A natureza da arte - frmaiorana.org.br · José Luiz Sá Pereira Presidente Roberta Maiorana ......

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BELÉM DOMINGO 11 DE OUTUBRO DE 2015 ESPECIAL A natureza da arte Arte Pará, ano 34, sob curadoria de Paulo Herkenhoff, integra experiências através das obras que se exibe para nós.

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BELÉMDOMINGO

11 DE OUTUBRODE 2015

ESPECIAL

A natureza da arte Arte Pará, ano 34, sob curadoria de

Paulo Herkenhoff, integra experiências através das obras que se exibe para nós.

BELÉM, DOMINGO, 11 DE OUTUBRO DE 2015 BELÉM, DOMINGO, 11 DE OUTUBRO DE 2015

Da exposição para a históriaO ano de 2015 representa um importante passo no processo evolutivo do Arte Pará e no atendimento dos valores e metas da Fundação Romulo Maiorana: ter a arte como foco central para a cidadania, mediar caminhos de oportunidades, a liberdade de ações e expressões e o respeito à diversidade. Nesses 34 anos, desenvolve competências no sentido de buscar qualidade em todos os segmentos do projeto.

Se fizermos um recuo na história e memória do Arte Pará, vamos lembrar que nas edições anteriores os artistas entregavam a obra física para avaliação do júri (pinturas, desenhos, esculturas, gravuras, fotografia entre outras categorias). Posterior, veio o portfólio impresso.

E logo depois, o portfólio online. Artistas de todo o país enviavam seus projetos e havia uma seleção geralmente formada por três júris convidados e mais o curador geral. Nessa edição, a equipe do Arte Pará baseada em constante diálogo com o curador geral Paulo Herkenhoff, decidiu mudar o formato. Convidou

três curadores para desenvolver o seguinte projeto:Armando Queiroz ficou responsável em convocar 20 artistas das regiões Norte e Centro Oeste. Bitu Casunde teve sua base na região Nordeste e Pablo Lafuente na região Sul e Sudeste.Assim, em Julho, os três curadores se reuniram no Rio de Janeiro juntamente

com o curador geral Paulo Herkenhoff e definiram a edição do Arte Pará 2015 com 16 artistas. A artista convidada é Anna Maria Maiolino. Sobre Maiolino Paulo Herkenhoff nos diz: “Anna é uma das figuras centrais da Arte Brasileira. É um privilégiopara o país teruma artista como ela, com uma densidade

psicológica ímpar e um discurso mais interiorizado que se constituino feminino. Não estamos falando só de uma arte brasileira, estamos diante de uma grande artista. Belém terá um momento privilegiado”.É uma reflexão sobre proximidades estéticas e divergências conceituais.

Papo Dez

ARTISTAS CONVIDADOS E SELECIONADOS

Anna Maria Maiolino

Ayrson Heráclito

Bárbara Wagner e

Carlos Mélo

Cristiano Lenhardt  

Daniel Lie     

Elza Lima

Fabiana Faleiros

Francisco Klinger Carvalho

Luiz Baltar

Luiz Braga

qUALQUER qUOLETIVO

Rafael RG

Romy Pocztaruk

Virgínia de Medeiros

Yuri Firmeza 

Wagner Barja

Papo DezO Arte Pará ao longo de seus

34 anos, desenha uma

trajetória de mudanças

estruturais em seu conceito,

fruto do diálogo entre

curadores, artistas,

produtores, pesquisadores,

educadores e gestores

da instituição.

O resultado se constitui de

uma retroalimentação com

deslocamentos e desafios em

seu processo vivo e contínuo,

que não atende uma ação

tradicional de salão

permanente e estável mas,

buscar artistas emergentes

no Brasil. Cada vez mais,

fortalece a premissa na

convocação do público para

interagir e fertilizar o terreno

para que, muitas gerações

depois, se cumpra com uma

revisão da função social

da arte. Os curadores

pedagógicos são os

embaixadores do grande

público e provocam maior

permanência e extensão

à ação educativa.

PresidenteLucidéa Batista Maiorana

Imagem de Luiz Baltar, na capa.

Presidente ExecutivoRomulo Maiorana Jr.

Diretor-Editor CorporativoRonaldo Maiorana

Diretora AdministrativaRosângela Maiorana Kzan

Diretora ComercialRosemary Maiorana

Diretor Industrial João Pojucam de Maraes Filho

Diretor Redator-Chefe Walmir Botelho D’Oliveira

Diretor de Novos NegóciosRibamar Gomes

Diretor de MarketingGuarany Júnior

DiretoresJosé Edson SalameJosé Luiz Sá Pereira

PresidenteRoberta MaioranaAssistente ExecutivaFabricia Sember

PATROCÍNIO:

APOIO CULTURALGoverno do Estado do Pará | Secretaria de Estado de Cultura | Secretaria de Obras Públicas | Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos do Município de Belém | Sistema Integradode Museus | O Liberal na Escola | Sol Informática

REALIZAÇÃO:

Paulo Herkenhoff,curador geral do arte pará

História e memória

Edição e Textos: Vânia LealEdição de Arte: Cauê MorenoFotos: Iwabuchi

End. Av. Romulo Maiorana, 2473Marco. CEP - 66093 - 000Tel.: 3216 - 1113

E-mail:[email protected]@globo.com

Fundação Romulo Maiorana

Benjamin de Búrca

Edição Arte Pará34ª

ESPECIAL

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Corpo, gênero e dança.Da África ao novo mundoSacudimento Faz que vai

