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Rio de Janeiro 2018 Cel Inf PAULO SÉRGIO BRITO SANTOS A NECESSIDADE DA REESTRUTURAÇÃO DA MISSÃO DO EXÉRCITO NA OPERAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO EMERGENCIAL DE ÁGUA POTÁVEL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO, “OPERAÇÃO CARRO- PIPA”. ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

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Rio de Janeiro

2018

Cel Inf PAULO SÉRGIO BRITO SANTOS

A NECESSIDADE DA REESTRUTURAÇÃO DA MISSÃO DO EXÉRCITO NA OPERAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO EMERGENCIAL DE ÁGUA POTÁVEL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO, “OPERAÇÃO CARRO-PIPA”.

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO

ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

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Cel Inf PAULO SÉRGIO BRITO SANTOS

A necessidade da reestruturação da missão do Exército na Operação de Distribuição Emergencial de Água Potável no Semiárido Brasileiro, “Operação Carro-Pipa”.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Política, Estratégia e Alta Administração Militar.

Orientador: Cel Com R1 JOSÉ HELENO ZANGALI VARGAS

Rio de Janeiro

2018

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Cel Inf PAULO SÉRGIO BRITO SANTOS

A necessidade da reestruturação da missão do Exército na Operação de Distribuição Emergencial de Água Potável no Semiárido Brasileiro, “Operação Carro-Pipa”.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Política, Estratégia e Alta Administração Militar.

Aprovado em _________________________.

COMISSÃO AVALIADORA

_____________________________________________________

José Heleno Zangali Vargas – Cel Com R1 – Dr. Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

_____________________________________________________

José Lucas da Silva – Cel Art R1 – Dr. Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

______________________________________________________

Marco Aurélio Souto de Araújo – Cel Art R1 – Dr. Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

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À minha esposa Dayse e minha filha Júlia. O

sincero reconhecimento e homenagem pelo

carinho, afeto, compreensão e amor

demonstrados durante toda a nossa

caminhada de vida juntos.

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AGRADECIMENTOS

À minha esposa, Dayse Carlos de Almeida Brito Santos, pelo amor e irrestrito apoio

prestado no decorrer de nossa longa caminhada de vida a dois, sempre estando ao

meu lado nos momentos difíceis e nas conquistas alcançadas.

À minha filha, Júlia de Almeida Brito Santos, pelo amor, carinho, compreensão, afeto

e paciência demonstrados, mesmo nos momentos em que estive ausente para a

consecução do trabalho de pesquisa.

Aos meus pais, José Carlos Pereira Santos (em memória) e Valdete Brito Santos

(em memória), pela base da minha educação e formação do meu caráter.

Ao meu orientador, Coronel de Comunicações José Heleno Zangali Vargas, pela

camaradagem e orientação correta e oportuna em todas as fases que envolveram o

desenvolvimento do trabalho monográfico.

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“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro

julga compartilhar o anseio de todos os

cidadãos de bem de repúdio à impunidade e

de respeito à Constituição, à paz social e à

Democracia, bem como se mantém atento

às suas missões institucionais.” (General

Villas Boas).

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RESUMO

A Operação de Distribuição Emergencial de Água Potável no Semiárido Brasileiro, “Operação Carro Pipa”, é uma Operação que vem sendo executada pelo Exército a mais de 20 (vinte) anos. O Programa, que é uma parceria de cooperação técnico financeira entre o Ministério da Integração Nacional e o Ministério da Defesa, tem como os seus principais atores as Organizações Militares do Comando Militar do Nordeste. Ocorre que essa Organizações Militares vem sendo empregadas frequentemente em Ações Subsidiárias como as Operações de Garantia da lei e da Ordem. Devido ao montante de recursos financeiros e as intensas atribuições que essas Organizações Militares recebem para a execução da Operação Carro-Pipa, frequentemente, as atribuições de preparo e emprego são relevadas às últimas prioridades. O presente trabalho tem por objetivo mostrar a realidade enfrentada pelas Unidades Militares e apresentar propostas que viabilizem a continuidade do programa de distribuição de água no nordeste de forma que as Organizações Militares possam dar maior atenção ao Preparo e Emprego para o cumprimento das principais atribuições constitucional das Forças Armadas visando a manutenção dos altos índices de credibilidade da Força Terrestre.

Palavras-chave: missão do Exército, Operação Carro-Pipa, Preparo e Emprego.

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RESEÑA

La Operación de Distribución Emergente de Agua Potable en el Semiárido Brasileño, "Operación Carro Pipa", es una Operación que viene siendo ejecutada por el Ejército a más de 20 (veinte) años. El Programa, que es una asociación de cooperación técnica financiera entre el Ministerio de Integración Nacional y el Ministerio de Defensa, tiene como sus principales actores a las Organizaciones Militares del Comando Militar del Nordeste. Ocurre que esas Organizaciones Militares se están empleando frecuentemente en Acciones Subsidiarias como las Operaciones de Garantía de la ley y de la Orden. Debido a la cantidad de recursos financieros y las intensas atribuciones que estas Organizaciones Militares reciben para la ejecución de la Operación Carro-Pipa, a menudo las asignaciones de preparación y empleo se resuelven a las últimas prioridades. El presente trabajo tiene por objetivo mostrar la realidad enfrentada por las Unidades Militares y presentar propuestas que viabilicen la continuidad del programa de distribución de agua en el noreste de forma que las Organizaciones Militares puedan dar mayor atención a la Preparación y Empleo para el cumplimiento de las principales atribuciones constitucionales de las " Fuerzas Armadas para el mantenimiento de los altos índices de credibilidad de la Fuerza Terrestre.

Palabras- llave: misión del Ejército, Operación Coche Pipa, Preparación y Empleo.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art Artigo

Bda Brigada

C Dout Ex Centro de Doutrina do Exército

CEDEC Coordenadoria Estadual de Defesa Civil

Cel Coronel

CENAD Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres

CF/88 Constituição Federal de 1988

Cmdo Comando

C Mil A Comando Militar de Área

CMNE Comando Militar do Nordeste

Com Soc Comunicação Social

CONPDEC Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil

COTER Comando de Operações Terrestres

CTTEP Capacitação Técnica e Tática do Efetivo Profissional

DOU Diário Oficial da União

EB Exército Brasileiro

EME Estado-Maior do Exército

ENADE Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

END Estratégia Nacional de Defesa

EP Efetivo Profissional

Esc Op C Pipa Escalão de Operação Carro-Pipa

EV Efetivo Variável

FA Forças Armadas

FAE Força de Atuação Estratégica

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FE Ge Força de Emprego Geral

F Fron Força de Fronteira

FT Força Terrestre

GCDA Sistema de Gestão e Controle de Distribuição de Água

G Cmdo Grande Comando

GLO Garantia da Lei e da Ordem

GPIPABRASIL Sistema de Monitoramento da Logística de Entrega de Água

GU Grande Unidade

HE Hipótese de Emprego

ICFEx Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército

IIB Instrução Individual Básica

IIQ Instrução Individual de Qualificação

LAI Lei de Acesso a Informação

LC Lei Complementar

MD Ministério da Defesa

MI Ministério da Integração Nacional

MP Ministério Público

NCD Nota de Coordenação Doutrinária

ND Natureza da Despesa

NUDEC Núcleo Comunitário de Defesa Civil

OCP Operação Carro-Pipa

OD Ordenador de Despesas

OM Organização(ões) Militar(es)

OME Organização(ões) Militar(es) Executora

OM Op Organização Militar Operacional

OSP Órgão de Segurança Pública

PA Posto (s) de Abastecimento

PIM Programa de Instrução Militar

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PND Política Nacional de Defesa

PNPDEC Política Nacional de Proteção e Defesa Civil

QMG Qualificação Militar Geral

QMP Qualificação Militar Particular

QO Quadro Organizacional

RPA Recibo de Pagamento de Autônomo

SIAFI Sistema Integrado de Administração Financeira

SINDEC Sistema Nacional de Defesa Civil

SINPDEC Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil

SIPLEx Sistema de Planejamento Estratégico do Exército

SUOPES Subunidade de Operações Especiais

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Cenário da Operação Carro-Pipa...................................................... 29 Figura 2: Organograma do CMNE.................................................................... 30 Figura 3: Sistema de Inclusão de Municípios na Op Pipa................................ 31 Figura 4: Termo de Execução Descentralizada 16/2017 do MI........................ 34 Figura 5: Reu de apresentação de laudo de potabilidade no Ceará................ 35 Figura 6: SGDA................................................................................................ 37 Figura 7: Recursos recebidos nas OM e auditados pelas ICFEx..................... 41 Figura 8: Recursos recebidos para missões subsidiárias................................ 43 Figura 9: Estratégia do EB para Defesa da Pátria........................................... 45 Figura 10: Concepção Estratégica do Exército................................................ 46 Figura 11: Tipo de Força de Emprego Estratégico da FT................................. 47 Figura 12: Aumento do emprego em Aç Subsidiárias e GLO........................... 50 Figura 13: Cronograma do Ano de Instrução “descontruído”........................... 50 Figura 14: Anexo B do PEEx, prioridades de recompletamento de material... 51 Figura 15: Anexo C do PEEx, prioridades de recompletamento de pessoal... 51 Figura 16: Organograma da Força Guararapes/CMNE................................... 53 Figura 17: Emprego de tropa dos C Mil A em GLO.......................................... 53 Figura 18: Diversidades das missões subsidiárias........................................... 54 Figura 19: Planilha Semanal Op Pipa/COTER................................................. 55 Figura 20: Atribuições e encargos do 35º BI.................................................... 56 Figura 21: Estado-Maior do 35º BI................................................................... 57 Figura 22: Área de responsabilidade territorial do 35º BI................................ 58 Figura 23: Atividades do 35º BI na Op Pipa..................................................... 62 Figura 24: Atividades do 35º BI na Op Pipa..................................................... 62 Figura 25: Atividades do 35º BI na Op Pipa..................................................... 62 Figura 26: Organograma do Btl Marechal Cantuária/6ª RM............................ 63 Figura 27: Flagrante de tropas 35º BI/6ªRM na Op Ilhéus.............................. 64 Figura 28: Folders CDA/6ªRM na Op Copa do Mundo 2014.......................... 65 Figura 29: PR Dilma em campanha de reeleição no NE................................. 66 Figura 30: EB na Op São Francisco e Olimpíadas Rio 2016.......................... 66 Figura 31: Águas que dão vidas...................................................................... 68 Figura 32: Dinâmica Bolsa Água igual a Bolsa Família................................... 70 Figura 33: EB inaugurando poço artesiano no RN.......................................... 70 Figura 34: Maior recurso da OM é para Op Pipa............................................. 71 Figura 35: Efetivo de militares nos escritórios Op Pipa/CMNE........................ 72 Figura 36: Confiabilidade da Sociedade Brasileira no Exército....................... 74

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Números relativos da Op Pipa em 2014...................................... ... 32 Tabela 2: Montante de recursos financeiros repassados................................ 40 Tabela 3: Valores em R$ milhões por missão subsidiária em 2018................ 44 Tabela 4: Op de GLO ocorridas entre 2017 e 2018........................................ 48 Tabela 5: Distribuição do efetivo no 35º BI..................................................... 57 Tabela 6: Percentual de militares disponíveis no 35º BI................................. 58 Tabela 7: Números da Op Pipa no 35º BI, em 2015....................................... 59 Tabela 8: Manaciais do 35º BI na Op Pipa, em 2015..................................... 59 Tabela 9: Evolução do efetivo do escritório da Op Pipa/35º BI...................... 60 Tabela 10: Recursos em restos a pagar do 35º BI, em 2014......................... 61 Tabela 11: Recursos recebidos de Jan a Ago 2015 p/ Op Pipa..................... 61

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 15

1.1 O PROBLEMA....................................................................................... 16

1.2 OBJETIVOS.......................................................................................... 16

1.2.1 Objetivo Geral..................................................................................... 16

1.2.2 Objetivos Específicos........................................................................ 16

1.3 HIPÓTESE........................................................................................... 17

1.4 VARIÁVEIS.......................................................................................... 17

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO............................................................... 17

1.6 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................... 18

1.7 METODOLOGIA................................................................................... 27

2 OPERAÇÃO CARRO-PIPA................................................................. 28

2.1 GENERALIDADES............................................................................... 28

2.2 A COMPLEXIDADE DO FUNCIONAMENTO DA OPERAÇÃO CARRO-

PIPA................................................................................................................... 29

2.2.1 O Conceito........................................................................................... 29

2.2.2 Como Funciona.................................................................................. 30

2.2.2.1 Inclusão de municípios na Operação................................................... 32

2.2.2.2 Exclusão de municípios na Operação.................................................. 32

2.2.2.3 Cadastro de municípios ....................................................................... 33

2.2.2.4 Sistematização para solicitação de recurso financeiro......................... 33

2.2.2.5 Qualidade da água coletada e distribuída............................................ 34

2.2.2.6 Sistema de controle do portal da Operação Carro-Pipa e Sistema GCDA.35

2.2.2.7 Atribuições de cobertura fotográficas e notícias da imprensa regional. 37

2.2.2.8 Pesquisa de opinião............................................................................. 37

2.2.2.9 Prestação de contas............................................................................ 37

2.2.2.10 Aplicação de recurso financeiro........................................................... 38

2.2.2.11 Contabilidade e finanças...................................................................... 40

2.2.2.12 Fiscalização......................................................................................... 41

2.2.2.13 Outras atribuições e responsabilidades das OME............................... 42

3 PREPARO E EMPREGO DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES NO ÂMBITO

DO CMNE......................................................................................................... 45

3.1 GENERALIDADES............................................................................... 45

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3.2 PREPARO E EMPREGO DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES

OPERACIONAIS DO CMNE.............................................................................. 48

3.3 CONCEPÇÃO DE EMPREGO DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES

OPERACIONAIS DO CMNE............................................................................. 52

4 O 35º BATALHÃO DE INFANTARIA.................................................. 56

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO 35º BATALHÃO DE INFANTARIA............... 56

4.2 OPERAÇÃO CARRO PIPA NO 35º BATALHÃO DE INFANTARIA..... 58

4.3 PREPARO E EMPREGO DO 35º BATALHÃO DE INFANTARIA........ 63

5 UMA NOVA PROPOSTA PARA A DISTRIBUIÇÃO EMERGENCIAL DE

ÁGUA POTÁVEL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO........................................... 68

6 CONCLUSÃO..................................................................................... 73

REFERÊNCIAS.................................................................................... 78

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1 INTRODUÇÃO

As três Forças Armadas (FA) vêm se integrando, cada vez mais, às

necessidades da sociedade brasileira, o que têm lhes conferido, nos últimos anos,

os índices mais elevados de credibilidade. A finalidade das ações militares está

ampliada para além do emprego convencional das Forças, exigindo mais esforço,

dedicação e capacitação de seus integrantes.

