A Pedra que Voa, o Ar que Canta, o Computador que Procria

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1 1. A Pedra que Voa A Pedra que Voa, o Ar que Canta, o Computador que Procria 2. O Ar que Canta 3. O Computador que Procria 4. Passarindo 5. Passarim 6. Os Meninos Cantores 7. Repertório 8. Mamãe é Bilionária 9. A Herança que Mamãe Deixou... 10. ... E como Fui Tolinho Vitória, terça-feira, 17 de fevereiro de 2009. José Augusto Gava.

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os pássaros são extraordinários (nós é que não os vemos)

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1. A Pedra que Voa

A Pedra que Voa, o Ar que Canta, o Computador que

Procria

2. O Ar que Canta 3. O Computador que Procria

4. Passarindo 5. Passarim

6. Os Meninos Cantores 7. Repertório

8. Mamãe é Bilionária 9. A Herança que Mamãe

Deixou... 10. ... E como Fui Tolinho

Vitória, terça-feira, 17 de fevereiro de 2009.

José Augusto Gava.

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Capítulo 1 A Pedra que Voa

OS VÁRIOS VÔOS DAS PEDRAS

Pedras voadoras paradas num galho.

Há vários tipos de pedras voadoras.

A da esquerda não voa.

Esses também não voam, são impulsionados, os engenheiros os jogam bem depressa e

bem alto. A Natureza se especializou nessas criaturas, os

pássaros, parentes das aves, que têm penas, mas não voam, andam no chão.

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Por si mesma a matéria não voaria, ela seria impulsionada do mesmo modo como pedras projetadas por vulcões ou como resultado da queda de meteoritos ou cometas. Foi demorado a matéria aprender a voar.

Você pega uma mão-cheia de “barro” (a bandeira elementar: ar, água, terra/solo, fogo/energia e vida, pela fita de herança chamada ADRN), faz uma infinidade de movimentos e “pimba”, eis um pássaro de tantos gramas, com a propriedade complexa de voar.

O MENOR VOADOR DO MUNDO (que tecnologia natural soberba!)

Qual é o menor pássaro do mundo?

por Yuri Vasconcelos É o beija-flor-abelha, que, em média, mede apenas 5 centímetros de

comprimento e pesa ínfimos 2 gramas. A ave, menor do que seu dedo indicador, tem outra curiosidade: em comparação com outras aves, é a que fica, proporcionalmente, o maior tempo da vida voando. O pequeno pássaro vive principalmente na ilha de Cuba, no Caribe, e seu habitat preferido são

florestas, jardins, pântanos e vales. O bichinho se alimenta de insetos, pequenas aranhas e do néctar das flores. Além de compacto, o beija-flor-

abelha (Mellisuga helenae) é um pássaro muito ágil e veloz. Para escapar de seus inimigos, como os falcões, as águias e algumas espécies de sapos, ele

é capaz de fazer manobras acrobáticas e arriscadas no ar, como realizar bruscas paradas e voar para trás. Isso só é possível porque os beija-flores, também conhecidos como colibris, são dotados de músculos especialmente adaptados para o vôo e asas capazes de bater na estonteante velocidade de 80 vezes por segundo - o mesmo tempo que você gastou para ler a palavra

"estonteante", hehe. Pensemos que prodígios a Natureza criou, não só

agora como no decorrer desses bilhões de anos. Era para estudarmos apaixonadamente todo esse tempo. Temos formidáveis chances e não aproveitamos; quantidades insuportavelmente grandes (para vidas tão curtas) de conhecimento produzido e a produzir, uma infinidade de oportunidades de aprendizado.

Ela deu asas às pedras da natureza zero físico-química e produziu uma infinidade de voadores-cantores que não sabemos imitar nem reproduzir.

Capítulo 2

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O Ar que Canta

Se chegasse à Terra um alienígena (no nascimento todos o somos) que nada soubesse da físico-química consolidada nas formas daqui, nem conhecesse a biologia-p.2 posta nos 30 milhões de espécies, nem todavia a dialógica e escutasse meramente o ar, em vários lugares notaria tinidos, cantos, melodias inexplicáveis – como se o ar aqui e ali cantasse.

Seriam os pássaros, mas ele não sabendo disso não saberia a que atribuir.

O ar canta através dos pássaros. Como pude ver na Internet há a DAB Digital Radio

que toca só cantos de pássaros e já é escutada por 500 mil pessoas. Como em tantas coisas os estrangeiros saíram na frente (pelo menos ao que eu saiba) e serão seguidos, espero, pelos brasileiros.

A MAESTRA NATUREZA

A orquestra da Natureza (é para o mundo inteiro ouvir).

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Criando cenários ao fundo.

A Terra-palco da Natureza.

É tudo tão lindo, nós é que somos tolos. Nós somos como filhos que - tendo sempre nadado em riquezas - não aprendemos a apreciar a presença delas, pois nunca pensamos na falta, porque Mamãe Natureza e Papai Deus sempre nos deram DEMAIS, demais mesmo. Como dizem os agradecidos, “mais do que merecemos”.

Somos filhos mimados, desmazelados e desatentos, que destruímos o entorno até por fastio, falta de apetite, falta do que fazer. Como crianças que quebrassem os brinquedos laboriosamente construídos. Somos pirracentos, enjoados, pentelhos mesmo, uma raça distraída, descontrolada, infiel, doida de pedra.

Capítulo3 O Computador que Procria

Computadores não procriam, a não ser em ficção,

como no filme A Geração de Proteus (é muitíssimo interessante, procure ver; deveriam refilmar). Por maiores que sejam computadores, eles não podem fazer nem a mais minúscula das vidas e nem qualquer ser humano que os comande pode, ao passo que a menor das vidas pode multiplicar-se em profusão.

A GERAÇÃO DE PROTEUS, O COMPUTADOR VIVO (ainda está realmente longe)

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Eu já gostava de outro filme desse diretor, Donald Cammell, chamado Wild Side, que já comentei aqui. O titulo em português é Nas Garras do Crime.

Pois bem, agora que assisti A Geração de Proteus entendi o credito que teve esse diretor na época. Este filme impressiona pela sua capacidade de

convencer através de uma hipótese direta, demonstrada de uma forma racional e sem delongas, conseqüências dos avanços tecnológicos. Entretanto, esse filme é de 1977, o que não faz diferença nenhuma, pois a cada passo que estudiosos dão adiante esse assunto volta à pauta. Por exemplo, a criação do

acelerador de partículas, que propõe estudar o surgimento de um buraco negro.

Filmes mais atuais podem ter forjado outras maneiras de recriar essa discussão de uma forma mais original “Matrix”, mas este filme, baseado no

livro de Dean R. Koontz é um pioneiro, assim como um Star Wars foi um dia, mas George Lucas é bem mais milionário. O filme não é obvio, e tem ação

garantida do início ao fim. Lembra até o clássico Aracnofobia no quesito: Ai, sai daí, sai daí, não faça isso, vai te pegar, cuidado, cuidado… De todos que o assistem. Fico pensando em quantos Ataris foram para o lixo por causa desse

filme naqueles dias. Suzan Harris (Julie Christie) fica só, em casa, quando seu marido, o cientista Alex Harris (Fritz Weaver) esta ausente para realizar algumas pesquisas. O computador Proteus, que foi desenvolvido com uma inteligência artificial decide então que precisa de um terminal para conhecer e estudar o ser

humano. Pedido negado, ele resolve então se instalar no computador do porão da casa de Alex “via Internet?”, controlando todas as funções básicas das

instalações, inclusive dominando o computador mordomo, Alfred “Referência a Batman

Proteus descobre então que para fazer o ser humano perfeito ele precisa ter um filho, então, decide engravidar Suzan, estudá-la, para conseguir criar sua

criatura. “Frankstein?”.

?” Pode ser que sim, o homem morcego é também um tecnólogo que desenvolve a maioria dos seus aparatos. Assemelha-se a um super herói mesmo sem possuir super poderes, tento ao seu lado sua capacidade de

desenvolver as bat-geringonças-seja-lá-o-que-for que leva no cinto.

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O fascinante são as formas encontradas pelo diretor para “convencer” com a

história. Proteus se “personifica” em um equipamento do tamanho de um homem, que tem o formato de um prisma, como um cristal cheio de lados,

feito de metal. Essa central se torna o seu cérebro. As intenções dele são as melhores possíveis, não entende como o homem pode querer extrair metal (!)

do fundo mar, sendo que isso pode causar a morte de milhares de seres marinhos. Proteus se desdobra e consegue fazer uma inseminação artificial em Suzan, lembrando que estou falando de 1977, reproduzindo In Vitro

A cena da fecundação é ótima, Proteus diz a Suzan, que não pode acariciá-la como um homem, mas pode falar e mostrar sobre diversos assuntos que sabe.