Bárbara Wagner (Brasília, Brasil) e Benjamin de Burca (Munique, Alemanha) vivem entre Recife e Berlim. No Arte Pará apresentam o videoinstalação “Faz que vai” em que entrecruzam questões de corpo, gênero, com a dança típica do Nordeste brasileiro ao ressaltar quatro personagens [Tchanna, Bhunno, Ryan e Edson] que executam variados ritmos coreográficos, como o funk, brega, swingueira, quadrilha em conjunto com o frevo. Bitu Cassundé reforça ao dizer: “Nesse trabalho, enquanto elemento pulsante da cultura local, o frevo instiga relações entre patrimônio e produto, numa nova construção de subjetividade,

que implicam em questões tradicionais, econômicas e sociais”.Os artistas operam nas narrativas documentais com objetivo de olhar com atenção as relações multifacetadas entre “tradição” e “progresso”vivenciadas em economias emergentes. Os artistas se concentram ainda em práticas coletivas e rituais tradicionais que perdem sua conotação de resistência simbólica e política para se tornarem produtos da indústria de turismo e entretenimento. O corpo, câmera e movimento se relacionam no espaço e o registro da dança “Faz que vai” faz uma leitura do sentido do carnavalesco presente em diversas estratégias de preservação do

Frevo como imagem, patrimônio e produto. Originalmente ligado à ideia de resistência, inerente aos movimentos de Capoeira performados na frente de bandas militares nos carnavais

do início do século XX, hoje o Frevo é expressão cultural quase-acrobática celebrada como tradição autêntica de Pernambuco. Reconhecida em 2012 pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade a dança sai, em definitivo, das ruas para o palco, e suas formas de representação passam a ser fortemente promovidas pelo poder local como o maior espetáculo

da economia da região. Para além da desconstrução dessa forma celebratória,

O artista Ayrson Heráclito que mora em Salvador- BA, traz em sem trabalho, Os Sacudimentos: a reunião das Margens Atlânticas, e assim promove O Sacudimento da Casa da Torre e O Sacudimento da Maison des Esclaves em Gorée que formam um díptico (combinação de duas imagens que estabeleça algum tipo de relação. Sendo que esta relação pode ser de sequência da foto ou de significados entre si). O eixo central é o «sacudimento» ou o «exorcismo» de dois grandes monumentos

arquitetônicos ligados ao tráfico atlântico de escravos e à

colonização.O artista fez duas performances pensadas como um

díptico. Ele nos diz. “Essa duplicação da ação performática, em cada margem atlântica, foi percebida como uma proposta articulada de intervenção em dois grandes monumentos arquitetônicos; um associado ao antigo sistema colonial português, no caso da Casa da Torre dos Garcia d’Ávila, na Bahia, e o outro ao sistema escravista que ligou a África ao Novo Mundo, no caso da Maison des Esclaves [Casa dos Escravos], na ilha de Gorée”. Aryson diz ainda: “Esse questionamento que eu me fazia

tinha, no entanto, de ser proposto e efetuado por meio de linguagens artísticas, como a performance, a linguagem fílmica e a fotografia”. Para o artista produzir seu trabalho significa refletir sobre questões do escravismo e a prática do sacudimento, realizada todos os dias na cidade da Bahia e no Recôncavo por tantas pessoas ligadas às religiões de matriz africana.

O trabalho do artista está no Museu do Estado do Pará (MEP).

FAZ QUE VAI – que toma o nome de um passo de Frevo – articula os modos pelos quais novas subjetividades implicam essa forma de tradição popular, diz os artistas Barbara e Búrca.

O Sacudimento da Maison des Esclaves em Gorée Díptico I, 2015

O Sacudimento da Casa da Torre Díptico I_2015

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artista visual de São Paulo Elen Grubber, Luana Machado e Paula Sampaio para aliarem-se à curadoria educacional do Arte Pará num fórum dinâmico de trocas e reflexões no ensino e aprendizagem em arte contemporânea para ver, significar e viver arte e cultura.Nessa construção colaborativa, o

projeto Arte Pará firma parceria com a SETRANS- Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém que coloca à disposição das escolas estaduais, municipais e particulares, ônibus pela manhã e tarde durante os dois meses de exposição para fazer o translado

dos estudantes das escolas paraos museus.

A ação, conversa aproximada dos artistas sobre seus processos de trabalhos com o público escolar, firma-se cada vez mais como momento articulado que puxa fios de conexões que encoraja o público

a levantar pontos de vista diversos, problematizando para todos os envolvidos o convívio com a arte.

Às quintas-feiras, escolas agendadas poderão interagir com

o fazer artístico. Uma equipe preparada do núcleo Educação Arte Pará vai promover ações educativas pensadas e planejadas a partir dos trabalhos dos artistas.

Arte apreciada de maneiras distintas: uma ação de estar “entre muitos”O que está por trás do termo mediação?