Conforme as sociedades se desenvolveram e aprofundaram a

interdependência entre os Estados, novas exigências foram agregadas a Segurança,

que era tradicionalmente vista sob o ângulo da confrontação entre nações, ou seja, a

proteção contra ameaças de outras comunidades políticas ou, mais simplesmente, a

defesa externa. O conceito de Segurança ampliou-se, abrangendo os campos

político, militar, econômico, psicossocial, científico-tecnológico, ambiental e outros.

Nesse preâmbulo, preservar a Segurança passou a requerer medidas de largo

espectro, envolvendo, além da defesa externa, a defesa civil, a segurança pública e

as políticas econômica, social, educacional, científico-tecnológica, ambiental, de

saúde e industrial. A Defesa, que antes era uma situação exclusivamente

relacionada ao emprego do Poder Militar, passou a envolver o Poder Político,

Econômico, Psicossocial e a Científico-Tecnológico, conforme expressa a Política

Nacional de Defesa (BRASIL, 2012).

Os esforços relacionados à Segurança, além de responder às ameaças

militares, devem também proteger a sociedade de outras ameaças que ocorrem

ainda em tempo de paz, como às ações relacionadas a Defesa Civil, tendo como

arcabouço legal a Constituição Federal de 1988 (CF/88), a Política Nacional de

Defesa (PND) e a Estratégia Nacional de Defesa (END).

No Exército Brasileiro, cabe ao Comando de Operações Terrestres (COTER) a

missão de “coordenar o apoio da Força Terrestre nas atividades subsidiárias além

do Preparo e Emprego da tropa”.

Dentre as várias ações subsidiárias, a Operação de Distribuição Emergencial

de Água Potável no Semiárido Brasileiro, “Operação Carro-Pipa”, é uma cooperação

técnica e financeira entre os Ministérios da Integração Nacional (MI) e o Ministério

da Defesa (MD), para a realização de ações complementares de apoio às atividades

de distribuição emergencial de água potável, prioritariamente, às populações rurais

atingidas por estiagem e seca na região do semiárido nordestino, região norte dos

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Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Esta operação vem sendo executada a

mais de 20 (vinte) anos, tendo demandado emprego de grande parte dos recursos

humanos e tempo de trabalho das Organizações Militares, particularmente, do

Comando Militar do Nordeste (CMNE).

Nas últimas décadas, o índice de confiabilidade e credibilidade da Sociedade

Brasileira nas Forças Armadas tem aumentado substancialmente em função da sua

atuação, bem como a cultura e manutenção dos seus valores imutáveis sobre a

égide do slogan “Braço Forte – Mão Amiga”.

1.1 O PROBLEMA

O emprego das Organizações Militares (OM) do CMNE na Operação Carro-

Pipa pode afetar, de forma negativa, a alta credibilidade do Exército Brasileiro junto

a Sociedade?

Em outras palavras:

- o preparo e emprego das OM operacionais do CMNE não está sendo

prejudicado pela prioridade do emprego de seus quadros nas atividades da

Operação Carro-Pipa?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

- analisar como as atribuições dos diversos atores na forma atual da realização

da Operação Carro-Pipa sobrecarrega o Exército Brasileiro, podendo comprometer

de forma negativa sua confiabilidade perante a população.

1.2.2 Objetivos Específicos

- analisar o Preparo e Emprego da Força Terrestre, face a sua principal

missão constitucional no âmbito do Comando Militar do Nordeste, em consonância

com as demais atribuições desenvolvidas ao longo do ano de instrução, com foco na

manutenção do prestígio da imagem da Instituição;

- analisar a capacidade de cumprimento das atribuições do Exército Brasileiro

na Operação Carro-Pipa, na atualidade, com foco na manutenção do prestígio da

Força;

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- pesquisar de que forma os demais agentes/instituições com

responsabilidade na missão subsidiária “Operação Carro-Pipa” poderiam contribuir

para o sucesso da missão de forma mais efetiva e participativa;

- apresentar uma proposta para o incremento das atribuições do Exército

Brasileiro e demais Instituições/Agentes na Operação de Distribuição de Água

Potável no Semiárido Brasileiro.

1.3 HIPÓTESE

A falta de tempo para a realização do preparo da tropa e o contato constante

de militares com a população nas atividades da Operação Carro-Pipa, das

Organizações Militares (OM) do Comando Militar do Nordeste (CMNE), pode

contribuir para o surgimento de fatos que comprometam a alta credibilidade da Força

Terrestre.

1.4 VARIÁVEIS

Considerando o tema “A necessidade da reestruturação da missão do Exército

na Operação de Distribuição de Água Potável no Semiárido Brasileiro – Operação

Carro-Pipa”, as circunstâncias passíveis de medição e que poderão influenciar a

pesquisa serão as seguintes:

- Variável dependente – Imagem e credibilidade da Instituição.

- Variável independente – Preparo e emprego da Força Terrestre,

particularmente a do CMNE, nos últimos anos.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Tendo em vista o foco deste trabalho, que é analisar como as atribuições dos

diversos atores na forma atual da realização da Operação Carro-Pipa sobrecarrega

o Exército Brasileiro, podendo comprometer negativamente a sua imagem perante a

população, delimitou-se a pesquisa nas: Organizações Militares Operacionais do

CMNE, Grandes Comandos Operacionais do CMNE, Grandes Unidades do CMNE,

COTER e Ministério da Integração Nacional para levantar os conceitos envolvidos

no evento de análise.

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1.6 REFERENCIAL TEÓRICO

Na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 142, encontra-se a destinação

constitucional da Força Terrestre, que ampara a realização de atividades

subsidiárias.

A Lei Complementar Federal nº 97, de 9 de junho de 1999, alterada pela Lei

Complementar nº 117, de 2 de setembro e pela Lei Complementar n° 136, de 25 de

agosto de 2010, dispõe sobre a organização, o preparo e o emprego das Forças

Armadas, sobretudo nas operações de garantia da lei e da ordem, bem como

estabeleceu atribuições subsidiárias, destacando o Art 16 da LC 97, que estabelece

para as Forças Armadas, dentre outras, a seguinte atribuição subsidiária particular:

Cabe às Forças Armadas, como atribuição subsidiária geral, cooperar

com o desenvolvimento nacional e a defesa civil, na forma

determinada pelo Presidente da República.

A Estratégia Nacional de Defesa, aprovada pelo Decreto nº 6073, de 18 de

dezembro de 2008 (revisada em 2016 e encaminhada ao Congresso Nacional para

apreciação), estabelece:

Todas as instâncias do Estado deverão contribuir para o incremento

do nível de Segurança Nacional, com particular ênfase sobre:

- (...);

- as ações de defesa civil, a cargo do Ministério da Integração

Nacional;

O Plano Estratégico do Exército (PEEx) 2016-2019, norteado pelo marco legal

apresentado acima, define sinteticamente a missão do Exército, que consiste em:

“Contribuir para a garantia da soberania nacional, dos poderes constitucionais, da lei

e da ordem, salvaguardando os interesses nacionais, e cooperando com o

desenvolvimento nacional e o bem-estar social. Para isto, preparar a Força

Terrestre, mantendo-a em permanente estado de prontidão.”

A Missão do Exército Brasileiro (EB) norteia todas as atividades da Força. Ela é

orientada, primordialmente, pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei

Complementar nº 97, de 9/7/1999, que estabelece as normas gerais adotadas na

organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas, dentre ela a de cumprir

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atribuições subsidiárias.

As servidões da missão do EB apresentam as implicações decorrentes do

marco legal. Para atender às servidões impostas pela destinação constitucional, o

Exército deverá manter a Força Terrestre em constante e permanente preparo,

sobretudo para a defesa da Pátria, de forma coerente com as diretrizes

estabelecidas pelo Ministério da Defesa. Com base no preparo para cumprir a

destinação constitucional, capacita-se para atender às demais servidões.

As servidões orientam os Objetivos Estratégicos do Exército (OEE), previstos

no Plano Estratégico do Exército (PEEx) 2016-2019, que por sua vez alinham-se

estrategicamente pela interligação dos OEE com as Estratégias e Ações

Estratégicas correspondentes

A servidão “Defender a Pátria” orienta o OEE 1 - CONTRIBUIR COM A

DISSUASÃO EXTRARREGIONAL do PEEx. Esta servidão implica derrotar o inimigo

que agredir ou ameaçar a soberania, a integridade territorial, o patrimônio e os

interesses vitais do Brasil. Para tanto, desde o tempo de paz, o Exército deve

preparar a Força Terrestre para combater, integrando um comando conjunto, nos

ambientes operacionais previstos nas Hipóteses de Emprego.

As ações de preparo, em permanente atitude de prontidão, visam à dissuasão

de possíveis ameaças.

A servidão “Garantir os Poderes Constitucionais” implica empregar a Força

Terrestre nas situações de excepcionalidade definidas em lei, para assegurar as

funções estatais dos poderes da União. Para tanto, o Exército deverá estar

permanentemente preparado.

O OEE 3 - CONTRIBUIR COM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A

PAZ SOCIAL, alinha-se com a servidão “Garantir a Lei e a Ordem”. Esta servidão

implica empregar a Força Terrestre nas situações de excepcionalidade definidas no

ordenamento jurídico, para assegurar a obediência às leis; manter ou restabelecer a

ordem pública; e prevenir e combater o terrorismo. Para tanto, o Exército deverá

estar permanentemente preparado.

O OEE 2 - AMPLIAR A PROJEÇÃO DO EXÉRCITO NO CENÁRIO

INTERNACIONAL do PEEx está alinhado com a servidão “Participar de Operações

Internacionais de Paz”. Esta servidão implica empregar a Força Terrestre:

1) Na defesa dos interesses nacionais afetados por conflitos na América do

Sul.

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2) Sob a égide de organismos internacionais:

- em operações de paz e humanitárias; e

- como Força Expedicionária integrando Força Multinacional.

3) Para salvaguardar pessoas, bens e recursos nacionais ou sob jurisdição

brasileira, fora do território nacional.

A servidão “Cumprir Atribuições Subsidiárias” que também orienta o OEE 3:

1) Implica cooperar com o desenvolvimento nacional, participando ou

executando atividades nos campos científico-tecnológico e sócio-econômico em

proveito da sociedade brasileira; cooperar com a defesa civil, prestando socorro às

populações vítimas de calamidades; cooperar com órgãos federais, quando se fizer

necessário, na repressão aos delitos de repercussão nacional e internacional, no

território nacional, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de

instrução; e cooperar com órgãos públicos federais, estaduais e municipais e,

excepcionalmente, com empresas privadas, na execução de obras e serviços de

engenharia.

2) Implica ainda em atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na

faixa de fronteira terrestre, contra delitos transfronteiriços e ambientais,

isoladamente ou em cooperação com órgãos do Poder Executivo, realizando, dentre

outras, ações de patrulhamento; revista de pessoas, de veículos terrestres, de

embarcações e de aeronaves; e prisões em flagrante delito.

Por fim, a servidão “Apoiar a Política Externa do País” implica no emprego da

Força Terrestre, restrito ao nível aquém da violência, enquanto se desenvolvem

ações diplomáticas para a solução do conflito.

A Diretriz do Comandante do Exército, emitida para os anos de 2011 a 2014,

estabeleceu o apoio à Defesa Civil como uma ação estratégica. Dentre os cenários

de emprego da Força para os anos vindouros, onde se destacaria a atuação do

Exército nos desastres que viriam a acontecer nas unidades da federação, de forma

cada vez mais recorrente.

O documento que aborda as intenções e o pensamento do Comandante do EB

ressalta que esta atuação deverá ser feita com presteza, a fim de propiciar o

adequado apoio à população necessitada (BRASIL, 2015).

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Além disso, a Nota de Coordenação Doutrinária (NCD) Nr 01/2014 – C Dout

Ex/EME, de 10 de abril de 2014, estabelece a concepção doutrinária para o

emprego de tropas do Exército Brasileiro em operações de ajuda humanitária e em

assistência cívico-social à população.

A Diretriz do Comandante do Exército, para 2018-2019, cita:

A missão de cada um de nós, desde o Comandante do Exército até o

mais jovem soldado, é manter, apoiar e aprimorar o Exército

Brasileiro, em especial a sua Força Terrestre. A nossa principal tarefa

como soldados é contribuir efetivamente para um Exército bem

treinado, com prontidão elevada, espírito de corpo, forte poder de

combate reconhecido internacionalmente e com a confiança da

sociedade brasileira (grifo nosso). Devemos, entretanto, ser

capazes de superar as adversidades econômicas e conjunturais, bem

cumprindo as nossas missões de defender a Pátria e os seus valores

democráticos. Ao avaliar os dias atuais e respeitando a nossa

História, devemos lançar um olhar continuado ao futuro, buscando

racionalizar para manter a transformação do Exército, sendo capazes

de entregar uma Força Terrestre renovada e financeiramente

sustentável para as novas gerações de brasileiros.

O Plano de Comunicação Social do Exército para o biênio 2018-2019,

estabelece que a credibilidade e o “capital de confiança” alcançados pelo EB perante

à sociedade, em face de resultados obtidos nas mais diversas ações, aumentam sua

exposição na mídia. Portanto, caberá a cada integrante do EB atuar como um

Agente de Comunicação Social, contribuindo e sendo responsável pelo

fortalecimento e pela preservação da imagem institucional.

Não obstante os elevados índices de confiança (em torno de 80%) creditados

ao EB por meio de pesquisas de opinião de vários institutos, verificou-se que há

oportunidades de melhoria perante os públicos-alvo de interesse. Sendo assim,

estabeleceu que em 2018 e 2019, as atividades de Comunicação Social (Com Soc)

deverão ser voltadas para os diferentes setores da sociedade, camadas sociais e

regiões geográficas e deverão ser planejadas nos diversos níveis, visando a ampliar

o grau de confiança da Instituição junto à opinião pública.

Com relação a Política Nacional de Defesa Civil, conforme prevista na

Constituição Federal, é uma atribuição do Estado realizar as ações destinadas a

evitar ou minimizar os desastres naturais e os incidentes tecnológicos, bem como

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preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social nos casos de

desastre. Essas ações são chamadas de Proteção e Defesa Civil (ARAÚJO, 2013).

