A Música Como Recurso Pedagógico No Contexto Da Educação Especial

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  • 7/24/2019 A Msica Como Recurso Pedaggico No Contexto Da Educao Especial

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    TONELLO1, Francieli ReginaFERREIRA2, Gleison Miguel Lissemerki

    1 Acadmica do Curso de Educao Fsica da Faculdade de Ensino Superior de So Miguel do Iguau PR.2 Mestre em Educao Fsica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005)Coordenador/Profes-

    sor do Curso de Educao Fsica da Faculdade de Ensino Superior de So Miguel do Iguau PR.

    A msica como recurso pedaggico nocontexto da educao especial

    TONELLO, Francieli Regina1

    FERREIRA, Gleison Miguel Lissemerki2

    Resumo

    O objetivo desta pesquisa foi analisar como a msica trabalhada na modalidade de Educao Especial,saber com que periodicidade isso ocorre e salientar a importncia da msica no desenvolvimento dosalunos que se envolvem com a mesma. Pode-se dizer que o homem sempre manteve uma ligao diretacom a msica e ela pode ser um meio pedaggico para o alcance de muitos objetivos, da mesma forma quepossibilita uma gama de estmulos vindos do trabalho exclusivo com esta arte. A escola de qualquer mo-dalidade sempre est em busca de novos meios para que seus alunos se sintam integrantes de um sistemaimportantssimo para sua vida e a msica vem ao encontro desta busca por estimular aspectos cognitivos,motores e sociais. Esta pesquisa de carter descritivo e qualitativo e utilizou-se de um questionrio comquestes pertinentes ao estudo, validado pelos professores da Uniguau/Faesi e aplicado a 12 professoresque atuam na Educao Especial. Pode-se perceber, depois dos resultados tabulados na sua totalidade, queos nmeros obtidos representam positivamente o que a literatura considera adequado. 58% dos docentes

    questionados afirmaram que pedagogicamente o uso da msica muito bom. Conclui-se assim, que amsica um timo artifcio para facilitar o processo de desenvolvimento dos alunos.

    Palavras-chave: Msica. Educao Especial. Recurso Pedaggico.

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    RevistaGfyra, So Miguel do Iguau, v. 1, n. 1, jan./jun. 2012.

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    Introduo

    Como pode ser visto diante das prticas diriasdos docentes, a educao em qualquer modalidadede ensino sempre est em busca de novos instru-

    mentos que facilitem o seu processo e por consequ-ncia atinjam de forma mais satisfatria os seus ob-

    jetivos principais, dentre eles: desenvolver cidadoscrticos, conscientes de seus atos, bem como propor-cionar o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo.

    Alm das comuns ferramentas disposio dodocente, a busca por estmulos visuais e sonorosvem crescendo por decorrncia, tambm, do avan-o da mdia, embasada no pressuposto de que aeducao tem que ser um reflexo mais apurado darealidade social de cada educando.

    Segundo Basso e Marques (2009, p.8),

    as mudanas polticas, econmicas e culturaisque ocorrem na sociedade, atualmente, e o grandevolume de informaes esto se refletindo no ensi-no, exigindo, desta forma, que a escola seja um am-biente estimulante, que possibilite criana adqui-rir o conhecimento de maneira mais motivada emmovimentos de parceria, de trocas de experincias,de afetividade, do ato de aprender a desenvolver opensamento crtico reflexivo.

    Assim, como descrito acima, a msica um doselementos que passam a fazer parte destes novosinstrumentos disposio do educador. Legalizadapelo Decreto de Lei n 11.769, a msica, agora, temseu ensino obrigatrio no ensino regular.

    A msica, segundo Jeandot (1997, p. 12) con-siderada uma linguagem universal, dividida emmuitos dialetos, pois cada cultura tem sua formade produz-la, tocar seus instrumentos e maneiraspeculiares de utiliz-la.

    Baseando-se nestas informaes sobre o uso

    msica, acredita-se que a mesma possa trazer be-nefcios para o aprendizado dos alunos. Quandoo enfoque passa a ser a educao de alunos comdeficincia, a msica pode ser tida como uma dasfontes mais ricas de possibilidades de trabalho.

