A mobilidade tecnológico-educacional e as possibilidades de coincidência entre tecnoloigas e...
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A MOBILIDADE TECNOLÓGICO-EDUCACIONAL E AS
POSSIBILIDADES DE COINCIDÊNCIA ENTRE TECNOLOGIAS E
CURRÍCULO POR MEIO DA PRODUÇÃO E USO DE WEBQUESTS
Tecnologia, currículo e formação de educadores
Gilian Cristina Barros
Universidade Federal do Paraná – GEPETE
Alexandre Direne
Universidade Federal do Paraná - C3SL-Depto de Informática
Alexander Robert Kutzke
Universidade Federal do Paraná - C3SL-Depto de Informática
Wilson da Silva
Universidade Federal do Paraná - C3SL-Depto de Informática
RESUMO
Esta investigação vem sendo realizada na Formação de Professores das Escolas do Projeto Piloto Um
Computador por Aluno do estado do Paraná – UCA/PR que objetiva, pela análise, verificar as
possibilidades de coincidência entre tecnologias e currículo por meio da WebQuest – metodologia que
oportuniza a pesquisa escolar utilizando preferencialmente recursos da web. Os fundamentos desta análise
estão pautados nas pesquisas de (ALMEIDA & VALENTE, 2011), (COUTINHO, 2006), (OLIVEIRA &
PARASKEVA, 2006) e (SILVA, 2002) que tratam da integração tecnologias e currículo em diferentes
perspectivas. O conceito, nascido no contexto desta investigação, ‘mobilidade tecnológico-educacional’
na dimensão do trinômio professor-aluno-conteúdo, é apresentado teoricamente de forma ainda inerme,
mas que se pretende densa no desenvolvimento da investigação. Aborda-se, brevemente, os aspectos
fundantes da metolologia WebQuest (WQ) a luz de Vygotsky (2001). O modelo de formação UCA/PR é
exposto com o intuito de apresentar o contexto da investigação. Apresentam-se como caminhos
metodológicos: (1) formação do grupo experimental; (2) formação do grupo secundário; (3) decisão
conjunta sobre a escolha e produção das WQ; (4) formação para aplicação das WQ; (5) implantação das
WQ nas disciplinas; (6) monitoramento e avaliação; (7) promoção de efeito multiplicador, sugerem-se
esses como pontos de partida para a análise prévia do objetivado.
PALAVRAS-CHAVE
Currículo. Tecnologias. Formação de Professores. WebQuest. Mobilidade.
1 TECNOLOGIAS E CURRÍCULO, ENTES COINCIDENTES?
Optamos por utilizar o termo coincidente1, no entendimento de que tecnologias e
currículo devem se mesclar de tal forma que pareçam um único ente no que se refere ao
ensino e aprendizagem. Salientamos que este mesclar não pretende dirimir nenhum dos
dois – tecnologia e currículo –, mas compreendendo que cada um possui características
e funções distintas, ambiciona oportunizar a professores e alunos estratégias que possam
potencializar o ensino e a aprendizagem de conteúdos escolares com o uso de recursos
tecnológicos.
Esta investigação objetiva, pela análise, verificar as possibilidades de
coincidência entre tecnologias e currículo por meio da WebQuest – metodologia que
oportuniza a pesquisa escolar utilizando preferencialmente recursos da Web.
A escolha do termo ‘coincidente’, utilizado em matemática, corrobora com
outras perspectivas de estudo, análise e pesquisa das relações possíveis entre
tecnologias e currículo como as de (ALMEIDA & VALENTE, 2011) que questionam se
tecnologia e currículo são trajetórias convergentes2 ou divergentes e de (COUTINHO,
2006) ao indagar se as tecnologias educativas e o currículo podem ser caminhos que se
cruzam3 ou se bifurcam.
Outras perspectivas dos laços possíveis entre currículo e tecnologia são as
apresentadas por:
(OLIVEIRA & PARASKEVA, 2006) os quais afirmam ser necessário estudar as
tecnologias e tentar compreender como elas podem contribuir para uma
mudança substantiva das práticas curriculares;
(SILVA, 2002) argumenta que as tecnologias não são instrumentos para apenas
comunicar conteúdos curriculares, mas interagem com a estrutura cognitiva dos
aprendizes e com a estruturas organizacionais na medida em que oportunizam a
aquisição e exploração dos saberes e das aprendizagens. Ele ainda afirma que a
incorporação das tecnologias da informação e comunicação no cotidiano da
escola deve ser pensado a partir de sua integração e utilização curricular numa
lógica marcada pela racionalidade comunicativa;
Sendo assim, tecnologias e currículo são compreendidos nesse momento como
entes complementares que devem estar mesclados de tal forma que se desloquem na
mesma direção e encontrem-se num ponto em comum, como se coincidissem na
efetivação dos processos de ensinar e de aprender.