“Compete privativamente à União legislar sobre [...] a defesa

territorial, a defesa aeroespacial, a defesa marítima, a defesa civil e

mobilização nacional” (BRASIL, 1988, p 28.).

Dessa forma e em atendimento ao Art 21, inciso XVIII, da Constituição Federal

de 1988: para “planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades

públicas, especialmente as secas e as inundações”, o Governo Federal criou o

Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC).

No ano de 2012 foi instituída, com a finalidade de orientar e consolidar o

assunto, a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), que traz os

princípios, os objetivos e instrumentos de como a gestão de riscos de desastres

deverão ser implementadas no Brasil, com o propósito de assegurar condições

sociais, econômicas e ambientais adequadas para garantir a dignidade da

população e a promoção do desenvolvimento sustentável, integrando as

informações em um sistema capaz de subsidiar os órgãos do SINPDEC.

As diretrizes da PNPDEC, conforme a Lei 12.608, de 10 Abr 2012, são:

Art. 4° São diretrizes da PNPDEC:

I - Atuação articulada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e

os Municípios para redução de desastres e apoio às comunidades

atingidas;

II - Abordagem sistêmica das ações de prevenção, mitigação,

preparação, resposta e recuperação;

III - a prioridade às ações preventivas relacionadas à minimização de

desastres;

IV - Adoção da bacia hidrográfica como unidade de análise das ações

de prevenção de desastres relacionados a corpos d’água;

V - Planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de

risco e incidência de desastres no território nacional;

VI - participação da sociedade civil (BRASIL, 2012).

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A PNPDEC tem como seus principais objetivos:

Art. 5º São objetivos da PNPDEC:

I – reduzir os riscos de desastres;

II – prestar socorro e assistência às populações atingidas por

desastres;

(...)

V – promover a continuidade das ações de proteção e de defesa civil;

(...)

XV – integrar informações em sistema capaz de subsidiar os órgãos

do SINPDEC na previsão e no controle dos efeitos negativos de

eventos adversos sobre a população, os bens e serviços e o meio

ambiente. (BRASIL, 2012).

Os Art 7º, 8º e 9º da Lei 12.608, de 10 Abr 2012, estabelece as competências

da União, dos Estados e Municípios referente a Política Nacional de Defesa Civil e

áreas afetas ao assunto.

O Decreto 7257, de 4 de agosto de 2010, define, ainda, dois conceitos

importantes no computo deste trabalho.

Situação de emergência: situação anormal, provocada por

desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o

comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder

público do ente atingido.

Estado de calamidade pública: situação anormal, provocada por

desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o

comprometimento substancial da capacidade de resposta do poder

público do ente atingido (BRASIL,2010)

O SINPDEC tem por finalidade contribuir no processo de planejamento,

articulação, coordenação e execução de programas, projetos e ações de proteção e

defesa civil, tendo como seu órgão central a Secretaria Nacional de Defesa Civil

(SEDEC), responsável por coordenar o sistema (ARAÚJO, 2013).

Esse sistema deve articular e coordenar os órgãos afins em todo o território

nacional, complementar as capacidades dos mesmos, promover ações de

prevenção de catástrofes naturais, realizar estudos para reduzir os riscos, atuar na

iminência e em circunstâncias de desastres e prevenir ou minimizar danos,

socorrendo vítimas e assistindo as populações afetadas, restabelecendo os cenários

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atingidos por desastres.

Esse Sistema é constituído pelos órgãos e entidades da

administração pública federal, dos Estados, do Distrito Federal, dos

Municípios e por organizações públicas e privadas de atuação

significativa na área de proteção e Defesa Civil, sob a coordenação

da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, órgão do MI

(BRASIL, 2015, p. 15).

O Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (CONPDEC) é o órgão

consultivo do sistema e responsável pela formulação e deliberação de políticas e

diretrizes sobre o tema, sendo composto por membros das seguintes entidades:

Ministério da Integração Nacional, Casa Civil da Presidência da República, Gabinete

de Segurança Institucional da Presidência da República, Ministério da Defesa,

Ministério do Planejamento, Ministério das Cidades, Ministério do Desenvolvimento

Social e Combate à Fome, Ministério da Saúde, Ministério do Meio Ambiente,

Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Estados e

Distrito Federal (três representantes), Municípios (três representantes), Sociedade

Civil (três representantes), Comunidades atingidas por desastre (dois

representantes) e Especialistas de notório saber na área de proteção e defesa civil

(dois representantes) (BRASIL, 2012).

A SEDEC é o órgão a quem compete, também, a articulação, coordenação e

supervisão técnica do sistema. Mesmo trabalho, no âmbito regional, é realizado

pelas Coordenadorias Regionais de Defesa Civil (CORDEC). No total são cinco

macrorregiões (BRASIL, 2012).

Os órgãos regionais de proteção e defesa civil são os responsáveis pela

articulação, coordenação e execução do SINPDEC em nível regional. Os órgãos

estaduais e do Distrito Federal de proteção e defesa civil são os responsáveis pela

articulação, coordenação e execução do SINPDEC em nível estadual, por meio de

suas respectivas Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil (CEDEC). Acrescenta-

se a estes os órgãos municipais de proteção e defesa civil que são os responsáveis

pela articulação, coordenação e execução do SINPDEC em nível municipal, por

meio das Coordenadorias Municipais de Defesa Civil (COMDEC) e dos Núcleos

Comunitários de Defesa Civil (NUDEC). Finalmente, os órgãos setoriais dos três

âmbitos de governo abrangem os órgãos envolvidos na ação da Defesa Civil (UFSC,

2013).

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O Ministério da Defesa, como membro do CONPDEC, se vale do Exército

Brasileiro para prestar o apoio necessário a todo o sistema, especialmente no

socorro às comunidades atingidas (ARAÚJO, 2013).

Dessa maneira, o SINPDEC apresenta-se como a estrutura no Brasil voltada

para ações de Defesa Civil. Esse sistema de Defesa Civil terá sua eficácia

dependente da capacidade da administração pública integrar as capacidades civis

através do esforço unificado, verificado com as relações Inter organizacionais

(BRASIL, 2012).

Conforme apontado anteriormente, a Estratégia Nacional de Defesa, de 2016,

não trata o apoio à Defesa Civil como hipótese de emprego das FA, mas ao definir

as ações estratégicas que irão orientar a implementação da END, aborda que “todas

as instâncias do Estado deverão contribuir para o incremento do nível de Segurança

Nacional, com particular ênfase sobre as ações de defesa civil, a cargo do

Ministério da Integração Nacional” (grifo nosso) o que ampara o apoio das Forças

Armadas nessas atividades.

A atuação das mesmas em apoio à Defesa Civil, além de amparada pela lei

complementar mencionada anteriormente, está em conformidade com a Política

Nacional de Proteção e Defesa Civil, de 10 de abril de 2012, e com o Decreto nº

7.257, de 4 de agosto de 2010, que dispõe sobre a constituição do Sistema Nacional

de Defesa Civil (SINDEC), do Ministério da Integração Nacional (MI).

As Forças Armadas Brasileiras, baseadas nas suas atribuições legais, têm sido

chamadas a cooperar com o SINPDEC, particularmente na fase de resposta a

desastres naturais de grandes proporções, atuando em conjunto com outras

organizações, cooperando e complementando suas capacidades, tornando-as

fatores de contribuição indispensáveis ao êxito de qualquer missão de apoio à

Defesa Civil (ARAÚJO, 2013).

Vale salientar que a ação organizada, de forma integrada e global, entre as

agências que fazem parte direta ou indiretamente do SINPDEC, proporciona um

resultado multiplicador e potencializador mais eficiente e eficaz do que a simples

soma das ações dos órgãos que o compõem. Dessa forma ratificam-se as

necessidades de se trabalhar em um ambiente de agregação de capacidades e

cooperação entre todos os atores do sistema (BRASIL, 2012).

Na concepção do emprego das Forças Armadas e, em particular, do Exército,

destaca-se que a atuação nas atividades de defesa civil deverá ocorrer em regime

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de cooperação com o SINPDEC. Em qualquer situação, a coordenação das ações

caberá ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD). As

FA não assumirão o controle operacional dos órgãos de defesa civil e de segurança

pública (OSP), devendo sua atuação transcorrer em coordenação com os mesmos

(BRASIL, 2015).

O apoio prestado ao SINPDEC será transitório e episódico (grifo nosso), não

sendo esta a atividade principal das FA, que devem manter sua preparação para a

execução das suas principais funções constitucionais que são a defesa da

integridade territorial, a proteção do País de agressões externas e a salvaguarda dos

interesses vitais da Nação (ARAÚJO, 2013).

Nesse contexto, apresentaram e apresentam-se como Ações Subsidiárias

com a participação das Forças Armadas: Ajuda Humanitária Internacional; Apoio às

Comunidades Indígenas; Apoio logístico, de comunicações, de inteligência e de

adestramento aos Órgãos Federais e Estaduais; Apoio ao Tribunal Superior

Eleitoral; Combate a pandemias e endemias; Apoio aos Destacamentos de

Segurança de Embaixadas e Resgate de não-combatentes; Ações preventivas e

repressivas contra ilícitos transfonteiriços; Apoio ao “Programa Mais Médicos do

Governo Federal”; Apoio ao Ministério da Educação (ENEM/ENADE); Apoio às

deliberações de Conselhos e Entidades Interministeriais com participação do

Ministério da Defesa; Programas Sociais da Defesa; e em Apoio à Defesa Civil com

socorro às vítimas de desastres naturais e antrópicos, em coordenação com a

Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC) e o Centro Nacional de

Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), ambos do Ministério da Integração

Nacional.

Dentro desse espectro, o Exército Brasileiro a mais de 20 (vinte) anos está

atuando na Operação de Distribuição Emergencial de Água Potável no Semiárido

Brasileiro.

A chamada “Operação Carro-Pipa” tem demandado emprego de grande parte

dos recursos humanos e tempo de trabalho nas Organizações Militares,

particularmente, do Comando Militar do Nordeste.

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1.7 METODOLOGIA

A pesquisa a ser desenvolvida será do tipo qualitativa, uma vez que buscará

identificar e estudar toda a base legal relativa ao assunto, de forma a entender a

inserção da Exército Brasileiro nas Ações Subsidiárias, em particular na Operação

Carro Pipa, nas capacidades para tal participação e na Preparação e no Emprego da

Força Terrestre.

De acordo com a taxonomia de Vergara (2009), a pesquisa será ainda do tipo

aplicada, documental e bibliográfica. Aplicada, porque visa a identificar as

capacidades existentes no Exército Brasileiro, particularmente no CMNE, e as que

precisam ser desenvolvidas para este tipo de operação (Carro-Pipa).

Documental, pois será realizada uma pesquisa em documentos existentes

sobre o assunto no âmbito do Ministério da Defesa e no Ministério da Integração

Nacional, além de estudos sobre o assunto e relatórios de empregos anteriores em

operações desta natureza.

Bibliográfica, pois também será pesquisado publicações diversas sobre o

assunto tais como periódicos sobre Ações Subsidiárias, revistas especializadas e

jornais de ampla circulação que tenham noticiado emprego anterior em operações

desta natureza.

A pesquisa será limitada pois não será possível realizar uma pesquisa de

campo para comprovar sua validade; limitada ainda pelo fator tempo por não permitir

um maior aprofundamento; e limitada, também, pelo histórico de ocorrências das

Ações Subsidiárias, bem como pelo ineditismo que é a Operação Carro-Pipa que

ocorre no Brasil.

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2 OPERAÇÃO CARRO-PIPA

2.1 GENERALIDADES

Esta Operação, por envolver recursos financeiros na cifra dos milhões, poderá

abrir uma grande vulnerabilidade para a boa imagem do Exército, ao empregar seus

recursos humanos, em sua maioria, de forma descentralizada e isolada, em meio a

componentes da sociedade que muitas vezes não comungam de valores e princípios

morais tão caros a nossa Instituição.

A realização de um diagnóstico do que realmente as Organizações Militares

têm enfrentado, ao longo de mais de duas décadas nessa Operação e a perspectiva

para o futuro, contribuirá para a apresentação de uma nova proposta para as

atribuições do Exército na “Operação Carro-Pipa”, que proteja a sua imagem, porém

não diminuindo sua eficiência, nem a sua credibilidade, seja em função da sua

principal atribuição constitucional, seja nesse tipo de Ação Subsidiária.

Afim de entender e dar amparo legal a Operação Carro-Pipa, a Portaria

Interministerial Nº 1/MI/MD, de 25 de julho de 2012, modificada pela Portaria

Interministerial Nº 02/MI/MD, de 27 de março de 2015, dispõe sobre a mútua

cooperação técnica e financeira entre os Ministérios da Integração Nacional e da

Defesa para a realização de ações complementares de apoio às atividades de

distribuição de água potável às populações atingidas por estiagem e seca na região

do semiárido nordestino e região norte dos Estados de Minas Gerais e do Espírito

Santo, denominada Operação Carro-Pipa estabelecendo as atribuições para as

Instituições, Órgãos e Agências envolvidas.

Em consequência, a Diretriz de Planejamento de Ações Subsidiárias Nº

02/16, de 18 de maio de 2016, do Comandante de Operações Terrestre, em

substituição a Diretriz de Planejamento de Ações Subsidiárias nº 01/COTER, de 24

de março de 2009, orienta o CMNE no planejamento e na execução das atividades

ligadas a Operação Carro-Pipa, definindo-o como executante e, consequentemente,

suas OM subordinadas.

Da mesma forma, a Diretriz Nr 001 – Esc Op C Pipa/CMNE, de 15 de julho de

2015, e a Ordem de Seviço Nr 008 – Esc Op C Pipa/CMNE, de 17 de agosto de

2015 estabelece as diretrizes do Comandante Militar do Nordeste para o

planejamento e execução do Programa Emergencial de Distribuição de Água

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Potável no semiárido brasileiro – Operação Carro-Pipa, bem como regula a

participação de suas OM subordinadas.

2.2 A COMPLEXIDADE DO FUNCIONAMENTO DA OPERAÇÃO CARRO-PIPA.

Figura 01: Cenário da Operação Carro-Pipa.

Fonte: Palestra do COTER, proferida em 20 de abril de 2018, na ECEME.

2.2.1 O Conceito

A Operação Carro-Pipa (OCP) é uma das ações do Programa Emergencial de

Distribuição de Água do Governo Federal. Tem por objetivo a distribuição de água

potável, pelo Exército Brasileiro, às populações atingidas pela seca na região do

semiárido brasileiro que envolve a região nordeste e região norte dos Estados de

Minas Gerais e do Espírito Santo.

