A PAISAGEM A PARTIR DO ESTUDO DE CAMPO: … · Micaelle Amancio da Silva-...

12
A PAISAGEM A PARTIR DO ESTUDO DE CAMPO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS. Fábio de Oliveira Felix ([email protected]) Micaelle Amancio da Silva- [email protected] 1. INTRODUÇÃO O presente texto faz uma reflexão sobre como trabalhar uma metodologia que aproxime a vida do aluno á sua realidade, nesta perspectiva abordaremos o estudo da paisagem a partir do estudo de campo, enfatizando a realidade do aluno. Pois o campo permite ao aluno enquanto sujeito ter uma percepção real e concreta sobre a paisagem, pois, trazem aos alunos um conhecimento empírico visível, além de tornarem as aulas mais dinâmicas e participativas. Nisso, este trabalho tem como objetivo geral analisar a importância do estudo de campo no ensino da Geografia. Abrangendo o estudo da paisagem a partir dessa metodologia e a realidade do aluno nesse contexto. Buscando atingir os objetivos propostos de início se realizou-se uma discussão teórica com autores que discutem a temática e temas relacionados. Posteriormente, buscando elucidar a discussão realizada, foi aplicado questionários com alguns professores da rede pública de ensino, das cidades de Santa Helena, Cajazeiras e Triunfo, no qual analisou-se suas falas e opiniões sobre o estudo de campo e a dicção aqui feita. Estes questionários permitiu analisar a importância dessa metodologia em sala de aula, além de suas perspectivas e desafios. 2. PAISAGEM: UMA BREVE DISCUSSÃO Dentro da geografia estudamos a categoria paisagem, a qual faz parte de todo um contexto social e dinâmico da vida de seres que nela habita, mas o que é paisagem? A paisagem é uma das categorias de análise da geografia, esta que compreende a materialidade resultante da interação humana com a natureza ao seu redor, a sociedade, as relações culturais, a economia, todo esse conjunto forma-a ela por que não apenas observam-se as formas, mas sim tudo que esta dentro destas formas geográficas.

Transcript of A PAISAGEM A PARTIR DO ESTUDO DE CAMPO: … · Micaelle Amancio da Silva-...

A PAISAGEM A PARTIR DO ESTUDO DE CAMPO: POSSIBILIDADES E

DESAFIOS.

Fábio de Oliveira Felix ([email protected])

Micaelle Amancio da Silva- [email protected]

1. INTRODUÇÃO

O presente texto faz uma reflexão sobre como trabalhar uma metodologia que

aproxime a vida do aluno á sua realidade, nesta perspectiva abordaremos o estudo da

paisagem a partir do estudo de campo, enfatizando a realidade do aluno. Pois o campo

permite ao aluno enquanto sujeito ter uma percepção real e concreta sobre a paisagem,

pois, trazem aos alunos um conhecimento empírico visível, além de tornarem as aulas

mais dinâmicas e participativas.

Nisso, este trabalho tem como objetivo geral analisar a importância do estudo de

campo no ensino da Geografia. Abrangendo o estudo da paisagem a partir dessa

metodologia e a realidade do aluno nesse contexto. Buscando atingir os objetivos

propostos de início se realizou-se uma discussão teórica com autores que discutem a

temática e temas relacionados.

Posteriormente, buscando elucidar a discussão realizada, foi aplicado

questionários com alguns professores da rede pública de ensino, das cidades de Santa

Helena, Cajazeiras e Triunfo, no qual analisou-se suas falas e opiniões sobre o estudo de

campo e a dicção aqui feita. Estes questionários permitiu analisar a importância dessa

metodologia em sala de aula, além de suas perspectivas e desafios.

2. PAISAGEM: UMA BREVE DISCUSSÃO

Dentro da geografia estudamos a categoria paisagem, a qual faz parte de todo

um contexto social e dinâmico da vida de seres que nela habita, mas o que é paisagem?

