A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra...

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68 A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Ámen. 1

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A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

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Ao longo do último ano o caminho proposto para os equipistas foi repensado com o objectivo de ajudar todos aqueles que passem pelas EJNS a seguir a Cristo não por imposição, mas sim por convicção. O movimento propõem um percurso de pelo menos 5 anos, ao longo dos quais seriam abordados, em equipa, os temas divididos por 5 cadernos.:

• No 1º ano de equipa (pilotagem) – caderno de pilotagem; • No 2º, 3º e 4º ano de equipa – cadernos: A, B e C • No 5º ano de equipa – caderno de envio

Após este período considera-se completa a formação proposta pelo o movimento, pelo que, cada equipa deverá decidir qual o caminho a seguir. Vários aspectos como, textos de apoio e a leitura da Bíblia foram tidos em especial atenção. Mas a grande inovação (a qual esperamos que adoptem) foi a criação de objectivos específicos (“os Desafios”) em cada ano de equipa. Sendo assim:

• 1º ano de equipa o desafio é: fazer o Compromisso • 2º ano de equipa o desafio é: fazer uma peregrinação em equipa • 3º ano de equipa o desafio é: fazer um retiro em equipa • 4º ano de equipa o desafio é: cumprir a devoção dos primeiros Sábados • 5º ano de equipa o desafio é: assumir (individualmente ou em equipa) uma

responsabilidade dentro ou fora das EJNS.

Aber

tura

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Julgamos que a melhor forma de os concretizar (à excepção da pilotagem) será definir logo no início, a melhor época do ano para todos e procurar aproveitar as actividades organizadas pelo Movimen-to. O caderno de pilotagem foi elaborado, com o auxílio de várias pessoas, pelo Secretariado Nacional 2001-03. Respondendo aos ape-los das diversas pilotagens, chegou o momento de uma pequena actualização e reorganização. Nunca te esqueças da importância da preparação do tema e tenta que a tua passagem pelas EJNS faça diferença na tua vida.

Secretariado Nacional 2007

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Para o debate em Equipa:

- Em seguida foram colocadas algumas qualidades e defeitos que cada um de nós pode ter e que sabe que tem ou não e que os outros também sabem ou que pensa que tem mas que os outros não sabem. - Escolhe algumas características que pensas que sejam tuas e pede aos outros elementos da tua equipa para também escolherem as características que na opinião deles mais te definem como pessoa. - Compara a resposta. Determinado(a) Reservado(a)

Idealista Expansivo(a)

Optimista Solitário(a)

Altruísta Tímido(a)

Confiante Coerente

Paciente Espontâneo

Activo(a) Rancoroso(a)

Sonhador(a) Crítico(a)

Voluntarioso(a) Bom ouvinte

Inseguro(a) Esforçado(a)

Pessimista Independente

Bem-humorado(a) Responsável

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Abertura Índice Março Apresentação Abril Maria Maio Oração Junho O Namoro Julho Uma Amigo é um Irmão que escolhemos Outubro A Missa Novembro A Família Dezembro Natal Janeiro Responsabilidade do Estudante Cristão Fevereiro Confissão Março Viver em Compromisso, Comprometer-me a viver Abril As Equipas Maio O Espírito Santo Junho Os nossos medos Julho Reunião de Balanço Outros Temas O Serviço, linguagem de Deus em nós O Sacramento do Matrimónio Condições para a Resposta Vocacional Conhece-te a ti mesmo

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Índice

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Tema 4 Conhece-te a ti mesmo

e dá-te a conhecer aos outros O ideal seria que cada um de nós se conhecesse bem e se desse a conhecer aos outros no entanto nem sempre isso acontece. Termos noção das nossas qualidades, dos nossos defeitos, das nossas limitações é uma bênção em si que devemos partilhar com os outros para que eles em conjunto connosco nos transformem pela sua amizade em pessoas melhores. E importante tomar consciência que só nos deixamos transformar em pessoas melhores quando sentimos que os outros nos amam e que gostam de nós de qualquer modo, por outro lado para nos transformarmos temos de abrir o nos-so coração. Apesar de termos determinados aspectos "menos bons" na nossa personalida-de temos também seguramente qualidades muito boas que devemos e temos de colocar ao serviço dos outros para transformar pelas nossas atitudes e pelos nossos exemplos o coração daqueles que nos rodeiam para que isso aconteça é preciso termos a coragem de sermos nós próprios.

O que nós não conhe-

cemos de nós próprios e o que os outros conhe-

cem de nós.

O que nós não conhe-

cemos de nós próprios e os outros conhecem de

nós.

O que nós conhecemos de nós próprios e o que os outros não conhecem

de nós.

O que nós não conhe-

cemos de nós próprios e o que os outros não conhecem de nós.

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Para o debate em Equipa:

- Qual das condições humanas, apontadas no nº 2, te parece mais importante no contexto da reposta vocacional? - Na tua comunidade, a liturgia e a oração, a catequese e o serviço favorecem um maior conhecimento de Deus que chama? Em que medida? - Na tua opinião, qual das dimensões da resposta vocacional, enumeradas no nº4, está mais ausente nas nossas comunidades?

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Apresentação

Na fidelidade sem quebras de Maria, no seu amor humilde e inesgotável de fonte que escorre, na sua fé serena mas ardente de labareda que se alteia,

na sua vida que foi como um barco confiado à vontade do mar, há um apelo para nós.

Às vezes, demasiadas vezes,

A vida assemelha-se a uma repartição cinzenta, onde os horários se cumprem sem empenho.

Estamos, mas sem compromisso íntimo. Falamos e fazemos,

mas sentindo o nosso interesse noutro Lado. Vivemos, claro, mas com o coração distante.

Como é necessário tornar realmente úteis

os dias úteis!

Úteis não apenas por imposição do calendário. Úteis, porque vividos com generosidade e sentido.

Úteis, porque não os atropelamos na voragem das solicitações,

na dispersão das coisas, mas sabemos (ou melhor, ousamos) fazer deles

lugar de criação e descoberta, tempo de labor e de escuta,

modo de acção e de contemplação.

É preciso acolher o «inútil» se quisermos chegar ao verdadeiramente útil.

José Tolentino Mendonça

Março

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Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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ao mundo. Estes ambientes são manifestações visíveis e interpelantes desse outro decisi-vo: a comunidade eclesial. É ela o seio materno onde todas as respostas são geradas com segurança e verdade.

4. Dimensões da resposta vocacional Interessa agora analisar algumas dimensões mais específicas da resposta vocacional que se alicerçam nas bases que atrás enunciámos. Em primeiro lugar, a capacidade de escuta de Deus. Por um lado, a dedica-ção de tempo e espaço ao acolhimento da sua Palavra; mas, por outro, a dis-ponibilidade interior para que essa Palavra ressoe e estruture a própria res-posta. Essa disponibilidade interior acontece no espaço de intimidade pessoal que a oração proporciona e só é possível porque o Espírito Santo é o condutor e iluminador do discípulo. Sem a escuta amorosa, a vontade de Deus é sem-pre um projecto vogo ou uma concorrente da nossa felicidade. Para tudo isto, é requerido um coração pobre e humilde. Só um coração vazio do que é mesquinho e individualista, tem espaço para acolher dons de Deus e deixá-los trabalhar. Esse é o coração humilde: reconhecendo-se na sua verdade (fragilidades e grandezas), dispõe-se a ser moldado pela Palavra criadora de Deus. O humilde não é o miserável, mas antes o transparente à luz de Deus. A escuta e o acolhimento dão lugar à obediência da fé. Trata-se do segui-mento fiel da vontade d’Aquele que falou e desafiou para um percurso e uma missão. Obedecer é deixar a Palavra tomar conta da nossa resposta e modelar a forma de a cumprir. Só a confiança permite a obediência, porque se trata de ser fiel a uma Pessoa, mesmo quando não se entende a lógica do que nos é pedido. Reconhecer o Deus Salvador, pleno de misericórdia e bondade, expe-rimentado em circunstâncias diversas da vida, é a base desta confiança amo-rosa. Sem isto a obediência será sempre exterior e pesada, sem permitir um diálogo livre e sem poder ser experimentada na vida da Igreja. Na resposta do discípulo há-de estar muito presente uma grande disponibili-dade para o serviço e missão da Igreja. É estrutural à resposta: querer participar da forma como Jesus cuida de cada homem, Se oferece a todos, os congrega em comunhão de vida e lhes revela a ternura e vida do Pai. Respon-der aos apelos de Deus para uma vocação ultrapassa largamente a mera bus-ca de felicidade pessoal: é participação na compaixão de Jesus pelas multi-dões. Como última característica específica deve-se anotar a gratidão pelo chama-mento e pela possibilidade de resposta. Mais uma vez, é a lógica do amor que impera: ser pessoalmente chamado por Aquele que salva e por Ele entregue a uma colaboração Consigo e com a sua Igreja é motivo de grande surpresa, alegria e gratidão. A consciência da fragilidade pessoal e da grandeza de Deus e da missão são o motivo para o espanto, mas também para o agradecimento. Quem ama sente como grande dom poder colaborar com o seu amado.

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vida humana, que leve a questionar a própria vida e a pô-la em relação com a vida do mundo. A busca de sentido conduz à definição de um projecto e desenvolve a liberdade. Em terceiro lugar, aponta-se o progresso numa liberdade responsável. Liberdade que não somente a capacidade individual de tomar todas as deci-sões, mas principalmente uma sintonia cada vez maior com o bem e a verda-de. Esta sintonia determinará a vontade pessoal a encetar caminhos de persis-tência e fidelidade. Esta liberdade significará um “querer” o bem cada vez mais consistente e empenhado. Por último, ma consideração das bases humanas da resposta vocacional, apontamos a descoberta da gratuidade como surpresa das relações humanas e do sentido da vida. Perceber que alguns elementos da vida são dom (sem mérito pessoal) e espantar-se com a alegria de se oferecer (sem recompen-sa), estrutura um coração um coração capaz de acolher o dom de Deus e de se dispor ao serviço dos outros.

3. Bases cristãs É numa estrutura humana em crescimento que entroncam as bases cristãs de qualquer resposta vocacional. Sem elas é impossível a especificidade de uma vocação cristã. Acima de tudo, a resposta só acontece se se conhece o rosto d’Aquele que chama. Toda a resposta implica um reconhecimento de Deus na pessoa de Jesus Cristo. Aí, no amor dado e recebido, na identidade salvadora acolhida, pode-se dar um salto de confiança para os braços d’Aquele que chama porque se reconhece n’Ele a misericórdia e a salvação, a vida e a paz, a verdade e a beleza. Evidentemente que só se sabe que Ele chama se há sintonia de linguagem. Por isso, é fundamental uma familiarização progressiva com as linguagens de Deus. Revela-se de capital importância a atenção à Palavra de Deus e da Igre-ja porque dão os códigos de discernimento para todas as palavras de Deus. E isso não se faz através de um curso teórico, mas por uma experiência orante, viva e persistente. O conhecimento do seu rosto e da sua palavra terá como consequência a des-coberta das suas preocupações e prioridades. Reconhecer Jesus como Filho e Verbo de Deus é também reconhecê-lo com Salvador do mundo: Ele vence a morte, o pecado e a mediocridade humana e oferece a todos uma nova vida de Deus. Como o reconhecimento quer conduzir à comunhão e esta é total, a comunhão com a pessoa de Jesus há-de levar à identificação com o seu desejo e compromisso de salvar todos os homens. Esta expressa-se mais visivelmente na participação e amor à missão da Igreja. Por fim, a resposta cresce na medida da pertença àqueles ambientes onde o Senhor se faz presente e exige presença de qualidade. Destacamos três: a liturgia e a oração; a catequese; o serviço. Destaca-se neste contexto a Euca-ristia: ela é a celebração da oferta do Senhor à vontade do Pai e à salvação dos homens; ela é a nossa participação nessa oferta; ela é a irrupção da Igre-ja como comunidade congregada e alicerçada nessa oferta e testemunha dela

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Abril Maria

Iniciar um caminho, qualquer que ele seja, recorda-me uma peregrinação. Este caminho que te é proposto nas equipas de jovens de Nossa Senhora, não é excepção. Trata-se de uma caminhada de peregrinos sedentos de água viva, de alguém que dê sentido aos passos que damos, às escolhas, ao sentido da vida. A peregrinação faz parte da condição humana porquanto o homem é um peregrino em terra de exílio. Não se vai em peregrinação sozi-nho! Peregrinar é pôr-se a caminho com outros, numa comunidade tantas vezes difícil de construir no ritmo quotidiano da vida.

“Escuto mas não sei se o que oiço é silêncio ou Deus. Escuto sem saber se estou ouvindo o ressoar das planícies do vazio ou a consciência atenta que nos confins do universo me decifra e fita. Apenas sei que caminho como quem é olhado, amado e conhecido e por isso em cada gesto ponho solenidade e risco.”