Os múltiplos sentidos nos fazem ser investigador para perceber as camadas de suas significações. Mirian Celeste Martins foi buscar a origem da palavra e nos esclarece: “De raiz grega medhyo - “que está no meio”- e latina medius, a, um – “que está no meio, no centro; que concilia opostos; que observa neutralidade, indica intercessão, intervenção, mediação” - , o termo tem sido usado no senso comum como uma ponte entre dois”.No educativo Arte

Pará estamos trabalhando com esse conceito há um bom tempo, e a cada edição temos estudado suas significações e o mais importante: provocar no grupo de mediadores envolvidos na formação Arte Pará, o conceito na própria experiência.Aliar à mediação o conceito de cultura gera mais conexões. Então, mediação cultural se dá tanto na relação com o contexto cultural da obra como no contexto cultural de quem é afetado por ela. Assim, nossa construção no projeto

educativo Arte Pará foi conectado a uma ação de estar “entre muitos”. Não é entre dois, como um elo entre

aquele artista e aquele que lê. Entre muitos não mede quem sabe mais, e sim em meio a uma rede ampla de pensamentos, histórias atualizadas constantemente na seguinte plataforma: em uma ação fundamentada que se renova a cada edição para que os estudantes estejam “entre”: as obras dos artistas e as conexões com o acervo do museu. Entre a figura do artista. Do curador. Dos textos expositivos. Entre o interesse gerado

pelo Arte Pará. Entre o crítico. Entre as mídias pedagógicas. Entre os percursos escolhidos pelos professores. Entre as opiniões. Entre as vozes internas com um grande desejo de provocar no outro, uma experiência com a arte, já que ela é fundamental e nos ensina a ver.A formação do educativo imbuída nesse foco convidou Mariana Kellerman, Márcia Pontes, Val Sampaio, Marisa Mokarzel, Armando Sobral e ainda a

Mediação Arte Pará

Marisa Mokarzel,curadora e pesquisadora

Armando Sobral,ateliê do porto

Ver, ouvir e sentir isso de perto é uma experiência única.

O Projeto arte Pará é um projeto que já está incluso no calendário escolar da cidade, e a curadoria, pesquisa, artistas, e mediadores se prepararam para estabelecer relações a partir de cada ação. Afinal, todos têm a responsabilidade de facilitar a comunicação e a apreciação. Queremos que o público visitante tenha experiências distintas. Todas serão importantes. Nenhuma melhor que a outra, apenas diferentes. Isso torna aarte especial.

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Imagens que nos fazem pensar em imagens diversasAs mostras do Arte Pará estão em diversos pontos da cidade, formando um circuito artístico convidativo que envolve vários espaços - Museu do Estado do Pará, Casa das Onze Janelas e Museu Paraense Emílio Goeldi – Rocinha. Esses espaços no período de outubro a dezembro promovem diálogos e propostas

educativas aliadas aos trabalhos de artistas de diversas partes do País. No Museu Paraense Emílio Goeldi o Arte Pará, neste ano, integra sentidos entre ciência, arte e natureza às representações artísticas contemporâneas. A exposição “Do que permanece” vem contribuir com essa questão agregando

maior conhecimento sobre questões de história e memória de nossa região e imagens que nos fazem pensar em imagens. Três artistas dialogam com a ciência e a arteA artista Romy Pocztaruk transforma ciência em arte. Pra ela fazer uma expedição entre a ciência e a arte resulta em imagens de campos diferenciados.

iniciou quando a artista assistiu Manual do mundo, um dos canais do YouTube, que ensina experiências e se assemelha comO mundo de

Beakman, um programa de televisão que trazia um pesquisador explicando fatos científicos de maneira engraçada e dinâmica.

O artista Carlos Mélo com o vídeo “Emissão” se apropria da narrativa do crítico francês Pierre Restany que escreve um texto fundamental para reflexão

contemporânea da arte brasileira: o Manifesto do Rio Negro, no qual define e estrutura o conceito de Naturalismo Integral ao contrapor realismo e poder.

Ao se apropriar Mélo provoca uma desordem ao emitir uma voz feminina num auditório e ao microfone a leitura do texto. Já Yuri Firmeza com

o vídeo “Vida da minha vida” coloca na roda de discussão a ideia de ruína, pelo apagamento da memória. O artista opera em um plano particular

no processo do Alzheimer do qual sua avó é portadora. As camadas de tempos e com essas o emaranhamento entre memória e esquecimento. O curador Bitu Cassundé sobre o artista diz: “O corpo de sua avó em uma dimensão visceral. A potência na fragilidade do corpo de sua avó boiando na piscina, marcado por rugas acentuadas que não são meras presenças do passado a ser resgatado como lembrança do que já não é mais.

Assim, o artista entende e trabalha em seus vídeos a ruína não como o que está estagnado, cristalizado e imutável.

A ruína é um bloco heterogêneo e provisório de tempos não lineares. Nada é, tudo foi ou será”.Três artistas de lugares distintos se aliam e atravessam uma linha do tempo sem fim: dos que se foram, dos que ficaram e dos que estão por vir. O conflito é forte e pulsante entre o real e o ilusório.