A paisagem é uma das categorias de análise da geografia, esta que compreende a

materialidade resultante da interação humana com a natureza ao seu redor, a sociedade,

as relações culturais, a economia, todo esse conjunto forma-a ela por que não apenas

observam-se as formas, mas sim tudo que esta dentro destas formas geográficas.

Para Santos (1996, p.73), “o espaço é igual à paisagem, mais a vida nela

existente; é a sociedade encaixada na paisagem a vida que palpita conjuntamente com a

materialidade”.

Nesse sentido Bertrand afirma que:

[...] a paisagem não é simples adição de elementos geográficos

disparatados determinada porção do espaço, o resultado da

combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos,

biológicos e antrópicos que reagindo, dialeticamente uns sobre os

outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em

perpetua evolução. (BERTRAND, 1971, p.2. apud ORTIGOSA, s/d,

p. 52)

A geografia nos faz perceber que a paisagem é uma interação, uma vez que

todos os seus elementos estão dentro de um contexto, a vila, o açude, as casas, etc.

Assim detectamos que estamos inseridos dentro de um panorama no espaço geográfico

que esta tudo interligado, em perfeita harmonia ou não.

A forma como percebemos a paisagem depende da ótica do observador, pois

cada sujeito tem uma percepção da realidade, que podem ser divergentes de outros.

Neste intuito percebe-se que a paisagem integra de diversas maneiras a vida do sujeito,

onde esse também é integrante da mesma.

Nesse sentido, partindo para o ensino de Geografia, Ortigosa (S/D, p. 54), coloca

que:

[...] Os alunos devem ser levados a compreender que a geografia como

ciência social deve valorizar a ação da sociedade na paisagem e, neste

sentido, a observação e a interpretação da paisagem são os pontos de partida

na metodologia de ensino que tenha como foco o entendimento da paisagem.

Isso porque, pela paisagem, podemos decodificar as relações entre sociedade

e natureza, materializada no espaço, o que nos ajuda a compreender melhor

o mundo em que vivemos.

Portanto o entendimento da paisagem ajuda na compreensão do espaço, quando

o indivíduo, ou seja, o aluno é levado a analisar a sua paisagem, ele passa a

compreender o seu meio, o mesmo começa a perceber a interação que há entre os

elementos da natureza com a ação antrópica, passando assim a entender a formação da

paisagem e sua inserção na mesma. Sendo assim, assinala-se a importância do professor

(a) de geografia levar o aluno a observações, realizadas por meio do estudo de campo,

para que este por sua vez deduza uma concepção de paisagem que perpasse o conceito

do livro didático.

A observação e análise da paisagem permite o entendimento da realidade,

conhecer o novo, quando a apreciamos descobrimos coisas diferentes em mesmos

locais, pois o cotidiano, a repetição no espaço de vivência pode levar ao

desconhecimento da mesma, pois “nossas práticas sociais, banalizadas pela repetição,

podem perder significados” (KIMURA, 2011, p.120). A saída da escola para a realidade

empírica levará a um conhecimento maior.

3. ENSINO DE GEOGRAFIA: ESTUDO DE CAMPO A PARTIR DA

REALIDADE DO ALUNO

Sabemos que, para melhor compreensão do saber geográfico, o professor deve

criar maneiras mais dinâmicas do aluno apreender e compreender o conteúdo que esta

sendo ministrado, nisto consiste em um esforço para que as aulas tornem-se mais

atrativas e que ajudem o aluno a entender o assunto trabalhado.

Para isso se faz importante trabalhar a partir da realidade do aluno, pois partindo

do seu contexto, utilizando-se de seus conhecimentos e experiência, pode-se

desenvolver uma aprendizagem mais significativa, tornando assim as aulas mais

dinâmicas. Nisso, Kimura, (2011, p.118) diz que “uma vez que o aluno interage

diuturnamente, com o universo que ele vive torna-se inerente ao procedimento didático

do professor inteira-se desse universo.