Sophia de Mello Breyner Andresen

Bem contadas, as referências que o Evangelho faz de Maria são muito escassas. Ao todo, talvez mais de uma página. Pouca coisa, poder-se-á pen-sar, na vastidão do Novo Testamento. E no entanto, a presença de Maria é constante, sente-se durante toda a vida de Jesus. Embora sempre discreta, Maria está presente em todos os momentos importantes: na Encarnação, na Cruz, no Pentecostes. Maria é o nosso exemplo de como uma criatura se deve comportar face a Deus. A Mãe de Jesus ensina-nos a viver intimamente com Deus, o Amor ao Senhor. Com Ela aprendemos a orar, aprendemos a confiar em Deus, apren-demos a sofrer por Amor. Por isso, dizemos com Santo Ambrósio: “A alma de Maria esteja em cada um de vós, para louvar o Senhor; o espírito de Maria esteja em cada um de vós para se regozijar em Deus”.

“Maria disse então: «A minha alma glorifica ao Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador. Porque olhou para a humilde condição da Sua Serva. De facto, desde agora todas as gerações me hão-de chamar ditosa, porque me fez grandes coisas o Omnipotente. È Santo o Seu nome e a Sua misericórdia vai de gera-ção em geração para aqueles que O temem»” Lc 1, 46-50

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O que propomos para preparares este tema, é que pegues no Evangelho e partas à descoberta de Nossa Senhora. Verás que procurando-a irás conhe-cendo melhor. Ficam aqui algumas pistas…

“Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim a tua palavra”. Lc 1, 38 A Anunciação é, sem dúvida, um momento ímpar: Por instantes todo o Uni-verso, toda a Criação, fica suspensa da generosidade de uma criatura, de uma pobre rapariga. O que está em jogo é a Redenção, é a Salvação dos homens. E Maria, que estava noiva, que tinha projectos para o futuro, que tinha planos para a sua vida, tudo esquece, tudo abandona para fazer a vontade de Deus. E como, se há alguma coisa contrária ao amor é a mesquinhez, a Virgem não regateia, não calcula, não mede a sua entrega. Diz apenas: Sou escrava. Faça-se.

Para o debate em Equipa: - Qual é a nossa generosidade para com os apelos do Senhor? Procuramos nós ouvir esses apelos?

“Fazei tudo o que Ele vos disser”. Jo 2,5 Aos que contestam a devoção a Maria, dizendo que afasta do culto a Cristo, esta frase, da própria Mãe de Deus é esclarecedora: Por Maria vai-se a Jesus. Nossa Senhora revela a cada uma de nós, o segredo para alcançarmos a Sal-vação, ela, a serva do Senhor, dá-nos o seu conselho: Fazei tudo o que Ele vos disser.

Para o debate em Equipa: - “Tudo o que Ele vos disser”, é isso mesmo: tudo. Ou, do que Ele disse, só fazemos o que nos agrada? Rezamos diariamente o terço que Maria nos pediu?

“…junto à Cruz estava Sua Mãe…” Jo 19,25 Repara: Na entrada triunfal em Jerusalém não vemos Maria. Porém, na Cruz, quando todos os outros fugiram, quando todos os Apóstolos – excepto João – que dizem estar dispostos a dar a vida por Ele, O abandonaram, está lá Sua Mãe. Sempre unida a Jesus, o trono glorioso de Maria é também a Cruz. Quem anda com Maria irá ter forçosamente à Cruz. Com a Virgem havemos de descobrir o sentido da dor. Ela, isenta de todo o pecado, isenta de todo o mal, não foi isenta do sofrimento.

Para o debate em Equipa: - Como nos comportamos face às contrariedades? - Como encaramos o sofrimento? - Como vencemos a nossa cobardia de viver o cristianismo até às últimas con-sequências? Ou pensamos que isso… é para os outros?

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Tema 3 Condições para a resposta Vocacional

“À tua Palavra lançarei as redes!...” (Lc 5, 5)

1. Introdução Ao falar de vocação consideramos imediatamente o apelo e a vontade de Deus, que inicia um diálogo de amor. Todavia, o outro pólo é o da pessoa que escuta e responde. Numa vocação, a resposta não é somente uma palavra dita num certo dia, ou um entusiasmo de ousadia: é um dinamismo livre de crescimento humano e cristão. Por isso, envolve a pessoa na sua totalidade, porque se trata de responder a um Deus que chama uma pessoa inteira para a consagrar totalmente. É livre porque sem o espaço autónomo da liberdade, o chamado não pode dar-se na totalidade, não pode entregar-se com alegria. Mas porque uma vocação é um apelo de Deus-Amor a uma relação de amor e a uma entrega de amor, responder é uma entrosagem na lógica do amor; quem já a começou a descobrir deseja ser mais resposta e, sempre que res-ponde, procura mais amor. Responder significa, em certos momentos, tomar decisões livres. Estas são de dois tipos: globais e específicas. AS específicas são as que orientam a vida num sentido muito determinado. Levam-nos a encetar um caminho numa cer-ta direcção. Vislumbram a meta e mobilizam-nos para ela. As globais são aquelas que vão criando o ambiente e as capacidades para se tomar as espe-cíficas e que, depois, dão corpo e raiz a essas. São estas as da fidelidade diá-ria e operativa para se poder chegar à meta.

2. Condições humanas Do que atrás genericamente apresentámos, fica claro que são necessárias algumas condições humanas para que a resposta seja verdadeira e integral. Aliás, mais não se trata que do desenvolvimento da estrutura humana nas suas condições fundamentais. Em primeiro lugar, consideramos o amadurecimento afectivo. Para respon-der no amor a uma vocação eclesial de serviço aos irmãos é necessária a capacidade de relação com os outros (proximidade e autonomia), atenção À realidade pessoal dos próximos e capacidade de entrega e oblação pelos que necessitam. Este amadurecimento implica uma progressiva descentralização de si próprio e uma genuína abertura a todos os demais. Em segundo lugar, na estrutura humana, é de vital importância a inteligên-cia da vida, ou seja, a capacidade de aplicar a inteligência na descoberta de si e do mundo. Nesta descoberta é fundamental a interrogação pelo sentido da

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zar as aspirações e o ela dinâmico do coração do homem, comprometendo-se a viver a experiência do amor, interpessoal, gratuito e comprometido e no qual a liberdade de cada um é confrontada com o mistério da liberdade. Nesta liberdade, personalizante, a fidelidade não será, como nas morais de pura autonomia, uma fidelidade a si mas uma fidelidade de cada um ao outro (“já não sereis dois mas um só”), manifestando a necessidade de completude existencial da liberdade e da felicidade. A fidelidade conjugal aparece, assim, inserida numa lógica de acolhimento que, na tristeza e na alegria, na pobreza e na prosperidade, favorece o outro, isto é, favorece cada um. É neste sentido que S. Paulo, na 1ª carta aos Corín-tios, falando em nome do Senhor, afirma o valor da fidelidade mútua, na medida em que ela é significativa do dinamismo da vida nova adquirida no Baptismo. Dando o primeiro lugar ao Agapé divino, a resposta do homem a este dom prévio é agir segundo a lógica do acolhimento procurando ouvir, dialogar, acolher. Nesta lógica, as exortações morais aparecem não como fardos mas como meios para receber este amor, um amor que tem espaço e tempo para crescer e que, numa caminhada sólida e partilhada, dá coragem para viver o que é bom e exigente, fazendo de cada dia uma festa de encontro e comunhão. A simbólica conjugal, presente no sacramento do matrimónio, expressa e rea-liza, numa vivência de fé, a vivência da vocação do amor; trata-se de uma proposta que, repousando sobre o próprio Deus, aposta na alegria e na espe-rança de uma vida feliz e fecunda, em família. Fundada no matrimónio de um homem e de uma mulher, a família é o berço da vida e do amor, onde o homem “nasce” e “cresce”.

Para o debate em Equipa: O que é para mim o sacramento do matrimónio? Como estou a preparar-me para esse sacramento? Como concebo e de que forma vivo o namoro?

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“Mulher, eis aí o teu filho! Depois disse ao discípulo: Eis a tua Mãe”. Jo 19, 26-2 Não é uma figura de estilo poética. È a última vontade de um condenados que era Deus: dar-nos Sua Mãe por nossa Mãe . Maria , a Mãe de Deus, é também nossa Mãe. Por isso, para chegarmos a Maria temos de nos comportar como filhos. É com intimidade e confiança, com delicadeza filial, com uma devoção carinhosa feita de pequenos gestos que se chega à nossa Mão do Céu. Através de Nossa Senhora também chegaremos aos outros. Os filhos encon-tram-se todos juntos da Mão, e o amor que a ela tivermos transformar-se-á em amor aos outros irmãos.

Para o debate em Equipa: - Como rezamos à nossa Mão do Céu? - Em que se traduz na nossa vida o facto de sermos filhos de Maria? Agora estão lançados... neste apelo de Maria há segredos, há vida, há projec-tos, há sonhos.. Boas reuniões! Boa escuta de Deus! Boa pilotagem!

Para a oração: Lc 1, 21-38

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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Tema 2 O sacramento do Matrimónio

No Novo Testamento, são poucos os textos sobre o matrimónio; o objectivo dos seus autores era, fundamentalmente, fazer conhecer como é que a pleni-tude da Revelação se fez carne na pessoa, nos ensinamentos e nas obras de Jesus Cristo. Não sendo o seu objectivo primeiro de ordem moral, vai ser da compreensão progressivamente, aprofundada pelos crentes, sobre a impor-tância da fidelidade e sobre a simbólica conjugal, aspectos, entre outros, que o cristianismo recebeu da tradição judaica, antes de penetrar no mundo gre-co-romano. Quando os Apóstolos começaram a espalhar a Boa Nova pelo império romano, politicamente unificado, os diferentes povos guardavam a sua própria fisiono-mia, nomeadamente uma determinada concepção sobre o matrimónio. Assim, durante o primeiro século, encontramos uma osmose entre a proposta dos Apóstolos e o mundo onde faziam a pregação. Os cristão, perseguidos, viviam a sua fé clandestinamente testemunhando-a mais pelos seus comportamentos do que pelos discursos. Até Constantino, não havia igrejas e os cristãos reuniam-se em casa uns dos outros. Não há testemunhos sobre a presença de Bispos em casamentos, pre-sidindo à eucaristia, ao baptismo e às liturgias penitenciais. Com o reconhecimento oficial da Igreja, e com o grande número de adeptos, aparece o relaxamento dos costumes e a necessidade dos chefes das comuni-dades fazerem exortações morais, apontando para um direito constituído por decisões tomadas em concílios. O Concílio Vaticano II, na linha de S. Paulo, na carta aos Efésios e na I Carta aos Coríntios, afirma que pela graça do sacramento do matrimónio, com o qual os cônjuges cristãos significam e comparticipam o mistério da unidade e do amor fecundo entre Cristo e a Igreja, ajudam-se mutuamente a conseguir a santidade na vida conjugal e na aceitação e educação dos filhos e têm para isso, no seu estado de função, um dom especial dentro do Povo de Deus. É realmente deste consórcio que procede a família, onde nascem os novos cida-dãos da sociedade humana que, por graça do Espírito Santo, se tornam filhos de Deus no baptismo e perpetuam, através dos séculos, o Povo de Deus.

O sentido profundo do casamento cristão é a aposta, proclamada em ritual, da revelação, a partir de si própria, da glória de Deus como amor, como dom. É, precisamente, a partir da experiência do amor interpessoal que o casal cristão é chamado a perceber, realizando-o, o amor de Deus como dom. Desta forma, cada um dos cônjuges é acolhido, não através duma explicação enraizada em aspectos biológicos ou sociais ou em necessidades estratégicas, mas na sua originalidade, apreendida a partir de si próprio. Revelando deus, como amor que é dom, o casal cristão terá como ideal reali-

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Maio Oração

«Marta, Marta, andas inquieta e agitada com muitas coisas quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte» (Lc 10, 41b-42a)

Sabemos todos que a oração não é específica dos cristãos. Em culturas diversas e de diferentes maneiras, os homens e as mulheres de todos os povos da terra realizam gestos, dizem palavras, envolvem-se em música e em cantos com um sentido determinado que reconhecemos como oração. Alguns lembrar-se-ão de que, em 1996, o Papa João Paulo II convidou os chefes das principais confissões religiosas do mundo a reunirem-se em Assis (a 27 de Outubro) para rezar pela paz. Porém, para os cristãos, a oração tem uma certa especificidade. Trata-se de um tempo de explícita relação pessoal com Deus, em Jesus Cristo. O importante, ouvimos dizer – e bem! – não é fazermos muitas orações na nossa vida, mas é termos uma vida de oração. Mas sabemos também por experiência que sem verdadeiros tempos de oração (queridos, pensados, preparados,…) não há “vida de oração” que resista. Então como pensar e preparar esses momentos de “explícita relação pessoal com Deus, em Jesus Cristo” a que chamamos “oração”? são indicadas neste pequeno texto cinco pistas. Apenas exemplificativas. Não são a última pala-vra. De resto, a última palavra, e mesmo essa provisória, tem sempre lugar na reunião de equipa. Primeira pista: a(o) cristã(o), toda a discípula, todo o discípulo de Cristo é chamada(o) a seguir Jesus. Ora Jesus rezava. Como? Os textos do Evangelho fazem notar que em muitas ocasiões (especialmente antes de grandes decisões ou de gestos particularmente significativos) Jesus reza (ver, por exemplo: Lc. 9, 28). Os discípulos encon-travam-No frequentemente a rezar de madrugada e percebiam que muitas vezes passava a noite inteira em oração. (cf. Lc 6,12). Da vida de Jesus podia chamar-se realmente uma vida de oração, de comunhão com o Pai, de tal forma que o seu alimento era mesmo fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4, 34). Segunda pista: Jesus ensina os seus discípulos a orar Assentou que a oração tem que começar por uma atitude pessoal de intimi-dade: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e fala em segredo a teu Pai” (Mt. 6, 6). Isto não significa que desprezasse a ora-ção comum. Tudo leva a crer que Ele rezava com os discípulos nas sinago-