Do que permanece

O vídeo “Manual do Mundo: motor” (Link para o vídeo: https://vimeo.com/135412402)

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Paisagens mutantesO artista Luiz Baltar mora em Bonsucesso (zona Norte do Rio de janeiro) e trabalha em Botafogo (zona Sul). Nesse percurso que cruza a cidade, ele passa horas dentro de ônibus. Ao invés de ficar desassossegado, aproveita o tempo para capturar imagens que passam e refletem na caixa de vidro do ônibus. As fotografias são expandidas no formato de longos instantâneos.O congestionamento cria distorções: espaciais e temporais. A própria cidade que observa, se transforma no mesmo ritmo das cenas na janela. Esse movimento – por vezes, é não linear; por vezes, caótico; raramente, porém, retilíneo e uniforme. Distâncias, velocidades

e acelerações inconstantes.As imagens capturadas são achatadas, alongadas ou se repetem sem controle, como se fossem eventos no tecido espaço-temporal (quadridimensional) da relatividade. Elementos são interrompidos de maneira brusca. Surgem, assim, os ‘fantasmas’ e brotam ruídos inusitados.Durante a captação de imagens que dava corpo ao projeto de panorâmicas o artista diz: “Comecei a perceber o transporte coletivo como um espaço afetivo e sensorial privilegiado para entender a cidade, as constantes transformações do espaço urbano e as relações dos moradores. A caixa de

vidro e ferro que me transporta, passou aos poucos a ganhar importância. Deixou de ser um espaço de confinamento para significar também um tempo para contemplação e reflexão”. Outro ponto de observação do artista são os elementos do interior do ônibus que alargam a relação sensível com o espaço como: os passageiros e suas particularidades que também interferem no espaço coletivo. Os elementos materiais como as barras horizontais e verticais que dividem e assinalam os limites do espaço propiciando composições. Sobre essas anotações, Luiz descreve: “A luz que entra em grande quantidade pelas

laterais envidraças modelando e projetando sombras; as janelas que refletem o interior ao mesmo tempo que mostram a paisagem que corre”. A poética dessas inúmeras paisagens mutantes, que Baltar evoca no percurso de seu cotidiano, são pontuais em criar um deslocamento inesperado entre o

visível e instâncias sensoriais.

Fluxos

Fluxos de Baltar abre frestas para nos fazer pensar sobre o que não se deixa ver entre a manifestação da realidade e as camadas do mundo à nossa volta.

Arte como convivênciaO ritual

A escolha do local para execução de seu trabalho é sempre um espaço de convivência? Fale sobre esta proposta.

Para chegar escolha do local que irá receber o trabalho geralmente há uma negociação entre a instituição e eu. Do momento que está definido preciso presenciar o ambiente por alguns dias, a partir daí começo a planejar. Na minha experiência a ideia da obra vem até que rápido, o processo e como vourealiza-la que é o mais detalhado.

Para Belém houve a intenção de escolha para um lugar?

Já para o 34º Arte Pará, não conhecia o espaço pois, nunca vim para Belém antes. O curador Pablo Lafuente me enviou fotos e pesquisei pela internet antes sobre a história do MEP. Por conta de nunca ter

vivenciado a cidade e o local do trabalho, achei crucial vir para Belém do Pará com duas semanas de antecedência para desenvolver a obra. Já tinha tido algumas ideias prévias do que vai ser a obra,

mas muito é definido no espaço e no fazer. A proposta inicial é realizar uma instalação entre as colunas que estão próximas ao jardim interno do MEP e que esse trabalho tenha seu processo criativo

encerrado com o público. A partir daí estou integrando elementos das minhas vivencias no passado – o espetáculo e o ritual – trabalhei anos em festas da cena noturna paulistana considerada alternativa e hoje tenho frequentado festas terreiros de matrizes africanas. Considero ambas rituais fortíssimos e a intenção da obra “Podre Show” é misturar elementos estruturais das duas experiências.

Os materiaisutilizados passam

constantemente por mudanças. Como se dá o pensamento criativo a partir desses materiais?

Tenho a intenção de trabalhar com a realidade e deixar a realidade esclarecida. Para tal comecei a perceber aspectos da vida e relacionei com arte, evice-versa. Como tudo é passageiro, hoje coloco no espaço elementos que carregam otempo em si, por isso elementos orgânicos como frutas e plantas.

Daniel Lie

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Rafael RG, desde 2011 pesquisa os cervos do Arquivo Público do Estado de São Paulo, principalmente o jornal carioca Última Hora, criado em 1951 por Samuel Wainer, jornalista paulista que faleceu em 1980.No percurso da pesquisa encontra oito imagens que compõe a série que está no Arte Pará denominada de Dito Escuro.Este fato ocorreu no ano de 2013 e quando o artista encontrou

a pasta com as oito imagens. Percebeu que estava classificada com o seguinte título: “anti-semita” - “racismo” e os personagens das imagens eram negros e estavam associadas à situações de preconceito racial.Como artista pesquisador, digitalizou o material em seu acervo pessoal, porém, no primeiro momento, preferiu deixar em estado de espera para refletir melhor sobre o que fazer com ele.

Um fato em especial fez o artista usar este arquivo: Ao passar por uma situação vergonhosa de preconceito racial, percebeu que o material seria a resposta que buscava para, através de seu trabalho em arte, falar sobre este tipo de acontecimento.Ao fazer a primeira apresentação de Dito Escuro, o artista inclui novos elementos ao trabalho devido à experiências pessoais e acontecimentos que vivenciou.Paralelo às fotografias encontradas, o artista leu um texto que citava uma charge do jornal

argentino Crítica. Em 2014, quando passou um mês em residência artística em Buenos Aires, foi à Biblioteca Nacional Argentina em busca desse material.O artista diz que a pesquisa embasou sobre o primeiro registro da utilização da palavra “macaco”, de maneirapreconceituosa, para denominar jogadores de futebol negros. Complementa ainda: “Outro material que incorporei ao trabalho foi um artigo escrito por Lima Barreto, publicado na revista Careta, em resposta direta à charge do jornal argentino. Encontrei ele na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional

Brasileira. Também, poucas semanas antes da abertura da exposição, durante uma partida de futebol, um torcedor atirou uma banana no campo quando o jogador Daniel Alves se preparava para cobrar um escanteio.”Esse fato também influenciou o pôster da exposição, complementa Rafael.