Neste sentido Kimura (op. cit., p. 129) afirma que:

É no sentido de buscar o entendimento das geografias presentes nas

expressões dos alunos, que devemos compreender o que o aluno “diz”.

Em seu papel, o professor de geografia deve está atento e incorpora os

conhecimentos de diversas origens, mas, sobretudo, deve-se colocar

com receptividades ao discurso do aluno.

Assim compreendemos que o professor deve buscar conhecer o conhecimento

geográfico do aluno, a partir de suas experiências. No entanto ele trata, não da geografia

científica, mas sim aquela que esta enraizada em seu meio, aquela que está presente

todos os dias no caminho da sua casa para ele vir escola ele vê e senti, vendo assim

podemos contatar que o seu saber empírico é importante tal qual saber científico e os

dois aliados tornam-se peças fundamental na construção do conhecimento, e na

formação do aluno e de suas práticas sociais. Tendo em vista isso, Cavalcanti afirma

que:

[...] o ensino de geografia tem razão de ser na escolarização formal de

jovens como contribuições para suas praticas socioespaciais,

cotidianas e não cotidianas como as que foram referidas. Esses e

outros jovens atuam baseados e outro referenciais construída sobre seu

lugar de vida cotidiana, sobre suas praticas locais, sobre seu país e é

para essa meta que os conteúdos de geografias devem servir.

(CAVALCANTI, 2012, p.110)

Nesta concepção entende-se que o ensino de Geografia tem que esta ligado a

vida do aluno, assim fazendo uma ponte entre o seu cotidiano e a escola. Se

observarmos o cotidiano do aluno perceberemos, a necessidade de algo que o leve a

concretização dos assuntos estudados, para que isto aconteça é preciso se pensar em

metodologias de ensino que propiciem essa abordagem do contexto do aluno. Um das

formas mais eficaz para essa associação seria o estudo de campo.

Para Souza e Pereira (s/d, p 02):

O trabalho de campo é entendido como toda e qualquer atividade

investigativa e exploratória que ocorre fora do ambiente escolar,

é um tipo de atividade que é na maioria das vezes muito bem

aceita pelos alunos, em função da possibilidade de sair da rotina

escolar de sala de aula, e é um instrumento didático importante no

ensino de Geografia, uma ciência que se encarrega de explicar os

fenômenos resultantes da relação sociedade/espaço. Outras

expressões comumente são utilizadas para se referir a este tipo de

atividade como: aula de campo, pesquisa de campo e outras.

O estudo de campo pode fazer com que as aulas de geografia tornem-se mais

dinâmicas, além de que ainda assim, propicia o desenvolvimento de trabalho de

conteúdos para outras aulas, fazendo interlocuções ao longo das aulas seguintes. Esta

atividade pode ser realizada na comunidade escolar, no ambiente do aluno, dentro da

sua realidade percebendo o seu bairro, o que o cercam o relevo da cidade, entre outras

coisas ou em outras realidades, ou seja, lugares diferentes para que ele possa entender as

diferenças espaciais.

Nesse sentido utilizando-se do estudo de campo faz com que as aulas de

geografia tornem-se mais dinâmicas, além de que ainda assim, pode-se fazer através

dela um instrumento para as várias interlocuções ao longo das aulas seguintes. Sendo

assim, Castellar e Vilhena (2010, p. 43) afirmam que “o ensino associado ao cotidiano

implica pensar, sentir e atuar aspectos que integrados, conseguem uma aprendizagem

significativa, no qual o aluno se sente sujeito de seu próprio aprendizado”.

Enfatiza-se a necessidade de uma educação que venha a trazer a realidade dos

alunos à sala de aula, faz-se necessária, pois a adição do cotidiano do mesmo dentro da

escola pode o ajudar a estabelecer uma conexão entre o seu meio e o aprendizado

escolar, tornando o conhecimento geográfico mais significativo para o próprio aluno,

partindo de suas experiências, do seu contexto de vida.