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gas e no Templo. Deixou-nos a Eucaristia que é fundamentalmente uma oração comunitária. Em todo o caso, fica-se com a impressão que o triunfa-lismo das celebrações do Templo de Jerusalém o deixava indiferente. “Mulher, acredita no que te digo: chegou a hora em que, nem neste monte, nem em Jerusalém, haveis de adorar o Pai. (…) Deus é espírito. Por isso, os que O adora, devem adorá-Lo em espírito e verdade” (Jo. 4, 21-24). Jesus ensinou os seus discípulos a orar (Mt. 6, 9-13; Lc. 11, 1-4): o Pai Nosso é a oração especificamente cristã. Toda a oração dos discípulos de Cristo deve poder ser reconduzida a este núcleo central. Terceira pista: A oração é sempre pessoal, seja ela individual ou comunitária Não nos enganemos com os “ofícios de corpo presente”. Não serve só estar presente na oração para que, “magicamente” o Espírito Santo actue nos nossos corações… Isto vale para a nossa oração individual, em qualquer igreja ou oratório, no quarto, na praia ou no cimo de um monte. Claro que o Espírito Santo pode actuar onde e como quer; mas quando nos dispomos a um tempo de explícita relação pessoal com Deus em Jesus Cristo é impor-tante que a nossa pessoa não seja grande “ausente” desse encontro… O que nem sempre é fácil, convenhamos. Sobretudo, com as distracções. Mas há um truque para quando, apesar de tudo, nos distrairmos, aqui ou ali a pensar nisto ou naquilo. È rezar essa mesma distracção; por exemplo, rezarmos pela pessoa ou pela situação em que pensámos quando nos dis-traímos. Vale a pena lembrar que Jesus recomendou aos seus discípulos e, portanto, nos recomendou a nós: “Nas vossas orações não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que por muito falaram, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós Lho pedirdes.” (Mt 6, 7-8). De facto, «nós não rezamos para mudar a ordem estabelecida por Deus, mas para obter aquilo que Deus decidiu realizar por meio das orações dos Santos» (S.Tomás de Aquino, II-II, 83, 2) Quarta pista: O terço como proposta de oração Diz o Papa na Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae: « O Rosário, caracterizado, embora, pela sua fisionomia Mariana, é, de facto, uma oração cristológica. Realmente, só em um dos cinco Mistérios Luminosos introduzi-mos em Outubro de 2002 é que conta com a presença de Nossa Senhora; mesmo assim é discreta (nas “bodas de Cana”). Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica: é quase um compêndio dessa mesma mensagem». (1) A possibilidade de, com Maria, contemplarmos o mistério de Cristo, é-nos dada por esta oração simples e profunda, acessível a todos e exigente, repetitiva e capaz de evocar ousadia e inovação (cf. O cap. I da RVM). Esta é uma oração exemplar em termos de poder ser recitada, quer indivi-dual, quer comunitariamente. Emblemática das peregrinações e das via-gens, a nossa oração do terço, ganhará se introduzirmos e obsevarmos, as recomendações que o Santo Padre nos faz nesta Carta.

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que o melhor que podemos oferecer a Deus são os nossos pecados, porque esses são nossos, e em Deus obtêm o perdão. O serviço à vida é, antes de mais, projecto de Deus para a realização plena do homem. Ele parte sempre de uma dinâmica interior, de uma acção de Deus na história do homem, de um apelo ao arrependimento e à conversão de coração. O homem que está aberto à palavra de Deus e a gera em si sente a necessi-dade de se colocar numa relação de amor com os irmãos, de uma relação fra-terna decorrente do facto de estar imbuído de amor que é serviço. Este senti-mento tem uma expressão concreta na comunidade em que se insere: gestos cristãos dinâmicos e criativos, gestos de Alegria e de Paz, gestos responsabili-zantes que irrompem da Aliança da promessa, da vida nova em Cristo, numa palavra: o nosso baptismo. Não há gestos de serviço à vida para sermos apenas solidários ou bonzinhos com os pobres. Há um dinamismo de serviço à vida que brota da alegria de quem já contempla, aqui e agora a glória de Deus, ainda que não na sua ple-nitude. Servi como quem quer servir a vida, não como quem se quer servir da vida. As EJNS são chamadas a uma experiência eclesial de comunhão, de unidade e apostolicidade, a causar o espanto e a admiração do vede como eles se amam. Conscientes da eleição de Deus, somos instrumentos ao serviço da Paz, na gratuidade do Amor salvífico de Deus para todos os homens, na gra-tuidade do serviço à Vida...

Para a oração: Jo 12, 23-28

Para o debate em Equipa: - Já fiz alguma experiência de serviço? - O que me motiva a dar a vida pelos outros? - Como entendo o serviço na linguagem do amor?

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somos chamados à identificação com Cristo, a sermos Cristo, a ser, já não imagem do homem terrestre, senão imagem do homem celeste (ICor 15, 49). Somos confrontados com a vontade do Pai na voz de Maria: Fazei tudo o que Ele vos disser. Somos constantemente interpelados pela voz de Deus que nos diz: toma a vara na mão e mata a sede do meu povo, ou por outras palavras: não vos canseis de dar Cristo aos homens. Não tenhais medo de serdes quem sois. Assim como és, assim Deus te ama. Vós sois de Cristo e Cristo é de Deus, tende confiança e não temais porque Ele está connosco.

E nós vimos a sua glória (Jo 1, 14c).

Vós sois uma raça eleita, sacerdócio real, uma nação santa, o povo de sua particular proprie-dade, a fim de que proclameis as excelências daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa (I Ped 2, 9). A dinâmica do homem cristão no caminho para o Pai passa pela abertura ao seu Filho Jesus Cristo, é d’Ele que nos vem a fortaleza a alegria e a paz. Em Cristo somos regenerados e convidados a ser profetas: profetas da graça e não da desgraça, profetas da alegria e não da tristeza, profetas da vida e não da morte. Profetas da cruz, porque profetas do amor na disponibilidade para o serviço. Porque profetas de uma entrega amorosa pelos homens, porque pro-fetas de uma esperança na vida eterna. É em nome da ressurreição de Cristo que nós (Igreja) nos colocamos ao servi-ço da vida que provém do próprio Deus, em estreita e íntima união com o Espírito vivificador. O homem vive em Deus e de Deus, vive segundo o Espírito Santo e deve-se ocupar das coisas do Espírito. Na mesma verdade, devemos redescobrir a razão do homem não se encontrar plenamente a não ser no dom sincero de si mesmo, no sair de si ao encontro do outro, no convívio (viver com) com os outros homens, promovendo a dignidade de cada homem e de todos os homens. A Igreja não se serve do mundo nem o mundo se serve da Igreja. A Igreja está ao serviço do mundo para que este acolha o dom de Deus e se vá, aos poucos, tornando Reino. O mundo é de Deus e por isso tem sede de Vida, tem sede de Deus. O homem contemporâneo procura respostas para a sua razão, para o seu viver, para o sentido da sua vida..., busca algo de sólido e de eterno, o poder e a felicidade! Na cruz encontramos Cristo, Senhor da vida e da morte, Deus todo-poderoso, esse algo que poderá saciar o homem plena e totalmente. É em Cristo que o homem poderá repousar e encontrar sentido para a sua vida, é por Ele que acolhemos a vida eterna, a santidade. Tornamo-nos Cristo na medida em que dermos a vida na cruz, na medida em que a nossa vida estiver ao serviço da vida porque ao serviço de Deus com toda a disponibilidade e abertura à sua vontade: Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto. Quem ama a sua vida a perde e quem odeia a sua vida neste mundo guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém quer servir-me siga-me (Jo 12, 24-25). Se é verdade que somos fracos e pecadores, pois são pontos da nossa condi-ção humana, é mais verdade ainda que Deus nos ama assim, como somos,

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Quinta pista: A Eucaristia é a grande oração da Igreja Eucaristia quer dizer “acção de graças” (no grego actual, obrigado diz-se efca-ristou). Primeiro o Senhor convoca-nos para escutar a sua Palavra. E constitui-nos interlocutores capazes de ouvir e capazes de responder (sobretudo com a vida) à Palavra que nos é dirigida. Depois o Senhor convida-nos para a Sua mesa. Constitui-nos companheiros (os que partilham do mesmo pão) comensais, convivas. A comunhão na mesa da Palavra e na mesa da Eucaristia, com Jesus e o seu projecto permitem que possamos viver, ao seu jeito, uma vida gasta pelos outros, uma vida entregue para que os outros tenham vida. Aprendemos com Jesus que só uma vida entregue é vida salva.

Para o debate em Equipa: - Lembra-me de alguma experiência de oração particularmente significativa? Qual foi? Como foi? - Lembra-me de alguma má experiência que se dizia ser da Oração? O que aconteceu? - Já li toda a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae? Só li que parte? Pode-mos, em Equipa, estabelecer algumas “metas” a este propósito? - Como é que a Equipa me pode ajudar a caminhar na oração? Como poderei eu ajudar os outros equipistas?

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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Tema 1 O Serviço, linguagem de Deus em nós!

Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos destinei para irdes e pro-duzirdes fruto e para que o vosso fruto permaneça a fim de que tudo o que pedirdes ao pai em meu nome ele vos dê (Jo 15, 15-16).

E o Verbo se fez carne, (Jo 1, 14a)

A luz radica no próprio Cristo (Jo 8, 12), no mesmo Cristo da cruz, prova do amor com que Deus nos ama e do qual o Espírito Santo dá testemunha pela presença activa em nós. A acção, antes de ser social, é Teologal. O amor aos irmãos nasce desta acção do Espírito Santo que nos faz experimentar cautelo-sa ou corajosamente a relação com Deus, por Cristo na palavra do Espírito Santo que nos faz clamar: Abba, Pai. É neste Espírito Santo que igualmente construímos a paz no cumprimento do mandamento novo: Amai-vos, como eu vos amei (Jo 15, 12). O Espírito que nos ensina todas as coisas (Jo 14, 26) é princípio interior de vida nova que Deus derrama em nós. Recebido pela fé e pelo baptismo o Espírito Santo habita o cristão e torna-o morada de Cristo. Marcados pelo selo divino somos designados para a ressurreição, para a vida santa, a comunhão total e plena com e em Deus. O homem que vive segundo o Espírito Santo de Deus é filho de Deus (Rom 8, 14). A luz é memorial da própria encarnação do Verbo feito Carne, da luz ver-dadeira que ilumina todo o homem (Jo 1, 9) e que quer habitar, e já habita, entre nós.

E habitou entre nós, (Jo 1, 14b)

O homem é corresponsável com o Pai na obra da criação na medida em que fizer de Deus a medida de todas as coisas. A acção de Deus no nosso coração tem uma expressão concreta na vida da comunidade dos irmãos, o serviço à vida, o amor ao próximo e à dignidade humana. Por isso o homem da maturi-dade cristã sabe passar para a vida aquilo que o alimenta na oração. No silêncio dos nossos corações somos convidados, como Maria, a escutar a Palavra de Deus que gera a fé, a gerar Cristo dentro do nosso próprio ser e gerando-O, dá-lo ao mundo, a acolher humildemente a vontade do Pai, a aco-lhermos em nós o Espírito Santo que nos dá o discernimento e a sabedoria na leitura dos sinais dos tempos numa autêntica liberdade humana e cristã. Este é o tempo favorável do Espírito na construção da paz e da justiça. Tal como Moisés no deserto, somos chamados a tomar a vara em nossas mãos, a fen-der a rocha para que jorre a água que sacia abundantemente a comunidade (Nm 20, 7-11). Respondendo ao apelo do Apóstolo: aspirai às coisas do alto,

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Tema: Fizemos reuniões de preparação? Todos prepararam as reuniões? Todos prepararam individualmente o tema com a consciência de que esta é a única maneira de uma reunião correr bem? Procurámos individualmente apro-fundar o tema para além do que vinha no caderno, consultando o Evangelho, o "Novo Catecismo da Igreja Católica" ou outros livros bíblicos ou encíclicas?