Silêncio e esquecimentoDito Escuro

Entre fabulações e realidadeReal e a imaginação

Como uma espécie de artista etnográfica, Virginia de Medeiros, no período de um mês e meio, instalou um estúdio fotográfico em dois refeitórios destinados a moradores de rua na cidade de Fortaleza.A artista retratou 21 moradores de rua numa série fotográfica em preto-e-branco, colheu depoimentos em vídeo sobre a história pessoal de cada um dos colaboradores e fez uma pergunta chave que direciona e identifica a natureza da obra: Como você gostaria de se ver ou ser visto pela sociedade? Esta questão abre o campo de subjetividade dos

indivíduos retratado que, fabulando sua condição, se fazem personagem da obra “Fábula do

Olhar”. O momento da fabulação é esse, quando a diferença entre aquilo que é real e aquilo que é imaginado se torna indiscernível, quando por esse processo o indivíduo se constitui como um sujeito da cena e não como um mero objeto que é observado: criar um mundo, nele crer e se projetar.A artista convidou o fotopintor Mestre Júlio dos Santos que, através da técnica da fotopintura digital, coloriu os retratos em preto-e-branco

interferindo nas imagens de acordo com as revelações dos moradores de rua. Como resultado temos uma imagem-fabulosa que punha em ação este jogo inelutável entre o real e a imaginação. Cada fotopintura é

acompanha por um texto literário, no qual o morador de rua se apresenta, fala do que é viver em situação de rua e faz a encomenda da fotopintura.No Arte Pará Virgínia traz dois vídeos: Sérgio e Simone e Cais do Porto.

Em “Sérgio e Simone” retrata Simone, uma travesti, que morava numa casa arruinada na Ladeira da Montanha, antiga ligação entre a Cidade Alta e Baixa. Como a maioria dos habitantes desta área, uma das mais degradadas da

cidade de Salvador.A artista tem um engajamento intenso, íntimo, com pessoas que são ignoradas por muitos de nós. A maneira como ela se comunica com seu entorno ultrapassa formas habituais do cotidiano. Seus trabalhos operam na linha da solidariedade que nem de longe tem relação com sentimentos relativos em colocar o outro como vítima ou piedade.Ela transita entre o instrumento da arte e a suposta criação de um espaço poético para trazer à tona o outro.

Em torno dos meu marítimos

Meiriele - Fábula do Olhar

Para o artista, seu trabalho lida com o silêncio e o esquecimento que existe no campo da arte quando se trata do legado das heranças africanas nanossa história.

Preconceito Racial

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O pulso que cai Tributo à última lâmpadaMastur Bar Luiz Braga

O prazer gerado pela mão masturbatória representa um perigo para a organização da reprodução como trabalho sexual. Desde o século XVIII a mão foi reprimida e disciplinada através de uma série de tecnologias: o cinto de castidade, a invenção da histeria, o orgasmo como doença, alarmes elétricos e outros aparelhos que afastavam a mão como órgão que toca o próprio corpo.No corpo da mulher, entendido como máquina que re-

produz, o clitóris não tem nenhuma função e a mão não deve alcançá-lo.

No Mastur Bar de Fabiana Faleiros, o “pulso que cai” é apresentado em uma Aula-show como gesto performativo que ocupa o corpo historicamente construído como feminino. Aqui o “pulso que cai” é considerado como resíduo histórico: permanece até na mão que vibra, consome e produz através

do touchscreen, a tecnologia do toque no capitalismo contemporâneo.

Além de drinks e objetos, Mastur Bar oferece coisas para se fazer com

as mãos etécnica para estabelecer a conexão de si.

Luiz Braga de Belém-Pará, entra em contato com a fotografia aos 11 anos. Em 1975 monta seu primeiro estúdio com o foco em retratos e publicidade. Neste contexto, ingressa na Faculdade de Arquitetura.

Até 1981, fotografa principalmente em preto e branco. Suas primeiras exposições (1979 e 1980) foram compostas por retratos, nus, cenas de dança, e paisagens urbanas.No caminho diário até a Universidade Federal do Pará, Luiz vive um momento de descoberta das cores vibrantes da Estrada Nova, bairro ribeirinho e popular de Belém. O resultado deste trabalho, é exibido com o título “No Olho da Rua” (São Paulo, 1984), considerado pelo artista como o início de seu amadurecimento autoral.Vale lembrar “A Margem do Olhar” (1985 a 1987),

quando o artista retorna ao preto e branco, retratando de forma digna e respeitosa o caboclo amazônico. Inicia a experimentação que subverte o uso correto do filme colorido daylight, confrontando-o com as múltiplas fontes de luz artificial dos parques, barcos e bares populares que resulta no ensaio “Anos Luz”.Em 2004, usando uma câmera digital com recurso de

visão noturna inicia a série Nightvisions, cuja tonalidade monocromática esverdeada flerta com a gravura de água-forte.