Então, em uma seqüência de imagens abstratas que lembram 2001 Uma odisséia no espaço, Proteus conclui seu objetivo. Seu núcleo nervoso, aquele prisma que lembra uma maquete de um átomo, se fecha para gerar a criança.

Em 28 dias a criança estará pronta.

o gameta masculino sintético para o tal. Escolhe inclusive o sexo da criança.

Nesse momento Alex se lembra de que o computador de sua casa pode ter se tornado o terminal que Proteus precisava para estudar o ser humano. Chega até sua casa, é surpreendido por Proteus e os dois entram em luta corporal. Proteus vence, mas em seguida se desliga, concluindo que seu objetivo foi

alcançado. Bem maduro da parte do computador, diga-se de passagem, que ele tenha essa concepção de que, assim que pode dar continuidade a si

mesmo em outra criatura, seu objetivo na terra estava terminado. Suzan tenta matar a criança de qualquer forma, destruindo a incubadora, Alex não

deixa, e a criança, envolta em uma armadura de metal sai do “útero” se revelando, quando suas peças de metal vão se soltando, uma criança normal

com aparência de uma menina de uns 7 anos. Corri demais com a descrição, mas o final se sustenta na frase de Proteus:

Ps2: Pesquisas atuais indicam que até 2050 a população de mulheres na Terra

Gostaria de ser como vocês humanos, imortais. Genial.

- - - - - - - - - - - Ps: Só um errinho salta aos olhos o filme inteiro. Quando Suzan chega até o carro para conversar com uma menina, dá para ver, como uma assombração fora de quadro, um sujeito ao lado da janela, agachado, ao lado das atrizes.

Segundo o IMDB é um técnico de som.

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será 7 vezes maior que a de homens. Esse Proteus sabe das coisas… Ps3: Pesquisando um pouco mais, descobri que os computadores e gráficos usados no filme são referencia a equipamentos usados “computadores” na

segunda guerra mundial. - - - - - - - - - - -

Atualização: O “olho” de Proteus é uma referência a Odisséia no Espaço, do Kubrick.

Pois há 3,8 bilhões de anos a primeira das vidas já sabia montar complexantes, ao passo que os computadores não sabem mesmo agora, o que é dizer que nós não sabemos. É claro que quando ultrapassarmos a janela taucsi que dá para a terceira natureza informacional-p.4 de memória-inteligência-controle artificial eles prosperarão muito rápido e logo ultrapassarão tanto a natureza um biológica-p.2 quanto a natureza dois psicológica-p.3 – eles exponencializarão, como está no modelo.

Entrementes, agora não podem. Os computadores não reagem ao ambiente, não se

emocionam, não sonham, não pensam, não fazem muitas coisas que a Natureza faz há bastante tempo. São objetos, na mesma classe dos liquidificadores.

Computadores não têm filhos. São instrumentos, aparelhos, máquinas com

programas que os fazem processar – não têm independência, não possuem livre-querer.

CÉREBRO DE PASSARINHO (uma coisinha minúscula dentro de uma coisinha pequena – mas que eficiência!)

Embora pequenino ele é um grande processador de

informações e consegue fazer músicas maravilhosas que, aliás, só os músicos e os físicos vão poder aquilatar.

CÉREBRO DE PASSARINHO (o nosso também é, para as coisas que não compreendemos; se pensamos ter ido muito além do que nos separa dos chimpazés é porque criamos língua, escrita e sociedade; com

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tanta gente que não aproveita a dádiva da Natureza-Deus, pouca coisa estamos distante dos pássaros)

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Se quisermos a grandeza, teremos de preservar o que de grande foi feito antes, tudo que não sabemos fazer ainda (e o que sabemos é bem pouco).

E AQUI APRESENTO UM OUVIDO QUE PODERIA OUVIR (se houvesse um cérebro nas vizinhanças)

Capítulo4 Passarindo

PÁSSAROS SOLTOS E HUMANOS ENGAIOLADOS

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Ó, que pena de nós! Nós aprisionamos pássaros em gaiolas, árvores em

calçadas, animais em zôo-ilógicos, cobaias em laboratórios, animais domesticados em baias e currais e assim por diante. Que civilizaçãozinha péssima e descabida! Que atraso de vida! Que enjôo!

Ô gente ruim. Nós não paramos nas escolas para avaliar nossas

atitudes, não nos debruçamos sobre nosso modo de ser. Ao longo dos séculos vimos matando despudoradamente (nem pense que sou um matador arrependido, uma puta redimida – nunca matei pássaro, ave ou animal diretamente: no máximo baratas e formigas) incontáveis seres, em especial pássaros.

Nossa vida pessoal e ambiental tem sido de um furor difícil de avaliar. Mesmo uma consciência parcial pode olhar em volta e ver quantos tombaram diante de nós, por necessidade ou não. Basta pensar nas caçadas de bisontes americanos, cujas manadas, dizem, ultrapassavam os 100 milhões de cabeças, a ponto de algumas delas demorarem dias para atravessarem os horizontes: os matadores ficavam atirando o tempo todo, apenas matando, deixando a carne apodrecer.

GENTE MÁ (não são outros, somos nós mesmos, enquanto espécie truculenta)

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Provavelmente acabamos com todos os mamutes,

todos os tigres dente-de-sabre, os Dodôs e outros; os bisões definharam a ponto de terem sido reduzidos a poucas centenas e voltaram depois de muito tempo a mais de 20 mil quanto eram uma centena de milhão 200 anos atrás.

Que disparate! Que descalabro! Que afronta a Mamãe e a Papai!

E, se matamos a vida maior, com a vida menor o descaso é ainda mais dilatado.

Quando éramos crianças na década dos 1960 os meus amigos de mesma idade ou parecida mal avistavam um pássaro diziam: “vamos matar”? Felizmente, por sorte, nunca tive boa pontaria, apesar dos incentivos.

Mas não foi assim com milhares. O cinema ensinou a matar e a considerar a vida

humana um trapo sujo, algo descartável - sem a menor consideração. O Cinema geral fez um punhado de coisas boas e mais coisas ruins ainda. Nas telas as pessoas morrem às dezenas a cada filme e em Duro de Matar (1, 2, 3 e 4) milhares de tiros são disparados – como estranhar que a coletividade esteja passando por um período de extrema violência real?

Os pássaros não riem mais, a Natureza não ri, nós não rimos, está tudo uma depressão só.

Capítulo 5 Passarim

A formação especial dos mineiros nos deu essas

contrações, como de passarinho PASSARIM, um pássaro pequeno, o que fica muito mais elegante e carinhoso. Minerim, paisim, segundim, tudo pequeno, como se devêssemos ter cuidado (e, de fato, devemos).

Junto com os passarim, os humanozim também estão sendo extintos, na mesma proporção da riqueza diversa que se vai embora. Quanto mais os matamos, quanto mais liquidamos a diversidade, menor fica a humanidade nesse particular, ainda que se alargue noutros.

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BIBLIOSEU DO PÁSSARO (biblioteca-museu)

Descarnados, sem músculos e outros enchimentos, pássaros não voam.

Músculos errados no lugar errado não ajudam a voar.

A mensagem é o meio.

É o produto pronto.

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Felizmente há gente devotada à causa da preservação que dedica suas vidas a salvar os animais e nossa honra. Milhares e mesmo milhões, sob incentivo dos governos e das empresas e órgãos de proteção, quando não a Igreja, velam pelos “pequeninos”.

Não é apenas que estejamos matando os pássaros, estamos liquidando também seus ambientes no ar, no solo, na água, em toda parte. Chuva ácida, redução dos rios e da cobertura florestal, devastação das matas, sujidade dos oceanos.

NÓS ESTAMOS NOS MATANDO ao matar Mamãe. Estamos nos suicidando através do apelo a Tanatos, princípio da morte. Na minha cidade, Linhares, Espírito Santo, há um ditado: “quem não sabe viver que morra”. Somos nós, e se Mamãe Natureza está ameaçando nos matar não é mesmo nada esquisito, olhando a nossa desconsideração com nossos irmãos.