Partilha: Nas reuniões houve sempre tempo para a Partilha? Todos partilharam? Preo-cupei-me em preparar a Partilha antes da reunião? Partilhámos sempre atendendo à dupla componente do momento da Partilha: "parte espiritual" e "aspectos importantes do dia-a-dia"? Houve sempre res-peito pela Partilha de cada um? Ponto de Esforço: Cumprimos sempre o Ponto de Esforço? Se não, porquê? Fizemos sempre a Partilha de como correu? Sentimos que o cumprimento do Ponto de Esforço nos ajudou a tomar melho-res cristãos? Preocupámo-nos sempre em equipa, em estabelecer Pontos de Esforço exequíveis?

O Movimento Entusiasmei-me em ir e participar nas actividades do movimento: no Encontro Internacional; no Encontro Nacional; nas Peregrinações a pé a Fátima; nos retiros; nas Missas de Primeiro Sábado; nas Noites de Oração e nas activida-des de Acção Social? Se não, porquê? Se sim qual(ais)? E qual(ais) o(s) resul-tados? Fomos em equipa a alguma actividade? Preocupei-me em dinamizar nos outros a vontade de participar? Leio sempre a Partilha, tentando-me informar sobre os principais aconteci-mentos que fazem a vida do movimento? Tenho noção da importância das quotas para a continuidade da vida do movi-mento? Paguei as quotas?

Eu Como Cristão Empenhei-me como verdadeiro cristão, na equipa e na minha vida em geral? Como membro de um movimento de Nossa Senhora, sinto que cresci no conhecimento e devoção à Mãe de Deus? Tentei viver com maior coerência? Quando tenho uma opinião diferente da Igreja, procuro saber as suas razões ou sigo-me exclusivamente pelas minhas ideias? Qual o papel da oração na minha vida? Sinto que cresci na oração? Rezei pelo movimento pela minha equipa e pêlos seus membros? Como me portei como filho(a), amigo(a), namorado(a)? Como correram os meus estudos ou trabalho?

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Junho O Namoro

1. O plano de Deus para o Homem

“Deus criou o Ser Humano à sua imagem. Criou-os Homem e Mulher. Deus abençoou-os e disse-lhes: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a (…) Deus viu tudo o que tinha feito e era tudo muito bom.” (Gn 1, 27-28.31)

Deus como que deu ao Homem um pouco da sua capacidade criadora. Para isso Deus criou o sexo masculino e feminino, cada um com as suas caracte-rísticas próprias e com vocação para o Amor. No homem a sexualidade é geralmente mas possessiva e repentina. Está virada, pela própria natureza, para a materialidade do acto sexual em si e tende a ser, mais “cega”. Na mulher a sexualidade é mais ligada ao cora-ção. Por isso um rapaz precisa de um esforço maior para aprender a orientar a sua sexualidade, e num namoro a rapariga pode e deve ter um papel mui-to importante ajudando o rapaz a crescer neste autodomínio.

Este é o plano de Deus para todos os homens e mulheres. 2. O que é o Amor? Amar é sair de si próprio, para ir ao encontro do outro fazê-lo feliz. Amar é dar-se é comprometer-se, é oferecer a sua vida. S. Paulo define o amor como a virtude da caridade, dizendo que: - “Não procura interesse - Não irrita, não guarda sentimento - Tudo desculpa - Tudo espera - Tudo suporta - A caridade não acaba jamais.” No entanto, muitas vezes o que vimos à nossa volta é uma amor completa-mente diferente, é um amor sem consequências, sem riscos sem compro-misso, sem perdão, é amar quando me apetece e à minha maneira. 3. Como preparar-nos para o plano que Deus tem para nós O namoro é uma fase fundamental das nossas vidas e representa, para nós católicos, o tempo de preparação para o sacramento do matrimónio. É bom não nos esquecermos que o tempo que temos para escolher e prepa-rar a nossa vocação é muito curto, principalmente se o compararmos com o tempo que em média teremos para a viver em plenitude (por exemplo um

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namoro poderá ter em média 5 anos enquanto um casamento terá em média 50 anos). Por esta razão o tempo de escolha e preparação da nossa vocação ganha uma importância decisiva e marca-nos para toda a vida. Nesta fase põem-se duas questões fundamentais: - Será esta a pessoa certa, devo apostar nesta relação? - O que é um namoro bem vivido? A primeira questão fica resolvida se o namoro for bem vivido pelo que vamos focar-nos na segunda: 3.1. Um namoro Exigente e Comprometido O amor feliz e alegre que todos procuramos não é o da facilidade mas sim o da exigência. Em qualquer namoro tem que haver compromisso. Somos exigentes quando em cada decisão que tomamos optamos não pelo caminho mais fácil ou mais sugestivo ou mais na moda, mas sim por aquilo que tem “Futuro” para mim, mesmo que isso seja difícil e incómodo. O amor construído com Cristo é como a casa construída sobre a rocha, vem a chuva e a tempestade mas a casa não cai. 3.2. Um namoro Fiel A Fidelidade começa nas pequenas coisas. É um estado de espírito e uma determinação que deve ser partilhada com o outro e trabalhada todos os dias. - É travar o caminho errado já! - É ter uma atitude “por ti” e não “por mim” - É não fazer o que o outro não gosta… ao pé dele ou longe dele - É evitar situações de risco… mesmo que não tenham mal nenhum - É respeitar ser transparente e verdadeiro no que sinto pelo outro - É uma escola de fidelidade 3.3. Um namoro dialogante O diálogo é uma das condições para conhecer bem o outro. Como posso saber o que quero para a vida, se o meu namoro não me permite conhecer o outro? Ser humilde, sincero, saber ouvir, ouvir com atenção e ser um interlocutor atento são alguns princípios para um diálogo verdadeiro. 3.4. Sexualidade no namoro João Paulo II disse: “O acto que une o homem e a mulher em uma só carne, é tão grande e tão forte que exprime a aliança total entre duas pessoas; ele perde o seu sentido fora desta aliança definitiva, selada pelo sacramento. Da mesma maneira que não se pode viver à experiência nem morrer à experiên-cia, não podemos amar à experiência. Seria confundir a experiência prematu-ra do prazer, com dom de si, no amor lucidamente consentido para sempre.”. Quer isto dizer que o acto sexual exprime uma aliança definitiva entre duas pessoas. Fora do contexto de um compromisso pleno e definitivo, este acto corresponde a uma atitude incongruente, pois consiste em dizer com a lingua-gem dos corpos, o que ainda não se afirmou com a linguagem da vontade, a

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Julho Reunião de Balanço

Chegou o fim de mais um ano de caminhada nas E.J.N.S.! Eis chegada a altu-ra ideal para fazermos um balanço sério e consciente do que tem sido a nossa exigência individual e a da equipa ao longo deste último ano, no que respeita à procura sincera e empenhada do cumprimento dos propósitos que assumi-mos perante Cristo na equipa, com o movimento e em igreja no dia do nosso Compromisso. Esta reunião deve ser seriamente preparada e partilhada por todos. O que está em causa é, nada mais nada menos, aquele que deve ser o aspecto cen-tral da nossa vida: a vivência e o aprofundamento da nossa caminhada indivi-dual e em equipa para Cristo neste movimento que Ele escolheu para cada um de nós. Devem assim ser aprofundadas todas as questões para as quais pode-mos e devemos perguntar a nós próprios: “Que momentos bons vivemos?”, no convívio entre todos, no descobrir das maravilhas de Jesus Cristo, nas partilhas sentidas, nos testemunhos encoraja-dores, no rezar em equipa... "O que é que correu mal e o que é que eu posso mudar" com vista a um maior sucesso da nossa caminhada, nas E.J.N.S. durante o próximo ano que se aproxima. Lembrem-se que a equipa é “aquilo que nós fizermos dela” e que sem exigên-cia ela não caminha. Boas reflexões!

A Equipa: Como correram as reuniões? Como é que me senti ao saber que se aproxima-va uma reunião "seca" ou "ainda bem"? Como foi a minha assiduidade? Encarei sempre a reunião como uma priorida-de ou alguma vez faltei? Se sim quantas vezes e por que razões? Costumo ser pontual a chegar às reuniões? Cumprimos sempre os quatro momentos característicos de uma reunião das E.J.N.S.? Se não, porquê? Participei sempre em cada um dos quatro momentos da reu-nião? Os quatro momentos da reunião: Oração: Em equipa, como correu? Tivemos consciência da sua importância na medida em que é a altura em que reunidos em nome de Cristo, paramos para o escu-tar? Fizemos o devido silêncio e demos tempo suficiente para o ouvir? Fizemos a nossa oração com base na Bíblia? Que outras formas de oração poderíamos adoptar nas nossas reuniões de equipa?

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Sr. ECO - Vou fazer figura de urso diante do Padre. Sr. Responde - Há Padres e Padres. Escolhe aquele com quem estejas

mais à vontade. Sr. ECO - E se souberem que me vou confessar, estou arrumado Sr. Responde - Mas não vieste de lá melhor contigo? “Deixá-los falar, que

calar-se-ão”. Sr. EU - As seitas sabem mais da Bíblia do que nós. Sr. ECO - A Bíblia é complicada, e até se contradiz. Sr. Responde - E que os das seitas perdem tempo e estudam a Palavra de

Deus. Nós ficámos com a catequese e a nossa cultura católica de Escola pri-mária, embora tenhamos um Curso ou estejamos na Universidade. Conclusão: porque não estudar/fazer um pequeníssimo curso de introdução. Ao menos para distinguir a mensagem do Antigo Testamento da do Novo Testamento.

E basta, que medos há muitos. CONCLUSÃO: Para vencer um medo, o melhor é descobri-lo... e expô-lo como que em

sessões de psicolaboratório, procurando a psicoterapia do bom senso. É a minha PAZ que lhes deixo. É a minha paz que lhes dou. Mas não a dou como a dá o mundo. Não se preocupem nem tenham medo. Recordem o que vos disse: “Deixo-os, mas volto outra vez para junto de vocês” Jo.14; 27-28

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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até talvez do coração. Não é uma entrega verdadeira. Amar verdadeiramente é: “por ele” ou “por ela” guardarei esta entrega defini-tiva para o dia em que nos comprometermos para a vida. Esta é a opção pela exigência, esta é a opção pela felicidade. Tudo à nossa volta nos diz o contrário, será que tenho motivos para ser dife-rentes? Sim sou realmente diferente, porque tenho um modelo de vida e de Amor que é Cristo. Não troco a ilusão do prazer de curto prazo disfarçado de felicidade que nos é proposto por todo o lado, pela proposta exigente mas verdadeira e com futuro em que quero acreditar. Para um namoro casto, é fundamental gerir a evolução da intimidade desde o início. A intimidade tende a evoluir exponencialmente. Por outro lado é muito difícil definir limites. Até onde podemos ir a cada momento do meu namoro? A questão dos limites tem a ver com fazer conscientemente o que não deve ser motivo de vergonha para o futuro esposo/a e não lhe deve fazer confusão que ele/a também o tenha feito. É saber também até onde é que se vai sem se “perder a cabeça” – muita atenção ao álcool, fins de semana sozinhos, etc. Esta questão deve ser conversada com clareza. É muito importante não andar ao sabor dos impulsos. A castidade é algo que devemos lutar sempre, é um investimento cujos dividendos se colhem no casamento. A abstinência sexual no namoro é um primeiro passo da castidade e que consiste em guardar abstinência sexual para o casamento. É difícil? É!; Tudo diz o contrário? Sim!; por vezes caímos? Sim, mas temos de nos levantar; Vale a pena? Sem dúvida! Até te listamos as vantagens: - aprendizagem do auto-controlo - segurança no amor do outro (prova grande de amor) - sensação de paz com Deus e com o próprio e evita preocupações - aprendizagem da ternura, carinho e diálogo; maior conhecimento mútuo (não disfarçam dificuldades na cama) - maior liberdade para acabar o namoro (especialmente a mulher), etc. “ O pai, preocupado com a educação sexual do seu filho de 12 anos, pergunta-lhe se ele sabe como são feitos os bebés e ele desata a chorar e responde: - "Não quero saber! Promete que não me contas!" E o pai, espantado, pergunta porque razão o filho não quer saber e, ele ainda a chorar, responde: - "Quando eu tinha 5 anos, disseram-me que não havia cegonhas de bebés, aos 6 disseram-me que o coelho da Páscoa era pura fantasia, aos 7 descobri que não havia Fada Madrinha e aos 8 disseram-me que o Pai Natal não existe! Se eu agora descobrir que os adultos não … então não já não quero crescer!"

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Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

4. Oração A oração é a maneira como o Homem comunica com Deus e por vezes tende a ser tendencialmente individual, privada. É natural haver alguma resistência na oração a dois, no entanto ela é fundamental. A oração a dois ajuda-nos a: - Conhecermos melhor o outro - Crescer na fé - Ultrapassar dificuldades - Tomar decisões difíceis - dar sentido às coisas e ajuda a perceber plano de Deus para nós A oração deve começar no namoro e é mais um pilar da vida a dois.