Na busca da articulação complementar – coincidente – entre tecnologias e
currículo, surge a possibilidade de uso da WebQuest. A metodologia WebQuest,
composta pelas etapas: introdução, tarefa, processo, avaliação e conclusão, oportuniza
uma relação lógica entre conteúdos curriculares e o uso de recursos da web, destarte,
pode permitir ao professor produtor da WebQuest articular currículo e uso de
tecnologias com o intuito de oportunizar aprendizagens.
A análise das possibilidades de coincidência entre tecnologias e currículo por
meio da WebQuest é realizada a partir da formação dos professores das quinze (15)
escolas do projeto piloto UCA no Paraná, das quais oito (8) são escolas municipais e
sete (7) são estaduais. A formação, iniciada no ano de 2010, destes professores é
realizada em parceria entre MEC, Universidade Federal do Paraná e as Secretarias
Estadual e Municipais do Paraná as quais pertencem as escolas UCA. Apresenta-se a
seguir, parte do movimento desta formação conforme vemos em (DIRENE, et.al,
2012:2):
Pretendendo analisar as possibilidades de integração/coincidência entre
tecnologias e currículo por meio da produção e uso de WebQuests por professores das
escolas do projeto piloto UCA no Paraná apresentamos, a seguir, os objetivos
Tabela 1- Números da formação UCA do Estado do Paraná nos anos 2010 e 2011
específicos da formação realizada para efetivação de estudo, análise e investigação:
oportunizar aos professores das escolas do projeto piloto UCA do Paraná, por processos
de formação presencial e a distância, o conhecimento, uso e produção de estratégias que
possibilitem a articulação entre tecnologias e currículo; manter e assessorar esse grupo
de professores por meio de ambientes sócio-interacionistas construídos, configurados e
hospedados pela UFPR para permitir o estudo e discussão que oportunizem
redimensionamentos das estratégias de ensino dos professores que intentem a
coincidência entre tecnologias e currículo; e acompanhar a produção e uso de
WebQuests pelos professores do projeto piloto UCA no Paraná com a perspectiva de
análise das possibilidades do uso desta metodologia como auxiliadora na
integração/coincidência entre tecnologias e currículo.
2 A MOBILIDADE TECNOLÓGICO-EDUCACIONAL E A
ORGANIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS
O conceito norteador desta investigação ‘mobilidade tecnológico-educacional’ no
trinômio professor-aluno-conteúdo vem sendo definido e maturado no contexto das
possibilidades de formação e pesquisa oportunizadas pelo projeto piloto UCA no
Paraná. (DIRENE, et.al, 2012:3). A mobilidade é oportunizada pelos laptops
disponibilizados a todos os alunos e professores das escolas nas quais se desenvolve o
projeto piloto UCA no Paraná. No trinômio professor-aluno-conteúdo, consideramos os
professores e alunos pertencentes a esses estabelecimentos de ensino e o conteúdo
remete aos conteúdos presentes no currículo de cada uma das escolas.
Um aspecto importante que deve ser considerado ao se organizar uma atividade
que vise aprendizagens, utilizando tecnologias móveis sem fio, como os laptops
disponibilizados aos alunos e professores das escolas UCA, é que devemos partir do
pressuposto de que os alunos, professores e conteúdos estão continuamente em
movimento. Este movimento no caso de professores e alunos é físico, é temporal, é
mental. Físico já que os movimentos se estabelecem para além da sala de aula,
temporal, pois a aprendizagem ocorre para além dos tempos da escola e mental como o
que podemos constatar a partir da teoria de reorganização do pensamento de
Tikhomirov:
... tenho dado especial atenção em mostrar como o computador muda
a estrutura da atividade intelectual humana. A memória, o
armazenamento da informação e suas buscas (ou reproduções) são
reorganizadas. A comunicação se transforma, pois a comunicação
humana com o computador, especialmente na qual as linguagens
similares às linguagens naturais são (re)criadas, efetivando-se uma
nova forma de comunicação. (TIKHOMIROV, 1981:13 – tradução
livre)
Os conteúdos também se movem no contexto da mobililidade tecnológico-
educacional, uma vez que não precisam mais estar organizados de forma linear em
livros, manuais, como que em sequências didáticas, pois o digital oportuniza a
organização rizomática4 e hipertextual dos conteúdos que agora se encontram
disponibilizados nas nuvens, ou seja documentos e ferramentas antes guardados no
computador podem ser acessados em qualquer máquina ou dispositivo móvel pois, não
ficam mais disponibilizados num computador fixo mas em discos virtuais que podem
ser acessados pela rede interna e/ou pela internet.