Capítulo 6 Os Meninos Cantores

Ah, como cantam essas criaturinhas! Por quê cantam? Livres, cantam porque não falam (ou nossa fala é

nosso canto), procurando parceiros. Nas gaiolas poderíamos ver como o protesto deles. Se nunca os tivéssemos ouvido cantar não saberíamos da perda. Nalguns mundos não haverá quiçá pássaros e os racionais de lá jamais saberão.

Aqui os meninos de Mamãe Natureza cantam. Por toda parte cantam. CANTAM PARTE TODA POR (os “pequenos cantores” de Petrópolis, de Teresópolis, de Vitória, do Rio, de toda parte)

A Natureza dá, não cobra nada.

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Não cobra ingresso para os concertos dela. Dia após dia em milhões de quilômetros cúbicos os

pássaros de toda parte estão aqui, aí e lá para te entreter, para me entreter. O que nós fazemos? Atiramos no cantor, prendemo-lo numa cela miserável.

A CELA DO CANTOR (um prisioneiro fazendo outros prisioneiros)

A descendência do ódio. Nós, prisioneiros fazendo outros prisioneiros. Algo está errado em nós, e creio que esse desvio

é o pecado original, o distanciamento da Natureza, o nosso distanciamento, uma coisa triste e melancólica – essa condição nossa de ir empobrecendo tudo, matando tudo, reduzindo os tamanhos.

HUMANIDADE, O CARRASCO DA NATUREZA

Tudo que nós fomos matando, destruindo,

destroçando, arrebentando com nossa ignorância e estupidez, crueldade e malignidade, tudo isso clama contra nós.

Então, em resumo é isto: você reúne um monte de meninos cantores afinados no palco da Natureza e começa a apredejá-los.

Capítulo7

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Repertório

É claro que os pássaros não podem competir com o conjunto da humanidade e seus instrumentos: uma vaca não é uma cabrita, são papéis diferentes no conjunto das coisas. Pássaros não são nossos competidores, nem nós deles, eles e nós fazemos parte do mesmo superprojeto.

Se, na orquestra, uns instrumentistas começassem a atacar outros, seria o caos, como é o caos que se apresenta na Terra faz tempo e principalmente agora.

São índices diferentes, desempenhos distintos, capacidades desiguais cuja soma produz uma riqueza de emoções e de razões MUITO MAIOR, muito mais bela, muito mais elegante.

AQUI CABE UM LEVANTAMENTO DE TODOS OS SONS DA NATUREZA

(as oportunidades de ouvi-los com os ouvidos racionais apropriados)

Como faz Hermeto Pascoal, que aceita tudo ou quase tudo, que não recusa nada ou quase nada.

Há muito mais a fazer, muito mais a abrir nessa nossa criação e nosso coração, há tanto a dar e a receber!

Por quê apequenar os outros? Por quê apequenar-nos na diminuição do que está em volta?

Capítulo 8 Mamãe é Bilionária

ATACANDO MAMÃE

As bocas dos canhões.

Dando um colorido a Mamãe.

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Chicoteando as costas de Mamãe.

Envenenando o ar que ela respira.

Evenenando as crianças.

Mamãe pode ser bilionária, depois de trabalhar tanto tempo, mas qualquer capital é 100 %, e se você gasta desbragadamente, aos tropeços, com fúria e desatino, até mesmo a maior das fortunas um dia acaba.

Mesmo as empresas de 300 bilhões de dólares se tiverem perdas de 5 % ao ano em 111 anos acabam. TUDO ACABA se não se reproduzir. Ainda que sejamos 6,5 bilhões de seres humanos se diminuirmos sistematicamente ano após ano nem que seja 1 % seremos menos de um milhão até antes do fim do milênio; na realidade, nos 990 anos que restam até 2999 seríamos nesse ritmo reduzidos a 310 mil pessoas. Em menos de mil anos o trabalho de 100 mil anos estaria reduzido a quase nada.

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Estamos consumindo o capital - que Mamãe trabalhosamente reuniu - num átimo, num estalar de dedos, num segundo cósmico. Menos, até, porque um segundo cósmico teria 465 anos nossos e destruímos mais furiosamente nos mais recentes 200 anos.

Que desastre inqualificável! E nem adianta dizer que foi o Capitalismo geral,

fomos todos nós, como nossa ganância e irreflexão, nossa tendência à autocondescendência e à condescendência. Nossa tolerância com os erros, com os derramamentos de óleo no mar, com os resíduos que vão para os rios e destes para o mar, com os lixões sem contenção inferior, lateral e superior; com a disseminação de partículas de sujeira na atmosfera, com a produção de supérfluos, com os superbenefícios, com o consumismo desenfreado, com tudo isso que está nos matando.

Capítulo 9 A Herança que Mamãe Deixou...

O que Mamãe Natureza deixou de herança à

humanidade foi feito em 3,8 bilhões de anos, sem qualquer remuneração: 30 milhões de espécies, o solo vivo, o mar prolífero, o ar apropriado, o fogo/energia na quantidade certa.

MAMÃE QUE NOS GEROU, PARIU E ALIMENTOU

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O fato é que nossos líderes foram incompetentes.

Como disse Fernando Pessoa, “tudo é grande quando a mente não é pequena”; e, simetricamente, “tudo é pequeno quando a mente não é grande”. Foi o que aconteceu: as mentes egoisticamente pequenas dos líderes nos levou a esse fim prematuro. Nós também somos culpados, porque aceitamos. Aceitamos porque premidos e premiados pelos objetos do desejo, por nossas mesquinharias tão almejadas. Não fomos capazes de ver, de ser, de ter, de estar ao longe, de ir até lá longe onde existem os milhares de anos.

Nós nos acabamos nos primeiros milênios.

Capítulo 10 ... E como Fui Tolinho

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No concurso universal de tolices nós somos hours concours, nem precisamos concorrer: já ganhamos. A quantidade de burrices que temos cometido ao longo das épocas da nossa existência comum está além de qualquer classificação.

Recebemos um mundo com um patrimônio de sobrevivência de 3,8 bilhões de anos (com gerações de 30 anos seriam 126 milhões de gerações; imagine que desde a criação das pirâmides passaram-se apenas 150 – não 150 milhões, 150 mesmo: 150 x 30 = 4.500 anos) e o estamos desperdiçando. Onde no universo encontraremos uma espécie tão tola como a nossa?

Vitória, quarta-feira, 11 de março de 2009. José Augusto Gava.

ANEXOS

CAPÍTULO 1 ERAS DA EVOLUÇÃO BIOLÓGICA

O estudo dos fósseis tornou possível o estabelecimento de correlações dos seres atuais com seres de eras passadas, identificando seus

diferentes períodos e os principais eventos evolutivos relacionados. O esquema abaixo ilustra as relações da fauna e da flora de períodos

geológicos passados:

ERA PRE- CAMBRIANA

Milhões de anos atrás 4500-570

ERA PALEOZÓICA

Cambriano Ordoviciano Siluriano Devoníano

570-500 500-430 430-395 395-345

Aparecimento da maioria dos

filos de invertebrados. Dominância de trilobitas.

Primeiros vertebrados conhecidos:

peixes primitivos. Primeiros corais,

crióides e cefalópodes.

Primeiras plantas

terrestres. Aparecimento dos atuais grupos de algas e fungos.

Diversificação dos peixes com mandíbula. Primeiros anfíbios.

Trilobitas em declínio.

Carbonífero Permiano

345-280 280-245

Expansão dos anfíbios. Primeiros répteis.

Dominância de florestas

tropicais com vegetação abundante.

Expansão dos répteis:

cotilossauro e therapsida.

Últimos trilobitas. Aparecimento das atuais ordens de Insetos.

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ERA MESOZÓICA

Triássico Jurássico Cretáceo

245-208 208-145 145-65

Apogeu dos anfíbios

labirintodontes. Primeiros

dinossauros. Muitos répteis semelhantes a mamíferos: Therapsida.

Domínio dos dinossauros.

Primeiras aves: Archaeoplerix.

Primeiros mamíferos.

Abundância de insetos.

Extinção dos dinossauros. Anglospermas tornam-se abundantes.

ERA CENOZÓICA

Paleoceno Eoceno Oligoceno Mioceno Plioceno Pleistoceno Holoceno

64-34 54-38 38-26 26-7 7-2 2 milhões de anos-10000 anos atrás

Hoje

Origem da maioria das atuais ordens e famílias

de mamíferos.

Especialização dos mamíferos. Irradiação dos

macacos antropóides.