O Ministério da Integração Nacional (MI) e o Ministério da Defesa (MD)

firmaram um acordo de cooperação para a realização de ações complementares de

apoio à distribuição de água potável às populações atingidas pela seca que está em

execução a mais de 20 (vinte) anos.

O alcance do Programa não está delimitado às regiões acima apontadas. Sua

abrangência poderá se estender aos municípios que sofram com os efeitos da

estiagem e que não estejam em situação de emergência ou estado de calamidade

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pública decretada, após avaliação e autorização da Secretaria Nacional de Proteção

e Defesa Civil (SEDEC). Poderá, ainda, incluir a área urbana dos municípios

anteriormente incluídos na Operação, por solicitação da SEDEC e dentro das

limitações operacionais.

Estão estabelecidos como responsáveis executores da Operação: o Comando

Militar do Nordeste como Gestor Central; o Comando da 6ª Região Militar nos

Estados da Bahia, Sergipe, norte dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santos; o

Comando da 10ª Região Militar nos Estados do Ceará e Piauí; o Comando da 7ª

Brigada de Infantaria Motorizada, nos Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba; e

o Comando da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, nos Estados de Pernambuco e

Alagoas. Como consequência recaem sob a Organizações Militares subordinadas,

em particular as OM Operacionais, as tarefas executoras diretas.

Figura 02: Organograma do CMNE

Fonte: Palestra do CMNE, proferida em 2017, no CMNE.

2.2.2 Como Funciona

A fim de melhor entender a complexidade e o grau de envolvimento dos

componentes da Força Terrestre, na participação e execução direta no Programa

Emergencial de Distribuição de Água Potável no semiárido brasileiro, o Comando

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Militar do Nordeste (CMNE), em consonância com as Diretrizes emanadas dos

Escalões Superiores, padronizou os procedimentos adotados por todas as

Organizações Militares Executoras (OME) subordinadas.

Figura 03: Sistemática de Inclusão de Município na Operação Carro-Pipa.

Fonte: Palestra do COTER, proferida em 20 de abril de 2018, na ECEME.

Esses procedimentos são complexos e envolvem boa parcela dos efetivos de

militares profissionais das unidades militares operacionais nordestinas.

As atribuições e responsabilidades dos Comandantes e integrantes das OM

participantes envolvem procedimentos complexos, tais como: inclusão de

municípios; exclusão de municípios; cadastramento de municípios; solicitação de

recursos financeiros; controle da qualidade da água; gestão do sistema; cobertura

fotográfica e mídias; pesquisas; prestação de contas; aplicação de recursos

financeiros; contabilidade e finanças; e fiscalização.

NÚMEROS RELATIVOS A OPERAÇÃO PIPA EM 2014

ESTADOS PIPEIROS CONTRATADOS MUNICIPIOS ATENDIDOS

ALAGOAS 405 40

BAHIA 2050 214

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CEARÁ 1227 126

MINAS GERAIS 101 36

PARAIBA 1075 160

PERNAMBUCO 1839 104

PIAUÍ 581 68

RIO GRANDE DO NORTE 582 135

SERGIPE 134 12

TOTAL 7994 895 Tabela 01: Números relativos da Op Carro-Pipa em 2014.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/observatoriodaseca/operacao-carro-pipa.html

2.2.2.1 Inclusão de municípios na Operação

Para que os municípios sejam incluídos na Operação, o CMNE recebe do

COTER a relação contendo os municípios que deverão ser incluídos na Operação

Carro-Pipa, conforme solicitação documentada da SEDEC. Após avaliação, o

COTER solicitará ao Grande Comando (G Cmdo) responsável a inclusão do

município, bem como a definição da Organização Militar Executante (OME).

A partir daí são realizados reconhecimentos de campo por equipes de

militares do efetivo profissional das OME. Nos reconhecimentos são empenhados,

em média 10 (dez) equipes de 02 (dois) militares do efetivo profissional que ficam

ausentes das atividades da caserna por, pelo menos, 01 (uma) semana a cada

reconhecimento realizado.

Após inclusão do município, a Organização Militar Executora, no mais curto

prazo, empenha seu pessoal na busca do contato com o Prefeito Municipal e/ou

integrantes da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (COMDEC) para

que a distribuição de água seja iniciada com a máxima brevidade possível, com

pipeiros já contratados ou com os meios militares orgânicos da própria OME.

2.2.2.2 Exclusão de municípios na Operação

A exclusão de município se dá por iniciativa da SEDEC ou sugerida a esse

órgão, por meio de documento com justificativa, pelo órgão municipal de defesa civil

(COMDEC), pela Prefeitura Municipal ou pelo COTER.

É feita uma Ata acompanha o documento de solicitação de exclusão até o

COTER, via canal de comando, que, por sua vez, informa à SEDEC, para fins de

controle.

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A exclusão de qualquer município recai sobre a OME as responsabilidades

pelas providências dos ajuste de contas com os profissionais contratados (pipeiro),

anulação de eventuais empenhos não passíveis de liquidação, adoção das demais

medidas administrativas cabíveis, informação imediatamente ao Comando (Cmdo)

do CMNE, pelo canal de comando, e o registro no Sistema de Gestão e Controle de

Distribuição de Água (GCDA). Esta ação empenha um efetivo de profissionais

considerável, desviando-os das atividades de preparo e emprego da Unidade.

Poderá ocorrer Suspensão Temporária de município da Operação por iniciativa

da COMDEC, da Prefeitura Municipal ou da OME que também exigirá os mesmos

trâmites administrativos da exclusão.

Todos esses procedimentos são complexos e exigem a colocação de militares

do efetivo profissional com maior experiência como Sargentos e Oficiais, que ficam

dedicados exclusivamente a essas atividades.

2.2.2.3 Cadastramento de municípios

Outra atividade complexa que exige da OM a disponibilização de militares do

efetivo profissional diuturnamente é o cadastro de municípios no sistema. Nessa

atividade, o militar responsável faz o registro e controle dos municípios incluídos na

Operação Carro-Pipa, de acordo com as situações existentes no Sistema de Gestão

e Controle e Distribuição de Água (GCDA).

2.2.2.4 Sistematização para solicitação de recursos financeiros

Uma estimativa mensal de recursos financeiros para as ações de coordenação,

fiscalização e execução da Operação é confeccionada por uma equipe de militares

experientes e remetida ao Cmdo do CMNE, via Sistema GCDA. O Cmdo do CMNE,

após análise, aprova a solicitação global do CMNE e encaminha ao COTER, que por

sua vez entrará em tratativas com o Ministério da Integração Nacional para que este

realize o repasse dos recursos por destaque de natureza de despesa (ND).

Essa equipe levanta a necessidade de recurso financeiro das OME com as

especificações da natureza da despesa (ND) que devem sempre refletir os trinta

dias do mês subsequente exigindo um minucioso planejamento em cima dos dados

coletados, necessitando, portanto, o empenho de militares do efetivo profissional,

exclusivamente, para essa atividade que ocorre todos os meses do ano. Ao chegar o

mês de novembro, as OME devem fazer uma previsão de recursos financeiros,

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também, para o mês de janeiro do ano seguinte para que a Operação não tenha

interrupções na virada de um ano para o outro.

Figura 04: Termo de Execução Descentralizada 16/2017.Ministério da Integração Nacional.

Disponível em:http://www.mi.gov.br/documents/10157/4125118/. Acesso em 18 abr.2018.

2.2.2.5 Qualidade da água coletada e distribuída

Outro passo na execução da Operação Carro-Pipa que é de muita

complexidade e exige o emprego de grande número de militares de uma OME na

sua execução é o controle da quantidade e qualidade de água coletada e distribuída.

A qualidade da água coletada em mananciais superficiais ou subterrâneos

segue os critérios estabelecidos na Portaria do Ministério da Saúde Nr 2.914, de 12

de dezembro de 2011. Entretanto, no que diz respeito às responsabilidades pelo

controle da qualidade da água, as OME e suas equipes de militares, além de

observarem a Portaria supracitada, devem atentar também para o Art. 8º da Portaria

Interministerial nº 1/MI/MD, de 25 de julho de 2012, onde consta as

responsabilidades do Governo Municipal e com isso a complexidade ficou muito

aumentada e de difícil cobrança.

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35

Considerando a realidade das regiões do semiárido no tocante à

disponibilidade de meios para o transporte de água, as OME e seus fiscalizadores

são responsáveis pela garantia, quando da contratação, para que os carros-pipa

apresentem condições de conservação que não permitam a contaminação da água

transportada. Com o agravante de que é permitido a utilização de meios alternativos

para transporte e distribuição aos municípios, desde que mantenham a eficácia da

Operação e não comprometa a potabilidade da água.

A fiscalização da qualidade da água distribuída pelo carro-pipa é de

responsabilidade da OME e das equipes de fiscalização de todos os escalões

envolvidos de forma inopinada e por amostragem.

Figura 05: Reunião de apresentação de laudo de potabilidade no Ceará. Disponível

em:<http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/polopoly_fs/1.1672366!/image/image.jpg

>Acesso em: 18 abr 2108.

2.2.2.6 Sistema de Controle do Portal da Operação Carro-Pipa e Sistema GCDA

O Portal da Operação Carro-Pipa e o Sistema de Gerenciamento e Controle

de Distribuição de Água (Sistema GCDA) são as duas ferramentas de controle

utilizadas por todos os níveis de coordenação, particularmente pelo CMNE e pelo

COTER. Em consequência, as OME mantêm os dados sob suas responsabilidades

permanentemente atualizados, de forma a permitir informações confiáveis em tempo

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36

oportuno. Para isso empregam permanentemente militares do seu efetivo

profissional a disposição dessa atividade desviando-os dos seus encargos de

preparo e emprego da Organização Militar a qual pertencem.

A complexidade dessa atividade apresenta-se no momento em que militares

dos G Cmdo/GU e das OME tem que acessar o Portal (http://gcda.5cta.eb.mil.br),

diariamente para, nesses portais realizarem a inclusão de avisos, recomendações,

orientações, relação de municípios a serem incluídos ou excluídos e outras

informações que são disponibilizados sistematicamente pelo COTER e Cmdo do

CMNE, além de produzidas pela Organização Militar.

Da mesma forma, o CMNE disponibiliza no Sistema GCDA uma Planilha

Mensal do COTER, para a realização da Prestação de Contas, e uma Planilha

Semanal do COTER, retratando a situação da Operação. Para tanto, os G Cmdo

recebem, analisam, avaliam e validam os dados dos relatórios das suas OME,

consolidando as informações em seu nível para remessa ao escalão superior. Sendo

de fundamental importância a compatibilidade dos dados desses relatórios com os

dados de produtividade dos pipeiros contratados.

Esse procedimento visa possibilitar consultas posteriores, para o atendimento

de demandas dos órgãos de controle, mídia e solicitações com base na Lei de

Acesso à Informação (LAI), fato pelo qual as OME esforçam-se em manter em seus

bancos de dados os relatórios produzidos atualizados sempre.

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37

Figura 06: Sistema de Gerenciamento e Controle de Distribuição de Água/GCDA. Disponível em:<https://pipageo.wordpress.com/>. Acesso em 20 abr 2018.

2.2.2.7 Atribuições de cobertura fotográficas e notícias da imprensa regional

Recai também a responsabilidade das OME, enviar, para fins de atualização

da INTRANET e das páginas eletrônicas do CMNE e do COTER, fotografias e

notícias. Esse material necessita remetidas contenham legenda, que esclareça seu

conteúdo.

2.2.2.8 Pesquisa de opinião

As OME por intermédio de suas equipes de fiscalização, pelo menos uma vez

por mês, realizam pesquisa de opinião, por amostragem, nos municípios sob sua

responsabilidade, visando obter e acompanhar indicadores de desempenho. Os

resultados também são remetidos ao Cmdo do CMNE quando solicitado.

2.2.2.9 Prestação de contas

A prestação de contas segue o prescrito na Instrução Normativa nº 01/STN, de

15 de janeiro de 1997, publicada no DOU de 31 de janeiro de 1997, e suas

atualizações posteriores, particularmente em seus artigos 28 a 31 (Componentes do

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38

relatório final da prestação de contas e responsabilidades do Ordenador de

Despesas).

Além de seguir e cumprir todas as normas da Secretaria de Economia e

Finanças (SEF), a prestação de contas das OME é realizada por intermédio da

Planilha Mensal do COTER, contendo nome dos Municípios; Unidade da Federação;

número de pessoas atendidas por município; volume de água entregue por

município; valor gasto na Operação por município; quantidade de carros-pipa

contratados por município; e outras informações que a SEDEC julgar necessárias.

Para esta atividade a OM emprega normalmente Oficiais e Sargentos todos os

meses, com dedicação exclusiva, impedindo que os mesmos participem de outras

atividades da Unidade.

2.2.2.10 Aplicação de recursos financeiros

Os recursos financeiros descentralizados para a Operação são empregados

de forma judiciosa, priorizando sempre a atividade de distribuição de água.

Apesar das atividades terem o amparo na legislação vigente, a OME publica

em seu Boletim Interno toda a execução da despesa com:

a) manutenção de viaturas operacionais, integrantes do Módulo Emergencial,

desde que tenham sido empregadas na Operação;

b) aquisição de materiais de consumo, dentro do escopo da Operação;

c) aquisição de combustíveis para o abastecimento dos veículos empregados

na Operação;

d) confecção de banners e informativos para divulgação da Operação Pipa;

e) confecção de adesivos para os carros-pipa contratados;

f) contratação de serviço de internet banda larga, inclusive móvel, para

permitir o acesso aos Sistemas GCDA e GPIPABRASIL, durante as atividades de

campo;

g) manutenção de computadores utilizados no suporte técnico à Operação;

h) revelação de fotografias no contexto da Operação;

i) aquisição de mapas e cartas para facilitar as atividades de planejamento da

Operação;

j) elaboração de filmes para divulgar as atividades da Operação;

k) manutenção das instalações da OME utilizadas para a Operação; e

l) outras necessidades, desde que relacionadas no escopo da Operação.

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Todos os bens móveis adquiridos para a execução das ações de distribuição

emergencial de água são incorporados ao acervo do Exército Brasileiro. Para tanto,

todos os documentos utilizados no processo de aquisição de material permanente

são enviados ao COTER, para posterior repasse ao Ministério da Integração

Nacional, o qual providencia a transferência definitiva para o patrimônio da Força.