Questões para Reflexão Individual - Tenho claro qual o plano que Deus tem para mim? - Tenho medo de me comprometer num namoro sério? Porquê? - O amor que sinto pelo(a) meu/minha namorado(a) é verdadeiro? - O meu namoro tem sido bem vivido? É exigente e comprometido? É um namoro fiel? Dialogante? Casto? Tem futuro? - Como tenho gerido a evolução da intimidade? Em que posso melhorar? - Temos noção da importância da castidade no namoro e o que isso repre-senta para o futuro? Em Equipa - O que é “amar” num namoro? - Que motivos me podem levar a não querer compromissos sérios? - Que motivos me podem levar a arrastar um namoro que não interessa? - O que é um namoro bem vivido?

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humano primitivo cada dia em ascensão, com mais qualidade. Um ser humano sem repetição.

4 - Área Da Religião Católica: Sr. EU - Tenho medo de não saber rezar. Sr. ECO - Já há algum tempo que não rezo. Sr. Responde - Começa agora, hoje. Sr. EU - Mas se não sinto necessidade ? Sr. Responde - E quando a sentires não serás um interesseiro. Aliás,

reza-se para desabafar, para se sentir acompanhado, para pedir perdão, para agradecer, para louvar... Reza-se com palavras e sem palavras...

Sr. ECO - Nem sei se com a oração se alcança o que se pede Sr. Responde - Há quem diga que sim. Porque não experimentas? Nunca

pediste nada? Afinal rezar é simplesmente falar de tudo com Deus, Fala-lhe de que não sabes rezar, e pede-lhe que te ensine.

Sr. EU - Tenho medo de me esquecer de Deus. Sr. ECO - E às vezes até duvido se Ele existe? Sr. Responde - Nem só o que se vê existe. A Amizade o Amor... podem

esquecer-se? No entanto, vale a pena lutar por descobrir Deus e a maneira de me lembrar d`Ele, e de lhe conhecer os caminhos.

Sr. EU - Tenho medo de que me castigue com alguma infelicidade. Sr. Responde - Nasceste por amor dos teus e de Deus. Irás viver para ser

castigado, ou para assumires a tua responsabilidade neste mundo inacabado?. Deus age nas consequências dos nossos actos; mas também Jesus Cristo, o Filho de Deus, o que mais mostrou foi compreensão, compaixão, capacidade de renovação e de esperança no ser humano arrependido.

Sr. EU - Tenho medo de não saber provar que Deus existe. Sr. ECO - E diante dos que me criticarem por ser católico, e até dos

ateus. Sr. Responde - E se te sentires bem acreditando há algum mal nisso.

Quantos cientistas foram/são crentes em Deus? Prepara-te porque os génios existem, são gente como tu. Além disso Deus parece que sempre gostou mais de dar inspiração/jeito aos simples e estúpidos aos olhos deste mundo, do que aos crânios orgulhosos e auto-suficientes. Como já descobriste alguma vez Deus a dar-te mais sabedoria do que estavas à espera de ti mesmo; inclui-te nos simples e humildes que precisam de Deus e verás como Ele faz maravilhas.

Sr. EU - Tenho medo de me confessar, de não saber confessar-me.

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3 - Área Da Vida: Sr. EU - Tenho medo de morrer de repente. Sr. ECO - O que fiz da minha vida, e como vão reagir os outros à minha

morte? Na família, nas amizades, na vida profissional, vá lá... já sei. Mas, no geral, vai ser... NADA. Serei um entre biliões e um dos milhares que morre cada dia.

Sr. Responde - Mesmo assim és importante para eles e para ti. Se para eles tiveres sido alguém com rosto, mãos, pés, coração,... Se para ti tiveres a consciência de que combateste pelo Bem, pela Verdade, pela Justiça, pelo Amor, apesar dos arranhões, das feridas, das incompreensões e até de certo desgosto de ti mesmo, dirás: “Valeu a pena ter vivido”. Homenagens? Não vês o que acontece, todos os dias e em todo o lado aos monumentos e nomes de Rua?

Sr. EU - Tenho medo de que não haja outra vida Sr. ECO - Parece-me até impossível que haja. Sr. Responde - Mas todas as religiões dizem que sim, que há. E religiões

dos 4 cantos do mundo e com as mais variadas concepções morais. O ser humano não é igual aos outros seres do mundo; por isso, o mais provável é estar certo ele prolongar-se pela misteriosa Vida Eterna.

Sr. EU - Mas como será? Sou anormal em não acreditar? Sr. ECO - E sempre se saberá tudo? E sempre haverá recompensa e com-

preensão da parte de Deus? Sr. Responde - Como vês a responsabilidade desta vida é enorme. Posso

determinar com ela o meu futuro eterno. O que todos precisamos é de tempo e jeito, método para pensar nestas coisas. Os retiros podem ser bons para isso. Viver inconsciente é que é um risco. Mas não tenhas medo de responder afirmativamente: - Não gostarias de ser eterno? E feliz?

Sr. EU - Tenho medo de que haja um castigo mesmo eterno? Sr. Responde - Será absurdo esperar compreensão/bondade/ compaixão/

misericórdia de Quem nos chamou à vida? É melhor ir equilibrando a confian-ça com a responsabilidade e fugir aos abusos e às inconsciências. Confia e conta/faz a lista das coisas/oportunidades/qualidades que Deus te proporcio-nou, e vê se desconfiando é a melhor maneira de te mostrares agradecido.

Sr. ECO - Mas, e a re-incarnação? Sr. Responde - Parece-te possível haver outra coincidência cósmica, psi-

cológica, vital, como a de este momento? Quem garante a nossa actual indivi-dualidade, única e irrepetível? Não serás já tu, e o momento presente, uma re-incarnação sem o suspeitares? Que fazer então da sabedoria acumulada ao longo dos séculos no nosso inconsciente? Gosto de pensar que somos o ser

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Julho Um Amigo é um Irmão que escolhemos

"Quem encontrou um amigo, descobriu um tesouro", ensina Bíblia. É tão ver-dade! Um amigo é um irmão que escolhemos. Alguém que entende (como ninguém!) as nossas conversas mais longas, a nossas tímidas meias palavras e até os nossos silêncios. Junto a um conhecido não conseguimos estar sem falar. Mas perto de um amigo podemos estar calados que estamos bem. Ou podemos falar demais, sem ter medos. Ou podemos dar uma gargalhada livre, solta. Ou podemos chorar sem nos sentirmos piegas e a fazer cenas. Um amigo faz-nos compreender o significado da palavra confiança. A ele con-fiamos sentimentos, emoções, experiências que nos marcam. E isso, muitas vezes, reduz substancialmente o peso da nossa cruz ou aumenta, espantosa-mente o tamanho da nossa alegria. Um amigo é uma espécie de "pronto-socorro" existencial. Mas, não nos esque-çamos, é preciso haver retorno. Há amizades que falham porque assentam apenas no esforço sincero de uma das partes. A amizade é uma história recí-proca. Conheço pessoas que se lamentam da falta de amigos, mas não querem gas-tar tempo a "cativar", a "criar laços". Desconfio muito das amizades instantâ-neas, porque são sol de pouca dura. A amizade exige o empenho, dedicação e lealdade. As amizades verdadeiras ajudam-nos a crescer. O amigo é aquele que não se enfarpela muito para nos dizer o que realmente precisamos de ouvir. Um ami-go não tem de nos dar sempre palmadinhas nas costas. Se eu não sou verda-deiro e não te ajudo a caminhar para a verdade não mereço ser teu amigo. Há um mito com que implico. Aquele que diz que depois dos vinte anos já nin-guém consegue fazer bons amigos. Aceitar isso é passar um atestado de inva-lidez ao nosso coração. Também acontece na amizade os desentendimentos e os mal-entendidos. É preciso olhar para essas situações com humildade (reconhecendo a sua parte da culpa) e recorrendo ao perdão. Sem perdão não há amizades sólidas. Um amigo não é uma bengala. A amizade não é uma sebe, uma cerca. Ter amigos amplia a capacidade de ser amigo. Não a aprisiona, nem suspende. Por vezes há amigos distantes. Mas a distância não determina necessariamen-te o fim da amizade. Até porque um amigo distante é como um segredo que o nosso coração aprende a guardar.

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A cena da visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel mostra como a amizade é uma coisa fantástica que tens de (re)descobrir a vida toda.

a) Maria que corre para ajudar Isabel (a amizade é um desejo de estar próximo; é uma disponibilidade para ajudar). b) A alegria do encontro (a amizade é essa alegria pura de um simples encontro). c) O Magnificat (a amizade é um dom de Deus que nos faz dar graças).

Para o debate em Equipa: Como vivo as minhas amizades? Considero a amizade uma prioridade na vida? Onde mais falho e mais acerto na amizade?

Ponto de Esforço: Ir ao (re)encontro de um amigo de quem temos estado ausentes.

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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preendido, amar que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a Vida eterna”.

2 - Área Profissional: Sr. EU - Tenho medo de ficar frustrado na vida. Sr. ECO - Tenho medo de me enganar seriamente na orientação da minha

vida? Sr. Responde - É evidente que uma decisão básica tem de se tomar, e

essa tem de ser bem preparada e bem decidida. Mas mesmo depois dessa há muitas outras mais pequenas, mas que pintam positiva ou negativamente o quadro da vida. O que é preciso é rever periodicamente as atitudes, como se revêem as contas de uma empresa. E até há quem fale de que muitas vezes é necessária uma segunda vocação, que às vezes aparece uns tempos antes da reforma. A habilidade é fazer o que se tem de fazer e o que se gosta mesmo de fazer, assim a frustração é quase impossível, se o Homem interior for equi-librado.

Sr. EU - Tenho medo de falhar no meu Curso. Sr. ECO - E de não encontrar emprego. Sr. Responde - Infelizmente há escolhas superficiais e que se têm de cor-

rigir. Mas atenção; se se falhou uma vez, é precisa renovada atenção para não falhar numa segunda. Serei realista, ou sou um idealista?

Mas quanto ao emprego: já pensaste quantas pessoas se matam a elas e às famílias por causa das horas extraordinárias e quantos vivem no desempre-go?! E injusta a situação, mas que tens feito para a poder mudar? Não és o único a sentir isto na pele. Além disso, porque te não agarras a um qualquer trabalho, que te dê ocupação e preparação para a vida em vez de carpires a tua má sorte?

O bom chefe é aquele que passou por todos os degraus, do mais baixo ao mais alto. Por isso ninguém o bate em conhecimento e experiência, lógica e compreensão.

Srs EU + ECO - Temos medo de não ter dinheiro. Sr. Responde - Que dinheiro tens e que dinheiro gastas? Que nível tens

nos teus gastos: acima das tuas posses? Baixar custa, mas saboreia-se a independência e o realismo. Apreciam-se melhor as coisas simples. Quando tiveres dinheiro, respeita a dignidade dos que o não têm, como te aconteceu ou não aconteceu. A pobreza - não a miséria - tem dignidade. A miséria é uma ofensa para quem a sofre e para quem a vê. Que tens feito, de voluntá-rio, pelos que vivem nos limites da miséria? Já não aguentas discursos sobre pobres, desemprego e solidariedade? Então prepara-te, que um dia poderão pensar o mesmo da tua situação. Não te alheies da Política porque trata-se do teu próprio destino.

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significa automaticamente ser imprudente. Não tens amigos que te conhe-cem bem, que te ajudaram/ajudam, para quem não és um actor?

Sr. EU - Tenho medo de me deixar vencer pelo lado mau da minha sexua-

lidade. Sr. ECO - Porque é que as religiões se metem sempre com o sexo, espe-

cialmente a Igreja Católica? Há sempre uma recomendação obrigatória para os Jovens: "Cuidado com o sexo! O Jovem tem de ter domínio sobre si mes-mo." Que mal há em ser egoísta e independente, um pouco, ou de vez em quando?

Sr. Responde - Do Sexo nasce a vida e a cor da vida. Não valerá a pena pensar que podemos/devemos ter uma qualidade superior de relacionamento? O ser humano tem de se dominar em muitas coisas: comida (diabéticos), bebida (alcoólicos), viagens e coisas materiais (tempo, dinheiro, etc.) para seu bem e bem-estar dos seus (amigos e familiares). E domina-se não por frustração mas por Amor. Os atletas, por um ideal, abstêm-se muitas vezes de ter relações sexuais.

Sr. EU - Mas de vez em quando? Sr. Responde - Buscar o menos correcto/imperfeito é sinal de que se está

na fossa e pensa que essa é a saída. Não será uma saída falsa? Não haverá outras soluções à mão: amigos, arte, desporto, oração, meditação, etc? E depois: Por um momento de desespero perde-se um momento/vida de glória. Quem não pensa no que faz, acaba por fazer o que não pensa.

Sr. EU - Tenho medo de casar e de me dar mal e de não ter sorte com os

filhos. Sr. Responde - Que alicerces estás a pôr na tua casa? Terás a intuição de

que não estás a preparar bem a tua família do futuro? Se fizerdes os dois uma boa preparação, um namoro sem escamotear os tópicos mais sérios e profun-dos - de onde te vem tanto pessimismo? E se Deus está contigo agora, tam-bém estará contigo depois.

Sr. EU - Tenho medo de ficar sozinho - roído de solidão Sr. ECO - Abandonado por todos e mais ainda sem que me compreendam.