Visto que aprendemos ao longo do tempo, revisitando o conhecimento que foi
adquirido anteriormente em contextos diferentes, e, mais amplamente, através de ideias
e estratégias em uma vida de aprendizagens, com o uso de tecnologias móveis sem fio,
como laptop, celular, smartphone, entre outros, movemo-nos de tema a tema no
gerenciamento de projetos pessoais que levam a aprendizagens. (SHARPLES et al.,
2005; SHARPLES, 2003).
Mas quando versamos sobre conteúdos escolares, quais movimentos de
aprendizagem, utilizando dispositivos móveis, podem ser organizados a partir de um
currículo?
Com a mobilidade podemos compreender que as aprendizagens podem ocorrer
em diferentes contextos, para além dos da escola, pois as aprendizagens podem ser
gerenciadas através de transições da vida considerando que as novas tecnologias podem
ser projetadas para suportar uma sociedade na qual as pessoas estão em movimento cada
vez mais tentando agregar a aprendizagem nos interstícios da vida cotidiana.
(SHARPLES et al., 2005:2)
Sopesando a aprendizagem com mobilidade numa perspectiva dialógica
apresentada por Graziola, destacamos algumas possibilidades implícitas no uso de
tecnologias móveis sem fio (TMSF) que são:
Possibilitar a criação de ambientes que possibilitem ao sujeito
aprendiz continuar a aprender, mesmo estando fora da
instituição/lugar formal de ensino e/ou seja, em contexto de
mobilidade.
Haver um planejamento aberto, flexível, isto é, uma dinâmica que se adapte e respeite fundamentalmente o contexto dos sujeitos
envolvidos nesse processo, pois ao usarem as TMSF, dentro da sua
prática cotidiana, estes ficam limitados ao espaço de trabalho diário
(físico) e à questão “tempo”.
Possibilitar espaços de reflexão, por meio do saber construído (as
aprendizagens) do sujeito, no plano individual, e por meio da
interação e do diálogo com os colegas e o professor-orientador, no
plano coletivo, além da reflexão desses sujeitos da influencia dessas
TMSF nas suas práticas diárias, para desse modo, revisarem e
reconfigurarem suas práticas. [...] (GRAZIOLA,2009:8).
É neste contexto, da mobilidade tecnológico-educacional que permite a
organização de atividades de aprendizagem nas/pelas quais professores e alunos
movem-se física, temporal e mentalmente e onde os conteúdos escolares, também em
movimento, se estabelecem de forma hipertextual e rizomática é que se sugere a
produção e o uso de WebQuests com vistas a coincidência entre tecnologias e currículo.
2.1 WebQuests na e para a educação
A busca por grandes tesouros, nos romances medievais, tem como personagens, um
cavalheiro acompanhado de outros cavalheiros que partem para cumprir uma tarefa
prescrita. A busca pelo conhecimento, utilizando recursos da internet, por meio de
WebQuests, parte desse mesmo princípio, já que Quest, em inglês significa busca.
(ADELL, 2004 in BARROS, 2009).
Com a intenção de encontrar um meio para ensinar educadores a
usarem bem a internet e com o objetivo de ensinar sobre o software
‘Archeotype’, que não estava instalado no laboratório, Dodge, em
1995, em um ato criativo advindo da necessidade, desenvolve o
modelo de WQ estabelecido como metodologia de pesquisa pensada e
utilizada por meio de recursos digitais disponíveis na internet.
