no. Fazem coisas que merecem o castigo, e quando volta o seu senhor (segunda vinda de Cristo) receberão muitos açoites no inferno de acordo com as suas obras. Aquelas pessoas, contudo, que “não o conhecem e praticam coisas merecedoras de castigo, receberá poucos açoites”. Aquelas pessoas que nunca ouviram falar de Cristo, aqueles que não o conhecem e nem tem conhecimento da sua eterna redenção e do seu amor pela humanidade, mas pratica más obras, “coisas merecedoras de castigo”, receberão poucos açoites. Isso lembra bastante aquelas pessoas que estão em lugares tão remotos do mundo, pessoas que jamais ouviram falar de Jesus Cristo, que por praticar coisas más vão para o castigo, mas por não terem conhecimento da Verdade, do Caminho e da Vida, serão poupados de um castigo maior. Levarão poucos açoites, serão poupados de um grande tormento pelo fato de que não conhecem o Salvador do mundo. Isso também anula com o inferno eterno. Cada um paga de acordo com aquilo que merece ou então Cristo estaria prometendo isso em vão. Embora o amor de Deus queira dar o dom da vida eterna a todos, a sua justiça e retidão faz com que nem todos possam desfrutar de tal coisa, mas pagam de acordo com aquilo que merecem. Outra passagem que reflete tal realidade, encontra-se em Lucas 12:58,59: “Quando algum de vocês estiver indo com seu adversário para o magistrado, faça tudo para se reconciliar com ele no caminho; para que ele não o arraste ao juiz, o juiz o entregue ao oficial de justiça, e o oficial de justiça o jogue na prisão. Eu lhe digo que você não sairá de lá enquanto não pagar o último centavo” (cf. Lc.12:58,59). As pessoas não irão lá ficar para sempre, mas “até pagares o último centavo” (v.59).

Evidentemente o que Cristo estava ensinando aqui era uma lição espiritual, com cada elemento tendo o seu devido significado: o juiz é Deus, aquele que julga os homens no Grande Trono Branco, os que forem condenados serão encaminhados pelos “oficiais de justiça” (anjos) até o local onde deverão ficar como punição, a “prisão” (geena). Não sairão de lá enquanto não pagares até o último centavo, sendo o “sair” aqui a segunda morte, o lago de fogo (cf. Ap.20:14). O inferno não é um local onde todos vão queimar eternamente independente de suas obras, mas que cada um ficará “até teres pagado o último centavo”, isto é, até pagar de acordo com as suas obras o que cada um merece. Se o inferno fosse eterno, então Cristo teria dito que não sairia de lá nunca! Outro ensinamento de Cristo baseia-se em Mateus 18, em que ele diz: “Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (cf. Mt.18:32-35). A palavra grega empregada no verso 34: “heos” – até que – ressalta o término de um período, e não a continuidade eterna. Cada pecador pagará no inferno-geena até pagar por tudo o que deve – até o último centavo – e não por um processo eterno que não tem fim. É evidente que Cristo ali relatava outra verdade no Reino, como mostra o v.35: “Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas”. Tratava-se nitidamente da sorte final daqueles que não demonstrarem perdão e compaixão pelo próximo. O ensinamento de Cristo não condiz com a doutrina do tormento eterno precisamente porque mostra que o tempo em que passariam nas mãos dos “atormentadores” (v.34) teria um fim. O próprio livro de Apocalipse revela a realidade de que Deus retribui a cada um de acordo com as suas obras e não com tormento eterno para todos. Em Apocalipse 22:12, o próprio Senhor Jesus afirma: “Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez” (cf. Ap.22:12). A clareza do texto é indiscutível: Deus retribuirá “a cada um”... de acordo com o que fez. A visão comum dos defensores do tormento eterno é a de que apenas aos justos (que recebem a recompensa) é lhes retribuído de acordo com o que fez. Contudo, o texto claramente diz “a cada um” e não “a cada justo”! Deus retribui a TODOS – justos e ímpios – de acordo com as obras de cada um. É evidente que a passagem em pauta não está falando de justificação, que é pela fé (cf. Ef.2:8,9; Rm.3:28), mas sim de retribuição, retribuição essa que é de acordo com as obras de cada um. A vida eterna é um dom de Deus, que, mesmo ninguém merecendo tal coisa, a recebem pela Sua Graça, que em sua misericórdia concede a recompensa da vida eterna aos remidos. Aos ímpios, contudo, não existe uma “graça ao inverso” com punição infinita por pecados finitos. A retribuição vem de acordo com as suas obras (cf. Ap.22:12), até pagares o último centavo (cf. Lc.12:59), sendo que cada um poderá então levar muitos ou poucos açoites (cf. Lc.12:48,49).

O apóstolo Paulo sabia muito bem disso, ao declarar que “Deus retribuirá a cada um de acordo com as suas obras” (cf. Rm.2:6). Ora, se a punição no inferno fosse eterna para todos, em um tormento consciente num processo de destruição eterno e inconclusivo, punindo infinitamente por pecados finitos, então de maneira nenhuma seria retribuição de acordo com as obras de cada um. A pena do adolescente de dezesseis anos de “pecado” e do diabo, o autor do pecado, seria a mesma: tormento eterno para todos! Onde está aí a retribuição de acordo com as obras que cada um merece pagar? Em lugar nenhum. O próprio Cristo afirmou não poucas vezes que “o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras” (cf. Mt.16:27), e também no Apocalipse: “Matarei os filhos dessa mulher. Então, todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e retribuirei a cada um de vocês de acordo com as suas obras” (Ap.2:23). Paulo também escreve que “não é surpresa que os seus servos finjam que são servos da justiça. O fim deles será o que as suas ações merecem” (cf. 2Co.11:15). Embora pudesse dizer que o fim daquelas pessoas sera o tormento eterno e sem fim, ele novamente relata em palavras a sua forte convicção de que cada um pagaria somente o correspondente às suas obras, e, por isso, “o fim deles será o que as suas ações merecem”. Noutras palavras, se as suas ações merecem pouco tempo de punição (poucos “açoites”), assim lhe será; mas, se as suas ações merecem mais tempo de castigo (muitos “açoites”) assim lhe será feito. O fato é que existe uma LEI DA PROPORCIONALIDADE; por isso o castigo é plenamente correspondido com as ações, as obras, que deverão ser plenamente pagas pelo seu mal até o fim (até o “último centavo”). A versão Corrigida e Revisada traz: “Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras” (cf. 2Co.11:15). O tormento eterno e conciente da pessoa no inferno é uma doutrina simplesmente estranha à luz da Bíblia Sagrada, fato este que fica gritantemente claro quando deixamos de nos apegar a um ou outro texto descontextualizado e passamos então a analisar o conteúdo total do que a Escritura nos diz. Tal “Lei da Proporcionalidade” ou “Justa Retribuição” é ressaltada na Bíblia inteira (cf. Lc.12:47,48; Lc.12:58,59; Mt.18:32-35; Ap.22:12; 2Tm.4:14; Rm.2:6; Mt.16:27), a se começar logo no Pentateuco, quando a retribuição ao pecador tipificava o final dos próprios ímpios: “Dêem-lhe a punição que ele planejava para o seu irmão. Eliminem o mal do meio de vocês” (cf. Dt.19:19). Ele não morria sem antes pagar pelo mal que fez, pois havia uma lei de Justa Retribuição: “Não tenham piedade. Exijam vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” (cf. Dt.19:19). Deus jamais punia mais do que o pecador merecia (jamais, por exemplo, era torturado incessantemente), mas pela Sua Justiça ele retribuía a cada um de acordo com o que ele mereceu, pois isso era uma tipificação do que acontecerá no fim dos ímpios. Largos exemplos disso são encontrados: “Então todos os homens da cidade o apedrejarão até à morte. Eliminem o mal do meio de vocês. Todo o Israel saberá disso e temerá” (cf. Dt.21:21). Embora o mal fosse completamente eliminado (uma figura do fim da existência dos ímpios), note que eles não ficavam sem castigo. Se Deus quisesse matá-los de uma vez bastaria que alguém lhes desse uma lancetada no coração ou no fígado deles e já morreria imediatamente.