O professor deve fazer uso dessas histórias de vida, desse saberes empíricos dos

alunos e incorporá-los dentro dos conteúdos que serão ministrados na sala de aula, na

perspectiva de que ele assimile melhor, uma vez que eles vão ser atuantes nesse

processo de ensino-aprendizagem. Nessa compreensão levar o aluno ao estudo de

campo, poderá propiciar ao mesmo o entendimento sobre o seu bairro, a sua rua, no

processo de urbanização dentro da paisagem natural, ou outros fenômenos geográficos

que venham a acontecer, enfim, entender o seu espaço e outros distintos.

Por tanto, pode-se perceber que o trabalho de campo é um instrumento

necessário para o desenvolvimento do ensino da Geografia, pois o

mesmo é uma complementação e comparação da teoria abordada em

sala de aula e possibilita os participantes a uma reflexão sobre a visão

geográfica que os mesmos trazem, podendo ser modificada. (SOUZA,

et. al. S/D, p. 04)

A necessidade do trabalho de campo é eminente, uma vez que, a mesma

transforma a mentalidade e o leva a um entendimento profundo sobre o assunto

ministrado em sala de aula, pois os assuntos geográficos sempre possibilitam uma boa e

interessante aula de campo, este trabalho de campo pode ser até dentro da própria

escola, não retirando a aula de campo fora da escola nos lugares longínquos.

O estudo de campo possibilita ao aluno uma apreensão mais significativa a

respeito do tema visto, diante disso o aluno quando vai a campo consegue associar em

sua cabeça as problematizações, que acontecem no meio as diferentes situações ficam

mais claras e evidentes, pois o contato direto lhe possibilita perceber essas

interligações.

Por meio do entendimento da paisagem o aluno pode compreender o espaço,

toda interação, toda a dinâmica da sociedade, e assim poderá criar no sujeito um

pensamento reflexivo, crítico, o tornando sujeito ativo na sociedade, em outras palavras,

um cidadão. Quando o aluno sai do âmbito escolar e vai para o campo investigar a

realidade abordada, ele poderá entender os processos que envolvem a formação da

paisagem observada. Assim a percepção da paisagem ultrapassa a escola,

consequentemente o faz analisar toda conjuntura sócio e espacial, trazendo assim

possibilidades de mudanças de mentalidade no sujeito quanto àquela paisagem. Mas,

sempre se enfatiza a importância da postura do professor (a) frente a esta atividade, pois

a mesma necessita ser bem planejada para que de fato ocorra a aprendizagem.

O estudo de campo é uma metodologia fundamental no ensino de geografia, por

que faz aquilo que muitas vezes estar invisível aos olhos, tornar-se visível de uma forma

espetacular, percebendo, o que de início, passa despercebido.

Ainda no contexto de estudo de campo, Cavalcanti afirma:

Para que os alunos entendam os espaços de suas vidas cotidianas, é

necessário olhar, ao mesmo tempo, mais amplo e global, do qual

fazem parte, e para os elementos que caracterize e distingue o

contexto local. (CAVALCANTI, 2012. p.126)

Assim percebemos que o estudo de campo tem que envolver o aluno, para que o

mesmo consiga ter uma consciência que o leve a uma criticidade a respeito do seu meio,

entendendo que o poder público ou privado tem que buscar maneiras de não só explorar

aquele ambiente, mais criar mecanismos que possibilitem o melhoramento da condição

social e humana daquele lugar.

4. ESTUDO DE CAMPO E OS DESAFIOS PARA SUA REALIZAÇÃO:

DISCURSO DOS PROFESSORES

Tendo como base a discussão realizada, faz-se importante analisar essa realidade

na escola, por meio do discurso de alguns professores. Para isso, foi elaborado um

questionário, com (três) perguntas discursivas, visando dar maior liberdade de respostas

para os docentes, no qual os mesmos tiveram a oportunidade de apresentar suas

opiniões sobre a prática do estudo de campo. As perguntas tiveram como objetivo

fazer uma pequena análise de como o professor de geografia trabalha essa metodologia

e quais as contribuições da mesma para o processo de ensino-aprendizagem, além das

dificuldades para sua realização.