    A Educao Especial visa, principalmente, darassistncia aqueles que tm necessidades educa-cionais especiais. Dentro de suas peculiaridades, aEducao Especial toma o carter da to almejadaEducao para Todos, salientando que, indepen-dentemente das diferenas, todos tem o direito de

    estudar e ter as melhores condies para isto.De uma forma mais crtica, as Diretrizes Curri-culares da Educao - DCE de Educao Especial

    (2006, p. 17) indicam que a Educao Especialsempre esteve ao alcance dos indivduos segrega-dos de uma sociedade com padres pr-estabele-cidos a respeito da normalidade humana, ou seja,para aqueles que estavam abaixo do esperado paraa considerada normalidade, restava apenas a Edu-cao Especial como busca da educao escolar.

    Atualmente estes paradigmas, aos poucos, estosendo quebrados. A Educao Especial cada diaexpande mais o seu espao, tanto em carter edu-cacional como social e os olhares respeitosos cons-tantemente se voltam a ela na tentativa de melhoraro sistema organizacional que move suas ideologias,para que, ao final, os alunos tenham um aprendiza-do consistente de forma geral.

    Objetivos

    Objetivo geral

    Investigar se a msica utilizada como recursodidtico no trabalho com alunos com deficinciamotora e suas implicaes nos seus processos dedesenvolvimento.

    Objetivos Especficos

    Compreender a singularidade da educaoespecial;

    Pesquisar os benefcios da msica quandoutilizada com alunos na educao especial,com de deficincia motora;

    Analisar como a msica explorada, enquan-to recurso pedaggico, na educao especialcom alunos com de deficincia motora;

    Verificar com que periodicidade a msica trabalhada com os alunos pertencentes ao

    grupo em estudo.

    Justificativa

    O estudo sobre a msica justifica-se pela atualnecessidade de utilizar a mesma como recurso pe-daggico, uma vez que ela uma manifestao quesempre esteve prxima vida humana.

    A msica, em suas inmeras formas, quan-do utilizada em sala de aula, desenvolve diferen-tes habilidades como o raciocnio e a criatividade,promove a autodisciplina e desperta a conscincia

    rtmica e esttica, alm de desenvolver a linguagemoral, a afetividade, a percepo corporal e tambmpromover a socializao.

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    Segundo Menezes (2010, p. 330), pelo corpomanifestamos alegria, dor, prazer, raiva, medo... Abusca pelo conhecimento, a troca de experincias,e a reflexo.

    No contexto, acima descrito, o estudo preten-de abordar como a msica pode trazer benefcios aalunos com de deficincia motora, se os professoresa utilizam e com que periodicidade isso ocorre.

    Como a Educao Especial na atualidade tem sedestacado, despertou-se o interesse em aprofundaros conhecimentos sobre esta modalidade de ensi-no e traduzir conhecimentos pertencentes ao sensocomum em conhecimento cientfico, uma vez queexperincias musicais, por si s, denotam mudan-as no indivduo, porm, para entender como issoacontece necessrio respaldo cientfico.

    No contexto educacional, ter estudos que aju-dem a reforar ou acabar com antigos mitos muitoimportante, pois o conhecimento no para de evo-luir e imprescindvel que isto seja usado em prolda educao. Os professores, sendo agentes da edu-cao escolar, quando se deparam com estudos quevem de encontro aos seus anseios, so beneficiados.Este trabalho tem, ento, a inteno de ser utilizadocomo forma de informao verdica e se prope aservir como subsdio aos interessados no assunto.

    Referencial terico

    Educao especial

    Atravs de pesquisas bibliogrficas na rea,percebeu-se que a Educao Especial passou porum estado de estagnao, vivido por muitas pocasno passado, onde os deficientes eram tratados oracomo pessoas normais, quando conseguiam de-sempenhar funes sociais adequadas para o quelhes era exigido, ora eram encarados como castigos

    divinos sendo assim rejeitados, torturados e mui-tas vezes mortos.