Tenho medo de dar em doido. Sr. Responde - "Quando sofremos de solidão - sofremos com a solidão - é

porque não nos conhecemos a nós próprios, não compreendemos a estrutura da vida, não aceitamos a nossa condição de seres humanos". Podemos estar a passar por um momento de sombra. Mas há luz! Pode ser que estejas fechado em ti mesmo, numa fase de abertura -inconsciente por vezes a outros valores. Podes estar a gerar alguma coisa de único e fantástico dentro de ti. A vida aprende-se. Mas serás sempre original, único, irrepetível, por mais clonagens que apareçam. Recorda-te da oração de S. Francisco de Assis: “Senhor, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser com-

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Outubro A Missa

“O dia do Senhor é-nos venerável e solene, porque nele o Redentor, como o sol nascente, brilha na luz da Ressurreição (…); este dia chama-se dia do Sol, pois ilumina-o Jesus Cristo”.

S. Máximo de Turim

“Quando chegou a hora, pôs-Se à mesa e os Apóstolos com Ele. Disse-lhes: “Tenho ardentemen-te desejado comer convosco esta Páscoa, antes de padecer, pois digo-vos que já não a comerei até ale ter pleno cumprimento no reino de Deus.” Tomando uma taça, deu graças e disse: “Tomai e reparti entre vós, pois digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira até che-gar o reino de Deus”. Tomou, então pão e, depois de dar graças, partiu-o e deu-lhe dizendo: “Isto é o Meu corpo, que vai ser entregue por vós; fazei isto em Minha memória”. Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no Meu sangue, que por vós se vai derramar”. Lc. 22, 14-20 “Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue tomou o pão, e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o Meu corpo, que será entregue por vós, fazei isto em Minha memória”. Do mesmo modo, depois de cear, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a Nova Aliança no Meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em Minha memória”.1 Cor. 11, 23-25 Quantas vezes não nos aconteceu já assaltarem-nos dúvidas sobre a impor-tância da Missa, do ir à Missa, ou quantas outras não ficámos embaraçados quando tentávamos explicar a alguém que, embora católico, se afirmava não praticante, a importância de participarmos na Missa? Quantas vezes não ouvi-mos o argumento: “Eu sou um bom católico. Não preciso de ir à Missa”. O “argumento” mais forte que podíamos apresentar a todos estes “bons cató-licos”, é o de que a Missa é uma celebração que tem como base, em última análise, os próprios desejos de Deus: é Deus quem, já no Antigo Testamento, pede ao povo escolhido que Lhe consagre o “Sábado”; a ideia de santificar um dia por semana e fazer dele o Dia do Senhor, mantém-se com Jesus Cristo. Mas este, após a Sua Ressurreição faz ver claramente aos Seus discípulos que o novo dia consagrado é o Domingo, “o primeiro dia da semana”. Ao Domingo, Jesus ressuscitou; ao Domingo Jesus apareceu aos discípulos, reunidos no cenáculo; ao Domingo veio o Espírito Santo sobre os Apóstolos e Nossa Senhora. Mas a razão de ser da Missa não se prende só o desejo expresso de Deus de que santifiquemos o Domingo. Há também a pedido de Jesus, que, na última

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Ceia, funda, simbolicamente, o sacrifício que no dia seguinte iria oferecer pela salvação dos homens. Aí, pedindo a todos que façam o mesmo em Sua memória, pretende tornar sempre “viva” a Sua mensagem e a Sua presença junto da Humanidade. Ora, os dois factos ligam-se estreitamente: por um lado o dia do Senhor, por outro, a celebração da Eucaristia, onde mais uma vez é o Deus vivo. A Missa é, por isso, a consagração destas duas intenções: se acreditamos na Ressur-reição, a nossa participação na Missa é a continuação da nossa fé, e é tam-bém a nossa resposta ao apelo de Deus. A Eucaristia é assim, o ponto culminante da Missa. Mas pela tradição da Igre-ja, somos convidados a unidos, ouvirmos a palavra de Deus (Jesus diz: “Quem é de Deus, ouve as palavras de Deus”, Jo. 8, 47), para que possamos aumen-tar a nossa fé, e para que toda a nossa acção possa ser o espelho (mais ou menos conseguido!) daquilo que Deus pede aos homens, para a sua própria salvação. Ainda, é na Missa que confirmamos, perante Deus e aqueles que participam connosco na Missa, a nossa Fé, de um modo especial. É na Missa que tomamos consciência dos nossos pecados e encontramos forças para o fortalecimento da vontade de não tornar a pecar. É na Missa que, pelo exem-plo de Jesus, ficamos em paz com os outros, na confirmação do Amor ao Pró-ximo. Finalmente, a Missa torna-se especial porque os Homens aí se unem fraternal-mente, porque revela uma união muito especial (que não existe em mais nenhum outro aspecto): é a união numa mesma fé. Os cristãos reúnem-se na Missa, muitas numa mesma vontade e formando uma verdadeira comunidade. Todos estes aspectos, que mostram como a Missa é importante, são, digamos assim, como que universais. Mas para além disso, há a nossa experiência pes-soal! É que, cada um de nós participa na Missa de uma forma muito especial, muito própria. Essa forma pessoal como vivemos a Missa, esse empenhamen-to particular é a melhor resposta que damos ao pedido de Deus de Lhe consa-grarmos um Dia e ao pedido de Jesus de continuarmos a acreditar nos Seu sacrifício e na Sua Ressurreição.

Esquema da Eucaristia Ritos Iniciais Entrada Saudação do altar e da Assembleia Acto Penitencial Kyrie Glória Oração colecta Liturgia da Palavra Leituras Homilia Profissão de fé Oração universal

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Junho Os Nossos Medos

No início da reunião escreve 3 a 5 Medos que tenhas. Escolher 4 leitores: Narrador + Sr. EU + Sr. ECO + Sr. Responde. Sublinha a frase que mais te chamou a atenção de qualquer das personagens.

Que Medos!!! Narrador: Não pensemos nos Medos da Infância - mas nos Medos da

criança que há em todos nós. O Medo não mata nem impede de viver, mas rói a alegria, confiança nas potencialidades da vida. Medos físicos, espirituais, religiosos, sociais, com referência ao passado, vividos hoje, projectando um futuro pessimista, sempre frustrantes. Nascidos de traumas, de doenças, de fantasias. Medos quase vencidos que renascem, Medos que nunca se enfren-taram. Medos, medos,... Sempre MEEEEEDOS !!!

Sr. ECO - E urgente estar atento e aprender a conhecer, a fazer, a viver

em comunidade; a... Ser. Aprender a ter gosto por Aprender... toda a vida"

Jacques Delors - Club Reflexão XXI – 1997 Sr. EU - Mas ... o que é o Medo ? Sr. Responde - Não gosto muito de definições. Escolhe a mais englo-

bante/abrangente: - É uma perturbação da emoção pela presença dum desafio real ou ima-

ginário - É uma momentânea consciência de insegurança ou incompletude - É a intuição emocionada, involuntária e pessimista da nossa força

interior ou exterior, frente a uma situação momentânea e inesperada do futu-ro.

Sr. ECO - O Medo é primo da angústia e irmão dos complexos de inferiori-dade

1 - Área Do Eu Sr. EU - Porque tenho medo de te dizer quem sou? Sr. ECO - Pedes para me dar a conhecer por amizade ou para me atraiçoa-

res? Sr. Responde - Dependes ainda muito da opinião dos outros. És pessi-

mista e estás sempre de pé atrás nas tuas relações humanas. Confiar não

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Liturgia Eucarística Ofertório Oração sobe as Oblatas Oração Eucarística Rito da comunhão - Pai Nosso - Rito da paz - a fracção do pão - Agnus Dei (Cordeiro de Deus) - Convite para a Ceia - Comunhão - Silêncio/Cântico - Oração depois da comunhão Ritos de conclusão Saudação e bênção Despedida da assembleia No percurso para o encontro feliz no alto da montanha há quatro etapas a percorrer. A primeira é o ressoar da voz que ama, no nosso coração. É o tomar consciência de quem somos, com o nosso pecado e de quem é Este que nos ama tanto, que Se dá gratuitamente e totalmente a nós, a todos de igual forma, a todos amando sem medidas. Um tactear receoso, uma aproximação hesitante, uma troca de confiança: “Cativa-me!”, dizia a raposa ao principezi-nho: “Posso ir para o pé de ti?” Surge então o momento do confronto e do face a face. Deus fala ao próprio homem: expõe as suas exigências e dá a conhecer a Sua redenção e salvação. A resposta damo-la nós no Salmo, na profissão de fé e na Oração Universal. A resposta é deixar que Deus reze em nós, na beleza inteira da sua criação. No amor criador contemplamos a beleza da Palavra da Salvação, que tem expres-sões concretas no mundo e na história dos homens. O terceiro momento é o da conversa coração a coração, a oração eucarística. Aqui já não há ensino, pregação ou meditação. Impera a linguagem de amor da oração, do coração a coração com o próprio Deus. Importa manter-se em sintonia com o ritmo de oração da comunidade, encontrar a onda certa! Importa o silêncio de Deus que se diz no Cristo Ressuscitado e vivo no meio de nós pela fé. O último momento é o auge do encontro: a comunhão. É o tocar no próprio Corpo do Senhor e Ele próprio tocar o nosso. O mistério de comunhão do qual fomos criados e para o qual somos gerados, por amor divino. O mistério que nos realiza plenamente e nos coloca participantes, uns com os outros, daquele amor pleno e total gerado entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O projecto é identificares-te com o próprio Jesus Cristo. Converte-te e acredita no Evangelho... É esta a tua história com o Pai! Este é o sacerdócio de Cristo e dos cristãos. Eucaristia celebra a entrega de Cristo ao Pai. Nela descobrimos o caminho único na construção de uma civilização do amor e da Paz.

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Para o debate em Equipa: - Porque é que vou à Missa? - o que é que sei e o que é que percebo da Missa? - Preparo-me para ir à missa? Como? É importante a preparação? - A Missa tem lugar importante no ritmo da minha semana e na vida de todos os dias? Missa à semana? Porquê? Testemunhos.

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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Às nossas capacidades junta os dons que tem para nos oferecer: - Sabedoria (sentido mais apurado para as coisas de Deus) - Entendimento (graça de aceitarmos as verdades reveladas por Deus) - Conselho (graça de escolher o mais perfeito, de discernir o bem e o mal) - Fortaleza (força para propagar e defender a fé, para escolher o bem e nele perseverar) - Ciência (saber que a verdadeira felicidade reside na ciência de Deus que nos é dada pelo Espírito Santo) - Piedade (sensibilidade para o que é de Deus e para com o próximo) - Temor de Deus (respeito pelo sagrado e divino por causa da alegria que reside na presença de Deus)

Para o debate em Equipa: - Já sentiste a presença do Espírito na tua vida? Quando? - Que dons é que o Espírito Santo já te deu ou pensas que te quer dar para seres um instrumento de Jesus? - Tens cumprido essa missão que te foi confiada? Como o fazes ou poderás vir a fazer?

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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Para além de ser este amor que comunica e nos aproxima de Jesus, o Espírito é também uma força que nos faz chegar mais perto dos outros. No dia a dia, a força do Espírito Santo caracteriza-se por uma orientação num momento de dúvida, num alento em época de angústia, numa alegria em tempo de tristeza. Podemos olhar para o Espírito Santo como uma mão que nos puxa para Jesus. Quer seja através de um amigo, de uma escritura ou de outra coisa qualquer.

Mais concretamente, como é que o Espírito nos dá este “empurrão”? O momento do Pentecostes pode servir-nos de reflexão. Nessa altura, quando mataram Jesus, os seus seguidores fugiram receando que lhes fizessem a eles o que fizeram ao Mestre. Fecharam-se numa casa, com medo, e enquanto rezavam, receberam a força do alto que Jesus prometera. «Quando chegou o dia da festa do Pentecostes, estavam eles todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho, como de um vento forte, que ressoou por toda a casa onde se encontravam. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo, que se espalhavam e desciam sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes inspirava.» (Act 2, 1-4) Depois desse momento, os apóstolos nunca deixaram de anunciar e dar teste-munho de Jesus com a força do Espírito. Tal como o Espírito desceu sobre os apóstolos no dia do Pentecostes, também pode descer sobre nós sempre que quisermos. Jesus nunca nos prometeu dar tudo aquilo que lhe pedíssemos mas prometeu que sempre que lhe pedísse-mos o seu Espírito, o Espírito do Amor, Ele o enviaria. Esta promessa está ao alcance de todos nós e devemos aproveitá-la ao máximo. Não devemos ver o Espírito Santo como algo distante no tempo e no espaço, mas como Deus em nós, todos os dias, nas coisas mais pequenas do nosso quotidiano, e também nas maiores. O nosso Deus não é um Deus distante, mas um Deus que quer estar cada vez mais perto de cada um dos seus filhos, de todos nós, de ti... É esta a nossa fé, é esta a realidade que nos pode tornar as pessoas mais felizes do mundo, mesmo nos momentos mais difíceis. Nunca estamos sós. Para além do amor, o Espírito pode ser encarado também como uma “ferramenta de trabalho” para que possamos construir o reino de Deus na ter-ra. Se o permitirmos, Ele utiliza as nossas qualidades e virtudes nesta tarefa que é conseguir que seja feita a vontade de Deus «assim na terra como no Céu».