Os professores os quais foram entrevistados, os mesmos são oriundos, de escolas

públicas, de três municípios do sertão paraibano, Santa Helena, Triunfo e Cajazeiras.

Estes professores são companheiros do curso da Geografia, que já encontram em sala de

aula, nisso a escolha pelos mesmos e por abordarem realidades escolares distintas,

contribuindo para uma discussão mais ampla.

Assim, realiza-se a seguir a análise dessas respostas obtidas.

Na primeira pergunta questionou-se o seguinte: 1º) Você realiza aulas de

campos com seus alunos?

Nesta primeira pergunta buscou-se investigar se os referidos professores

utilizavam dessa metodologia no ensino de Geografia.

“Sim realizo depende, do assunto trabalhado na disciplina.” (Professor A)

“Sim. Realizo estudo de campo por que é uma oportunidade de relacionar o

assunto visto e vivido em sala de aula na prática.” (Professor B)

“Sempre quando dar realizo o estudo de campo por que é uma maneira de

trazer a realidade do aluno para as aulas”. (Professor C)

Percebe-se que os professores tem a iniciativa de realizar a metodologia do

estudo de campo, por que segundo os mesmos esta metodologia permite associar a

Geografia a realidade vivida, é a oportunidade de integrar a geografia teórica, a uma

geografia empírica visível. Nisto pode-se afirmar que o estudo de campo torna-se um

importante aliado na construção do conhecimento. Pontuschka, (et. al. 2009, p. 180).

É necessário sair a campo sem pré julgamentos ou preconceitos:

liberar o olhar, o cheirar, o ouvir, o tatear e degustar. Enfim, liberar o

sentir mecanizado pela vida em sociedade para proceder à leitura

afetiva, que se realiza em dois movimentos contrários: negar a

alienação, o esquema, a rotina, o sistema, o preconceito, e afirmar o

afeto da comunidade e da personalidade .

Assim percebemos a real necessidade de sair em estudo de campo, pois, o campo

oferece maiores oportunidades de conhecimento, aguçando a visão, podendo contribuir

para uma maior formação de alunos críticos, reflexivos e engajados no seu ambiente.

Assim o estudo de campo torne-se fator imprescritível na educação geográfica, como

metodologia que permite uma dinamicidade no ensino. No entanto, ressalta-se que não é

somente levar o aluno ao campo, para observação da paisagem, é preciso ter aulas bem

planejadas, fazer uma discussão prévia com os alunos, orientar os discentes na

realização do campo, propor discussões, entre outras ações. Para que além da

observação o aluno possa compreender a paisagem observada. “É fundamental temos

que a aprendizagem envolve compreensão, pois o que se aprende sem compreender não

é verdadeiro”. (PONTUSCHKA, et. al., 2011, p.30)

2º) Como é a reação dos alunos às aulas de campo, eles apreendem melhor o

conteúdo que estava sendo trabalhado?

Esta pergunta tem objetivo de entender como é a recepção dos alunos a essa

metodologia, e a aprendizagem deles a partir da mesma. Se os mesmos conseguem

compreender melhor quando vão a campo.

“Sim. A reação é muito empolgante. O aproveitamento é bem satisfatório, pois os

mesmos apreendem observando a realidade do que se esta trabalhando, tipo de

conteúdo e o conhecimento prévio que alguns já possuem.” (Professor A)

“Os alunos não reagem muito bem, pois os mesmos temem em fazer um

relatório sobre a aula, ou ainda tem medo responder algum questionamento. O que eles

gostam mesmo é da viagem, mais no que se refere ao propósito da aula ele não.”

