A NANOTECNOLOGIA NA BUSCA DO TRATAMENTO DE DOENÇAS
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A NANOTECNOLOGIA NA BUSCA DO TRATAMENTO DE DOENÇAS
ATRAVÉS DA NANOMEDICINA
Tratamentos eficazes de saúde para as próximas décadas
Leonardo Bispo Pires1
Resumo
Estamos vivendo uma época de novas descobertas no campo da medicina e da tecnologia. A
nanomedicina é a aplicação da nanotecnologia na medicina. A unidade de trabalho tratada
aqui é o nanômetro que equivale à bilionésima parte do metro. Ou seja, os problemas de
saúde serão resolvidos no âmago da questão. No entanto, essa área não avança sozinha.
Depende de todo um conjunto de saberes interdisciplinares. Avanços na medicina, na
biologia molecular, na engenharia, na química supramolecular, dentre outras áreas que
atuam nestas descobertas. Visa-se construir estruturas inteligentes menores que células para
operar dentro do organismo humano realizando funções bem específicas e resolvendo
problemas de saúde comuns ao século XX. Pesquisadores obtiveram sucesso na fabricação
de nanodispositivos. E muitos testes vêm sendo realizados em animais de laboratório. O
resultado de tudo isso é uma ótima qualidade de vida para todos num futuro não muito
distante.
Palavras-chaves: nanomedicina, nanotecnologia, nanodispositivos.
Tema-central: Nanomedicina.
1 Graduando em Bacharelado Interdisciplinar em Saúde – Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos – IHAC, Rua Barão de Jeremoabo, s/n – Campus Universitário de Ondina – CEP: 40170-115, Universidade Federal da Bahia – Salvador/BA. E-mail: [email protected]
Abstract
We are living in an era of new discoveries in medicine and technology. Nanomedicine isthe
application of nanotechnology in medicine. The unit of work is treated here as a
nanometer is one-billionth of a meter. Namely, the health problems will be solved at the
heart of the matter. However, this area does not go alone. It depends on a whole
rangeof interdisciplinary knowledge. Advances in medicine, molecular biology, engineering,
supramolecular chemistry, among other areas that act on these findings. The aim
is tobuild smart structures smaller than cells to operate inside the human
body performingvery specific functions and solving health problems common to the
twentieth century. Researchers have succeeded in making nanodevices. And many tests have
beenconducted in laboratory animals. The result of all this is a great quality
of life foreveryone in a not too distant future.
Keywords: nanomedicine, nanotechnology, nanodevices.
Theme-central: Nanomedicine.
INTRODUÇÃO
O corpo humano é dotado de uma rede complexa de sistemas que agem interligados
para o perfeito funcionamento do corpo. Todo o organismo do homem está perfeitamente
organizado para atender a demanda de reações e interações químicas e físicas a nível
atômico, molecular e celular. Sem essa organização biológica os componentes celulares
flutuariam num meio aquoso, desencadeando reações indesejáveis e nocivas ao organismo.
Ou seja, a ausência dessas estruturas levaria o corpo a produzir efeitos desastrosos,
comprometendo a eficiência e produzindo interferências de todos os tipos. (TOMA, 2004)
Quando acontecem os problemas no organismo por causa desse desequilíbrio de
interações biológicas ou pelo mau funcionamento de algum órgão, muitas vezes a
introdução de substâncias ou algum tipo de intervenção se faz necessária e suficiente para
impedir ou interromper os processos. Poderíamos, por exemplo, chamar essas substâncias
de fármacos e essas intervenções de cirurgias.
Para tornar o assunto ainda mais compreensível, podemos citar a doença
‘hipotireoidismo’ como exemplo. O que causa esta doença? Entre outros fatores, pode ser
causada pelo uso de medicamentos que interferem na síntese e liberação dos hormônios da
tireóide. Para sanar este desequilíbrio é necessário introduzir no organismo da pessoa
doente doses calculadas de outros medicamentos.
Desta maneira, fica fácil entender que quando se quer fabricar medicamentos ou
criar outros meios profiláticos e terapêuticos, é preciso conhecer e compreender todo esse
sistema biológico do organismo humano.