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Novembro A Família

Logo no início da Bíblia está escrito: “Deus criou o homem à Sua imagem, Ele os criou homem e mulher” e “Deus disse-lhes: crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra”. (Gn 1,27-28). Hoje vamos tratar de como Deus quis que este homem, esta mulher e sua descendência vivessem, i.e. o modelo de família querido por Deus. Também está escrito: “O homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne, portanto já não são dois mas uma só carne. Pois bem o que Deus uniu, não o separe o homem”. (Mt 19, 15-16). O lugar central do homem e da mulher é a família, com pai, mãe, filhos, irmãos, avós, tios, sobrinhos. O que é que isto significa ou deve significar?

1 - A família significa a nossa vida. Nascemos todos de um pai e de uma mãe, e somos únicos. Deus quer cada um de nós por si mesmos. Percebo que Deus me quis como eu sou? Que me quis na família que tenho? Como nos preparamos desde a juventude para ser bons pais? Como dirigimos o nosso namoro? 2 - A família significa o amor dos pais, a nossa sobrevivência e a nossa educação, com uns pais que nos protegem, alimentam, vestem e nos levam à escola. Será que reconhecemos este acto permanente de amor dos pais para connosco? Será que desperdiçamos comida, compramos tudo o que queremos mes-mo não sendo necessário? Como estudamos e vamos criando condições para sermos úteis à socie-dade? 3 - A família significa os irmãos, aqueles que vivem connosco, aqueles a quem queremos bem. Como é que no dia a dia os tratamos? Como é que olhamos para eles e os puxamos para coisas boas? 4 - A família significa uma casa, um espaço em que faz todo o sentido que se viva num ambiente de caridade, com cada um a procurar ajudar um pouco. Será que deixamos o quarto arrumado? Será que ajudamos nas tarefas domésticas, a comprar o que falta, a lim-par a cozinha, a pôr a mesa?

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5 - A família significa dar tempo uns aos outros. Será que chegamos a horas de jantar com a família? Fechamo-nos no quarto a ver televisão, agarrado ao computador ou a ouvir música? Damos importância às festas de família? Procuramos passar férias juntos? Visitamos os avós? 6 - A família significa apoiar os mais fracos. Ajudamos os irmãos com mais dificuldades? Fazemos companhia aos que estão doentes? Defendemos os mais fracos? 7 - A família significa criar espaço para Deus, rezando em conjunto e por cada um. Como está a nossa oração em família? Rezamos uns pelos outros? Deus conta com a nossa liberdade, temos capacidade de escolha, de optar por um ou outro caminho.

“Querem - dizia ironizando - construir um mundo onde os homens possam ser felizes sem necessidade de serem bons”, Gandhi.

Texto de Apoio: Carta às Famílias, João Paulo II (1994)

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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Maio O Espírito Santo

«A prova de como sabemos que vivemos em Deus e Deus em nós é esta: Ele deu-nos o seu Espírito». (1 Jo 4,13)

A terceira pessoa da Santíssima Trindade é aquela que temos mais dificuldade em definir e reconhecer na nossa vida. Porém, ela está presente em nós de uma forma muito forte, pois faz a ligação entre nós e o Pai e Jesus. Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor a não ser pela acção do Espírito Santo». Ou seja, este conhecimento da fé só é possível no Espírito Santo, porque para estar em contacto com Cristo é preciso ser tocado pelo Espírito. Talvez não nos tenhamos ainda apercebido, mas se estamos aqui hoje, se decidimos dedicar este tempo a Jesus, é provavelmente por acção do Espírito Santo. Antes de subir aos céus, Jesus prometeu deixar-nos o Espírito para que pudéssemos ser guiados por Ele e para que pudéssemos viver para Jesus.

Mas afinal que Espírito é este? A Bíblia fala-nos de Espírito Paráclito, Espírito Advogado, Espírito Consolador, Espírito de Verdade, Espírito de Promessa, Espírito de Adopção, Espírito de Glória. E eu, por que nome o trato? Falo-lhe como a um amigo? Ou será que ainda não o conheço bem?

Deus é amor e, como tal, não se pode guardar para Si mesmo, tem de se dar. Deus na Santíssima Trindade já é família, mas criou-nos a nós também seus filhos para nos poder dar o Seu Amor. Mas como Deus é relação, quer o nosso amor de volta. Podemos ver esta relação nas três pessoas da Santíssima Trindade: no Pai, que falou com o seu povo através dos profetas; no Filho que, ao fazer-se Homem, falou, viveu e morreu na cruz por nós; e no Espírito Santo que nos quer falar todos os dias, de diversas formas, para as quais nos devemos man-ter atentos.

A relação que se estabelece entre todos, Pai, Filho, Espírito Santo e todos nós traduz-se em amor. O amor, que tem a sua fonte no Pai e nos é oferecido pelo Filho morto na cruz, é-nos comunicado, íntima e pessoalmente, pelo Espírito Santo. Esta cadeia de amor não pode terminar em nós, tem de ser passada também para os outros. A Vida no Espírito traduz-se numa vida cheia de amor, tanto amor que não conseguimos guardá-lo para nós e sentimos neces-sidade de transmiti-lo aos outros.

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também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irre-preensíveis.” (2 Ped 3, 8-14) Como vemos, o ideal seria que quando o Senhor chegasse não fossemos “apanhados de surpresa” mas que já estivéssemos preparados. Essa prepara-ção exige uma caminhada, que não se faz de um momento para o outro. Assim como Jesus vai à nossa frente para nos preparar o lugar na casa de Seu Pai, também nós devemos ir preparando a Sua chegada. A nossa caminhada, sabemos, não é tarefa fácil mas, no entanto, a nossa obrigação é pelo menos tentar fazê-la. Em Equipa, a nossa caminhada vê-se simplificada pela ajuda e testemunho do outro, pela oração de todos. Mas, uma EJNS é, exclusivamente, aquilo que os seus membros quiserem que ela seja. Ela funciona bem, se tiver o entusiasmo e participação de todos, e atinge pelo menos parte dos seus objectivos se todos tentarem que tudo o que de positivo acontecer na Equipa seja orientação para a vida agitada que têm fora das reuniões.

Para o debate em Equipa: - Sinto que tem de haver uma forte relação entre aquilo que se vai passar nas reuniões e a vida que tenho fora delas? - O que eu quero da minha Equipa? - O que é que me levou a procurar as EJNS? O desânimo de me sentir sozi-nho? O entusiasmo de outra pessoa? - Quais os pontos em que eu sinto a minha caminhada mais fraca e necessito mais da ajuda dos outros? - Sinto-me ligado ao movimento? Conheço as actividades que existem?

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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Dezembro NATAL

– Continuo a não perceber, Senhor! Eu primeiro pensava que Tu não irias

ser bem homem mas que apenas Te disfarçarias de homem. Explicaste depois que não, e eu entendi as razões. Então achei que Tu ias deixar de ser Deus para poderes ser homem. Agora vejo que também não será assim e estou confundido. Sinceramente não entendo como é que Tu conseguirás ser homem continuando a ser Deus. É que a ideia que eu tenho das duas coisas é completamente diferente. Deus sabe tudo, os homens não. Deus está em toda a parte, os homens para irem de aqui para ali têm de se deslocar. Deus tem poder sobre tudo, os homens não…

O tema interessava visivelmente ao Filho, que ganhou um brilhozinho especial nos olhos e respondeu assim:

– Havia, num país distante, um Rei. Vivia no seu palácio, no cimo da colina, rodeado de uma grande corte e na companhia do seu filho. Havia também nesse reino um bosque, um grande bosque atravessado por um pequeno rio azul. Muita gente vivia nesse bosque. Era gente boa e simples que nunca tinha entrado no palácio real e que se sentiria pouco à vontade se lá entrasse, tal era a distância entre estes dois mundos tão próximos. Os homens eram caçadores e lenhadores. As mulheres lavavam a roupa no rio.

Ora um dia o Príncipe, cavalgando no bosque ao longo do rio, viu uma jovem Lavadeira. Ficou secretamente a olhar para ela por detrás dos canaviais e apaixonou-se por ela. Gostaria de se propôr a ela e de a namorar. Mas como fazer? Levá-la a viver no palácio não era possível, seria de mais para ela. Ir ele viver para a clareira do bosque, com toda a sua corte, também não. Assustá-la-ia, a ela e a todos, e não iria resultar. Foi então que decidiu: “Deixarei a corte, perderei todos os meus privilégios reais, irei viver como mais um na clareira do bosque.” Passados anos lá o encontramos. Trabalha agora o dia inteiro como lenhador. Tem agora as suas mãos calejadas do machado. Até a sua maneira de falar é diferente, igual à de todos os lenhado-res do bosque, com quem bebe, na taberna, ao fim da tarde, um copo de vinho antes de voltar para casa.

– Diz-me, Benjamim, este homem que agora vemos assim mal vestido, a suar e de mãos calejadas é ou não é Príncipe?

Benjamim hesitou: – Que história linda, Senhor! Bem… eu acho que… ou seja… acho que sim, que ele deixou tudo por amor mas que no fundo continua Príncipe.

– E achas muito bem – disse o Filho. – Claro que ele agora já não pode assinar decretos reais, nem pode dispor livremente da fortuna da família, nem tem a facilidade de meios que tinha no palácio. Mas o sangue azul que corria nas suas veias não o perdeu. Príncipe uma vez, Príncipe para sempre.

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– Então, Senhor, isso significa que Tu vais perder os privilégios mas não vais deixar de ser quem és?

– É verdade, Benjamim. É assim o amor. – E quem é a Lavadeira? É a humanidade? – Nem mais, Benjamim. – E o Teu sangue azul, que sangue é? – É o amor, Benjamim. – E a Lavadeira? O que aconteceu à Lavadeira? – A Lavadeira, aos poucos, aprenderá a amá-Lo, ganhará nobreza de senti-

mentos e será uma Senhora. – E irá viver para o palácio com ele? – Sim, Benjamim, quando estiver preparada. – E serão os dois felizes para sempre? – Sim, Benjamim – disse o Filho a rir –, e serão os dois felizes para sem-

pre. E o Rei tratá-la-á como filha. E ela será herdeira de todos os bens da família real. – Acho que já estou a perceber, disse o anjo pegando na harpa.

excerto de Pe Nuno Tovar de Lemos, O Príncipe e a Lavadeira

Para o debate em Equipa:

- Como é o meu Natal? - Como celebro o Natal nas escolhas que faço? - Aceito, reconheço e respondo ao Amor de Deus que se revela em Jesus? - O que é o Natal no conto que leste?

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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Abril As Equipas

Muitas vezes, entre as agitações e preocupações do nosso dia-a-dia, esquece-mos apelos muito importantes que o Senhor nos faz. Disse Jesus: “Vem e segue-Me”, e depois da sua ressurreição: “Vós sereis minhas testemunhas” (Act 1, 8). Para além de nos alegrarmos com o apelo que nos é dirigido, conforta-nos a todos, com certeza, tomar consciência da confiança de Deus em cada um de nós para sermos suas testemunhas. Mas depois desta primeira reacção, talvez haja um certo medo de perguntar: “Senhor, que quereis que eu faça?” (Act 22, 10), pois parece-nos que não vai haver tempo, ou até que não iremos conseguir. Na verdade, isto acontece principalmente porque fazemos parte duma socie-dade demasiado materialista, onde é difícil vivermos sozinhos a nossa fé. Para que isto não aconteça e para que tenhamos alguém que nos ajude a pro-gredir na nossa relação com Deus e também com os outros, e nos ajude a preparar mais facilmente o caminho que conduz a Deus, somos EQUIPAS DE JOVENS DE NOSSA SENHORA. As EJNS existem exactamente tomando como modelo Nossa Senhora e pedin-do-lhe o seu apoio maternal na procura de um conhecimento mais profundo de Deus e de uma vida que aceite as exigências do Seu Amor. Para isso, pre-cisamos de ser mais do que um grupo de amigos, precisamos de estar reuni-dos na oração, de estabelecer entre nós um clima de entre-ajuda, de tentar ajudar o próximo na sua caminhada. Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus; crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, como teria dito Eu que vos vou preparar um lugar? E quando Eu tiver ido e vos tiver preparado lugar, virei novamente e hei-de levar-vos para junto de mim, a fim de que, onde Eu estou, vós estejais também. E, para onde Eu vou, vós sabeis o caminho.» Disse-lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho?» Jesus respondeu-lhe: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim. Se ficastes a conhecer-me, conhecereis também o meu Pai. E já o conhe-ceis, pois estais a vê-lo.» (Jo 14, 1-7) “Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é paciente para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados;

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- é tentar compreender e viver melhor a minha fé - é aceitar responsabilizar-me no Movimento - é aceitar a importância de pôr os meus dons à disposição dos outros, com-prometendo-me pessoalmente num apostolado e em qualquer serviço da Igre-ja ou do mundo. - é perceber que a vida do Movimento depende da minha participação activa (individual ou em equipa) e estar disposto a aceitar as responsabilidades que me forem pedidas

Textos de apoio: Jo 11, 33; Lc 7,13; Mc 3,5; Mt 14,14; Heb 4,15

Para a oração:

- Do que conheço de Jesus acho que Ele viviam comprometido: - Com a Sua missão?...Com os outros?...Com Deus Pai?...Porquê?...Como?...