(BARROS,2009:39)
A WebQuest foi pensada para o uso na educação, diferente de recursos que são
utilizados para fins educacionas mas que não surgiram com este intuito, como: blogs
criados inicialmente para registros jornalísticos e pessoais; as wikis utilizadas para
escrita colaborativa de linhas de comando para programas e tradução de softwares por
comunidades de software livre; o Orkut e Facebok que são sites de relacionamento e
que podem vir a se constituir como redes sociais; e os PodCasts que são programas de
rádio ou vídeo pensados inicialmente como uma forma de libertação da “mídia”
radiofônica e hoje, utilizados em algumas iniciativas como ferramentas de comunicação
e aprendizagem. (BARROS,2009:7 e 8)
A metodologia WebQuest é desenvolvida, nesse e para outros contextos, com
foco na aprendizagem. Nela, segundo Dodge (1998), na medida em que os educandos
aprendem a partir da interação com o meio e/ou objeto, eles entendem suas experiências
de aprendizagem – metacognição.
Sendo assim, a metodologia WQ, é permeada pelo princípio da ‘cognição sócio-
cultural’ na qual a comunicação é essencial para a construção do conhecimento.
Contudo, devido à popularidade e o aumento do uso da metodologia WQ, Rebecca
Fieldler, pesquisadora a Universidade Central da Flórida, realiza uma análise crítica das
WQs a luz de teorias da aprendizagem, a autora afirma, no que se refere à perspectiva
de Vygotsky, com ênfase especial a ‘Zona de Desenvolvimento Proximal’, tal qual
registramos em tradução livre:
A interação face a face se adapta como mais uma estratégia no trabalho com
a metodologia WebQuest, pela qual os estudantes fornecem auxilio uns aos outros com o intuito de cumprir a tarefa. Nessa ação interativa os estudantes
devem trocar recursos e oferecer soluções. A responsabilidade individual é
essencial porque os aprendizes-principiantes trabalham para terminar tarefas.
Cada um é responsável pelo termino de tarefas individuais e pelo domínio do
material apresentado. No pequeno-grupo as habilidades interpessoais são
desenvolvidas quando os estudantes aprendem a trabalhar uns com os outros.
Instruções fundamentadas que auxiliem no desenvolvimento de habilidades
de assistência ao outro, de momentos de reflexão ou de consenso incentivam
os principiantes a examinarem as soluções por perspectivas múltiplas.
Finalmente, a auto-avaliação do grupo permite que os membros do grupo,
junto com seus professores, monitorem o progresso e a realização individual. (FIEDLER, 2002. p.10)
A partir de novos olhares e leituras sobre os problemas, os educandos que
interagem socialmente, na resolução das tarefas apresentadas nas WQs, podem por meio
da linguagem discutir e analisar questões por múltiplas perspectivas para construir
possíveis soluções para os problemas.
Pautados em Fiedler (2002) e Dodge (1998), na intenção de esclarecer a base
Vygotskyana intrínseca na metodologia de WQ discorrida anteriormente, organizamos a
tabela a seguir.
Tabela 1 - Vygotsky e a relação com a WebQuest
Princípios da base
teórica Ação nas WebQuests Resultados esperados
Interação social
Atividades realizadas em grupos
considerando a interação entre
educando, educador, educandos e
comunidade escolar, numa
perspectiva de interação mútua.
Ações colaborativas/trabalho
colaborativo para a resolução do
problema
Organização compartilhada de
informações
Cognição sócio-
cultural
Promoção da reflexão com base na
experiência anterior dos educandos
e sobre a experiência de outros
educandos e educadores por meio
de tarefas autênticas.
Tarefas contextualizadas, partindo
de temas geradores e/ou
preferencialmente de problemas
reais do meio onde estão inseridos.
Reflexão e tentativa de resolução de
problemas da comunidade local.
Aprendizagm a partir do contexto
sociocultural com base na reflexão.
Linguagem
Linguagem instrumento de
mediação para a construção do
conhecimento.
Resultados, pesquisas e
encaminhamentos discutidos e
divulgados. Por exemplo,
apresentação dos resultados finais,
por blogs, podcasts, teatro, folders,
etc.
Construção do
conhecimento
Resolução da situação problema
lançada ou construída inicialmente
em articulação com o conhecimento
cientificamente construído e
elaborado.
Construção do conhecimento.
Compreensão individual das tarefas
apresentadas.
Desenvolvimento da autorregulação
(consciência).
Outras leituras da realidade.
ZDP
Realização de atividades em
colaboração
Salto qualitativo referente a
aprendizagem na interação com o
educador ou um colega que possa
auxiliar em atividades que os
educandos não conseguem realizar
sozinhos.