(Professor B)

“Os alunos reagem sempre bem, ir a campo, pois eles gostam de viajar e

interagir com o meio, eles temem o fato de ter um relatório, para fazer, eles gostam de

sair da sala de aula de qualquer maneira, por que os mesmos apreendem mais quando

veem a coisa concreta.” (Professor C)

A reação dos alunos a aula de campo é muito importante, assim como a qualquer

atividade desenvolvida na escola, pois através dos alunos podemos perceber se este

momento será singular na vida escolar deles, e se a aprendizagem está se consolidando

de fato. Ao analisar os relatos dos professores A e C podemos perceber que os discentes

tem uma grande satisfação com a citada atividade, assinala-se que isso deve ser

decorrente de serem aulas mais dinâmicas, interativas. No entanto, como vemos no

relato do Professor B, os alunos muitas vezes temem que o professor realize atividades

sobre aquele evento que ocorrerá.

Assim percebemos que o aluno gosta de sair do ambiente da escolar e conhecer

as realidades que o cercam, mudando assim suas concepções, pois entendem melhor

quando se esta a ver o concreto, pois todo o seu conhecimento empírico entra em cena.

3º) Quais os desafios para realizar as aulas de campo na escola ?

Neste questionamento objetivava-se verificar quais os maiores desafios que a

escola encontra para realizar o estudo de campo, partindo do ponto de vista que, nem

sempre acontece como é desejado, muitas vezes por falta de recursos, etc.

“As dificuldades é adequar o conteúdo a nossa realidade, para proporcionar a

interação dos alunos, outro é geralmente por que para se realizar o estudo de campo

precisa de acordo prévio com professores de outra disciplina para que não haja

problemas posteriores com os outros professores, muitas vezes o problema é

alimentação, pois os mesmos são oriundos de famílias de baixa renda que nem sempre

tem dinheiro para esse tipo de evento.” (Professor A)

“Primeiro problema é o transporte. A alimentação para os alunos. As aulas só

podem ser para lugares muito próximos e tem que durar apenas um dia por causar

dessas dificuldades”. (Professor B)

“Muitas vezes os professores desejam realizar a aula de campo mas, muitas

vezes os problemas são mais fortes. Muitas vezes o estado não disponibiliza o ônibus

para os alunos, depois o fator é os pais que muitas vezes impedem o aluno de sair da

escola e por sua vez, os professores das outras disciplinas não liberam para um lugar

mais longe que demore mais de um dia. (Professor C)

O estudo de campo é uma atividade bastante eficaz para o aluno conhecer sua

realidade, porém, para que aconteça esta metodologia muitas vezes os empecilhos

acontecem, muitas vezes não ocorrendo por inúmeros fatores. Os professores relatam

em suas respostas que o maior problema é quanto ao transporte e alimentação,

percebemos que os alunos são oriundos de famílias de baixa renda e estes não tem

subsídios para alimentação, ou hospedagem. Assim, impedindo o professor a ir a

lugares mais longínquos.

Em conformidade com isso kimura afirma:

Às vezes os próprios professores de geografia afirmam que não é

permitido realizar determinadas atividades didáticas como aquelas que

os levam a sair da sala de aula, tamanha é a rigidez escolar. Essas

realidades em contas dadas as dificuldades encontrada pelo os

professores. (KIMURA, 2011, p. 99)

Outras dificuldades que são levadas em consideração para não ocorrência do

trabalho de campo seria, a falta de compreensão e colaboração de colegas professores,

que muitas vezes também não liberam os alunos de suas aulas. Nota-se uma resistência

dos mesmos, sendo que o campo poderia ser desenvolvido numa proposta

interdisciplinar. Outra questão também da adequação do conteúdo a o campo, pois não

basta só ir ao campo tem que assimilar o assunto do estudo de campo com temas

abordados em aula, planejar, trabalhar previamente o conteúdo a ser abordado, para

quando o aluno for à campo já ter alguma noção e assim se ter um resultado de boa

qualidade.

Também relata-se a burocracia por parte dos órgãos administrativos que tendem

a não liberarem o transporte, dificultando a realização da citada atividade. O que soa

meio contraditório, já que estes órgãos exigem um ensino de qualidade, no entanto

dificultam o processo.