Atualmente, Luiz adentra seus 40 anos de carreira, retornando às origens humanistas de seu olhar, num processo de espiral que pulsa, se aprofunda e revela novas nuances de seu universo.No Arte Pará Luiz retoma as histórias

do imaginário de uma cidade nos anos 70. A memória do artista oscila através das lâmpadas incandescentes alimentadas pelos geradores movidos a Diesel. Armando Queiroz diz que:

Memória do artista

“Raras informações sobre fotografia, ricas imagens mentais. O pai, o consultório do pai, o longo corredor e a luz recortante vinda dos inúmeros

janelões laterais da casa – que jamais eram fechados a tempo da chuva não lavar o piso de acapú e pau-amarelo.A obra intitulada “Tributo à última lâmpada” é um vídeo instalação na qual recorda a casa da infância de Luiz e o seu primeiro laboratório fotográfico, no porão da casa de seu pai.

O ambiente, a umidade compõem a memória do artista.

Foto: Yasmin Alves

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Poéticas visuais Reflexão e humorHumor e ironoia Meu Mundo Jegue

Wagner Barja de Brasília-DF, sempre esteve envolvido com investigação e pesquisa em arte. Neste processo, busca desconstruir com humor e ironia uma visão de campo expressiva e rica em sua produção. Sua ousadia nas poéticas visuais é visível nas suas obras. “Armadilhas Semânticas é uma poesia virtual em foto e vídeo, com micos que comem bananas e formam palavras-chave para a interpretação de público. A instalação, AKD-MICO, ganhou

o prêmio Projeteis da Funarte em 2006, quando foi recriada para o módulo retrospectivo da mostra. As letras AKD e, junto a elas, o mico que devora e desorganiza e deforma o modelo estabelecido, nos

faz ri do próprio incômodo que cria.Outros trabalhos estão na sala do artista: o vídeo Despacho na Duna eVitória do Gallo.Despacho na Duna trata-se de uma Secretária de Estado na qual é convencida

a abandonar seu gabinete e despachar nas dunas de suacidade, Natal. Vitória do Gallo foi produzido durante a intervenção de Barja junto à comunidade da ocupação da Porteirinha, em Cachoeira de Arari

– Marajó (PA) em dezembro de 2007.Wagner Barja está no Museu do Estado do Pará – MEP. As interpretações acerca do trabalho do artista são surpreendentes. A sala nos convida para fazer uma imersão.

Em “Meu mundo Jegue” Cristiano Lenhardt se volta para um Brasil mais profundo. De maneira reflexiva e bem-humorada o trabalho transita sobre o ontem, o hoje e o amanhã. Porém, os acontecimentos de15 de março de 2015 foram fatos pontuais nos quais o artista diz: “não consigo deixar de ver “Meu Mundo Jegue” como uma espécie de manifesto”.O curador Bruno Mendonça acerca de “Meu Mundo Jegue”, diz que: “Cristiano transita entre a ação pública e a intimidade dos processos de desenho e gravura.

Seus trabalhos questionam os limites da realidade comumente aceitos, confrontando-os criticamente com outras possibilidades de existência. Nesse embate, intenta um reencantamento dos sentidos do espectador, sobretudo da visão. Sua obra é composta

por uma miríade de elementos textuais, visuais e sonoros, articulados em vídeos, escritos, desenhos, objetos e instalações”.

Em “Meu Mundo Jegue”, Cristiano apresenta uma parte de sua pesquisa recente. O trabalho é uma série que compõe o processo de pesquisa para o filme “Super-Quadra Saci”, a ser realizado em breve. Como o próprio artista coloca, ”Meu Mundo Jegue” é uma espécie de “argumento” para o filme. Essa espécie de desdobramento

que os trabalhos vão assumindo em sua produção também é muito interessante. O artista cria uma complexa rede que dificulta qualquer análise de forma estanque.

O artista diz: “Sobretudo o amor, a pobreza indígena maior riqueza da alma. Ruas sem asfalto, árvores e mais árvores ao ponto de voltar a ser mato. Prefiro ser picado por

uma cobra, comido por uma onça do que sentir preconceito ou abuso de poder. […] O ideal de um Brasil moderno é emparedado aos mitos, lendas e costumes populares. O ideal de representação se mistura a um cerimonial capenga. E as revoadas políticas são tomadas como coreografias graciosas”.

Vale conferir “Meu Mundo Jegue” na Casa das Onze Janelas.

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Francisco Klinger Carvalho nos convoca a experimentar um lamento melancólico que ressoa das antigas matas de castanhais do médio Amazônas, Óbidos. O elemento escultórico em madeira de Klinger Carvalho foi pranteado na abertura do Arte Pará, no dia 08 de outubro.

Quando a noite caiu, sua própria mãe, dona Edithe entra na Capela do Museu do Estado do Pará - MEP e inicia um ritual de tantas lágrimas e poesia. Dona Edithe, recorda a chegada dos mortos e nos lembra: “Vinham

em “embaixadas” (canoas) conduzidas somente por homens treinados, para darem, através de remadas cadenciadas, sinal que estavam conduzindo um finado

que merecia uma derradeira reverência. As remadas eram intercaladas com um baque do remo na beirada da canoa, o que era ouvido muito longe e as pessoas,

em respeito diziam ‘Deus chamou uma pessoa pra ir com Ele pro céu’ e abriam suas portas e janelas, fosse dia ou de noite”.Quando entramos na Capela do MEP,

vivenciamos umoutro tempo.

Um vídeo da ação foi realizado e no espaço ecoa o lamento que nos coloca para pensar em paz.

