A Pedra N.9

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Revista associativa da Assimagra sobre do setor da Pedra Natural e afins.

Transcript of A Pedra N.9

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A PEDRA 9 | DEZEMBRO 2011 | 5.50€

ArquiteturaDa Pedra Residual à Pedra Filosofal

GestãoAs dificuldades de Gestão na Indústria da Pedra

Entrevista Presidente da Câmara de Vila Viçosa no âmbito da 1ª Bienal Internacional da Pedra

Feiras e Eventos Global Stone Congress O Grande Evento da Pedra Natural em Portugal

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Editor:Miguel Goulão

Director Administrativo:Daniel Rebelo

Director de Comunicação | Publicidade: Carla Gomes

Paginação:Álvaro Carrilho

Impressão e Acabamento:Etigráfe - Artes Gráficas, Lda.

Produção:Comedil - Comunicação e Edição, Lda.

Propriedade:Assimagra - Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos AfinsNIPC - Nº 500 834 938

Registo da Marca “A Pedra”:Instituto Português de Comunicação

Depósito Legal: 309090/10

Editores: Comedil - Comunicação e Edição, Lda. Empresa jornalística registada no Instituto de Comunicação Social nº 223679

Colaboradores:Visa ConsultoresFrontWaveIntrum JustitiaMoore StephensCEVALORA. José Pereirinha de Morais e Ana ViegasJorge Cruz Pinto

Periodicidade:Bimestral

Tiragem3 000 exemplares

SedeAssimagra - Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos AfinsAv. Luís Camões | Fracção G1 | 2480-308 Porto Mós | Tel: +351 244 49 18 03 | Fax: +351 244 49 18 12E-mail: [email protected] | Web: www.assimagra.pt

Com o apoio de :

A PEDRA 9 | DEZEMBRO 2011 | 5.50€

EstudosDa Pedra Residual à Pedra Filosofal

FormaçãoAs dificuldades de Gestão na Indústria da Pedra

Entrevista presidente da Câmara de Vila Viçosa no âmbito da 1ª Bienal Internacional da Pedra

FIChA TéCnICA

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O novo ano vai ser o ano de todos os desafios. A sociedade portu-guesa encontra-se bloqueada e impõe-se um sentido de urgência na emancipação cívica do país. Por isso, o Novo Ano terá que ser capaz de responder de forma positiva aos desafios de uma Sociedade Civil ansiosa pela mudança. Trata-se dum desafio activo, em que a aposta na participação e a valorização das competências, numa lógica cola-borativa, têm que ser as chaves da diferença.

O desafio de 2012 é um claro compromisso de resposta colectiva a um tempo que exige novas ideias e novas soluções. É esse caminho que queremos percorrer em conjunto com todos. Faço, por isso, um apelo de inter-ajuda entre todos. O nosso Setor só será capaz de ultrapassar as dificuldades se estiver forte e unido em prol dos seus objectivos.

É necessário encetar, desde já, um trabalho de todos e para todos, alicerçado num Contrato de Confiança claro e mobilizador, em que a Setor esteja disponível para uma nova ambição centrada na ex-celência. Um desafio que nos deve obrigar desde já a uma aposta colectiva centrada na nossa contribuição individual. Temos que todos estar disponíveis a este apelo de participação.

As dificuldades do tempo presente impõem uma ambição para o fu-turo. A excelência tem, mais do que nunca, que ser a nossa bandeira colectiva. Estamos, por isso, a construir o nosso projecto Stone PT, que acredito fará toda a diferença nesse afirmar da excelência do setor neste ano de 2012.

Precisamos de convicção nas respostas que se impõem para as mui-tas questões que hoje afectam o nosso setor. Todos reconhecemos que a grande questão que se coloca ao nosso setor, é a de Como exportar mais? Nesse sentido, em 2012, faremos o maior investimen-to na história da Associação em acções de internacionalização, leva-remos empresas à India, Brasil, Turquia, China, Moçambique e um pouco por toda a Europa, com o objectivo de ajudar Todos a Exportar mais.

Pugnaremos também pela melhor compatibilização do setor com os Instrumentos de Ordenamento do Território atualmente ao nosso dispor pois, sem essa compatibilização, não é possível haver setor. Trata-se de uma questão de sobrevivência pela qual lutaremos em nome de todos.

Por fim, 2012, será o afirmar da nossa relação com os prescritores, como bem o demonstra o projecto que é tema principal da nossa Re-vista, em que a relação do Design/Arquitectura/Inovação/Pedra prova que é possível levar-nos onde a imaginação nos permitir, e é nesta dimensão que apostaremos, o Arquitecto sonha, o Setor concretiza.

Miguel GoulãoVice-Presidente Executivo

EDIToRIAL

2012 ANO DE GRANDES DESAFIOS

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Editorial

2012 ANO DE GRANDES DESAFIOS

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ArquitecturaDA PEDRA RESIDuAl à PEDRA FIlOSOFAl

ECO-QuIOSQuE lANTERNA

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Entrevista

PRESIDENTE DA CâMARA DE VIlA VIçOSA NO âMBITO DA 1ª BIENAl INTERNACIONAl DA PEDRA

Gestão

AS DIFICulDADES DE GESTãO NA INDúSTRIA DA PEDRA

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Atividades

SESSãO DE APRESENTAçâO DOS PROJECTOS INTEGRADOS NAS ÁREAS SuJEITAS A EXPlORAçãO EXTRACTIVA DO PARQuE NATuRAl DAS SERRAS DE AIRE E CANDEEIROS

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Feiras e Eventos

GlOBAl STONE CONGRESS O GRANDE EVENTO DA PEDRA NATuRAl EM PORTuGAl

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AGENDA

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SuMáRIo

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ARquITETuRA

Da Pedra Residual à Pedra Filosofal

Jorge Cruz PintoArquitecto, Professor Catedrático da FAUTL

PrincípiosHá alguns anos atrás, fui a Vila Viçosa esco-lher chapas de mármore para uma obra de arquitectura, guiado pelo meu amigo Engº José Luís Martinho, que me levou a visitar umas pedreiras e uma das indústrias de transformação. Nessa ocasião, perguntei--lhe o que faziam com as montanhas de escombreiras. Sem obter uma resposta sa-tisfatória e lançando-me o desafio, come-cei a ter ideias para aplicação da pedra de desperdício na arquitectura e no design, que viria a desenvolver sob a forma de diversas investigações aplicadas que denominei: Pe-trus , Re-Stone «Da Pedra Residual à Pedra Filosofal».

Desde que comecei a estudar as constru-ções em pedra, mudei o meu ponto de vis-ta sobre a arquitectura e descobri novos aspectos, de que até então não me havia dado conta. Voltei a visitar o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, o Convento de Cristo em Tomar, o Panteão e o Coliseu em Roma e outros edifícios históricos em Portugal e no estrangeiro, para falar com as pedras e tentar perceber outros sentidos arquitectónicos complementares da forma, ligados à sua natureza, materiais e técnicas construtivas. Só então me dei conta de uma maior complexidade e totalidade que enfor-ma a arquitectura.

Para Schopenhauer, «a arquitectura enfren-ta o conflito entre a rigidez e a gravidade, que constitui a vida e a manifestação do desejo em pedra». As suas palavras aproxi-mam-nos da definição tectónica em sentido lato, como a expressão das formas de forças de conteúdo estático sob a acção das forças de gravidade, associada à forma plástica

de natureza simbólica. Em sentido estrito, a concepção tectónica de Gottfried Semper refere-se à relação construtiva pilar / lintel. Também de acordo com este arquitecto, os estilos históricos são o resultado da confor-

mação, através da relação entre a matéria, a técnica e a forma. A palavra estilo, associa-da ao estilete, o instrumento metálico usado para gravar a matéria (madeira ou pedra) conferindo-lhe através da técnica construtiva a forma adequada e revelando na obra a ver-dade dos materiais, o jogo de forças que per-mitem a estabilidade tectónica e a expressão estética.

Segundo Gaston Bachelard «o sonho da pe-dra procura forças íntimas». Forças essas ligadas, quer às forças da própria materia-lidade tectónica, quer ao princípio de delimi-tação e conformação do espaço interior pro-pício às vivências da intimidade protegidas.

Numa definição fundacional ligada à maté-ria e ao acto de construção, a arquitectura começa pela colocação de uma pedra sobre

Fig. 1 a 3 - Banco de jardim (1), Bebedouro (2) e Papeleira. (3)

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outra (depois das palavras de Mies relati-vamente ao tijolo). No entanto, como «for-ma simbólica», a arquitectura vai além da construção significando-se a si própria, para além da função que lhe deu origem. Assim, a arquitectura estabelece um mundo sobre o mundo.