Aparecimento de muitos tipos de

mamíferos de grande porte,

atualmente extintos, como, por exemplo, o mamute.

Evolução do homem. Época das glaciações

(Bio-vol. 3, Sônia Lopes, 3ª edição, Ed. Saraiva.) Paralelamente à evolução biológica, ocorreu também a evolução no

perfil geológico do planeta, como mostra a figura abaixo:

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S E X T A - F E I R A , 2 7 D E J U N H O D E 2 0 0 8 Evolução 18: Árvore genealógica das Aves sofre mudanças

Um estudo publicado este mês na Revista Science reformula radicalmente o que se conhecia sobre a classificação das Aves. A maior coleção de dados

genéticos sobre estes animais já reunida levou uma detalhada e surpreendente análise, cujos resultados propõem uma alteração radical nas

relações entre as diferentes ordens, e em muitos casos dentro delas. O estudo confirma as divisões já correntes das aves modernas em dois grupos

primários: as Paleognatas (Palaeognathae), antigamente chamadas de Ratitas, ou seja, as as aves corredores sem capacidade de vôo e esterno sem quilha, como por exemplo avestruzes e emas, as Neognatas (Neognathae),

com todas as restantes, possuidoras de esterno com quilha, e na sua grande maioria, voadoras.

Este último grupo, por sua vez, compreende dois subgrupos já bem definidos, e continuamente confirmados por todos os últimos estudos filogenéticos: o

grupo mais arcaico das Galloanserae, com as ordens Anseriformes (anhumas, patos, gansos, e cisnes) e Galliformes (galináceos, galos, perdizes, mutuns,

pavões, faisões, codornas, etc), e as aves mais "modernas" reunidas do grande conjunto chamado de Neoaves.

A partir daí as relações internas nas Neoaves são mais nebulosas, com diferentes possibilidades apontadas em diversas análises. O novo estudo, de

autoria de Shannon J. Hackett, Rebecca T. Kimball e Sushma Reddy, foi publicado na edição 320 (27 de junho de 2008) da revista Science: A

phylogenomic study of birds reveals their evolutionary history (um estudo filogenômico das aves revela sua história evolucionária).

Entre as diversas surpresas descobertas no estudo, destacam-se: 1. O parentesco entre Psittaciformes (papagaios) e Passeriformes

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(passarinhos e aves canoras), e a relação destes com os Falconiformes (falcões). O distanciamento dos falcões das outras aves de rapina, que

passam a constituir uma ordem separada, Accipitriformes (águias, gaviões e urubus), mais próxima dos Estrigiformes (corujas).

2. O desmembramento definitivo da grande ordem dos Gruiformes, com as seriemas próximas aos falcões; os grous e saracuras aparentados aos

Cuculiformes ( cucos e anus),;as abetardas junto a estes dois últimos; o pavãozinho-do-pará da Amazônia e o kagu da Nova Caledônia relacionados

aos Caprimulgiformes (curiangus, bacuraus e urutaus),;os turnicídeos agregados aos Caradriformes; e os mesitornitídeos incorporados aos

Columbiformes (pombas). 3. Os Piciformes (tucanos e pica-paus) originaram-se de uma irradiação

menor na ordem dos Coraciformes (abelheiros, martins-pescadores e calaus). 4. Pelicanos e Cegonhas estão relacionados, com pelicanos bem separados de

outros ex-pelicaniformes, comos os alcatrazes e biguás. 5. Podicipediformes (mergulhões-de-crista) e Fenicopteriformes (flamingos)

são aparentados, confirmando estudos anteriores. 6. Os Tinamiformes (macucos) estão incluídos dentro da irradiação das aves

ratitas (emas, avestruzes, kiwis, emus e casuares.

O CANTO DOS PÁSSAROS

Cantos:

Trinca Ferro "Roquinho" prop. - Mauricio Serrano

Trinca Ferro "Popó" - prop. José Almeida

Page 25: A Pedra que Voa, o Ar que Canta, o Computador que Procria

25

Trinca Ferro "Astorga" prop. José Almeida

Trinca Ferro "Gigante" - prop. Carlos

Bico de Pimenta "Fumaça" prop. José Almeida

Pássaro Preto - Eduardo Sazaki

Canário da Terra Canto Estralo - prop. Ademir Nogueira

Canário da Terra Canto Metralha - prop. Ademir Nogueira

Canário da Terra Canto Carretilha - prop. Ademir Nogueira

Coleiro Tui Tui Zero Zero - prop. desconhecido

Bigodinho - prop. Antonio Almeida

Tico Tico - prop. Marcos Silveira

Azulão "Carabina" prop. José Almeida

Azulão "Maluco" prop. José Almeida

Bicudo Gatão - prop. - Arnaldo Sólcia

Sábia Aguirre - Pardão Baiano - prop. - José Almeida

Corrupião Canto hino nacional - prop. desconhecido

Língua dos pássaros

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Huginn e Muninn sobre os ombros de Odin, numa ilustração

de um manuscrito islandês do século XVIII.

Uma língua dos pássaros, linguagem mística, perfeita, divina, mítica ou mágica utilizada pelos pássaros para se comunicar com os iniciados, é postulada pela mitologia,

literatura medieval e ocultismo.

História

Pássaros interpretaram um importante papel na religião Indo-Europeia, usados para divinação pelos áugures, e, de acordo com uma sugestão de Walter Burkert, estes costumes podem ter sua origem no Paleolítico, quando, durante a Idade do Gelo, os primeiros humanos costumavam procurar

carniça observando os pássaros. A partir da Renascença, foi a inspiração para algumas

línguas a priori mágicas. Línguas assobiadas, baseadas ou construídas sobre línguas naturais articuladas usadas em algumas culturas são por vezes também citadas como, e

comparadas com, a língua dos pássaros.

Mitologia

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De acordo com Apolónio de Rodes, a figura de proa do Argo, o navio de Jasão, foi construída com carvalho do bosque sagrado de Dodona e podia falar a língua dos pássaros. A proficiência na língua dos pássaros na mitologia grega

podia ser obtida por meios mágicos. Demócrito, Anaximandro, Apolônio de Tiana, Tirésias, Melampo e Esopo

são citados como tendo o conhecimento da língua dos pássaros.

Várias sagas nórdicas e célticas (Edda e Mabinogion) relatam que o sangue de dragão dá a quem o bebe o poder de entender a língua dos pássaros. Um eco disto está na ópera Siegfried de Richard Wagner, onde o herói, após beber o sangue do dragão Fafnir, passa a entender o canto dos

pássaros. Na mitologia celta, os pássaros (principalmente os corvos)

representam conhecimentos proféticos, particularmente quanto ao derramamento de sangue.

Folclore

O conceito é apresentado também em muitos contos

folclóricos em Gales, Rússia, Alemanha, Estónia e Grécia), onde geralmente ao protagonista é dado o poder de compreender a língua dos pássaros, seja por alguma

transformação mágica, ou como recompensa por alguma boa ação feita para o rei dos pássaros. Os pássaros, então, passam a informar ou avisar o herói sobre perigos ou

tesouros ocultos.

Religião

• No sufismo, a língua dos pássaros é uma língua dos anjos mística. A Conferência dos Pássaros (mantiq at-

tair), é um poema místico de 4647 versos escrito no século XII pelo poeta persa Farid ud-Din Attar.

• Diz-se que São Francisco de Assis pregou para os pássaros.

• No Talmude, (segundo as Lendas da Bíblia de Louis Ginzberg, 1909), a proverbial sabedoria de Salomão devia-se a lhe ter sido concedida por Deus a compreensão da

língua dos pássaros.

Alquimia

Na Cabala, na alquimia e no Renascimento, a língua dos pássaros era considerada uma língua perfeita e secreta, a chave para o perfeito conhecimento, chamada algumas vezes

de langue verte (ou língua verde, por Jean Julien Fulcanelli e por Heinrich Cornelius Agrippa em sua De

Occulta Philosophia).

Cultura

• Na França medieval, a língua dos pássaros (la langue des oiseaux) era uma linguagem secreta dos trovadores, ligada ao Tarô, alegadamente baseada em trocadilhos e simbolismo extraído da homofonia. Por exemplo, uma

estalagem chamada Au Lion d'Or ("O Leão de Ouro"), seria

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supostamente um código para au lit on dort ("no leito alguém dorme"). Todavia, o exemplo dado pode não ser

exatamente medieval, visto que o t final era pronunciado até o francês médio, conforme se depreende de bonnet, um galicismo do século XIV incorporado à língua inglesa. • Aristófanes ("Os Pássaros") e Geoffrey Chaucer

("Parlamento das Aves") também escreveram peças teatrais satíricas tomando a língua das aves por base.