Por que, então, os pecadores teriam que ser apedrejados durante algum tempo antes de serem aniquilados? Porque isso tipificava corretamente o que o próprio Deus faria com o destino final dos pecadores. Tão certo como eles serão completamente eliminados, deixando de existir, eles também não ficarão sem pagar pelo mal que cometeram. A lei é uma “sombra do que há de vir” (cf. Hb.10:1), ou seja, uma tipificação, uma figura, uma imagem daquilo que há de acontecer no futuro. Por fim, Paulo afirma enfaticamente que “Alexandre, o latoeiro, me fez muito mal; o Senhor lhe retribuirá segundo as suas obras” (cf. 2Tm.4:14). Novamente vemos aqui acentuada a lei de Justa Retribuição (proporcionalidade), Deus retribuindo aos pecadores segundo as obras e não com um tormento eterno. Paulo sabia a verdade, ele sabia muito bem que a punição do inferno vai até cada um pagar de acordo com as suas obras. Embora pudesse perfeitamente dizer que o Senhor lhe retribuiria com o tormento eterno (como qualquer imortalista diria), ele afirma a sua convicção de que Alexandre pagaria o que as suas obras fizeram por merecer, cada um pagando de acordo com as suas obras. O castigo varia de acordo com o procedimento de cada um, de acordo com o que cada um fez por merecer pelas suas obras. Creio que não haja quem pense que seria “de acordo com o que cada um merece pelas suas obras” um tormento infinito por pecados finitos, de décadas de “pecado” (ou até menos!). Isso é contradizer a Bíblia e a sabedoria divina. É isso que é o inferno: um local de punição, não eterno para todos, mas onde cada um paga aquilo que lhe é correspondente às suas obras. O Deus de Paulo é o Deus que retribui aos ímpios segundo as obras de cada um, e não o dos imortalistas que oferece o tormento infinito e eterno para todo mundo (incluindo o ladrão de ovelhas do início do tópico). A Lei da Proporcionalidade invade a Bíblia de tal maneira que não há como alguém negar um ensinamento tão claro à luz das Sagradas Escrituras. VIII-A Lei Moral A Lei Moral - Uma simples questão de raciocínio lógico já nos mostra a impossibilidade do tormento eterno. Por exemplo, você castigaria uma criação sua que pecou contra você durante algum tempo por um tormento sem um fim? Seja sincero, independente do que ele fez, você seria capaz de atormentá-lo no fogo em tempo sem fim? Não, eu diria que você (como um pai natural) o puniria de acordo com aquilo que ele merece, isto é, aquilo que ele fez por merecer pelas suas obras seria o tempo em que ele passaria sendo castigado, e não mais do que isso. Mesmo se o caso fosse de algum desconhecido, qualquer juiz justo e honesto (do mundo natural) daria uma pena de tempo correspondente ao que ele fez por merecer. Por isso, algumas pessoas ficam mais tempo presas do que outras, e nem mesmo fogo (tormento) tem! Mas, se nem você mesmo seria capaz de punir completamente desproporcionalmente deste jeito algum ser humano, será que Deus poderia dar tal castigo totalmente desproporcional? Se os pecados finitos exigiriam um tempo de castigo finito e temporal, será que Deus atormentaria uma alma eternamente? Logicamente, não! Mas, mesmo que assim fosse, entraria seriamente em uma questão de lógica, uma vez que nós (que somos ímpios)

sabemos tratar com justiça proporcional aos atos, quanto mais então Deus (que é a imagem perfeita do amor, da justiça e da misericórdia) muito menos ainda poderia dar tal exemplo contrário! Isso é contra a própria natureza divina; e, mais ainda que isso, ocasionaria que uma natureza humana (ímpia) fosse mais justa do que uma natureza divina (perfeitamente justa). Ora, isso é claramente uma contradição em primeira ordem, seguindo-se, portanto, que o tormento eterno é totalmente incompatível com o raciocínio e com a justiça divina! O fato é que atua nos seres humanos uma Lei Moral, lei esta implantada pelo próprio Deus. No livro “Não Tenho fé Suficiente para ser ateu”, este fato é devidamente exposto: “Os seres humanos não determinam o que é certo e o que é errado; nós descobrimos o que é certo ou errado. Se os seres humanos determinassem o que é certo ou errado, então qualquer um poderia estar ‘certo’ em afirmar que o estupro, o homicídio, o Holocausto ou qualquer outro mal não é realmente errado. Mas nós sabemos intuitivamente que esses atos são errados por meio de nossa consciência, que é manifestação da lei moral [...] Essa lei moral deve ter uma fonte mais elevada que nós mesmos, porque ela é uma prescrição que está no coração de todas as pessoas [...]O padrão de retidão é a própria natureza do próprio Deus — infinita justiça e infinito amor”. Paulo fala sobre esta lei moral na epístola aos Romanos, da seguinte maneira: “De fato, quando os gentios, que não têm a lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a lei; pois mostram que as exigências da lei estão gravadas em seus corações. Disso dão testemunho também a consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os” (cf. Rm.2:14,15). Em outras palavras, vemos que atua em nós uma Lei Moral (que pode ser seguida ou não), e esta lei de consciência parte da essência do próprio Deus! Como foi colocado anteriormente, “o padrão de retidão é a própria natureza do próprio Deus — infinita justiça e infinito amor”. O que essa Lei Moral nos diz? Ela nos induz a uma outra lei: a Lei de Justa Retribuição (proporcionalidade). Ninguém julgaria como “justo” e “amor” o ato de condenar pessoas que cometeram décadas de pecado (ou menos ainda) a um tormento eterno e infindável com fogo e enxofre, em um processo que não cessa nunca, pois isso não é justa retribuição, mas exatamente in-justa retribuição! Isso faz parte da natureza de Satanás, e não de Deus. Levando em consideração que essa lei da proporcionalidade parte da Lei moral que é a essência e natureza do próprio Deus, fica muito claro que este próprio Ser não pode contradizer a si mesmo e condenar pessoas a um eterno tormento. Isso é somente lógica, em que descobrimos facilmente que o implantador da mentira do tormento eterno é exatamente aquele ser que tem exatamente a natureza oposta de Deus: Satanás. Este ser tem por natureza e essência o mal, a vingança, a tortura – se puder, eternizá-la! Por isso, não é a toa que esta mentira tem sido implantada no mundo, pois um ser naturalmente mal engana as pessoas com mentiras naturalmente na essência deste próprio ser que propaga as mentiras, indo frontalmente contra os ensinamentos morais de Deus, a lei de consciência, a lei de proporcionalidade e a lei moral que é a essência plena e natureza do próprio Deus vivo, que nega absolutamente a tortura eterna da alma.