As OME também empregam recursos financeiros para o pagamento das

faturas das concessionárias de energia elétrica e água, contratam 1 (uma) linha

exclusiva para a Sala de Coordenação da Operação Pipa e, visando atender às

necessidades do Sistema de Monitoramento e Rastreamento Eletrônico, e demais

demandas da Operação (SIAFI, Sistema GCDA, canal técnico etc.), contratam um

serviço de internet exclusivo.

Os comandantes das OME, bem como, todos os militares envolvidos direta ou

indiretamente na execução da Operação Carro-Pipa desempenham uma eficiente

gestão dos recursos financeiros e necessitam, portanto, ter uma atenção especial

aos aspectos da execução das despesas; da locação de veículos; da concessão de

diárias; da proibição de utilização dos recursos financeiros da Operação Carro-Pipa

para o pagamento do seguro obrigatório das viaturas militares; da manutenção de

um efetivo controle do material destinado à Operação Carro-Pipa; do preenchimento

do número de inscrição no INSS dos pipeiros no Recibo de Pagamento de

Autônomo (RPA); de seguir criteriosamente as fases da despesa (empenho,

liquidação e pagamento); dentre outros aspectos que os agentes da administração

pública são submetidos. Dessa forma, os militares destacados para o desempenho

dessa função, bem como o Comandante da OM, que tem a função de Ordenador de

Despesa, dedicam a grande parte do seu tempo exclusivamente para esses

afazeres, em prejuízo das outras atribuições funcionais dentro da OM.

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40

HISTÓRICO DE RECURSOS RECEBIDOS PELO COTER OPERAÇÃO CARRO PIPA

ANO VALOR (R$)

1998 26.425.000,00

1999 35.720.000,00

2000 16.336.938,78

2001 14.525.829,67

2002 10.000.000,00

2003 6.147.362,65

2004 4.000.000,00

2005 3.000.000,00

2006 29.605.530,05

2007 10.0213.310,55

2008 132.707.149,36

2009 220.066.689,28

2010 231.747.689,74

2011 170.922.981,08

2012 402.223.103,89

2013 721.228.522,03

2014 761.055.198,95

2015 971.854.572,98

2016 841.461.468,88

2017 1.047.098.313,87

2018 (até Jun) 423.769.400,87

TOTAL 6.170.109.062,63

Tabela 02: Montante de recursos financeiros repassados ao EB. Palestra da 6ª SCh/EME em 15 Jun 2018 para o CPEAEx. Fonte: COTER (atualização em 11 Jun 2018)

2.2.2.11 Contabilidade e Finanças

É solicitado às OME esforços para liquidar e pagar as despesas até o dia 30

do mês subsequente ao efetivamente trabalhado, tanto no que diz respeito a

pagamento de pipeiros, quanto às demais despesas inerentes à Operação.

O Ordenador de Despesas das OME, constantemente e a qualquer tempo, é

objeto de consulta às ICFEx vinculadas no que se refere à aplicação de recursos

financeiros; ao processo de inexigibilidade de licitação por credenciamento; a

locação de veículos; a contrato e pagamento dos prestadores de serviço; às

retenções e recolhimentos de impostos; aos registros no SIAFI; à concessão de

diárias e suprimento de fundos; e ao processo de Prestação de Contas.

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Figura 07: Escalada ascendente de recebimento de recursos

financeiros para Op Carro-Pipa e auditados pelas ICFEx.

Fonte: Palestra do COTER, proferida em 20 de abril de 2018, na ECEME.

2.2.2.12 Fiscalização

Uma efetiva fiscalização em todos os escalões é de fundamental importância

para a eficácia de todos os processos inerentes à Operação. Entretanto, apesar de

todos os órgãos (SEDEC; COTER; CMNE; G Cmdo/GU; OME e as COMDEC)

possuírem responsabilidades de fiscalização, recai sobre os militares e Comandante

da Unidade a maior responsabilidade em todo o processo.

As fiscalizações realizadas pelas OME são eminentemente operacionais,

voltadas para a distribuição de água. Dessa forma, as equipes de militares

fiscalizadores dedicam atenção especial ao cumprimento da planilha de distribuição

de água por parte dos pipeiros, em quantidade de viagens e volume de água

transportado, bem como nos aspectos relativos à qualidade da água. Para a

realização desse processo as OME empregam, pelo menos, 20 (vinte) militares

todas as semanas, de janeiro a dezembro.

Por outro lado, ocorre também as fiscalizações gerenciais dos G Cmdo/GU,

de forma a avaliar como a OME realizam o planejamento da Operação, em todos os

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seus aspectos (financeiros, logísticos e operacionais), bem como para constatar “in

loco” se a Operação está sendo executada conforme foi planejada e se estão sendo

cumpridas as diretrizes dos escalões superiores, particularmente aquelas emitidas

pelo Comandante Militar do Nordeste.

As OME fiscalizam, pelo menos, 01 (uma) vez a cada 02 (dois) meses os

municípios apoiados, procurando verificar todos os Pontos de Abastecimento (PA)

e veículos contratados (pipeiros), onde são observados, particularmente, os dados

que serviram de parâmetros para o cálculo do pagamento dos pipeiros (população

assistida, distâncias, volume do tanque do carro-pipa e quantidade de viagens

realizadas).

Para essa atividade há a imposição para que os militares participantes da

fiscalização sejam escolhidos de forma criteriosa e somente do efetivo profissional, o

que restringe ainda mais a flexibilidade de manobra do Comandante da OM junto

aos recursos humanos disponíveis.

As OME procuram também realiza a fiscalização indireta, com a utilização do

Sistema de Monitoramento e Rastreamento Eletrônico (Sistema GPIPABRASIL).

Nesse tipo de fiscalização é importante verificar se a captação da água está sendo

realizado no manancial cadastrado, se as rotas percorridas pelos pipeiros são

aquelas que serviram de base para o cálculo do pagamento e se estão sendo

abastecidas as cisternas dos Pontos de Abastecimento (PA) cadastrados. Contudo a

presença física no terreno é a que apresenta melhores resultados.

A denúncia, mesmo anônima, faz parte da fiscalização, razão pela qual é

sempre objeto de investigação. É importante a averiguação dos resultados, fato que

também exige o emprego de recursos humanos das OME.

As OME ainda empregam seus Oficiais do Estado-Maior para as atividades

de supervisão das equipes de fiscalização, a fim de diminuir as fraudes internas.

2.2.2.13 Outras atribuições e responsabilidades da OME

A qualidade da água é fator importante permanentemente observada. Para

isso, a OME solicita à COMDEC do município apoiado, mensalmente, o respectivo

laudo de potabilidade da água.

A base de cálculo para a distribuição de água é de 20 (vinte) litros de água,

por habitante, por dia (20 litros/hab/dia) no caso de habitações residenciais. Para

escolas e postos de saúde, a base vai para 05 (cinco) litros, por aluno ou paciente,

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por dia (5 litros/aluno ou paciente/dia). A OME realiza a comprovação do número de

pessoas por residência na realização da fiscalização “in loco” e no sistema de

gerenciamento.

Figura 08: Recursos (%) financeiros recebidos por missão subsidiária em 2018.

Fonte: Palestra do COTER, proferida em 20 de abril de 2018, na ECEME.

Outra atividade é o cadastro das cisternas com capacidades para abastecer a

população situada em um raio de 500m, cisterna coletiva, ou uma cisterna de

particular isolada quando o raio de distância for maior que 500m e/ou situações da

existência comprovada de pessoas idosas com dificuldade de locomoção ou

portadoras de necessidades especiais.

Visando a melhor relação custo/benefício para os cofres públicos, a OME tem

que cadastrar para a captação de água potável os mananciais mais próximos e

considerar as menores distâncias das rotas dos carros-pipa.

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Nas planilhas de distribuição de água, a OME tem a atribuição de dividir as

rotas de distribuição de forma equitativa, evitando beneficiar pipeiros em detrimento

de outros. O valor teto para pagamento pela prestação de serviço é de R$ 15.000,00

(quinze mil reais) por pipeiro.

VALORES RECEBIDOS PELO EXÉRCITO EM DESTAQUE PARA MISSÕES SUBSIDIÁRIAS EM 2018

OPERAÇÃO VALOR (R$ milhões)

ÁGATA 2,88

ACOLHIDA 98,85

CONTROLE 1,90

SÃO CRISTÓVÃO 40,00

POTIGUA III 0,93

FURAÇÃO 27,78

CARRO-PIPA 423,77 Tabela 03: Valores em R$ milhões por missão Subsidiária em 2018. Fonte: Palestra da 6ª SCh/EME em 15 Jun 2018 para o CPEAEx

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45

3 PREPARO E EMPREGO DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES NO ÂMBITO DO

CMNE

3.1 GENERALIDADES

O Exército Brasileiro iniciou seu processo de transformação logo após a

aprovação da Estratégia Nacional de Defesa (END 2008), com o objetivo de dotar a

Força Terrestre com novas capacidades a fim de poder atuar com melhor eficácia

face aos desafios impostos pela modernidade dos conflitos atuais. Dessa forma,

adotou a estratégia de dissuasão no entorno regional e extra regional.

Figura 09: Estratégia do Exército para a Defesa da Pátria.

Fonte: Palestra do COTER, proferida em 20 de abril de 2018, na ECEME.

Historicamente a estrutura, a articulação e o preparo da Força Terrestre

estavam fundamentada na Estratégia da Presença, em bases físicas do País e

mobilização de sua reserva mobilizável. Porém verificou-se a necessidade da

existência de uma estrutura de preparo e emprego com atributos que lhe permitam

flexibilidade, adaptabilidade, modularidade, elasticidade e sustentabilidade, dotando-

a de uma adequada capacidade de pronta resposta às ameaças e aos desafios para

o emprego no combate convencional ou nas ações de Garantia da Lei e da Ordem,

por exemplo, de forma gradual e proporcional.

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Figura 10: Concepção Estratégica do Exército.

Fonte:– Palestra do EME, proferida em 15 de junho de 2018, na ECEME.

O Sistema de Planejamento Estratégico do Exército (SIPLEx) estabelece

como objetivos da Política Militar Terrestre e fatores críticos de sucesso o

atingimento de um elevado nível de dissuasão militar terrestre e um elevado nível de

operacionalidade/adestramento da Força Terrestre, dentre outros.

“Deverá ser implantado um novo faseamento da instrução militar, com

a formação básica e a qualificação do Efetivo Variável (EV) de modo

centralizado e dentro de uma nova sistemática de incorporação.

Pretendese, assim, mudar o foco da instrução do EV, passando-o

para o Efetivo Profissional (EP)”. (EME; CONCEPÇÃO

ESTRATÉGICA DE TRANSFORMAÇÃO, 2013, p. 36).

A Concepção Estratégica de Emprego aponta as ações para a Força

Terrestre, descrevendo como cumprir a sua missão, listando as estratégias para

cada Hipótese de Emprego (HE), apresentando uma visão de como é a evolução da

situação para um conflito armado, definindo os Grupamentos de Emprego da Força,

e condicionando a concepção estratégica de articulação, de organização, de preparo

e evolução.

Fruto do progressivo engajamento previsto na Concepção Estratégica, a

Força Terrestre divide suas Organizações Militares Operacionais (OM Op) em:

Forças de Atuação Estratégica (FAE), Forças de Fronteira (F Fron) e Forças de

Emprego Geral (FEGe).

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Figura 11: Tipo de Forças de Emprego na Concepção Estratégica da FT.

Fonte: ProForça, Cmt 6ªRM (2014).

As OM Op do CMNE integram as FEGe que são constituídas de tropas que

se destinam ao recompletamento e/ou reforço, prioritariamente, das F Fron, bem

como atender a estratégia da presença. Estas OM Op são integradas, além dos

seus quadros, por cabos e soldados do efetivo profissional (EP) e militares do efetivo

variável (EV) que prestam o serviço militar obrigatório.

Aliado a tudo isso, em 2018, o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas

adotou como novo conceito do Planejamento de Defesa, o Planejamento Baseado

em Capacidades. Os procedimentos de preparo das Forças Armadas, incluindo

todas as OM do CMNE, deverão está voltados para as medidas de aquisição de

capacidades adequadas ao atendimento dos interesses e necessidades de defesa

do Estado, em um horizonte temporal definido, observados cenários prospectivos,

limites orçamentários e tecnológicos.

GLO em 2017/2018

Operações Local Período Efetivo

Op Varredura Presídios 17 Jan 17 a 17 Jan 18 9500

Op Potiguar II Natal/RN 20 Jan a Fev 17 2004

Op Capixaba Espírito Santo 16 a 23 Fev 17 2936

Op Carioca Rio de Janeiro 14 a 22 Fev 17 4282

Operação Esplanada Brasília 24 e 25 Maio 17 1844

Op Rio Rio de Janeiro 28 Jul a 31 Dez 18 8000

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Op Potiguar III Rio Grande do Norte 28 Dez 17 a 12 Jan 18 3000

Op São Cristóvão Brasil 25 Maio a 4 Jun 18 25000

Op Tucuxi Roraima 29 Ago a 30 Out 18 400

Tabela 04: Operações de GLO ocorrida entre 2017 e 2018.

Fonte: Palestra do EMCFA para a ECEM, em 12 set 2018.

3.2 PREPARO E EMPREGO DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES OPERACIONAIS

DO CMNE

As OM Op do CMNE vivenciam um ano de instrução militar de forma intensa

e continuada.

Essas OM Op têm a responsabilidade e encargo da formação e qualificação

do EV, onerando parte significativa do EP nas atividades de instrução, bem como a

manutenção do nível elevado de adestramento e disponibilidade para o emprego

dos seus militares em variadas Operações.

Resumidamente, no quadro abaixo estão todos os encargos de Preparo que

as OM Op do CMNE precisam atender.

FASE

INSTRUÇÃO PERÍODO OBJETIVO

Fase da

Instrução

Individual

Instrução Individual Básica

(IIB):

1) a ambientação do soldado recruta (EV) à vida

militar; 2) iniciar a formação do caráter e de hábitos

desejáveis à vida militar; 3) a obtenção de reflexos

para a execução de técnicas e táticas individuais de

combate; 4) o desenvolvimento habilitações

técnicas e capacidade física do soldado; e 5) a

preparação do soldado para iniciar a instrução em

qualquer qualificação militar.