    Carregada pela evoluo dos estudos cien-tficos e ticos, a Educao Especial passou pormudanas ao final do sculo XIX, quando foramcriadas as primeiras instituies pblicas para oatendimento de pessoas com deficincia no Brasil.Eram elas: O Imperial Instituto dos Meninos Ce-gos e o Instituto da Educao dos Surdos (GAIO eMENEGHETTI 2004, p. 21).

    No entanto, isso no assegurou que todos tives-

    sem efetivamente contato com a educao, uma vezque, por inmeros motivos, as leis no apoiavamclaramente esta iniciativa, deixando muitas brechas

    para o seu descumprimento e muitos sem o atendi-mento necessrio. Isso s pode ser visto anos maistarde, quando outras leis mais contundentes entra-ram em vigor.

    A Constituio Federal e a Lei de Diretrizes eBases da Educao Nacional asseguram, explicita-mente, a educao para todos, no havendo discri-minao. A LDB 9394/96 prev:

    Art. 59. Os sistemas de ensino asseguraro aoseducandos com necessidades especiais:

    I - currculos, mtodos, tcnicas, recursos edu-cativos e organizao especficos, para aten-der s suas necessidades;

    II - terminalidade especfica para aqueles queno puderem atingir o nvel exigido para aconcluso do ensino fundamental, em vir-tude de suas deficincias, e acelerao paraconcluir em menor tempo o programa esco-lar para os superdotados;

    III - professores com especializao adequada emnvel mdio ou superior, para atendimen-to especializado, bem como professores doensino regular capacitados para a integraodesses educandos nas classes comuns;

    IV - educao especial para o trabalho, visandoa sua efetiva integrao na vida em socieda-

    de, inclusive condies adequadas para osque no revelarem capacidade de inserono trabalho competitivo, mediante articula-o com os rgos oficiais afins, bem comopara aqueles que apresentam uma habilida-de superior nas reas artstica, intelectualou psicomotora;

    V - acesso igualitrio aos benefcios dos progra-mas sociais suplementares disponveis parao respectivo nvel do ensino regular.

    Atualmente outros importantes documentos en-traram em vigor, dentre eles o Decreto N 7.611,de 17 de Novembro de 2011 que estabelece, quedentre outras coisas reza agarantia de um sistemaeducacional inclusivo em todos os nveis, sem dis-criminao e com base na igualdade de oportunida-des, do mesmo modo que a Educao Especial devegarantir os servios de apoio especializado voltadoa eliminar as barreiras que possam obstruir o pro-cesso de escolarizao de estudantes com deficin-cia, transtornos globais do desenvolvimento e altas

    habilidades ou superdotao.H ento, uma importante preocupao no ofe-recimento de uma educao de qualidade para os

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    alunos com necessidades especiais, sem que paraisso eles sejam tratados de forma segregada, longedo resto da comunidade educacional. Para tanto, osdecretos e leis vem estreitando a distncia que se

    revelou no decorrer dos anos entre a Educao Es-pecial e o Ensino Regular.Uma tentativa de amenizar essa distncia o que

    tenta a Deliberao n 02/10 CEE/PR, aprovada,em 12/11/10, pois em seus artigos autoriza a altera-o de denominao de Escolas Especiais para Es-colas Bsicas na modalidade de Educao Especial,oferecendo todas as etapas e modalidades da educa-o, em conformidade com a lei.

    Dessa forma, a Educao Especial tende a se aper-feioar e tornar seu ensino cada vez mais relevante,

    trabalhando com novas perspectivas e dando a seusalunos novas oportunidades. visvel que a Educa-o Especial caminha em busca de sua legitimao.

    Instituies de educao especial

    A Educao Especial, nesse tempo de regulamen-tao legal, passou a ser ofertada em instituies es-pecializadas nesta modalidade. Criam-se ento, entreoutras instituies filantrpicas, a Sociedade Pesta-lozzi e as APAES, visando o atendimento de pessoascom Necessidades Educacionais Especiais, ofertan-

    do-lhes estudo, assistncia, educao e integraosocial3bem como, se organizar na busca dos direitosdas pessoas com deficincia representando-as em or-ganismo nacionais e internacionais para que melho-rias sejam feitas nesta prestao de servio4.