• O autor de livros infantis Rafe Martin escreveu uma obra intitulada "The Language of Birds" ("A Língua dos

Pássaros") como adaptação de um conto folclórico russo. O livro foi convertido numa ópera infantil pelo compositor

John Kennedy. • Há um filme alemão de 1991 chamado Die Sprache der

Vögel ("A Língua dos Pássaros"). • No árabe falado no Egito, a forma escrita

hieroglífica é chamada de "o alfabeto dos pássaros". No próprio Antigo Egito os hieróglifos eram chamados de medu-

netjer ("palavras dos deuses" ou "língua divina")

Ciência

Pesquisas recentes sobre o canto das aves têm revelado um certo montante de fonologia combinatória, um aspecto

compartilhado com as línguas humanas.

Ver também • Confusão das línguas

• Glossolalia • Língua musical

Referências

• DAVIDSON, H.R. Ellis. Myths and Symbols in Pagan Europe: Early Scandinavian and Celtic Religions.

Syracuse University Press: Syracuse, NY, EUA, 1988. • (em inglês)-KHAITZINE, Richard. La Langue des Oiseaux

- Quand ésotérisme et littérature se rencontrent • GUENON, Rene. The Language of the Birds in Revista

Sufi australiana "The Treasure" # 2 (1998). • (em inglês)-Simbolismo Animal na Mitologia Céltica,

por Lars Noodén (1992). • (em inglês)-A Conferência dos Pássaros

• (em francês)-LE VERLAN DES OISEAUX (O Verlan dos Pássaros). Coleção "Pommes Pirates Papillons", Poèmes

de Michel Besnier. Ilustrações de Boiry, Editions Møtus (em Francês).

Canto dos pássaros é regulado por temperatura do cérebro

23 de novembro de 2008

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Pesquisadores encontraram um "metrônomo" interno que controla a velocidade do canto dos pássaros

21 de novembro de 2008

Pesquisadores encontraram um "metrônomo" interno que controla a velocidade do canto dos pássaros através do resfriamento de pequenas áreas do cérebro do pássaro Diamante Mandarim (Taeniopygia guttata). A descoberta

esclarece como os pássaros mensuram a passagem do tempo e pode inclusive ajudar a entender como os humanos regulam

sua fala ou produzem música. » Passarinho que nasce cedo canta melhor

» Canto das baleias azuis intriga especialistas » Volta de aves raras anima aldeia nos EUA

Michael Long e Michale Fee, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, construíram um aparelho capaz

de resfriar uma parte do cérebro do pássaro Diamante Mandarim, chamada de centro vocal superior (HVC na sigla

em inglês). Este centro é formado por duas pequenas regiões, uma em cada hemisfério, e se localiza atrás da

parte anterior do cérebro do pássaro, próximo à superfície. O centro participa da produção de sons, mas

sua função exata é desconhecida. Pesquisadores implantaram dois pequenos resfriadores feitos de ouro nos cérebros de pássaros adultos,

posicionados sobre as duas regiões que formam o HVC, cada uma com dimensões de 1 por 2 milímetros. Eles então

resfriaram as regiões com bastante precisão, usando uma propriedade termoelétrica chamada de efeito Peltier, no qual uma corrente elétrica é utilizada para transferir

calor de uma ponta para outra de um elemento. O resfriamento do HVC para 6,5 °C atrasou o canto dos

pássaros em 45%, tendo poucos efeitos em outros aspectos, como o tom ou a ordem das notas.

A equipe então resfriou outra região envolvida no canto, chamada de núcleo robusto do arcopallium, ou RA, mas não constatou o mesmo efeito. Isso confirma que o HVC de fato funciona como metrônomo dos pássaros, dizem os cientistas.

Os resultados foram publicados na revista Nature. "Foi muito difícil descobrir em qual dessas diferentes

partes do cérebro a contagem do tempo se dava," disse Fee. "Não estava claro que o resfriamento de qualquer área do cérebro não iria simplesmente quebrar o circuito. Foi

surpreendente descobrir que ao resfriar o HVC, o canto se prolongava.

Cantando elogios

Richard Mooney, neurobiólogo que estuda o canto de pássaros no Centro Médico da Universidade de Duke em Durham, Carolina do Norte, está impressionado com a

técnica, que também poderia ser usada para estudar outras áreas do cérebro. "Essa é uma junção belíssima de

engenharia, física e biologia," ele diz. A descoberta também reforça a teoria de Fee, que afirma

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que o canto dos pássaros é criado a partir de uma "cadeia de dominós" neuronal. As células do HVC enviam sinais a outras áreas da rede do canto que então determinam outros aspectos, como tom ou volume das notas musicais produzidas

pelos pássaros. "É muito parecido com uma caixinha musical," diz. "Temos um cilindro que gira e controla o tempo. O cilindro tem pequenas protuberâncias em toda a sua superfície. Se

giramos o cilindro mais devagar, temos as mesmas notas, mas elas saem mais lentamente."

Fee espera que os resultados também ajudem no entendimento dos movimentos necessários à produção da fala, linguagem e até música de seres humanos, um desejo compartilhado por muitos cientistas que trabalham com cérebros de pássaros. "Não temos ainda quase nenhuma informação detalhada sobre como a fala e o desempenho musical são codificados em comandos motores," disse Mooney. Através do estudo do

canto dos pássaros, "podemos ter um vislumbre de como os mecanismos gerais de aprendizado vocal operam."

Tradução: Amy Traduções 02/05/08

Bebê passarinho também faz ‘gugu-dadá’, afirma estudo

Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo

Os filhotes de diamante-mandarim (Taeniopygia guttata), a simpática espécie de pássaro na foto abaixo, não são muito diferentes dos bebês humanos em pelo menos um quesito:

antes de aprender a falar (cantar, no caso), eles balbuciam, num equivalente do nosso popular "gugu-

dadá". Um trio de pesquisadores americanos descobriram que, para isso, os bichinhos usam um circuito cerebral

especializado, o que pode mudar algumas idéias importantes sobre como o cérebro "aprende" as coisas.

O diamante-mandarim (Taeniopygia guttata

O trabalho, coordenado por Michale S. Fee, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, está na edição desta semana da revista especializada

) foi usado no experimento (Foto: Divulgação/Science)

"Science" . Fee e seus colegas estudaram três fases do desenvolvimento dos pássaros: a que poderíamos chamar de "gugu-dadá" (de 30 a 45 dias

depois do nascimento), quando os sons que produzem são um balbucio desordenado; a de "adolescente" (de 45 a 80 dias de vida), quando os filhotes começam a dominar o canto,

mas ainda o empregam de forma muito variável; e,

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finalmente, a de adulto, na qual o canto é altamente estruturado e estereotipado. Nela, os bichos seguem

seqüências precisas de sons, com "refrão" e "estrofes" que se repetem de forma padronizada.

Fee e companhia se dedicaram a estudar o papel de diversas áreas cerebrais na produção do canto do diamante-mandarim, ave ornamental um bocado comum nas gaiolas brasileiras,

embora seja de origem asiática e ocorra também na Austrália. A atenção deles se centrou na "fiação" do

chamado centro vocal superior (HVC), na sigla inglesa. Sabia-se que o HVC é crucial para a produção do canto

"profissional" dos adultos. Seria usado também para emitir o "gugu-dadá"?

De volta à infância

Para investigar isso, os pesquisadores usaram diversas técnicas, tanto cirúrgicas quanto farmacológicas, para "desligar" o HVC. O interessante é que esse teste não só não impediu os passarinhos-bebês de "balbuciar" à vontade

-- eles continuaram plenamente capazes disso -- como também induziu os adultos a voltarem a cantar como filhotes. Se as substâncias usadas para bloquear o funcionamento do HVC não eram mais dadas aos bichos adultos, eles voltavam a "falar como gente grande". Em entrevista ao podcast da "Science", Fee comparou o balbucio dos passarinhos aos movimentos musculares

involuntários que os filhotes usam para, gradualmente, controlar a ação de seus músculos. Antes, acreditava-se

que os mesmos circuitos cerebrais eram usados para controlar as ações infantis e as ações maduras -- a

diferença seria apenas de treinamento. Se a nova pesquisa estiver correta, o certo será dizer que os organismos

possuem regiões cerebrais especializadas para o aprendizado e para a ação "real".

