A MORTE – Visão Médica - Escola de...
Transcript of A MORTE – Visão Médica - Escola de...
13/03/2017
1
A MORTE – Visão Médica
As representações da morte sofrem alterações significativas no tempo e espaço, nas várias culturas e religiões, podendo ser observado no decorrer da história da humanidade.
Dra. Rosane T. Gonçalves
A morte do ser humano é um fenômeno único, que ocorre gradualmente
• O Que significa estar morto ? Deixamos de existir?
A morte éUm evento?Um processo?Uma transição?
Pode ser apresentada em diferentes contextos:médico, legalsocial‐antropologicoreligioso‐espiritual sobrenatural‐mistico
13/03/2017
2
História• Pré‐História
• Mitologia – Gregos: Tanathos – irmão de Hipnos
• Até Idade Média –
A Morte fazendo parte constante do ciclo da vida.
• Renascimento ‐ séculos XV ‐ Final da Idade Média
Transformações em Arte, cultura, social, economia, política, religiãoFilosofiaCiência
Antropocentrismo ‐ "o Homem no centro das atenções".
A morte deixa de ser “familiar”, “doméstica” e passa a ser um “tabu", algo no qual o homem pós‐moderno tenta fugir, a fim de não lidar com ela, colocando‐a para longe:
Morto deixa de morrer em casa
Sai de casa o velório
Enterro em cemitério
13/03/2017
3
História da Medicina Ocidental ‐ Séc. XVIIO Homem muda e a medicina também muda!
A Ciência evolui – medicina acompanha.
Estudo da Anatomia: medicina Bio-médicaVisão analítica-mecanicista do corpo, acompanha a Biologia
Célula:Microscópio: Células Corpo Humano - mais conhecido
Medicina: Século XX DNA - base científica - Medicina Molecular/Genética
Evolução tecnológica
• Medições ‐ análisesEstetoscópioEsfignomanômetro........etc....
Mecânica, Elétrica e Eletrônica na Medicina
RadiologiaCirurgiaAnestesiaUTIsOutros
13/03/2017
4
VIDA-MORTE
• O que é a VIDA? Questão não esclarecida
• Até então, identificamos onde está, mas não sabemos o que é.
• Então o que é a MORTE?
Tecnologias e detecção da VIDA
13/03/2017
5
Fase Crescimento‐desenvolvimento
Fase ReprodutivaSenescência ou Senilidade
NascimentoMorte
FASES DA VIDA
Tempo de VIDA – tudo tem tempo desta Vida
• Tempo Máximo de Vida das Espécies (em anos)
• Homem ..........................................................122
• Cão (Canis familiaris).........................................34
• Gato (Felis catus)................................................28
• Camundongo (Mus musculus)...........................3,5
13/03/2017
6
Como tudo no Meio Ambiente, também
SOMOS FINITOS.
TEMOS UM TEMPO
DE VIDA
O envelhecimento
Processo biológico complexo e contínuo que se caracteriza por alterações
celulares e moleculares, com diminuição progressiva da capacidade de
homeostase até a morte celular.
13/03/2017
7
Teorias do Envelhecimento
• Biológica:Uso‐desgasteProteínas alteradasMutações somáticas
Radicais livres• Sistêmicas
Taxa de Metabolismo
Envelhecimento mitocondrial• Genética
ApoptoseFagocitose
• Neuro‐endócrina• Imunológica
Perda da Homeostase
Senescência celular
Fibroblastos em cultivo
Feto humano: param após 50 duplicações.
Indivíduo de 40 anos: param após 40 duplicações
Indivíduo de 80 anos: cessam após 30 duplicações
Perdas progressivas e irreversíveis das funções celulares:
Graduais ‐ humanos
Repentinas e dramáticas: salmão, que morre após a desova.
13/03/2017
8
Perda da Homeostase
• Composição corporal Estado nutricional
• Metabolismo Hidro‐eletrolítico
• Imunologia• Termo‐regulação• Sensorial• Estruturas da voz/motricidade • Pele – anexos• Sistema endócrino• Cardiovascular• Respiratório• Gênito‐urinário• Osteo‐muscular• Sistema nervoso
Mitocondria
• Oxigênio‐ o grande salto (pulinhos de elétrons) da evolução!!
O metabolismo anaeróbico da glicose produz apenas 47 Kcal de energia por mole de glicose, enquanto que o metabolismo aeróbico gera 673 Kcal por mole de glicose.