Ao realizamos as entrevistas com os professores entramos na realidade da

escola, podendo assim entender os reais problemas existentes. Estas dificuldades no

espaço escolar faz com que os professores, muitas vezes não realizem metodologias

mais dinâmicas, como o estudo de campo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Discutiu-se aqui uma perspectiva de uma educação que aborde a realidade no

aluno e forme no mesmo uma criticidade para percepção e entendimento do seu

contexto. Nisso apontamos a importância do estudo de campo, como trabalhar essa

metodologia, no dia a dia do aluno, partindo da paisagem e os desafios de realizar a

mesma.

Partindo desse ponto vista refletimos sobre o olhar de alguns autores sobre a

concepção de paisagem, e contextualizando essa categoria no processo de ensino. Como

fazer a interação entre a vida do aluno e as paisagens. Através do estudo de campo

podemos também criar interações entre o livro didático e o saber empírico do aluno,

assim possibilitando um real aprendizado.

Buscando investigar essa discussão realizada aplicamos um questionário com

alguns professores de Geografia. Nisso, assinala-se que há vários desafios que cercam a

realização dessa metodologia, uma vez que os professores entendem a importância do

estudo de campo, mas na maioria das vezes são impossibilitados por faltas de recursos,

sejam eles transportes ou de alimentação, ou problemas burocráticos, como a permissão

de outros professores, que muitas vezes não liberam a turma para um estudo mais

demorado, e os órgãos administrativos que não facilitam a execução do campo,

principalmente, sem liberar transportes.

Após uma breve análise constatamos, apesar dos obstáculos, a importância

do estudo de campo no ensino de Geografia, uma vez que o estudo de campo apresenta

ao aluno, uma constatação do que o livro fala na teoria, e o percebe na prática, além de

serem aulas mias dinâmicas que atraem o interesse do aluno.

REFERÊNCIAS

BERTRAND, G. Paisagens e geográfica física global – esboço metodológico,

(tradução olga cruz). São Paulo: IGEOUSP, 1971, 27P. ( Caderno de ciências da terra)

CASTELLAR, Sônia; VILHENA, Jerusa. Ensino de geografia. São Paulo: Censage

Learning, 2010.

CAVALCANTI, Lana de Sousa o ensino de geografia na escola. Campinas: Papirus,

2012.

KIMURA, Shoko. Geografia do ensino básico: questões e propostas. 2ª ed. 1ª

reimpressão. São Paulo: Contexto, 2011.

ORTIGOZA, Silvia Aparecida Guarnieri. Paisagem: Síntese das Heranças da Relação

da Sociedade com o Espaço. UNIVESP. Disponível em:

http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/47177/1/u1_d22_v9_t04.pdf.

Acesso em junho de 2016.

PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Yida; CACETE, Núria Hanglei;

Para ensinar e aprender geografia. 3ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 2009.

SANTOS, Milton. A metamorfose do espaço habitado. São Paulo. Hucitec, 1996.

SOUSA, José Carlos de; PEREIRA, Rodrigo Magalhães. Uma reflexão acerca da

importância do trabalho de campo e sua aplicabilidade no ensino de geografia. In:_

Observatório Geo Goiás. Disponível em:<

https://observatoriogeogoias.iesa.ufg.br/up/215/o/uma_reflexao_acerca_da_importancia

_do_trabalho_de_campo.pdf>. Acesso em junho de 2016.

SOUZA, Emmanuelle Alexandre de; PINTO, Erica Gonçalves; COUTO, Maria Erla

Maia Perugorria; A importância da aula de campo como metodologia para o

desenvolvimento do ensino-aprendizagem na Geografia. Disponível em: <

http://www.editorarealize.com.br/revistas/eniduepb/trabalhos/Modalidade_1datahora_2

0_10_2014_21_43_00_idinscrito_638_b8bd8bca62df909ec8f5ceb3acc6ff14.pdf>.

Acesso em junho de 2016.