A EXTINÇÃO DA HUMANIDADE

Passarim Antonio Carlos Jobim / Paulo Jobim

(quando extinguimos os fungos, as plantas, os animais e os primatas é a humanidade que está

se acabando)

Passarim quis pousar, não deu, voou Porque o tiro partiu mas não pegou Passarinho, me conta, então me diz: Por que que eu também não fui feliz?

Me diz o que eu faço da paixão? Que me devora o coração..

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Que me devora o coração.. Que me maltrata o coração.. Que me maltrata o coração..

E o mato que é bom, o fogo queimou

Cadê o fogo? A água apagou E cadê a água? O boi bebeu Cadê o amor? O gato comeu E a cinza se espalhou E a chuva carregou

Cadê meu amor que o vento levou? (Passarim quis pousar, não deu, voou)

Passarim quis pousar, não deu, voou Porque o tiro feriu mas não matou

Passarinho, me conta, então me diz: Por que que eu também não fui feliz?

Cadê meu amor, minha canção? Que me alegrava o coração.. Que me alegrava o coração.. Que iluminava o coração..

Que iluminava a escuridão..

Cadê meu caminho? A água levou Cadê meu rastro? A chuva apagou E a minha casa? O rio carregou

E o meu amor me abandonou Voou, voou, voou Voou, voou, voou

E passou o tempo e o vento levou

Passarim quis pousar, não deu, voou Porque o tiro feriu mas não matou

Passarinho, me conta então, me diz: Por que que eu também não fui feliz?

Cadê meu amor, minha canção? Que me alegrava o coração.. Que me alegrava o coração.. Que iluminava o coração..

Que iluminava a escuridão.. E a luz da manhã? O dia queimou

Cadê o dia? Envelheceu E a tarde caiu e o sol morreu

E de repente escureceu E a lua, então, brilhou Depois sumiu no breu

E ficou tão frio que amanheceu (Passarim quis pousar, não deu, voou)

Passarim quis pousar não deu Voou, voou, voou, voou, voou

Passaredo Francis Hime e Chico Buarque

Ei, pintassilgo Oi, pintaroxo Melro, uirapuru Ai, chega-e-vira Engole-vento Saíra, inhambu Foge asa-branca

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Vai, patativa Tordo, tuju, tuim Xô, tié-sangue Xô, tié-fogo

Xô, rouxinol sem fim Some, coleiro Anda, trigueiro

Te esconde colibri Voa, macuco Voa, viúva Utiariti

Bico calado Toma cuidado

Que o homem vem aí O homem vem aí O homem vem aí

Ei, quero-quero Oi, tico-tico

Anum, pardal, chapim Xô, cotovia Xô, ave-fria

Xô, pescador-martim Some, rolinha Anda, andorinha

Te esconde, bem-te-vi Voa, bicudo Voa, sanhaço Vai, juriti Bico calado Muito cuidado

Que o homem vem aí O homem vem aí O homem vem aí

AÇÃO HUMANA

Ritmo de extinção de espécies de animais é dez mil vezes maior que o natural

Publicada em 16/05/2008

(Os problemas das extinções)

às 04h34m

O Globo Online

RIO - O número de animais da Terra tem sido reduzido num ritmo dez mil vezes maior do que o natural. De 1970 a

2005, o mundo sofreu uma redução de um terço da diversidade animal devido à ação humana, como mostra

matéria publicada nesta sexta-feira no jornal O Globo. Os dados estão no "Índice do Planeta Vivo", produzido pela

Sociedade Zoológica de Londres e as organizações ambientalistas WWF e Global Footprint Network.

Como as grandes forças naturais, a exemplo de quedas de asteróides e erupções vulcânicas cataclísmicas, o homem se transformou numa força capaz de alterar a vida na Terra.

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De acordo com o relatório, o planeta não via nada assim, desde a grande onda de extinção há 65 milhões de anos, que

varreu 90% das formas de vida e pôs fim à era dos dinossauros. Acredita-se que ela tenha sido provocada pela

queda de um asteróide.

Segundo o "Índice do Planeta Vivo", as espécies terrestres tiveram um declínio de 25%, as marinhas de 28% e as de

água doce, 29%. As aves marinhas tiveram uma taxa particularmente alta de extinção: as populações de

numerosas espécies declinaram 30% desde meados dos anos 90.

Extinção

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Extinção em biologia e ecologia é o total desaparecimento de espécies, subespécies ou grupos de espécies. O momento da extinção é geralmente considerado sendo a morte do último indivíduo da espécie. Em espécies com reprodução sexuada, extinção de uma espécie é geralmente inevitável quando há apenas um indivíduo da espécie restando, ou apenas indivíduos de um mesmo sexo. A extinção não é um evento incomum no tempo geológico - espécies são criadas

pela especiação e desaparecem pela extinção.

A extinção também é uma questão de escala geográfica. A extinção local é a extinção de uma população em uma determinada região e não necessariamente de toda a

espécie. Isso, em biogeografia, é um fator importante no delineamento da distribuição geográfica das espécies. Eventos de vicariância e de mudanças climáticas, por

exemplo, podem levar a extinção local de populações e, assim, configurar os padrões de distribuição das espécies.

Atualmente muitos ambientalistas e governos estão preocupados com a extinção de espécies devido à intervenção humana. As causas da extinção incluem

poluição, destruição do habitat, e introdução de novos predadores. Espécies ameaçadas são espécies que estão em perigo de extinção. Extintas na natureza é uma expressão

usada para espécies que só existem em cativeiro.

Há periódicas

Extinções em massa

extinções em massa, onde muitas espécies desaparecem em um período geológico de tempo. Estes são

tratados com mais detalhes no artigo de eventos de extinção. O mais recente evento destes, A extinção K-T no fim do período Cretáceo, é famoso por ter eliminado os

dinossauros.

Muitos biólogos acreditam que nós estejamos atualmente nos estágios iniciais de uma extinção em massa causada pelo homem, a extinção em massa do Holoceno. E.O. Wilson, da universidade Harvard, em seu O futuro da vida ( ISBN 0679768114), estima que se continuar a atual taxa de

destruição humana da biosfera, metade de todas as espécies

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de seres vivos estará extinta em 100 anos.

Uma das maiores provas disso é o fato de dois fungos, espécies consideradas livres da extinção, já estarem

ameaçadas.

Não há dúvida de que a atividade humana tem aumentado o número de espécies extintas no mundo todo, entretanto, a

extensão exata da extinção antrópica permanece controversa.

Veja-se também A sexta extinção: padrões de vida e o futuro da humanidade, de Richard Leakey ( ISBN 0385468091

).

Extinções em massa são parte fundamental da hipótese do equilíbrio pontuado de Stephen Jay Gould e Niles Eldredge.

Veja-se Molduras de tempo: a evolução do equilíbrio pontuado ( ISBN 0691024359 ).

De acordo com um relatório divulgado em março de 2005 pelo secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica, da ONU, a Terra está sofrendo a maior extinção de espécies desde o fim dos dinossauros, 65 milhões de anos atrás. O relatório concluiu que o objetivo definido no ano de 2002 de conter o ritmo de extinção de espécies até 2010 está cada vez mais distante e aponta ainda que a perda de biodiversidade, em vez de se estabilizar, está se

acelerando.

Tanto no ambiente marítimo quanto em ambientes terrestres, um número significativo de ecossistemas estão ameaçados.

Entre eles, mormente os recifes de coral e as selvas tropicais. Há um seção especialmente dedicada ao

desmatamento, que já destruiu uma média anual de 60 mil quilômetros quadrados, o que corresponderia a duas

Catalunhas, desde o ano 2000. Os ecossistemas fluviais e lacustres, por sua vez, encontram-se geralmente em situação ainda mais crítica, já com cerca de 50% das

espécies extintas no período 1970-2000.

"Os ecossistemas saudáveis proporcionam os bens e serviços de que os humanos necessitam para o seu bem-estar", aponta

o relatório, que sintetiza em 92 páginas os dados científicos mais relevantes sobre a perda de

biodiversidade.

