A NOVA EXPRESSÃO DA CULTURA HIP HOP

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Após o surgimento do documentário «Rize», ao ritmo do Hip Hop, o Krump tem conquistado o mundo. Será que Portugal também se rendeu à irreverência e originalidade desta dança?

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KRUMP - A nova expressão da cultura hip hop.

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Page 1: A NOVA EXPRESSÃO DA CULTURA HIP HOP

Após o surgimento do documentário «Rize», ao

ritmo do Hip Hop, o Krump tem conquistado o

mundo. Será que Portugal também se rendeu à

irreverência e originalidade desta dança?

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O espaço urbano é fértil no que se refere a emergência de novos movimentos culturais. Conhecido por Krump ou Krumping, consiste num estilo de dança underground que despertou a curiosidade do mundo. Marcado por

movimentos de estilo livre e expressivos é mais do que uma moda, tratasse de um movimento que veio para ficar.

KRUMP

A NOVA EXPRESSÃO DA CULTURA HIP HOPA NOVA EXPRESSÃO DA CULTURA HIP HOP

Contemporânea.», conta Rita Spider, que teve no Krump uma nova paixão.

«O primeiro impacto com o Krumping foi na época que vivi em Londres, onde estava a trabalhar num Festival de dança chamado Breakin' Convention e conheci alguns membros dos Tommy and Clown e dos Krumping Kings (grupos precursores do estilo). Na altura, o que mais cativou a jovem dançarina «foi a energia com que aqueles bailarinos dançavam. Era super explosiva e forte! Super! O que para mim foi hilariante pois eu sempre fui muito curiosa sobre tudo

Foi sensivelmente aos cinco anos de idade que tudo começou. Desde menina ansiou vivenciar o universo do ritmo e do movimento. Hoje, com 26 anos, Rita Spider é uma das figuras mais represen-tativas da dança urbana em Portugal. «Embora durante alguns tenha andado entre a dança e a ginástica acro-bática de competição (…) algo me puxava constante-mente para o movimento e a vida da dança», confes-sa. «A música e os diver-sos estilos de dança sem-pre mexeram duma forma muito forte comigo. Fui influenciada por artistas

como Michael Jackson e grandes bailarinos mun-diais. Fiz muita formação, cursos e workshops com professores nacionais e internacionais.»

Mais tarde, entrou para a Academia de Dança Contemporânea de Setú-bal, onde teve oportunida-de de estudar e trabalhar, de forma mais intensiva, as bases da dança clássica e moderna. Esteve em Lon-dres, nos E.U.A e noutros países «a estudar, a traba-lhar e a viver da dança. Hoje em dia, além de baila-rina e coreógrafa, sou tam-bém professora de dança, mais dentro das áreas do Hip Hop, dança Jazz e

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EXPLOSIVA E SEM LIMITES!

Por Grethel Ceballos

«A ENERGIA COM

QUE AQUELES

BAILARINOS

DANÇAVAM ERA

SUPER

EXPLOSIVA E

FORTE!»

-- RRITAITA SSPIDERPIDER

MODA RECORRE AO KRUMP—CAMPANHA ADIDAS ‘08

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ORIGENS:

CLOWING E KRUMPING

o que estivesse à volta do Hip Hop», explica. «O Krumping foi, sem dúvida, um ar novo e forte e levou-me de imediato a querer aprender e a sentir aquela energia muito urgen-temente.»

Krump ou Krumping é um estilo de dança urba-na. Caracteriza-se pela intensa carga energética e pela forma como seus dan-çarinos (também chamados de Krumpers) expressam a agressividade em movimen-tos.

O termo é acrónimo de: Kingdom (Reino); Radically (Radicalmente); Uplifted (Elevado); Mighty (Poderoso); Praise (Paraíso).

Em 2005, o docu-mentário «Rize», do singu-lar fotógrafo e realizador americano David LaCha-pelle, divulgou a dança em todo o mundo.

O documentário conta a história do Krum-ping, um surpreendente produto, que floresceu onde a violência para os jovens parecia ser o mais provável destino.

«Rize» ultrapas-sou as fronteiras de uma comunidade fechada e com valores muito próprios e catapultou o estilo para as luzes da ribalta.

numa festa. Os dois rapida-

mente começaram a traba-

lhar, partilharam ideias e

empenharam-se em criar e

dominar seu próprio estilo

de dança. Chamaram-lhe

Wilin 'Out. O desenvolvi-

mento do Willin’ Out levou

os seus precursores a um

segundo nível. Na sequên-

cia de uma segunda audi-

ção com Tommy, Tight

Eyez e Mijo, integraram a

crew The Lay Clown's Low,

em 2000. Foi então que um

novo elemento se juntou ao

grupo. Lil ‘C começou a

aprender a nova vertente.