    Msica: apanhado histrico

    Por mais difcil que seja defin-la, o homemsempre manteve relaes estreitas com a msica. Osom s propagado atravs da movimentao departculas no ar, apenas nessas condies. Logo,deduz-se que o som passou a existir quando houvecondies para a vida no planeta. No entanto no sesabe quando estes sons se organizaram em forma demsica, ou se realmente ocorreu desta forma siste-matizada - no sendo os dois uma coisa s - apenassabe-se que isso ocorreu h muito tempo.

    Segundo Fonterrada (2003, p. 18) na Grcia an-tiga, acreditava-se que a msica era capaz de inter-ferir no humor dos cidados, por isso no deveriaser deixada apenas nas mos dos artistas. Em Espar-

    ta, acreditava-se que a msica ajudava na formaodo carter e de cidadania, dando aos jovens o sensode ordem, dignidade e obedincia s leis.

    Pode-se dizer que a msica tinha funes que

    superavam apenas sua prtica, ela geralmente erautilizada como meio para o desenvolvimento de v-rios aspectos considerados importantes na poca esociedade que viviam. Geralmente esta prtica eraincentivada pelos lderes da comunidade que que-riam o seu povo mais bem preparado para conviverharmoniosamente em sociedade.

    Na Idade Mdia, o que se viu foi a associao damsica com os ritos de louvor a Deus, j que nestapoca o cristianismo crescia na sociedade.

    No incio do sculo XX, com a chegada das tec-nologias, ainda que robustas, a msica comeoucada vez mais a atingir qualquer um. Com as trans-misses radiofnicas e a ocorrncia frequente defestivais juntamente com o incio dos registros pormeio de gravaes de compactos (disco de vinil ini-cialmente), a msica e os jovens tinham mais a dizer.Em um momento da histria, em que a insatisfaoera comum, principalmente os jovens, comearam adar ritmo e harmonia a seus pensamentos. E assim,a msica comeou uma escala sem precedentes paraa popularidade. (SANTINI 2005, p. 16).

    No final do sculo XX e incio do sculo atual, a

    msica e o mundo virtual se encontram e tornam-seum dependente do outro. Os computadores e a in-ternet mudaram a forma de produzir, trocar e ouvirmsica. Com poucos recursos possvel produzire reproduzir as msicas dentro de um espao ondeno h fronteiras nem limite de tempo. A msicapassa a ser disseminada intensamente pelos seusadmiradores (SANTINI 2005, p. 17).

    A msica como recurso pedaggico

    Vrias questes passam pelos pensamentos dodocente na elaborao de um plano de aula queobjetiva utilizar a msica. A maneira pela qual ocontedo exposto aos educandos pode, de certaforma, aproximar ou distanciar o mesmo do conhe-cimento proposto.

    A msica, neste contexto, pode ser utilizadacomo uma ponte que motiva professor e aluno. Gaioe Meneghetti (2004, p. 98) refletem que na sala deaula que o aluno revela suas facetas, mostrando seusmonstros internos ou sua genialidade at ento des-

    3 www.pestalozzibrasil.org.br

    4 www.apaebrasil.org.br

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    conhecida. nesse espao que o sujeito obrigadoa conviver com outros sujeitos, tendo eles pensa-mentos diferentes dos seus. O aluno traz para salade aula atitudes normais do seu cotidiano, no con-

    seguindo deixar de lado a sua bagagem histrica.A msica pode revelar como o indivduo v asociedade em que vive e a partir da anlise dasletras e da expresso corporal que o aluno pode de-monstrar a viso que tem do mundo e dos valoreshumanos. No somente isso, a msica pode ser oponto de partida para a busca de inmeras infor-maes e valorizao da cultura de um povo.

    Benefcios da msica quando trabalhada

    no contexto escolar

    Preparar os alunos para que possam desempe-nhar funes motoras e cognitivas, bem como re-lacionar-se bem com o meio social pode ser umatarefa difcil de se executar, quando no se colocaisto como objetivo principal. As ferramentas de tra-balho caem para os docentes como artifcios facili-tadores deste processo.

