A PEDAGOGIA DE PROJETOS E A ESCOLA PARTICIPATIVA · O currículo como meio e não fim...
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A PEDAGOGIA DE PROJETOS E A ESCOLA PARTICIPATIVA
Maria Helena Berlinck Martins
Socióloga
Especialista em gestão de projetos
São Paulo, 3 de outubro de 2013
As Cem Linguagens da Criança – Loris Malaguzzi (1920 -1994)
A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos cem pensamentos cem modos de pensar de jogar e de falar. Cem sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar. Cem alegrias para cantar e compreender. Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens (e depois cem, cem, cem) Mas roubaram-lhe noventa e nove A escola e a cultura lhe separam a cabeça
do corpo.
Dizem-lhe: de pensar sem as mãos de fazer sem a cabeça de escutar e de não
falar de compreender sem alegrias de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no
Natal. Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já
existe e de cem roubaram-lhe noventa e nove. Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho a realidade e a fantasia a ciência e a imaginação o céu e a terra a razão e o sonho são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe: que as cem não existem A criança diz: ao contrário, as cem existem.
Sociedade em mudança
• Amplas tecnologias de informação
• Acesso a informações e ao conhecimento diversos e utilitários criaram um novo tipo de adolescentes e jovens
• São jovens e adolescentes mais exigentes
• A sociedade exige também mais deles
• É na escola que esta tensão de exigências distintas mais se manifesta
A escola precisa repensar a sua função
• Qual o significado de aprender?
• O que é o ensinar nos dias de hoje?
Repassar conteúdos prontos?
Ensinar a memorizar?
• Precisamos revisitar a tradição humanitária
APRENDER
• APRENDER SIGNIFICA CONHECER
• TER ACESSO AO CONHECIMENTO ACUMULADO PELA HUMANIDADE, AO LONGO DA HISTÓRIA
PORQUE O CONHECIMENTO É NECESSÁRIO?
IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO
• O ser humano é o único ser que teve que desenvolver sabedorias e conhecimentos para facilitar a sua sobrevivência e reprodução.
• Ter acesso a este conhecimento acumulado facilita o nosso relacionamento com o meio ambiente e melhora nossa qualidade de vida, encurta distâncias (temporais, geográficas e sociais)
• O conhecimento precisa ter valor para as pessoas.
TENSÃO ENSINO APRENDIZAGEM
• O PÚBLICO ATUAL DA ESCOLA EXIGE UMA ESCOLA DIFERENTE
• BASTA VER O NÚMERO ASSUTADOR DE EVASÃO ESCOLAR, SOBRETUDO NO ENSINO MÉDIO, QUANDO O JOVEM PASSA A TER MAIOR AUTONOMIA E ACESSO A OUTRAS OPÇÕES.
• Os jovens e adolescentes expressam de diversas maneiras o NÃO( “cem maneiras diferentes”...)
• NÃO à escola autoritária
• NÃO à escola compartimentada
• NÃO ao currículo fragmentado, distante do “burburinho” da sociedade
Os jovens aderem
• Os recentes acontecimento de julho mostram
• SIM à escola que estimule a curiosidade
• SIM à escola que estimule a cooperação
a responsabilidade
o compromisso
a autonomia
O currículo como meio e não fim
• CURIOSIDADE para saber que aprender é um processo de uma vida toda. Você sempre estará aprendendo.
• COOPERAÇÃO para saber viver numa sociedade cheia de diferenças e que é necessário superar o individualismo, o consumismo e outros ismos...
Ensinar a ter responsabilidade
• Uma escola que trabalha este valor deve ter consciência que trabalha com adolescentes e não com adultos. Os adolescentes devem ter permissão de viver sua adolescência na escola, assim como vivem em casa e no bairro. Sendo como são e no coletivo escolar é que aprenderão a desenvolver responsabilidades.
Mas como introduzir mudanças na escola?
Creio ser uma das grandes contribuições que o professor mediador possa agregar ao processo de ensino/aprendizagem
Pedagogia de projetos – John Dewey, Anísio Teixeira e o movimento escolanovista, Paulo Freire e tantos outros pedagogos inclusive o citado no início: Loris Malaguzzi
• O PROJETO é construído em torno de um desejo de mudança – a vontade de se construir uma nova relação. Ele expressa um desejo, um sonho, a solução de um problema ou a busca de resposta a dúvidas.
• A escolha do tema deve ser bastante debatida entre todos para que haja consenso.
• O projeto busca um resultado e pode ser desenvolvido por alunos de múltiplas séries e classes.
• O modo de realizar o projeto, o percurso, não é fixo.
• No projeto não podemos perder de vista o resultado que queremos atingir, o sonho, o desejo, a resposta.
RESULTADOS DO PROJETO
• Entre os adolescentes buscar resultados
Atitudinais: valorização da família, da prevenção à saúde, conhecer a comunidade e saber identificar pontos positivos e pontos objetos de alguma mudança, respeitar regras.
Procedimentais: conquistar habilidades, possuir documentos , saber se deslocar na sua cidade, saber utilizar diferentes linguagens, diferentes mídias, praticar posturas para um ambiente sustentável
RESULTADOS DO PROJETO
Conceituais: conhecer leis e códigos que regem nossa vida em sociedade, conhecer as diferenças entre o público e o privado, conhecer os serviços básicos de atendimento ao cidadão, conhecer aplicações práticas da ciência em jogos e brincadeiras e também na vida de cada um, conhecer diferentes estratégias para se cuidar e cuidar do ambiente coletivo, entre outros.
Papel dos alunos na pedagogia de projetos
Os alunos decidem, debatem e pesquisam.
Com certeza vocês já trabalham com este tipo de pedagogia.
O importante é reconhecer o que o aluno já sabe e até onde ele pode chegar na aquisição de novos conhecimentos.
RESUMINDO O PROJETO
Pressupõe um tema e as seguintes fases básicas:
Um problema
O desenvolvimento
A aplicação
A avaliação
A metodologia é recheada de muita pesquisa, diálogo e escutas.
Bibliografia • AZANHA, J. M. P. Educação: temas polêmicos. Editora Martins Fontes, São
Paulo, 1995. • ______________“Parâmetros socioeductivos:proteção social para
crianças, adolescentes e jovens- igualdade como direito, diferença como riqueza/CENPEC – São Paulo:Prefeitura de São Paulo – SMADS; Fundação Itaú Social, 2007.
• DELORS, J. Educação: Um tesouro a Descobrir “Relatório para a UNESCO da Comissão internacional sobre Educação para o Século XXI”. São Paulo: Cortez, 2004. 9ª Ed;
• MOURA, D. P. : “Pedagogia de Projetos: Contribuições para Uma Educação Transformadora” artigo, 2010, acessado em 13 de setembro de 2013 em http://www.pedagogia.com.br/artigos/pedegogiadeprojetos/index.php?pagina=4
• PARO, H. V. Escola de Tempo Integral: Desafio para o Ensino Público. São Paulo: Cortez, 1988.
• SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Educação Integral, Escola de Tempo Integral. São Paulo: SEE, 2011, páginas 13 a 18;