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A Minha Farmácia Mário João Sousa Martins

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A Minha Farmácia

Mário João Sousa Martins

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

II

2016

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

A Minha Farmácia

Março de 2016 a Julho de 2016

Mário João Sousa Martins

Orientador: Dra. Daniela Matos A. Faria Leite

Tutor FFUP: Prof.ª Doutora Susana Casal

Setembro de 2016

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

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2016

Declaração de Integridade

Eu, Mário João Sousa Martins, abaixo assinado, nº 201106102, aluno do Mestrado

Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do

Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo

por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).

Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros

autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado

a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de

______

Assinatura: ______________________________________

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2016

AGRADECIMENTOS

À Dra. Daniela Leite, Diretora Técnica da farmácia “A Minha Farmácia” e minha

orientadora de estágio, por me receber de forma acolhedora e contribuir de forma direta e

importante na minha formação. Pela paciência e disponibilidade para esclarecer as minhas

dúvidas, por transmitir-me conhecimentos e zelar ao longo dos quatro meses de estágio

pelo meu bem-estar.

À Dra. Júlia Leite pela sua simpatia contagiante e constante disponibilidade para

me transmitir conhecimentos, ouvir as minhas questões e auxiliar no desenvolvimento dos

trabalhos de estágio no âmbito da atividade farmacêutica.

A toda a equipa da farmácia “A Minha Farmácia”, com quem tive o prazer de

trabalhar, aprender e que desde o primeiro dia fizeram-me sentir à vontade e integrado.

Um especial obrigado à Dra. Melissa e Andreia, licenciada em Farmácia, pela sua

paciência, tempo despendido, compreensão e ajuda aquando da minha integração no

atendimento ao público. Também ao Pedro Durães pelos seus ensinamentos na área de

receção de encomendas e pela sua constante boa disposição e simpatia. À Dra. Joana e

Técnicos de Farmácia Paulo e Pedro Vilas Boas por estarem sempre disponíveis para me

ajudar, por se dedicarem a explicar as suas funções/tarefas na farmácia e pela sua alegria

diária e hospitalidade. Ao Sr. Jorge pela sua simpatia, pelo seu respeito e por me fazer

sentir parte integrante da equipa à qual já pertenceu. Não podia ter mais sorte no local de

estágio, porque muito mais do que uma equipa esta farmácia foi uma “família” sempre

pronta a acolher o seu “irmão mais novo”.

À Professora Doutora Susana Casal pela paciência, disponibilidade e orientação na

elaboração deste relatório.

Aos meus pais e irmãos por me incentivarem e criarem todas as condições de

estabilidade necessárias para que pudesse ter sucesso a nível académico e durante o

estágio. As minhas conquistas são também vossas.

Aos meus amigos de longa data Mafalda, Nelson, Luís, Paula e Luísa pelas

partilhas de experiências académicas, incentivos constantes e apoio incansável nos

momentos mais difíceis. Parte da minha felicidade e sucesso ao concluir esta etapa

também é vosso. Aos meus amigos/colegas de curso Andry, Diana, Marta, Jéssica, Hélder,

Leonor, Adriana e Joaquim. Foi um prazer estudar e divertir-me com vocês. São a “família

do Porto” que levo para o resto da vida.

A todos, um sincero obrigado!

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2016

RESUMO

Os farmacêuticos apresentam-se como uma classe dotada de grande versatilidade

e capaz de integrar diferentes equipas ligadas ao sector da saúde. Isto deve-se à sua

completa e diversificada formação académica, o que lhes permite encontrar diversas

saídas profissionais que vão desde análises clínicas, indústria farmacêutica, farmácia

hospitalar, farmácia comunitária, assuntos regulamentares, distribuição farmacêutica e até

o ensino [1]. É esta capacidade de realizar múltiplas tarefas na área da saúde que faz com

que esta profissão seja das mais completas e fundamentais na nossa sociedade.

Desta forma, o farmacêutico apresenta-se como sendo o único profissional capaz

de compreender e assegurar a qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos, por

esse motivo, apresenta-se como uma peça-chave para o sucesso das terapias e aumento

da qualidade de vida humana.

Um dos ramos onde é mais notória a importância da atividade farmacêutica é na

farmácia comunitária. Neste local, o farmacêutico contacta diretamente com os utentes, o

que lhe permite promover um estilo de vida saudável à população e aconselhar

relativamente ao uso racional dos medicamentos [1]. Deste modo, o farmacêutico

comunitário apresenta várias funções como: esclarecer e aconselhar os utentes sobre os

medicamentos, alertar sobre possíveis interações medicamentosas, reações adversas e

prestar outros serviços [1]. Assim sendo, o farmacêutico comunitário tem a função crucial

de garantir a qualidade e segurança dos medicamentos que são dispensados aos utentes

nas farmácias em Portugal.

Ao longo de 4 meses tive a possibilidade de realizar um estágio profissionalizante

numa farmácia comunitária. Este estágio, que considero totalmente positivo e essencial,

permitiu-me completar a minha formação dando-lhe uma vertente mais prática e realista

do dia-a-dia de um farmacêutico. Nele foi possível aplicar os meus conhecimentos técnico-

científicos adquiridos até então e desenvolver aptidões fundamentais para exercer a

profissão no futuro, tais como: responsabilidade, autonomia, capacidade de resposta

rápida e de resolução de problemas, melhoria da comunicação com o utente.

Através deste documento, relato as funções que desempenhei, atividades que

executei e conhecimentos que adquiri enquanto estagiário na farmácia “A Minha Farmácia”.

Porém, o farmacêutico, além destas tarefas do seu quotidiano profissional, também deve

ter um papel ativo na sociedade e procurar sempre melhorar a qualidade de vida da

mesma.

Neste sentido, enquanto futuro farmacêutico, desenvolvi ao longo do estágio ações

que demonstrassem o papel ativo do farmacêutico e melhorassem a proximidade das

relações entre farmacêutico/utente e farmacêutico/equipa da farmácia. Essas ações,

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2016

descritas na parte II deste documento, passaram pela realização de um rastreio

cardiovascular, elaboração e distribuição de panfletos relativos aos riscos de doença

cardiovascular, construção de auxiliares de memória para facilitar a escolha do genérico

de Sinvastatina e ainda uma formação interna sobre o risco do uso prolongado de

corticosteróides intranasais.

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VII

2016

ÍNDICE

Parte I: A Farmácia “A Minha Farmácia” ........................................................................ 1

Cronograma do estágio na Farmácia “A Minha Farmácia” ................................................. 2

1.“A Minha Farmácia” ........................................................................................................ 3

1.1- Localização, Horário de Funcionamento e Público-alvo .......................................... 3

1.2- Estrutura e Organização Exterior e Interior d` “A Minha Farmácia” ......................... 4

1.2.1- Espaço físico exterior d` “A Minha Farmácia” .................................................. 4

1.2.2- O Interior d` “A Minha Farmácia” ..................................................................... 4

1.3- Recursos Humanos d` “A Minha Farmácia” ............................................................ 6

2. Aprovisionamento e Gestão de Stocks .......................................................................... 6

2.1- Sistema Informático ................................................................................................. 7

2.2- Gestão de Stocks ................................................................................................... 7

2.3- Fornecedores e realização de encomendas ............................................................ 8

2.4- Receção e conferência de encomendas .................................................................. 8

2.5- Devoluções e quebras ............................................................................................. 9

2.6- Controlo de prazos de validade e contagem física de stocks ................................ 10

3. Laboratório e Medicamentos Manipulados ................................................................... 10

4. Atendimento ao Utente ................................................................................................ 11

4.1- Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ............................................................. 12

4.1.1- Prescrição Médica .......................................................................................... 12

4.1.2- Validação da Prescrição Médica .................................................................... 13

4.1.3- Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ................................. 13

4.1.4- Informação ao Utente .................................................................................... 15

4.1.5- Sistemas de Comparticipação ....................................................................... 15

4.1.6- Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos ............................................ 16

4.2- Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ..................................................... 16

4.3- Outros Produtos de Saúde .................................................................................... 17

4.3.1- Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal ................................................. 17

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4.3.2- Produtos para Alimentação Especial, Suplementos e Multivitamínicos ........... 18

4.3.3- Produtos Homeopáticos e Fitoterapêuticos ................................................... 18

4.3.4- Dispositivos Médicos ..................................................................................... 18

4.3.5- Medicamentos e Produtos de Uso Veterinário ............................................... 18

5. Conferência e Faturação do Receituário ..................................................................... 19

6. Serviços Farmacêuticos Prestados pelas Farmácias .................................................. 19

7. Outros Serviços ........................................................................................................... 20

7.1- Aconselhamento nutricional .................................................................................. 20

7.2- Recolha de Radiografias ...................................................................................... 20

7.3- Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos ...................... 20

Parte II: AÇÕES NO ÂMBITO DA ATIVIDADE DO FARMACÊUTICO COMUNITÁRIO 22

8. DOENÇAS CARDIOVASCULARES............................................................................. 23

8.1- Fatores de Risco das Doenças Cardiovasculares ................................................ 24

8.2- Rastreio Cardiovascular na farmácia “A Minha Farmácia” ..................................... 26

8.2.1- Resultados e Discussão do Rastreio Cardiovascular ..................................... 27

8.2.2- Principais Conclusões do Rastreio ................................................................ 29

8.2.3- Acompanhamento da Utente 4 ...................................................................... 30

9. FORMAÇÃO INTERNA: A RINITE E O PERIGO DOS CORTICOSTEROIDES NASAIS

........................................................................................................................................ 31

9.1- A Rinite Alérgica .................................................................................................... 31

9.2- A Rinite Alérgica no Quotidiano d` “A Minha Farmácia” ......................................... 32

9.3- Formação Interna: Objetivos e Metodologia ......................................................... 33

9.4- Corticosteróides Intranasais e Perigos do seu uso abusivo ................................... 33

9.4.1- Enquadramento no tratamento da Rinite Alérgica ........................................... 33

9.4.2- Corticosteróides Intranasais .......................................................................... 34

9.4.3- Perigos dos corticosteróides intranasais ......................................................... 34

9.4.4- Uso abusivo dos Corticosteróides Tópicos e sua venda sem receita médica.. 36

9.5- Feedback da Formação e Principais Conclusões .................................................. 36

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2016

10. AUXILIARES DE MEMÓRIA: ESCOLHA DO GENÉRICO DE SINVASTATINA 20 mg

........................................................................................................................................ 37

10.1- Medicamentos Genéricos .................................................................................... 37

10.2- A Problemática dos Medicamentos Genéricos nas Farmácias Comunitárias ..... 37

10.3- Auxiliares de Memória: Uma Solução? ................................................................ 38

10.4- A Sinvastatina na Terapia da Hipercolesterolemia ............................................. 38

10.5- Feedback e Principais Conclusões ..................................................................... 39

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 40

ANEXOS ......................................................................................................................... 46

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X

2016

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Exterior d` “A Minha Farmácia”………………………………………….…………….3

Figura 2- Parte do interior d` “A Minha Farmácia”…………………………………….………..3

Figura 3- Gráficos obtidos com base nos resultados da medição da pressão arterial e

colesterol total dos participantes no rastreio cardiovascular…………………………………27

Figura 4- Esquema de classificação da Rinite Alérgica quanto aos sintomas e à

gravidade……………………………………………………………………………………….....31

Figura 5- Sinais e Sintomas típicos do Síndrome de Cushing……………………….………35

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Cronograma do estágio n` “A Minha Farmácia”…………………………….…….…2

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1- Interior d` “A Minha Farmácia”……………………………………………………….47

Anexo 2- Laboratório de medicamentos manipulados e exemplo de medicamento

manipulado…………………………………………………………………..……………………48

Anexo 3- Formações frequentadas durante o estágio………………………………..…..….49

Anexo 4- Gráficos da DGS relativos à taxa de mortalidade em Portugal………………..….50

Anexo 5- Tabelas de SCORE para cálculo do risco cardiovascular………………..……….52

Anexo 6- Fotografia do Rastreio Cardiovascular na farmácia “A Minha Farmácia”………..53

Anexo 7- Panfleto “Pense no Coração!” realizado no âmbito do Mês do Coração…...……54

Anexo 8- Página do Facebook d` “A Minha Farmácia” com cartaz de promoção do Rastreio

Cardiovascular…………………………………………………………………………………....55

Anexo 9- Tabela com dados obtidos para cada participante do rastreio……………..……..56

Anexo 10- Auxiliar de Memória – Medicamentos Genéricos de Sinvastatina 20

mg……………………………………………………………………………………………….....59

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LISTA DE ABREVIATURAS

AIM – Autorização de Introdução no Mercado

AMI – Assistência Médica Internacional

AVC - Acidente Vascular Cerebral

CI – Corticosteroides Intranasais

c- LDL - Low Density Lipoprotein Cholesterol

CNP – Código Nacional do Produto

CT – Colesterol Total

DCI – Denominação Comum Internacional

DCV – Doença Cardiovascular

DGS – Direção-Geral da Saúde

DM – Dispositivos Médicos

EM – Enfarte do Miocárdio

FEFO – First Expired First Out

HMG-CoA Reductase - 3-Hidroxi-3-MetilGlutaril-Coenzima A Reductase

HTA – Hipertensão Arterial

IgE – Imunoglobulina E

IMC – Índice de Massa Corporal

IVA – Imposto de Valor Acrescentado

MG – Medicamento Genérico

MM – Medicamento Manipulado

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica

PA – Pressão Arterial

PCHC – Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

PVF- Preço de Venda à Farmácia

PVP – Preço de Venda ao Público

RA – Rinite Alérgica

RM – Receita Médica

SC – Síndrome de Cushing

SCI – Síndrome de Cushing Iatrogénico

SCORE - Systematic Coronary Risk Evaluation

SNS – Serviço Nacional de Saúde

VALORMED – Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos

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XII

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2016

PARTE I

A Farmácia “A Minha Farmácia”

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2016

Cronograma do estágio na Farmácia “A Minha Farmácia”

O meu estágio n` “A Minha Farmácia” realizou-se durante 4 meses, tendo início a

14 de Março de 2016 e conclusão a 14 de Julho do mesmo ano. Através da Tabela 1,

apresento o cronograma no qual se encontram mencionados os períodos nos quais realizei

as diferentes tarefas e ações na farmácia comunitária.

Tabela 1- Cronograma do estágio n` “A Minha Farmácia”.

Tarefas/Período

de estágio

Março Abril Maio Junho Julho

Conferência de

Receituário

Receção de

encomendas e

aprovisionamento

Atendimento ao

utente com

acompanhamento

Atendimento ao

utente de forma

autónoma

Verificação de

prazos de

validade e

contagem física

de existências

Medicamentos

Manipulados

Rastreio

Cardiovascular

Formação Interna

Auxiliares de

Memória

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2016

1. “A Minha Farmácia”

1.1- Localização, Horário de Funcionamento e Público-alvo

A farmácia “A Minha Farmácia” (Figura 1) localiza-se na zona central da cidade de

Barcelos, mais concretamente na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra nº 210.

Esta localização no “coração da cidade” apresenta-se como uma vantagem, porque deste

modo a farmácia está próxima do Hospital Santa Maria Maior, de vários consultórios

médicos privados de diversas especialidades, dos transportes públicos da cidade e das

zonas de comércio e hotelaria local.

“A Minha Farmácia” funciona de segunda a sexta-feira das 9h às 22h, sem encerrar

na hora de almoço. Além disso, funciona aos sábados das 9h às 20h e, por vezes,

encontra-se de serviço permanente das 9h até às 9h do dia seguinte. Este serviço

permanente é rotativo durante o ano entre as farmácias do centro da cidade, assegurando

que todos os dias existe no mínimo uma farmácia aberta durante toda a noite. Deste modo,

o horário de funcionamento d` “A Minha Farmácia” está de acordo com a legislação,

nomeadamente, com o disposto no Decreto-Lei n.º 53/2007 [2], de 8 de Março, que regula

o horário de funcionamento das farmácias de oficina.

Devido ao facto d` “A Minha Farmácia” se encontrar no centro da cidade e próxima

de um hospital podemos considerar o público-alvo heterogéneo. Contudo, também

podemos constatar que existe um grupo restrito que é frequentador mais assíduo da

farmácia, os quais são maioritariamente idosos. Muitos desses idosos aproveitam a quinta-

feira, dia de feira semanal na cidade, para se dirigirem à farmácia uma vez que esta se

situa muito próxima do local da feira e dos transportes públicos que os idosos utilizam.

Figura 1- Exterior d` “A Minha Farmácia”. Figura 2- Parte do interior d` “A Minha

Farmácia”.

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2016

1.2- Estrutura e Organização Exterior e Interior d` “A Minha Farmácia”

1.2.1- Espaço físico exterior d` “A Minha Farmácia”

“A Minha Farmácia” está inserida num prédio junto à avenida principal de Barcelos,

sendo de fácil acesso a todos os potenciais utentes, nomeadamente, a utentes com

mobilidade reduzida ou portadores de deficiência [3], pois possui uma rampa amovível e um

estacionamento para pessoas portadoras de deficiência em frente à farmácia (Figura 1).

A identificação deste estabelecimento é feita através de uma placa identificativa na

sua parte exterior e através uma cruz verde luminosa [3], a qual se encontra colocada

perpendicularmente à fachada da farmácia. Esta cruz passa informações úteis para os

utentes, tais como: o horário de funcionamento, temperatura ambiente e horas.

Por outro lado, na fachada da farmácia encontra-se afixado o nome da Diretora

Técnica, informações relativas ao horário de funcionamento da farmácia e as escalas de

turnos das farmácias do município de Barcelos, tal como está legislado no Decreto-lei n.º

307/2007, de 31 de Agosto, relativo ao regime jurídico das farmácias de oficina [3].

A farmácia do ponto de vista externo apresenta um aspeto moderno, possuindo

duas portas automáticas em vidro (uma para a entrada e outra para a saída dos utentes)

e, entre elas, uma montra que está em constante personalização, com o objetivo de

publicitar as diversas promoções que a farmácia realiza para os utentes.

1.2.2 – O Interior d` “A Minha Farmácia”

A organização do espaço interno de uma farmácia é fundamental para o seu bom

funcionamento. Neste sentido, “A Minha Farmácia” obedece aos requisitos das áreas e

divisões obrigatórias, presentes na Deliberação n.º 1502/2014, de 3 de Julho [4]. Esta

farmácia apresenta um espaço dedicado aos utentes com diversas áreas e um sistema de

senhas com ecrã, o que permite um atendimento mais organizado e eficaz.