À medida que

foram evoluindo, até ao

nível mais alto, para a

Tommy's' High Class

Clown's, (A alta turma dos

palhaços do Tommy) tor-

nou-se evidente que o seu

estilo era diferente. Inicial-

mente, as sessões de bat-

tles (ou desafios em dança

urbana) foram realizadas

todas as sextas - feiras, e

Os primórdios do Krump remontam à década de noventa. Nasceu na periferia californiana, preci-samente no bairro South Central em Los Angeles.

Clowning, ou Clown Dancing, foi a dança antecessora do Krump. Posteriormente foi adopta-da como um estilo ou movi-mento de Krump: Krump Clown. O seu primeiro representante foi o Thomas Johnson, um ex-traficante de droga que mais tarde ficou famoso e reconhecido como Tommy the Clown.

O Krump Clown é marcado por movimentos livres, enérgicos e pelo uso de pinturas faciais.

Tommy utilizava a dança para animar festas infantis e rapidamente des-cobriu que o seu estilo úni-co de dançar, de vibe posi-tiva e alto desempenho enérgico, revelou-se um êxito entre as crianças.

O estilo ganhou fãs e espalhou-se por toda a Califórnia. Assim, Tommy começou uma clowning

crew (grupo): os Hip Hop Clowns. As regras da crew eram simples: dizer não às drogas, estudar e ser um modelo positivo para a sociedade. O sucesso incentivou outros a criar as suas próprias crews.

Em 1999 o jovem Tight Eyez (ou Ceasare la ron Willis), de 14 anos de idade, mudou-se para o bairro berço do Krump. Atraído pelo movimento, frequentava as festas que as clowing crews organiza-vam, e logo, nas esquinas do bairro, passou a imitar o estilo vigoroso do Clowing. O jovem participou numa audição para integrar na crew liderada por Tommy the Clown, mas não foi bem-sucedido. Contudo, Tight Eyez não desistiu e ficou determinado em dominar o equilíbrio e o movimento.

Outros juntaram-

se a Tight Eyez. A dançari-

na Mijo foi convocada devi-

do a sua capacidade de

dominar o difícil C-walk que

ela vira Tight Eyez executar

Página Página 33 A NOVA EXPRESSÃO DA CULTURA HIP HOP

100 bailarinos e espectado-

res apareciam para ver os

inovadores movimentos-

Tight Eyez e Mijo baptiza-

ram este excitante novo

estilo de Krump.

Embora os termos

Krumping e Clowning

sejam, por vezes, utilizados

alternadamente, são duas

formas de dança separa-

das. Partilham origens e

algumas das suas técnicas,

mas distinguem-se, tal

como a dança Hip Hop se

distingue do B-boying

(vulgarmente chamadode

Breakdance). Os krumpers

reconhecem o Clowning

como ponto de origem.

Porém, o Krump é estrita-

mente encarado como uma

dança que expressa senti-

mentos como raiva, frustra-

ção e outras emoções

intensas de uma forma

peculiar, por oposição ao

mero entretenimento.

Pioneira do Krump em Portugal, Rita Spider é detentora de um talento ímpar. Ganhou a

premeria edição do concurso ‘Aqui há talento’ (emitido pela RTP1 em 2007) em conjunto

com o grupo Abstractin’, A bailarina também participou na versão portuguesa do programa

Do you think you can dance? (Achas que sabes dançar emitido pela estação televisiva SIC).

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isso era preciso outra vida,

24 horas num dia não che-

gam.»

O professor de

dança, premiado várias

vezes e dançarino de

suporte de artistas interna-

cionais como Jenifer

Lopez, ainda realça que ao

Krump também está asso-

ciada uma técnica muito

específica.

«O Krump tem uma particularidade: a téc-nica às vezes não é muito perceptível para quem não sabe. Há muita gente que diz que dança Krump e depois age apenas tipo anger management. «Ligam-se à corrente» e fazem macaquices. Não imaginam que existem bases. É com me disse uma vez um amigo meu «se tu te meteres a dar cabeçadas no chão não é Krumping é cabeçadas no chão!”»

Uma das princi-pais discussões face ao Krump é se se trata de um movimento independente da cultura Hip Hop.

Para Rita Spider,

«o Hip Hop é a mãe. É a

cultura base que deu forma

e vida a diversos estilos.

Começou com o B’ Boying

até que recentemente, nas-

ceu o Krumping. Um estilo

de rua, muito Street, revo-

lucionário e explosivo»,

explica. «Uns dizem que é

diferente outros dizem que

não. Eu vejo muitas dife-

renças a nível de movimen-

to e execução. Se virmos

um Krumper, um B'Boy e

um Hip Hop Dancer a dan-

çar, vemos diferenças mui-

to facilmente», faz notar a

artista.