É aí que surge a nanomedicina, afim de estudar as estruturas biológicas que possuem
funções essenciais ao funcionamento do organismo e criar dispositivos semelhantes para
melhorar o modo de vida das pessoas sanando os problemas de saúde. Nestas pesquisas,
médicos, cientistas, biólogos, químicos, físicos, engenheiros e tantos outros trabalham
juntos na busca de novos tratamentos de saúde. Tratamentos estes, mais eficazes e menos
dispendiosos.
A nanociência ou mais especificamente, a nanomedicina, busca formular
medicamentos com ações específicas em células danificadas, reduzindo os efeitos colaterais
que por muitas vezes obrigam pacientes a querer abandonar o tratamento de quimioterapia,
por exemplo. Além disso, ajuda a promover procedimentos mais precisos e mais eficazes.
Tudo isso só depende da velocidade dos avanços da tecnologia e dos estudos na área
da biologia molecular. Porém, vários passos já foram tomados e para provar os avanços da
nanomedicina, só em abril de 2006, 130 medicamentos que utilizam a nanotecnologia
estavam sendo produzidos.
Existe pouquíssima informação disponível em português e isso dificulta a pesquisa de
estudantes brasileiros. Sem falar no pouco tempo dos estudos. A nanotecnologia é uma
ciência recente e a nanomedicina ainda mais.
METODOLOGIA
Este artigo é a síntese de uma pesquisa realizada através da leitura de textos
científicos em páginas da internet e em alguns livros específicos. Fora consultada todo tipo
de informação, as fontes são desde artigos científicos a revistas de informação cultural e
matérias em blogs e sites informais.
Procurou-se um ponto em comum entre essas fontes, ou seja, a nanomedicina e
validou a veracidade destes dados comparando os estudos realizados por indivíduos e
equipes diferentes.
NANOTECNOLOGIA
Nanotecnologia é uma área nova da ciência que tem o objetivo de manipular átomos
e moléculas a fim de criar estruturas nanométricas. (CARLES, HERMOSILLA, 2007) Quando
falamos em nanômetros estamos falando na bilionésima parte do metro. (Ver tabela 01).
Tabela 01 – Escala m-nm
Metro Nanômetro Potência
1 0,00000001m 10-9m
Essa é uma medida muito especial porque é a partir daí que os dispositivos criados
pelo homem começam a se equiparar as máquinas biológicas naturais do organismo (DNA,
RNA, ribossomo, hemácia, proteína, etc). Logo, estando no mesmo patamar, realizar
trabalhos fica muito mais fácil e os resultados muito mais eficazes.
Um evento ocorrido em 29 de dezembro de 1959, durante o Encontro Anual da
Sociedade Americana de Física no Instituto de Tecnologia da Califórnia, marca o início dos
estudos em Nanotecnologia. O físico norte-americano Richard Feynman, foi o responsável
por isso ao proferir a palestra: “There’s plenty of room at the bottom’, o que quer dizer ‘Há
muito espaço lá em baixo’.
Porém, o termo ‘Nanotecnologia’ só fora utilizado pela primeira vez pelo professor
Norio Taniguchi, numa conferência intitulada “On the Basic Concept of Nanotechnology”.
Em 1974 na Faculdade de Ciências de Tóquio.
NANOMEDICINA
A nanomedicina é a junção da medicina com a nanotecnologia. E visa a cura, o
diagnóstico, a prevenção ou tratamento através de partículas, nanorobôs e outros
elementos a nível nanométrico.
A nanomedicina é uma área muita estudada hoje. Acredita-se que seja a área
promissora da medicina contemporânea. Porém, os avanços da nanomedicina dependem
dos avanços da nanotecnologia junto a ciência e a própria tecnologia que por sinal, nesta
área (nano) está muito imatura (nova).
A busca pela cura de doenças como o câncer e a AIDS movem as pesquisas nestes
meios. O Dr. Samuel Wickline, professor de medicina, física, e engenharia biomédica, disse:
“Há enormes possibilidades de se diagnosticar pequenos cânceres bem mais cedo do que
antes de tratá-los com medicamentos fortes, aplicados apenas no local do tumor. Ao mesmo
tempo reduziremos quaisquer efeitos colaterais.” (Despertai!, 2007)
Os avanços da biologia molecular e da nanorobótica contribuem para as descobertas
da nanomedicina que já tem sucesso em alguns casos, como os efeitos positivos de
nanopartículas e nanorobôs dentro do corpo humano.