Deste modo, o utente ao entrar na farmácia depara-se com uma área de exposição

de produtos (Anexo 1). Esta área encontra-se organizada e localizada de modo a captar

a atenção dos utentes, pois é nela que se encontram as campanhas promocionais, os

lineares com produtos cosméticos, produtos materno-infantis, produtos de emagrecimento

e ainda produtos de uso veterinário. Regra geral, estes produtos estão organizados por

marca comercial e especificação, com objetivo de facilitar o aconselhamento ao utente.

Nesta zona existe ainda uma balança eletrónica, na qual é possível fazer a medição do

peso, altura, Índice de Massa Corporal (IMC) e pressão arterial (PA).

Segue-se uma área de atendimento personalizado que se destina a quem

pretende fazer a medição da pressão arterial, glicemia, colesterol total e triglicerídeos ou,

simplesmente, pode funcionar como local de aconselhamento farmacêutico e rastreios. Por

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2016

estes motivos, neste local existe um balcão, duas cadeiras, tensiómetros, aparelhos de

medição de parâmetros bioquímicos e o material necessário para essas medições.

Na zona mais próxima da saída situa-se a área de atendimento ao utente (Figura

2). Esta zona é a mais importante, porque é onde ocorre a maioria do contacto com o utente

e, por isso, deve ser uma área profissional e bem organizada. Deste modo, neste local “A

Minha Farmácia” dispõe de quatro postos individuais de atendimento, os quais estão

divididos em dois balcões e afastados da zona de espera, de modo a garantir a

confidencialidade e facilitar a interação entre profissional-utente. Cada posto de

atendimento é constituído por um terminal de computador, um leitor de código de barras e

uma impressora, no entanto, em apenas três apresentam terminal de multibanco.

Nos balcões destes postos de atendimento são muitas vezes colocados, como

estratégia de marketing, expositores de produtos farmacêuticos sazonais ou então

produtos sujeitos a promoções.

Nesta área, a farmácia contém o chamado Cash Guard ® que se encontra entre os

balcões de atendimento, esta ferramenta é muito útil, pois melhora a gestão do dinheiro na

farmácia, uma vez que ao fazer pagamentos esta máquina recolhe o dinheiro e dá o troco,

evitando erros humanos e aumentando a rapidez dos atendimentos.

Numa zona que não é bem visível aos utentes, a farmácia apresenta um espaço

com gavetões deslizantes (Anexo 1), onde são armazenados os medicamentos sujeitos

a receita médica (MSRM), mas só os medicamentos com denominação comercial. Estes

medicamentos estão divididos com base na sua forma farmacêutica e são armazenados

com base no critério “First Expired First Out” (FEFO), sendo colocados nos gavetões por

ordem alfabética, considerando as três primeiras letras do seu nome comercial. Do lado

oposto aos gavetões, existem estantes onde são colocadas as pomadas, géis e cremes

também por ordem alfabética. Em anexo a este local, existe um espaço no qual estão

armazenados todos os medicamentos genéricos (Anexo 1), exceto xaropes, por

laboratórios e ordem alfabética.

“A Minha Farmácia”, num local mais posterior, dispõe ainda de uma área destinada

à receção de encomendas (Anexo 1), na qual se faz a receção dos contentores de

medicação encomendada, bem como as devoluções e quebras. Nesta mesma área,

existem prateleiras onde são armazenados medicamentos não sujeitos a receita médica

(MNSRM) ordenados por ordem alfabética, fraldas, leites para lactentes, produtos de

higiene íntima e champôs para tratamentos específicos. Existe ainda um frigorífico para os

medicamentos e produtos que requerem temperaturas inferiores à temperatura ambiente.

Este estabelecimento possui ainda um escritório onde se desempenham as funções

de gestão da farmácia, umas instalações sanitárias, um laboratório, uma área de

recolhimento, um armazém e uma sala do utente. O laboratório (Anexo 2) destina-se à

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2016

preparação de medicamentos manipulados que são solicitados na farmácia e, por esse

motivo, contém toda a documentação e material necessário. A sala do utente consiste

num espaço destinado para diálogos profissional-utente mais confidenciais, mas também

serve para o utente ter acesso a conselhos de nutrição e a alguns serviços farmacêuticos

[4], nomeadamente, a administração de vacinas que não fazem parte do Plano Nacional de

Vacinação, prestação de primeiros socorros e testes de gravidez. Estes serviços

farmacêuticos encontram-se descritos na Portaria nº1429/2007, de 2 de Novembro [5].

1.3- Recursos Humanos d` “A Minha Farmácia”

Os recursos humanos são uma das partes fundamentais para o sucesso de

qualquer empresa, nomeadamente, para as farmácias de oficina. Deste modo, é importante

possuir uma equipa com espírito de cooperação, empatia e com membros que se

complementem, porque só desta forma é possível garantir uma boa gestão da farmácia,

um bom ambiente e um atendimento eficiente dos utentes.

No caso d` “A Minha Farmácia”, a sua equipa de profissionais é constituída por 8

elementos: Dra. Daniela Leite (Diretora Técnica), Dra. Júlia Leite (Farmacêutica Adjunta

Substituta), Dra. Vera Melissa Cunha (Farmacêutica), Dra. Joana Brochado

(Farmacêutica), Pedro Vilas Boas (Técnico de Farmácia), Jorge Araújo (Técnico de

Farmácia), Andreia Novais (Licenciada em Farmácia) e Pedro Durães (Técnico Auxiliar de

Farmácia). Todos estes profissionais encontram-se devidamente identificados pelo nome

e título profissional. Através da constituição desta equipa, podemos constatar que a

farmácia obedece ao disposto no Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto [3], o qual foi

alterado pelo Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de Agosto [6] e que estabelecem a necessidade

de cada farmácia dispor no mínimo de dois farmacêuticos.

Além destes profissionais, ainda podemos considerar a nutricionista Dra. Antónia

Ruão que presta serviços à farmácia e a auxiliar de limpeza D. Fernanda, como parte

integrante dos recursos humanos d` “A Minha Farmácia”.

2. Aprovisionamento e Gestão de Stocks

Uma das etapas iniciais do meu estágio em farmácia comunitária foi a realização

de tarefas na área de gestão e receção de encomendas. Esta foi crucial para me familiarizar

com todos os medicamentos e restantes produtos que chegam diariamente à farmácia,

para conhecer o local de armazenamento dos medicamentos e para compreender o

sistema informático SIFARMA 2000®. Esta fase tornou-me mais capaz para no futuro

realizar os atendimentos aos utentes de forma mais eficiente.

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2016

2.1- Sistema Informático

O sistema informático utilizado n` “A Minha Farmácia” é o SIFARMA 2000®, o qual

está instalado em 7 terminais informáticos. Este programa é prático e intuitivo, o que

facilitou a minha adaptação. Cada profissional tinha acesso a este sistema através de um

código pessoal de acesso, o que permite saber quem realizou uma determinada venda ou

outra tarefa.

Esta ferramenta informática é utilizada em quase todas as farmácias, porque

permite uma gestão facilitada e diária das farmácias, permitindo realizar de forma mais

rápida e comoda inúmeras tarefas. Assim, este sistema informático permite realizar tarefas

como: a realização e receção de encomendas, devoluções, quebras, realizar inventários

como a verificação de prazos de validade, controlo das entradas e saídas de Psicotrópicos

e Estupefacientes, atendimento ao utente, emissão de documentos como faturas, executar

a faturação dos diversos organismos, bem como a emissão e fecho dos respetivos lotes,

definir stocks máximos e mínimos para cada produto farmacêutico, entre outras tarefas.

Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de realizar ou acompanhar a

realização da maioria das tarefas acima indicadas. Deste modo, pude verificar que este

sistema melhora a qualidade e eficácia dos serviços prestados na farmácia.

2.2- Gestão de Stocks

Uma boa gestão de stocks é fundamental para o bom funcionamento de qualquer

farmácia, de modo a satisfazer as necessidades [7] dos utentes e criar nos mesmos uma

boa imagem da farmácia. Desta forma, tem de haver um equilíbrio entre saúde e economia

no dia-a-dia da farmácia.

N` “A Minha Farmácia” a gestão de stocks é feita com base no SIFARMA 2000®, o

qual fornece informações sobre o histórico de compra/venda dos medicamentos e outros

produtos, dispõe a lista de fornecedores possíveis e ainda é possível definir um stock

máximo e mínimo dos produtos. Esta última tarefa, regra geral, é feita pelo Diretor Técnico

que avalia a sazonalidade e movimentos diários dos produtos, bem como as necessidades

dos utentes, hábitos de prescrição das instituições de saúde mais próximas e prazos de

validade.

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de acompanhar esta gestão de stocks,

a qual se pode concluir que é essencial para evitar ruturas de stocks.

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2.3- Fornecedores e realização de encomendas

Os medicamentos e outros produtos de saúde existentes na farmácia podem ser

adquiridos através de armazenistas/distribuidores ou, por vezes, diretamente aos

laboratórios (através dos delegados de informação médica). A seleção de um fornecedor

para realizar uma encomenda tem de ser feita de forma racional, ou seja, deve-se ponderar

qual oferece as melhores condições e vantagens. No entanto, deve-se optar por trabalhar

com mais do que um fornecedor, para evitar situações de rutura de stocks. No caso d` “A

Minha Farmácia”, os principais fornecedores aos quais são feitas encomendas diárias são

a Alliance Healthcare, Medicanorte e Cooprofar.

N` “A Minha farmácia” o processo de efetuar encomendas é diário, de modo a

assegurar a reposição de stocks, e é maioritariamente efetuado através do SIFARMA

2000®, porque quando os produtos atingem um valor de stock mínimo são colocados, de

forma automática, pelo sistema numa proposta de encomenda. Esta proposta é

posteriormente avaliada por quem gere as compras da farmácia e pode ser alterada

conforme as necessidades, sendo posteriormente aprovada e enviada através do sistema

informático para os fornecedores selecionados.

Para além deste tipo de encomendas, quando existe urgência para obter um

determinado medicamento ou produtos que não existem normalmente em stock, é possível

realizar encomendas instantâneas (Alliance Healthcare), pelo gadget do fornecedor

(Cooprofar) ou por via telefónica (Medicanorte). Estes tipos de encomenda apresentam as

vantagens de sabermos a disponibilidade imediata do produto e da hora aproximada em

que será feita a sua entrega. As encomendas feitas via telefone para fornecedores ou

diretamente a laboratórios são exemplos das chamadas encomendas manuais.

No meu estágio realizei encomendas instantâneas, pelo gadget e via telefónica.

Além disso, acompanhei a validação, alteração e aprovação de encomendas geradas pelo

SIFARMA 2000®.

2.4- Receção e conferência de encomendas

As encomendas chegam à farmácia através de contentores próprios dos diferentes

fornecedores e nos horários estabelecidos pelos mesmos para a entrega. Estes

contentores garantem a integridade e segurança dos produtos de saúde encomendados.

A primeira tarefa a efetuar após a chegada das encomendas consiste em

armazenar no frigorífico os medicamentos e outros produtos de saúde que são termolábeis,

de forma, a garantir a sua qualidade. Por este motivo, o frigorífico possui um

termohigrómetro que capta as informações relativas à temperatura e humidade deste

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2016

espaço, de modo a garantir que não existem variações bruscas destes parâmetros, que

possam comprometer a qualidade dos produtos e a eficácia terapêutica.

Posteriormente, os restantes produtos são retirados dos contentores e verificados

durante a receção, com o intuito de detetar erros de faturação, embalagens danificadas ou

validades que estejam a terminar.

Cada encomenda deve ser acompanhada da respetiva fatura ou guia de remessa,

uma original e um duplicado. A fatura contém informações como a identificação do

fornecedor, identificação do destinatário, listagem dos produtos encomendados e enviados

por ordem alfabética e respetivo código nacional do produto (CNP), o preço de venda à

farmácia (PVF), a taxa do imposto de valor acrescentado (IVA), o preço de venda ao público

(PVP) e, por vezes, descontos para a farmácia.

A receção de encomendas é efetuada através do SIFARMA 2000®, mais

concretamente no menu “Encomendas”. Inicialmente, introduz-se o número da fatura e o

valor total da encomenda, contudo no caso das encomendas manuais pode ser necessário

criar a encomenda previamente. Segue-se a leitura ótica do CNP de cada produto ou a sua

introdução manual, verificando os prazos de validade, o PVF e fazendo os cálculos para

PVP (tendo em conta a margem de lucro da farmácia, o IVA e PVF) no caso dos produtos

que não vêm marcados com o PVP. Caso existam produtos novos deve proceder à criação

da sua ficha informática. No caso dos medicamentos de venda livre, após a sua receção

são impressas etiquetas com o nome, código de barras, preço e IVA a que são sujeitos.

No final da receção, o valor da encomenda presente no SIFARMA 2000® deverá coincidir

com o valor presente na fatura.

Durante o período que estive n` “A Minha Farmácia” realizei diariamente a receção

de encomendas, o que permitiu adquirir um domínio quase total desta tarefa e contactar

numa primeira fase com os medicamentos, permitindo associar marcas a substâncias

ativas.

2.5- Devoluções e quebras

Quando os medicamentos e outros produtos apresentam embalagens danificadas,

prazos de validade curtos ou expirados, vêm em quantidades superiores, não são os

corretos, ocorre um engano no pedido ou utente desiste da compra, então é possível

realizar um processo de devolução. Regra geral, o período no qual se pode realizar uma

devolução é de 72 horas após a chegada da encomenda com o produto a devolver, no

entanto, existem exceções como os casos em que os produtos têm prazos de validade

próximos do final, onde a devolução pode ser feita até término do prazo de validade.

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As devoluções são registadas no SIFARMA® e efetuadas para o fornecedor em

causa. Neste processo, através da opção “Gestão de devoluções” é criada uma nota de

devolução, na qual se insere o nome do fornecedor, o produto devolvido, respetiva

quantidade, o motivo da devolução e local de origem (número da fatura). Posteriormente,

esta nota de devolução é impressa em triplicado, sendo que a nota original e o seu

duplicado segue com o produto para o fornecedor e o triplicado é arquivado na farmácia.

Após este processo, o fornecedor faz chegar à farmácia uma nota de crédito que

tem de ser regularizada no sistema informático. Mas, caso a devolução não seja aceite

procede-se ao registo do produto no sistema informático como quebra e armazena-se o

produto num local específico, de modo a estar disponível para fiscalização das finanças no

final do ano.

2.6- Controlo de prazos de validade e contagem física de stocks

O controlo dos prazos de validade é realizado em duas fases distintas, uma delas

aquando da receção de encomendas e a outra todos os meses. Deste modo, é possível

garantir a qualidade dos produtos e evitar perdas.

Todos os meses n` “A Minha Farmácia” é gerada uma listagem com os

medicamentos e outros produtos cuja validade expira nos três meses seguintes. A partir

desta lista, um dos profissionais verifica os prazos de validade e retira os produtos cujas

validades terminem nos três meses seguintes, para serem devolvidos aos fornecedores.

Em certas ocasiões, os stocks que aparecem no SIFARMA® podem estar errados,

por exemplo, devido à venda de um produto no código errado. Nestes casos, justifica-se a

contagem física de stocks/existências. Para tal é gerada uma lista com os produtos a serem

contados e faz-se a sua contagem, posteriormente insere-se as contagens no sistema

informático e verifica-se se há diferenças em entre a quantidade real e virtual. Caso existam

diferenças é impressa outra lista e a contagem é novamente feita por outro profissional. No

final é feita a atualização dos stocks SIFARMA®.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar estas duas tarefas e verificar

a sua importância para uma boa gestão económica da farmácia.

3. Laboratório e Medicamentos Manipulados

Os medicamentos manipulados (MM) são preparados com base numa fórmula

magistral ou oficinal [8] e utilizados quando não existem no mercado alternativas

adequadas, porque apresentam a vantagem de permitir personalizar e otimizar a terapia a

cada doente. A sua preparação e dispensa nas farmácias é da responsabilidade do

farmacêutico e, por este motivo, este deve assegurar a sua qualidade e segurança [8]. Para

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tal, o farmacêutico deve cumprir as boas práticas na preparação de MM, as quais estão

dispostas na Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho [9].

Durante o meu estágio preparei medicamentos manipulados, nomeadamente,

diversas Soluções de Minoxidil a 5% (Anexo 2) utilizadas para a queda de cabelo. Na

preparação de MM é necessário proceder ao preenchimento da ficha de preparação que,

posteriormente, é entregue à Diretora-técnica para ser aprovada e assinada, uma vez que

só depois disto é que se pode dispensar o medicamento.

Além desta ficha, é ainda necessário preencher um registo relativo ao movimento

das matérias-primas utilizadas e um rótulo que acompanha o medicamento manipulado,

contendo o nome da farmácia, o número de lote, o nome do MM, prazo de validade e a

data em que foi preparado.

Antes da dispensa e após a preparação do MM, com base no disposto na Portaria

n.º 769/2004 de 1 de Julho [10], é necessário calcular o PVP do MM, o qual por vezes pode

ter uma comparticipação de 30% pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), caso o MM esteja

na lista presente no Despacho n.º 18694/2010 de 18 de Novembro [11]. No caso da solução

de Minoxidil 5% anteriormente referida, não se aplicava esta comparticipação.

4. Atendimento ao Utente

No quotidiano de uma farmácia, podemos constatar que a população confia nas

competências e recorre aos conselhos do farmacêutico para resolver problemas menores

de saúde. Deste modo, o farmacêutico é muitas vezes o primeiro profissional na área da

saúde com quem a população contacta, podendo muitas vezes servir para estabelecer a

ligação entre os utentes e o médico.

Assim, a interação entre o farmacêutico e os utentes é um ponto fulcral para o bom

funcionamento das farmácias, sendo que o contacto entre estas duas entidades ocorre

maioritariamente através do atendimento ao utente, tornando esta ação numa das funções

mais importantes que o farmacêutico pode desempenhar. É neste tipo atendimento que o

farmacêutico tem a oportunidade de promover o uso racional do medicamento, promover

a saúde, bem como garantir que o utente recebe todas as informações necessárias para

usar de forma segura e eficaz os medicamentos.

Durante os quatro meses de estágio, tive a oportunidade de realizar vários

atendimentos, os quais me permitiram adquirir experiência na área da dispensa de

medicamentos, comunicação interpessoal, aconselhamento, promoção da saúde/bem-

estar dos utentes e constatar a importância do farmacêutico comunitário na sociedade.