Fonte: (BARROS, 2009:52 e 53).
Assim sendo, no contexto da mobilidade tecnológico-educacional apreciando o
trinômio professor-aluno-conteúdo, a WebQuest pode se constituir uma forma de
organização de atividades para aprendizagem a partir do currículo ou parte dele.
Sopesamos também, que por meio das WebQuests produzidas pelos professores os
alunos poderão continuar aprendendo conteúdos curriculares em movimentos
colaborativos de estudo e pesquisa em diferentes espaços e tempos utilizando recursos
da internet através de tecnologias móveis sem fio.
2.2 O modelo da formação de professores do projeto piloto UCA Paraná
A formação dos professores das escolas do projeto piloto UCA no Paraná ocorre de
forma semipresencial. Os conteúdos norteadores para a formação foram organizados e
demandados pela coordenação central do projeto no MEC.
Os momentos presenciais são organizados nas escolas, nas quais, tanto as equipes
dos Núcleos de Tecnologia Educacional, municipais e estadual, dão apoio técnico-
pedagógico, quanto a equipe de formação da Universidade Federal do Paraná - UFPR
atua no apoio e formação para o uso dos recursos tecnológicos disponibilizados nas
escolas.
Para realização dos momentos a distância faz-se uso de ambiente sócio-
interacionista configurado e hospedado pela UFPR, o Moodle, que permite o estudo e
discussão entre a equipe de formação da UFPR e os professores das escolas do projeto
piloto UCA no Paraná. O uso deste ambiente procura oportunizar, a partir do diálogo, o
redimensionamento, quando necessário, das estratégias de ensino dos professores
participantes.
O Grupo de formação da UFPR, organizou, para além dos conteúdos norteadores
propostos pelo MEC, conteúdos complementares que buscam, entre outros aspectos,
aprimorar os métodos pedagógicos existentes nas escolas do projeto piloto UCA do
Paraná por meio da proposta de dinâmicas alternativas de sala de aula (e fora dela) onde
o professor estimula o aluno a se comunicar remotamente para resolver problemas de
forma cooperativa e competitiva usando jogos intelectivos e softwares educacionais da
web 2.0.
Para tanto já foram organizados conteúdos e oficinas referentes a
compartilhamento e disponibilização de conteúdos nas nuvens (oficina 01), jogos
intelectivos na educação (oficina 02) e de busca, comunicação, compartilhamento e
aprendizagem na WEB (oficina 03).
Segue-se lista breve dos conteúdos abordados em cada uma das oficinas, como
pode ser verificado com mais detalhes em < http://uca.c3sl.ufpr.br/ >:
Oficina 01: Perspectivas sobre Representação (face figurativa e operativa;
representação intuitiva; lógica das representações) e Mobilidade (aspectos
metacognitivos; sensibilidade ao contexto; perspectiva de mobilidade na
educação), Google Docs, e KLogo.
Oficina 02: Brincadeiras, Jogos Infantis, GCOMPRIS, Tipos de Jogos
(vários exemplos online), Conteúdos Digitais Multimídia
(CONDIGITAL), A construção do Pensamento Formal; Ambiente Virtual
Xadrez Livre; Projeto Apoio Computacional ao Ensino de Xadrez nas
Escolas (UFPR).
Oficina 03: Busca na Web, Paradigma semiótico de busca(verbal, visual,
sonoro), Busca em Bancos e Repositórios de Conteúdos Educacionais
(BIOE, Portal do Professor, Portal Dia a dia Educação, Bibliotecas
Virtuais de Instituições Públicas e/ou de Ensino Superior), O que
buscar?O que é pesquisar?, PhpWebQuest Brasil, Produção e análise de
WebQuests
2.3 Sobre o método
Similar ao apresentado em (DIRENE, et.al., 2012:6-9), para analisar os movimentos
específicos da Oficina 03, foco de análise desta investigação, utilizaremos metodologias
desenvolvidas na UFPR pelos Grupos de Pesquisa do CNPq intitulados C3SL, STI e
GEPETE.
Apresentam-se a seguir os principais passos metodológicos propostos resumidos
em sete itens: (1) formação do grupo experimental de sujeitos; (2) formação do grupo
secundário de sujeitos; (3) decisão conjunta sobre a escolha e produção das WebQuests;
(4) formação para aplicação das WebQuests; (5) implantação das WebQuest nas
disciplinas; (6) monitoramento e avaliação; (7) promoção de efeito multiplicador.