Outro fácil método de desenvolvermos o raciocínio, é partirmos do sentido inverso. Se a natureza divina incluísse a tortura eterna dos seres humanos, então isso se remeteria na nossa própria Lei Moral (lei de consciência), pois ela reflete a essência do próprio Deus. A consequência disso seria desastrosa para os seres humanos, pois teríamos em nós mesmos a consciência de que é certo pagar infinitamente mais do que aquilo que alguém realmente merece, passando literalmente por cima da lei da proporcionalidade e justa retribuição. Uma fácil conclusão disso seria que literalmente qualquer um estaria realmente certo em afirmar que o estupro, o homicídio, o Holocausto ou qualquer outro mal não é algo errado, mas certo, pois não existiria a lei de proporcionalidade e justa retribuição em nós, pois o próprio Deus não seria assim! Vemos, portanto, que a Lei Moral é fatalmente contra a tese imortalista do tormento eterno. A lógica é muito simples: (1) Existe uma Lei Moral (lei de consciência) que atua no íntimo dos seres humanos. (2) Nessa Lei Moral é evidente o Princípio da Proporcionalidade (3) Essa Lei Moral que prega a Proporcionalidade é o reflexo da essência, caráter e natureza do próprio Deus. (4) Logo, Deus não pode punir infinitamente mais por pecados finitos, pois isso contrariaria diretamente a sua própria natureza e ainda iria de frente ao próprio Princípio da Proporcionalidade. Outra maneira que podemos enumerar as premissas é a partir dos seguintes fatos abaixo expostos: (1) O ser humano, sendo ímpio, não é capaz de atormentar eternamente alguém por pecados finitos e temporais, pois isso contraria o senso de ética, lei moral e justiça que o próprio Deus colocou em cada um de nós. (2) Se Deus (que é a imagem perfeita do amor e da justiça) atormentasse eternamente com fogo alguém, seria um castigo desproporcional que nem sequer um ser humano (ímpio) seria capaz de fazer. (3) Deus não pode contradizer a sua própria lei moral imposta no coração de cada ser humano (uma vez que foi ele mesmo quem a colocou) e, mesmo se fosse o caso, um ser humano por ser ímpio jamais pode ser mais justo do que a natureza divina. (4) Deus não pode ir contra a Lei Moral imposta por ele próprio, porque essa Lei Moral é a essência e natureza dele mesmo. (5) Portanto, é incompatível a justiça divina, a lei moral e a proporcionalidade de pecados em relação a imposição de um eterno tormento com fogo. Tal suposição absurda faria com que o ser humano fosse mais justo do que Deus, o que é objetivamente excluído. A ética da parte de Deus é demonstrada tanto no Antigo Testamento como no Novo, pois o AT figura o NT:

AT NT “Se o culpado merecer açoitamento, o juiz ordenará que ele se deite e seja açoitado em sua presença com o número de açoites que o seu crime merecer” (cf. Dt.25:2)

“Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá muitos açoites. Mas aquele que não a

conhece e pratica coisas merecedoras de castigo, receberá poucos açoites” (cf. Lc.12:47,48)

Apenas aquele que reconhece o princípio da proporcionalidade, pode compreender o que o salmista expressa no Salmo 98:9 – “Cantem diante do Senhor, porque ele vem, vem julgar o mundo com justiça e os povos, com retidão”; e de Paulo aos Romanos: “E então, que diremos? Acaso Deus é injusto? De maneira nenhuma!” (cf. Rm.9:14). IX–Conclusão A Bíblia Sagrada, em sua totalidade, afirma que cada um pagará de acordo com o que as suas obras fizeram por merecer: Lucas 12:47,48 – “Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, receberá muitos açoites. Mas aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de castigo, receberá poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido”. Apocalipse 22:12 – “Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez”. Mateus 16:27 – “Pois o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras” Romanos 2:6 – “Deus retribuirá a cada um de acordo com as suas obras” Lucas 12:58,59 - “Quando algum de vocês estiver indo com seu adversário para o magistrado, faça tudo para se reconciliar com ele no caminho; para que ele não o arraste ao juiz, o juiz o entregue ao oficial de justiça, e o oficial de justiça o jogue na prisão. Eu lhe digo que você não sairá de lá enquanto não pagar o último centavo” A retribuição é sempre de acordo com o que a pessoa fez, obviamente varia de pessoa a pessoa, podendo levar muitos ou poucos “açoites”, até pagar o “último centavo”, mas Deus não vai chegar para o ladrão de ovelha e dizer: “Você vai queimar pra sempre no inferno”; em seguida chegar para Adolf Hitler e dar exatamente a mesma pena. A passagem no inferno varia de pessoa a pessoa, dependendo de suas obras. No fim, todos os ímpios serão eliminados: 2 Pedro 2:6 - “Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-os as cinzas, tornando-as como exemplo do que acontecerá com os ímpios” Salmo 21:9 - “No dia em que te manifestares farás deles uma fornalha ardente. Na sua ira o Senhor os devorará, um fogo os consumirá”

Malaquias 4:1,3 - “Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo [...] E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que estou preparando, diz o Senhor dos Exércitos” Salmo 73:17-20 - “Até que entrei no santuário de Deus, e então compreendi o destino dos ímpios. Certamente os põe em terreno escorregadio e os fazes cair na ruína. Como são destruídos de repente, completamente tomados de pavor! São como um sonho que se vai quando acordamos, quando te levantares, Senhor, tu os farás desaparecer” Salmo 37:9,38 - “Pois os maus serão exterminados, mas os que esperam no Senhor receberão a terra por herança [...] Mas todos os rebeldes serão destruídos, futuro para os ímpios nunca haverá” Há mais de cento e cinquenta passagens que descrevem do aniquilamento dos ímpios, algumas das quais vimos no início deste capítulo. A inequívoca conclusão a qual podemos chegar é que a punição é eterna pelos resultados irreversíveis, e não pelo processo que não tem fim. O tormento varia em processo, dependendo da pessoa e de suas obras, tendo um ponto final com a criação dos novos céus e nova terra na nova criação de Deus, onde reina e habita a justiça, e morte e dor já não existem – eis que tudo se fez novo!