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4.1- Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Com base no Estatuto do Medicamento [12], os MSRM são medicamentos que

podem constituir um risco para a saúde dos doentes quando usados sem vigilância médica,

em quantidades consideráveis para fins diferentes do habitual, sejam administrados por via

parentérica ou cujas substâncias tenham atividades ou reações adversas pouco

conhecidas. Desta forma, estes medicamentos só podem ser dispensados quando é

apresentada uma prescrição médica válida.

4.1.1- Prescrição Médica

A receita médica (RM) é o documento através do qual o médico faz a prescrição

dos MSRM e o farmacêutico faz a dispensa dos mesmos. Assim, a RM pode ser

considerada a principal forma de comunicação entre estes dois profissionais de saúde.

Existem dois tipos de RM, nomeadamente, a RM eletrónica e a RM Manual. A RM

eletrónica é o modelo mais utilizado e que vigora atualmente. Este tipo de receita deixou

de ser em formato de papel, podendo chegar à farmácia na forma de mensagem de

telemóvel ou associada ao cartão de cidadão, ou seja, de forma “desmaterializada” [13]. Este

tipo de receita é vantajoso, porque na mesma receita podem ser prescritos medicamentos

para tratamentos crónicos (Validade da prescrição é de 6 meses) e medicamentos para

tratamentos com curta duração (validade de prescrição de 30 dias). Deste modo, evita-se

a distinção anterior entre RM renováveis (validade de 6 meses e podiam ir até três vias) e

RM não renováveis (validade de 30 dias a partir da data de emissão da receita).

No caso das substâncias psicotrópicas ou estupefacientes, compreendida nas

tabelas I a II anexas ao Decreto-Lei n.º 15/93 de 22 de janeiro [14], é realizada uma

prescrição médica especial com uma só via e validade de 30 dias, sendo que nesta receita

não podem ser prescritos outros medicamentos ou produtos de saúde [13].

Excecionalmente, os medicamentos também podem ser prescritos por via manual,

ou seja, através de uma RM manual. No entanto, isto só é possível quando ocorre uma

falência do sistema informático, inadaptação do prescritor ao sistema, prescrição ao

domicílio ou outras situações até um máximo de 40 receitas/mês [13]. Neste caso, o

prescritor deve assinalar na receita qual o motivo pelo qual a prescrição é manual [13].

Segundo a Lei n.º 11/2012 de 8 de março, numa prescrição médica é obrigatório

incluir a denominação comum internacional (DCI) da substância ativa, a forma

farmacêutica, a dosagem, a apresentação e posologia [15]. Desta forma, o utente pode optar

por medicamentos bioequivalentes. Porém, existem exceções como as situações em que

os medicamentos apresentem margens terapêuticas estreitas, se tenham verificado

reações adversas prévias ou se pretenda assegurar a continuidade do tratamento por mais

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de 28 dias [15]. Nestes casos, o médico pode prescrever o medicamento recorrendo à sua

denominação comercial.

4.1.2- Validação da Prescrição Médica

A validação da RM é da competência dos serviços de saúde, contudo aquando do

atendimento ao utente, o farmacêutico deve certificar-se que a RM é válida.

Assim, a RM deve conter o seu número (19 dígitos) e a sua representação em

código de barras, identificação do prescritor, nome e número de utente, indicação da

entidade financeira responsável, indicação do regime especial de comparticipação quando

aplicável, a DCI da substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da

embalagem e número de embalagens, posologia, código nacional de prescrição eletrónica

de medicamentos, data da prescrição e validade da receita e assinatura do médico

prescritor [13]. Em situações excecionais, acima já mencionadas, a RM pode incluir ainda a

denominação comercial do medicamento [13].

No caso das RM manuais, além dos requisitos acima dispostos, é necessário a

vinheta do local de prescrição [16]. Além disso, este tipo de receitas não podem conter

caligrafias diferentes, estarem rasuradas ou serem prescritas utilizando canetas diferentes

ou lápis [17].

No caso atual das receitas eletrónicas sem papel, o utente pode chegar à farmácia

com uma mensagem de telemóvel contendo o número da prescrição, o código de

acesso/dispensa e o código de direito de opção ou com o guia de tratamento. Nestas

situações a validação está facilitada, porque, por exemplo, o sistema informático não deixa

selecionar linhas de prescrição cuja validade já tenha terminado. Logo, podemos dizer que

uma das vantagens das novas receitas “desmaterializadas” é a facilidade de validação.

4.1.3- Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Após o farmacêutico garantir a validade da RM, o passo seguinte consiste na

dispensa dos medicamentos. É nesta fase que o farmacêutico tem de colocar em prática

os seus conhecimentos farmacológicos, porque são o último profissional a contactar com

o utente antes da toma do medicamento.

Deste modo, durante o atendimento, o farmacêutico deve questionar o utente para

perceber se já é habitual a toma daquela medicação ou se o medicamento é novo para o

utente. Caso o medicamento a dispensar seja uma novidade para o utente, é importante

que o farmacêutico informe relativamente à posologia e possíveis efeitos adversos, de

modo a garantir a segurança e eficácia da terapêutica.

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Além disto, no ato da dispensa, é da obrigação do farmacêutico informar o utente

sobre a existência de medicamentos similares ao prescrito e que possuam preços mais

baixos [18]. O utente deve também ser informado em relação ao seu direito de opção

aquando da seleção do medicamento [18].

No entanto há exceções ao acima referido, nomeadamente, caso o medicamento

de marca não tenha genérico similar ou exista uma justificação técnica do prescritor

(reação adversa prévia ao medicamento, índice terapêutico estreito ou continuidade do

tratamento superior a 28 dias) [18], o direito de opção do utente na dispensa do medicamento

não é aplicável.

Os procedimentos para a dispensa dos medicamentos variam consoante estejamos

perante uma receita manual, receita eletrónica com papel ou receita eletrónica sem papel.

Deste modo, no caso da receita manual é necessário introduzir o organismo de

comparticipação e portaria (se aplicável), depois proceder à leitura ótica do código de

barras dos medicamentos, posteriormente procede-se à impressão do documento de

faturação no verso da receita, o qual é assinado pelo utente. De seguida, é impresso o

recibo/fatura e no final do atendimento o profissional de saúde carimba, data e rubrica o

verso da receita.

No caso das receitas eletrónicas em papel, a introdução do organismo de

comparticipação e portaria já é automática, aquando da leitura do número da receita.

Depois faz-se a seleção dos medicamentos e realiza-se a leitura ótica dos mesmos, a qual

é comparada no sistema informático com os códigos presentes na receita. As etapas

seguintes são semelhantes às da receita manual. Contudo, neste caso o documento

relativo à faturação pode ser impresso para o número 99 (se estiver tudo conforme) ou

para o número 98 (se existirem erros).

Nas receitas manuais e eletrónicas em papel, caso o utente não pretenda levar

todos os medicamentos ou estes não existirem em stock, é possível deixá-las suspensas

e guardá-las num local específico da farmácia.

Por outro lado, no caso das receitas eletrónicas sem papel (as mais habituais na

atualidade), o número da receita, o código de acesso e código de direito de opção podem

ser apresentados pelo utente recorrendo ao guia de tratamento, mensagem de telemóvel

ou associado ao cartão de cidadão. Utilizando esta informação a dispensa é feita de forma

semelhante às receitas eletrónicas em papel, mas neste caso não é impresso o documento

de faturação, nem assinado pelo utente e pelo profissional de saúde. Se tudo estiver

correto o documento de faturação vai para o número 97 e caso ocorram erros vai para o

número 96.

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4.1.4- Informação ao Utente

Durante o atendimento, o farmacêutico deve fornecer ao utente todas as

informações que achar importantes para garantir a segurança do utente e a eficácia da

terapêutica. Isto pode passar por questionar o utente relativamente ao objetivo da

terapêutica, aconselhar relativamente à posologia, duração do tratamento e possíveis

reações adversas. Estas informações podem ser transmitidas verbalmente ou por escrito

e são elas que tornam o trabalho do farmacêutico indispensável na sociedade.

A informação ao utente deve ser transmitida na dispensa de MSRM, mas também

no caso de MNSRM ou de outros produtos de saúde.

Durante o estágio tive a oportunidade de transmitir este tipo de informações aos

utentes, o que me levou a perceber que a dificuldade desta tarefa é variável de utente para

utente, consoante a sua capacidade de compreensão e do tempo que podem despender

na farmácia.

4.1.5- Sistemas de Comparticipação

Existem dois regimes de comparticipação distintos no que diz respeito ao preço dos

medicamentos. O regime geral de comparticipação do Estado abrange todos os utentes do

SNS, os quais beneficiam da comparticipação quando apresentam a RM na dispensa dos

medicamentos. Esta comparticipação do Estado está fixada de cordo com escalões:

escalão A (90% do PVP dos medicamentos é comparticipado), escalão B (comparticipação

de 69% do PVP), escalão C (37% do PVP dos medicamentos) e escalão D

(comparticipação de 15% do PVP) [19]. Os grupos e subgrupos farmacoterapêuticos que

pertencem a cada escalão encontram-se dispostos no anexo da Portaria 195-C/2015, de

30 de Junho [19].

Por outro lado, existe o regime especial de comparticipação que abrange os utentes

do SNS pensionistas (cujo rendimento anual não exceda em 14 vezes o salário mínimo

nacional do ano civil anterior). Nestes casos a letra “R” é mencionada na receita médica e

os pensionistas usufruem de mais 5% de comparticipação no escalão A e 15% nos

restantes escalões [20].

Existe ainda um segundo regime especial de comparticipação para doentes

crónicos, cuja dispensa dos medicamentos é exclusiva em farmácias de oficina. Neste

caso, existem vários diplomas e portarias que correspondem a diferentes doenças e que

estão identificados nas receitas, com o objetivo do utente usufruir da comparticipação. Por

exemplo, no caso dos doentes com Paramiloidose o Estado comparticipa a 100% os

medicamentos (comparticipados e não comparticipados), desde que haja menção ao

Despacho n.º 4521/2001, de 31 de Janeiro [21].

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Devido ao Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes [22], está

legislado pela Portaria n.º 364/2010 de 23 de Junho [23] a comparticipação especial do

Estado nos produtos de vigilância da diabetes. Deste modo, o Estado comparticipa em

85% do PVP as tiras-teste e em 100% do PVP as lancetas, seringas e agulhas [23].

4.1.6- Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

Os medicamentos psicotrópicos ou estupefacientes atuam sobre o Sistema

Nervoso Central, podendo causar dependência. Apesar de serem utilizados para uma série

de doenças, este tipo de medicamentos também podem ser usados de forma ilícita para o

tráfico e consumo de drogas. Desta forma, este tipo de medicamentos está sujeito a um

controlo mais rigoroso nas farmácias e a sua dispensa é feita de forma especial, com o

intuito de evitar ao máximo o tráfico de estupefacientes [14].

No Decreto-Lei n.º 15/93 de 22 de Janeiro [14] estão presentes as tabelas dos

medicamentos considerados estupefacientes ou psicotrópicos, além disso este documento

define as exigências especiais para prescrição destes medicamentos e menciona a

obrigação de ser um farmacêutico ou seu substituto a proceder à sua dispensa.

Este tipo de medicamento tem de ser prescrito de forma isolada [18], ou seja, é

necessário uma RM para o medicamento psicotrópico ou estupefaciente, onde não podem

estar prescritos outros tipos de medicamentos. Além disso, durante a sua dispensa o

sistema informático obriga ao preenchimento de dados adicionais, tais como: o nome, a

morada, a data de nascimento, número e data do cartão de cidadão do utente e do seu

representante (se for o caso); nome do médico prescritor; número e data da RM. Aquando

da sua dispensa é ainda necessário tirar uma cópia da RM (caso não seja eletrónica sem

papel), à qual se vai anexar o Documento de Psicotrópicos.

Todas as farmácias têm de enviar o registo trimestral da entrada de psicotrópicos e

o registo mensal da saída de psicotrópicos ao Infarmed, o que demonstra o controlo

rigoroso deste tipo de substâncias.

4.2- Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os MNSRM não necessitam de prescrição médica para serem dispensados e,

mesmo que o utente apresente essa prescrição, este tipo de medicamentos não são

comparticipados, sendo pagos na totalidade pelo utente.

Como não é necessária uma prescrição médica, os MNSRM torna-se mais

acessível aos utentes, podendo ser vendidos fora das farmácias [24]. Isto pode apresentar-

se como uma desvantagem, levando a casos de automedicação e possível

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comprometimento da segurança destes medicamentos. Por estes motivos, mesmo nestes

casos o aconselhamento farmacêutico é fundamental.

Deste modo, é necessário que o farmacêutico aconselhe o medicamento que lhe

pareça mais correto, na dose e períodos de tempo adequados, por forma a garantir a

segurança, eficácia e um uso racional dos medicamentos [25]. Deve também, apelar para o

utente ir ao médico caso os sintomas agravem ou persistam.

Hoje em dia, devido ao maior conhecimento sobre os medicamentos e doenças por

parte dos utentes, a automedicação é uma realidade cada vez maior. Contudo, segundo a

Organização Mundial de Saúde metade da população não toma os seus medicamentos de

forma correta, o que pode aumentar o risco da dispensa de MNSRM. Para combater esta

situação, a Ordem dos Farmacêuticos criou uma campanha chamada “Uso Responsável

do Medicamento – Somos Todos Responsáveis” [25].

4.3- Outros Produtos de Saúde

Além de medicamentos, as farmácias apresentam outros produtos de venda livre,

deste modo o conhecimento do farmacêutico para um correto aconselhamento do utente

deve ir para além dos MSRM e MNSRM.

4.3.1- Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

Os produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC) obedecem a uma legislação

diferente da dos medicamentos [26]. A procura destes produtos e a sua existência nas

farmácias tem aumentado, devido ao facto das pessoas se preocuparem cada vez mais

com seu aspeto físico e bem-estar. Deste modo, o farmacêutico deve ter conhecimento

das várias linhas de cosméticos, produtos de puericultura e até perfumes existentes na

farmácia, da sua composição e perigos inerentes aos componentes dos produtos, para

conseguir fazer um aconselhamento correto.

“A Minha Farmácia” apresenta um grande espaço dedicado a este tipo de produtos,

trabalhando com diversas marcas, o que me fez perceber que era importante adquirir um

maior conhecimento deste produtos com os quais estava menos à vontade. Nesse sentido,

tive a oportunidade de participar em formações das marcas SKINCEUTICALS® e VICHY®

(Anexo 3), onde fiquei a conhecer melhor os seus produtos e tornei-me mais capaz de os

aconselhar.

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4.3.2- Produtos para Alimentação Especial, Suplementos e Multivitamínicos

Durante o estágio n` “A Minha Farmácia” tive a oportunidade de contactar e adquirir

um maior conhecimento sobre produtos de alimentação especial, com especial destaque

para os leites e farinhas envolvidas na alimentação dos bebés.

Por outro lado, tive a oportunidade conhecer suplementos alimentares e de assistir

a uma formação sobre os multivitamínicos da marca FDC® (Anexo 3).

4.3.3- Produtos Homeopáticos e Fitoterapêuticos

Os produtos fitoterapêuticos são produtos naturais à base de plantas [12], o que faz

com que sejam visto como mais naturais, sendo procurados pelos utentes. Podem ser um

bom complemento no tratamento da terapia farmacológica em inúmeros casos (ansiedade,

insónia, fadiga, obstipação, …), podendo mesmo ser aconselhados pelo farmacêutico. Por

este motivo, “A Minha Farmácia” disponha de produtos fitoterápicos.

Durante o estágio, tive também a oportunidade de contactar com medicamentos

homeopáticos, cuja procura era quase nula. Este tipo de medicamentos são obtidos a partir

de stocks homeopáticos por métodos de diluições sucessivas [12] e devem ser usados como

complemento à terapia convencional e não como alternativa.

4.3.4- Dispositivos Médicos

Os Dispositivos Médicos (DM) são um conjunto de variados produtos que se

destinam a prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença humana, mas sem recurso a

mecanismos ação farmacológicos, metabólicos ou imunológicos [27]. A sua presença e

venda é bastante comum nas farmácias. Por este motivo, no estágio verifiquei que DM

como lancetas, testes de gravidez, preservativos, frascos de colheita de urina, tiras de

medição da glicemia e fraldas/pensos para a incontinência são solicitados com frequência

e, por isso, devem existir em stock.

4.3.5- Medicamentos e Produtos de Uso Veterinário

Os medicamentos e produtos veterinários encontram-se definidos e legislados no

Decreto-Lei n.º 232/99 de 24 de Junho [28]. Este tipo de produtos são importantes para

manter a saúde e bem-estar dos animais, mas também para assegurar a saúde pública [28].

Por este motivo, estes produtos estão à disposição dos utentes nas farmácias e o

farmacêutico deve ser capaz de aconselhar em relação ao seu uso, bem como ser capaz

de aviar receitas prescritas por veterinários (não comparticipadas pelo Estado).

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No estágio tive oportunidade de dispensar medicamentos de uso veterinário e

constatei, que n` “A Minha Farmácia”, os mais procurados eram os anticoncecionais para

animais domésticos de pequeno porte e os antiparasitários de uso externo e interno.

5. Conferência e Faturação do Receituário

N` “A Minha Farmácia” é feita diariamente a separação das receitas pelos

organismos que fazem a comparticipação. Posteriormente, estas receitas são agrupadas

em lotes de trinta receitas numeradas de forma sequencial e são conferidas para detetar

possíveis erros durante a dispensa

No último dia de cada mês, após a conferência de cada lote, o responsável da

farmácia por esta tarefa procede ao fecho dos lotes no sistema informático, sendo emitidos

três tipos de documentos distintos.

Os chamados verbetes de identificação do lote são colocados em conjunto com

cada lote de receitas. Além disso, é também emitida uma relação de resumo de lotes para

cada conjunto de lotes de um determinado organismo. É ainda impresso um terceiro

documento que corresponde à fatura mensal de medicamentos, que compila a informação

presente em cada verbete de identificação dos lotes e da relação de resumo dos lotes. [29]

Posteriormente, as receitas pertencentes ao SNS e todos estes documentos

anteriormente referidos são embalados para serem enviados para o Centro de Conferência

de Faturas da Administração Regional de Saúde [29], nos primeiros 5 dias de cada mês,

através de uma transportadora. Por outro lado, o receituário de outros organismos é

enviado para a Associação Nacional das Farmácias pelo correio.

Estas entidades conferem as receitas para depois a farmácia ser reembolsada no

valor da comparticipação. Caso se detete alguma irregularidade nas receitas, elas podem

ser devolvidas à farmácia para proceder à correção, se possível.