A pedra natural é o mais antigo, duradouro, e um dos mais nobres materiais de constru-ção utilizado ao longo da história na fabrica-ção de alvenarias: muros, tectos, abóbadas, pavimentos, escadas, guarnecimentos... sob diferentes expressões tectónicas e es-tilísticas, mediante diversas estereotomias e evoluções das tecnologias construtivas: das construções ciclópicas dolménicas, aos tem-plos e pirâmides egípcias, maias, aos tem-plos indús e budistas, ao classicismo greco--romano, à arquitectura bizantina, à solidez românica, ao aligeiramento estrutural gótico, ao renascimento, às formas de expressão barrocas, ao neo-clacissismo, ao racionalis-mo estrutural …

A Pedra Residual: actual contexto e problemática

Nos últimos dois séculos, o aparecimento de novos materiais estruturais, como o ferro, o aço e o betão armado, com outras potencia-lidades plásticas e estruturais, renunciaram o uso da pedra como material construtivo e estrutural, restringindo a sua aplicação na construção arquitectónica como revestimen-to decorativo. Porém, reconhece-se hoje que a durabilidade dos novos materiais, como o betão e o aço, é relativamente reduzida no tempo, além de requererem uma manuten-ção periódica e de produzirem na sua fabri-cação um elevado consumo energético e elevadas emissões de CO2.

Como consequência desse uso restrito como revestimento, a indústria de extracção da pedra deixa uma elevada percentagem de pedra inutilizada nas pedreiras - os escom-bros - sem outros aproveitamentos, à espe-ra de servirem de entulho e britagem para aplicações menos nobres na construção. Em Portugal, nas pedreiras da Bacia Marmífera

de Estremoz, Borba e Vila Viçosa, apenas 5 a 25 % da pedra extraída é comercializada em bloco. Uma elevada percentagem resi-dual das escombreiras acumula-se no meio ambiente em torno das pedreiras, ocupando uma possível área de extracção, afectando visualmente a paisagem natural e o equilí-brio ecológico, e dificultando o alargamento das frentes de trabalho nas pedreiras e os consequentes custos de exploração.

Numa altura em que o tecido empresarial - das indústrias nacionais do sector da extrac-ção, da transformação e do comércio da pe-dra natural - se encontra em profunda crise económico - financeira, face à concorrência dos mercados estrangeiros, nomeadamente: dos novos países emergentes como a China, Irão, Índia, Brasil, Turquia e Egipto, além dos designados países tradicionais como a Itália, Espanha e Sérvia, e à actual crise económi-ca nacional e internacional, urge reflectir so-bre a valorização dos recursos endógenos, a nível regional, nacional e internacional e introduzir uma maior competitividade através de produtos inovadores.

Por um lado, a actual estratégia extrativa, encarada apenas a curto prazo, conduz a uma exploração desenfreada dos recursos geológicos naturais e à movimentação de elevados valores materiais e monetários. No entanto, levantam-se questões de sustenta-bilidade, motivadas pelo elevado desperdicio de matéria prima e pela pressão exercida sobre o meio ambiente, já que na laboração normal de uma pedreira, em que o objectivo na produção de blocos de grandes dimen-sões dá sempre lugar a grande acumulação de desperdicios. A abundância de recursos tem levado à instalação de unidades extrac-tivas de grandes dimensões, que procuram maximizar os volumes extraídos, dando a máxima atenção à quantidade e deixando em segundo plano a criação de um maior va-lor acrescentado conseguido pela transfor-mação primária dos materiais que não são considerados como exportáveis em termos de bloco.

Por outro lado, no campo da arquitectura e da construção das obras públicas, a pedra tem vindo a ser preterida por outros mate-rias menos nobres e menos duradouros. É sobretudo confrangedor ver que as novas construções públicas nos municípios da pe-dra (como a Batalha, Vila Viçosa, Estremoz, Borba, entre outros), recorrem a outros ma-terias (betão, metal, tijolo, vidro, etc.) ou re-duzem a pedra à condição de revestimento, quando têm recursos locais que poderiam perpetuar e contextualizar genuinamente as imagens arquitectónicas e urbanas histó-ricas com novas obras onde a pedra pode recuperar um carácter mais construtivo. Fig. 4 Quiosque construído em Vila Viçosa

Arquitetura

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Arquitetura

A Pedra Filosofal: valorização dos resíduos e criação de sub-produtosRetomando a metáfora do porco enunciada por Umberto Eco, no seu livro «Como se faz uma tese» (onde sustenta que tudo é apro-veitável como na matança do porco, dando origem a diversos produtos e subprodutos), podemos entender também o aproveitamen-to integral da pedra em distintos produtos e sub-produtos a diversas escalas.

A solução de aproveitamento da pedra resi-dual não pode passar apenas pela britagem, que constitui um processo irreversível, redu-zindo a pedra à escala e ao seu valor mais baixo.

A solução passa pela transformação da Pe-dra Residual em Pedra Filosofal. A questão é de facto filosófica, pois envolve simulta-neamente uma solução holística, de análise global e aproveitamento integral da pedra a várias escalas; e uma solução heuristica, porque acarreta soluções inventivas para alteração do actual paradigma. Por outras palavras, passa pela transformação da ma-téria prima em materiais, através de saídas inovadoras que se traduzam em valores de uso, valores económicos, valores estéticos, valores ambientais... pela criação e valoriza-ção de vários produtos e subprodutos.

Cada bloco abandonado nas escombreiras é único e pode ter um aproveitamento espe-cífico dentro de uma nova lógica de aplica-ção sustentável. O aproveitamento da Pedra Residual pode cobrir assim diversos secto-res produtivos – teleológicos, económicos, éticos, ecológico-ambientais, tecnológicos, estéticos… - e abarcar diversas escalas de valorização: desde a escala do ordenamento do território e da paisagem, à escala urbana,

à escala arquitectónica (associada a novas possibilidades de utilizações construtivas sustentáveis e novas expressões plásticas), à escala do design de produto.

A regeneração das escombreiras passa por uma legislação adequada e pela aplicação inovadora da Pedra Residual em alvenarias estruturais de carácter ciclópico, pela produ-ção de módulos laminares para construção arquitectónica bioclimática, pelo design de mobiliário urbano e de outros objectos de de-sign e pelo próprio ordenamento estético das escombreiras entendido em termos de Land Art. Esta será a forma de compatibilizar a di-mensão produtiva com a aplicação construti-va e a intenção estética e cultural de grande escala, com a atracção turística associada às novas paisagens da pedra - Land Stone.

Uma nova linguagem arquitectónica pode passar pela renovação da tradição e aplica-ção criativa. O uso da pedra residual abre novas estéticas na continuidade das antigas tradições, suportadas pelas actuais tecno-logias mecânicas e informáticas de corte e montagem.

Através da aplicação dos conceitos de Pe-trus, Lithos, Re-stone e Landstone procurar--se-á o aproveitamento sustentável da pedra em escalas distintas de intervenção produ-tiva, permitindo assim uma renovação dos paradigmas económicos, construtivos, arqui-tectónicos e estéticos, alargados ao contexto internacional.

Lithos, blocos de aglomerados de pedra

residual Sob o conceito de Lithos, as pedras irregu-lares de menores dimensões, assim como o

pó de pedra e as argilas calcárias poderão ser utilizados na produção de aglomerados compactos com ligantes, sob a forma de blocos construtivos que serão aplicados em alvenarias estruturais e em mosaicos para revestimentos de pavimentos e paredes.

As novas aplicações da pedra requerem a reabilitação da formação profissional de pe-dreiros, na tradição dos antigos mesteres de construtores de canteiros adaptada às tec-nologias e estéticas contemporâneas, atra-vés da criação de Pedreiras Escolas com formações técnicas e artística em diversas áreas: extracção, corte, cantarias, pavimen-tos e revestimentos interiores e exteriores; estereotomia, estruturas e assentamento de alvenarias; conservação arquitectónica, pa-tologias e restauro; escultura, design, mobili-ário e artesanato.

Re-Stone, módulos laminares de pedra residual reciclada

A indústria transformadora da pedra deixa também uma larga percentagem de mate-rial de desperdício, resultante dos cortes e quebras, que é geralmente enviada para as escombreiras e cujas utilizações tradicionais são de entulho ou britagem para outras apli-cações na construção, nomeadamente a fa-bricação de cimento.

A nossa invenção de módulos de laminados de pedra residual cria um novo material de construção, a partir da reciclagem dos restos da serragem e cortes das chapas de pedra das indústrias transformadoras, sob o con-ceito de Re-Stone.

A reciclagem do desperdício do corte das chapas de pedra permite a produção de mó-

Fig. 5 - Pormenor das lâminas cortadas e escacilhadas.

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Arquitetura

dulos laminares de aplicação arquitectónica bioclimática para a construção de paredes ventiladas, na continuidade cultural da tra-dição mediterrânica dos muxarabis, gelosias ou reixas, características da arquitectura do fresco e da sombra; posteriormente adopta-das ao clima tropical no Brasil, sob a desig-nação de cobogó (construídos em módulos de cimento armado ou cerâmica); sob essa influência, estes elementos foram também largamente difundidos a partir dos anos 60 em Portugal e nas antigas colónias, criando uma expressão tropical do movimento mo-derno. Contudo, a parede ventilada não foi explorada na construção em pedra, nome-adamente, aproveitando a pedra residual e as actuais tecnologias de cálculo e avaliação térmica, no contexto das novas preocupa-ções e legislações de controlo energético.

Os módulos laminares cumprem funções bioclimáticas de sombreamento, filtragem da luz e ventilação, além de garantirem a priva-cidade no interior dos edifícios e permitirem efeitos decorativos. Para além da sua aplica-ção na construção de paredes ventiladas, os módulos laminares podem ser utilizados na construção de paredes vegetais, alvenarias estruturais, arcos e abóbadas, chaminés, escadas e no design de mobiliário urbano, constituindo uma inovação ao nível do de-sign construtivo e ao nível da versatilidade de aplicações, pelas diferentes proprieda-des, consoante o tipo de combinações entre os módulos e a adição de outros materiais (terra, aglomerado negro de cortiça, entulho, etc).

Este novo material é apresentado sob a for-ma de um “tijolo furado” em pedra; partindo de um conceito de “cheio-vazio”, pela sobre-posição de laminas de pedra desencontra-das que constituem um módulo construtivo análogo ao famoso “Lego” das construções lúdicas infantis. O conceito “vazio” resultante da nossa investigação teórica que condu-

ziu ao ensaio, Elogio do Vazio (Jorge Cruz Pinto, 2006, posteriormente publicado como Éloge du Vide, pelo Le Carré Bleu, feuille d’architecture, Paris, 2010), é aqui levado à concepção de um bloco laminar de aplicabi-lidade construtiva.

Cada unidade modular é construída atra-vés da sobreposição ou empilhamento de lâminas de pedra cruzadas e coladas, (por processos manuais ou mecânicos) deixan-do espaços vazios residuais alternados que permitem um aligeiramento do peso das pe-ças e uma maior versatilidade de aplicações arquitectónicas e qualidades construtivas – estruturais, acústicas, térmicas (quando con-jugadas com outros materiais) - e estéticas.

Estes novos módulos construtivos de pedra reciclada permitem diversas aplicações na Arquitectura e no Design de mobiliário ur-bano, em termos de soluções construtivas, bio-climáticas e estéticas, numa perspectiva ecológica e sustentável.

Mobiliário Urbano: Quiosques / lanternas,

bancos, bedouros, papeleiras…

O sistema construtivo de lâminas de pedra sobrepostas e alternadas em cheio-vazio foi também aplicado na concepção de com-ponentes arquitectónicos (chaminés, de-graus…) e de diversas peças de mobiliário urbano: quiosques de distintas formas, ban-cos, caixas de luz, papeleiras e bebedouros (Registo de autoria de design – INPI – Ins-tituto Nacional da Propriedade intelectual - Jorge Cruz Pinto). (ver Fig. 1 a 3 )

O Quiosque realizado em Vila Viçosa (in-serido no programa de acção da Estratégia

de Eficiência Colectiva do Cluster da Pedra Natural, no âmbito do projecto âncora “Va-lorização da Pedra Natural Portuguesa”), no contexto do largo arborizado que antecede o Terreiro do Paço, constitui uma peça de mo-biliário urbano destinado a Posto de Informa-ção Turística. (ver Fig. 4 )

Esta peça de mobiliário urbano parte do sentido ecológico de aproveitamento das chapas e dos blocos de pedra mármore de escombreiras, procurando a sua valorização através da reinvenção estética, funcional e económica. A sua construção procura evi-denciar o valor estético da Pedra Mármore, nas lâminas cortadas e escacilhadas de for-ma a tirar partido das texturas grotescas e do grão cristalíneo, e simultaneamente sal-vaguardar e resistir às hipóteses de maus usos, vandalismo e envelhecimento.

A peça é constituída pela sobreposição de lâminas de pedra Mármore de 3 cm de es-pessura, escacilhada na face exterior, crian-do um jogo alternado de cheios / vazios. As lâminas são sobrepostas nos cantos em volta de uma área central de forma quadran-gular que gera no interior o espaço útil do Quiosque. (ver Fig. 5 )

As portas, quando abertas, funcionam tam-bém como suporte dos expositores de infor-mação turística, revistas, peças de artesana-to, etc.. O paralelepípedo de 2mx2m de lado por 4m de altura é definido interiormente por uma estrutura de aço inox que suporta os painéis translúcidos de policarbonato alveo-lar. A cobertura pode ainda conter um painel fotovoltáico para produção e auto-suficiência energética.

Este tipo de quiosque pode ter formas va-riadas, adaptáveis às diversas funções que se pretenda instalar, desde a função mais simples de informação turística a quiosque de jornais e revista, para café e bebidas,

Fig. 6 - Quiosque iluminado.

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gelados, florista, artigos turísticos e de arte-sanato e até mesmo instalações sanitárias públicas urbanas.

O quiosque pela sua forma e posicionamen-to urbano adquire a condição de uma escul-tura minimalista e à noite, quando totalmente encerrado e iluminado pelo interior, funciona como uma grande lanterna à escala da ima-gem urbana. (ver Fig. 6 )

land Art / land Stone Sob o conceito de Land Art, desenvolvido a partir dos anos 60, algumas experiências à escala territorial, vêm proporcionar a qua-lificação da paisagem, acrescentando-lhe mais-valias estéticas e manifestando preo-cupações ecológicas e de desenvolvimento sustentável. Tal conceito poderá ser adop-tado para a paisagem industrial da pedra. O ordenamento e valorização estética da paisagem industrial das escombreiras, atra-vés de intervenções/instalações de Land Art, podem suscitar uma dinâmica cultural de compatibilidade ecológica entre a produ-ção e a redução do impacte ambiental. Sob o conceito de Land-Stone, propomos inter-venções estéticas planificadas nos espaços das escombreiras e nas centrais de depósito (tão simples quanto o modo de arrumar) de forma a reduzir o impacto ambiental dos re-síduos pétreos na paisagem, conferindo-lhe um sentido cultural estético, podendo ser in-cluídos nas Rotas da Pedra, no âmbito de programas geo-turísticos.

Petrus - Alvenarias Estruturais

Actualmente, o uso da pedra natural na cons-trução está restringido ao revestimento de-corativo, esquecendo as funções estruturais e construtivas que teve ao longo da história.

Sob o conceito de Petrus, propomos um aproveitamento construtivo da pedra aban-donada nas escombreiras. Esta utilização será suportada pelas tecnologias mecânicas actuais e permitirá a abertura a novas ade-quações estéticas arquitectónicas de carác-ter brutalista, grotesco ou outras.

A valorização da pedra residual na constru-ção de alvenarias estruturais constitui uma alternativa sustentável frente à convencional construção em betão armado. Se contabili-zarmos os elevados custos de produção do cimento e do aço, que como já referimos, acarretam grandes consumos energéticos, elevadas emissões de CO2, aliados aos cus-tos de transporte, ao tempo e aos trabalhos que envolvem a construção de betão arma-do (montagem de armaduras em aço, cofra-gens, moldagens e secagem) além da curta perspectiva de vida (70 anos), permitem-nos contrapor como alternativa o retorno às alve-narias estruturais em determinadas constru-ções, realizadas à luz das novas tecnologias, possibilitando a produção de edifícios mais sustentáveis.

A actual formação técnica e os métodos de desenho na arquitectura e na engenharia es-tão sobretudo vocacionados para a concep-ção e cálculo de betão e aço, não contem-plando a construção em pedra.

Uma nova linguagem para a pedra natural passa pela tradição renovada do seu uso criativo na arquitectura, de que são exemplo obras que conjugam o uso da pedra estrutu-

ral com o aspecto ornamental, como as de Renzo Piano, Domenico Potenza, Mario Bot-ta, Kisho Kurokawa, Gilles Perraudin, Maria-no Bille, D’Amato y Fallacara, David Palterer e em particular Cesar Portela (As Caixas de Pedra, Jorge Cruz Pinto, 2007). A utilização da pedra residual estrutural abre novas es-téticas que retomam a continuidade da tra-dição milenar.

Com as actuais tecnologias informáticas de modelos de cálculo estrutural, e tecnologias mecânicas de extracção, de transporte, de elevação e o conhecimento das técnicas de desenho e de corte estereotómico, é possí-vel executar facilmente e em menor espaço de tempo, pequenas e grandes construções ciclópicas que outrora requeriam processos empíricos e grandes esforços na construção através da força animal e humana.

Ultrapassando a condição contemporânea da pedra como mero revestimento, desen-volvemos um projecto experimental em alvenaria estrutural. A proposta que apre-sentamos, para o novo edifício da Adega Cooperativa de Vidigueira, desenvolvido em torno de um pátio, tem por base a uti-lização de pedra residual das escombreiras na construção de alvenarias estruturais. Nas frestas que definem pequenas janelas entre as juntas das estereotomias, em vez de vi-dro, são utilizadas chapas de mármore com um centímetro de espessura, permitindo a passagem da luz do exterior. No pátio inte-rior a aplicação dos módulos laminados na construção de paredes de gelosias tem uma aplicação bioclimática permitindo o sombre-amento e a ventilação naturais. A volumetria exterior procura tirar partido das expressões plásticas das texturas, cromatismos das pe-dras e grafismos das vergadas, sob inten-cionalmente grotesca dos grandes blocos ciclópicos, empilhados através de meios me-cânicos, associando a marca tradicional do Vinho da Vidigueira à nova imagem arquitec-tónica construída no material mais antigo e perene (Jorge Cruz Pinto e Cristina Mantas, 2009). (ver Fig. 7 )

Em suma, o projecto de transformação da Pedra Residual em Pedra Filosofal, que aqui se apresenta, tem como objectivos contribuir para a revalorização e desenvolvimento da tradição do uso da pedra nos sistemas cons-trutivos na edificação, através do aprofunda-mento da problemática projectual, assente em novas propostas estéticas e técnicas, bioclimáticas, ambientais e funcionais que visam a reavaliação do sector económico na-cional, da formação profissional, do sistema construtivo da edificação na sua globalidade para a renovação contemporânea adequa-da a um material de antiquíssima cultura e história.■

Fig. 7 - Perspectiva de parede utilizando os conceitos de módulos laminares e de alvenaria estrutural

Arquitetura

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ECO-QuIOSQuE lANTERNA

DAS ESCOMBREIRAS AO DESIGN

ESCulTÓRICOEsta peça de mobiliário urbano, parte de um sentido ecológico de aproveitamento das chapas e dos blocos de pedra mármo-re residual existentes nas escombreiras de Mármore de Vila Viçosa e Estremoz, procu-rando a sua valorização estética, funcional e económica.

Os quiosques de pedra, pelas suas formas geométricas, adquirem a condição híbrida entre a peça de design de mobiliário urbano e a escultura minimalista.

A construção dos quiosques é realizada pela sobreposição de lâminas de pedra, criando um jogo alternado de cheios/vazios. As lâ-minas são sobrepostas nos cantos em volta de uma estrutura interior de tubulares metáli-cos que sustentam chapas de policarbonato transparente ou translúcido que serve de re-vestimento interior.

A sua construção procura evidenciar o valor estético da Pedra Mármore, nas lâminas cor-tadas e escacilhadas de forma a tirar partido das texturas grotescas e do grão cristalíneo,

e simultaneamente salvaguardar e resistir às hipóteses de maus usos, vandalismo e en-velhecimento.

As portas, quando abertas, funcionam tam-bém como suporte dos expositores de infor-mação turística, revistas, peças de artesa-nato… O paralelepípedo interior de 2 m x 2 m de lado por 4 m de altura é definido pela estrutura de aço inox. A cobertura pode ain-da servir de suporte a um painel fotovoltaico.

À noite, quando totalmente encerrado e ilu-minado pelo interior, o quiosque funciona como uma grande lanterna à escala da ima-gem urbana, cuja luz poderá mudar gradual-mente de cor.

CARACTERISTICAS TÉCNICAS

► Paredes exteriores em lâminas sobre-postas de pedra mármore de Estremoz / Vila Viçosa (ou de outra pedra do local onde for implantado) em composição de cheios – vazios.

► Estrutura interior em inox com chapas de policarbonato translúcido de 12mm es-pessura.

► Prateleiras interiores em chapa de poli-carbonato.

► Portas com abertura de 180˚, prateleiras expositivas e fechadura de segurança.

► Dois vãos basculantes superiores para ventilação.

► Protecção exterior extensível contra a chuva, em chapa de policarbonato.

► Iluminação interior com leds policromáti-cos.

► Possibilidade de autonomia energética com colocação de painéis fotovoltaicos na cobertura.

► As dimensões podem variar de acordo com as encomendas e a função a que se pretenda destinar.

OuTRAS FORMAS – ÁREAS – FuNçÕES

Este tipo de quiosque pode ser realizado em várias formas, adaptáveis às diversas funções que se pretendam instalar, desde a função mais simples, de informação turística, a quiosque de jornais e revistas, café, floris-ta, artigos turísticos e instalações sanitárias públicas urbanas...

O valor global varia dependendo do fim a que os quiosques se destinarem (com os equipamentos interiores necessários), e da complexidade formal, tamanho, etc.■

Arquitetura

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Arquitetura

Projecto Final

OCTOGONAl COM SOMBREAMENTO Área de 6,00 m2

Com 5,90 m de altura

FORMA Y Área de 5,50 m2

Com 5,90 m de altura

Área de 4m2 ; Com 4m de altura

OCTOGONAl SEM SOMBREAMENTO

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EnTREvISTA

Entrevista ao presidente da Câmara de Vila Viçosa

no âmbito da 1ª Bienal Internacional da Pedra

A Pedra: Quais foram os objectivos que levaram a autarquia a organizar a 1ªBienal Internacional da Pedra em Vila Viçosa (de 12 a 16 de Outubro)? E que balanço faz agora do evento?

O objectivo foi promover o mármore porque é a actividade económica principal de Vila Viçosa, que já viveu tempos melhores e que não está, neste momento, a atravessar uma boa fase. Estas dificuldades são percepcio-nadas por autarcas, empresários e a popu-lação em geral, designadamente pela falta de emprego. Compete a todos trabalhar no sentido de encontrarmos as melhores solu-ções. O objectivo fundamental da Câmara foi tentar dar o seu contributo para que, com os empresários e as universidades que penso serem entidades muito importantes nesta

matéria, o sector do mármore possa encon-trar outras soluções, outras tecnologias ou-tras abordagens de comercialização, tudo o que for necessário para dinamizar a nossa actividade principal. O mármore foi, durante muito tempo, o ouro branco de Vila Viçosa. Agora tem uma quebra e nestas alturas di-fíceis temos que trabalhar todos em conjun-to. Não podemos meter a cabeça na areia e esperar que as coisas se resolvam. Acho que temos até que aproveitar as dificuldades para transformá-las em forças e oportunida-des de melhorar procedimentos. É também uma oportunidade para vermos melhor onde é que estão os problemas para podermos resolvê-los e andar em frente.

A Pedra: Na sua opinião por que é que está a haver esta evolução negativa?

A utilização do mármore em Portugal sem-pre foi diminuta. O mercado interno nunca teve grande expressão. A nível internacional a situação já era diferente. A Europa, por exemplo, era um excelente mercado. Agora está praticamente reduzido a zero. A crise económica criou grandes retracções neste mercado. Outros mercados, nomeadamente na América, estão tomados por outras regi-ões. O mercado do mármore de Vila Viçosa reduz--se praticamente aos países árabes e ao Norte de África. No Norte de África as recentes conturbações políticas, no Egipto, na Tunísia, na Líbia tiveram repercussões no comércio internacional. Dizem-me os empresários que o mercado chinês começa agora a procurar blocos de mármore em Vila Viçosa. Mas não é uma procura significativa. Estas são as principais razões para a quebra da nossa produção. Admito que haja outras: houve talvez durante muito tempo um aco-

modar, a falta de procura de alternativas, de novas soluções. Isto porque também era re-lativamente fácil, sobretudo para as grandes empresas, extrair, transformar e vender. Os problemas sentem-se de forma mais acuti-lante ao nível das empresas mais pequenas que apresentam grandes dificuldades nas exportações. Apresentam fragilidades nas áreas dos seguros, por exemplo, na área de representação, não têm capacidade de res-posta a grandes encomendas, porque não têm dimensão.

Uma das deficiências dos portugueses e não é só no sector das pedras é a falta de for-mação ou formatação para nos associarmos uns aos outros. Contrariamente aos nossos irmãos espanhóis, por exemplo, nós não gostamos de trabalhar em associativismo. E este foi também um dos objectivos da bienal: contribuir para que se torne mais evidente que todos somos poucos para podermos sair da crise. Eu acho que é da conversa que sai a luz. E duas cabeças pensam concerteza melhor do que uma. Não é o arquitecto que vem ensinar o empresário a extrair o már-more…

A Pedra: Mas o arquitecto é um prescritor….

Exactamente. E muitas vezes um prescritor que não sabe como é que o mármore se tra-balha. Ou quais são as dimensões adequa-das da pedra para um determinado projecto. E se houver o contacto e o diálogo do pres-critor com o produtor já haverá uma evolu-ção no trabalho. Todas estas sinergias são

“Temos que trabalhar todos em conjunto”

por: Manuela Martins

Eng. Luís Caldeirinha Roma

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importantes. E uma das intenções da Bienal, continuando a responder à sua pergunta, foi criar sinergias para que cada um possa dar aquilo que tem de melhor para transformar a problemática do sector.

A Pedra: Acha que há um défice de ma-rketing e de promoção no sector?

Acho que sim. O problema da maior parte dos empresários da região é que a empre-sa foi herdada do pai, ou do avô e o que se faz neste momento ainda é o que se fazia no tempo do avô…E as pessoas têm sempre uma aversão quando há alguém que chega com uma novidade.

Por outro lado há muito individualismo. E este individualismo não traz benefícios a minguem.Com as alternâncias sucessivas e constantes de produtos e de tecnologias quanto mais cada um divulgar o que sabe melhor para todos, maiores rentabilidades para o sector em geral.

A Pedra: O que é que vai melhorar na pró-xima bienal, daqui a dois anos?

Esta bienal teve pouca divulgação. Foi um erro que espero corrigir daqui a dois anos, mas foi um erro calculado. Quando me aper-cebi da dimensão que ela estava a assumir eu cortei o andamento, pois tive algum re-ceio de não ter instalações e condições lo-gísticas, quer ao nível das estadias, quer ao nível do desenvolvimento dos trabalhos, pois Vila Viçosa é uma terra pequena e não é fácil acomodar 200 pessoas. Daqui a 2 anos es-peramos ter melhores condições em Vila Vi-çosa. Estamos em vias de ter uma nova ins-talação hoteleira, com 100 quartos e iremos beneficiar da experiência desta 1ª bienal. Mesmo assim, tivemos uma participação, durante 10 dias, de cerca de 160 estudantes estrangeiros, acompanhados por 25 pesso-as e outros tantos especialistas da pedra que vieram apresentar vários trabalhos.

A Pedra: Considera positiva essa partici-pação?

Considero esta participação bastante po-sitiva. E não sou só eu. Inúmeras pessoas de renome internacional que estiveram pre-sentes consideraram o encontro bastante positivo. Muitos professores, estudantes e especialistas em pedra, estrangeiros, vieram dizer-me que nunca tinham visto uma pe-dreira como em Vila Viçosa. Todos ficaram boaquiabertos.Tive a oportunidade de falar coma as delegações de Macau, Itália, Fran-ça e Espanha que ficaram maravilhadas com as sessões de trabalho, com as visitas às ex-plorações de mármore, de extracção e trans-formação e ficaram muito bem impressiona-dos com o nosso potencial e também com a

conservação do património. Tudo isto serviu para enriquecer a comunidade científica e a investigação dos vários países participantes. Tivemos a entrega do Compasso Volante que é um prémio atribuído a estudantes de Milão e também de Palermo que escolheram Vila Viçosa para vir fazer um trabalho sobre a recuperação da pedreira da Gradinha. Já cá tinham estado em Maio a desenvolver tra-balho de campo. Foram apresentados onze estudos e esse foi o premiado. Tivemos tam-bém o Carré Bleu que é uma revista reco-nhecida na área da pedra e da arquitectura que veio fazer durante 3 dias o levantamento e a súmula dos trabalhos que vão dar origem a uma edição especial sobre a bienal de Vila Viçosa. Tivemos ainda vários work shops so-bre a extracção, transformação, ambiente e património de Vila Viçosa, o que penso que enriqueceu muito as pessoas que cá estive-ram: uns, potenciais arquitectos e designers, outros já a exercerem a profissão e que pe-diram amostras de mármore. Sabemos que uma das maneiras de melhorar a comerciali-zação é influenciar os decisores. Pois neste caso estamos a falar de 200 pessoas que regressaram aos seus países e vão falar so-bre o mármore português. Um dos objectivos da bienal que era influenciar decisores acho que foi conseguido com sucesso.

Esta parceria entre a Câmara e a Universida-de de Arquitectura de Lisboa e algum apoio da Assimagra possibilitou a realização de um evento do qual a população de Vila Vi-çosa pode orgulhar-se. Houve apenas uma outra questão que falhou que foi a adesão dos industriais. Senti realmente que houve uma falta de adesão dos industriais e já me penalizei a mim próprio na sessão de encer-ramento porque não terei sabido passar a mensagem.

A Pedra: Então quando fala em défice de divulgação não se está a referir apenas à divulgação do evento junto dos media?

Junto dos media e junto das universidades eu mandei travar a divulgação. Não tivemos portanto a participação de alunos portugue-ses. Relativamente aos industriais o erro foi meu porque eu próprio escrevi à maior par-te dos industriais a dizer o que ia fazer-se mas penso que eles entenderam que seria uma bienal mais virada para a arquitectura e para os estudantes e não para eles. Houve uma má interpretação. Por isso penalizo-me a mim próprio.

A Pedra: Daqui a dois anos vai então en-volvê-los mais na organização da bienal?

Antes. A muito curto prazo vou organizar uma sessão de trabalho com os industriais para falarmos sobre a bienal, ver o que não correu tão bem e mostrar que a intenção da

Câmara não é substituir nem ensinar nin-guém mas antes criar sinergias. Enquanto andarmos a falar sozinhos e de costas uns para os outros não vamos conseguir resolver os problemas.

A Pedra: Como avalia a sensibilidade dos empresários para a necessidade de rege-neração das pedreiras?

Sou engenheiro civil, e nunca tive nada a ver com pedreiras, mas durante um ano e meio da minha vida fui funcionário público na de-legação regional do ministério da indústria em Évora. Foi na altura em que saiu a legis-lação que obrigava os donos das pedreiras a fazerem um estudo para demonstrarem como poderia ser feita a reabilitação. Achei que aquilo era anacrónico. Admito que uma pedreira em Momentoso-Novo possa ter um estudo de reabilitação paisagística, mas nunca numa área como Vila Viçosa. As pe-dreiras estão coladas umas à outras. Mais tarde é que veio o PROZOM e reconheceu--se que tinha que ser um estudo global e não individual.

Penso que os empresários não têm muita sensibilidade para a reabilitação paisagística e que tudo o que fazem é porque são obri-gados. Mas penso também que isso é uma matéria que deveria ter começado a tratar--se há mais tempo, quando ainda não está-vamos tão mal em termos económico-finan-ceiros. Agora, pedir aos empresários ainda mais este esforço, é muito complicado. Nas-ceu uma empresa que é a EDC Mármores (Empresa Gestora das Áreas de Deposição Comum dos Mármores S.A.) no âmbito do Prozom (plano regional de ordenamento da zona dos mármores) que reúne vários muni-cípios mas as coisas continuam sem funcio-nar. A área de deposição comum de Borba está completamente pronta para fazer o tra-tamento das escombreiras mas o facto é que continua vazia, sem funcionar. E não me es-tou a colocar de fora pois a Câmara de Vila Viçosa é uma das intervenientes. Mas não vejo, nos próximos tempos, possibilidade de os empresários ou instituições resolverem esta situação. Penso que é preciso trabalhar nesse sentido, mas no contexto económico e social que atravessamos há outras priori-dades.

A Pedra: Falemos de responsabilidade social. Os empresários do sector cola-boram em pequenas obras públicas da autarquia cedendo por exemplo pedra? Colaboram de alguma forma no desenvol-vimento da região onde estão instaladas as suas empresas?

Os empresários do mármore sempre tive-ram uma relação muito fluente e de partici-pação, ao longo dos anos, na cedência de

Entrevista

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equipamentos, de pedra, de desperdícios. Não só à autarquia mas a nível mais geral. O empresário do mármore é preocupado com a sua participação social. Tem contribuído muito monetariamente e em géneros para as instituições de solidariedade social em Vila Viçosa. Há também uma participação muito activa dos empresários em colectividades, grupos desportivos. Na generalidade a cons-ciência social está muito enraizada neles. Até porque sabem o que é trabalhar e dão muito valor ao trabalho.

A Pedra: Acha que o Estado deveria inter-vir mais na definição de uma estratégia de promoção do sector, no mercado interno e no mercado internacional?

Eu nunca fui muito apologista da ideia de que o Estado resolve tudo. Mas tem que re-solver aquilo que é para resolver.

A Pedra: A questão das taxas por exem-plo…negociar com alguns países, como o Brasil, taxas mais baixas que não pena-

lizem tanto a importação de pedra trans-formada portuguesa…

O Estado tem de saber defender a pedra. Não se compreende como é que dois paí-ses como Portugal e o Brasil que dizem ser irmãos e que são tudo maravilhas quando os chefes de Estado se encontram não che-guem a um acordo mais favorável. Na pedra penso que tem havido um défice muito gran-de, neste caso do ministério da economia, ao longo dos anos. Eu acho que o Estado até tem intervindo mais em áreas onde, na mi-nha opinião, devia imiscuir-se menos. Neste sector há claramente um défice de interven-ção e de acutilância. O Estado devia intervir não numa atitude paternalista mas zelador de uma actividade económica que é muito importante para o país. A contribuição da pe-dra para o PIB (produto interno bruto) é rele-vante. E no mercado interno devíamos usar, também, materiais menos utilizados para exportação. Os mármores com veios, por exemplo. Se esses veios forem bem conju-gados resulta um trabalho esteticamente bo-

nito. Aí está uma área onde os arquitectos e designers podem trazer uma mais-valia. Não vale a pena pedirmos a um industrial peque-no que faça trabalhos desse tipo. As grandes empresas da região fazem-no mas as mais pequenas não têm condições. Nós propomo--nos ajudar essas empresas mais pequenas de modo a que os investigadores, designers, arquitectos lhes possam mostrar que não é só o mármore branco que tem valor. Há um hotel em Vila Viçosa que está para ser inaugurado, que tem aplicações de mármore em vários salões e casas de banho. Todas as casas de banho são diferentes. E não há nenhuma casa de banho com mármore bran-co! É tudo mármore com veios. Se víssemos uma peça rejeitávamos, mas composta, com os veios bem casados, este hotel é uma ex-celente montra das diversas possibilidades de aplicação do mármore.

O departamento de geologia da universida-de de Évora tem tido um papel excepcional, principalmente através do professor Ruben e do professor Luís Lopes, na promoção do diálogo entre os investigadores e os empre-sários. Estes dois professores têm feito um trabalho notável para contrariar a tendência de que não precisamos uns dos outros. São um bom exemplo de sinergias. Ninguém quer substituir ninguém. Mas temos que tra-balhar todos unidos, em benefício do sector, para ultrapassar este momento difícil.

A Pedra: Que adjectivos é que usaria para promover a pedra natural em detrimento de outros materiais que pretendem imitar a pedra e que em consequência de um bom marketing conseguem vender mais? O que é que o atrai mais na pedra natural?

A nobreza. Utilizaria a palavra nobre para descrever o mármore de Vila Viçosa e, ob-viamente, toda a região.■

Entrevista

Pedreira de Mármore

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As dificuldades de Gestão na Indústria

da Pedra

Taiichi Ohno, considerado um dos principais responsáveis pela criação do mítico Sistema de Produção da Toyota, afirmava frequente-mente “Se fizermos sempre o que sempre fizemos, vamos obter, na melhor das hipó-teses, os resultados que sempre obtivemos”. Em tempos como os actuais, pensar que va-mos obter o que sempre obtivemos é no mí-nimo optimista. Cabe à gestão, o cérebro da empresa, definir a sua estratégia, com base numa análise das suas capacidades e com-petências e dos mercados onde quer actuar

(número de clientes potenciais, quais destes o são realmente, quantidade e agressividade da concorrência, etc.). Após esta análise as soluções possíveis são variadas: concentra-ção num nicho de mercado específico, busca de outros segmentos de mercado (implica al-terações produtivas), internacionalização em busca de mercados financeiramente mais sólidos (implica um estudo profundo destes mercados e porventura descentralização das unidades produtivas), etc.. A verdade é que muitas vezes é necessário realizar um con-

junto de alterações no seio das empresas, às quais elas não estão habituadas. É, assim, imperativo, nos tempos que correm, que as empresas sejam ágeis para que possam mu-dar de direcção com relativa facilidade e com o mínimo de perda possível. Estas são tare-fas tipicamente demasiado pesadas para um único elemento, não é humanamente possí-vel dar resposta a todas as solicitações que se impõem actualmente sem a constituição de uma equipa de trabalho, seja esta através de elementos internos da empresa, ou atra-vés de parcerias confiáveis.

Os Sistemas de Gestão da Qualidade, fre-quentemente culminados na certificação da empresa, podem contribuir para a eficaz e eficiente gestão desta equipa, conferindo or-ganização e definindo mecanismos de pro-tecção para a empresa. O desdobramento da estratégia, ou seja, a rápida assimilação das ideias da gestão por parte de cada elemento da empresa é fundamental, e muito facilitada quando estes mecanismos estão implemen-tados. O Sistema de Gestão da Qualidade não será certamente a resposta para todos os problemas das empresas, pode-se mes-mo afirmar que, se for incorrectamente im-

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O já referido Taiichi Ohno é também conhecido como uma da mais brilhantes mentes na aplicação do “Lean Thinking”. O LEAN, quando bem pensado, traduz-se no conjunto de ferramentas e metodologias para eliminação de desperdícios e adição de valor, sempre do ponto de vista do cliente. Estas, conferem à empresa a agilidade necessária para reagir quando tal é necessário. O LEAN pretende que as empresas estejam preparadas para entregar ao cliente: o que ele quer, quando ele quer, na quantidade solicitada, na sequência adequada e ao mais baixo custo de produção possível.As empresas ligadas à indústria da pedra natural têm habitualmente uma longa cadeia de valor, que vai desde a prospecção e extracção até à aplicação em obra do produto de pedra natural, passando pela transformação, preparação, projecto, etc.. Todas estas etapas podem ser analisadas do ponto de vista da identi�cação de desperdícios (LEAN) através de ferramentas como o Value Stream Mapping (ou Mapeamento da Cadeia de Valor).

Fig. 1 – Exemplo de mapeamento de cadeia de valor (VSM) com os desperdícios identi�cados ( presente vs futuro)

Cliente

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Cliente

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gESTÃo

por: Sérgio Pinto, Engenheiro

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Pub

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gestão

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O já referido Taiichi Ohno é também conhecido como uma da mais brilhantes mentes na aplicação do “Lean Thinking”. O LEAN, quando bem pensado, traduz-se no conjunto de ferramentas e metodologias para eliminação de desperdícios e adição de valor, sempre do ponto de vista do cliente. Estas, conferem à empresa a agilidade necessária para reagir quando tal é necessário. O LEAN pretende que as empresas estejam preparadas para entregar ao cliente: o que ele quer, quando ele quer, na quantidade solicitada, na sequência adequada e ao mais baixo custo de produção possível.As empresas ligadas à indústria da pedra natural têm habitualmente uma longa cadeia de valor, que vai desde a prospecção e extracção até à aplicação em obra do produto de pedra natural, passando pela transformação, preparação, projecto, etc.. Todas estas etapas podem ser analisadas do ponto de vista da identi�cação de desperdícios (LEAN) através de ferramentas como o Value Stream Mapping (ou Mapeamento da Cadeia de Valor).

Fig. 1 – Exemplo de mapeamento de cadeia de valor (VSM) com os desperdícios identi�cados ( presente vs futuro)

Cliente

2200

Cliente

STOCK

plementado, será entendido com uma fonte de custos sem qualquer valor acrescentado. Mas a verdade é que um SGQ não é mais do que o cumprimento de um conjunto de boas práticas de gestão que, se adaptadas à realidade de cada empresa, podem ser uma poderosa ferramenta para ultrapassar pro-blemas e ganhar eficiência.

O já referido Taiichi Ohno é também conheci-do como uma da mais brilhantes mentes na aplicação do “Lean Thinking”. O LEAN, quan-do bem pensado, traduz-se em ferramentas e metodologias de eliminação de desperdí-cios e adição de valor, sempre do ponto de vista do cliente, que conferem à empresa a agilidade necessária para reagir quando tal é necessário. Pretende que as empresas es-tejam preparadas para entregar ao cliente o que ele quer, quando ele quer, na quantida-de solicitada, na sequência adequada e ao mais baixo custo de produção possível.

As empresas ligadas à indústria da pedra natural têm habitualmente uma longa ca-deia de valor, que vai desde a prospecção e extracção até à aplicação de pedra natural, passando pela transformação, preparação, projecto, etc.. Todas estas etapas podem ser analisadas do ponto de vista da identificação de desperdícios (LEAN) através de ferra-mentas como o Value Stream Mapping (ou Mapeamento da Cadeia de Valor). Através

da análise dos resultados desta ferramenta, é possível identificar os pontos críticos que podem ser melhorados. Esta ferramenta pode ser aplicada a vários níveis: entre em-presas (contando com fornecedores e clien-tes), à totalidade da empresa, a um processo específico ou mesmo a um sub-processo. É frequente fazerem-se todas estas aborda-gens, começando no nível mais alto para de-tectar os desperdícios “macro” e trabalhando até ao mais específico.

A figura seguinte ilustra um exemplo dos re-sultados de um mapeamento da cadeia de valor, onde é possível identificar os diferen-tes indicadores medidos em cada fase do processo produtivo, utilizados para identifi-car os desperdícios.

Após identificação dos pontos críticos a me-lhorar, torna-se necessário implementar as acções de melhoria necessárias, recorrendo a projectos “Kaizen” (do japonês “Kai”, que significa mudar e “Zen”, que significa para melhor).

Do ponto de vista da ajuda externa, uma grande vantagem destes projectos é que é possível trabalhar com “taxa de sucesso”, ou seja, através de um indicador pré-definido pode ser definida a meta a partir da qual a empresa consultora é paga.

É um facto bem conhecido que as épocas de crise servem para separar as empresas ganhadoras das restantes, e que uma per-centagem considerável delas não consegui-rá manter a porta aberta. Para evitar o erro de não fazer nada para mudar (que, em tem-pos mais ríspidos, não traz os resultados de sempre, mas bastante inferiores), as empre-sas devem adquirir as vantagens competiti-vas necessárias para se manterem susten-táveis. A implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001 (que pode ou não culminar na certificação da empresa, o importante é realmente implementar as boas práticas de gestão) garante organização, es-tabilidade operacional e mecanismos de me-lhoria às empresas. Por sua vez, o Lean Ma-nagement foca-se no aumento da eficiência e na garantia perante o cliente, assegurando a sua satisfação e a redução de custos ope-racionais. É verdade que nenhuma destas ferramentas garante de imediato mais clien-tes ou mais facturação directa, mas contribui positivamente para a boa imagem da empre-sa perante o cliente e para a capacidade de aumentar as margens de venda da empresa.

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Através da análise dos resultados desta ferramenta, é possível identi�car os pontos críticos que podem ser melhorados e assim de�nir as prioridades das acções a desenvolver. Esta ferramenta pode ser aplicada a vários níveis: entre empresas (onde se incluem os fornecedores e clientes), à totalidade da empresa, a um processo especí�co ou mesmo a um sub-processo. É frequente fazerem-se todas estas abordagens, começando no nível mais alto para detectar os desperdícios “macro” e trabalhando posteriormente até ao mais especí�co.A �gura 1 ilustra um exemplo dos resultados de um mapeamento da cadeia de valor, onde é possível identi�car os diferentes indica-dores medidos em cada fase do processo produtivo, utilizados para identi�car os desperdícios.

Após identi�cação dos pontos críticos a melhorar, torna-se necessário implementar as acções de melhoria necessárias, recorrendo a projectos ususalmente denominados por “Kaizen” (do japonês “Kai”, que signi�ca mudar e “Zen”, que signi�ca para melhor).

Uma grande vantagem destes projectos é que é possível trabalhar com “taxa de sucesso”, ou seja, através de um indicador pré-de�nido pode ser de�nida a meta a partir da qual podem ser premiados grupos internos de trabalho ou pagas empresas consultoras que têm como �nalidade acelerar os processos de ganho �nanceiro.

É um facto bem conhecido que as épocas de crise servem para separar as empresas ganhadoras das restantes, e que uma percentagem considerável delas não conseguirá manter a sua “porta aberta”. Para evitar o erro de não fazer nada para mudar (que, nestes tempos mais ríspidos, não traz os resultados de sempre, mas bastante inferiores), as empresas devem adquirir as vantagens competitivas necessárias para se manterem sustentáveis. A implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001 (que pode ou não culminar na certi�cação da empresa, o importante é realmente implementar as boas práticas de gestão) garante organização, estabilidade operacional e mecanismos de melhoria às empresas. Por sua vez, o Lean Management foca-se no aumento da e�ciência e na garantia perante o cliente, assegurando a sua satisfação e a redução de custos operacionais. É verdade que nenhuma destas ferramentas garante no imediato mais clientes ou mais facturação directa, mas contribui positivamente para a boa imagem da empresa perante o cliente e para a capacidade de aumentar as margens de venda da empresa ou, simplesmente, manter �el cada um dos seus clientes

Estudos internacionais indicam que o Lean Management permite obter:

- Redução de custos entre 25% e 55%;

- Redução de defeitos e de stocks até 90%;

- Redução das áreas de trabalho entre 40% e 75%;

- Redução do tempo total de execução até 70%

- Aumento de resultados superior a 30%;

- Aumento da satisfação dos clientes;

- Aumento da capacidade de resposta da empresa;

- Aumento do envolvimento, motivação e participação

dos colaboradores nos processos.

Fig. 2 – Exemplo de trabalho standard para minimizar erros/defeitos.

gestão

Estudos internacionais indicam que o Lean Management permite:

► Redução de custos entre 25% e 55%;

► Redução de defeitos e de stocks até 90%;

► Redução das áreas de trabalho entre 40% e 75%;

► Redução do tempo total de execução até 70%

► Aumento de resultados superior a 30%;

► Aumento da satisfação dos clientes;

► Aumento da capacidade de resposta da empresa;

► Aumento do envolvimento, motivação e participação dos colaboradores nos pro-cessos.

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SESSãO DE APRESENTAçâO DOS PROJECTOS INTEGRADOS NAS

ÁREAS SuJEITAS A EXPlORAçãO EXTRACTIVA DO PARQuE

NATuRAl DAS SERRAS DE AIRE E CANDEEIROS

Decorreu no passado dia 12 de Dezembro de 2011, no Auditório da Caixa Agrícola de Porto de Mós, uma sessão de apresentação e lançamento dos Projectos Integrados de 5 Áreas de Intervenção Específicas – Areas Sujeitas a Exploração Extractiva (AIE) defi-nidas no Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), designadamente: AIE de Cabeça Veada, Portela das Salgueiras, Codaçal, Moleanos e Planalto de Stº António.

Estiveram presentes na referida sessão os representantes de 103 pedreiras situadas no interior do Parque Natural, os organismos promotores do projecto, ASSIMAGRA, Direc-

ção Geral de Energia e Geologia (DGEG), Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB,IP) e Associação VA-LORPEDRA, e as entidades intervenientes no planeamento/licenciamento das explo-rações de massas minerais no PNSAC, os Municípios de Alcobaça, Porto de Mós, Rio Maior, Santarém, as Juntas de Fregue-sia de Alqueidão da Serra, Juncal, Arrimal, S.ªº João Batista, o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e as Direcções Regionais do Ministério da Economia.

Esta sessão, orientada pela DGEG, ICNB e ASSIMAGRA, e enquadrada no projec-to “Sustentabilidade Ambiental da Indústria

Extractiva no Maciço Calcário Estremenho” no âmbito da Estratégia de Eficiência Colec-tiva do Cluster da Pedra Natural, teve por ob-jectivo o lançamento dos Projectos Integra-dos, em conformidade com o artigo 35º do Decreto-Lei n.º270/2001, de 6 de Outubro, alterado pelo decreto-Lei n.º340/2007, de 12 de Outubro, no sentido de que as unidades industriais extractivas de produção inde-pendentes das AIE mencionadas, possam convergir nas acções de planeamento da exploração e de integração da recuperação paisagística, durante e no final da explora-ção.

Para além dos projectos integrados, as áre-as do PNSAC classificadas como AIE - Áre-as Sujeitas a Exploração Extractiva, serão igualmente sujeitas a Planos Municipais de Ordenamento do Território, visando o esta-belecimento de medidas de compatibiliza-ção entre a gestão racional da extracção de massas minerais, a recuperação das áreas degradadas e a conservação do património natural existente tendo em conta os valores e a sensibilidade paisagística e ambiental da área envolvente.■

ATIvIDADES

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Global Stone Congress

O Grande Evento da Pedra Natural em

Portugal

Portugal é o organizador e o país anfitrião da 4ª edição do Global Stone Congress, que se realiza este ano em Julho, no Alentejo. Esta oportunidade surgiu na sequência de uma comunicação portuguesa sobre o Cluster da Pedra Natural, apresentada durante a última

edição deste evento, que teve lugar em Ali-cante, Espanha. A comunicação suscitou a atenção dos participantes que manifestaram interesse em conhecer melhor esta organi-zação estratégica do sector.

A associação Valorpedra foi criada especifi-camente para a promoção e dinamização do Cluster da Pedra Natural e para a gestão do seu programa de acção pelo que assumiu, naturalmente, desde o primeiro momento, a promoção e a organização do Global Stone Congress 2012.

O evento consiste num encontro mundial que se realiza há 6 anos entre actores e es-pecialistas do sector da pedra natural. De-correu pela primeira vez em 2005, em Gua-rapari, por iniciativa e organização do Brasil. O segundo congresso teve lugar em Carrara, Itália (2008) e a 3ª edição em Alicante, Es-panha (2010), vindo agora Portugal juntar-se a estes destacados países produtores e ex-portadores de pedra natural na organização de um evento que já ganhou prestígio inter-nacional. As duas primeiras edições foram mais direccionadas para as Rochas Orna-mentais e os congressos denominaram-se “International Dimension Stone”. Actualmen-te o âmbito deste evento é mais abrangente e passou a adoptar a denominação Global Stone Congress.

O sucesso deste encontro advém do facto de ser a única iniciativa, de âmbito interna-cional, que consegue juntar instituições e empresas de diversas áreas e de diferentes países, em torno de discussões científicas e tecnológicas relacionadas com o sector da pedra natural. Com uma presença média de 200 participantes e cerca de 40 congressis-tas, tem contribuído significativamente para a disseminação do que melhor se faz no do-mínio da pedra natural.

O Cluster da Pedra Natural foi reconhecido publicamente em Portugal em 2008 e encon-

FEIRAS E CongRESSoS

Depósito de Mármore A Organização

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tra-se actualmente a desenvolver uma es-tratégia de internacionalização, sustentabili-dade e competitividade do sector pelo que à data do Congresso, que se realiza entre 16 e 20 de Julho, já haverá resultados do plano de acção que vão poder ser apresentados publi-camente perante uma plateia internacional. O evento surge, assim, como uma oportuni-dade única de projectar mundialmente a ima-gem da pedra natural portuguesa associada a características diferenciadores de grande qualidade e de forte capacidade produtiva e tecnológica e também as potencialidades do Cluster.

À semelhança das edições anteriores o con-gresso assume-se como um palco privilegia-do para a criação de sinergias que contribu-am para o avanço tecnológico e cientifico do sector mas a organização considera que esta edição apresenta características diferencia-doras, assentes num programa itinerante e numa forte aposta no turismo industrial e de negócios. Este conceito inovador foi delinea-

do em equipa, por várias entidades – Valor-pedra, Cevalor, IST (Instituto Superior Téc-nico), Universidade de Évora e Universidade Nova – e consiste basicamente em fazer do Global Stone Congress 2012 um evento iti-nerante. Quer isto dizer que não vai esgotar--se nem reduzir-se a salas de conferências, antes terá sessões em pelo menos 3 locais diferentes – Estremoz, Borba e Vila Viçosa e será assegurada a promoção nacional do Cluster da Pedra Natural.

As localidades já definidas (sem prejuízo de outras), além de serem uma mostra repre-sentativa do sector da pedra natural, consti-tuem uma região com forte oferta turística e cultural. O carácter diferenciador da iniciativa caracteriza-se, assim, pela promoção inte-grada e complementar de dois sectores que podem criar verdadeiras sinergias entre si, na região Alentejo: pedra natural e turismo.

Este conceito do congresso permite, ainda, o alargamento do público-alvo a empresá-

rios nacionais e importadores internacionais, ao integrar em todas as acções paralelas e complementares visitas a pedreiras, trans-formadoras e empresas de equipamentos, a nível nacional.

A decisão do local do Congresso reuniu una-nimidade de todas as entidades envolvidas na organização que apresentam como me-tas a realização de um evento com uma forte promoção sectorial que se distinga pela qua-lidade dos congressistas, pela adesão dos participantes, pela diferenciação do progra-ma e da organização de modo a constituir-se como uma referência para futuros eventos internacionais.

As comunicações do Congresso serão publi-cadas na Revista Cientifica “Key Engineering Materials”, uma revista suíça mundialmente reconhecida nos meios científicos. A revista portuguesa “Rochas e Equipamentos” é me-dia partner do evento..■

Vista aérea de Borba

Feiras e Congressos

Page 26: A Pedra N.9

26

2012

JANEIRO

► SwISSbAu 17-21 JANEIROSuiça - BaSel

► StONE ExpO | bElgIum 21-23 JANEIROBélgica - liege

► SuRfAcES ExpO24-26 JANEIROe.u.a. - OrlandO

► StONEExpO24-26 JANEIROe.u.a. - nOva YOrk

► budmA24-27 JANEIROPOlónia - WrOclaW

fEVEREIRO

► StONA INtERNAtIONAl gRANItE & StONE fAIR

1-4 FEVEREIRO Índia - BangalOre

► VItóRIA StONE fAIR7-10 FEVEREIROBraSil - vitOria | eSPiritO SantO

► mARmOl 7-10 FEVEREIRO valÊncia - eSPanHa

► cEVISAmA 7-10 FEVEREIRO valÊncia - eSPanHa

► cONcREtA 15-19 FEVEREIRO POrtugal - POrtO

► uzbuIld 28 FEVEREIRO a 2 MARçO uzBequiStãO - taSHkent

► KyIVbuIld tEchNOStONE

29 FEVEREIRO a 2 MARçO ucrânia - kiev

mARÇO

► REVEStIR 6-9 MARçO BraSil - SãO PaulO

► chINA xIAmEN StONE fAIR

6-9 MARçO cHina - Xiamen

► ARchItEctuRE + cONStRuctION mAtERIAlS

6-9 MARçO JaPãO - tóquiO

► mARblE 21-24 MARçO turquia - izmir

► StONEtEch 25-28 MARçO cHina - Xangai

► dOmOtEx ASIA chINAflOOR

27-29 MARçO cHina - Xangai

AbRIl

► cOVERINgS 17-20 ABRILe.u.a. - OrlandO

► INtERKAmIEN 20-22 ABRILPOlónia - kielce

► KItchEN & bAth INduStRy ShOw

24-26 ABRILe.u.a. - laS vegaS, nevada

mAIO

► pIEdRA 8-11 MAIO eSPanHa - madrid

► tEKtóNIcA8-12 MAIO POrtugal - liSBOa

► cARRARA mARmOtEc23-26 MAIO itália - carrara

► StONE ExpO24-27 MAIO ucrânia - OdeSSa

► ExpO mAdAgAScAR31 MAIO a 3 JuNhO madagaScar - antananarivO

JuNhO

► pROJEct lEbANON 5-8 JuNhOlÍBanO - Beirute

► INtERbuIld Egypt 21-25 JuNhOegitO - cairO

► dESIgN buIld 27-29 JuNhO auStrália - melBOurne

► EuROpEAN StONE fEStIVAl

29 JuNhO - 1 JuLhOnOruega - trOndHeim

JulhO

► KAzbuIld4-7 JuLhOcazaquiStãO - almatY

► QINdAO StONE ExhIbItION16-19 JuLhOcHina - qingdaO

► glObAl StONE cONgRESS 2012

16-20 JuLhOBOrBa - POrtugal

AgOStO

► cAchOEIRO StONE fAIR28-31 AGOSTOBraSil - cacHOeirO de itaPemirim

SEtEmbRO

► mARmImStONE16-19 SETEMBROgrécia - tHeSSalOniki

► REbuIld IRAQ16-19 SETEMBROiraque - erBil

► pROJEct IRAQ17-20 SETEMBROiraque - Bagdade

► mARmOmAcc26-29 SETEMBROitália - verOna

OutubRO

► fINNbuIld9-12 OuTuBROFinlândia - turku

► NAtuRAl StONE27-30 OuTuBROturquia - iStamBul

► bIENAl dA pEdRA12-14 OuTuBROPOrtugal - alPendOrada, marcO de canaveSeS

► xI JORNAdAS técNIcAS ANIEt

(Data e local a definir)Portugal

NOVEmbRO

► KAmIEN10-12 NOVEMBROPOlónia - POznan

► JApAN hOmE + buIldINg ShOw

14-16 NOVEMBROJaPãO - tóquiO

► bIg fIVE ShOw19-22 NOVEMBROe.a.u. - duBai

► mINERAlIS23-25 NOVEMBROalemanHa - Berlim

► bAumA chINA27-30 NOVEMBROcHina - SHangHai

dEzEmbRO

► SAudI buIld3-6 DEZEMBROaráBia Saudita - rYHad

► SAudI StONE3-6 DEZEMBROaráBia Saudita - rYHad

Agenda

SECRETARIADO TÉCNICO/ TECHNICAL SECRETARIATEstrada Nacional nº 4 Km 158 | 7151-912 Borba, PORTUGAL

T. +351 268 891 510 | F. +351 268 891 529

[email protected] | www.globalstone2012.com

associação | cluster da pedra natural

2012GLOBALSTONECONGRESSPORTUGAL // ALENTEJO[BORBA]

16 TO 20JULY 2012

ESPERAMOSPOR SI!

Page 27: A Pedra N.9

SECRETARIADO TÉCNICO/ TECHNICAL SECRETARIATEstrada Nacional nº 4 Km 158 | 7151-912 Borba, PORTUGAL

T. +351 268 891 510 | F. +351 268 891 529

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associação | cluster da pedra natural

2012GLOBALSTONECONGRESSPORTUGAL // ALENTEJO[BORBA]

16 TO 20JULY 2012

ESPERAMOSPOR SI!

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