    A msica no somente uma simples ferramenta.Alm de ser de fcil acesso, ela no necessita, necessa-riamente, de mais nada alm de alunos e professores.O som, uma vez produzido, tanto por instrumentoseltricos ou pelo corpo como assobios e palmas, podetransportar o aluno para um mundo de aprendizadoamplo em que a intensidade deste processo varia deacordo com as diferenas individuais.

    Partindo do que Weigel (1988, p. 10) entende pe-los componentes formadores da msica, destaca-se:

    a) Som: so vibraes plausveis a audioque esto sequenciadas em um intervalo detempo regular;

    b) Ritmo: o tempo de ressonncia dos sons,podendo ser eles longos ou curtos;c) Melodia: o sequenciado rtmico que foi

    ordenado adequadamente;d) Harmonia: o que combina os sons simulta-

    neamente de forma harmoniosa e meldica.

    Tem-se assim, um ponto de partida para a com-preenso do quo a msica pode ser eficaz na edu-cao para qualquer aluno e principalmente paraos deficientes fsicos. Na escola, principalmente

    nos primeiros anos escolares, as crianas passam adesenvolver seus aspectos cognitivos, motores, lin-gusticos e psicomotores.

    O desenvolvimento psicomotor ocorre com oapoio da msica, uma vez que o ritmo uma se-quncia que gera movimentos, tais movimentosrefletem numa bagagem psicomotora rica, j que omovimento tudo na vida de qualquer pessoas eto mais importante na vida de uma criana, poissem ele a criana enfraqueceria fsica e mentalmen-te. (WEIGEL 1988, p. 14)

    Para alunos com deficincia motora, o mesmopressuposto aplicado, pois eles apresentam algu-mas dificuldades que no os impede de realizar asatividades, apenas necessitam de mais tempo. oritmo que ordena os movimentos e os estimula.

    Segundo Sekeff (2007 p. 144)

    Deficientes motores tambm encontram aqui um

    estimulo significativo por excelncia, na medida emque o sistema motor o primeiro a se desenvolverno feto. Como a atividade motora precede a senso-rial, natural que a musica( ritmo musical) seja to-mada como um estimulo (motor) que vem de dentropara fora e no de fora para dentro, desempenhandoassim forte ao sobre o indivduo.

    Percebe-se que a fala est voltada apenas ao rit-mo, no levando em conta coreografias e danas quepoderiam tornar o desenvolvimento mais complexo.

    Do mesmo modo, a msica contribui para oaperfeioamento da questo cognitiva e lingusticados envolvidos. em decorrncia da convivnciacom o meio externo que a inteligncia formada,dependendo muito de estmulos recebidos, desta-cando que quanto mais estmulos melhor, afirmaainda Weigel (1988, p. 13). Com as informaesobtidas os sujeitos so obrigados a criticar, mesmoque internamente, para analisar o que vlido, to-mando assim carter de cognitividade.

    Com os diversos estmulos que as experinciasmusicais proporcionam o desenvolvimento intelec-

    tual um caminho seguro. to seguro quanto odesenvolvimento lingustico, j que a msica can-tada tem como principal componente o som daspalavras, que devem ser pronunciadas de formacorreta, respeitando sua lngua de origem. Gera-seassim um conhecimento gramatical da lngua en-volvida, o que por sua vez desenvolve a linguagemoral, importante na comunicao das pessoas.

    Outro ponto de destaque sobre os benefciosacerca da utilizao da msica o desenvolvimentosocial/afetivo. As crianas, at a fase adulta, esto

    desenvolvendo sua identidade, passando pela auto--aceitao e auto-estima, tudo isso formado no con-vvio com os outros. Weigel (1988, p. 15) assegura

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    que o trabalho com a msica pode proporcionaressa integrao social, j que as atividades geral-mente so coletivas e o trabalho em grupo produzcompreenso, cooperao e participao. O desen-volvimento afetivo ocorre pois h um sensao deprazer que possibilita expresso dos sentimentosperante os outros, acarretando uma sensao de se-gurana. Ao expressar os seus sentimentos ocorreo desenvolvimento da sensao de auto-realizao.