Instrução Individual de

Qualificação (IIQ):

- Habilitar o recruta ao desempenho de funções e

cargos específicos das qualificações militares

gerais (QMG) e particulares (QMP);

- Capacitar o militar (recruta) em operações de

Garantia da Lei e da Ordem (GLO)

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FASE

INSTRUÇÃO PERÍODO OBJETIVO

Fase do

Adestramento

Adestramento Básico:

abrange as atividades de

preparo coletivo para o

combate, de acordo com a

base doutrinária da OM,

desenvolve-se até o nível

unidade (batalhão ou

regimento)

1) o desenvolvimento das capacidades

necessárias, dentro das possibilidades conjunturais,

para permitir que as organizações militares da F

Ter atuem em diferentes cenários e ambientes

operacionais;

2) o preparo da F Ter para atuar de maneira

sinérgica em operações conjuntas

(interoperabilidade) e interagências

(complementaridade); e

3) missões relacionadas à Garantia da Lei e da

Ordem (GLO).

Adestramento Avançado:

abrange as atividades de

treinamento coletivo para o

combate a partir do escalão

grande unidade (Bda).

Constitui-se na mais

importante oportunidade de

verificar a capacitação

operacional atingida pelo

módulo de combate básico

da F Ter

Programa da

Capacitação

Técnica e

Tática do

Efetivo

Profissional

(CTTEP)

- Ocorre a preparação

intelectual e física dos

integrantes do EP (oficiais,

sargentos, cabos e

soldados) da OM Op

visando a manutenção e o

aprimoramento dos

conhecimentos técnicos e

táticos já adquiridos pelo

efetivo profissional (EP),

deixando-o em adequado

nível de capacitação.

1) aperfeiçoar e manter os padrões individuais do

EP; 2) manter a instrução do EP da OM durante

todo o ano de instrução; 3) sanar deficiências na

instrução individual e no adestramento do EP em

qualquer época do ano de instrução; 4) participar

do desenvolvimento e da consolidação do valor

profissional dos Comandantes em todos os níveis;

5) manter parcela da tropa em condições de ser

empregada em qualquer época do ano, quer em

operações de defesa externa, quer em operações

de GLO; 6) aprimorar habilitações técnicas e

capacitar o EP a operar corretamente todo o

armamento e o material de comunicações

existentes na OM; 7) manter e aprimorar a

capacidade física; 8) ampliar a cultura geral e

profissional; e 9) preparar o instrutor e o monitor de

corpo de tropa.

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50

Ocorre que em função dos empregos em Operações de GLO e, com mais e

intensa frequência, realização das atividades e atribuições da Operação Carro-Pipa,

as OM Op não cumprem em sua totalidade ou com eficiência/efetividade o que está

previsto no ano de instrução.

Figura 12: Aumento do emprego do EB em ações subsidiárias e Operações de GLO.

Fonte: Palestra do COTER, proferida em 20 de abril de 2018, na ECEME.

O COTER, verificando essa dificuldade das OM, sob o viés da necessidade

do emprego na Op GLO, no PIM 2017 (figura 12), estabeleceu um cronograma de

instrução desconstruído dando mais autonomia, adaptabilidade e flexibilidade às OM

executoras. Entretanto, essa ação não resolveu o problema do emprego das OM Op

na Op Carro-Pipa que ocorre durante todo o ano “de Janeiro a Janeiro”.

Figura 13: Cronograma do Ano de Instrução Militar.

Fonte: Palestra do COTER, proferida em 20 de abril de 2018, na ECEME.

Devido às restrições orçamentárias e necessidade de racionalização, o

Exército Brasileiro priorizou as OM da FT para fins de recompletamento de material

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e pessoal atribuindo as prioridades menos relevantes às OM Op do CMNE no PEEx

2016-2019.

Figura 14: Anexo B do PEEx, prioridades de recompletamento de material. Fonte: Boletim Especial do Exército nº 28, de 22 de dezembro de 2014. Pg 49

Figura 15: Anexo C do PEEx, prioridades de recompletamento de pessoal. Fonte: Boletim Especial do Exército nº 28, de 22 de dezembro de 2014. Pg 51

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3.3 CONCEPÇÃO DE EMPREGO DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES

OPERACIONAIS DO CMNE

As OM Op do CMNE, além de integrarem as FEGe, possuem sua vocação de

emprego em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que está presente

em toda área de responsabilidade do Comando Militar de Área (C Mil A).

Durante todo o ano de instrução, além da preparação para a Defesa Externa,

as OM Op do CMNE necessitam manter uma priorização na preparação de suas

frações nas instruções de GLO, a fim de possuírem, em permanente estado de

pronto emprego, a Força Guararapes, que é uma tropa de constituição conforme a

Diretriz do Comandante Militar do Nordeste (BRASIL, 2009), quando se configurar

uma das hipóteses de emprego previstas no Plano de Segurança Integrada (PSI) do

CMNE ou nos Planos de Segurança Integrada dos Grandes Comandos (G Cmdo) e

Grandes Unidades (GU) subordinados.

A Força Guararapes é composta por uma tropa qualificada no valor

aproximado de uma Brigada de Infantaria Motorizada, integrada por militares do

Efetivo Profissional das Organizações Militares e meios operacionais existentes no

âmbito do CMNE. Estará em condições de atuar num quadro de GLO e ficará

subordinada por um dos Grande Comando e/ou Grande Unidade do CMNE.

Cada Grande Comando/Grande Unidade do CMNE tem a responsabilidade

de manter preparada e de ficar em condições de fornece uma peça de manobra

valor Batalhão para constituir a Força Guararapes da seguinte forma:

- 6ª Região Militar em Salvador/BA – Batalhão Marechal Cantuária;

- 10ª Região Militar em Fortaleza/CE – Batalhão Verdes Mares;

- 7ª Bda Inf Mtz em Natal/RN – Batalhão Felipe Camarão;

- 10ª Bda Inf Mtz em Recife/PE – Batalhão Barreto de Menezes;

- 71º Btl Inf Mtz em Garanhuns/PE – Força de Ação Rápida do CMNE;

- 4º BPE em Recife/PE – Destacamento João Fernandes Vieira;

- 16º RCMec em Bayeux/PB e 10º Esqd C Mec em Recife/PE –

Destacamento Osório;

- 7º BEC em Natal/RN e 10ª Cia Eng Cmb em São Bento do Uma/PE –

Destacamento Vilagran Cabrita;

- 4º BCom e 7ª Cia Com em Recife/PE – Destacamento Rondon;

- 14º Blog em Recife/PE – Destacamento Bittencourt; e

- 5ª Cia Intlg em Recife/PE – Destacamento de Inteligência.

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Figura 16: Organograma do Comando da Força Guararapes. Fonte: Seção de Operações do Comando Militar do Nordeste (BRASIL, 2009)

Conforme pode ser constatado nos quadros abaixo (COTER, 2018), as OM

Op do CMNE vem sendo empregada, constantemente em Operações no quadro de

GLO ou de Ações Subsidiárias nos últimos anos. Destaca-se que as OM Op que

integram a Força Guararapes, além de tomarem parte nessas Operações, participam

integralmente na Operação Carro-Pipa. Essa participação constante tem feito com

que as instruções de preparo sejam relegadas a segundo plano.

Figura 17: Emprego de tropas dos C Mil A em GLO.

Fonte: Palestra do COTER, proferida em 20 de abril de 2018, na ECEME.

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Figura 18: Diversidades de missões subsidiárias com a participação de tropas do Exército.

Fonte: Palestra do COTER, proferida em 20 de abril de 2018, na ECEME.

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4 O 35º BATALHÃO DE INFANTARIA

A fim de dar uma visibilidade mais específica da problemática enfrentada

pelas Organizações Militares Operacionais do Comando Militar do Nordeste, será

apresentado o quadro de um ano de instrução de preparo e emprego vivenciado por

um quartel operacional do CMNE que participa da Operação Carro-Pipa.

Figura 19: Planilha Semanal Op Pipa/COTER.

Fonte: palestra CMNE/OCP para o SOF/MPOG, 2017

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO 35º BATALHÃO DE INFANTARIA

O 35º Batalhão de Infantaria, subordinado a 6ª Região Militar, é uma

Organização Militar Operacional, possui somente 02 (duas) Companhias de

Fuzileiros como peças de manobra e 01 (uma) Companhia de Comando e Apoio

(OM tipo II), tem suas instalações baseadas no município de Feira de Santana-BA e

participa da Operação Carro-Pipa desde o seu início. O ano de instrução

apresentado será 2014.

Como Unidade Militar, distante a aproximadamente 100Km do Grande

Comando enquadrante (Cmdo 6ª RM em Salvador-BA), possui todos os encargos

operacionais e administrativos que um Quartel pode ter sob sua responsabilidade.

O 35º BI tem atribuições de: recrutamento, alistamento e formação de

reservista; serviço de fiscalização de produtos controlados; posto de identificação

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militar; posto médico de guarnição; hotel de trânsito para Oficiais e Praças; unidade

gestora de pagamento de pessoal, inativos e pensionistas; unidade gestora do

FUSEx e OCS conveniadas; unidade militar de preparo e emprego dos seus meios

orgânicos; unidade gestora de todo o seus bens móveis e imóveis; integrante

permanente da Força Guararapes como peça de manobra do Batalhão Marechal

Cantuária, Força de Ação Rápida do CMNE, e que tem sido empregado

constantemente em ações de GLO nos últimos anos; e é OME da Operação Carro-

Pipa, além de outra diversas Ações Subsidiárias.

Figura 20: O quadro acima mostra de forma resumida as atribuições e encargos normais de uma OM

operacional do CMNE e uma OM operacional de outro Comando Militar de Área (fonte: Autor)

Para fazer frente aos desafios do ano de instrução o Comandante da

Unidade, que também é Ordenador de Despesas, normalmente, conta com um

Estado Maior reduzido, fazendo com que seus Oficiais acumulem diversas funções.

No período de 2014 a 2015, o Sub Comandante do Btl acumulou a função de Chefe

da 2ª Seção; o Chefe da 3ª Seção (Oficial de Operações) acumulou a função de

Comandante da Companhia de Comando e Apoio; e o Chefe da 4ª Seção (Oficial

Logístico) acumulou a função de Comandante da 1ª Companhia de Fuzileiros. O

Fiscal Administrativo, o Chefe da 1ª Seção e o Comandante da 2ª Companhia de

Fuzileiro (SUOPES do Btl), dentro do possível não acumulavam funções.

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Figura 21: Estado-Maior do 35º BI.

Fonte: o Autor

A tabela abaixo mostra os efetivos dos recursos humanos disponíveis no

Batalhão. Nota-se que, do total dos 27 (vinte e sete) Oficiais, 12 (doze) eram não

combatentes e com uma média de idade de 50 anos. Da mesma forma, dentre os 91

(noventa e um) Subtenentes e Sargentos, 25 (vinte e cinco) estavam com a mesma

média de idade. No universo dos Cabos e Soldados, 19 (dezenove) eram do

universo dos Cabos Especialistas (não combatentes) e 228 (duzentos e vinte e oito)

faziam parte do efetivo de reservistas no serviço militar inicial (recrutas).

Tabela 5: Distribuição do efetivo no 35º BI.

Fonte: o Autor

A tabela seguinte apresenta o percentual do efetivo da OM disponível e que o

Comandante empregava diariamente na atividade rotineiras e administrativa. Nota-

se que, devido aos encargos e atribuições de rotina, aliado ao fato do Batalhão ser

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do Tipo II (1 Subunidade a menos), induzia o Batalhão a abdicar da sua destinação

prioritária como Unidade Militar de Emprego Operacional.

Tabela 6: Estado-Maior do 35º BI.

Fonte: o Autor

4.2 A OPERAÇÃO CARRO-PIPA NO 35º BATALHÃO DE INFANTARIA

O quadro abaixo mostra a área de responsabilidade do Batalhão no âmbito da

6ª Região Militar.

São aproximadamente 200.000Km² de área com 172 municípios sob os quais

o Batalhão tem encargos territoriais, de fiscalização de produtos controlados, serviço

militar, de integração com a Sociedade e execução da Operação Carro-Pipa.

Figura 22: Área de responsabilidade territorial do 35º BI.

Fonte: Escritório da Op Pipa/6ª RM (2014).

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Com relação às atividades da Operação Carro-Pipa, os quadros abaixo

mostram por eles mesmo o tamanho da responsabilidade face a todos os encargos

e atribuições apresentadas no capítulo anterior.

Em 2015, o 35º BI possuía 72 (setenta e dois) municípios na Operação, com

244 (duzentos e quarenta e quatro) carros-pipa cadastrados sendo, 203 (duzentos e

três) pipeiros contratados, 2367 (dois mil, trezentos e sessenta e sete) postos de

abastecimento e quase 118 (cento e dezoito) mil pessoas para distribuir água.

Tabela 7: números da Op Pipa no 35º BI, em 2015.

Fonte: Escritório da Op Pipa/35 BI (2015).

A tabela 8 apresenta os 65 (sessenta e cinco) mananciais, superficiais,

subterrâneos e de empresa privadas que o Batalhão possuía o encargo de garantir a

apanha, transporte e distribuição de água potável de qualidade.

Tabela 8: mananciais do 35º BI, em 2015.

Fonte: Escritório da Op Pipa/35 BI (2015).

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Dado a importância da Operação, a tabela 9 apresenta o aumento

progressivo do efetivo dos integrantes do Escritório da OCP composta somente com

militares do efetivo profissional disponível no deficiente contingente do Batalhão.

Também, para a realização das atividades de execução em campo, a Unidade

destacava, semanalmente, 10 (dez) equipes de, no mínimo, 02 (dois) militares do

efetivo profissional, sendo obrigatório a presença de 01 (um) Oficial, Subtenente ou

sargento em cada equipe de fiscalização. Essas equipes permaneciam ausentes das

atividades do Batalhão durante a semana toda.

Tabela 9: evolução crescente do efetivo do escritório OCO/35º BI.

Fonte: Escritório da Op Pipa/35 BI (2015).

Nas tabelas 10 e 11, tem-se uma imagem da magnitude do montante de

recursos financeiros que uma OME recebe para gerenciar na Operação Carro-Pipa.

Ao Comandante, como Ordenador de Despesas (OD), recaem toda e qualquer

responsabilidade sobre qualquer má gestão desses recursos.

Para fins de comparação, no período de menos de 01 (um) ano a Unidade

Gestora, com o CPF do seu OD, faz diversos pagamentos (empenha-liquidação-

paga) mais de R$ 17 (dezessete) milhões e muitas vezes no período de 01 (um) ano

recebe pouco menos de R$ 1 (um) milhão para todas as atividades do Batalhão

(alimentação, manutenção, instrução e operações).

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Tabela 10: Recursos em restos a pagar de 2014.

Fonte: Escritório da Op Pipa/35 BI (2015).

Tabela 11: recursos recebidos de Jan a Ago 2015 para Op Pipa/35ºBI.