Essas possibilidades de tratamento podem ser comparadas aos tratamentos atuais
que são feitos por fármacos, porém, mais eficazes e mais potentes. Contar com um sistema
de diagnóstico mais eficaz permite a capacidade de respostas mais rápido diante das
doenças. Além de aumentar o número de novos tratamentos, a nanomedicina permitirá um
controle diferente da saúde dos pacientes.
O corpo humano possui verdadeiras máquinas biológicas. A título de exemplos
podemos citar as hemácias, as proteínas, as moléculas de ATP (adenosina trifosfato), a
mitocôndria, o DNA (ácido desoxirribonucleico), entre várias outras. E a nanomedicina busca
criar robôs que sejam parecidos ou que exerçam basicamente o mesmo papel dessas
máquinas biológicas.
Os nanorobôs poderiam ser injetados no corpo humano através da via oral ou
intravenosa e poderiam identificar e destruir células cancerosas ou infectadas por vírus.
Poderiam também, regenerar tecidos e fazer uma infinidade de outras coisas que os
remédios atuais, não conseguem ou demoram a conseguir.
OS DISPOSITIVOS NANOMÉDICOS
Os nanorobôs criados pela nanotecnologia seriam capazes de gravar e relatar todos
os sinais vitais do organismo. Isso inclui temperatura, pressão, composição química e a
atividade do sistema imunológico. Tudo isso dentro do próprio corpo e em todas as partes
do corpo. Também estuda-se a possibilidade desses dispositivos entrar nas células e destruir
vírus e bactérias que estejam
causando problemas ao
organismo. (Ver Nanorobô –
Imagem 1).
O mais espantoso é que
esses dispositivos tão complexos
serão construídos com
componentes de cem
nanômetros no máximo. Isso é 25
vezes menor que o diâmetro de
um glóbulo vermelho. (Ver tabela
02). Por serem tão pequenos,
espera-se que os nanodispositivos consigam não só viajar através dos vasos sanguíneos, mas
viajar também através de minúsculos capilares, distribuindo oxigênio a tecidos anêmicos,
Nanorobô - Imagem
removendo obstruções de vasos e placas em células cerebrais. E uma das características
mais interessantes, é que esses nanodispositivos levarão 'remédios' se necessários, a células
específicas.
Tabela 02 – Medidas
Objeto/Estrutura Medida
A página que você está lendo 100.000nm
Fio de cabelo 80.000nm
Hemácia 2.500nm
Bactéria 1.000nm
Vírus 100nm
DNA 2,5nm
Os nanorobôs possuem biomotores, o que dispensa baterias artificiais e utilizam
energia do próprio corpo para manter-se em funcionamento. Isso diminui as possibilidades
de contaminação, como acontece com os portadores de marca-passos, visto que a bateria
utilizada por tais, são baterias químicas que recarregam-se com a temperatura do corpo,
privando os usuários de uma vida ‘normal’.
Um nanorobô simples, porém, muito interessante, é o nanoímã. Ele pode levar
drogas quimioterápicas até as células tumorais específicas sem comprometer as células
saudáveis. Isso é possível através da manipulação dos nanoimãs por um campo magnético
exterior ao corpo. Além dessa possibilidade, é possível fazer com que essas partículas
vibrem, dissipando calor nas células tumorais associadas provocando sua lise.
Existe uma matéria-prima chamada de ‘nanotubos’ que são estruturas utilizadas por
nanotecnólogos na fabricação, inclusive, dos nanorobôs. São filamentos ultrafinos,
compostos por átomos de carbono num encaixamento perfeito, mais resistentes que
diamantes e flexíveis como teias de aranha. (Ver Nanotubo de Carbono – Imagem 02) A
utilização de nanotubos permite a precisão de cirurgias e exames. Principalmente no campo
cirúrgico. São muitos os benefícios, a começar pela perda de sangue que seria
imensuravelmente menor. Estudos com hemácias revelam a possibilidade de utilização de
sangue sintético.