    Metodologia de pesquisa

    Caracterizao da pesquisa

    A pesquisa toma caracterstica descritiva quali-tativa por ter como premissa buscar esclarecer e/ouenfatizar conhecimentos que auxiliem as prticasdocentes. A pesquisa descritiva d opo ao pesqui-sador de observar, registrar e analisar os resultadosencontrados por meio de instrumentos validadosque no interfiram de nenhuma forma na prticadiria dos observados. Os resultados so analisadosde forma minuciosa e completa para que assim umaconcluso possa ser tirada.

    Segundo Pdua (2004) foi por meio de mtodosque a cincia se props a construir um conhecimentosistemtico e seguro da natureza, com base no pres-

    suposto de que se poderia compreender o univer-so por intermdio do mundo. Esse reconhecimentopassa a incluir no horizonte do conhecimento aspec-tos antes no levados em conta pela cincia clssicapor no serem passveis de mensurao, quantifica-o. Assim o emergente paradigma da complexidadeprope que no processo do conhecimento se leveem considerao o contexto, a existncia, a afetivi-dade, os desejos, os sofrimentos, os sujeitos em suasmltiplas relaes-, a solidariedade e a tica para quepossamos desenvolver uma viso mais abrangente.

    Populao e amostra

    O presente estudo selecionou uma instituioespecializada na modalidade de Educao Especialcom corpo docente composto por 12 professores.

    Instrumento

    O instrumento utilizado para o alcance dos ob-jetivos propostos pela pesquisa foi a aplicao deum questionrio. Este questionrio foi elaborado

    com questes pertinentes s respostas buscadasneste estudo, passando por anlise e validao deprofessores da Uniguau/Faesi.

    Procedimento de coleta de dados

    O termo de consentimento foi entregue tanto escola quanto aos professores, no intuito de esclare-cimento e permisso para a utilizao dos dados na

    pesquisa. Todos os professores aceitaram colaborarcom o estudo. Feito isso, o questionrio foi entregue acada docente, que deveria respond-lo nos momentosseguintes, sob minha presena, para que, se surgissemdvidas, as mesmas fossem esclarecidas na hora. Oquestionrio contava apenas com questes objetivas.

    O questionrio foi utilizado nica e exclusiva-mente para esta pesquisa, sendo de responsabilida-de minha e de meu professor orientador tabular eanalisar os resultados obtidos.

    Apresentao e discusso dosresultados

    Pode-se perceber inicialmente que os professo-res integrados Educao Especial tinham, na suagrande maioria, muito anos de experincia na rea,com a devida formao docente. O grfico 1 repre-senta o percentual da utilizao da msica comoum recurso pedaggico.

    Grfico 1:percentual da utilizao da msicacomo recurso pedaggico

    67%

    33%

    U=liza Com Frequncia

    Raramente U=liza

    Diante deste grfico, fica claro que a msica utilizada com frequncia por mais de 50% dos do-centes questionados, como recurso de trabalho.

    A opo nunca no foi escolhida por nenhumquestionado e pode se deduzir, ento, que a msicafaz parte do planejamento e que sua utilizao temum objetivo previamente estabelecido.

    Grfico 2: percentual dafinalidade do uso da msica

    25%

    23%18%

    23%

    7%

    4%

    Recreao

    Datas comemora=vas

    Mtodo de trabalho

    Relaxamento

    Sem finalidade especfica

    U=liza em todas as

    situaes sugeridas

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    Neste aspecto pode-se perceber que, a cada 4professores, 1 utiliza a msica como recreao, que entendida por AWAD (2010, p. 22) como umamaneira de proporcionar aos alunos momentos debrincadeira e prazer, a passo que com planejamen-to o professor pode transmitir conhecimentos e in-formaes importantes para o desenvolvimento eaperfeioamento de habilidades dos alunos.

    A msica se insere neste mbito quando utiliza-da para orientao principal da atividade proposta,

    juntamente com coreografias e gestos marcados asatividades ampliam seu grau de importncia.

