A motivação

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PROFESSOR CARLOS MARQUES 1 A MOTIVAÇÃO Motivar é predispor, é interessar as pessoas na realização das acções necessárias ao alcance dos objectivos. Todo o comportamento humano assenta numa motivação. Porém, e difícil estabelecer uma teoria que explique cabalmente os factores da motivação, pois o comportamento humano e uma variável altamente imprevisível e em constante mutação. As principais teorias que procuram explicar as motivações humanas são: - a teoria da motivação humana (ou hierarquia das necessidades) de Abrahan H. Maslow; - a teoria dos dois factores de Frederick Herzberg; - a teoria X e o teoria Y de Douglas McGregor. < TEORIA DA MOTIVAÇÃO HUMANA Maslow apresenta uma teoria da motivação segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas segundo uma hierarquia de urgência, ou seja, a manifestação de uma necessidade surge após a satisfação das de nível mais baixo. Na base estão as necessidades primárias e no topo as de nível mais elevado, beleza e auto-realização. O que torna esta teoria tão importante, não é exactamente a lista das necessidades, mas a sua ordenação de acordo com o seu poder para motivar o comportamento. Assim, as necessidades primárias, integrando as necessidades fisiológicas e de segurança, monopolizam a consciência individual enquanto não satisfeitas, perdendo o seu poder de motivar logo que satisfeitas.

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A MOTIVAÇÃO

Motivar é predispor, é interessar as pessoas na realização das acções necessárias

ao alcance dos objectivos.

Todo o comportamento humano assenta numa motivação. Porém, e difícil estabelecer

uma teoria que explique cabalmente os factores da motivação, pois o comportamento

humano e uma variável altamente imprevisível e em constante mutação.

As principais teorias que procuram explicar as motivações humanas são:

- a teoria da motivação humana (ou hierarquia das necessidades) de Abrahan H.

Maslow;

- a teoria dos dois factores de Frederick Herzberg;

- a teoria X e o teoria Y de Douglas McGregor. <

TEORIA DA MOTIVAÇÃO HUMANA

Maslow apresenta uma teoria da motivação segundo a qual as necessidades

humanas estão organizadas segundo uma hierarquia de urgência, ou seja, a manifestação

de uma necessidade surge após a satisfação das de nível mais baixo. Na base estão as

necessidades primárias e no topo as de nível mais elevado, beleza e auto-realização.

O que torna esta teoria tão importante, não é exactamente a lista das

necessidades, mas a sua ordenação de acordo com o seu poder para motivar o

comportamento. Assim, as necessidades primárias, integrando as necessidades

fisiológicas e de segurança, monopolizam a consciência individual enquanto não

satisfeitas, perdendo o seu poder de motivar logo que satisfeitas.

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Pontos principais

As pessoas são motivadas por 5 tipos de necessidades:

Fisiológicas

Segurança

Afecto

Estima

Auto-realizacão

As necessidades estariam, então, distribuídas numa pirâmide:

Resumindo:

A teoria de Maslow que coloca as necessidades da natureza humana de uma

forma hierárquica mas interdependente, leva-nos à conhecida representação

da Pirâmide das Necessidades.

E necessário satisfazer as necessidades primárias para que se possa sentir o

efeito da força motivadora que levará à satisfação das necessidades

seguintes.

Como exemplo pode dizer-se que alguém com problemas de existência

material, não tem, seguramente, “necessidade” para questões de realização

pessoal.

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Leitura da pirâmide:

Necessidades secundárias:

- Auto-realização - reconhecimento do talento individual;

- Estima - respeito, amor, prestígio, status...;

- Afectivas - amizade, relações de pertença... .

Necessidades primárias:

- Segurança - Protecção...;

- Fisiológicas - Alimentação, ar, conforto, higiene... .

Esta teoria assenta no princípio que só quando uma necessidade estiver

satisfeita, é que se tem motivação para a necessidade seguinte.

A conclusão mais importante a retirar desta teoria é que se o director desejar

motivar os seus subordinados, uma das soluções será a de possibilitar a satisfação das

necessidades não satisfeitas.

TEORIA DOS DOIS FACTORES

Segundo esta teoria, os trabalhadores são motivados não apenas pelas condições

do ambiente em que trabalham e pelo seu salário, mas também pelo próprio trabalho

que realizam. O trabalho deixa de ser considerado como uma actividade desagradável,

mas imprescindível, entendendo-se que ele pode ser em si mesmo um factor de

motivação.