2.3.1 Formação do grupo experimental de sujeitos
Inicialmente, deve ser formado um grupo principal de sujeitos (professores) que ficarão
em contato intenso com a equipe de pesquisadores do projeto. Ele será considerado o
grupo experimental, para o qual as consultas, decisões e observações serão formalizadas
com maior frequência. Uma boa métrica é compor o grupo experimental com 4 (quatro)
professores de escolas. Ou seja, em 4 (quatro) escolas de cidades diferentes.
Depois de formados, os componentes do grupo experimental devem ser instruídos e
monitorados durante todo o período de execução do projeto. Cada um dos quatro
professores deve ser de uma disciplina diferente e de séries diferentes do ensino
fundamental e médio.
Salientamos que, na ocasião de escrita deste artigo – agosto de 2012 –, nos
encontramos neste momento da investigação.
2.3.2 Formação do grupo secundário de sujeitos
Com a acomodação rotineira das atividades do grupo experimental, será possível criar e
monitorar apenas automaticamente um grupo secundário de sujeitos (professores).
Eventualmente (e idealmente), esse grupo secundário será composto por todos os
professores de uma mesma escola. Isto é possível, pois os responsáveis pelo projeto já
devem ter acesso a bases de dados de um ambiente virtual contendo um cadastro
completo para servir como base de comparação.
É importante ressaltar que, tal como os demais professores de todas as escolas
públicas brasileiras possuem acesso computacional em rede, em princípio, será possível
disseminar amplamente os métodos e ferramentas de software utilizadas inicialmente
pelo grupo experimental. Esse efeito multiplicador tem seus detalhes explicados mais à
frente no item 2.2.7. Assume-se aqui que a adequação dos métodos e ferramentas aqui
propostos será decidida pela própria comunidade escolar, por meio da implantação
gradual das WebQuests como estratégia para se tratar os conteúdos curriculares.
2.3.3 Decisão conjunta sobre a escolha e produção das WebQuests
O grupo experimental é o ponto principal de contato da equipe de pesquisadores com a
comunidade escolar. De 1995 até hoje, 2012, muitas WebQuests foram desenvolvidas e
estão disponibilizadas na internet. A ideia é apresentar formalmente ao grupo
experimental uma coleção de WebQuest disponíveis no WebQuest Brasil <
http://www.webquestbrasil.org/ > e realizar a escolha das mais adequadas e ou a produção
como uma decisão conjunta de pesquisa. Tal decisão se justifica, pois as WebQuests
estão classificadas a partir das diversas áreas do conhecimento escolar e abordam
diretamente conteúdos disciplinares.
2.3.4 Formação para a aplicação das WebQuests
A formação contemplará os seguintes conteúdos: busca na Web, paradigma semiótico
de busca(verbal, visual, sonoro), busca em Bancos e Repositórios de Conteúdos
Educacionais (BIOE, Portal do Professor, Portal Dia a dia Educação, Bibliotecas
Virtuais de Instituições Públicas e/ou de Ensino Superior), O que buscar?O que é
pesquisar?, PhpWebQuest Brasil e produção e análise de WebQuests. A metodologia
de curso aqui proposta baseia-se em exposições dialogadas, discussões reflexivas entre
os participantes sobre assuntos abordados e a prática contextualizada em rede
eletrônica. Os recursos didáticos incluem textos, vídeos, áudios, tutoriais on-line e uso
de ferramentas para interação como: MOODLE, Skype, Gtalk, email e afins.
2.3.5 Implantação gradual das WebQuests nas disciplinas
Para que já se induza de maneira informal a ideia do efeito multiplicador o mais cedo
possível, espera-se que os professores com contatos mais próximos do grupo
experimental se motivem a usar WebQuest de forma complementar em suas disciplinas
compartilhando as produções com professores das mesmas áreas, disciplinas e níveis e
entre escolas.
A implantação gradual das WebQuests deverá ocorrer no ciclo de pouco mais de
um ano para permitir que professores e alunos de uma escola tenham tempo de se
apropriar da metodologia. Em parte, o responsável pelo tempo de um ano de
implantação está no fato de ainda haver gargalos formados por canais restritos da
internet como a banda típica de 1 a 2 MBPS que é completamente absorvida por poucas
dezenas de acessos simultâneos dentro de uma escola, quando há a necessidade de
conectar centenas de pessoas. Enquanto isso não se resolve, várias soluções de conexão
por meio de Rede Mesh podem ajudar a contornar as limitações de banda que existem
hoje nas escolas.