    Analisando o grfico que segue, nota-se que talafirmao relevante, uma vez que as msicas in-fantis e folclricas so as mais usadas e conside-rando que estas so, basicamente, compostas por

    coreografias, tem-se base de quo importante ficaesta atividade.

    O grfico 3 mostra o percentual dos estilos mu-sicais utilizados durante as atividades.

    Grfico 3:percentual dos estilosde msicas utilizados

    37%

    30%

    11%

    22%

    Msicas Infan=s

    Folclricas

    Clssica

    Outros es=los musicais

    A msica utilizada pela maioria dos docentesremete a momentos de felicidade se analisadas asescolhas feitas por eles. CONRADO (2006, p. 24)cita a msica como forma de conhecimento, poisas msicas so carregadas de elementos histricose de pensamentos que o compositor tinha na suapoca. Isso grandioso se levado para dentro da sala

    de aula, uma vez que a cultura de uma regio deveser cultivada e conhecida por todos, principalmentepor aqueles que compem esta determinada regio.

    Outro ponto que no deve ser esquecido queos alunos se interessam principalmente pelas coi-sas que refletem o seu cotidiano. Quando 22% dosprofessores afirmam que utilizam outros estilos demsica, isso reflete que a seleo de msicas am-pla e diversificada, dando aos alunos oportunida-des de reverenciar sua cultura antepassada, da mes-ma forma que oportuniza a reverncia e discusso

    da sua atual cultura.Diante desta mescla de opes nos estilos tra-balhados, dificilmente algum aluno no se interes-

    se pelo proposto. Sekeff (2007, p. 106) afirma issoquando enfatiza que a msica tima motivadora docomportamento, por justamente proporcionar in-meras formas de apresentao e de utilizao, atin-

    gindo uma gama muito grande de pessoas que difi-cilmente no tero suas satisfaes pessoais sanadas.

    Grfico 4:percentual das formas de exposio damsica aos alunos

    42%

    58%

    U=lizam formas

    alterna=vas

    U=lizam apenas midia

    port=l (CD`s)

    Neste quarto grfico, pode-se perceber o quantoos professores no se arriscam em produzir com osalunos as suas prprias msicas. Isso no necessa-riamente pode ser justificado pela falta de conhe-cimento no manuseio de um instrumento musical,

    j que possvel construir de materiais reciclveisos prprios instrumentos ou at mesmo utilizar-sede sons do corpo ou dos materiais que a escola jpossui, pois como foi visto, a msica surge de sonsritmados harmoniosamente, no sendo produzidosexclusivamente em estdios de gravao.

    No tocante criao dos prprios instrumentosJEANDOT (1997, p. 30) salienta que os instrumen-tos construdos por quem ir utiliz-los desperta odesejo de explorar ainda mais o objeto, na busca denovas sonoridades e experincias, que muitas vezesos instrumentos prontos no proporcionam.

    Independente de como a msica apresentadaaos alunos, os professores a consideram um timorecurso didtico. Pode-se perceber isso no prximogrfico onde todos os docentes pesquisados assina-

    laram as alternativas bom e muito bom, quan-do questionados sobre a importncia pedaggicada msica, no havendo dvidas sobre a eficinciadesta ferramenta.

    Grfico 1:perspectiva dos professores em relao utilizao da msica

    58%

    42% Afirmam que

    pedagogicamente muito

    bom

    Afirmam quepedagogicamente bom

  • 7/24/2019 A Msica Como Recurso Pedaggico No Contexto Da Educao Especial

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    RevistaGfyra, So Miguel do Iguau, v. 1, n. 1, jan./jun. 2012.

    TONELLO, Francieli Regina; FERREIRA, Gleison Miguel Lissemerki.A msica como recurso pedaggico no contexto da educao especial.

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    Grfico 2:percentual de como os professorestrabalham com a msica

    8%15%

    77%

    O Profesor comanda e os

    alunos reproduzem

    Os alunos criam

    Por momentos o

    Professor comanda e por

    outros os alunos criam

    Quanto ao sexto grfico a alternativa com 77%de aderncia vem de encontro com o que literatu-ra descreve. Weigel (1988, p. 21) traz que na artemusical o professor deve posicionar-se como facili-tador da aprendizagem, proporcionando inmeras

    atividades musicais, sem exigir que os alunos apre-sentem resultados imediatos.