Criado em 2009 em Belém - Pa e atuante na região amazônica o coletivo vem provocando momentos de celebração e mudanças. Os participantes não são fixos, mas, na formação de base são: Icaro Gaya, Lucas Gouvea, Mateus Moura, Pedro Olaia e Romario Alves.

No Arte Pará 2015 Lucas Gouvea e Romario Alves se aliam e apresentam estações no Museu

do Estado do Pará e na Casa das Onze Janelas.

Armando Queiroz sobre qUALQUER qUOLETIVO enfatiza sobre corpos que dançam a festa da mudança sempre.

Nomes que mudam, tempo de mudança, homem-vestido-de-mulher-não-pode. Coisas que não mudam. Mulheres-vestidas-de-mulher-não-pode. Tempo triste de não-mudança. Corpos

múltiplos nos seus desejos de mudança. Nomes que mudam e emudecem a compreensão.

O raciocínio carnal da festa. Corpos que dançam a festa da mudança. Saia-saiote-corte-e-liberdade.

Saia-saiote, e festa e festa. Corte. Noites de Belém, unhas pintadas e musas do Theatro da Paz. Paz. Corte. Lembrança. Turbilhão de motivos para o corte. Saia-saiote-corte-e-liberdade. Juventude, felicidade por estar vivo, são.

A arte é a garantia de sanidade. Celebração. Possantes,empodeirados de si e do mundo. O trágico e agônico amanhecer jamais ocultará a beleza da noite.

Portas e Janelas abertas Arte como garantia de sanidadePranteamento qUALQUER qUOLETIVO

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BELÉM, DOMINGO, 11 DE OUTUBRO DE 2015 BELÉM, DOMINGO, 11 DE OUTUBRO DE 2015

A artista Elza Lima de Belém apresenta a série Viver de Morte, Morrer de Vida. O caminhar da artista pela Amazônia faz parte de sua jornada desde sua infância. Armando Queiroz complementa ao dizer: “Seu deambular pela Amazônia invade suas entranhas. Porcos-do-mato calcinados, cabeças decepadas, anunciam a violência. Sangue de bicho, sangue de gente. Sangue de gente-bicho. Corpos esquartejados, postas expostas. Sangue, terra, poeira... guelras amputadas. Matar, morrer, matar. O Silêncio do Matar, tantos quilombos,

tantas aldeias... Comunidades tradicionais. O desequilíbrio. O abandono da morte. O sertão. A morte anunciada. A desdita. O sôfrego desaconselho do viver”.

A sala da artista na Casa das Onze Janelas traz sua jornada de idas e vindas pelos rios, florestas e estradas.Nestes caminhos a artista nos diz: “faço um passeio pelas personagens de luzes

próprias que cruzam meu tempo fotográfico para assim, anunciar uma nova realidade de ser”. Para ela, os personagens são entes que de alguma forma se viram atingidos pelo preconceito,

descaso ou poder, impedindo que tudo se concretizasse.Elza nos convida para perceber as correlações de imagens opostas na intenção de nos fazer pensar em um mundo melhor.

Anna Maria Maiolino (Scalea, Itália 1942). Gravadora pintora, escultora, artista multimídia e desenhista. A partir da década de 1970, começa a trabalhar com diversas mídias, como a instalação, a fotografia e filmes. No final da década de 1970, a artista passa a se dedicar à performances.

In-Out (Antropofagia), 1973A câmara focaliza sucessivamente duas bocas alternadas: a de um homem e de uma mulher. O filme não possui uma história linear, lógica. Muda a mensagem, muda a cor dos

lábios. O filme inicia com a boca tapada com esparadrapo, a impossibilidade da fala, a censura.

X, 1974A câmara focaliza um olho. Este ocupa toda a tela. A câmara parada constitui o que está fora da cena. Esta é o outro olho que observa desde fora. O outro elemento é o perigo -a tesoura cortante- e os traços de sangue.

Y, 1974Um grito e os olhos vendados de uma personagem se sucedem a espaços negros no tempo. Registro do momento

presente, a repressão militar.

Verso/Inversus: (Direito/Avesso), 1979/2005Uma paisagem: mar, barcos e um pescador.

Ad Hoc: (A propósito), 1982/2000“Ad Hoc”: a propósito em latim. As mãos, sem o corpo do homem, aparecem a tela, sobre o fundo preto da blusa. A trilha

sonora utiliza trechos falados da obra de Antonin Artaud, que continuam atuais -“Ad Hoc”- com os nossos problemas sociais.

+ - = - (mais menos: igual a menos), 1976Dois jogadores jogam uma partida de ovos sobre uma mesa. Os ovos rolam pelos campos adversários. Quem menos deixar cair e quebrar ovos será o vencedor. O filme não aponta o vitorioso dessa partida paradoxal, fica-se com o enigma diante da aparente fragilidade e a resistência do ovo.