Fonte: Escritório da Op Pipa/35 BI (2015).

Abaixo, representado no mosaico de figuras, flagrantes de algumas das

atividades realizadas por equipes de militares do 35º BI na execução da Operação

Carro-Pipa. Atividades como: inclusão e cadastramento de municípios; sorteio de

lotes para pipeiros; cadastramento e fiscalização de carro-pipa; reuniões com

integrantes das SEDEC; apuração de fraudes; capacitação de pessoal nos sistemas

de controle; capacitação de pessoal nas atividades de fiscalização; e fiscalização

propriamente dita.

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Figura 23: Atividades do 35º BI na Op Carro-Pipa. Fonte: 3ª Seção do 35º BI (BRASIL, 2014).

Figura 24: Atividades do 35º BI na Op Carro-Pipa. Fonte: 3ª Seção do 35º BI (BRASIL, 2014).

Figura 25: Atividades do 35º BI na Op Carro-Pipa. Fonte: 3ª Seção do 35º BI (BRASIL, 2014).

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4.3 PREPARO E EMPREGO DO 35º BATALHÃO DE INFANTARIA

Figura 26: Organograma do Comando do Batalhão Cantuária/6ºRM Fonte: Seção de Operações do Comando Militar do Nordeste (BRASIL, 2009)

No 35º BI, o planejamento do ano de instrução não se diferencia das demais

Organizações Operacionais pertencentes ao Exército Brasileiro. Seguindo as

Diretrizes de Instrução dos Escalões Superiores, a Unidade, em seu planejamento,

tem as 35 (trinta e cinco) semanas de instrução previstas no cronograma de

instrução do PIM/COTER permeando todas as fases do preparo.

Apesar de, em seu planejamento de instrução, estar previsto, na preparação,

a tropa passar por todas as fases, a realidade do preparo do 35º BI tem-se mostrado

bastante modificada.

Essa situação decorre de dois fatores: o constante emprego, prematuro, do

Batalhão em operações reais, principalmente nas missões subsidiárias, e a

permanente participação do seu efetivo profissional na execução da Operação

Carro-Pipa.

As fases da formação básica e de qualificação voltadas para o Efetivo

Variável, deveriam ser prioritária e somente na fase de adestramento deveria ocorrer

a capacitação coletiva dentro das frações constituídas. Entretanto, como o Efetivo

Profissional, em sua totalidade, está empregado nas atividades da Operação Carro-

Pipa e outras atividades de emprego, que ocorrem ao longo do ano, uma minoria do

efetivo profissional fica disponível para a formação do EV (ano de instrução).

Também advém que as instruções da manutenção dos padrões individuas do EP

(CTTEP), em sua totalidade, não é executada por falta de tempo e pessoal.

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Ao longo dos anos de 2014 e 2015, por exemplo, a preparação do efetivo

mobilizável e profissional no 35º BI, resumiu-se basicamente a Fase da Instrução

Individual Básica com algumas janelas para preparação em GLO devido ao intenso

chamamento ao emprego operacional de seus militares.

Em abril de 2014, com pouco mais de 20 (vinte) dias de incorporação do

contingente que prestava o serviço militar inicial, ocorreu a paralização dos Órgãos

de Segurança Pública da Bahia ocasionando um caos generalizado na capital e

municípios do interior.

De imediato, e fazendo uso do que a Lei estabelece, o Exército e as tropas

operacionais subordinadas ao Comanda da 6ª Região Militar foram acionadas numa

operação de GLO denominada “Operação Bahia II”. O 35º BI, naturalmente,

constituiu uma SUOPES e foi às ruas com a grande maioria do seu Efetivo

Profissional a fim de realizar o patrulhamento da cidade de Feira de Santana-BA,

mantendo a ordem e o funcionamento normal dos serviços públicos do município,

além de proporcionar tranquilidade a toda população local.

Ocorre que, além do fato de ser uma OM Tipo II e incompleta em seu efetivo

(QO), muitos dos militares do efetivo profissional (Oficiais, Subtenentes, Sargentos,

Cabos e Soldados) ou estavam em gozo de férias ou ainda não haviam se

apresentado prontos para o serviço por motivo de transferência.

No período abril a julho de 2014, o Batalhão empregou, novamente, uma

Subunidade composta integralmente de efetivo profissional em outra Operação de

GLO por ocasião da “Operação Ilhéus”, com a finalidade de preservar a ordem e a

integridade do patrimônio público e a integridade física das pessoas nos municípios

de Ilhéus, Una e Buerarema, localizados na região sul do estado da Bahia.

Figura 27: Flagrante de tropas do 35º BI/6ª RM na Op Ilhéus, em 2014.

Fonte: Seção de Op da 6ª RM (2015).

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No mesmo mês de julho o 35º BI empregou, fora de sua sede, um efetivo

maior na Operação Copa do Mundo, integrando a Força Terrestre Componente do

Coordenador de Defesa de Área em Salvador.

Essa operação, pela envergadura do evento, contou com o efetivo profissional

e variável do Batalhão integrando a Força de Contingência com o valor de 01 (uma)

Subunidade e a Força de Segurança das Estruturas Estratégicas, também com o

valor de 01 (uma) Subunidade.

Figura 28: Folders CDA/6ªRM na Copa do Mundo Fifa 2014. Fonte: Seção de Operações do Comando 6ª RM (BRASIL, 2014).

Por ser o Nordeste um dos principais currais eleitorais e, na ocasião, a

Presidente da República estar em campanha de reeleição presidencial, o Batalhão

foi empregado por varias vezes em missões de apoio a Coordenação de Segurança

de Área (CSA), missões que exigiam o emprego de grande efetivo de pessoal.

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Figura 29: A PR Dilma Rousself candidata a reeleição no NE. Fonte:<https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/2014/09/25/25set2014>.Acesso em 28 ago

2018.

No período de outubro de 2014 a março de 2015, compôs 01 (uma)

Subunidade de militares do seu efetivo profissional, realizou treinamentos exaustivos

de preparação e efetivou-se as tropas da 6ª RM que foi empregada na Operação

São Francisco VI, integrando o Batalhão Marechal Cantuária na operação de

pacificação do complexo de favelas da Maré, na cidade do Rio de Janeiro-RJ.

Figura 30: Participação do EB Op São Francisco e Olimpíadas Rio 2016. Fonte: Revista Verde-Oliva (BRASIL, 2016).

Concomitantemente com a realização dessas missões, durante todo o ano de

instrução, o 35º BI empregou efetivos de militares em diversas outras ações

conjuntas com órgãos de segurança pública e agências governamentais. Exemplo

desses fatos foram as ações conjuntas de fiscalizações de produtos controlados e

de apreensões de explosivos, como foi o caso das Operações Relâmpago I e II,

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Dínamo II e II, Vulcano V, varredura, Rastilho e Alta Pressão que contribuiram para

um maior controle de produtos controlados na região Nordeste.

Da mesma forma, o Batalhão empregou militares da tropa na Operação de

recuperação de 20 (vintes) fuzis subtraídos ilicitamente da reserva de armamento de

um Tiro-de-Guerra no município de Serrinha-BA.

Atuou também nas campanhas contra a proliferação do mosquito Aedes

Agypti, nos anos de 2014 e 2015, bem como em uma ação de combate a incêndio

por ocasião da ocorrência de um incêndio de grandes proporções, em setembro de

2014, na região da Chapada Diamantina.

Ao mesmo tempo que desenvolvia e participava das atividades de preparo e

emprego acima apontadas, o 35º BI manteve sob sua responsabilidade e em

operação os encargos de gerenciamento de atividades de: Pagamento de Pessoal

da ativa, reserva e inativos; de Posto de Recrutamento Militar; de Posto Médico da

Guarnição; de Unidade Gestora do Fundo de Saúde do Exército; de Serviços de

Fiscalização de Produtos Controlado; de Hotel de Trânsito e Área de Laser para

Oficiais e Praças; e gerenciamento do seu patrimônio.

Contudo, para cumprir bem todas essas atividades dispõe dos mesmos 507

(quinhentos e sete) militares citados na tabela 5, sendo que em torno de 67% dos

seus Oficiais e 73% dos Sub Tenentes e Sargentos estavam empregados nas

atividades administrativas, conforme mostrado na tabela 6.

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5 UMA NOVA PROPOSTA PARA A DISTRIBUIÇÃO EMERGENCIAL DE ÁGUA

POTÁVEL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

É afirmativo dizer que as sequelas das secas são devastadoras para o

homem. Os pequenos e médios açudes, as aguadas e os barreiros secam,

dizimando o rebanho ou obrigando seus proprietários a deslocá-los para regiões

menos áridas nas quais muitos não chegam, morrendo pelo caminho.

O que se planta, pela insuficiência de umidade nas raízes das plantas,

murcham e se perde toda a colheita. A população, faminta e sedenta, passa a

alimentar-se com tudo que encontra e a beber qualquer tipo de água sem se

preocupar se é ou não potável. As doenças típicas da desnutrição, as verminoses e

tantas outras que levam a morte à porta do sertanejo, particularmente às crianças

por serem mais frágeis.

Nesse quadro desolador e ao longo dos anos, vários planos e programas do

Governo Federal foram criados para combater a seca: PROTERRA (1971), POLO

NORDESTE (1974), PROJETO SERTANEJO (1976), PROHIDRO (1979), que

posteriormente foram substituídos pelo PROJETO NORDESTE, PRODEA (1994) e

PROÁGUA (2007). OPERAÇÃO CARRO-PIPA (desde 1998), TRANSPOSIÇÃO DO

SÃO FRANCISCO (2007).

Figura 31: Águas que dão vida.

Fonte: Escritório da Op Pipa/35 BI (2015).

Sendo a água a condição fundamental da fixação do homem à terra, a

presença do Exército Brasileiro na Operação Carro-Pipa, até então, é a única

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garantia que aquela população sofrida tenha um paliativo lhe chegando às mãos e

que lhe garanta o mínimo para a sobrevivência.

Entretanto as Organizações Militares Operacionais do Exército estão tendo a

sua principal destinação constitucional sobrepujadas em detrimento da dedicação

exclusiva as atividades da Operação Pipa. Também pesam sobre os ombros da

Força Terrestre Brasileira as custosas, sacrificadas e penosas atuações de seus

meios nas inúmeras Ações Subsidiárias crescentes no País em detrimento da falta

de eficiências de outros Órgão Federais, Estaduais e Municipais, como tem sido o

caso das Operações de Garantia da Lei e da Ordem.

Uma nova proposta de atribuições aos diversos Órgão envolvidos, um

aumento do Programa de Perfuração de Poços Artesianos e a criação de uma

espécie de benefício, como o Programa Bolsa Família, mas com a finalidade

específica de suprir as famílias do semiárido com recursos para aquisição de uma

quantidade mínima exigida de água potável, poderá tornar o programa mais eficiente

e efetivo para todas as partes envolvidas, além de minimizar os efeitos negativos

sobre o preparo e emprego das Organizações Militares Operacionais do Comando

Militar do Nordeste.

Ao Exército caberia a atribuição de fiscalizar o recebimento do benefício e sua

utilização na atividade a que se destina, bem como encaminhar ao Ministério Público

(MP) informações e dados de possíveis suspeitas de irregularidades e improbidades,

cabendo ao MP a atribuição de investigar e punir, se for o caso, os responsáveis

(pessoa física e jurídica). Ao Ministério da Integração Nacional, Governo Federal,

Estadual e Municipal recairiam todas as outras atribuições a ser detalhada pelo

próprio Ministério da Integração Nacional, principal responsável pela resolução do

problema das famílias atingidas pela seca do semiárido brasileiro, a falta de água

potável para beber. Ao MI caberia a herança das experiências e os conhecimentos

adquiridos ao longo dos mais de 20 (vinte) anos de gerenciamento e execução da

Operação Pipa, materializados nas atividades explanadas nos subitens 2.2 do

capítulo 2.

Como citou Nelson Guilherme Machado Pinto (BRASIL, 2015), o Programa

Bolsa Família, além da transferência de renda para combater a pobreza, possui

outros dois eixos principais. Ele cita que o primeiro deles seriam as

condicionalidades que reforçam o acesso a direitos sociais de origem básica, como

educação, saúde e assistência social. O outro seria constituído por ações e

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programas complementares com o objetivo de desenvolver as famílias para

superarem situações de vulnerabilidade (BRASIL, 2013a).

Dentro desse espectro a criação de um benefício como o “Bolsa Água” se

enquadraria nesses mesmos eixos do Programa Bolsa Família. O valor desse

benefício deverá ser objeto de outros estudos específicos de responsabilidade do

Ministério da Integração Nacional.

Figura 32: dinâmica do Bolsa Água igual a dinâmica do Bolsa Família.

Fonte: o autor.

Concomitante com esse tipo de benefício, dar-se-ia continuidade ao

Programa de perfuração de poços artesianos pelas Unidades de Engenharia do

Exército em locais que, comprovadamente, não fosse viável o benefício do Bolsa

Água.

Figura 33: Exército inaugura poço artesiano movido a energia solar no RN.

Fonte:<http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2013/09/exercito-

inaugura-poco-artesiano-movido-energia-solar-no-rn.html>.

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O Exército Brasileiro inaugurou em uma comunidade na região Seridó,

município de São João Sabugi, no do Rio Grande do Norte, um poço artesiano

movido a energia solar. Dessa forma o mesmo sol que não dava trégua para chuvas

alimentará a fonte de água de uma comunidade rural, como parte das obras de

combate à seca.

A fonte de energia solar desonerará tanto a prefeitura da cidade quanto a

população, fornecendo água de boa qualidade com baixo custo de operação e

manutenção.

É claro que o valor de perfuração varia de acordo com a profundidade e o tipo

do solo. Bem como, os sistemas de bombeamento podem ser elétricos, eólicos ou

solares. Fatores que serão analisados pelas condicionantes de infraestrutura

existente na localidade.

Como informação, as Unidades de Engenharia, já perfuraram e instalaram 42

(quarenta e dois) poços desse tipo nos estados do Rio Grande do Norte (Caicó,

Equador, Lagoa Nova, Parelhas, São João do Sabugi, São José do Seridó, Rafael

Fernandes, Encanto), Ceará (Crateús e Tauá) e Paraíba (Juazeirinho, Solânea e

Cajazeirinhas). O Exército Brasileiro, dentro do programa, tem como meta perfurar e

instalar 200 (duzentos) poços artesianos no Nordeste, com as obras sob

responsabilidade das unidades militares diretamente subordinadas ao Comando do

1º Grupamento de Engenharia.

Figura 34: 97% dos recursos que a OM administra é para a Op Pipa.