No caso das receitas eletrónicas sem papel (lote do tipo 96 e 97), não existe

receituário em suporte físico e os dados da fatura são enviados por meio eletrónico. [29]

No meu estágio tive a oportunidade de participar ativamente na conferência e

faturação do receituário.

6. Serviços Farmacêuticos Prestados pelas Farmácias

Com base no disposto na Portaria n.º 1429/2007 de 2 de Novembro [5], as farmácias

podem prestar uma série de serviços, tendo em vista a promoção da saúde e bem-estar

dos utentes. Estes serviços estão regulamentados e podem ir desde a prestação de

primeiros socorros até ao apoio domiciliário [5].

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2016

Neste sentido, n` “A Minha Farmácia” o utente pode usufruir da prestação de

serviços como: determinação dos níveis de colesterol total (CT), triglicerídeos, glicémia

capilar e pressão arterial (PA). Além disso, ainda é possível determinar o seu peso, altura

e índice de massa corporal (IMC).

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de realizar este tipo de serviços

farmacêuticos e praticar o aconselhamento farmacêutico face aos resultados que as

pessoas apresentavam nas determinações dos parâmetros bioquímicos. No sentido de

acompanhar o utente de forma mais continua e de o fidelizar à farmácia, os resultados

destas determinações eram registados em cartões disponibilizados pela farmácia para o

efeito.

7. Outros Serviços

7.1- Aconselhamento nutricional

“A Minha Farmácia” coloca à disposição dos utentes uma nutricionista, para realizar

aconselhamentos de nutrição numa sala apropriada e segundo uma marcação prévia.

7.2- Recolha de Radiografias

“A Minha Farmácia” colabora na campanha de reciclagem de radiografias da

Assistência Médica Internacional (AMI) [30]. Neste sentido, a farmácia apela aos seus

utentes para entregarem as suas radiografias com mais de 5 anos ou que já não tenham

valor para diagnóstico.

Posteriormente, a AMI recolhe nas farmácias as radiografias, as quais são utilizadas

para obter prata que é depois trocada por dinheiro, com o intuito de ser utilizado para ajudar

os mais desfavorecidos [30].

7.3- Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos

A Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos (VALORMED)

é uma sociedade responsável pela gestão dos medicamentos fora de uso e dos resíduos

de embalagens vazias, cuja recolha é atualmente feita em contentores próprios e

devidamente identificados, os quais estão presentes nas farmácias [31].

Os contentores presentes nas farmácias vão sendo cheios pelos resíduos de

embalagens e medicamentos que os utentes trazem e, quando cheios, são selados por um

responsável da farmácia, de modo a garantir que chegam ao destino nas condições

adequadas. Cada contentor possui uma ficha de identificação, onde o responsável pela

selagem coloca os dados como: o nome da farmácia, peso do contentor e a sua rubrica.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

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2016

Posteriormente, este contentor é recolhido por um distribuidor aderente, o qual preenche o

resto da ficha do contentor com o número do armazenista, data de recolha e a sua rubrica,

procedendo depois à entrega do contentor na empresa que realiza a sua

reciclagem/eliminação segura. [32]

Este processo é vantajoso, porque contribui para menores riscos de poluição

ambiental e acidentes domésticos com medicamentos.

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PARTE II

AÇÕES NO ÂMBITO DA ATIVIDADE

DO FARMACÊUTICO COMUNITÁRIO

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2016

8. DOENÇAS CARDIOVASCULARES

As Doenças Cardiovasculares (DCV´s) caracterizam-se por afetarem o coração ou

os vasos sanguíneos, ou seja, afetam o sistema circulatório, o qual tem um papel

fundamental para o funcionamento do nosso organismo [33].

Existem diversos tipos de DCV, no entanto destacam-se dois tipos: o Acidente

Vascular Cerebral (AVC) e o Enfarte do Miocárdio (EM). Em ambos, a fisiopatologia das

doenças está relacionada com a aterosclerose.

A aterosclerose carateriza-se como um processo inflamatório no qual ocorre uma

acumulação de Low Density Lipoprotein Cholesterol (c-LDL), outros lípidos, cálcio e restos

celulares na camada íntima dos vasos sanguíneos [34]. Esta acumulação leva à formação

de células inflamatórias e outras alterações que resultam na deposição de placas

ateroscleróticas nas artérias de calibre médio [33], [34]. Estas placas podem sofrer posterior

erosão com consequente formação de um trombo, que, por sua vez, pode dificultar a

circulação sanguínea ou até mesmo bloqueá-la naquele local ou noutro no qual se acumule

o trombo. Deste modo, há um comprometimento da irrigação sanguínea e oxigenação de

órgãos vitais como o coração e o cérebro, podendo levar a lesões com sequelas

irreversíveis ou em muitos casos à morte.

No caso do EM, ele ocorre quando uma ou mais artérias que irrigam o coração,

como é o caso das artérias coronárias, são bloqueadas pelo trombo e as células da área

afetada começam a morrer. Por este motivo, é uma situação de emergência médica e que

deve ser tratada o mais rápido possível. A sensação de pressão no peito, de pânico, de

dor que irradia para o braço esquerdo e uma respiração irregular e rápida podem ser

algumas das formas como se manifestam os EMs [35].

Por outro lado, no caso do AVC, este ocorre quando o trombo se forma nos vasos

sanguíneos cerebrais ou quando chega a esses vasos proveniente de outro local (embolia).

Este trombo pode levar ao bloqueio do fluxo sanguíneo, falta de oxigenação e consequente

lesão cerebral (AVC Isquémico). Sinais e sintomas como: assimetria da face, fraqueza

súbita num braço ou perna, perda súbita de visão ou visão dupla e alterações no discurso

são comuns e devem ser motivo para ligar imediatamente para o 112 [36].

Em Portugal, as DCVs, nomeadamente o EM e o AVC são das principais causas

de morte nos adultos. Isto pode ser comprovado com dados da Direção-Geral da Saúde

(DGS), presentes no documento “A Saúde dos Portugueses – Perspetiva 2015” [37], no qual

estão incluídos uma série de gráficos relativos a dados do Instituto Nacional de Estatística.

Através deste documento é possível verificar que para pessoas entre os 45 e 74 anos, as

doenças do aparelho circulatório são a segunda causa de morte a seguir aos tumores

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[37].Porém, a partir dos 75 anos as DCV passam a ser a principal causa de morte [37]. (Anexo

4)

Deste modo, podemos verificar que nunca é demais alertar e promover ações para

prevenir as DCVs, pois apesar da mortalidade ser elevada, este tipo de doenças podem

ser evitadas ou o seu impacto reduzido, através da adoção de um estilo de vida saudável

aliado a um bom controlo de parâmetros (pressão arterial, colesterol, …), que pode ser

feito com visitas regulares ao médico e à farmácia.

8.1- Fatores de Risco das Doenças Cardiovasculares:

As doenças cardiovasculares apresentam fatores de risco modificáveis e não

modificáveis. No caso dos fatores de risco não modificáveis incluem-se o género, idade e

história familiar de DCV. Já nos fatores de risco modificáveis, que são aqueles que

realmente podem ser alterados por mudanças no estilo de vida, fazem parte: a hipertensão,

diabetes, excesso de peso, sedentarismo, hábitos tabágicos, consumo excessivo de

bebidas alcoólicas e dislipidemias [33].

A melhor forma de prevenir as doenças cardiovasculares e, consequentemente, a

mortalidade a elas associada é através do controlo dos fatores de risco modificáveis [33].

Na farmácia comunitária é possível controlar alguns dos fatores de risco e

aconselhar, se necessário, para a mudança de estilos de vida. Isto é possível, porque neste

local, os utentes podem fazer uma medição regular da pressão arterial (PA), colesterol total

(CT), glicemia e índice de massa corporal (IMC).

A PA consiste na pressão que o sangue exerce nas paredes das artérias aquando

da sua circulação no organismo. Contudo, devido a fatores genéticos ou ambientais esta

pressão exercida nas paredes das artérias pode ser excessiva e, nesse caso, estamos

perante um caso de Hipertensão Arterial (HTA). [38]

A HTA é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de DCV e parte

da população portuguesa hipertensa não se encontra com os valores de PA controlados

[38]. Deste modo, segundo a norma Nº 026/2011 da DGS, no tratamento da HTA um dos

objetivos principais é que os valores de PA sejam controlados e inferiores a 140/90 mmHg,

no entanto, isto nem sempre é possível, porque depende também da história clínica do

doente e de possíveis contraindicações [39]. A medição regular da PA pode ser feita na

farmácia comunitária e é fundamental para diagnosticar novos casos de hipertensão ou

verificar se a terapia anti-hipertensora está a ser eficaz no controlo da PA. Assim, esta é

uma das formas através da qual o farmacêutico pode intervir na prevenção de DCVs.

Um outro fator de risco modificável são algumas dislipidemias, ou seja, anomalias

dos lípidos na circulação sanguínea do ponto de vista quantitativo ou qualitativo. Uma das

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dislipidemias mais comuns é a Hipercolesterolemia, que se caracteriza pelo valor de

colesterol elevado a nível sanguíneo.

Com base na norma da DGS nº 005/2013, a avaliação do risco cardiovascular de

cada indivíduo pode ser determinado utilizando as tabelas de SCORE (Systematic

Coronary Risk Evaluation) [40] (Anexo 5). Posteriormente, tendo como base os valores do

risco cardiovascular, a norma da DGS nº 019/2011 relativa à “Abordagem Terapêutica das

Dislipidemias no Adulto”, indica que uma pessoa com risco cardiovascular baixo (SCORE

<1%) a moderado (SCORE ≥1% e <5%) deve apresentar valores CT <190 mg/dl [41]. Caso,

o risco cardiovascular seja alto (SCORE ≥ 5% a <10%) ou muito alto (SCORE ≥ 10%) os

valores de c-LDL que devem ser atingidos como objetivos terapêutico são inferiores e são,

respetivamente, c-LDL <100 mg/dl e c-LDL <70 mg/dl [41].

Na farmácia comunitária não é muitas vezes possível calcular o valor de c-LDL,

contudo é possível determinar o valor, em jejum, do CT. Por este motivo, nas medições

regulares que são feitas nestes locais define-se como objetivo um valor de CT <190 mg/dl

como forma de prevenir as DCVs, porém nem sempre é condição suficiente para a eficácia

desta prevenção.

A Diabetes Mellitus é uma doença crónica que afetava, em 2014, mais de 1 milhão

de portugueses com idades compreendidas entre os 20 e 79 anos [42]. Esta doença

caracteriza-se por um défice na produção de insulina e/ou pela resistência à ação da

mesma hormona, em ambas as situações ocorre uma hiperglicemia constante, a qual a

longo prazo pode levar a danos em vários sistemas do organismo [43]. Apesar da diabetes

ser uma patologia, ela é também considerada um dos principais fatores de risco de DCV.

Deste modo, o diagnóstico e controlo desta doença são importantes.

O diagnóstico oficial da diabetes não é feito na farmácia comunitária, porém através

da medição da glicemia capilar em jejum ou ocasional, aliada aos sintomas clássicos da

diabetes (fadiga, poliúria, polidipsia, glicosúria, polifagia, etc. [44].) é possível suspeitar de

novos casos e apelar à realização de uma consulta de medicina geral e familiar, com o

intuito do utente realizar análises clínicas que permitam confirmar o diagnóstico da

diabetes.

Segundo a norma da DGS nº 002/2011, relativa ao “Diagnóstico e Classificação da

Diabetes Mellitus”, se a glicemia em jejum ≥ 126 mg/dl em mais do que uma análise, com

intervalo de uma a duas semana entre as análises, então estamos perante um novo caso

de diabetes [45]. Se a glicemia em jejum ≥ 110 e <126 mg/dl estamos perante um caso de

anomalia da glicemia em jejum, ou seja, uma espécie de estado de “pré-diabetes” [45]. Por

outro lado, se a glicemia ocasional ≥ 200 mg/dl e estiver associada a sintomas clássicos

da diabetes, então estamos também perante um novo caso de diabetes [45]. É com base

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nestes valores que o farmacêutico deve avaliar os resultados da glicemia capilar dos

utentes.

8.2– Rastreio Cardiovascular na farmácia “A Minha Farmácia”:

No âmbito do mês de Maio ser considerado o “Mês do Coração” pela Fundação

Portuguesa de Cardiologia [46] e devido ao facto da farmácia na qual estagiei assinalar essa

data com descontos na compra de tensiómetros de braço, resolvi alargar esta iniciativa na

farmácia e transformá-la numa das minhas ações enquanto farmacêutico estagiário.

Deste modo, ao pesquisar sobre o programa de atividades do “Maio, Mês do

Coração 2016” da Fundação Portuguesa de Cardiologia verifiquei que uma das atividades

seria a realização de rastreios cardiovasculares abertos à população [47]. No seguimento

deste plano de atividades, decidi realizar um rastreio cardiovascular n` “A Minha Farmácia”

nos dias 30 e 31 de Maio, o qual foi prontamente aprovado pela Diretora Técnica (Anexo

6).

Durante este mesmo período, elaborei um panfleto intitulado “Pense no Coração!”

(Anexo 7), que abordava o tema dos fatores de risco da DCV, os sinais de AVC e o que

fazer em caso de AVC. Os panfletos ficaram dispersos na farmácia e foram distribuídos

também aos participantes do rastreio.

Estas ações tiveram como principais objetivos os seguintes:

Sensibilizar a população relativamente às DCV e fatores de risco associados;

Apelar para um estilo de vida saudável;

Funcionar como estratégia de marketing para galvanizar a venda dos tensiómetros

e medicamentos de venda livre relacionados com o colesterol elevado;

Analisar os resultados obtidos pelos participantes no rastreio;

Intervir, se necessário, no sentido de diminuir os fatores de risco cardiovascular nos

participantes.

Para o sucesso desta iniciativa foi feita a promoção do rastreio na página do

Facebook d` “A Minha Farmácia” (Anexo 8) e na própria farmácia através de um cartaz.

O rastreio cardiovascular incluía a medição gratuita da glicemia, colesterol total e

pressão arterial. Este rastreio foi realizado durante dois dias e teve a participação de 24

utentes. Para cada participante foi feita uma ficha com o nome, idade, resultados das

medições e nas observações, se fosse o caso, fez-se o registo da toma de algum

medicamento para a Hipertensão, Diabetes ou Colesterol elevado. Estas fichas ficaram

arquivadas na farmácia para comparação em futuras medições, no sentido de melhorar o

acompanhamento ao utente.

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2016

Deste modo no final do rastreio, com base nessas fichas com dados de cada

participante, elaborei uma tabela com as informações necessárias para analisar os

resultados gerais do rastreio. (Anexo 9)

8.2.1- Resultados e Discussão do Rastreio Cardiovascular:

Após a realização do rastreio e análise dos dados da tabela do anexo 9, os

resultados obtidos foram os seguintes:

Dos 24 participantes no rastreio, 9 eram do sexo masculino e 15 eram do sexo

feminino. A média das idades dos participantes foi de 68 anos, variando dos 40 aos 83

anos. Deste modo, podemos verificar que o sexo feminino parece preocupar-se mais com

o seu estado de saúde. Por outro lado, tendo em consideração a média das idades dos

participantes, podemos verificar que as pessoas cujo a faixa etária é superior ou igual aos

60 anos adere mais a este tipo de iniciativas, uma vez que apenas 5 dos participantes

tinham idades inferiores aos 60 anos e nenhum inferior aos 40 anos.

No entanto, esta média elevada de idades pode ser explicada pelo facto das

pessoas cuja faixa etária é inferior aos 60 anos estarem a trabalhar no horário em que o

rastreio se realizou, logo não posso afirmar com certeza que as pessoas com 60 ou mais

anos se preocupam mais com a sua saúde. Para poder fazer esta afirmação seria

necessário obter um valor de média de idades semelhante, mas num rastreio realizado ao

Sábado, por exemplo.

Figura 3- Gráficos obtidos com base nos resultados da medição da pressão arterial e

colesterol total dos participantes no rastreio cardiovascular.

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2016

Um dos participantes do rastreio recusou fazer todas as medições e fez apenas a

determinação do CT, por este motivo apenas obtive 23 resultados da medição da PA.

Ao analisar os resultados da verifiquei que 22% dos participantes (5 pessoas)

apresentava valores de PA ≥ 140/90 mmHg, já os restantes 78% (18 pessoas)

apresentavam valores de PA <140/90 mmHg (Figura 3).

Por outro lado, ao analisar os dados verifiquei que 48% dos participantes (11

pessoas) já tomavam anti-hipertensores, enquanto os restantes 52% (12 pessoas) não

tomavam medicação para a hipertensão. (Figura 3)

Dos 5 participantes cuja PA era ≥140/90 mmHg, 4 eram medicados para

Hipertensão, isto pode indicar um mau controlo da PA que se pode dever a uma terapia

anti-hipertensora inadequada e pouco eficaz ou uma má adesão à terapêutica. Nestes

casos, aconselhei os utentes a passarem novamente na farmácia para medições regulares

e alertei para caso os valores se mantivessem altos, consultarem o médico tendo em vista

a alteração da terapêutica.

No caso do utente com PA ≥ 140/90 mmHg e que não era medicado foi igualmente

aconselhado a realizar novas medições e, se necessário, consultar o seu médico para

iniciar a terapia farmacológica.

Relativamente à medição do CT, esta medição foi realizada para os 24

participantes. Quando o valor de CT≥190 mg/dl era considerado que o participante tinha

colesterol elevado [41]. Deste modo, verificou-se que 25% dos participantes (6 pessoas)

tinham colesterol elevado, enquanto os restantes 75% (18 pessoas) tem CT inferior a 190

mg/dl (Figura 3).

Dos 24 participantes, 37% (9 pessoas) tomam medicação para o colesterol elevado,

os restantes 63% não (Figura 3).

Assim, verifica-se que das 6 pessoas cuja medição foi igual ou superior a 190

mg/dL, apenas uma já era medicada, logo à exceção deste utente, os restantes que tomam

medicação parecem ter uma terapêutica eficaz, porque têm os valores de CT controlados.

Às restantes 5 pessoas que tinham colesterol elevado e não estavam medicadas

foi aconselhada uma medição regular associada uma terapia não farmacológica (baseada

em alterações na dieta e maior exercício físico). Caso isto não seja suficiente para baixar

os valores de CT, então aconselha-se a ida ao médico.

Relativamente à medição da glicemia capilar em jejum ou ocasional, foram

realizadas medições em 23 participantes, alguns deles diabéticos. Porém, em todos eles a

glicemia em jejum foi inferior a 126 mg/dl ou a glicemia ocasional foi inferior a 200 mg/dl,

além disso não se detetou nenhuma possível anomalia da glicemia em jejum.