13/03/2017
9
Morte – mecanismos fisiológicos
Parada circulatória Parada cardíaca
secundária
Hipoxemia celular
Parada cardíaca
Parada respiratória
Parada encefálica
Interrompe impulso
respiratório
Suporte de tecnologias ‐ UTI
Interrupção as seqüência fisiológicas de varias formas:
Suporte respiratório – ventilação mecânica
Suporte hemodinâmico – drogas inotrópicas e vasoativas
Suporte metabólico – endovenoso e digestivo
‐ para rins, fígado, pâncreas, supra‐renal, imunológico, sanguíneo, hormonal.
13/03/2017
10
• 1950 – Bjorn Ibsen – Dinamarca
Inventou o respirador artificial.
• Até 1950 – Morte era claramente delineada por permanente parada dos batimentos cardíacos e da respiração, dando a diferença entre estar vivo e perder a vida.
• 1959 – Mollaret e Goulon –medicos franceses:
Primeiros a descrever a “morte encefalica”
• 1967‐ Primeiro transplante cardíaco humano
• 1968: Guideline do Comitê da Escola Médica de Harvard –Critérios de Harvard para morte encefálica – por Henry Beecker – anestesia e bioética:
Sobre transplantes‐
Ele escreveu que a “doação de órgão de quem está inconsciente permanente seria benéfico”.
Desta maneira iniciamos a era dos transplantes, salvando milhares de vidas antes impossível e melhorando a qualidade de vida de outros milhares.
Rim, fígado, coração, pulmão, córnea, pele, etc.
13/03/2017
11
Suporte mais avançado
• Circulação extracorpórea –oxigenação por membrana e corações artificiais.
Sempre com o objetivo de manter as funções vitais preservadas:
Para:
• dar tempo ao tratamento (clinico/cirúrgico)• transplante de órgãos.
ASSIM, MUDA O CONCEITO ATÉ ENTÃO, ONDE PARADA COMPLETA DO CORAÇÃO E RESPIRAÇÃO NÃO É MORTE, DESDE QUE SEJAM MANTIDOS O
ESTADO CIRCULATORIO DE OXIGENAÇÃO.
13/03/2017
12
Morte Encefálica
Único órgão que não pode ser mantido através de tecnologias ou pode ser substituído por transplante.
O atendimento em UTI não substitui nenhuma função cerebral por tecnologias.
Encefalo
13/03/2017
13
Critérios de ME – Gold Standart pela A.A.N.
1. Demonstração de COMA profundo e irreversível
2. Evidencias para a causa do coma
3. Ausência de fatores de confusão incluindo: hipotermia (abaixo 32C), hipotensão não controlada,drogas, distúrbio eletrolítico, distúrbios endócrinos.
4. Ausência de todos os reflexos do tronco encefálico
5. Apnéia
6. Ausência de resposta motora
7. Repetir o exame em 6hs – variável
8. Testes confirmatórios ‐ variável
Importante salientar:
• A Morte Encefálica, segundo os critérios médicos estabelecidos, é diagnóstico de morte, pela medicina atualmente, pois não há reversão do quadro –
Nenhum paciente em morte encefálica voltou ao estado prévio ou recuperou suas funções
cerebrais; a falência de todos os outros órgãos acontecerá após o diagnostico de morte
encefálica, variando somente o tempo em que isso ocorrerá.
13/03/2017
14
Com a Morte Encefálica (ME) alguns questionamento estão surgindo:
O comando da homeostase não é do S.N.C, ou seja, a
“ME não desfaz a unidade integrativa somática e a função de coordenação biológica do organismo vivo”
– novos rumos em direção ao Modelo Organizador Biológico
As tecnologias não são capazes de identificar o momento preciso da morte.
A morte baseada em critérios encefálicos exclui aspectos relevantes antropológicos, psicológicos, culturais, religiosos.
A Morte Atualmente
• A maioria das pessoas não morrerão em Morte Encefálica.
• Continuaremos morrendo de Parada Cárdio‐Respiratória.
• A medicina hoje tem começado a se preocupar com a Morte e maior dignidade para com ela.
• O homem sapiens necessita entender que é finito como tudo o que existe e conviver com sua finitude, mesmo se entendendo espírito imortal, pois:
MORRER É DIFERENTE DE DESENCARNAR!
MORRER É UM PROCESSO DO HOMEM (SAPIENS)
DESENCARNAR É UM PROCESSO DO ESPÍRITO