RESULTADO PROCESSO É eterno pelas consequências da completa destruição irreversível na qual passarão os ímpios. É como o “fogo eterno” de Sodoma que não está queimando até hoje (cf. Jd.7), dos palácios de Jerusalém que já se apagaram (cf. Je.17:27), e das florestas do Neguebe onde não mais existe fogo (cf. Ez.20:47,48)

Varia de acordo com as obras de cada um – muitos ou poucos açoites (cf. Lc.12:47,48), até pagar o último centavo (cf. Lc.12:58,59), até pagar tudo o que deve (cf. Mt.18:32-35), que não é eterno, mas de acordo com o que cada um fez por merecer até pagar por todos os seus pecados (cf. Mt.16:27; Ap.22:12; Rm.2:6)

Vale lembrar que a Bíblia fala imuitas vezes em “fogo eterno” e “que nunca se apagará” (cf. Judas 7; Isaías 34:9,10; Jeremias 17:27; Ezequiel 20:47,48), mas em nenhuma situação há um fogo queimando literalmente nestes lugares até o dia de hoje. Isso nos mostra que "fogo eterno" na Bíblia Sagrada serve para caracterizar a completa destruição irreversível, sendo, portanto, eterno pelos resultados, embora não eterno pelo processo, pois não remete a um fogo que literalmente não tem fim. Outro fato importante é o que é colocado por Hanson, em 1899: "Por exemplo, os fariseus, de acordo com Josefo, achavam que a penalidade para o pecado era um tormento sem fim e eles declaram essa doutrina sem ambigüidade. Chamavam de eirgmos aidios (prisão eterna) e timorion adialeipton (tormento sem fim) enquanto nosso Senhor chamava a punição do pecado de aionion kolasin (longa punição)" [“As Origens da Punição Eterna”] A palavra praticamente sempre utilizada pelos escritores pagãos favoráveis à imortalidade da alma ao se referir a um castigo eterno é "aidios". Seria portanto presumível que a Bíblia também se utilizasse desta palavra se o inferno fosse eterno. O fato, contudo, é que Jesus

sempre falou sobre um “kolasin aionion” – punição por tempo indefinido - em contraste com os escritos pagãos que falavam sobre um “aidios timoria” - castigo eterno. A palavra “timorion adialeipton” - tormento sem fim – jamais é mencionada em qualquer parte do Novo Testamento, por uma razão lógica de que – realmente – o tormento não é sem fim. O que é eterno é a consequência/efeito/resultado da destruição, que é, como Paulo disse, “destruição eterna” (cf. 2Ts.1:9). Os imortalistas na tese do inferno eterno tem dificuldades insuperáveis pela frente quando se deparam com os argumentos, porque, em primeiro lugar, muitas vezes “aion” não significa um “tempo sem fim”, mas sim uma punição por tempo indeterminado, indefinido, em um período de tempo que pode de fato ter um fim. A Bíblia fala do fim do “aion” (cf. Mt.13: 39, 40, 49; 24:3; 28:20; 1Co.10:11; Hb.9:26.). Muitas vezes “aion” significa simplesmente um ciclo, um tempo, um período, uma era. No caso do destino final dos ímpios, diz respeito ao período de tempo em que os ímpios passarão tormento, correspondente as obras de cada um. Em Mateus 13:40, o texto grego reza: “sunteleia tou aion”. A palavra sunteleia quer dizer “consumação” – e logo em seguida vem o aion! É óbvio que o eterno (que não tem fim) não pode ser consumado (ter um fim). A referência é simplesmente ao fim de uma era, o mesmo que acontece com o destino final dos ímpios. Paulo escreve que “tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” (cf. 1Co.10:11). Aqui a palavra traduzida por “séculos” é a tradução da palavra grega “aion”; mas vemos que o aion pode chegar ao fim [katantao]! A mesma linguagem é empregada pelo autor de Hebreus: “Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (cf. Hb.9:26). Novamente os tradutores preferiram traduzir por “séculos” onde havia o “aion”, que pode ser “consumado”! Se o “aion” já foi chegado na primeira vinda de Cristo, então ele não é necessariamente absolutamente eterno. Igualmente a Bíblia fala em “pecado eterno”: “Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: é culpado de pecado eterno” (cf. Mc.3:29). É evidente que o pecado não é eterno pelo processo (como se a cada segundo você estivesse pecando novamente, e assim sucessivamente), mas sim pelos seus resultados (consequencias). É um pecado no qual não tem perdão, e, por isso, é chamado de “pecado eterno”! Eterno por ser irreversível, e não por um processo infinito. É uma linguagem semelhante ao que nos é referido sobre a punição final dos ímpios – eterna por ser irreversível; finita pelo processo. O texto bíblico que mais ressalta a realidade de que Deus não punirá com uma eternidade de tormentos aos não-salvos, mas apenas o correspondente aos seus pecados, para depois apenas os justos serem eternos, encontra-se por Paulo aos Romanos, dizendo: “Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento. Deus retribuirá a cada um conforme o seu procedimento. Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade” (cf. Rm.2:5-7). Essa é uma realidade bem vívida do dia do julgamento. O julgamento de Deus é “justo” (v.5), que irá retribuir a cada um de acordo com o procedimento, e somente àqueles que buscaram a glória, honra e imortalidade, persistindo em fazer o bem, desfrutarão de uma

eternidade (imortalidade) com Deus (vida eterna). Por fim, lemos no final do evangelho de Mateus, mais uma vez, o fim do aion: “Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos [aion]. Amém” (cf. Mt.28:20). Aqui o “aion” foi traduzido em alguns versões veráculas por “séculos”, e em outras por “tempos”, variando a tradução. Os tradutores evidentemente não optaram por traduzir o “aion” por “eterno” porque o próprio contexto o mostra sendo “consumado”. Por isso, preferiram traduzir por uma expressão linguística que expressasse algo que tem fim (“tempos” ou “séculos”), no texto em pauta. Pelo contexto, vemos que nesta passagem que o “aion” equivale a segunda vinda de Cristo (consumação dos séculos), quando “chegar o que é perfeito” (cf. 1Co.13:10) e “eis que tudo se fez novo” (cf. Ap.21:5), sendo que “Deus é tudo e em todos” (cf. 1Co.15:58). No contexto apocalíptico do castigo dos pecadores, o “aion” equivale até o momento em que serão feitos Novos Céus e Nova Terra, pois os não-salvos serão lançados no lago de fogo que acontece sobre esta terra (cf. Ap.20:9; 20:14,15), e imediatamente em seguida vemos a transformação miraculosa da parte da Deus em transformar o universo em “novos céus e nova terra” (cf. Ap.21:1). Temos que lembrar que, no texto original, não existia a separação entre capítulos e versículos e, portanto, o que se segue imediatamente ao lançamento dos ímpios, do diabo, do Hades e da morte no lago de fogo, que é a segunda morte (cf. Ap.20:14) é a total transformação de todo o universo – “Eis que faço novas todas as coisas” (cf. Ap.21:5). Não existe nenhuma informação de que tal lago do fogo se transfira para outra parte do universo para ali continuar queimando eternamente ou mesmo que ele continue em funcionamento após a transformação miraculosa da parte de Deus em que “não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (cf. Ap.21:4). Para onde irão os ímpios após Deus fazer novas todas as coisas? A resposta se acha em Malaquias 4:1: “Pois eis que vem o dia, e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os

que cometem perversidade, serão como o restolho; o dia que vem os abrasará diz o

Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo”. Isso ocorre no “lago do fogo”, que acontece sobre esta Terra, antes de dar lugar a “nova terra”, restaurada da parte de Deus, onde habita a justiça (cf. 2Pe.3:13). Concluímos, portanto, que assim como o “aion” de Mt.28:20 é consumado na segunda vinda de Cristo, o “aion” de Ap.20:10 é consumado com a criação de novos céus e nova terra imediatamente em seguida (cf. Ap.21:4), onde terá fim o processo de morte, pois “a morte já não existe” (cf. Ap.21:4). A Bíblia emprega constantemente a realidade do aniquilamento dos ímpios (cf. Pv.10:25 - Sl.37:22 - Sl.37:9 - 2Pe.2:6 - Sl.37:10 - Sl.37:38 - Sl.34:21 - Sl.37:20 - Rm.6:23 - Sl.62:3 - Sl.94:23 - Sl.104:35 - Sl.145:20 - Pv.22:23 - Pv.1:29 - Is.5:23,24 - Is.11:4 - Ob.1:16 - Ml.4:1 - Ml.4:3 - Lc.17:27-29 - Rm.8:13 - 1Ts.5:3 - Tg.1:15 - Ap.20:9 - 2Pe.2:6) Deus sempre agiu (e age) com ética, justiça e misericórdia. Deus te ama e quer te dar a vida eterna, que não vem pelo medo, mas pela graça de Deus mediante o autor e consumador da nossa fé, o Senhor e Salvador Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna, garantida e prometida pela ressurreição do próprio Cristo que é o penhor e