Pesquisadores no Japão conseguiram incorporar ferro-
porfirínico (grupo protéico associado com íon de ferro)
em albuminas. Albuminas são proteínas que transportam
moléculas e nutrientes no sangue. Essas proteínas
modificadas conseguem imitar a hemoglobina e são
utilizadas na fabricação deste sangue artificial. Isso reduz
o número de contaminações por HIV e hepatite, entre
outras doenças, através das transfusões 'sanguíneas'.
Os nanofármacos são criados com a propriedade de
vencer barreiras biológicas como a permeabilidade das
células e os remédios são entregues diretamente no local
desejado, característica chamada de ‘Drug Delivery’. Um
exemplo são os lipossomas, que possui uma estrutura
hidrossolúvel e lipossolúvel capaz de atravessar membranas celulares e depositar o
medicamento diretamente nas células alvo. No mercado já se encontra disponível alguns
medicamentos que fazem uso da nanomedicina. A Tabela 03 – Lipossomas no Mercado –
traz os exemplos.
Tabela 03 – Lipossomas no Mercado
Nanotubo de Carbono – Imagem 2
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Esses estudos nos permite visualizar a medicina do futuro. As doenças não serão
tratadas com medicamentos ou cirurgias e sim com reparos nos nossos próprios átomos.
Isso significa que dentre toda a história, os seres humanos atuais serão os mais saudáveis de
todos os tempos. Pois com os avanços da nanomedicina será possível a reorganização de
átomos e moléculas de todas as maneiras possíveis oferecidas pelas leis da física.
Hoje, alguns cientistas já estão sendo bem-sucedidos em aplicar a nanomedicina em
animais de laboratório.
Os benefícios gerados pela nanomedicina podem ser comparados as grandes
revoluções que foram surgindo em toda história da medicina. É bom citar que deveremos ter
cuidados especiais com esse tipo de ciência que expande-se ligeiramente neste século. Ao
mesmo tempo que nos desenvolvemos, damos passos largos para trás no quesito
‘sustentabilidade’.
Estas informações podem parecer banais e longe da realidade. Mas já está sendo
construído dispositivos nanométricos ou nanorobôs menores que células humanas dotadas
de chips inteligentes com capacidade de reconhecer defeitos mínimos e realizar reparos.
Estima-se que dentro da próxima década, a nanotecnologia esteja sendo usada no reparo e
na reorganização da estrutura molecular das células vivas.
REFERÊNCIAS
TOMA, Henrique E. As nanomáquinas biológicas. In: O mundo nanométrico: a dimensão do
novo século. São Paulo: Oficina de Textos, 2004. Cap. 02, p. 23-39.
CARLES, Mauricio. HERMOSILLA, Lígia. Revista Científica Eletrônica de Psicologia.
Nanomedicina: Médicos Microscópicos. Ano IV, Número 06, 2007. Disponível em:
< http://www.revista.inf.br/sistemas06/artigos/edic6anoIVfev2007-artigo02.pdf >
DESPERTAI!. O fim das doenças: Nanomedicina. São Paulo: Associação Torre de Vigia de
Bíblias, 2007, p. 4-9.
NANOTECHNOLOGY – Disponível em:
< http://en.wikipedia.org/wiki/Nanotechnology>
SANTOS, E. C. T. Nanotecnologia: Inovação Tecnológica Aplicada à Liberação Controlada de
Fármacos. Disponível em:
<http://www.slidefinder.net/n/nanotecnologia_inova%C3%A7%C3%A3o_tecnol
%C3%B3gica_aplicada_libera%C3%A7%C3%A3o/12215104>
IMAGENS E TABELAS
Nanorobô – Imagem 01 – Disponível em:
<http://1.bp.blogspot.com/_Gz6-ZtgU1Ac/TJdkWL6L9vI/AAAAAAAAAoQ/FBigchmcqlI
/s1600/gold-nanotech-2.jpg>
Nanotubo de Carbono – Imagem 02 – Disponível em:
<http://www.revista.inf.br/veterinaria10/revisao/edic-vi-n10-RL62.pdf>
Tabela 03 – Lipossomas no Mercado – Disponível em:
< http://www.ioc.fiocruz.br/peptideos2008/pdf/nanobiotecnologia.pdf>