Viver de morte, morrer de vida A boca, as mãos , os olhosElza Lima Artista convidada20 21

BELÉM, DOMINGO, 11 DE OUTUBRO DE 2015 BELÉM, DOMINGO, 11 DE OUTUBRO DE 2015

Além do MarketingAlaci Correa

Alaci Correa, natural de Igarapé-Miri, no nordeste do Pará, e fundador da rede de Supermercados Nazaré, foi um dos grandes apoiadores do Arte Pará. Este ano a parceria de patrocínio completa 18 anos. De acordo com Mauro Correa, que hoje administra o grupo, o pai sempre viu no salão mais que um evento e uma relação meramente mercadológica: importava o que a realização de um projeto artístico a pauta educacional. São promovidas visitas guiadas com alunos de escolas públicas de bairros distantes do centro de Belém, alguns que nunca visitaram um museu. Estudantes de ensino superior também participação de

programação voltada para capacitação a fim de se tornarem mediadores culturais.“Ele foi um defensor árduo desse projeto, sempre pensando no que vai agregar à educação e também ao estado no turismo cultural. Ele pensou além do marketing, da parte institucional, como uma forma do Nazaré apoiar um evento de grande amplitude, que pode possibilitar a transformação do público, dos estudantes, do turismo no estado.

É um projeto que ele encampou desde o início. Nossa empresa chega à terceira geração de gestores e vamos continuar apoiando”, destaca Mauro. O empresário faleceu no início deste ano, em São Paulo, mas deixou para seus familiares que administram a rede de supermercados a vontade de apoiar o Arte Pará. Mauro Correa destaca que a visitação do público em geral e o contato com obras de arte é importante na medida em que promove

aprimoramento de sensibilidades e saberes.

“O jovem precisa do ensino tradicional e também dessas oportunidades. Continuamos achando que é uma colaboração importantíssima de um evento cultural desse para a educação. Além disso, a junção da nossa marca com uma marca tão importante como é a da Fundação

Romulo Maiorana e o nome do Romulo Maiorana, que foi um empresário e homem que marcou a história do nosso estado, é fundamental. Para a gente é importante essa união e parceria de marcas. Nos fortalece e nos torna conhecidos no Brasil todo. Em várias viagens faço pelo Brasil, pessoas comentam o Arte Pará, porque é feito no período do Círio, então o evento marca o calendário da região”, completa o empresário.

Alaci Correa e Roberta Maiorana

Junção da marca à arte

Empresário fundador dos Supermercados Nazaré é homenageado noArte Pará 2015.

O Museu Paraense Emílio Goeldi, tendo o Parque Zoobotânico como uma de suas bases físicas, é um museu diferente dos demais que temos na cidade, e o público que o frequenta, em sua grande maioria, não é aquele que costuma procurar mostras de arte. Wanda Okada complementa e diz:

“O Museu Goeldi age como (inter)mediador entre o artista contemporâneo e o visitante de um parque zoobotânico, trazendo benefícios para ambos ao ampliar o universo de cada um: o artista ganha um público novo e inabitual para

ele, o visitante passa por uma experiência inédita e inesperada que vai impressionar sua sensibilidade”.

A Rocinha

Construída em 1879 como residência de temporada do Sr. Bento José da Silva Santos, cujas iniciais ainda podem ser vistas na grade superior da porta central do prédio. Após a proclamação da República, ela foi comprada pelo Governo do Pará para sediar a “nova fase” do Museu Paraense, para a qual o Dr. Emil August Goeldi havia sido convidado como diretor. Naquele tempo,

serviu de moradia, sede de biblioteca e de gabinetes e salão expositivo, além de palco de palestras.

Restaurada há pouco mais de uma década, ela hoje abriga as

exposições temporárias do Museu. O nome oficial do prédio – Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna – homenageia o primeiro diretor da instituição, que em 1866 fundou a Sociedade Filomática

do Pará, precursora do Museu.

Este ano o público pode usufruir de um circuito especial ao visitar o Arte Pará no Museu Goeldi. No pavilhão da Rocinha, encontram-se também as exposições “A Festa do Cauim”, e “Visões – Arte Rupestre em Monte Alegre.

Exposições do Salão Arte Pará no Museu Goeldi: 9 anos de parceria.

149 anos de pesquisasMuseu Goeldi

Wanda Okada e Maria Emília Sales

Equipe de atendimento MPEG

O circuito doArte Pará no Museu Goeldi

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BELÉM, DOMINGO, 11 DE OUTUBRO DE 2015

Artistas por espaçoArte Pará 2015

Romy Pocztaruk Yuri Firmeza Carlos Mélo

Cristiano LenhardtElza LimaFabiana Faleiros qUALQUER qUOLETIVOVirgínia de Medeiros

Anna Maria MaiolinoAyrson HeráclitoDaniel LieBárbara Wagner e Benjamin de BúrcaFrancisco Klinger CarvalhoLuiz BaltarLuiz BragaRafael RG Wagner Barja Yuri Firmeza Virgínia de Medeiros

Museu do Estado do Pará - MEP

Endereço: Praça Dom Pedro IIs/n Belém/PAFones: 91 4009 8838

Fucionamento: de terça à sexta-feira, das 10h às 18h e sábado e domingo, das 9h às 13h.Agendamento: Ademar Junior

Espaço Cultural Casadas Onze Janelas

Endereço: Praça Frei CaetanoBrandão s/n. Cidade Velha.Fones: 91 4009 8845Belém-PA 66020-310

Funcionamento: de terça à sexta-feira, das 10h às 18h e sábado e domingo, das 9h às 13h.Agendamento: Ademar Junior

Museu ParaenseEmílio Goeldi - MPEGEndereço: Av. Magalhães Barata,376 - São Bráz. Belém/PA

Horário de visitação Museu Goeldi Parque Zoobotânico De quarta a domingo e feriadosDe 09h00 as 17h00Horário de visitação Rocinha - Arte ParáDe quarta a domingo e feriadosDe 09h00 às 15h00

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