Fonte: Palestra do CMNE/OCP para o SOF/MPOG, 2017.

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Outra sugestão, seria que se mantivesse os escritórios de gerenciamento da

Op Carro-Pipa nas Unidades Militares, porém que, ao militar chefe do escritório,

fosse atribuída a função de Ordenador de Despesas para recursos recebidos para a

operação, a fim de que esse militar fizesse o exercício financeiro de todo recursos

destinado para a Operação. Essa manobra desoneraria os Comandantes das

Organizações Militares Operacionais, que passaria a se dedicar exclusivamente e

com mais efetividade/eficiência às atividades de Prepara e Emprego de sua Unidade

Militar, principal atribuição constitucional das Forças Armadas.

Figura 35: Efetivo de militares empregados nos Escritórios da Op Pipa/OME.

Fonte: Palestra do CMNE/OCP para o SOF/MPOG, 2017.

Haverá a necessidade de realização de estudos mais específicos para que

se possa incrementar as propostas apresentadas. A diminuição dos pesados

encargos que os Batalhões Operacionais possuem na Operação Carro-Pipa

contribuirá de forma efetiva para que as Unidades Militares se dediquem com maior

eficiência nas atividades de Preparo e Emprego, consequentemente, não corram o

risco de ameaçar os altos índices de credibilidade alcançados pela Instituição.

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6 CONCLUSÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso teve como objetivo apresentar

a situação enfrentada pelas Organizações Militares Operacionais do Comando

Militar do Nordeste no tocante ao seu dia-a-dia da dicotomia entre as atribuições do

Preparo e Emprego e as responsabilidades dos encargos da Operação Carro-Pipa.

O Trabalho procurou mostrar também as possíveis consequências que a

dedicação exclusiva dos recursos humanos às atividades da Operação Carro-Pipa

podem causar de forma negativa aos altos índices de credibilidade da Força

Terrestre em caso do emprego da Unidade Militar nas Operações Militares cada vez

mais constantes nos dias atuais.

Por fim, apresentou algumas propostas que poderão racionalizar estrutura

organizacional dos meios do Exército empregados na supracitada missão, assim

como mantes a Força Terrestre em um elevado nível de pronta resposta e prontidão

da tropa tornando-os eficazes instrumentos de combate.

Em um primeiro momento do trabalho, particularmente no capítulo 1,

buscou-se apresentar um extrato de todo arcabouço legal que norteia o emprego

das Forças Armadas e atribuições do Ministério da Integração Nacional.

Mostrou-se que, em que pese, caber as Forças Armadas, como atribuição

subsidiária geral, cooperar com o desenvolvimento nacional (Art 16 da LC 97) e

cooperar com o desenvolvimento nacional e bem-estar social (PEEx 2016-2019), o

Exército Brasileiro deverá manter a Força Terrestre em constante e permanente

preparo, sobretudo para a defesa da Pátria, conforme principal destinação

constitucional. O próprio PEEx 2016-2019 cita que, para o Exército contribuir com a

garantia da soberania nacional, dos poderes constituído, da lei e da ordem, deverá

prepara a Força Terrestre, mantendo-a em permanente estado de prontidão.

Ademais, a Diretriz do Comandante do Exército (2018-2019) estabelece que

a principal tarefa como soldado é contribuir efetivamente para um Exército bem

treinado, com prontidão elevada, espírito de corpo, forte poder de combate

reconhecido internacionalmente e com a confiança da sociedade brasileira, hoje com

índice de credibilidade orbitando nos 80%.

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Figura 36: Confiabilidade da Sociedade Brasileira no Exército.

Fonte: https://www.instagram.com/exercito_oficial/?utm_source=ig_embed.

O capítulo 1 apresenta também, de forma clara, os marcos legais e

estruturas disponibilizada para que o Ministério da Integração Nacional exerça de

forma eficaz as suas atribuições no que concerne ao enfrentamento de situações de

emergência e calamidade pública, sejam elas estabelecidas no inciso XVIII, Art 21

da Constituição Federal de 1988, no Decreto 7257, de 4 Ago 2010 e na Lei 12.608,

de 10 Abr 2012, que estabeleceu as diretrizes, os objetivos, as competências, os

sistemas e comissões de responsabilidade da União, Estados e Municípios no

tocante a mitigação da problemática da seca no semiárido brasileiro.

Numa segunda fase, o capítulo 2 apresenta um diagnóstico da complexidade

que é a realização da Operação Carro-Pipa no Comando Militar do Nordeste por

suas Organizações Militares subordinadas.

O capítulo discorre sobre a mútua cooperação técnica e financeira entre os

Ministérios da Integração Nacional e da Defesa estabelecidos pelas portarias

Interministerial Nº1 e 2, Diretrizes de Planejamento de Ações Subsidiárias Nº 02/16

do Comando de Operações Terrestre e Diretriz Nº 001 do Comando Militar do

Nordeste. Esta última Diretriz gerou a Ordem de Serviço Nº 008/Esc Op C

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Pipa/CMNE que estabeleceram os critérios a serem obedecidos no planejamento e

execução das atividades do Programa Emergencial de Distribuição de Água Potável

no semiárido brasileiro pelas Organizações Militares Executoras.

Mostra, de forma resumida, o funcionamento da Operação Carro-Pipa. As

OME empregam nas atividades como: inclusão, exclusão e cadastramento de

municípios da Operação, solicitação de recursos financeiros, controle da coleta,

qualidade e quantidade da água distribuída, gestão do Sistema de Controle da

Operação e Sistema GCDA, aplicação de recursos financeiros, prestação de contas,

gestão das finanças e contabilidade, fiscalização das Operações, pesquisas e outros

encargos e responsabilidades uma parcela grande do efetivo militar profissional

disponível no quartel a fim de manter a eficiência e efetividade da Operação.

Foram apresentados alguns números que comprovam a dimensão

enfrentada pelas OME que participam da Operação Carro-Pipa. Em uma ação

emergencial que está em operação a mais de 20 (vinte) anos, só no ano de 2014

teve 7.994 carros-pipa contratados e 895 municípios atendidos. Fato que comprova

a atenção especial que se deve ter na Operação Carro-Pipa e a discrepância dos

valores que o Exército recebe nesse tipo de Ação Subsidiária. Em 2018, a Operação

Carro-Pipa recebeu R$ 423,77 milhões (71% de todos os recursos que o Exército

recebeu para as Ações Subsidiárias) e desde que iniciou acumula o montante de

mais de R$ 6,10 trilhões.

A fim de contrapor que os encargos exercidos pelas Organizações Militares

Operacionais do CMNE que participam da Operação Carro-Pipa ficam

sobrecarregadas com as atividades impostas pelo COTER no que concerne ao

Preparo e Emprego, o capítulo 3 discorre sobre estas atividades nas Unidades

Militares do Nordeste.

Inicialmente, enquadrado na Estratégia do Exército para a Defesa da Pátria

e na Concepção Estratégica do Exército, mostrou-se que as Unidades Militares que

integram a Força Terrestre no Nordeste são do tipo Força de Emprego Geral e para

cumprir sua missão listadas nas Hipóteses de Emprego deverão orientar seus

procedimentos de preparo baseado aquisição das capacidades adequadas ao

atendimento dos interesses e necessidades de defesa do Estado, em um horizonte

temporal definido, observando cenários prospectivos, limites orçamentários e

tecnológicos.

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Nesse preambulo, as tropas do CMNE são Forças de Emprego Geral

vocacionadas para a Defesa da Pátria dentro de uma postura estratégica de

Cooperação, Presença, Garantia de Lei e da Ordem e Reserva Geral.

O COTER, verificando o aumento vertiginoso da atuação do Exército nas

ações subsidiárias e Operações de GLO, no período de 1988 à 2018, e verificando

as dificuldades das Organizações Militares em cumprirem as atividades de preparo e

emprego, estabeleceu, no PIM 2107, um cronograma de instrução desconstruído

dando mais autonomia, adaptabilidade e flexibilidade. Entretanto a realidade

enfrentada pelas Organizações Militares do CMNE que vivenciam a Operação Carro-

Pipa e o emprego real em Operações de GLO é bastante diferente.

Para consubstanciar o que foi apresentado no capítulo 3, desenvolveu-se o

capítulo seguinte apresentando a realidade enfrentada pelo 35º Batalhão de

Infantaria, sediado no município de Feira de Santana-BA. O 35º é uma Organização

Militar Operacional do tipo II que, além de possuir todas as atribuições listadas no

item 4.1, foi empregado constantemente nas ações de GLO, particularmente entre

2014 e 2015, e é OME da Operação Carro-Pipa.

No capítulo 4, foram apresentados os desafios enfrentados pelos quadros

dos Oficiais e Praças do batalhão, principalmente do Comandante que exerceu a

função de Ordenador de Despesa, para cumprir todas as missões e atividades

impostas e deduzidas com os escassos meios disponíveis. A realidade é que, com a

OM recebendo em média R$ 17 milhões/ano para emprego nas atividades da

Operação Carro-Pipa em detrimento do R$ 1 milhão/ano dos recursos recebidos

para todas as outras atividades, os esforços prioritários foram carreados para a

gestão e emprego da Operação Carro-Pipa e as atividades de preparo e emprego

ficavam relegadas às últimas prioridades.

Por fim, sabendo-se que a água é um bem essencial para a vida do ser

humano, que é por intermédio dela que o homem do semiárido brasileiro permanece

e prospera em sua terra e que ao longo dos anos vários planos foram criados para

combater a seca, o capítulo 5 apresenta algumas sugestões para o Programa

Emergencial de Distribuição de Água Potável.

É sensato afirmar que, devido ao longo período, aliado a eficiência com que

as Organizações Militares vêm executando o Programa, fica difícil o Exército deixar

de participar da Operação Carro-Pipa de alguma forma. Contudo, a forma atual

como as OME participam da Operação expõe a Instituição a riscos que podem

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comprometer os altos índices de credibilidade conquistados, seja na própria

execução da Operação Carro-Pipa, seja no cumprimento de alguma das atribuições

prioritárias da destinação constitucional da Força Terrestre, como tem sido as

frequentes atuações em Op de GLO.

Neste sentido, o aumento do Programa de Perfuração de Poços Artesianos,

que vem sendo executado pelas Organizações Militares do Exército de Engenharia,

e a criação de um benefício igual ao Programa Bolsa Família atribuindo a maior

responsabilidade de execução ao Ministério da Integração Nacional, Estados e

Municípios permitirá reservar ao Exército Brasileiro a função de fiscalização por

intermédios do aperfeiçoamento dos Escritórios da Operação Carro-Pipa existentes

na Organizações Militares. Essas ações contribuirão para uma racionalização do

emprego dos recursos humanos disponíveis e permitirão para que, nas Unidades

Militares Operacionais do Comando Militar do Nordeste, os efetivos militares

profissionais mantenham o Preparo e Emprego em condições eficazes e eficiente

para o cumprimento das principais atribuições constitucionais que a Nação lhes

imponham.

___________________________________

PAULO SÉRGIO BRITO SANTOS – Cel Inf

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REFERÊNCIAS

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______. Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007 (dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União, mediante convênios e contratos de repasse). ______. Instrução Normativa nº 01, de 15 de janeiro de 1997, da Secretaria do Tesouro Nacional (disciplina a celebração de convênios de natureza financeira que tenham por objeto a execução de projetos ou realização de eventos). ______. Instrução Normativa nº 02, de 30 de abril de 2008, editada pelo Sr. Secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (regulamenta a contratação de serviços continuados ou não). ______. Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011 (estabelece os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências). ______. Portaria do Gabinete do Comandante do Exército nº 727, de 08 de outubro de 2007 (dispõe sobre delegação de competência para a prática de atos administrativos). ______. Portaria do Gabinete do Comandante do Exército nº 802, de 08 de novembro de 2006 (aprova a Diretriz Estratégica de Apoio à Defesa Civil). ______. Portaria Interministerial nº 1/MI/MD, de 25 de julho de 2012 (dispõe sobre a mútua cooperação técnica e financeira entre o Ministério da Integração Nacional e o Ministério da Defesa, para a realização de ações complementares de apoio às atividades de distribuição de água potável às populações atingidas por estiagem e seca na região do semiárido nordestino e região norte dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, denominada Operação Carro-Pipa), modificada pela Portaria Interministerial nº 2/MI/MD, de 27 de março de 2015. ______. Diretriz de Planejamento de Ações Subsidiárias nº 01/COTER, de 24 de março de 2009. ______. Diretriz de Planejamento de Ações Subsidiárias nº 02/COTER, de 18 de maio de 2016. ______. Diretriz Nr 001 – Esc Op C Pipa/CMNE, de 15 de julho de 2015 (estabelece as diretrizes do Comandante Militar do Nordeste para o planejamento e execução do Programa Emergencial de Distribuição de Água Potável no semiárido brasileiro – Operação Carro-Pipa). ______. Ordem de Serviço nº 008 – Esc Op C Pipa/CMNE, de 15 Jul 2015 (Regula a participação do Comando Militar do Nordeste (CMNE) no Programa Emergencial de Distribuição de Água Potável no semiárido brasileiro – Operação Carro-Pipa). ______. Exército. Diretriz Geral do Comandante do Exército para o período de 2011-2014. Brasília, DF.

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______. Exército. Diretriz Geral do Comandante do Exército para o período de 2018-2019. Brasília, DF. ______. Exército. Estado-Maior. Sistema de Planejamento do Exército: atualização. Brasília, DF, 2014. (http://intranet.eme.eb.mil.br/emenet/sites/). ______. Nota de Coordenação Doutrinária nº 01/2014 – C Dout Ex/EME, de 10 de abril de 2014. Dispõe de concepções doutrinárias para o emprego de tropas do Exército Brasileiro em Operações de Ajuda Humanitária, em território nacional e no exterior. Nelson Guilherme Machado Pinto, Daniel Arruda Coronel, Reisoli Bender Filho. O programa bolsa família de 2004 a 2010: efeitos do desenvolvimento regional no brasil e em suas regiões. revista.uepb.edu.br›Capa›v.16,n.1(2015).<http://revista.uepb.edu.br/index.php/qualitas/article/view/2184>.acesso em 06 set 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Atlas Brasileiro de Desastres Naturais: 1991 a 2012. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. 2. ed. Florianópolis: CEPED UFSC, 2013, 126 f., il., color.,22cm. VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de pesquisa em administração. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. VILLAS BÔAS, Eduardo Dias da Costa. Pensamento e Intenção do Comandante do Exército. Brasília, DF, 2015, 37 f.