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2016

Desta forma, não parece haver nenhum possível novo caso de diabetes e os

participantes diabéticos parecem estar bem controlados, contudo uma só medição da

glicemia sem sintomatologia associada não seria suficiente para o diagnóstico da diabetes.

8.2.2 – Principais Conclusões do Rastreio:

Através dos resultados do rastreio concluí que 48% dos participantes, ou seja, cerca

de metade, sofre de hipertensão. No entanto, no geral, podemos afirmar que mais de

metade dos participantes que sofrem de hipertensão tinham a sua PA controlada.

Relativamente aos resultados da medição do colesterol apenas 6 pessoas em 24

tinham colesterol elevado, sendo que a maioria (5 pessoas) não realiza qualquer terapia

para o colesterol elevado. Apesar de serem números reduzidos pela dimensão do rastreio,

representam 25% da população participante no rastreio.

Quanto à medição da glicemia foi possível concluir que os participantes diabéticos

estavam controlados e não parece haver novos casos de diabetes entre os participantes.

No geral, posso concluir que os rastreios são boas atividades para colocar em

prática o aconselhamento farmacêutico e sensibilizar os utentes para estilos de vida mais

saudáveis, de modo a reduzir fatores de risco cardiovascular.

A realização desta atividade permitiu aumentar a minha experiência enquanto futuro

profissional de saúde, porque nunca tinha participado ativamente em nenhum rastreio.

Além disso, ao realizar este evento, percebi que mais do que determinar os valores dos

diferentes parâmetros avaliados, o mais importante é interpretá-los e aconselhar o utente.

Deste modo, o rastreio também contribuiu para adquirir experiência no contacto

farmacêutico/utente.

Na generalidade, os participantes mostraram-se satisfeitos com esta iniciativa e,

por sua vez, os utentes cujos valores dos parâmetros determinados estavam elevados

mostraram-se recetivos aos meus conselhos sobre medidas não farmacológicas,

colocando dúvidas relativamente a hábitos alimentares, prática de exercício físico, entre

outras questões.

Durante este rastreio foi distribuído o panfleto “Pense no Coração!” (Anexo 7) a

todos os participantes, com especial ênfase para os que apresentaram valores de CT ou

PA elevados. Não existiram dúvidas relativamente ao conteúdo do panfleto, o qual também

era brevemente explicado durante o rastreio ou na sua entrega ao utente.

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8.2.3- Acompanhamento da Utente 4:

Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de acompanhar a Utente 4 do rastreio

(Anexo 9), de 64 anos, fumadora, com colesterol elevado na primeira medição (255 mg/dl),

mas com níveis de glicemia (107 mg/dl) e de PA (114/88 mmHg) normais.

Com base nas informações relativas à utente e na norma nº019/2011 da DGS

estudada para o rastreio [41], comecei por aconselhar a utente a optar por uma dieta rica

em legumes, frutos, verduras, carnes brancas e pobre em gorduras saturadas, ou seja,

pobre em carnes vermelhas, laticínios, etc. Além disso, aconselhei-a cessar os seu hábitos

tabágicos ou a reduzi-los, pois o facto de ser fumadora aumenta desde logo o risco

cardiovascular [40]. Aliado a estas medidas, aconselhei-a a realizar caminhadas com o

objetivo de aumentar a sua prática de exercício físico [41].

Como por vezes estes conselhos transmitidos verbalmente são difíceis de

memorizar, entreguei à utente um dos panfletos, por mim desenvolvidos, relativo aos

fatores de risco cardiovascular e formas de os prevenir.

Cerca de 4 semanas após o rastreio, a utente apareceu para nova medição do CT

na farmácia. Após realizar a medição, verifiquei que o valor de CT foi de 191 mg/dl. Ao ser

confrontada com o valor, a utente afirmou que tinha optado por uma dieta mais variada e

que tinha iniciado a realização de caminhadas 4x/semana, tendo até reduzido o seu peso.

Apesar do valor de CT estar próximo do limite máximo aconselhado (190 mg/dl),

isto demonstra que o recurso a uma terapia não farmacológica deve ser a primeira opção

e pode ser o suficiente para reduzir os níveis de CT. Por este motivo, informei a senhora

que estava num “bom caminho” e aconselhei-a a continuar com as medidas que optou,

passando no futuro novamente na farmácia para uma nova medição, para verificar se é

necessário recorrer a terapia farmacológica.

Este novo resultado da medição foi colocado na folha de registo criada aquando do

rastreio cardiovascular, deste modo podemos verificar que este documento permite

melhorar o acompanhamento ao utente, tornando-o mais personalizado e permitindo

verificar se a evolução é positiva ou negativa numa próxima medição.

Este simples caso, permitiu-me verificar que os rastreios são importantes para

detetar novos casos, como aconteceu com a Utente 4 na qual foi possível intervir de modo

a modificar um dos fatores de risco cardiovascular.

Além disso, esta situação permitiu-me adquirir prática no aconselhamento

farmacêutico e concluir que esse aconselhamento é importante, podendo ser

complementado com panfletos informativos.

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9. FORMAÇÃO INTERNA: A RINITE E O PERIGO DOS CORTICOSTERÓIDES NASAIS

9.1 – A Rinite Alérgica

Durante o período da Primavera e Verão, cerca de 20 a 30% da população

portuguesa sofre de Rinite Alérgica (RA) [48]. Os adultos com idades compreendidas entre

os 20 e os 50 anos são os mais afetados [48]. Apesar disto, a RA encontra-se subvalorizada

pela população, contudo os sintomas desta patologia afetam com regularidade a qualidade

de vida dos doentes interferindo com a sua performance laboral ou escolar.

A rinite alérgica caracteriza-se por ser uma doença respiratória e inflamatória que

ocorre ao nível da mucosa nasal [49]. A fisiopatologia desta doença está relacionada com a

exposição a alergénios domésticos ou ambientais (ácaros, poléns, fungos), os quais num

primeiro contacto com o organismo levam à produção de Imunoglobulinas E (IgE`s) que se

ligam aos mastócitos, células presentes nas mucosas das vias respiratórias [50]. Aquando

de uma segunda exposição ao alergénio, este último vai ser reconhecido pelas IgE dos

mastócitos, levando à libertação de compostos como a histamina que despoletam um

processo inflamatório, o qual vai levar à sintomatologia típica da rinite [50].

Esta patologia precede muitas vezes o desenvolvimento de Asma, sendo

considerada um dos seus fatores de risco [51]. Em muitos doentes respiratórios existe, por

isso, uma coexistência de Asma e RA, havendo uma necessidade de controlar a RA, para

não comprometer o controlo da Asma [52].

A RA expressa-se através de sintomas como rinorreia (pingo no nariz), espirros e

obstrução nasal [49], provocados pela diminuição do diâmetro das vias respiratórias e

aumento da secreção de muco em resposta ao processo inflamatório. Pode ser classificada

quanto à duração dos sintomas em “intermitente” ou “persistente” e, por outro lado, pode

ser classificada quanto à sua gravidade em “ligeira” ou “moderada-grave”, tendo em conta

a forma como a sintomatologia afeta a qualidade de vida do doente (Figura 4) [49].

Figura 4- Esquema de classificação da Rinite Alérgica quanto aos sintomas e à gravidade. [a]

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O farmacêutico deve ter presente na sua atividade esta classificação da RA, porque

numa RA a tendência é tratar a sua sintomatologia com medicamentos de venda livre, por

exemplo, descongestionantes nasais. Contudo, no caso de uma RA persistente e

moderada-grave, a abordagem terapêutica anterior pode não ser a melhor e ser necessário

o uso de medicamentos sujeitos a receita médica.

Este exemplo anterior demonstra que o aconselhamento farmacêutico relativo à

rinite nem sempre é tão simples quanto parece.

9.2- A Rinite Alérgica no Quotidiano d` “A Minha Farmácia”

No estágio n`”A Minha Farmácia”, durante a minha experiência no atendimento aos

utentes, pude constatar que durante Maio e Junho muitas pessoas recorreram à farmácia

com o intuito de tratar os sintomas da RA. Porém, de todos os sintomas da rinite alérgica,

aquele que na maioria dos atendimentos foi mencionado como incomodativo era a

obstrução nasal, porque causava dificuldade respiratória, condicionando o sono e outras

atividades dos utentes, ou seja, afetava a sua qualidade de vida.

Na maioria dos atendimentos que realizei relativos a casos de RA, aconselhei o

tratamento com descongestionantes nasais à base de Fenilefrina ou Oximetazolina

(agonistas alfa-adrenérgicos), com água do mar ou soro fisiológico. Nestas situações,

alertava para caso os sintomas persistissem seria melhor o utente recorrer ao médico, pois

poderia ser necessário o uso de corticosteróides intranasais sujeitos a receita médica.

Contudo, duas situações despertaram a minha atenção especial para os casos de

rinite alérgica. Em dois atendimentos distintos, duas senhoras com idades compreendidas

entre os 40 e 50 anos solicitaram-me sem receita médica corticosteroides intranasais,

nomeadamente, Furoato de Fluticasona, mais concretamente, AVAMYS ®

(GlaxoSmithKline) [53] e Furoato de Mometasona, mais concretamente, NASOMET ® (MSD)

[54]. Em ambos os casos, o motivo do uso destes medicamentos era a obstrução nasal e

afirmavam fazer este tipo de tratamento com alguma regularidade, sem prescrição ou

indicação médica.

Dado que o Furoato de Fluticasona e Furoato de Mometasona são corticosteróides,

a sua utilização de forma errada pode provocar os chamados efeitos sistémicos dos

corticosteróides [53], [54]. Este facto alertou-me para o risco do uso abusivo deste tipo de

medicamentos por parte dos utentes, nomeadamente, nas duas situações acima descritas.

Estes casos também me fizeram perceber a necessidade do farmacêutico ter

conhecimento dos possíveis efeitos adversos dos corticosteróides intranasais, de modo a

alertar o utente para o seu uso correto e tentar demovê-los da ideia de levar estes

medicamentos sem receita.

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9.3- Formação Interna: Objetivos e Metodologia

Pelos motivos descritos nos dois últimos parágrafos, resolvi dar uma formação

interna relembrando os restantes membros integrantes da farmácia sobre a rinite alérgica,

a sua relação com o uso abusivo de corticosteróides intranasais e como isso pode levar a

efeitos sistémicos como o Síndrome de Cushing.

Esta formação teve essencialmente dois objetivos. O primeiro era aumentar o meu

conhecimento científico e o dos profissionais d`”A Minha Farmácia” em relação aos riscos

dos corticosteróides nasais, de modo a garantir que o aconselhamento é dado no sentido

de aumentar não só a eficácia, mas também a segurança dos utentes, aquando da

utilização destes medicamentos. Por outro lado, o segundo objetivo da formação era alertar

para a necessidade de não facilitar a dispensa destes medicamentos sem receita ou

indicação médica, demonstrando alternativas para resolver os sintomas da rinite e

promover o uso racional do medicamento.

A formação foi realizada com recurso a uma apresentação em powerpoint e foi

ouvida em grupos de 3 pessoas, de forma rotativa, de modo a não comprometer o bom

funcionamento da farmácia.

9.4 – Corticosteróides Intranasais e Perigos do seu uso abusivo

9.4.1 – Enquadramento no tratamento da Rinite Alérgica

O tratamento farmacológico da RA pode ser feito recorrendo a Anti-histamínicos

orais ou tópicos, Corticosteróides Intranasais (CI) e Antagonistas do recetor dos

leucotrienos [55]. O uso de uma classe de fármacos, em detrimento das outras, depende da

classificação quanto ao tipo de RA.

Deste modo, no caso de uma RA intermitente e ligeira, a primeira opção de

tratamento são anti-histamínicos orais e descongestionantes nasais (caso a obstrução

nasal seja o principal sintoma) [56]. Por sua vez, no caso de uma RA persistente e moderada

a grave, a primeira opção de tratamento são os CI, os quais podem ser associados a

descongestionantes nasais com o objetivo de reduzir a curto-prazo a congestão nasal e

permitir uma maior penetração dos CI na mucosa nasal [56].

Os CI são muitas vezes considerados os fármacos de primeira linha no tratamento

da RA [57], porque são mais eficazes na redução dos sintomas em comparação com os anti-

histamínicos e, além disso, não provocam o “efeito rebound” (nova congestão nasal) como

outros descongestionantes nasais [56], [58].

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2016

9.4.2 – Corticosteróides Intranasais

Os corticosteróides são moléculas com forte ação anti-inflamatória e

imunossupressora, sendo capazes de reduzir a libertação de citocinas inflamatórias [59],

bem como reduzir a infiltração de células apresentadoras de antigénios e eosinófilos ao

nível da mucosa nasal [60].

Os CI, como a Budesonida, Fuorato de Mometasona e Fuorato de Fluticasona, são

fármacos cuja aplicação é tópica e, regra geral, através de pulverização nasal [53], [54], [61]. A

sua segurança e eficácia no tratamento da RA encontra-se bem estabelecida [62], bem como

os seus reduzidos efeitos sistémicos [63], para as doses nas quais são prescritos.

Durante o tratamento da RA com CI, as reações adversas que são mais comumente

descritas são: a sensação de garganta irritada, secura nasal, sensação de queimadura

nasal e epistáxis [64], [65].

A terapia com CI pode ser realizada durante longos períodos [66] e até como

profilaxia para quem sofre de RA, durante a época em que existem mais alergénios a

circular no ar [67]. Contudo, para os corticosteróides intranasais serem seguros não devem

ser administrados a crianças com idade inferior a 2 anos de idade [66].

Por outro lado, estes corticosteróides apresentam a vantagem de terem uma

absorção sistémica muito limitada, o que faz com que seja mínimo o risco de originar os

efeitos adversos sistémicos típicos dos corticosteróides. Por este motivo, o seu uso durante

a gravidez é considerado seguro [68].

9.4.3- Perigos dos corticosteróides intranasais:

São inúmeros os artigos que mencionam o risco reduzido dos CI em causar os

efeitos adversos sistémicos [62], [63], [65]. Porém, esta segurança pode ser comprometida

quando se verifica um uso irracional desde tipo de medicamentos, nomeadamente, quando

são administradas doses superiores às doses terapêuticas [69].

Deste modo, o perigo de ocorrerem efeitos adversos sistémicos não é tão remoto

quanto parece e torna-se ainda mais provável numa venda de um CI sem receita médica,

onde há uma maior probabilidade do utente fazer um uso abusivo deste tipo de terapêutica.

Nestas situações, o uso excessivo de CI pode resultar em efeitos sistémicos como

a supressão do eixo hipotálamo – hipófise – glândulas adrenais, resultando na diminuição

da secreção de cortisol nas adrenais [62], [70], levando a vários efeitos no organismo, como

por exemplo, o aumento da glucose plasmática [71].

Além disto, existem estudos que comprovam que os CI, quando utilizados em doses

superiores às recomendadas e por longos períodos, comprometem o normal crescimento

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

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das crianças através de vários mecanismos, que vão desde a diminuição da libertação da

hormona de crescimento até à supressão da síntese de colagénio [62], [72]. Deste modo,

podemos constatar que não são tão seguros quanto parecem.

Efeitos sistémicos como alterações da densidade óssea e hipertensão ocular

também foram questionados, mas não foram comprovados [62].

Apesar de todo isto, o efeito que mais é documentado é o desenvolvimento do

Síndrome de Cushing (SC), que caracteriza-se pela ocorrência de um hipercortisolismo,

ou seja, um excesso de cortisol ou glucocorticóides no organismo [73], [74], levando ao

desenvolvimento de obesidade central [73], acumulações de gordura típicas na parte de trás

do pescoço (“pescoço de búfalo”) e na face (“face de lua-cheia”) [73], redução do

crescimento no caso das crianças [71], hipertensão [71], entre outras características típicas

(Figura 5).

Como nestes casos o SC tem origem numa causa exógena, mais concretamente

na toma de doses elevadas de corticosteróides, então é denominado como Síndrome de

Cushing Iatrogénico (SCI) [73]. O desenvolvimento do SCI depende da dose, duração e

potência dos corticosteróides tópicos ou orais, no entanto, esta classe de fármacos é

considerada a causa mais comum do síndrome [75].

Apesar do SCI causado por corticosteróides intranasais ser raro, existem casos de

estudo descritos em crianças que faziam aplicação intranasal de Dexametasona (potente

corticosteróide), durante longos períodos (3 a 6 meses) ou em doses elevadas,

desenvolvendo as características típicas deste síndrome e que permitiram alertar e

diagnosticar estes casos [76], [77], [78]. Em todos os casos ocorreu uma regressão das

Figura 5- Sinais e Sintomas típicos do Síndrome de Cushing. [b]

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2016

características clínicas após descontinuação da terapia com CI [76], [77]. Conclui-se que é

necessário uma maior atenção na prescrição de CI em doses elevadas ou períodos

prolongados, porque podem levar ao desenvolvimento do SCI [76].

Através dos casos de estudo acima referidos, verificamos mais uma vez o perigo

do uso abusivo e prolongado dos corticosteróides intranasais, porque apesar de mais

seguros que os orais não são inócuos.

9.4.4- Uso abusivo dos Corticosteróides Tópicos e sua venda sem receita médica

Muitas vezes, no quotidiano da farmácia comunitária, há uma política de facilitismo

na dispensa de corticosteróides tópicos sem receita médica, quer sejam intranasais ou de

aplicação cutânea, como por exemplo pomadas.

No entanto, estas situações devem ser bem ponderadas pelos profissionais, porque

podemos estar a comprometer a garantia de segurança dos medicamentos, uma vez que

nada nos garante que o utente não esteja a fazer um uso prolongado e abusivo de

corticosteróides tópicos, sem saber os riscos que corre de desenvolver efeitos sistémicos,

como nos casos de Síndrome de Cushing Iatrogénico acima descritos.

Por este motivo, é fundamental que o farmacêutico evite ao máximo a dispensa de

corticosteróides tópicos sem receita médica, demonstrando alternativas como

medicamentos de venda livre, como por exemplo, descongestionantes nasais no caso da

rinite alérgica. Contudo, nos casos em que os utentes não estejam suscetíveis a

alternativas, o farmacêutico deverá alertar os utentes para os perigos associados aos

corticosteróides, para o cumprimento das posologias recomendadas e para não excederem

as doses terapêuticas ou o período de tratamento.