    Weigel (1988, p. 21) afirma ainda que o pro-fessor deve aproveitar-se dos momentos e do climaque a turma cria; ora passando algo novo, ora fa-vorecendo os interesses dos alunos de forma queisto possa ser utilizado de forma proveitosa na aulacomo um todo.

    Grfico 3:caractersticas apresentadas pelosalunos aps a utilizao da msica

    34%

    33%

    11%

    22%

    Os alunos ficam mais

    agitados

    Os alunos ficam mais

    par=cipa=vos

    Os alunos ficam mais

    concentrados

    Os alunos apresentam

    outras caracters=cas

    diferentes das sugeridas

    Neste grfico importante voltar-se para umdado em especfico, os 11% dos alunos que se de-monstram mais concentrados depois das atividadescom msicas podem ser relacionados aos 11% queo grfico 3 tambm apresenta representado pelosdocentes que utilizam msica clssica.

    Pesquisas cientficas apontam que sons dis-sonantes podem prejudicar a sade mental dosouvintes, do mesmo modo que msicas clssicasintensificam o estado de calma e promovem umasensao de bem-estar.

    A verificao de 34% dos alunos com mais dis-posio depois do trabalho com msica comprovao que SCHAKFER (1991, p. 295) conclui sobre a

    msica como um meio de transporte de um esta-do vegetativo para o do universo vibrante. Logoacredita-se que os alunos envolvidos provavelmen-te esto mais felizes e com mais energia do que em

    momentos antecedentes s atividades.Para que se possa compreender de forma maissatisfatria este ltimo grfico imprescindvellembrar que o rgo sensorial da audio capta ossons conduzindo-os aos centros nervosos, onde sotransformados em sensao e percepo que, corre-lacionadas, produzem as emoes. A emoo, bio-logicamente, provoca uma ao, ou seja, ela podeacalmar ou no um indivduo fsica ou mentalmen-te, dependendo da msica escutada.

    ConclusoO presente trabalho buscou analisar se a msica

    trabalhada na Educao Especial, para que assimfosse possvel destacar sua importncia no mbitoeducacional. Atravs dos resultados obtidos pode--se concluir que a msica tem um significativo es-pao nas aulas e que os docentes utilizam-se delapor saberem da sua importncia mesmo que issono se afaste de empirismo, ou seja, a msica podeestar sendo trabalhada, porm seus benefcios voalm dos esperados pelos professores.

    A msica, como visto anteriormente, pode serentendida como uma possibilidade de trabalhograndiosa por desenvolver principalmente aspectosfsicos e sociais, no dissociando-se os dois, logo, aquantidade de estmulos oferecidos aos alunos en-volvidos com as atividades muito abrangente e im-portante para o desenvolvimento geral dos mesmos.

    Os professores apresentaram diferentes formas deconduo de atividades e diversas finalidades para autilizao da msica e estilos musicais abordados, le-vando-nos a acreditar que vrios caminhos diferentes

    so usados para o alcance dos objetivos propostos,tornando cada atividade nica e imprevisvel.

    Enquanto recurso pedaggico isso benfico,pois mostra que os professores no esto estagna-dos, mas sim procurando artifcios para amenizar ousanar as dificuldades cotidianas que a sala de aulaimpe. Os grandes beneficiados so os alunos comdeficincia, que cedo ou tarde encontram-se comexperincias que podem melhorar sua qualidade devida por melhorar aspectos intrnsecos e extrnsecosque modificam a forma de interagir com os meios.

    Com tudo isso plausvel acreditar que a m-sica deve ser parte integrante dos currculos e sertrabalhada com frequncia em qualquer disciplina.

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    RevistaGfyra, So Miguel do Iguau, v. 1, n. 1, jan./jun. 2012.

    TONELLO, Francieli Regina; FERREIRA, Gleison Miguel Lissemerki.A msica como recurso pedaggico no contexto da educao especial.

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