esperança da nossa futura ressurreição para a vida eterna, em contraste com os não-salvos terão um fim de suas existências, após pagarem até o último centavo pelo correspondente de suas más obras (cf. cf. c.12:47,48; Lc.12:58,59; Mt.18:32-35; Ap.22:12; 2Tm.4:14; Rm.2:6; Mt.16:27). Os dois maiores atributos de Deus é o amor e a justiça. Por ser perfeitamente justo, sendo a imagem exata da perfeição, Deus não puniria alguém em tormentos infinitos no inferno pagando por pecados finitos. Nem o juiz mais implacável seria capaz de “atormentar” um adolescente de 16 anos de “pecado” para uma eternidade (blocos infinitos de bilhões de anos) queimando em meio às chamas de um fogo devorador. Outro atributo de Deus, tão forte ou até maior do que o primeiro, é o seu amor. A misericórdia triunfa sobre o juízo. Por seu eterno amor até pelo maior dos pecadores, da mesma forma é inconcebível um tormento eterno. Deus é a imagem exata do amor. Se algum filho seu pecasse, e se desviasse dos seus caminhos, o que você faria? Atormentaria para sempre ou de acordo com o que ele merece? Se você não teria coragem de atormentar eternamente alguém assim, quanto mais Deus, que é a imagem exata e perfeita do amor personificado. O amor de Deus e a justiça dEle estão de mãos dadas. Por isso, a justiça eterna de Deus precisa ser vista como fazendo parte do Seu amor eterno. Esperaríamos, pela Sua justiça e pelo Seu amor, que cada um pagasse exatamente aquilo que merece de acordo com suas obras. E é exatamente isso que a Bíblia nos mostra. PARTE 6.2– OS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS De acordo com o que vimos até aqui, sabemos que: (1) Não existe vida inteligente em estado desencarnado entre a morte e a ressurreição. Os mortos aguardam inconscientes em suas sepulturas o despertar da ressurreição dos mortos, em que ressurgirão ou para vida, ou para a condenação. (2) O tormento no inferno varia de pessoa a pessoa. Não é um tormento sem fim, mas é aquilo que corresponde ao que as suas obras fizeram por merecer. (3) No fim, todos os ímpios serão eliminados, e apenas os justos viverão eternamente. A questão aqui é: Em exatamente que momento que se dará um fim total ao pecado e aos pecadores? Quando forem criados Novos Céus e Nova terra. A Bíblia deixa claro que o inferno-geena acontece aqui na Terra: “Marcharam então pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu” (cf. Ap.20:9). Pela “superfície da terra” trata-se evidentemente desta presente terra, antes dela deixar de existir. O próprio geena, o “Vale de Hinom”, não ficava em uma outra dimensão, mas na superfície da terra, como também é claramente relatado em Apocalipse. Na sequência natural da descrição do fogo que desceu do céu e “os devorou” (cf. Ap.20:9) não há qualquer

informação de que o “lago de fogo” que claramente ocorre nesta terra (cf. Ap.20:7-10) “salte” dela e se “transfira” para um outro local do universo para ali prosseguir queimando infinitamente. Isso porque a descrição da operação do lago de fogo nada se segue, a não ser a menção de que foram feitos novos céus e nova terra, sendo que o mar já não existe [nem o lago de fogo – cf.Ap.21:1]. Ora, onde é dito que o lago de fogo se transfira para um outro canto do universo para ali continuar queimando os pecadores impenitentes para todo o sempre? Exatamente em lugar nenhum. O lago de fogo que acontece sobre esta terra não “salta” para um outro canto, simplesmente sai de cena, dando lugar a “Novos Céus e Nova Terra, onde habita a justiça”. Essa é a vívida realidade da Nova Criação de Deus, em que os justos ressuscitam para reinar eternamente com Deus. Outro fato de importância relevante, é que são feitos Nova Terra e Novos Céus, no plural. O Primeiro Céu é esse que nós vemos ao olhar para cima, onde as aves voam. O Segundo Céu é onde se localizam os planetas e os astros (o espaço), e o Terceiro Céu é onde Deus fica em outra dimensão. Paulo foi arrebatado ao terceiro... Céu (cf. 2Co.12-4). Quando a Bíblia diz que foram feitos Novos Céus e Nova Terra, ela simplesmente está dizendo que toda a criação, todo o universo, foi desfeito para se fazer um universo novo, novos Céus, Nova Terra. É isso o que significa quando Cristo diz: “Eis que faço novas todas as coisas” (cf. Ap.21:5). Eis que tudo se fez novo; todas as coisas foram renovadas. Nessa “Nova Criação”, não existe o inferno e nem pecadores queimando eternamente em algum outro lugar. O lago de fogo simplesmente inexiste porque “o mar já não existe” (cf. Ap.20:7). Eis a realidade dessa “Nova Criação”: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (cf. Apocalipse 21:4). As primeiras coisas já passaram. Na magnitude dessa Nova Criação de Deus, não haverá um inferno ardendo eternamente cheio de criaturas histéricas, que blasfemam, sendo eternamente torturadas com fogo, pois isso seria uma perpetuação e não um fim ao pecado e ao sofrimento. Ao invés de dar um fim à tragédia humana, levaria a uma terrível perpetuação e aumento dela, sem finalidade e nem propósito. A Bíblia ensina que a obra expiatória de Cristo é “aniquilar... o pecado” (cf. Hb.9:26), primeiro do indivíduo, e, finalmente, do universo em si. Sendo a missão de Cristo aniquilar com o pecado, não é concebível um inferno ardendo eternamente com criaturas blasfemadoras em meio a tormentos sem fim, o que seria uma perpetuação e não um fim ao pecado e ao sofrimento. Na realidade dessa “Nova Criação”, as primeiras coisas já passaram. Sofrimento, dor, luto, morte, pecado, tudo isso já se foi; eis que Cristo fez novas todas as coisas. Em Isaías 25:8 lemos que o Senhor dos Exércitos há de enxugar o rosto de todas as pessoas e aniquilar a morte para sempre (cf. Is.25:6-8). Portanto, não há como conceber que existam pessoas que continuam na morte como um processo eterno e infindável. Se assim o fosse, a missão de Cristo de aniquilar o pecado e de aniquilar de vez a morte para sempre, seria anulada por uma morte eterna como em um processo em que passariam os ímpios. Nem a morte e nem o pecado seriam aniquilados nunca! Como apresentou o Dr. Samuelle Bacchiocchi:

“O propósito do plano de salvação é, por fim, erradicar a presença de pecado e pecadores deste mundo. Apenas se os pecadores, Satanás e os anjos maus por fim forem consumidos no lago de fogo e experimentarem a extinção da segunda morte é que verdadeiramente podemos dizer que a missão redentora de Cristo foi uma vitória inigualável. O tormento infindável lançaria uma sombra permanente de trevas sobre a nova criação” [“Imortalidade

ou Ressurreição?”] O apóstolo Paulo disse que “nele [em Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos” (cf. At.17:28). Toda existência de homens e animais depende de Deus, não existe existência sem Ele. Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo.14:6). Como já vimos na segunda parte deste livro, “o corpo é o homem como um ser concreto; a alma é o homem como um indivíduo vivo; o fôlego de vida ou espírito é o homem tendo sua fonte em Deus”. Não existe vida ou existência para os ímpios, pelo simples fato de que eles não terão mais a sua fonte em Deus; Deus é a Vida, e não há existência sem Ele; é “nele que existimos” (cf. At.17:28), seguindo-se, portanto, o fato de que não existe existência fora Dele. Na realidade desta nova criação de Deus, Cristo é tudo e está em todos – e dele dependemos para herdarmos a imortalidade, se estivermos firmes e alicerçados naquele que venceu a morte e ressuscitou, e que, mesmo tendo passado pela morte, hoje vive, e intercede por nós; aquele que é o único a possuir a imortalidade – ao Rei dos reis e Senhor dos senhores, porque é Dele, por Ele, e para Ele, que são todas as coisas. Amém! Essa Nova Criação ocorre para que “para que Deus seja tudo e em todos” (cf. 1Co.15:28). Ora, Deus não habita em ímpios e pecadores, mas apenas apenas naquele que é “morada de Deus pelo seu Espírito” (cf. Ef.2:22), ou seja, em nós, os salvos. Logo, para que Deus seja tudo e esteja em todos, é necessariamente preciso que não exista mais nem ímpios e nem impiedade. Apenas desta maneira Deus pode ser tudo e em todas as pessoas – com a eliminação dos ímpios, e a preservação dos que creem. Por mais que se tentem elaborar argumentos da mais refinada retórica e tentativas de explicações “lógicas” (muito mais baseadas na filosofia do que no amor e na justiça de Deus) não há como justificar que Deus possa preservar em vida bilhões de criaturas com o único propósito de que vivam pela eternidade a fim de sofrerem por erros e faltas não perdoadas, cometidos durante algumas décadas de vida (ou menos). Tal descrição não tem uma finalidade em si mesma, senão por pura maldade ou ódio dos impenitentes. Qual a finalidade em deixar queimando eternamente bilhões e bilhões de criaturas, ainda mais quando já pagaram por aquilo que merecem? Qual a finalidade em preservar a vida nestes casos, o que também teria como consequência a não-erradiação do pecado (pois haveria para sempre um “ponto negro” no inverso, cheio de pessoas blasfemando)? Se já pagaram de acordo com os seus pecados, então porque não aniquilar de vez com o pecado, mas, ao invés disso, manter em tormento eterno a alma de alguma pessoa sem qualquer finalidade em si mesma, em um processo que nem sequer tem um fim? Estariam “pagando a mais” pelo que? Porque perpetuar ao invés de colocar um fim completo no pecado e nos pecadores? Por isso mesmo, a noção de um inferno de fogo eterno, que nunca completará sua obra destrutiva, é completamente incompatível com a noção de que Deus é amor e justiça.

Existem certas doutrinas que podem ser consideradas falsas pelo simples fato de serem anti-lógicas, que ultrapassam os limites da moralidade e racionalidade. A doutrina do tormento eterno consciente da alma dos ímpios é certamente a doutrina mais repugnável de todas as lendas pagãs, pelo simples fato de que o caráter de Deus simplesmente impede que Ele puna algum ser humano infinitamente mais do que aquilo que ele fez por merecer por suas obras. Se um mero ser humano falível, injusto e pecador já não seria capaz para tanto, quanto mais o nosso Deus, que é a imagem perfeita do amor e da justiça. Uma doutrina que prega que Deus antecipadamente criou seres sabendo que nasceram para mais tarde viver eternamente queimando pagando infinitamente mais do que aquilo que fizeram por merecer pelos seus pecados, é uma doutrina que simplesmente não tem sequer a mínima chance de ser justificada. Por isso mesmo, não admira a quantidade de ateus, agnósticos e materialistas que têm povoado este mundo. O plano satânico por detrás da imortalidade da alma é a mentira que mais infringe, ultraja e calunia o caráter, ética e bondade do nosso Deus eterno. Em contraste, os que não tiverem a felicidade de ver todos os seus familiares ou amigos também compartilhando do dom da vida eterna, sentirão muito maior conformação em ter ciência de que estes não estão queimando eternamente em um inferno horrivelmente aterrorizante com fogo que nunca se apagará – literalmente. Eles saberão que na sua destruição houve justiça e misericórdia, pois nada do que é impuro entra no Reino. Um bom exemplo disso é quando vemos alguma pessoa que esteja sofrendo por anos de uma doença terrível e, finalmente, chega a falecer, comenta-se: “Pelo menos descansou e parou de sofrer!” Familiares e amigos sentem-se confortados. Exatamente a mesma coisa se dará quando o “câncer” do mundo (pecado) for eliminado de vez de todo o universo. Este será absolutamente purificado de qualquer resquício de iniquidade, por meio do fogo do juízo, porque a promessa bíblica é de que “esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (cf. 2Pe.3:13). Todo o pecado seria completamente aniquilado na realidade da Nova Ordem. As primeiras coisas já passaram, eis que TUDO SE FEZ NOVO!!! Não haverá mais pranto, nem choro, nem morte, nem luto, nem dor. Se até quando alguém daqui da terra morre e é sepultado, pensando-se que foi para o Céu, já há luto, quanto mais sabendo que no momento a pessoa está sofrendo e vai sofrer para todo o sempre no inferno, sofrendo torturas colossais! O que devemos compreender aqui é a magnitude do amor e do poder de Deus, em redimir esta humanidade perdida e decaída no pecado, revertendo o quadro quando virá o glorioso momento em que Novos Céus e Nova Terra serão feitos, eis que tudo se fez novo, e nessa nova criação não haverá pranto e nem luto, pois habita a justiça! Aleluia!!! A nossa eterna segurança e felicidade não será a de vermos os nossos parentes queimando em fogo eterno com seus corpos incorruptíveis iguais ao dos justos eternamente refratários ao fogo; olharíamos para Deus com medo e não com amor, passando a ideia de um Deus que tem uma ira pelos pecadores que não termina nunca, rejeitando em completo o fato de que o pecado será completamente aniquilado na “Nova Criação” (cf. Hb.9:26), e não haverá nem raiz e nem ramo do pecado, nem sequer um único átomo ou parte de um átomo, de sofrimentos ou de vestígios do pecado em todos os recantos do universo restaurado sob a Nova Ordem, durante a eternidade. Amém!

No princípio, Deus colocou duas árvores no Jardim: A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e a Árvore da Vida. O homem comeu do fruto da primeira árvore, e tornou-se como Deus, tendo o conhecimento do bem e do mal (cf. Gn.3:22). Mas ao homem não foi concedido comer da Árvore da Vida, pois dessa forma se tornaria imortal, seriam como Deus, o único que possui a imortalidade (cf. 1Tm.6:16). Aconteceu que disse Deus: “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente. . . e havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (cf. Gênesis 3:22.24). Para a humanidade, o insucesso foi que este não se tornou imortal, podendo viver eternamente, comendo do fruto da Árvore da Vida, como fez com a Árvore do conhecimento do bem e do mal. Anjos foram enviados para proteger a Árvore de Deus que concedia a imortalidade. Felizmente, as notícias de boas novas para com a humanidade, é o fato de que essa Árvore estará novamente disponível aos remidos, após a ressurreição dentre os mortos: “No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações... Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas” (cf. Apocalipse 22:2,14). Sim, neste momento aquele que comesse do pão da vida viveria eternamente (cf. João 6:51), neste momento terão vida aqueles cujos nomes foram achados no livro da vida (cf. Ap.3:5; 13:8; 17:8; 20:12,15; 21:27). Neste momento, a Árvore da Vida, que concede o dom da imortalidade, estaria disponível aos salvos novamente, que dela comeriam, que reinarão com Cristo, para todo o sempre. “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas; E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis” (cf. Apocalipse 21:4,5) PARTE 7– CONSIDERAÇÕES FINAIS A vista de tudo o que vimos neste pequeno resumo do tamanho erro que significa afirmar que o corpo é a prisão de uma alma imortal, sendo a morte a libertação da alma e a ressurreição é a religação de corpo com a alma, a doutrina da imortalidade da alma deve certamente ser identificada como a primeira das mentiras de Satanás: “Certamente não morrerás” (cf. Gn.3:4), em contraste com a afirmação divina que se comesse do fruto da árvore da vida seria imortal (cf. Gn.3:22), coisa que não aconteceu. A grande mentira pregada primeiramente a Eva, no Éden, de que certamente não morreria (cf. Gn.3:4), foi o primeiro sermão pregado sobre a imortalidade da alma.

Deus não implantou uma alma no homem (cf. Gn.2:7) e, apesar dessa doutrina subsistir em quase todas as religiões pagãs, constitui-se em um grande erro quando bate de frente com a visão holista do Antigo Testamento, confirmada pelo Novo. A crença na imortalidade da alma é característica de todos os povos pagãos, em vista de desconhecerem as verdades bíblicas. Religiões falsas são sustentadas pelo mesmo poder que afirmou a Eva a primeira mentira; são dominadas por esses poderes, e não é a toa que são influenciadas em acreditar que o ser humano seja repartido dualisticamente e que possua em si mesmo o dom da imortalidade. Por isso mesmo, são pouquíssimas as religiões pagãs que se fundamentam sobre a esperança bíblica de que “vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (cf. Jo.5:28,29). A primeira mentira de Satanás subsiste com grande força nas religiões pagãs e não-cristãs pelo simples fato de que não é nem um pouco difícil a ele plantar a semente do erro nos grandes sistemas religiosos. A minha sincera preocupação, o que me levou a escrever este livro, é o fato dessa mentira estar implantada dentro dos moldes do Cristianismo, enganando muitas pessoas de bem, que buscam a Deus de maneira sincera, o adorando “em espírito e em verdade” (cf. Jo.4;24). Bastaria um pequeno exame (mas sincero) das Escrituras para vermos o quão grande erro é fundamentarmos doutrinas sustentadas por meio de parábolas ou de passagens claramente simbólicas, sem falar dos textos mal interpretados, seguindo a linha do pensamento platônico que influenciou a teologia judaica. . . depois da Bíblia ter sido escrita. A Bíblia afirma que a alma que pecar, essa morrerá (cf. Ez.18:4,20). Mas nossos líderes estão ensinando que a alma “não morre” jamais. Nem mesmo para o pior dos pecadores! O maior problema das igrejas cristãs baseia-se em seguirem o Catecismo Católico ao invés de seguirem a Bíblia Sagrada. Não é a toa que aproximadamente 300 dos maiores eruditos protestantes ou católicos, abandonaram completamente a doutrina da imortalidade da alma. O luterano Oscar Cullmann, umas das maiores autoridades em questão de NT que já existiu, provou que a esperança bíblica da ressurreição não pode ser harmonizada com o conceito platônico que consiste em dividir a natureza humana. O corpo não é a prisão da alma, mas o templo do Espírito Santo. Para Cullmann, “nós não somos liberados do corpo, mas sim o próprio corpo é posto em liberdade. Isto torna-se particularmente evidente nas epístolas paulinas, mas é a interpretação de todo o Novo Testamento”. Além disso, o processo de morte iniciado em Adão só será revertido em Cristo – na Sua Vinda! Colocamos a Sua segunda vinda no centro do palco. Creio que todos os que estão dormindo no Senhor até aquele glorioso dia da ressurreição, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta, a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Pois esperamos Novos Céus e Nova Terra, onde habita a justiça. Acontecerá que todos aqueles que atualmente não tem lembrança de Deus (cf. Sl.6:5), serão despertados na manhã da

ressurreição, uns para a vida, outros para a condenação (cf. Jo.5:28,29). Eis aí um dos ensinamentos mais lindos de toda a Escritura: A Esperança de alcançar superior Ressurreição dentre os Mortos. Todos os santos aguardam a ressurreição; pois em breve, muito em breve, todos os santos que morreram na esperança da ressurreição se chegarão às comportas da cidade que tem fundamentos, a Jerusalém Celestial, pois os céus aguardam a vossa chegada, e não apenas a deles, mas também a nossa própria, pois “de modo algum precederemos os que dormem” (cf. 1Ts.4:15). Haverá um momento de júbilo e exultação pelos que venceram, mas de choro e ranger de dentes para os que desprezaram o dom da vida eterna e imortalidade que Deus concede aos santos pela Sua Graça, pois se verão excluídos do dom da vida eterna concedido por Deus àqueles que creem. Crer nos ensinamentos bíblicos acerca de corpo, alma, espírito e imortalidade condicional, bem como a não-existência de um estado intermediário das almas, nos traz inevitavelmente inúmeros benefícios por si mesmos. Em primeiro lugar, não é preciso negar o AT em detrimento do Novo – ambos podem ser utilizados como regra de fé e doutrina! Um confirma o outro, e não o altera. Admitir isso é necessário para entendermos que a Bíblia não se contradiz e que um mesmo Espírito que dirigia ambos os Testamentos. Também não se faz necessário esforçar-se em “explicações” que só deixam ainda mais complicado alguma elucidação, e nos permite admitir aquilo que qualquer pessoa com um mínimo de bom senso sabe: que não existe imortalidade no AT. Se Salomão, por exemplo, começasse a pregar em determinadas igrejas cristãs da imortalidade da alma nos dias de hoje, ele correria um sério risco de ser apedrejado... Quando passamos para as páginas do Novo, vemos que realmente é o mesmo Espírito que dirige ambos e um não contradiz o outro. Pelo contrário, a teologia continua a mesma e as provas contrárias a imortalidade apenas aumenta irremediavelmente. Um estudo cuidadoso das Escrituras nos revela que, se pegarmos o conteúdo total do NT, e não apenas nos focarmos em algumas passagens isoladas, percebemos que o NT é tão nocivo à imortalidade quanto o AT, como bem observa Oscar Cullmann. Aprendemos também a dar o devido valor à realidade da ressurreição dentre os mortos. Ressurgir dos mortos não é um ato de religação com o nosso “verdadeiro eu”, pois se fosse assim a ressurreição seria um mero detalhe: caso ela não acontecesse, ficaríamos no Céu do mesmo jeito por toda a eternidade, só que sem um corpo. De modo algum Paulo falaria que, caso ela não fosse realidade, então os mortos já pereceram (cf. 1Co.15:18), a nossa esperança se limitaria a esta vida (v.19), e seria melhor “comer, beber e depois morrer” (v.32), vivendo uma vida hedonisticamente. Não, pois a ressurreição seria um mero detalhe e seria muitíssimo melhor vivermos eternamente no Céu do mesmo jeito mesmo que desincorporado! A verdade bíblica nos revela que a natureza humana é holística, e pessoas morrem, pessoas são vivificadas . A esperança viva dos primeiros apóstolos focando-se totalmente na ressurreição foi abandonada pela doutrina atual da imortalidade da alma que limita substancialmente o verdadeiro valor e importância da ressurreição, tão pregado pelos primeiros apóstolos. A ressurreição nos dias de hoje virou algo desnecessário. Os apóstolos, contudo, não insistiam tanto em pregar as boas novas de algo “desnecessário”! Aqui se apresentam dos opostos: Ressurreição dos Mortos x Imortalidade da Alma. O segundo anula o primeiro e o

torna algo desnecessário, mas felizmente os apóstolos ficavam com o primeiro – a ressurreição dos mortos. Jamais saíram divulgando a mentira de que o homem não morreria nunca (cf. Gn.3:4). Atualmente, se algum pastor fizer como os primeiros cristãos e se levantam acentuando no púlpito sobre a sua esperança de ressuscitar dentre os mortos no último dia, o povo decerto vai olhar para ele como se fosse uma pessoa no mínimo muito, muito “estranha”. A ressurreição desapareceu (sumiu, evaporou) dos púlpitos das nossas igrejas cristãs da imortalidade da alma. Isso provém do fato de que quanto mais a doutrina da imortalidade da alma foi entrando no cristianismo, mais a ressurreição dos mortos foi indo embora, pois ela consiste em diminuir inteiramente a sua importância. Muitos cristãos nem ao mesmo sabem que existe algum tipo de “ressurreição dentre os mortos no último dia”. Isso é realmente lamentável, pois, se fizermos um estudo honesto e cuidadoso das Escrituras, veremos que sempre a esperança primitiva era voltada inteiramente na esperança da ressurreição. Ademais, valorizamos o dom de Deus que se chama “vida eterna”. Ter uma vida eterna não é uma possessão natural do ser humano mediante a posse de uma alma imortal em seu ser, mas sim um dom de Deus, uma dádiva dada a todos aqueles que creem em Jesus como o seu Salvador pessoal. A eternidade é um dom, e não uma condição. Atualmente, se é pregado nas igrejas que os convertidos obterão uma vida eterna com Deus, poucas pessoas acham motivação a tal fato. Mas se apelam para o temor de um tormento eterno e infinito entre as chamas, uma multidão vai para a frente. Abandonamos o verdadeiro sentido do Cristianismo, a cruz de Cristo tornou-se pouco, a dádiva de Deus parece ser insuficiente. Deus não criou um Paraíso para morarmos eternamente nele para escapar de um outro destino que seria muito pior; Deus não criou um Paraíso a nós para entrarmos nele porque queremos escapar de um tormento eterno. Pelo contrário, criou para estarmos em comunhão direta com Ele àqueles que desejam de todo o seu coração viver ao Seu lado eternamente, pelo simples dom que é uma vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor. Vida eterna é somente em Cristo. Deus está buscando adoradores que o adoram em espírito e em verdade e o buscam insistentemente não por medo para escapar de um inferno eterno, mas pelo simples fato de amarem a Deus e preferirem, por decisão própria, abandonar o caminho que conduz a morte, pois preferem viver com Deus pela fé. Crer na imortalidade condicional nos faz valorizar o que é uma vida eterna; nos faz usar a Bíblia inteira como regra de doutrina; nos faz dar sentido e valor à ressurreição; nos faz olhar para um Deus de amor e não com medo; nos faz ver se nós mesmos estamos suficientemente fortes na fé para continuarmos com Cristo somente porque amamos Ele. Imortalidade condicional da Escritura leva ao valor de face: a vida é vida, a morte significa a morte; não há vida na morte. Isso afeta o modo como entendemos a expiação do pecado e sua pena, a natureza humana, morte, ressurreição e na imortalidade da vida. Ela coloca a esperança da segunda vinda e do Reino de Deus em perspectiva: no centro do palco. Faz o Dia do Julgamento, o clímax da história. Ela afirma a realidade do "inferno" sem impugnar o caráter de Deus. Afirma a

vitória final de Deus sobre o pecado e o mal. "A vida somente em Cristo" dá honra completa para Cristo como "a ressurreição e a vida”. Nunca na Bíblia inteira “alma” aparece relacionada aos termos “eterno” ou “imortal”. Ademais, nunca é nos dito que a natureza humana é imortal por meio da posse de uma alma eterna, pelo contrário, sempre é nos dito que o homem possui uma natureza mortal (cf. Sl.9:17; Sl.56:4; Is.51:12; Dn.2:10; 1Co.15:54; 2Co.5:4; Rm.1:23; Jó 4:17; Jó 10:5; Jó 9:2). O único que possui a imortalidade por natureza é Deus (cf. 1Tm.6:16). A Bíblia ensina que ter uma vida eterna e a imortalidade, não é uma possessão natural do ser humano mediante uma alma imortal presa em si mesmo, pelo contrário, é um dom de Deus (cf. Rm.6:23), que só Ele possui em si mesmo (cf. 1Tm.6:16), para os homens tem que ser buscada (cf. Rm.2:7), alcançada por meio do evangelho (cf. 2Tm.1:10), para aqueles que comem do pão da vida (cf. Jo.6:51), para dela se revestir (cf. 1Co.15:53), alcançada através da ressurreição (cf. Jo.5:28,29; Jo.12:25; 1Tm.6:16; Rm.2:7; 1Co.15:53,54) para aqueles que creem em Cristo como Salvador pessoal (cf. Mt.19:29; Jo.6:57; Jo.17:2,3). Obter vida não é algo fútil que todos possuem na forma de uma alma eterna/imortal, mas sim algo que remete a determinação, perseverança (cf. Lc.21:19). Não é algo tão fácil como a explicação de Satanás de que “certamente não morrerás” (cf. Gn.3:4). Do início ao fim da Bíblia, a alma morre (cf. Ez.18:4,20), perece (cf. Mt.10:28), é destruída (cf. Ez.22:27), não é poupada da morte (cf. Sl.78:50), é eliminada (cf. Êx.31;14), é totalmente destruída (cf. Js.10:28), é devorada (cf. Ez.22:25), é assassinada (cf. Nm.35:11), é exterminada (cf. At.3:23), desce a cova na morte (cf. Jó 33:22), mas revive na ressurreição (cf. Ap.20:4). Depois que a Bíblia foi concluída, virou “imortal”. A filosofia secular trouxe para o cristianismo uma nova ideia que jamais foi mencionada por qualquer escritor bíblico e “incluíram” nas Escrituras o que jamais nela foi dito: A Lenda da Imortalidade da Alma. Por: Lucas Banzoli (lucasbanzoli.no.comunidades.net)