9.5- Feedback da Formação e Principais Conclusões

A formação interna que desenvolvi durante o estágio foi apresentada teve como

base teórica os tópicos acima abordados, procurando demonstrar que o Técnico de

Farmácia e o Farmacêutico devem estar mais atentos aos perigos associados aos CI,

promovendo um uso mais racional destes medicamentos por parte da população que sofre

de RA.

A apresentação em formato digital à qual recorri para fazer a formação interna ficou

arquivada num dos computadores da farmácia, para futuro esclarecimento de dúvidas ou

para consulta por parte da equipa.

No final da formação, obtive um feedback bastante positivo por parte dos

profissionais d`”A Minha Farmácia”, os quais se mostraram interessados pelo tema,

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agradecidos por relembrar os efeitos sistémicos dos corticosteróides e indicando como

novidade a parte relativa ao risco dos CI causarem SCI.

O sucesso da formação interna foi constatado na prática, porque, após a formação,

observei alertas para os perigos do uso abusivo dos corticosteróides tópicos nos

atendimentos aos utentes realizados pelos colegas d` “A Minha Farmácia”. Em alguns

destes casos, foi possível substituir a dispensa de medicamentos sem receita médica, que

o utente pretendia, por medicamentos de venda livre, nomeadamente, em casos de RA

ligeira e intermitente. Eu próprio, durante os atendimentos, consegui por em prática os

objetivos da formação interna e contribuir para o uso racional dos medicamentos.

Desta forma, posso concluir que os objetivos de alertar os profissionais para os

perigos do uso abusivo dos CI e promover o uso racional dos medicamentos foram

atingidos com sucesso. Além disso, concluí que este tipo de iniciativas são importantes e

deveriam ser repetidas, porque tornam a farmácia mais dinâmica, bem como os seus

funcionários mais competentes e atualizados.

10. AUXILIARES DE MEMÓRIA: ESCOLHA DO GENÉRICO DE SINVASTATINA 20 mg

10.1- Medicamentos Genéricos

Na farmácia comunitária a opção do utente por um medicamento genérico é cada

vez mais uma realidade, porque na maioria das vezes estes são mais baratos que o

chamado “medicamento de marca”.

Um medicamento genérico (MG) caracteriza-se por apresentar a mesma substância

ativa, dosagem, forma farmacêutica e indicação terapêutica que o medicamento que lhes

serviu de referência, o qual regra geral, é o medicamento original (de marca) [79]. Além,

disso os medicamentos genéricos apresentam um processo de obtenção de Autorização

de Introdução no Mercado (AIM) mais simplificado, porque estão dispensados de ensaios

clínicos [79]. Contudo, têm de demostrar a sua bioequivalência, isto é, a sua

biodisponibilidade tem de ser similar à do medicamento de referência, pois só assim é

garantida a sua segurança e eficácia [80].

10.2- A Problemática dos Medicamentos Genéricos nas Farmácias Comunitárias

Hoje em dia, para cada substância ativa e determinada dosagem existem inúmeros

MG`s. Esta situação, apesar de ser positiva porque torna os medicamentos mais acessíveis

do ponto de vista económico, também apresenta desvantagens, porque grande parte da

população, maioritariamente idosos, dirige-se à farmácia e não sabe qual o laboratório do

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medicamento genérico que está a tomar ou acha que o nome da substância ativa é a marca

do medicamento. De certo modo, podemos afirmar que os genéricos causam alguma

confusão, pois permitem uma grande variedade de escolha, apresentando embalagens

diferentes e de cores diferentes consoante o laboratório.

Esta situação pode levar os utentes a pensarem que estão perante medicamentos

novos ou com indicações terapêuticas diferentes, o que os leva a recusar a toma do

medicamento, comprometendo a eficácia da terapêutica. Por outro lado, esta situação pode

igualmente levar a casos de duplicação de medicação.

Além disso, esta confusão leva a que os atendimentos na farmácia sejam mais

demorados, porque o farmacêutico tem de explicar ao doente o que é um MG ou até

mostrar-lhe todos os medicamentos genéricos para uma dada substância ativa ou

dosagem, porque o utente não sabe qual é o laboratório que habitualmente leva.

10.3- Auxiliares de Memória: Uma Solução?

Durante o atendimento ao utente que realizei n` “A Minha Farmácia” foram múltiplas

as situações dos utentes não saberem o que era um MG ou, então, de não saberem qual

o laboratório do genérico que habitualmente lhes era dispensado. No sentido de tentar

resolver esta situação e reduzir os tempos de atendimento, criei auxiliares de memória

para facilitar a seleção dos genéricos. Estes auxiliares de memória consistem em tabelas

com fotografias das embalagens dos diferentes MG`s, para uma dada substância ativa e

dosagem, os quais eram demonstrados aos utentes para com facilidade e rapidez

identificarem qual o genérico que costumam tomar.

Esta minha ação, enquanto farmacêutico estagiário, teve como principais objetivos

diminuir a confusão relativa à escolha dos genéricos, facilitar o atendimento ao utente e

reduzir o tempo desse mesmo atendimento.

Neste sentido, durante o meu estágio, verifiquei que os medicamentos genéricos

de Sinvastatina 20 mg eram dos mais dispensados diariamente na farmácia e existia uma

grande diversidade de laboratórios. Por estes motivos, resolvi criar um auxiliar de memória

para os genéricos de Sinvastatina 20 mg. (Anexo 10)

10.4 – A Sinvastatina na Terapia da Hipercolesterolemia

A Sinvastatina pertencente à classe das Estatinas, este tipo de fármacos têm como

principal mecanismo de ação a inibição da enzima 3-Hidroxi-3-metilglutaril-Coenzima A

reductase (HMG-CoA reductase), a qual é fundamental para a síntese do colesterol [81].

Deste modo, ocorre uma diminuição na síntese de colesterol e, consequentemente, ocorre

maior expressão dos recetores de c-LDL [81]. São a primeira linha no tratamento da

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hipercolesterolemia e ainda apresentam a vantagem de diminuir o risco de mortalidade ou

morbilidade cardiovascular [82].

A Sinvastatina existe no mercado em várias dosagens (10, 20 e 40 mg), uma das

dosagens mais dispensadas é a de 20 mg. Porém, existem diversos medicamentos

genéricos com esta substância ativa e dosagem. Daí a necessidade do auxiliar de memória

para os medicamentos genéricos de Sinvastatina 20mg (Anexo 10).

10.5 – Feedback e Principais Conclusões:

Após a elaboração e utilização dos auxiliares de memória para os genéricos de

Sinvastatina 20 mg durante o atendimento n` “A Minha Farmácia”, eu e os restantes

profissionais verificamos que o feedback foi bastante positivo, porque os doentes

identificavam o MG com mais rapidez e facilidade, fazendo com que o atendimento fosse

mais simples e em menor tempo. Por outro lado, os próprios utentes mostraram-se

agradados com a ideia, porque não necessitavam de decorar o laboratório do genérico ou

de trazer consigo a embalagem.

Deste modo, posso concluir que a implementação do auxiliar de memória teve

sucesso, porque tornou os atendimentos mais eficazes, facilitando quer a tarefa do

farmacêutico como do utente. No entanto, há a necessidade de ampliar esta ação a outros

medicamentos genéricos, o que se torna a parte mais complicada do processo, visto que

existem cada vez mais MG nas farmácias. Uma solução poderia passar pela elaboração

destes auxiliares de memória por parte do próprio Infarmed à medida que os medicamentos

genéricos eram introduzidos no mercado nacional.

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respetivos escalões de comparticipação. Diário da República, 1ª Série, nº 125, de 30 de

Junho;

20-Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 48-A/2010 - Aprova o regime geral das

comparticipações do Estado no preço dos medicamentos, altera as regras a que obedece

a avaliação prévia de medicamentos para aquisição pelos hospitais do Serviço Nacional

de Saúde, procedendo à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 195/2006, de 3 de outubro,

e modifica o regime de formação do preço dos medicamentos sujeitos a receita médica e

dos medicamentos não sujeitos a receita médica comparticipados, procedendo à segunda

alteração ao Decreto-Lei n.º 65/2007, de 14 de março. Diário da República, 1ª Série, nº 93,

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Imagens

a- Adaptado de Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica: A Rinite Alérgica

e o seu impacto na Asma (ARIA). Acessível em: http://www.spaic.pt. [Acedido a 1 de agosto

de 2016];

b- Adaptado de Nurseslabs: Cushing Syndrome - Clinical Manifestations. Acessível em:

http://nurseslabs.com. [Acedido a 3 de agosto de 2016].

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 46 -

2016

ANEXOS

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 47 -

2016

Anexo 1 – Interior d` “A Minha Farmácia”.

Área de exposição de produtos. Gavetões deslizantes onde são

armazenados os MSRM com denominação

comercial.

Espaço de armazenamento dos

medicamentos genéricos. Área de receção de encomendas.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 48 -

2016

Anexo 2 – Laboratório de medicamentos manipulados e exemplo de medicamento

manipulado.

Laboratório para a preparação de medicamentos manipulados.

Medicamento Manipulado - Solução de

Minoxidil a 5%.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 49 -

2016

Anexo 3 – Formações frequentadas durante o estágio.

a) SkinCeuticals®:

Esta formação fazia parte do programa anual da Academia SkinCeuticals 2016.

Decorreu no Porto, mais concretamente na Academia L`Oréal, no dia 1 de Abril de 2016,

das 9h30 às 17h00.

O objetivo da formação foi apresentar o novo produto (Triple Lipid Restore®) da sua

linha de correção de envelhecimento acelerado. Além disso, foi feita uma revisão das

diversas gamas de produtos da marca e uma sessão prática para aprender a organizar

lineares para expor os produtos na farmácia.

b) VICHY®:

Esta formação ocorreu no Porto, mais concretamente numa das salas do Estádio

do Dragão, no dia 12 de Maio, durante a tarde.

O objetivo da formação foi apresentar água mineralizante da marca e os produtos

nos quais ela é utilizada, com especial destaque para os produtos anti-envelhecimento.

c) FDC®:

Esta formação ocorreu n` “A Minha Farmácia”, no mês de Março, durante uma das

tardes.

O seu objetivo foi apresentar os diversos multivitamínicos e suplementos

alimentares desta marca, destacando para cada um a sua posologia e casos em que são

indicados.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 50 -

2016

Anexo 4 – Gráficos da DGS relativos à taxa de mortalidade em Portugal.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 51 -

2016

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 52 -

2016

Anexo 5 – Tabelas de SCORE para cálculo do risco cardiovascular.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 53 -

2016

Anexo 6 - Fotografia do Rastreio Cardiovascular na farmácia “A Minha Farmácia”.

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- 54 -

2016

Anexo 7 – Panfleto “Pense no Coração!” realizado no âmbito do Mês do Coração.

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- 55 -

2016

Anexo 8 – Página do Facebook d` “A Minha Farmácia” com cartaz de promoção do Rastreio

Cardiovascular.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 56 -

2016

Anexo 9 – Tabela com dados obtidos para cada participante do rastreio.

Pressão

Arterial

mmHg

Colesterol

Total

mg/dL

Glicemia

mg/dL

Medicação Observações

Utente 1 135/75 170 107

Não 74 anos

Homem

Utente 2 120/77 185 100 Sim (Hipertensão) 59 anos

Homem

Hipertenso

Utente 3 101/72 190 93 Sim

(Diabetes)

70 anos

Mulher

Diabética

Utente 4 114/88 255 107 Não 64 anos

Mulher

Colesterol

elevado

Fumadora

Utente 5 144/58 200 97 Sim

(Hipertensão)

83 anos

Mulher

Colesterol

elevado

Utente 6 142/92 188 77 Não 60 anos

Mulher

Utente 7 104/47 175 100 Sim

(Diabetes)

74 anos

Mulher

Diabética

Utente 8 112/54 150 98 Sim

(Hipercolesterolemia)

73 anos

Mulher

Utente 9 152/73 184 93 Sim

(Hipertensão)

83 anos

Mulher

Mal controlado

Utente

10

154/85 175 108 Sim

(Hipertensão)

75 anos

Homem

Mal controlado

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 57 -

2016

Utente

11

171/75 171 106 Sim

(Hipertensão,

Hipercolesterolemia)

77 anos

Homem

Mal controlado

Utente

12

127/61 178 110

Sim

(Diabetes)

60 anos

Homem

Diabético

Utente

13

108/60 205 100 Sim

(Hipertensão)

52 anos

Mulher

Hipertensa

Utente

14

125/80 164 86 Não 40 anos

Homem

Histórico de

Enfarte

Utente

15

139/74 186 99 Sim

(Hipercolesterolemia)

72 anos

Homem

Utente

16

123/79 143 106 Sim

(Hipertensão)

68 anos

Mulher

Hipertensa

Utente

17

101/68 189 81 Sim

(Hipercolesterolemia)

50 anos

Mulher

Utente

18

99/71 154 ----- Não 69 anos

Homem

Utente

19

117/70 164 83 Sim

(Hipertensão)

78 anos

Mulher

Hipertensa

Utente

20

126/73 229 ---- Não 64 anos

Mulher

Colesterol

elevado

Utente

21

----- 269 ----- Sim

(Hipercolesterolemia)

47 anos

Mulher

Mal controlada

Utente

22

136/77 163

(Dia

anterior)

120

(ocasional)

Sim

(Hipertensão, Diabetes,

Hipercolesterolemia)

79 anos

Mulher

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 58 -

2016

Utente

23

125/58 148 109 Sim

(Hipertensão, Diabetes,

Hipercolesterolemia)

82 anos

Homem

Utente

24

104/64 129 112

Sim

(Hipertensão,

Diabetes,

Hipercolesterolemia)

83 anos

Mulher

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | “A Minha Farmácia” | Mário Martins

- 59 -

2016

Anexo 10- Auxiliar de Memória – Medicamentos Genéricos de Sinvastatina 20 mg.

Hospital Santa Maria Maior, E.P.E

Mário João Sousa Martins

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

II

2016

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Hospital Santa Maria Maior, E.P.E – Barcelos

Janeiro de 2016 a Março de 2016

Mário João Sousa Martins

Orientadora: Dra. Maria João Amaral Peixoto

____ _________________

Setembro de 2016

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

III

2016

Declaração de Integridade

Eu, Mário João Sousa Martins, abaixo assinado, nº 201106102, aluno do Mestrado

Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade

do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste

documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,

mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou

partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores

pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas

palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________

de 2016

Assinatura: ______________________________________

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

IV

2016

AGRADECIMENTOS

A toda a equipa dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Santa Maria Maior,

E.P.E – Barcelos, em especial às doutoras Maria João Peixoto e Maria Alexandra

Menezes, pela simpatia e disponibilidade para contribuir de forma importante para

a minha formação. Pela paciência e trabalho das mesmas na correção deste

relatório.

A todos os funcionários do Hospital Santa Maria Maior, E.P.E – Barcelos,

pela forma como me acolheram e tratarem nas suas instalações, fazendo-me sentir

parte integrante da sua equipa.

Aos meus queridos pais, irmãos e avós pela sua paciência, esforço e por

fazerem tudo o que estava ao seu alcance no sentido de eu conseguir terminar esta

etapa da minha vida.

Aos meus amigos pelos incentivos е pelo apoio constantes, porque sem

vocês era tudo mais complicado.

A todos, o meu sincero obrigado.

Mário Martins

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

V

2016

RESUMO

A Farmácia Hospitalar tem como objetivo assegurar a realização de um

conjunto de atividades farmacêuticas no âmbito de uma instituição pública ou

privada, como o Hospital. [1]

Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares são dotados de autonomia técnico-

científica, no entanto, estão sujeitos às orientações e respondem a um organismo

superior que é a Administração do Hospital. A direção deste serviço farmacêutico

é obrigatoriamente exercida por um farmacêutico, sendo por isso uma das suas

possíveis saídas profissionais. [1]

Deste modo, o farmacêutico desempenha várias funções no âmbito do

Serviço Hospitalar, tais como: seleção e aquisição de medicamentos, dispositivos

médicos e outros produtos farmacêuticos; garantir um correto aprovisionamento,

armazenamento e distribuição dos produtos farmacêuticos; participações em

comissões técnicas; participação nos ensaios clínicos a realizar no hospital;

colaborar na elaboração de protocolos terapêuticos; fornecer informação sobre os

medicamentos aos outros profissionais de saúde do hospital. [1], [2]

Através das funções supramencionadas, verifica-se que a atividade

farmacêutica no âmbito hospitalar é crucial para a boa dinâmica e funcionamento

destas instituições, daí a relevância do estágio em farmácia hospitalar, com o intuito

de formar, especializar e sensibilizar futuros farmacêuticos que possam vir a

trabalhar nesta área.

Assim, a Farmácia Hospitalar não tem apenas como função satisfazer as

necessidades da população que recorre aos serviços do hospital, mas também tem

a função importante de intervir de forma direta na integração e aplicação prática de

conhecimentos por parte dos farmacêuticos estagiários, garantindo dessa forma as

bases para um futuro bom funcionamento do sistema de saúde em Portugal.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

VI

2016

ÍNDICE

Parte I

A) Os Serviços Farmacêuticos do Hospital Santa Maria Maior ......................... 1

B) O Circuito do Medicamento e Outros Produtos de Saúde ............................ 2

1- Receção/Armazenamento ....................................................................... 2

2- Sistemas de Distribuição de Medicamentos e Outros Produtos de Saúde

................................................................................................................ 3

2.1- Sistema de Distribuição Individual em Dose Unitária ................... 3

2.2- Sistema de Distribuição Clássico ou Tradicional .......................... 6

2.3- Circuitos Especiais de Requisição/Distribuição ............................ 8

2.4- Distribuição de Medicamentos em Regime de Ambulatório ......... 9

C) Comissões Técnicas Hospitalares .............................................................. 10

Parte II

D) Análise Comparativa do Consumo de Antibacterianos em Janeiro de 2015 e

Janeiro de 2016 no Hospital Santa Maria Maior, E.P.E .............................. 11

E) Estudo do Consumo de Carbapenemes em Janeiro de 2016 no Hospital

Santa Maria Maior ...................................................................................... 15

Referências ...................................................................................................... 20

Anexos ............................................................................................................. 21

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

VII

2016

LISTA DE ABREVIATURAS

DCI – Denominação Comum Internacional

DDD - Dose Diária Definida

E.P.E – Empresa Público-Estatal

GLCPPCIRA - Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção, Controlo de

Infeções e Resistências aos Antimicrobianos

MRSA - Staphylococcus aureus Resistentes à Meticilina

OMS – Organização Mundial de Saúde

PAPA - Plano de Apoio à Prescrição de Antimicrobianos

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

VIII

2016

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Malote e respetivas gavetas utilizados no Sistema de Distribuição

Individual em Dose Unitária. ……………………………………………..………… 5

Figura 2 - Medicamentos em dose unitária armazenados na Sala da

Unidose……...…………………………………………………………………..……. 5

Figura 3 - Sítio da WHO Collaborating Centre for Drug Statistics

Methodology para pesquisa da DDD. ……………….……………………..…..… 12

Figura 4 - Gráfico do consumo de antibacterianos em DDD/1000 dias de

internamento no serviço de Medicina…………………………………….….…… 13

Figura 5 - Gráfico relativo ao consumo de antimicrobianos em DDD/1000

dias de internamento no serviço de Cirurgia…………………………….……..… 14

Figura 6 - Gráfico relativo ao consumo de antibacterianos em DDD/1000 dias

de internamento no serviço de

Ortopedia…………………………………………………………………………..... 15

Figura 7- Gráfico relativo ao número de doentes com Carbapenemes

prescritos em Janeiro de 2016…………………………………………………..... 17

Figura 8 - Gráfico relativo ao género dos doentes que tomaram

carbapenemes em Janeiro de 2016……………………………………….…..…. 18

Figura 9 - Gráfico representativo do número de dias de tratamento dos

doentes com carbapenemes em Janeiro de 2016………………………..…..…. 18

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1…………………………………………………………………………..22

Anexo 2…………………………………………………………………………..23

Anexo 3…………………………………………………………………………..24

Anexo 4…………………………………………………………………………..25

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

VIII

2016

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

1

2016

PARTE I

A) OS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS DO HOSPITAL SANTA MARIA MAIOR

Os Serviços Farmacêuticos do Hospital Santa Maria Maior, E.P.E. estão

integrados no edifício central do Hospital, perto da entrada principal e dos 5 pisos

destinados aos internamentos, bem como do serviço de aprovisionamento. Esta

localização torna-se importante para um bom funcionamento do serviço.