A mesma opinião,

de que o Krump faz parte

da cultura Hip Hop, é parti-

lhada por Rodrigo Santos,

que considera que o facto

de se dançar ao som da

música Hip Hop já é indica-

dor de um vínculo.

Natural de Faro,

Rodrigo é um dos pioneiros

da dança Hip Hop em Por-

tugal e confessa que não

dança Krump, pois «sendo

o mundo da dança Hip Hop

muito vasto, é impossível

dominar todos os estilos».

Como reconhece:

«normalmente os dançari-

nos optam por aprofundar

um ou dois, ainda que

sabendo as bases de todos

os outros». Rodrigo afirma

sentir-se «muito mais atraí-

do pela vertente do old

school, e o Krump foi um

fenómeno bastante recen-

te. Há muita gente que não

sente o Krump, porque

[este estilo] tem uma ener-

gia muito própria.» Ainda

assim, Rodrigo não deixa

de lamentar: «tenho pena,

pois gostava de dominar

todos os estilos, mas para

FAZ PARTE DA CULTURA HIP HOP?

Página Página 44 EXPLOSIVA E SEM LIMITES!

«HÁ MUITA

GENTE QUE NÃO

SENTE O KRUMP,

PORQUE TEM

UMA ENERGIA

MUITO PRÓPRIA.»

-- RODRIGO RODRIGO

SANTOSSANTOS

O KRUMPER LIL’ VANIL EM COM-

PETIÇÕES INTERNACIONAIS.

Page 5: A NOVA EXPRESSÃO DA CULTURA HIP HOP

A TÉCNICA POR DETRÁS DA

EXPRESSIVIDADE

Homies - «os jovens

manos» - dançarinos

menos experientes. O Big

Homie condiciona a hierar-

quia e os termos de pro-

gressão no seio da

«família».

Em 2001, Tight

Eyez e Mijo formaram a

Cartoonz, uma crew consti-

tuída exclusivamente por

krumpers. Em 2003 os fun-

dadores do movimento

formaram-se como profes-

sores e um ano depois

criaram a famosa Krump

Kings crew, peculiar pela

originalidade dos seus

krumpers. Desde então, o

Krump adquiriu uma outra

dimensão.

Com recurso a

filmes e DVD instrutivos,

protagonizados pelos krum-

pers e veiculando os seus

hábitos e crenças, foi pos-

sível difundir o trabalho dos

Krump Kings junto de

jovens de todo o mundo..

O Krump é geral-

mente apresentado em

competições. Apesar de

permitir o contacto físico

entre os dançarinos, não

há lugar para a violência. A

rapidez e a movimentação

agressiva lembram uma

luta real. Além disso, é uma

dança tolerante, onde

homens, mulheres, altos,

magros ou não, e inclusive

crianças, são aceites de

igual forma. Tanto Krum-

pers como clowners podem

ser vistos em competições

como a Tommy’s Annual

Dance e Battle Zone. A

última criada como uma

solução pacífica para a

competitividade que surgiu

entre as crews de Los

Angeles.

O Krump absor-

veu a cadência da dança

tradicional africana e da

dança jamaicana. Tem um

carácter Freestyle, ou seja

raramente é coreografada.

Resulta do improviso e da

espontaneidade. Para além

do Clown dancing, o Krump

inclui vários movimentos

como: Arm Swings

(balanços de braços), os

Wobles (balanços), os

Chest pops (o «estalar» do

peito) e os Stomps

(pisadas firmes), entre

outros. Para matar a curio-

sidade, nada mais apro-

priado do que visionar os

vários filmes sobre Krump

disponíveis em websites de

partilha de vídeo.

Dentro do mundo

do Krump existe uma hie-

rarquia e um sistema de

aprendizagem bem estabe-

lecido. Os grupos de krum-

pers são conhecidos como

famílias ou 'FAMS. Organi-

zados em torno de um

krumper mais experiente,

chamado de Big homie. O

Big homie ou «mano gran-

de» opera como um instru-

tor, ensinando os Lil’

Página Página 55 A NOVA EXPRESSÃO DA CULTURA HIP HOP

O KRUMPER LIL’ VANIL EM COM-

PETIÇÕES INTERNACIONAIS.

« O KRUMPING SAIU

DO CLOWNING.

DEPOIS DE EU

CRIAR A BATTLE

ZONE , TORNOU-SE

O SHOW MAIS

INTENSO ONDE OS

"CLOWNS" PODEM

"LUTAR" UNS

CONTRA OS

OUTROS.» - TOMMY

THE CLOWN IN THE

CLOWNS RIZE AGAIN!

(MOVIEPICTURES.COM)

Page 6: A NOVA EXPRESSÃO DA CULTURA HIP HOP

«SOU MUITO EXPRESSIVO E AGRESSIVO NOS MEUS

tos, todos lisboetas, que têm individualmente um nome artístico, que identifi-ca a sua ‘personagem’. Para além da fruição da dança, o objectivo destes jovens é o divulgar o movi-mento em Portugal.