Não e pelo facto de a empresa pagar elevados salários e assegurar boas

condições de trabalho aos seus empregados, que estes produzem com elevado

entusiasmo e motivação. O entusiasmo provém do próprio tipo de trabalho que o

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trabalhador realiza. Por isso, Herzberg considera que os factores tradicionalmente

utilizados como motivação (salários, benefícios sociais, relacionamento entre chefes e

seus trabalhadores, entre outros) são limitados no sua capacidade de influenciar o

comportamento dos trabalhadores, propondo-se aumentar a motivação através do

enriquecimento das tarefas, da delegação de autoridade, da maior responsabilidade e da

atribuição de objectivos mais ambiciosos e de tarefas mais ousadas.

Note-se que também Maslow coloca no topo da pirâmide das necessidades o trabalho e

a oportunidade de auto-realização que ele pode proporcionar. Nos níveis inferiores pode

motivar pela segurança e pelo salário.

Resumindo:

Os factores que motivam são os factores que satisfazem o ser humano:

realização;

reconhecimento;

o próprio trabalho;

a responsabilidade;

a progressão;

o crescimento.

O director necessita manter um ambiente de trabalho tão livre quanto possível

de más orientações, más condições de trabalho e de pagamentos injustos.

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Teoria X e Y de McGregor

A teoria X baseia-se numa concepção tradicional que considera o homem um

agente passivo, preguiçoso de emoções irracionais e incontroláveis, oferecendo grande

resistência à mudança, cuja motivação assenta apenas em incentivos económicos. Daí

que os dirigentes devam ter uma atitude activa, motivando os trabalhadores, controlando

as suas acções e modificando os seus comportamentos.

Sem esta intervenção activa as pessoas mostrar-se-iam indiferentes aos

interesses da empresa ou mesmo oferecer-lhes-iam resistência. Assim, a teoria X baseia-

se na motivação através da esperança da satisfação das necessidades fisiológicas e de

segurança, satisfações que podem ser dadas ou negadas pela administração utilizando

como motivadores recompensas, promessas, incentivos ou ameaças. Porém, esta teoria

deixa de funcionar uma vez que o homem alcance um nível satisfatório de subsistência e

esteja motivado pela satisfação de necessidades de nível mais elevado.

Ora, a moderna sociedade proporciona um adequada satisfação das necessidades

fisiológicas e de segurança da maior parte dos trabalhadores, deixando as necessidades

humanas, nas quais a teoria se baseava, de serem motivações de comportamento.

Direcção e controlo são absolutamente inúteis para a motivação de pessoas cujas

necessidades importantes são sociais e egoístas. Estas pessoas, privadas de satisfazerem

no trabalho as necessidades que são importantes para elas, tendem o comportar-se com

indolência, passividade, resistência às mudanças, irresponsabilidade e outros

comportamentos desajustados.

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Esta constatação levou McGregor a contrapor uma outra teoria que designou por

teoria Y. Segundo esta, o homem é um ser activo, com motivações básicos e potencial

para o desenvolvimento de padrões de comportamento adequados para assumir

responsabilidades. Assim, à administração compete criar oportunidades, encorajar o

crescimento e proporcionar orientação. A principal diferença entre as duas teorias é que,

enquanto o Teoria X se baseia exclusivamente no controlo externo do comportamento

humano, Teoria Y baseia-se fundamentalmente no auto-controlo e na auto-direcção.

McGregor considera como factores de motivação:

- descentralização e delegação que libertam as pessoas do excessivo controlo,

permitindo-lhes liberdade para realizarem as suas tarefas, assumirem responsabilidades

e satisfazerem as suas necessidades egoístas de afirmação;

- ampliação do cargo e da significação do trabalho que, para além de proporcionarem

oportunidades de satisfação das suas necessidades sociais e egoístas, permitem a

inovação e encorajam a aceitação de responsabilidades;

- participação e administração consultiva que é uma forma de encorajar as pessoas a

dirigirem as suas energias criativas em direcção a objectivos da empresa, permitindo-

lhes alguma participação nas decisões que as afectam;

- auto-avaliação do desempenho que, por um lodo, torna o papel do director mais

simpático e, por outro, encoraja o trabalhador a responsabilizar-se na planificação das

suas actividades e a avaliar a contribuição da sua própria actuação para os objectivos da

empresa.