O espaço físico deste serviço está dividido nas seguintes unidades: [3]

Gabinete da direção farmacêutica;

Gabinete farmacêutico;

Gabinete administrativo;

Sala da unidose;

Laboratório para a produção de medicamentos manipulados;

Armazém;

Copa;

Vestiários e casas de banho.

Neste serviço trabalham 8 pessoas, das quais:

2 Farmacêuticos (carreira de Técnicos Superiores de Saúde);

3 Técnicos de Farmácia (carreira de Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica);

2 Assistentes Operacionais;

1 Assistente Técnica.

A Farmácia do hospital estabelece interação e comunica com os restantes

serviços do hospital através de três meios: Via telefone com números internos, via

computador (através de um programa da CPCHS® que permite a prescrição online

de medicamentos e a gestão integrada do circuito dos medicamentos) e, por fim,

via comunicação pessoal e direta entre os profissionais do hospital.

Por outro lado, os Serviços Farmacêuticos também comunicam com o

exterior, nomeadamente, com entidades como a Direção Geral de Saúde e

Infarmed via correio eletrónico, com fornecedores via telefone e com doentes de

ambulatório pessoalmente.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

2

2016

B) O CIRCUITO DO MEDICAMENTO E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

A farmácia hospitalar do Hospital Santa Maria Maior é responsável por gerir

e assegurar a distribuição dos medicamentos e outros produtos de saúde. Este

processo de distribuição tem de ser eficaz, porque dele depende quase toda a

dinâmica do hospital, por exemplo, sem os medicamentos que são assegurados

diariamente por este sistema, não seria possível tratar grande parte dos doentes.

Desta forma, a distribuição de medicamentos assume uma função vital neste tipo

de instituições.

1- Receção / Armazenamento:

No caso do Hospital de Barcelos, os medicamentos, soros e injetáveis de

grandes volumes, dispositivos médicos, dietas e alguns produtos de higiene são

armazenados na unidade designada de Armazém dos Serviços Farmacêuticos,

após a sua receção e introdução dos mesmos no sistema que permite a gestão de

stocks.

Estas etapas do circuito do medicamento no Hospital são asseguradas por

um trabalho conjunto entre os assistentes operacionais, a assistente administrativa

e os farmacêuticos.

Assim, os assistentes operacionais são responsáveis pela receção dos

medicamentos ou outros produtos que chegam através dos fornecedores.

Posteriormente, os farmacêuticos validam qualitativa e quantitativamente a receção

dessas mesmas encomendas. Segue-se o armazenamento dos medicamentos por

DCI (Denominação Comum Internacional) e restantes produtos nos armários do

armazém que, regra geral, é feita pelos assistentes operacionais, sendo que no

caso dos medicamentos, estes podem solicitar muitas vezes a ajuda dos técnicos

de farmácia ou do próprio farmacêutico.

Quase em simultâneo, a assistente técnica é responsável por dar “entrada à

encomenda”, ou seja, por introduzir no sistema informático os produtos recém-

chegados, pois só desta forma é possível uma gestão de stocks e do circuito do

medicamento no hospital.

Após esta série de etapas, o medicamento ou qualquer outro produto está

apto para ser distribuído e, posteriormente, utilizado no hospital.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

3

2016

2- Sistemas de Distribuição de Medicamentos e outros Produtos de Saúde:

A distribuição dos medicamentos é vital no funcionamento de um hospital,

no caso deste hospital é feita essencialmente através de dois sistemas, os quais se

complementam mutuamente. Durante o estágio tive a oportunidade de aprender e

efetuar os dois tipos de sistemas de distribuição de medicamentos.

Desta forma, existe o chamado Sistema de Distribuição Clássico ou

Tradicional e, por outro lado, o chamado Sistema de Distribuição Individual em

Dose Unitária. Ambos os sistemas de distribuição são assegurados diariamente,

ficando a cargo dos Serviços Farmacêuticos a satisfação dos pedidos dos dois

sistemas.

No entanto, além destes sistemas existem outros circuitos/sistemas de

distribuição que são fundamentais para o funcionamento em pleno do hospital, os

quais vão ser mencionados abaixo nas alíneas 2.3 e 2.4.

2.1) Sistema de Distribuição Individual em Dose Unitária:

O Sistema de Distribuição em Dose Unitária define-se como sendo o sistema

de distribuição com mais relevância e mais avançado a nível hospitalar. Este

sistema caracteriza-se pela distribuição de medicamentos em unidose e, por vezes,

dispositivos médicos e outros produtos de saúde, com base em prescrições clínicas

individualizadas por doente e que são realizadas previamente, sendo enviadas

direta e eletronicamente aos Serviços Farmacêuticos. [1], [3]

A utilização da distribuição em dose unitária tem essencialmente dois

objetivos.

O primeiro consiste em permitir uma análise e, consequente, validação por

parte do farmacêutico das prescrições médicas que são realizadas diariamente,

tendo em conta o perfil farmacoterapêutico de cada doente. Isto apresenta-se como

uma vantagem, uma vez que permite detetar atempadamente erros de posologia,

duplicação da terapêutica medicamentosa, possíveis interações e

contraindicações. [1], [3] Tornando, desta forma, a prescrição médica mais segura e

com menor probabilidade de ocorrência de erros de prescrição, que poderiam ser

irreversíveis ou fatais.

Por outro lado, a distribuição em unidose tem a finalidade/objetivo de garantir

a dispensa dos medicamentos prescritos para um período de 24 horas, de forma

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

4

2016

individualizada a cada doente que se encontra nos serviços de internamento clínico.

[3] Desta forma, este tipo de sistema tem a vantagem de permitir uma maior

racionalização dos stocks de medicamentos presentes em todo o hospital, levando

a menores gastos económicos da instituição em medicamentos que poderiam ser

desnecessários. [1], [3]

O processo do Sistema de Distribuição em Dose Unitária tem início após a

prescrição médica, realizada eletronicamente, nos diferentes serviços clínicos do

hospital. Esta prescrição normalmente é realizada até às 14h00.

Em seguida, através do sistema informático, o farmacêutico receciona,

analisa e valida, individualmente, as prescrições médicas dos doentes de cada

serviço clínico. Este procedimento é feito com responsabilidade, tendo sempre em

conta possíveis erros de posologia, interações, contraindicações e o perfil

farmacoterapêutico do doente em causa. [3]

Para além disso, o farmacêutico na hora da validação tem de estar atento às

justificações clínicas, nomeadamente aquando do uso de medicamentos

específicos de justificação clínica obrigatória (antibióticos, estupefacientes,

psicotrópicos, etc.) e no caso da utilização de medicamentos que não se encontram

no Formulário Hospitalar Nacional do Medicamento. [3]

Terminada esta fase da validação, segue-se a etapa em que são gerados e

impressos os chamados mapas de distribuição unitária de medicamentos. Estes

mapas encontram-se organizados por número da cama, nome do doente e serviço

clínico em que se encontram. Estes mapas são posteriormente entregues aos

técnicos de farmácia, que de acordo com os mapas distribuem a medicação em

dose unitária para 24 horas, colocando-a em gavetas individuais, que contêm na

parte exterior o número da cama que está associado a um dado processo clínico

do doente. [3] As gavetas estão divididas em três secções: medicação da manhã

(7h00-12h00), tarde/noite (12h00-7h00) e medicação a administrar em caso de

SOS. [3] Estas gavetas são colocadas numa estrutura chamada malote por número

de cama (Figura 1).

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

5

2016

As novas prescrições e/ou as alterações de prescrições que surgem até às

14h00 são analisadas e validadas pelos farmacêuticos, com consequente emissão

de mapas com as alterações registada (altas, mudanças de cama, novas

prescrições …), sendo novamente entregues aos técnicos de farmácia, que por sua

vez, procedem às alterações na Sala da Unidose, onde estão armazenados os

medicamentos em dose unitária (Figura 2). [3]

A etapa seguinte consiste em colocar os malotes que contêm a medicação

nos carrinhos, os quais são levados pelas assistentes operacionais para os

diferentes serviços do hospital. Durante esta entrega, as assistentes recolhem os

malotes do dia anterior para devolver a medicação não administrada aos serviços

Figura 1- Malote e respetivas gavetas utilizados no Sistema de Distribuição

Individual em Dose Unitária.

Figura 2- Medicamentos em dose unitária armazenados na Sala da Unidose.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

6

2016

farmacêuticos. Já nos Serviços Farmacêuticos os técnicos verificam gaveta a

gaveta as devoluções e registam-nas nos mapas do dia anterior e, posteriormente,

o farmacêutico regista no sistema informático essas mesmas devoluções.

Contudo, caso as alterações à prescrição sejam registadas após as 14h00,

ou seja, após ocorrer o fecho no sistema informático dos mapas de distribuição fica

em vigor o chamado regime de distribuição misto. Este último consiste no facto de

que na falta da medicação prescrita no carro da distribuição individual em dose

unitária, o enfermeiro recorre aos armários de recurso presentes nas enfermarias

de cada serviço clínico, que contêm determinado tipo e quantidade de

medicamentos com base no seu histórico de consumos. [3]

Porém, se mesmo assim a medicação não existir nesses armários, ela deve

ser solicitada aos serviços farmacêuticos. Após o horário de fecho dos mesmos

(17h00), funciona o chamado regime de chamada de urgência, no qual um

farmacêutico em casos de carácter urgente regressa ao hospital para satisfazer os

pedidos de medicação urgente. [3]

No caso dos fins-de-semana, a medicação é preparada para 72 horas, ou

seja, na sexta-feira é preparada para três dias. Um dos farmacêuticos fica Sábado

e Domingo em regime de prevenção (9h00-12h00) e de chamada de urgência

(12h00-24h00). Por outro lado, no caso dos feriados (exceto à segunda - feira) no

dia anterior os serviços farmacêuticos realizam a distribuição em dose unitária para

48h e não 24h. [3]

2.2) Sistema de Distribuição Clássico ou Tradicional:

O Sistema de Distribuição Clássico ou Tradicional consiste num sistema de

distribuição de medicamentos, dispositivos médicos e outros produtos de saúde

que são enviados para os serviços clínicos, com o intuito de repor os stocks

previamente estabelecidos e nivelados para cada serviço. [3]

Este tipo de distribuição é feita com uma periodicidade previamente

estabelecida com base nas necessidades e características de cada serviço, sendo

que a requisição dos medicamentos e outros produtos necessários é feita

eletronicamente pelo enfermeiro – chefe para o Serviço Farmacêutico.

Este tipo de distribuição é menos segura e eficaz que a distribuição individual

em dose unitária, contudo é utilizada quando esta última não é viável, ou seja,

apresenta a vantagem de complementar a distribuição em unidose. Isto é realizado

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

7

2016

através da presença dos armários de recurso em cada serviço de internamento,

permitindo o acesso a medicação quando o Serviço Farmacêutico está fechado. [3]

Além disso, a distribuição clássica tem a grande vantagem de permite a

distribuição de medicamentos, dispositivos médicos e outros produtos de saúde

que apresentem grandes volumes de carga ou rotatividade, como é o caso das

embalagens de 500 mL de Cloreto de Sódio 0,9%, sabão, creme hidratante, etc. [3]

No caso dos carros de emergência e serviços clínicos de não internamento,

como é o caso do Bloco Operatório, Urgência e Consulta Externa, este tipo de

distribuição é a principal, o que permite assegurar a chegada dos medicamentos,

dispositivos médicos e outros produtos de saúde equiparados a estes locais. [3]

Após uma reunião entre o enfermeiro-chefe, o diretor dos serviços

farmacêuticos e o diretor médico é definido de um stock fixo para cada serviço

clínico e estabelecida uma periodicidade semanal para repor esse stock (ex: duas

vezes por semana). [3]

Posteriormente, na periodicidade acordada, o processo do Sistema de

Distribuição Clássico inicia-se com uma contagem de stocks e consequente

requisição eletrónica que é feita pelo enfermeiro-chefe de cada serviço, com base

numa listagem de medicamentos e outros produtos que foi gerada no sistema

informático pelo farmacêutico. Caso existam variações quantitativas ou qualitativas

na listagem pré-definida, estas têm de ser justificadas por escrito ou verbalmente

pelo enfermeiro-chefe ao farmacêutico. [3]

Em seguida, o farmacêutico faz a análise do pedido para repor o stock, tendo

sempre em vista as variações de consumo em iguais períodos de tempo, para desta

forma fazer uma gestão mais equilibrada e económica dos recursos hospitalares.

Depois, a listagem é impressa e entregue aos técnicos de farmácia que preparam

os pedidos, os quais devem ser confirmados posteriormente pelo farmacêutico. [3]

Após a execução dos pedidos, estes são confirmados pelos enfermeiros-

chefes no Serviço Farmacêutico e, posteriormente, são transportados em sacos,

cestos ou carrinhos por assistentes operacionais de cada serviço para os respetivos

serviços clínicos.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

8

2016

2.3) Circuitos Especiais de Requisição/Distribuição:

Os circuitos especiais de distribuição foram criados com o intuito de cumprir

uma série de Despachos e Decretos-Lei presentes na legislação nacional vigente.

Os objetivos deste tipo de circuitos especiais de distribuição são evitar um possível

uso abusivo de grupos restritos de medicamentos, tais como: estupefacientes,

psicotrópicos, antineoplásicos e hemoderivados. E, ainda, permitir a sua

rastreabilidade dentro da instituição de saúde. [3]

Durante o estágio foi-me possível por em prática o papel do farmacêutico

neste tipo de circuitos.

No caso dos hemoderivados (Albumina, Imunoglobulinas, etc.), o circuito

especial inicia-se com uma requisição escrita feita pelo médico num modelo oficial,

indicando a identificação do doente, do médico, a dose, frequência, justificação

clínica e outras informações. [4] De seguida, o enfermeiro responsável faz chegar

essa requisição aos Serviços Farmacêuticos. O farmacêutico, por sua vez, faz a

análise, validação da requisição e registo nos livros da requisição/distribuição de

hemoderivados, os quais contêm sempre uma “via farmácia” que fica nos Serviços

Farmacêuticos e uma “via serviço” que é entregue ao enfermeiro responsável.

Depois do pedido dos hemoderivados ser executado, o farmacêutico faz o registo

eletrónico dos hemoderivados no processo do doente. [3]

Por outro lado, os estupefacientes e psicotrópicos como a morfina,

benzodiazepinas e outros, também obedecem a um circuito especial de requisição

e distribuição. Neste circuito, como é óbvio, o modelo oficial do papel para a

requisição é diferente do modelo dos hemoderivados. Desta forma, no modelo de

requisição é indicada a identificação do doente, a quantidade prescrita e tem de ser

assinado pelo diretor do serviço ou o seu legal substituto. Posteriormente, a

requisição é entregue pelo enfermeiro responsável aos Serviços Farmacêuticos.

Por sua vez, os farmacêuticos fazem a receção, validação e processamento do

pedido, mas neste caso, além da “via farmácia” é feito um registo no livro de entrada

e saída de psicotrópicos. [3]

Além destes dois circuitos especiais, existe ainda um terceiro que é o circuito

especial de requisição/distribuição dos medicamentos antineoplásicos. Estes

medicamentos são utilizados no serviço de Oncologia Médica, o qual também é

chamado de Hospital de Dia.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

9

2016

Neste serviço, o oncologista faz a prescrição indicando os dados do doente

(nome, peso, altura e idade), o diagnóstico/estadio, o protocolo de quimioterapia

(substâncias ativas, doses e vias de administração), a data de início e frequência

do ciclo de quimioterapia. Posteriormente, o farmacêutico faz a receção, análise e

validação da farmacoterapia prescrita. Em seguida, o farmacêutico regista e

arquiva, nos Serviços Farmacêuticos, a farmacoterapia instituída por doente e

confirma antecipadamente os stocks dos medicamentos antineoplásicos a serem

usados. [3]

Na véspera do doente efetuar o seu ciclo de quimioterapia, o farmacêutico

prepara todos os medicamentos prescritos em cada caso (antineoplásicos, anti-

eméticos, etc.), enviando-os de forma individual com a identificação do doente para

o Hospital de Dia. Depois, o farmacêutico faz o registo manual da quantidade

enviada e posterior registo eletrónico desses consumos por processo do doente e

data de sessão. [3]

2.4) Distribuição de Medicamentos em Regime de Ambulatório:

A distribuição de medicamentos no ambulatório dos Serviços Farmacêuticos

surgiu no sentido de satisfazer as necessidades dos doentes, ou seja, face à

necessidade de vigiar e controlar patologias crónicas e/ou terapias que envolvam

fármacos com potencial tóxico ou com preços elevados para o Serviço Nacional de

Saúde. Este tipo de distribuição permite também colmatar situações de

emergência, em que os medicamentos não sejam assegurados nas farmácias

comunitárias. [1], [3]

É na distribuição em regime de ambulatório que o farmacêutico contacta

mais diretamente com os utentes. Durante o meu estágio, também realizei este tipo

de distribuição de medicamentos, na qual contactei diretamente e executei os

pedidos dos utentes, que se dirigiam aos Serviços Farmacêuticos, mas sempre com

a supervisão do meu orientador de estágio.