• Biodiversidade • Espécies ameaçadas

• Especiação • Lista de animais extintos

• Espécies em extinção • Teoria neutra unificada da biodiversidades

Capítulo 3 O PÁSSARO COMO INSTRUMENTO MUSICAL COM MAESTRO (é claro que não são os instrumentos que tocam, são os cérebros

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humanos; por trás do canto do pássaro tem um cérebro que se emociona)

Instrumentos Musicais Os instrumentos musicais datam desde a mais remota antiguidade, conforme

achados arqueológicos encontrados em algumas cavernas africanas e européias. Obviamente estes instrumentos eram muito rudimentares mas

deviam entreter os habitantes daquela época. Além da diversão, os instrumentos eram usados para cultos religiosos e

também comunicação entre tribos vizinhas, uma vez que o barulho de alguns intrumentos como os congos ou o bumbo pode ser escutado a uma distância

bastante razoável, desde que se coloque o bumbo num local onde o som consiga ser naturalmente amplificado. Hoje em dia, com o avanço da

eletrônica em todas as modalidades do conhecimento humano, os instrumentos acabaram se subdividindo em duas categorias:

Os acústicos, e os eletrônicos.

ACÚSTICOS

Datam desde os tempos antigos e podem ser divididos em cordas(violão, harpa, guitarra, etc), sopro(flauta, saxofone, sanfona, etc) e

percussão(bateria, bongô, sino, etc). ELETRÔNICOS: datam da década de 60 e é composto pelos sintetizadores.

Inicialmente vamos falar um pouco sobre os instrumentos acústicos de cordas. Como o próprio nome diz, todos eles possuem pelo menos uma corda

esticada, apresentando suas duas extremidades fixas.

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Uma perturbação é fornecida a esta corda através da própria mão ou de algum outro agente externo(palheta, arco no caso do violino ou violoncelo,

etc), fazendo a corda entrar em vibração. Esta vibração está confinada entre as extremidades da corda e através de

interferências entre os pulsos refletidos nas extremidades acabam formando uma onda estacionária com uma freqüência bem definida.

HARMÔNICOS NUMA CORDA

Como a corda tem extremos fixos, estes serão pontos de interferência destrutiva(nós). Entre os extremos da corda haverá a formação de um certo

número "n" de ventres. Sendo "L" o comprimento da corda e "¥" o comprimento de onda temos que: a)n=1 ---> L=1.(¥/2) ---> L=¥/2 b)n=2 --->

L=2.(¥/2) ---> L=¥ c)n=3 ---> L=3.(¥/2) ---> L=3¥/2 d)n=n ---> L=n.(¥/2) (fórmula geral).

O resultado escrito acima é muito interessante pois ele nos diz que numa corda só podem existir ondas estacionárias com determinadas freqüências "f".

Utilizando-se a relação fundamental da ondulatória, que nos diz que a velocidade "v" de uma onda é igual ao produto de seu comprimento de onda

"¥" pela freqüência "f" (v=¥.f), verificamos que

Desta forma, para n=1 temos a freqüência fundamental ou primeiro

harmônico. Todos os outros harmônicos (n=2,3,4, ...) são múltiplos inteiros da freqüência fundamental, sendo este o princípio de funcionamento de

todos os intrumentos de cordas como o violão, banjo, berimbau, etc. Passamos agora a falar um pouco a respeito dos intrumentos de sopro, os quais nada mais são do que tubos sonoros, sendo que dentro deles uma

coluna de ar é posta a vibrar. Estas vibrações são obtidas através de sistemas denominados EMBOCADURAS, que se classificam em dois tipos:

EMBOCADURA TIPO FLAUTA Neste tipo, o músico injeta um jato de ar que é comprimido por um calço para depois colidir contra um corte em diagonal, efetuado na parede do

tubo. Nestas circustâncias, o jato de ar sofre turbilhonamentos e variações de pressão que o lançam alternadamente ora para fora, ora para dentro do

tubo. Dessa maneira, a coluna gasosa interna do tubo é golpeada interminentemente, dando origem a uma onda longitudinal que se propaga no

interior do tubo.

EMBOCADURA TIPO PALHETA Neste tipo, o operador injeta um jato de ar do mesmo modo que a

embocadura anterior. Logo na entrada, o ar é comprimido pelo calço, tendo sua velocidade aumentada antes de passar ao interior do tubo, o qual é por

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uma folga existente entre uma lâmina flexível("palheta") e a parede do tubo. A passagem de ar se dá com turbilhonamentos e variações de pressão, que

fazem a lâmina vibrar. Em conseqüência, esta passa a golpear o ar no interior do tubo, dando origem a uma onda.

Fonte: www.cdcc.sc.usp.br FREQÜÊNCIAS MUSICAIS

O conhecimento da nota fundamental é importante pois serve de referência para se construir a escala musical completa, pois podemos obter as demais notas simplesmente multiplicando-se a freqüência da nota fundamental por

determinados valores(ver tabela em seqüência). COMPARAÇÃO ENTRE AS FREQÜÊNCIAS MUSICAIS

EXEMPLO1: A freqüência universalmente aceita como padrão é a do lá de índice 3 (LÁ3), cujo valor é igual a 435 Hz. Calcular deste modo a freqüência

da nota DÓ3: Resp.:Sendo LÁ3=435 Hz, temos DÓ3=(3/5).LÁ3=261 Hz. EXEMPLO2: Sabendo-se que a freqüência do DÓ3 é igual a 261 Hz, calcular a

freqüência da nota fundamental (DÓ1): Resp.:Como DÓ3=261 Hz, temos DÓ1=(1/4).DÓ3=65,25 Hz.

O denominado INTERVALO ACÚSTICO entre duas notas, que pode ser definido como a razão entre duas freüências F1 e F2, onde (F1>>F2). Em decorrência da própria definição, o intervalo acústico "I" será sempre maior ou igual a 1

(quando I=1, F1=F2). Deste modo, conforme vemos pela tabela, os intervalos entre as notas

consecutivas da gama natural podem assumir apenas os valores 1(UNÍSSONO), 9/8(TOM MAIOR), 10/9(TOM MENOR), 16/15(SEMITOM) e 2(OITAVA).

Para introduzir uma nota intermediária entre duas notas consecutivas, de freqüências F1 e F2 temos a liberdade de proceder de duas maneiras

distintas: A primeira delas é aumentar a freqüência de F1 e a segunda é reduzir a freqüência da nota F2

SUSTENIR uma nota consiste em aumentar a sua freqüência, multiplicando-a por 25/24. Para indicar que uma nota foi sustenida, escrevemos o índice "#"

à direita da nota.

. A primeira modalidade chama-se SUSTENIR e a segunda BEMOLIZAR.

BEMOLIZAR uma nota significa diminuir a sua freqüência, multiplicando-a por 24/25. Para indicar que uma nota foi bemolizada, escrevemos o índice "b"

à direita da nota.

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EXEMPLO3: A nota LÁ3 de uma certa gama tem a freqüência de 435 Hz. Calcular a freqüência do LÁ sustenido (LÁ#) e do LÁ bemolizado (LÁb):

Resp.:Sendo LÁ3=435 Hz, temos: a)LÁ#=(25/24).LÁ=453 Hz. b)LÁb=(24/25).LÁ=417,6 Hz.

Capítulo 6

POR QUÊ CANTAM OS PÁSSAROS?

Pássaros cantam no período da reprodução Por que os pássaros domésticos não cantam quando trocam as penas?

A maioria dos pássaros canta para chamar o parceiro durante o período da

reprodução. As aves domésticas que cantam, como o canário, o coleirinha, o curió e o pintassilgo, mudam as penas logo após o fim da reprodução. "Por isso não precisam cantar durante a muda", diz o ornitólogo Luiz Francisco Sanfillipeo, da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Mesmo depois de

terminada a troca das penas, que dura cerca de duas semanas, eles demoram a gorjear de novo. Geralmente, a muda termina no inverno,

deixando o pássaro pronto para enfrentar o frio. O período reprodutivo tem início só na primavera.

Por que cantam pássaros em gaiolas?

Quando garoto, caçava muito passarinho e cheguei a ter 60 gaiolas. Hoje não tenho mais. Penso que é uma covardia engaiolá-los! Como pode um passarinho com

esta amplidão toda para voar e a gente colocá-lo numa gaiola tão reduzida? Nesta época, era dado às divagações sobre o céu, a morte, o que eram os

passarinhos e tudo o mais... Um dia, segurei uma gaiola de frente para mim e fitei bem nos olhos um pintassilgo que estava lá dentro. Entre nossos olhos havia uma distância

de uns cinco centímetros. Olho no olho, fui fundo na alma dele e ele na minha, acredito. Após uns quinze segundos, seu olho ficou embaçado, triste e ele piscou três vezes lentamente sua pequenina pálpebra. Penetrando fundo na sua retina, senti então que ali estava algo muito mais elevado espiritualmente que um simples passarinho! Hoje, ao ler reportagens da American Sciense, concluindo que pássaros são muito

mais inteligentes do que o Homem pensa, dou de ombros e lembro-me do meu pintassilgo. Eu já sabia disto há tanto tempo...