O formador da crew, Ivanildo, também conhecido como Lil.’ Vanil, esforça-se por cumprir essa tarefa, inclusive além-fronteiras.

«Danço Krump já há dois anos e o que me cativou foi a maneira como a dança expressa a agres-sividade. Desde o dia que vi o Tight Eyez fiquei mes-mo encantado da forma como dançava», afirma. Procurou docu-mentar-se, aprendeu as bases, evolui até criar os seus próprios movimentos e já é considerado, por muitos, o melhor Krumper de Portugal.

«Porque o meu estilo relação os outros krumpers é muito diferente. Eu sou mas style killer. Esse é o nome que me deram porque sou muito expressivo e agressivo nos meus movimentos. Tudo em mim é rápido», assume este krumper de 22 anos de idade.

Por terras lusas, o Krump ainda dá passos tímidos. Rodrigo Santos acompanhou o crescimento da cultura Hip Hop em Por-tugal e é com bons olhos que vê o surgimento de novos movimentos, embora reconheça que o Krump é um movimento de pouca expressão.

«A verdade é que o Krump é ainda um estilo muito específico e aqui em Portugal não tem grande expressão. Houve, de fac-to, a febre do Krump quan-do surgiu esse filme (...) nessa altura todos os gru-pos de dança Hip Hop em Portugal incluíam Krump nas suas actuações. Tudo um pouco rudimentar por imitação ao «Rize», conta Rodrigo. «Mas a verdade é que por cá este estilo conti-nuará sempre pouco popu-lar, não é muito comercial, é underground. Mas neste momento só existe um gru-po de Krumpers em Portu-gal», comenta.

Na zona oriente da capital Lisboeta, os King Street treinam e aperfei-çoam aquilo que lhes dá tanto gosto fazer. São a primeira crew de Krump portuguesa. Ao todo, é composta por 15 elemen-

regras», considera. Ainda que já se possa falar numa comuni-dade de krumpers em Por-tugal, como nos conta Lil Vanil, a dimensão não se compare à aceitação que tem tido em países como a França, Hungria, Rússia e Espanha. São poucos os dançarinos que se dedicam exclusivamente ao estilo e

Conjugada com outras características, a rapidez fez com que fosse distinguido como o melhor dançarino em termos de agressividade e técnica. A façanha deu-se em 2008 na França, durante a com-petição Urban DanceOma-rion & Friends. Em 2010, foi con-vidado por uma comunida-de de Krumpers em Nova

Iorque, que admirou os seus vídeos publicados na Internet. Competirá na Hungria e novamente em França. Na bagagem Lil’ Vanil leva não só a vonta-de de vencer, mas também a identidade de um movi-mento que em Portugal não é muito apreciado. «Por ser um estilo under-ground e porque o Krump em batalhas não tem

KRUMP EM PORTUGAL

Página 6 EXPLOSIVA E SEM LIMITES!

MOVIMENTOS BÁSICOS

ARMS SWINGS

CLOWN DANCING

CHEST POPS

CHEST LOCKS

FOOT STOMPS

LEGS POPS

HANDS GRABS

SHOULDER ROLLS

STOMP

WOBLES

Page 7: A NOVA EXPRESSÃO DA CULTURA HIP HOP

fuso para eles comentar». Só o tempo dirá

se o Krump marcará ou

não a dança underground

em Portugal. Embora não

seja encarado como uma

expressão artística por

muitos, quer se goste, quer

não, não se fica indiferente

a uma dança tão explosiva

e onde a expressividade

não tem limites

que têm o conhecimento e a formação adequados. Marcos do Krump em Portugal foram as duas ocasiões em que houve a possibilidade de obter for-mação com os precursores do movimento: há cerca de quatro anos em Lisboa, com o Tight Eyez, e há dois, com a Miss Prissy. Miss Prissy é con-siderada a «rainha» do Krump. Para além de ter participado no documentá-rio de David LaChapelle, foi possível comprovar o seu talento em vários videoclipes musicais, como o Hung Up de Madonna. A diva da música pop foi uma

dos vários artistas que se renderam à irreverência do Krump. Relativamente à competição, em Portugal existem categorias de breakdance, de popping, ou de lockin, mas raramen-te existe uma categoria restrita ao Krump (por vezes apresentado na categoria new style). Ofi-cialmente, só ocorreu uma única battle de Krump em Portugal, mas, como refere Lil Vanil, os júris «não esta-vam preparados e era con-

O KRUMPER LIL’ VANIL LÍDER DA CREW KING STREET—A PRIMEIRA CREW DE KRUMP EM

PORTUGAL .

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Tight Eyez e Miss Prissy no documentário Rize. .