- Eu vivo comprometido: - Com a minha missão?:..Com os outros?...Com Jesus Cris-to?...Porquê?...Como?...

Para o debate em Equipa: - Sinto que a nossa equipa vive comprometida com o mudo de hoje? Porque acho isso? - Em que é que a nossa equipa poderia apostar mais neste ano para viver mais comprometida?

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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Janeiro Responsabilidade do Estudante Cristão

“Quando iam no caminho, Jesus entrou numa aldeia. E a mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã chamada Maria, a qual se sentara aos pés do Senhor e escutava a Sua palavra. Marta, porém, andava atarefada, com muitos serviços e, aproximando-se disse: “Senhor, não se Te dá que a minha irmã me deixe só a servir? Diz-lhe, pois, que me venha aju-dar”. O Senhor, respondeu-lhe: “Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada”. Lc 10, 38-42 Também nós andamos preocupados com os exames e os trabalhos e não temos tempo de nos sentar aos pés do Senhor para o ouvir. Se o fizéssemos, com certeza que nos veríamos chamados a uma atitude de estudantes que é diferente da nossa habitual. Na verdade, Jesus espera de nós que saibamos ser cristãos também na escola, onde passamos a maior parte do tempo, e onde, através do nosso maior ou menor esforço, podemos merecer ou não o pão que nos é dado cada dia. Assim, o primeiro ponto de reflexão, quando se fala de responsabilidade do estudante cristão é a Verdade. Verdade a aprender. Aprende os o máximo do que nos é transmitido ou ape-nas o suficiente para passar? Verdade a estudar: estudamos com a consciência de que vamos precisar des-tes conhecimentos, se quisermos ser profissionais competentes, ou “empinamos” para ter boa nota no teste e depois esquecer tudo? Verdade a dar provas. Optamos sempre pela honestidade, ou tentamos vencer à custa de “pequenos truques”’ Verdade nos objectivos: Tentamos tornar-nos em bons profissionais, para ganhar muito dinheiro, ou para podermos servir melhor os outros? A procura da Verdade é a atitude natural daquele que estuda. A procura da Verdade é a opção do cristão. Enquanto estudantes cristãos, temos duplamen-te dever de optar pela Verdade. Mas, para isso, talvez seja urgente repensar muitas das nossas atitudes de estudantes. E porque não aprendermos a, com mais assiduidade, “sentar-nos aos pés do Senhor” e oferecer-lhe o nosso estudo, a nosso esforço, as nossas dificuldades e as nossas vitórias? O segundo ponto, também muito importante, são os outros que nos rodeiam. Os colegas. Não podemos passar por eles indiferentes. Há sempre quem preci-se de uma ajuda nos seus estudos, nos seus próprios problemas, de uma palavra de amizade, do nosso testemunho. E camaradagem significa também reconhecer que o outro é melhor, ou encorajar o colega ao lado. Por outro lado o nosso esforço de trabalho não implica a competição e o atropelo. Não somos “melhores” por termos uns apontamentos que mais ninguém tem ou

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por sermos melhores de verdade, se soubermos dividir experiências, se sou-bermos praticar a solidariedade e a entreajuda. Os professores. Merecem-nos respeito, pelo seu trabalho e pelo seu esforço. Mas respeito não é subserviência, nem “graxa”. Respeito é corresponder ao seu com o nosso esforço. E respeito é também a opinião oportuna e a crítica construtiva. Respeito é, sobretudo, saber estabelecer uma relação de lealda-de, pois os professores são, de certa maneira, companheiros de trabalho. Os empregados da escola. Na maior parte das vezes, eles são os grandes esquecidos. Quantas vezes passamos por eles, sem os cumprimentar, ou por-que antipatizamos, ou porque simplesmente não reparamos? Também passa por eles o nosso testemunho de cristãos na escola. E também eles merecem o nosso respeito. Hoje fazemos parte da sociedade como estudantes. Somos cristãos e não nos podemos alhear do que se passa à nossa volta. É necessário que nos empenhemos nos problemas da escola, que saibamos ocupar uma posição e defender uma opinião. Não podemos esconder Cristo, que vive dentro de nós. O nosso testemunho é necessário!

Para o debate em Equipa: - Apesar da falta de tempo não será importante reservar sempre tempo para nos sentarmos aos pés do Senhor? Saber oferecer-lhe e agradecer-lhe o dia-a-dia. - Qual é a importância que damos ao nosso estudo? E à nossa vida de estu-dantes? Deus faz parte da nossa vida na escola? - O estudo que fazemos é numa base de verdade? - Quais estão a ser as nossas opções de hoje para a vida do futuro? - Qual tem sido até aqui a nossa relação com as outras pessoas na escola? O que é que pode ser modificado?

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa:

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Março Viver em compromisso

Comprometer-me a viver

Deus compromete-Se com cada um de nós - comprometer = com + prometer = fazer a promessa de estar “com” - Deus compromete-Se = Deus promete (e cumpre a Sua promessa porque é Deus) - Deus pensa em mim, ama-me e cria-me a cada momento da minha vida - ao amar-me, a felicidade de Deus fica dependente da minha felicidade - Deus propõe-me que faça o mesmo com Ele e com os outros (que ame como Ele ama) Se quero amar tenho que me comprometer - amar é “estar sempre com” o outro, no leve e no pesado, na alegria e na tristeza, … - amar é ficar (saudavelmente) dependente da pessoa a quem amo - depender em amor é dizer: “Gosto tanto de ti que só posso sentir-me feliz se te vir feliz” Ser cristão é um compromisso que assumo com Jesus Cristo - estar com Jesus é participar no Seu Espírito, do Espírito Santo. - comprometer-me com Jesus é aceitar continuar a Sua missão no que Ele me quiser pedir - ser cristão é assumir os critérios e os valores que Jesus me ensinou Fazer parte duma ejNS

- é procurar conhecer cada vez mais o espírito do movimento - é assumir o compromisso não apenas de participar nas reuniões mensais mas, sobretudo, de procurar uma coerência entre a fé cristã, as próprias pala-vras e os actos da vida do dia a dia. - é encontrar-me pessoalmente com Cristo, viver com Ele e aceitar que me envia em missão. - é uma passagem consciente para a descoberta da minha vocação pessoal - é aceitar Maria como modelo da minha vida - é ter a atitude de acolhimento e escuta do outro, na perspectiva de uma aju-da mútua.

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Fevereiro Confissão

“Dizia um eremita ao seu director: ‘Pai, parece-me que sou virtuoso e aceite aos olhos de Deus’. O director que era um homem profundo, deu-lhe a seguinte resposta: ‘Aquele que não conhece as suas próprias culpas, julga sempre que é virtuoso: mas o que, pelo contrário, reflecte nas faltas de que se tornou culpado, está longe de ter tais pensamentos.” “Disse ainda: “Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde’. E o pai repartiu os bens entre os dois. Poucos dias depois o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo quanto pos-suía, vivendo dissolutamente. Tendo gasto tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações. Então foi servir a um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E, caindo em si disse: ‘Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em abundância e eu, aqui, morro de fome! Levantar-me-ei e irei ter com o meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o Céu e contra ti, já não sou digno de ser chamado teu filho, trata-me como um dos teus jornaleiros’. E, levantando-se, foi ter com o pai. Ainda estava longe quan-do o pai o viu, e enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti, já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Trazei depressa a mais bela túnica e vesti-lha; ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o; comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e encontrou-se’. E a festa principiou. Ora, o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou o que era quilo. Disse-lhe ele: ‘O teu irmão voltou e teu pai matou o vitelo gordo, porque chegou são e salvo. Encoleri-zado, não queria entrar; mas o pai saiu e instou com ele. Respondendo ao pai, disse-lhe: ‘Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua e nunca deste um cabrito para me alegrar com os meus amigos; e agora, ao chegar esse teu filho que consumiu os teus bens com meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo’. O pai respondeu-lhe: ‘Filho, tu sempre estás comi-go e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e encontrou-se”. Lc.15, 11-32 Sal 102, Sal 112 Jo.8, 1-11; Jo.20, 19-23; Lc.5, 18-26; Lc.15, 1-7; Lc.15, 8-10; Lc.22, 61;

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O Sacramento da Penitência, também chamado Confissão, foi instituído por Cristo na Páscoa, para perdoar os pecados cometidos depois do Baptismo. A parábola do Filho Pródigo pode ser encarada como uma metáfora da atitude do pecador que se aproxima do Sacramento da Penitência e ajuda-nos a com-preender as cinco partes essenciais deste Sacramento:

1- Exame de Consciência Após algum tempo de vida desregrada, o filho pródigo “entrou em si” e reconheceu o erro que cometera; 2 e 3– Dor ou arrependimento e propósito de emenda O filho pródigo arrependeu-se sinceramente do mal que fizera e propôs-se a voltar a casa do pai; 4– Confissão O filho pródigo, chegando junto do pai, confessou-lhe a sua falta: “Pai, pequei contra o Céu e contra ti…”; 5- Cumprimento da Penitência Finalmente, achou-se indigno de ser reconhecido como filho e dis-posto a submeter-se ao tratamento de servo, para expiação das suas faltas.

A atitude do filho pródigo revelou, por um lado, fé e confiança total no pai, e por outro, uma grande humildade. Também nós, ao reconhecer que pecámos, devemos confiar em Deus que nos perdoa, ter fé na Graça que recebemos no Sacramento da Penitência e dispor-nos, com humildade, a confessar as nossas culpas. Todo o pecado, enquanto ofensa a Deus, é desordem, pois contraria o plano divino que a humanidade deve seguir. Assim, só Deus pode perdoar, Só Ele pode repor essa ordem perdida, desde que o Homem, através do Sacerdote, d’Ele se aproxime com verdadeira contrição. E Deus perdoa sempre. Disso também a parábola do Filho Pródigo é exemplo, bem como a frase de Cristo, que nos convida a perseverar e não cair em desânimo quando nos vemos errar repetidas vezes: “Digo-vos Eu: Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa do que por noventa e nove justos que não necessitem de arrependimento”. Lc. 5, 7 Este Sacramento não é reservado apenas a quem perdeu a Graça do Baptismo por ter cometido um pecado mortal, mas destinada também a santificar todos os que lutam pela perfeição. “Receber o Sacramento da Penitência é receber toda a força triunfal da Ressurreição”, é receber a Graça de Deus que nos aju-da a continuar. De facto, “mais grave do que cair, é não se levantar!” Mas para recebermos levantar-nos, é preciso compreender onde errámos. Para que não façamos como o eremita, que julgava ser perfeito, precisamos de adquirir sensibilidade ao pecado. E isto só se consegue se fizermos exame

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de consciência com bastante frequência e se nos confessarmos com regulari-dade. De facto, assim como a picada do mosquito deixa uma enorme marca na pele fina de um bebé e mal se nota na pele endurecida de um camponês, também nós devemos evitar que o nosso coração “endureça” e se torne insen-sível ao pecado. Só assim nos aperceberemos das nossas faltas, inclusive daquelas que cometemos por omissão. Em todos estes passos da nossa vida interior há que não esquecer a palavra-chave “sinceridade”, procurar que a confissão obedeça aquilo que se poderá chamar “a lei dos quatro ‘C’s” e que nos ajuda a lembrar sempre que a confis-são deve ser clara, completa, concisa e concreta. Tudo isto representa um grande esforço da nossa parte e uma luta continua para nos superarmos; mas representa também a certeza do perdão e a con-fiança no apoio de Cristo, que não nos deixa sós. “A confissão é uma misterio-sa troca: tu dás todos os teus recados a Jesus Cristo: Ele dá-te toda a Sua Redenção”.

Para o debate em Equipa: - Qual a minha atitude perante o Sacramento da Penitência? Poderei melhorá-la? - “O pecado é uma ruptura com Deus, mas igualmente com todos os teus irmãos na Igreja” – Será que o retorno a Deus deverá ser apenas um passo secreto, ou deverei fazê-lo também de um modo público, recorrendo à Igreja, através do uso de um Sacramento instituído por Cristo? - “Não me confesso porque não gosto do padre”. Recusaria eu um tesouro por me desagradar a mão que mo dava? - Tenho consciência de que, assim como a raiz é o que dá a vida à árvore , também a contrição é o cerne da Confissão e sem ela invalido o Sacramento? - Já pensei na hipótese de, além de me confessar, procurar ter um director espiritual que me ajude na minha luta pela santificação?

Ponto de esforço:

Próxima reunião no dia: / / em casa de

Tema:

Jantar: Sobremesa: