A Linguagem da Mídia AnáLise Textos

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A linguagem da mídia Atividade de análise comparativa de textos Renata Freitas, Me.

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A linguagem da mídia

Atividade de análise comparativa de textosRenata Freitas, Me.

Proposta

Analisar as diferenças e / ou semelhanças (lingüísticas, pragmáticas e / ou discursivas) quanto ao tratamento do tema em dois editoriais.

Caracterizar as ocorrências de intertextualidade.

Realização

Análise dos editoriais dos jornais “Folha de São Paulo” e “O Estado de São Paulo” do dia 22 de maio de 2008.

Tema: o “dossiê” dos gastos do governo Fernando Henrique.

Fundamentação teórica: Cheida (2002)

Os jornais muitas vezes se submetem às ideologias condicionantes, mercadológicas ou político-governamentais (...).

É necessário entender o status que tal jornal possui na comunidade e quais são os interesses políticos e econômicos da organização.

Fundamentação Teórica: Charaudeau (2006)

O modo discursivo transforma o acontecimento em notícia, atribuindo-lhe propriedades que dependem do tratamento geral da informação.

Três categorias de modos discursivos: relatar / comentar / provocar o acontecimento.

Editorial: acontecimento comentado.

Fundamentação Teórica: Bakhtin, 2003, apud Rodrigues, 2005

O uso da língua se efetua em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos, “proferidos” pelos participantes de uma ou outra esfera da atividade humana (p.154).

A interação verbal social constitui a realidade fundamental da língua e seu modo de existência encontra-se na comunicação discursiva concreta, concernente à vida cotidiana, arte, ciência, etc. (p.155)

Fundamentação Teórica:Bakhtin e o elemento pragmático

O enunciado não pode ser separado da situação social.

A noção de enunciado concebe a situação social ou dimensão extraverbal como um elemento constitutivo.

A situação social determina o enunciado e se integra a ele como um elemento indispensável a sua constituição semântica.

Folha de São Paulo: “Sobrou para o sub”

Dilma, que mandava em Erenice, que mandava em Aparecido, que mandava em Marcelo, que não mandava em ninguém.

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.

Lingüístico: intertextualidade com “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, reflete o nível de linguagem do editorial.

Estabelecimento de relações discursivas e pragmáticas: atente para o nome do poema. O autor do editorial fala em “operação política baseada em informações sigilosas e movida por espírito de chantagem”.

“O dossiê, ao mostrar a aquisição pela gestão FHC de artigos luxuosos – algo normal em se tratando de despesas da Presidência – tinha (o) objetivo (...)de avisar a oposição que o Planalto possuía informações privilegiadas, e que as poderia usar a qualquer tempo”.

Discursivo: o posicionamento favorável ao governo FHC e a postura crítica em relação aos petistas é discreta. Tentativa de neutralidade.

Gastos com artigos luxuosos: “algo normal” – traço cultural.

O Estado de São Paulo: “O ‘engano’ expõe a armação”

Características lingüísticas: predomínio da ironia, uso de termos entre aspas retomando as palavras do governo petista ao tentar explicar seus deslizes.

Esclarece a diferença entre banco de dados e dossiê. Dá detalhes de como a operação foi armada.

Discursivo: a postura anti-petista é mais aberta e incisiva.

“O Estado”: ironia e força nos adjetivos

“companheiros aloprados”

“erros” “vazador” “por engano” “sem querer” mas também por

interferência de forças sobrenaturais

atos criminosos o desrespeitado

público (intertextualidade)

festival de mentiras de segunda classe

pantomima CPI manietada

“E é isso que vai engrossar o patrimônio de felonias deste governo cujos condutores em priscas eras desfilavam perante o eleitorado como portadores de uma nova ética política e administrativa – para se revelarem, afinal, mensaleiros, aloprados, distraídos, ‘dossiêistas’”.

(O Estado)

As conclusões dos editoriais

Mas a CPI, ao que parece, será enterrada pelos coveiros do governismo sem esse depoimento-chave.”

(Folha de São Paulo)

Ela (a CPI) será encerrada em 8 de junho, e não passa pela cabeça de ninguém que os “governistas radicais” que a dominam acederão em lhe dar sobrevida.” (O Estado)

Conclusões da análise

Os dois jornais se dirigem à elite, apresentando o mesmo nível de linguagem;

Um deles procura expressar sua opinião de maneira “neutra”, o outro é mais incisivo, mais crítico e mais irônico;

Há traços de intertextualidade em ambos os editoriais;

Ideologicamente adotam a mesma postura, ou seja, a crítica ao governo petista.

Referências

CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006.

CHEIDA, M. J. A questão ética do jornalismo e a leitura crítica dos jornais nas escolas. In: GHILARDI e BARZOTTO. (Org.) Nas telas da mídia. Campinas: Alínea, 2002.

RODRIGUES, R. H. Os gêneros do discurso na perspectiva dialógica da linguagem: a abordagem de Bakhtin. In: MEURER, J. L.; BONINI, A.; MOTTA-ROTH, D. (Org.)Gêneros: teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola, 2005.