2.3.6 Monitoramento e avaliação
O grande potencial dos métodos e ferramentas aqui propostos está na possibilidade de
realização da avaliação formativa. Por meio das WebQuests produzidas para uso direto
em conteúdos curriculares, é possível acompanhar passo a passo, em parte
automaticamente, a evolução do desempenho dos professores e alunos com a inserção
de ferramentas de comentários e registros.
2.3.7 Promoção de efeito multiplicador
Após a fase mais minuciosa de estudo com o grupo experimental, deve ser possível
multiplicar os métodos para uma população maior de professores das escolas. Além da
expansão informal que se espera do contato entre professores e alunos do grupo
experimental durante a implantação gradual das WebQuests nas disciplinas, deve ser
prevista uma fase de disseminação formal e ordenada da metodologia aplicada ao
projeto para as escolas participantes.
Os Núcleos de Tecnologia Educacional, tanto os estaduais como os municipais, que
já atendem as escolas públicas que pertencem ao sistema PROINFO Integrado do MEC,
poderão ser forte apoios na implantação e monitoramento de um número crescente de
interessados dentro do escopo de escolas compromissadas com o projeto.
3 CONSIDERAÇÕES
Sendo a WebQuest uma metodologia com etapas pré-determinadas os objetivos de
aprendizagem deverão ser traçados detalhadamente respeitando o que vislumbra-se em
cada etapa da WebQuest, seja para encaminhamentos presenciais ou a distância, bem
como deverá, também se considerar a pré-disposição do aluno para a aprendizagem.
(BARROS, 2009:101).
A WebQuest é uma metodologia de pesquisa que utiliza, preferencialmente,
recursos da internet, mas não dispensa a presença do professor que é, geralmente, autor.
Na escrita de todas as etapas da metodologia WebQuest, o professor-autor deve primar
pela escrita atenta, clara e organizada de cada passo. Por ser um recurso disponibilizado
na internet deverá atentar que esta produção poderá ser acessada, analisada e utilizada
por outros professores e alunos.
Para efetivação da análise desta investigação considerando o trinômio professor-
aluno-conteúdo, lembramos que, estaremos pautados no conceito de mobilidade
tecnológico-educacional que vem sendo construído por este grupo de pesquisa com
vistas a concretização de coincidência entre tecnologias e currículo. Considerando que
as possibilidades de interação e pesquisa, utilizando recursos da internet nas
WebQuests, são inúmeras, tantas quanto o professor-autor conseguir articular/coincidir
com as relações de sua disciplina, enfim, com o currículo.
NOTAS
1 Retas paralelas não tem nenhum ponto em comum, mas se encontram no infinito; retas
concorrentes têm direções diferentes e um único ponto em comum; retas transversais ou
oblíquas formam um ângulo diferente de 90º entre si; retas perpendiculares formam um
ângulo igual a 90º graus entre si e as retas coincidentes que possuem todos os pontos em
comum.
2 As retas convergentes caminham para mesma direção tendendo a se encontrar num
ponto comum já as divergentes partem de um ponto comum, mas tomam direções
diferentes.
3 Duas retas se cruzam quando se interceptam em um ponto comum, mas seguem em
direções distintas e quando se bifurcam se distanciam em direções distintas a partir de
um ponto comum.
4 Segundo Deleuze e Guattari, “...o rizoma se refere a um mapa que deve ser produzido,
construído, sempre desmontável, conectável, reversível, modificável, com múltiplas
entradas e saídas, com suas linhas de fuga. São os decalques que é preciso referir aos
mapas, não o inverso.” (DELEUZE & GUATTARI, 1995:32).
4 REFERÊNCIAS
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se cruzam ou se bifurcam? VII Colóquio sobre Questões Curriculares. Braga:
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DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix (1995). Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia.
v.1. Rio de Janeiro: Editora 34.
DIRENE, A.; KUTZKE, A., MARCZAL, D., BARROS, G. C.; BAZZO, G.; et.al.
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VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins
e Fontes, 2001.
AGRADECIMENTOS
Ao Programa Nacional de Tecnologia Educacional - PROINFO do MEC que com
recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, assim como ao
Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais -
REUNI que com recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - CAPES financiam as atividades de pesquisa dos autores.