Os medicamentos cedidos em ambulatório dividem-se em dois grupos. Um

dos grupos é o dos medicamentos cedidos com suporte legal, ou seja, com base

em legislação vigente e que se encontram legislados. Por exemplo, medicamentos

para patologias crónicas como: a artrite reumatóide, fibrose quística, Vírus da

Imunodeficiência Humana, insuficiências renais crónicas, etc. Por outro lado, o

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

10

2016

outro grupo é o dos medicamentos cedidos sem suporte legal, ou seja,

medicamentos que são autorizados pelo Conselho de Administração do Hospital a

serem cedidos, com base em contratos-programa que estão também tabelados. [3]

Neste caso, o utente ou o seu representante chega com a prescrição interna

ou, em casos excecionais, com prescrições externas aos Serviços Farmacêuticos

e entrega a mesma ao farmacêutico. Em seguida, o farmacêutico confirma a

informação relativa ao prescritor, ao doente e à terapia farmacológica.

Posteriormente, se for a primeira vez, o farmacêutico deve fornecer ao utente toda

a informação que achar relevante para diminuir erros na terapia que ele vai iniciar

e só depois dispensar a medicação em causa. [3]

Aquando da dispensa, o farmacêutico deve proceder ao registo informático

no perfil farmacoterapêutico do doente dos medicamentos cedidos. [3]

C) COMISSÕES TÉCNICAS HOSPITALARES

Além de assegurar a distribuição dos medicamentos, o farmacêutico

hospitalar desempenha outras atividades, nomeadamente, fazer parte de várias

comissões técnicas no hospital, as quais desempenham um papel importante para

o bom funcionamento da instituição.

No caso do Hospital Santa Maria Maior, o farmacêutico faz parte das

seguintes comissões: Comissão de Farmácia e Terapêutica; Comissão de Ética;

Comissão da Qualidade; Comissão da Gestão de Risco e ainda do Grupo

Coordenador Local do Programa de Prevenção, Controlo de Infeções e

Resistências aos Antimicrobianos.

A Comissão de Farmácia e Terapêutica é constituída por médicos e

farmacêuticos, esta comissão é uma das comissões mais importantes a nível

hospitalar e na qual o farmacêutico tem um papel fulcral. [5] Entre diversas funções,

tem como função principal estabelecer a política do medicamento dentro das

instalações do hospital, ou seja, com base em normas da Direção Geral de Saúde

esta comissão estabelece, por exemplo, quais os antibióticos a usar como profilaxia

em cada protocolo cirúrgico que é validado. É através desta comissão que se

estabelece uma ligação entre os serviços médicos e os serviços farmacêuticos,

com intuito de garantir um bom uso do Formulário Nacional do Medicamento, daí a

sua importância. [5]

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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2016

Outra comissão bastante ativa no Hospital Santa Maria Maior, E.P.E é o

Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção, Controlo de Infeções e

Resistências aos Antimicrobianos. Durante o meu estágio tive a oportunidade de

desenvolver estudos comparativos, os quais foram baseados e semelhantes ao

trabalho desenvolvido nesta comissão. Esses estudos encontram-se descritos na

parte II deste relatório.

PARTE II

D) ANÁLISE COMPARATIVA DO CONSUMO DE ANTIBACTERIANOS EM

JANEIRO DE 2015 E JANEIRO DE 2016 NO HOSPITAL SANTA MARIA

MAIOR, E.P.E:

No Hospital Santa Maria Maior, uma das funções do farmacêutico é fazer

parte de uma comissão que se intitula de Grupo Coordenador Local do Programa

de Prevenção, Controlo de Infeções e Resistências aos Antimicrobianos

(GLCPPCIRA). Este grupo, tal como o seu próprio nome indica, tem como principais

funções proceder a uma análise trimestral do consumo de antimicrobianos,

cruzando essa informação com as prescrições de antibióticos, respetiva justificação

clínica para essas prescrições, relatório da análise microbiológica e dias de

tratamento. Isto tudo com o objetivo final de obter dados realistas, que permitam

saber quais os pontos em que os profissionais do hospital podem intervir no sentido

de prevenir infeções ou controlar as mesmas, mas tendo sempre em vista a

temática da resistência aos antibacterianos. [6]

A resistência aos antibacterianos apresenta-se como sendo um dos grandes

problemas da terapêutica atual, no entanto, este tema é ainda mais relevante no

contexto hospitalar, pois a maioria dos microorganismos responsáveis pelas

infeções nosocomiais apresentam múltiplas resistências aos antimicrobianos, um

exemplo disso são as infeções hospitalares causadas por MRSA (Staphylococcus

aureus resistentes à Meticilina).

Assim, no âmbito do trabalho realizado pela comissão hospitalar

GLCPPCIRA, foi-me proposta a realização de um estudo relativo ao consumo de

antibióticos nos serviços de Ortopedia, Cirurgia e Medicina Interna em relação ao

mês de Janeiro de 2016, com o intuito de comparar com os resultados obtidos em

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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2016

Janeiro de 2015 e, se tal fosse necessário, alertar os médicos de cada serviço para

a redução da prescrição de determinados antibióticos.

Inicialmente, através do software CPCHS® com o qual estão equipados os

computadores do hospital, gerei uma lista em formato de ficheiro Excel®, para cada

um dos 3 serviços em estudo, contendo os antibacterianos e as respetivas

quantidades que foram consumidas em Janeiro de 2015 e Janeiro de 2016. Após

a obtenção destas listas, o passo seguinte consistia em obter a quantidade em

gramas de cada antibiótico, para tal multiplica-se a dose de cada um dos

antibióticos pelas quantidades consumidas nos serviços desses mesmos

antibióticos.

A etapa posterior foi proceder ao cálculo da DDD (Dose Diária Definida) 2015

e DDD 2016 para cada antibacteriano de cada serviço, para tal divide-se a

quantidade de cada antibiótico, anteriormente calculada, pela respetiva DDD de

cada antibacteriano. A Dose Diária Definida (DDD) consiste na dose de

manutenção média assumida por dia para uma substância ativa de um

medicamento, que seja utilizado para a sua principal indicação terapêutica em

adultos. [7] Desta forma, para determinar o DDD de cada antibacteriano recorri ao

sítio da internet http://www.whocc.no, no qual é possível inserir o nome da

substância e pesquisar a DDD para essa mesma substância (Figura 3). [7].

Figura 3- Sítio da WHO Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology para

pesquisa da DDD.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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2016

Após determinar o DDD 2015 e DDD 2016 para cada antibiótico procedi à

determinação do DDD por 1000 dias de internamento para os mesmos, para tal

dividi os resultados anteriormente obtidos pelo número total de dias de

internamento, quer para o ano de 2015, como para o ano de 2016. Posteriormente,

multipliquei os valores obtidos por 1000. Deste modo, obtive a quantidade

consumida de cada antibiótico expressa em DDD / 1000 dias de internamento.

Expressando os resultados desta forma, já é possível fazer a comparação entre os

consumos nos dois anos.

Estes dados e resultados foram expressos em tabelas (Anexo 1). A partir

desses dados obtidos para cada serviço, procedi às representações gráficas dos

resultados, com o objetivo de facilitar a interpretação dos resultados do estudo.

Os resultados obtidos no estudo foram os seguintes:

Através do gráfico relativo ao consumo de antibacterianos no serviço de

Medicina (Figura 4), podemos verificar que comparando o mês de Janeiro de 2015

com Janeiro de 2016 houve um aumento significativo da prescrição de Meropenem

(antibiótico beta-lactâmico do grupo dos carbapenemes, cujo espectro de ação é

muito alargado) e uma diminuição de Ceftriaxona (antibiótico beta-lactâmico,

cefalosporina de terceira geração) [8]. Estes fenómenos apesar de parecerem

independentes, na verdade estão bastante relacionados, isto porque no ano de

Figura 4- Gráfico do consumo de antibacterianos em DDD/1000 dias de

internamento no serviço de Medicina.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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2016

2015, ocorreram muitas infeções no hospital causadas por Klebsiella spp.

multirresistente às cefalosporinas como a Ceftriaxona. Desta forma, após estudos

realizados pelo GLCPPCIRA em conjunto com o laboratório de patologia clínica do

hospital, os médicos foram informados e aconselhados a prescrever menos

ceftriaxona e, como alternativa, utilizar antibióticos de maior espectro de ação como

o Meropenem. Assim, esta ação pode ser uma possível explicação para estas

diferenças consideráveis de consumos entre os dois anos.

Analisando o consumo de antibióticos no serviço de Cirurgia (Figura 5),

podemos verificar que, comparado o mês de Janeiro de ambos os anos, ocorreu

um aumento considerável do consumo da associação intravenosa de Amoxicilina

com Ácido Clavulânico. Este aumento deve-se a uma alteração nos protocolos

cirúrgicos, os quais passaram a considerar a Amoxicilina + Ácido Clavulânico como

a primeira escolha para a profilaxia de infeções pós-operatórias.

É de destacar também a redução significativa da Cefazolina, uma

cefalosporina de primeira geração [8], que faz parte dos protocolos cirúrgicos do

hospital e o aumento exponencial do consumo de Meropenem.

Figura 5- Gráfico relativo ao consumo de antimicrobianos em DDD/1000 dias de

internamento no serviço de Cirurgia.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

15

2016

São este tipo de alterações que alertam para a necessidade da comissão

estudar quais os motivos de se estarem a prescrever antibióticos de largo espectro,

como o Meropenem, em vez de antibióticos com espectro menos abrangente, tal

como a Cefazolina, pois se estas opções não forem devidamente justificadas

podem estar a contribuir para o aumento das resistências aos antibacterianos de

largo espectro de ação.

Em relação ao serviço de Ortopedia (Figura 6), verificou-se que houve uma

diminuição considerável do consumo da associação entre Amoxicilina e Ácido

Clavulânico.

Porém, para Janeiro de 2016 verificou-se um grande aumento do consumo

de Vancomicina. Este aumento explica-se pelo facto de, nesse mesmo período,

terem ocorrido infeções ósseas (osteomielites), as quais são tratadas

preferencialmente com Vancomicina.

E) Estudo do Consumo de Carbapenemes em Janeiro de 2016 no Hospital

Santa Maria Maior:

Uma das funções do farmacêutico nesta instituição é elaborar o PAPA (Plano

de Apoio à Prescrição de Antimicrobianos). Este plano consiste em analisar a

Figura 6- Gráfico relativo ao consumo de antibacterianos em DDD/1000 dias de

internamento no serviço de Ortopedia.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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2016

prescrição de determinadas classes de antibacterianos, tendo em conta as

justificações clínicas e os estudos do laboratório de patologia clínica, isto tudo com

o intuito final de avaliar se a prescrição de antibacterianos está a ser feita de forma

correta e racional, de modo a evitar possíveis resistências e controlar casos de

infeções nosocomiais.

Desta forma, no âmbito desta competência do farmacêutico hospitalar,

elaborei um estudo do consumo de carbapenemes, mais concretamente

Meropenem, Imipenem e Ertapenem, relativo ao mês de Janeiro do presente ano.

Este estudo é semelhante ao elaborado no Plano de Apoio à Prescrição de

Antibióticos.

Os carbapenemes são antibacterianos, mais concretamente da classe dos

antibióticos beta-lactâmicos, que apresentam um espectro alargado de ação

relativamente a bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. Este tipo de

antibióticos atuam por inibir as beta-lactamases da parede bacteriana,

nomeadamente as carbapenemases. [9]

Devido ao seu espectro alargado de ação, os carbapenemes são muitas

vezes considerados pelos profissionais de saúde como agentes de última linha, ou

seja, como a última alternativa para tratar utentes com infeções graves e/ou que

possivelmente estão infetados com bactérias resistentes aos restantes

antibacterianos habitualmente usados como primeira linha. [9]

Contudo, nos últimos anos, tem ocorrido uma emergência de

microorganismos patogénicos que são multirresistentes, nomeadamente aos

carbapenemes, comprometendo desta forma o tratamento das infeções e

aumentando a taxa de mortalidade. [9] Daí a importância do estudo da prescrição

deste tipo de antibacterianos, com o objetivo de evitar a emergência de resistências

desnecessárias e que colocam em risco o sucesso na prestação de cuidados de

saúde no hospital.

Antes da prescrição de antibióticos, o médico faz o diagnóstico empírico de

infeção, no entanto, isto não é suficiente para justificar a prescrição de antibióticos.

Por este motivo, é feita posteriormente uma recolha de amostra biológica (por

exemplo sangue ou urina) que é enviada para o laboratório do Serviço de Patologia

Clínica do Hospital. Neste serviço é feito o isolamento dos microorganismos

patogénicos e também o teste de sensibilidade aos diferentes antibióticos. Assim,

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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2016

no final os resultados do isolamento e da sensibilidade aos antibacterianos são

expressos em suporte informático ou de papel (Anexo 2).

No caso dos resultados da sensibilidade aos antibióticos, estes são

expressos como o microorganismo sendo sensível ou resistente aos diferentes

fármacos testados, conforme o halo que se forma nas placas. É com base nestes

resultados que o médico deve confirmar o diagnóstico e proceder à escolha do

melhor antibacteriano, evitando desta forma o uso desnecessário de antibióticos de

espectro de ação alargado, pois estas ações levam ao aumento de resistências.

Posteriormente, os resultados obtidos são apresentados ao médico o qual

prescreve o antibiótico, que em cada situação, achar mais indicado. Porém, esta

prescrição tem obrigatoriamente de estar acompanhada de uma justificação clínica

(Anexo 3). Por sua vez, esta justificação deve ser verificada pelo farmacêutico no

sistema informático, aquando da revisão das prescrições.

Desta forma, tendo como base este conjunto de etapas, através do sistema

informático foi-me possível recolher informações relativas ao número de utentes,

género e número de dias de tratamento em relação aos doentes cujo médico

prescreveu carbapenemes em Janeiro de 2016. Para a recolha da informação foi

usada uma folha como a do anexo 4.

Através dos dados recolhidos elaborei gráficos circulares para verificar em

termos percentuais dos dados obtidos. Desta feita, verificou-se que, em Janeiro de

2016, 16 doentes foram prescritos com carbapenemes, dos quais 13 (81%)

tomaram Meropenem e 3 (19%) Imipenem (Figura 7).

Figura 7- Gráfico relativo ao número de doentes com Carbapenemes prescritos em

Janeiro de 2016.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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2016

Destes mesmos 16 doentes, 10 (62%) eram do sexo Feminino e 6 (38%) do

sexo masculino, logo o uso de carbapenemes e a ocorrência de infeções neste

período foram superiores no sexo feminino (Figura 8).

Relativamente ao número de dias de tratamento com carbapenemes,

podemos verificar que metade dos doentes (8 doentes) foram tratados com os

fármacos em causa por 9 ou mais dias (Figura 9).

Figura 8- Gráfico relativo ao género dos doentes que tomaram carbapenemes em

Janeiro de 2016.

Figura 9- Gráfico representativo do número de dias de tratamento dos

doentes com carbapenemes em Janeiro de 2016.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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2016

Segundo a norma da Direção-Geral de Saúde 006/2014 [10], uma terapia com

antibióticos não deve durar mais de 7 dias, porém em caso de infeções bacterianas

agudas, como por exemplo um abcesso pulmonar, a terapia com antibióticos pode

prolongar-se por mais de 7 dias. [10]

Desta forma, concluí que seria necessário numa fase posterior verificar qual

o diagnóstico de cada um dos 8 doentes que foram tratados por mais de 7 dias com

terapia antimicrobiana, pois só desta forma seria possível saber se excederam o

período de terapia recomendada com justificação clínica ou por má prática clínica.

Neste último caso, estes resultados seriam um assunto a debater no GLCPPCIRA.

Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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REFERÊNCIAS

[1]- Brou M., Feio J., Mesquita E., Ribeiro R., Brito C., Cravo C., Pinheiro E., (2005).

Manual da Farmácia Hospitalar.1ª ed. Maiadouro, Maia, p.10-69;

[2]- Ordem dos Farmacêuticos: Farmácia Hospitalar. Acessível em:

http://www.ordemfarmaceuticos.pt. [acedido em 24 de Fevereiro de 2016];

[3]- Rodrigues J., Menezes M., Peixoto M., (2010). Manual de Procedimentos –

Sistemas de Distribuição de Produtos Farmacêuticos. 1ª ed. Hospital Santa Maria

Maior E.P.E, Serviços Farmacêuticos, Barcelos, p.1-45;

[4]- Ministério da Saúde. Despacho Conjunto n.º 1051/2000 - Registo de

medicamentos derivados de plasma. Diário da República, 2ª série, nº251, de 30 de

Outubro de 2000;

[5]- Centro Hospitalar do Porto: Comissão de Farmácia e Terapêutica. Acessível

em: http://www.chporto.pt. [acedido em 7 de Março de 2016];

[6]- Direção-Geral da Saúde: Programa de Prevenção, Controlo de Infeções e de

Resistências aos Antimicrobianos. Acessível em: https://www.dgs.pt. [acedido em

12 de Março de 2016];

[7]- WHO Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology: DDD – Definition

and General Considerations. Acessível em: http://www.whocc.no. [acedido em 8 de

Março de 2016];

[8]- Infarmed: Formulário Nacional dos Medicamentos – Antibacterianos. Acessível

em: http://www.infarmed.pt/pt/fnm. [acedido em 10 de Março de 2016].

[9]- Papp-Wallace K, Endimiani A, Taracila M, Bonomo R (2011). Carbapenems:

Past, Present, and Future. Antimicrobial Agents and Chemotherapy; 55: 4943–

4960;

[10]- Direção-Geral da Saúde: Duração de Terapêutica Antibiótica. Acessível em:

https://www.dgs.pt. [acedido em 11 de Março de 2016].

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Anexos

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Anexo 1- Exemplo de tabela com os dados para o cálculo da DDD/1000 dias de

internamento.

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Anexo 2- Exemplo de documento com os resultados do isolamento dos

microorganismos e da sensibilidade aos antimicrobianos.

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Anexo 3- Exemplo de justificação clínica para prescrição de antibióticos.

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Anexo 4- Folha para recolha de dados relativos à prescrição de Carbapenemes.

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