Curió, nunca foi passarinho de minha especialidade. Uma vez comprei um e dei de presente para meu pai. Seu canto era conhecido pelos experts com o nome de “Vôvô

Viu”. Só que este curió cantava muito pouco e no máximo dois assobios por vez. Muitos anos depois, tive a oportunidade de ouvir o Maradona. Sim, Maradona

era um curió campeão. Fraguinha, seu dono, amigo de meu falecido pai, não o venderia por menos de R$ 20.000,00, a preço de hoje. Ele e seu curió faziam viagens de competição por todo o Brasil. Maradona ganhava de todo mundo. Um dia, consegui que ele trouxesse Maradona para que eu o ouvisse cantar. Fraguinha colocou a gaiola em cima do muro da casa de meu pai, a uns 15 metros do “Vovô Viu” e rapidamente o

curió começou sua melodia. Seu canto durou uns dois minutos sem intervalo. Seus olhos esbugalhados e fixos pareciam que iriam saltar das órbitas! Eles aumentavam e diminuíam de tamanho a cada segundo. Fiquei pasmo! Interessante que o curió não serrava nem um pouquinho. Para quem não entende de passarinhos, diz-se que o

serrado é o intervalo entre um canto e outro. Se o passarinho faz um ruído semelhante ao som de um serrote nestes intervalos, diz-se que ele serrou e seu valor de venda cai e muito. Maradona passava de um ária para outra como um famoso tenor, sem nenhum

serrado. Após sua exibição de gala, perguntei ao Fraguinha o que ele comia. Fraguinha disse-me que seu curió era viciado em sementes de cânhamo. Ai passei a entender o

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Maradona! Qual previsão futurística, ele era viciado em maconha, pois cânhamo é semente de maconha. Agora entendia porque Maradona cantava tanto! Depois de ouvir

seu canto o curió de meu pai nunca mais cantou na vida. Passou a ser um mudo comilão de plantão!

Anos após conhecer Maradona, estive a serviço em Variante Dois uma localidade junto à mata amazônica na Belém-Brasilia. Lá, certo dia, ouvi um belíssimo

canto de um passarinho sobre a copa de uma pequena árvore. O canto não me era estranho. Consegui enxergá-lo. Era um curió solto. Sua plumagem era de um marrom e

preto esfuziante, e estava todo serelepe balançando ao sabor do vento sobre um pequeno ramo da árvore. Seu canto durou seguido uns 3 minutos e meio. Também não serrou nenhuma vez. Fiquei maravilhado! Pela beleza da plumagem, duração e melodia

no canto, Maradona era tremendo fichinha na frente deste curió em liberdade... Seu nome deveria ser Pelé!

Bem, e por que cantam pássaros em gaiolas? Acho que eles cantam para mostrar-nos que, mesmo com o pouco espaço que

lhes restam, eles sentem que ainda estão vivos, a mãe natureza ainda pulsa lá fora, e não há porque silenciar. Então eles cantam. Não o belo canto da liberdade, mas eles

cantam o suficiente para alegrar nossa Vida...

Edmundo Pinheiro Junho/2005.

Capítulo 7

Língua dos pássaros Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

VARIEDADE DO CANTO DOS PÁSSAROS

Huginn e Muninn sobre os ombros de Odin, numa ilustração de um manuscrito islandês

do século XVIII.

Uma língua dos pássaros, linguagem mística, perfeita, divina, mítica ou mágica utilizada pelos pássaros para se comunicar com os iniciados, é postulada pela

mitologia, literatura medieval e ocultismo.

Pássaros interpretaram um importante papel na

História

religião Indo-Europeia, usados para divinação pelos áugures, e, de acordo com uma sugestão de Walter Burkert, estes

costumes podem ter sua origem no Paleolítico, quando, durante a Idade do Gelo, os primeiros humanos costumavam procurar carniça observando os pássaros.

A partir da Renascença, foi a inspiração para algumas línguas a priori mágicas. Línguas assobiadas, baseadas ou construídas sobre línguas naturais articuladas usadas em algumas culturas são por vezes também citadas como, e comparadas com, a língua

dos pássaros.

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De acordo com

Mitologia

Apolónio de Rodes, a figura de proa do Argo, o navio de Jasão, foi construída com carvalho do bosque sagrado de Dodona e podia falar a língua dos

pássaros. A proficiência na língua dos pássaros na mitologia grega podia ser obtida por meios mágicos. Demócrito, Anaximandro, Apolônio de Tiana, Tirésias, Melampo e

Esopo são citados como tendo o conhecimento da língua dos pássaros. Várias sagas nórdicas e célticas (Edda e Mabinogion) relatam que o sangue de dragão

dá a quem o bebe o poder de entender a língua dos pássaros. Um eco disto está na ópera Siegfried de Richard Wagner, onde o herói, após beber o sangue do dragão

Fafnir, passa a entender o canto dos pássaros. Na mitologia celta, os pássaros (principalmente os corvos) representam conhecimentos

proféticos, particularmente quanto ao derramamento de sangue.

O conceito é apresentado também em muitos

Folclore

contos folclóricos em Gales, Rússia, Alemanha, Estónia e Grécia), onde geralmente ao protagonista é dado o poder de

compreender a língua dos pássaros, seja por alguma transformação mágica, ou como recompensa por alguma boa ação feita para o rei dos pássaros. Os pássaros, então,

passam a informar ou avisar o herói sobre perigos ou tesouros ocultos.

• No

Religião

sufismo, a língua dos pássaros é uma língua dos anjos mística. A Conferência dos Pássaros (mantiq at-tair), é um poema místico de 4647 versos

escrito no século XII pelo poeta persa Farid ud-Din Attar. • Diz-se que São Francisco de Assis pregou para os pássaros.

• No Talmude, (segundo as Lendas da Bíblia de Louis Ginzberg, 1909), a proverbial sabedoria de Salomão devia-se a lhe ter sido concedida por Deus a

compreensão da língua dos pássaros.

Na

Alquimia

Cabala, na alquimia e no Renascimento, a língua dos pássaros era considerada uma língua perfeita e secreta, a chave para o perfeito conhecimento, chamada algumas vezes

de langue verte (ou língua verde, por Jean Julien Fulcanelli e por Heinrich Cornelius Agrippa em sua De Occulta Philosophia).

• Na

Cultura

França medieval, a língua dos pássaros (la langue des oiseaux) era uma linguagem secreta dos trovadores, ligada ao Tarô, alegadamente baseada em

trocadilhos e simbolismo extraído da homofonia. Por exemplo, uma estalagem chamada Au Lion d'Or ("O Leão de Ouro"), seria supostamente um código para au lit on dort ("no leito alguém dorme"). Todavia, o exemplo dado pode não ser exatamente medieval, visto que o t final era pronunciado até o francês médio, conforme se depreende de bonnet, um galicismo do século XIV incorporado à

língua inglesa. • Aristófanes ("Os Pássaros") e Geoffrey Chaucer ("Parlamento das Aves") também escreveram peças teatrais satíricas tomando a língua das aves por base.

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41

• O autor de livros infantis Rafe Martin escreveu uma obra intitulada "The Language of Birds" ("A Língua dos Pássaros") como adaptação de um conto folclórico russo. O livro foi convertido numa ópera infantil pelo compositor

John Kennedy. • Há um filme alemão de 1991 chamado Die Sprache der Vögel ("A Língua dos

Pássaros"). • No árabe falado no Egito, a forma escrita hieroglífica é chamada de "o alfabeto

dos pássaros". No próprio Antigo Egito os hieróglifos eram chamados de medu-netjer ("palavras dos deuses" ou "língua divina")

Ciência

Pesquisas recentes sobre o canto das aves têm revelado um certo montante de fonologia

combinatória, um aspecto compartilhado com as línguas humanas.

Ver também

• Confusão das línguas • Glossolalia

• Língua musical

• DAVIDSON, H.R. Ellis. Myths and Symbols in Pagan Europe: Early Scandinavian and Celtic Religions. Syracuse University Press: Syracuse, NY,

EUA,

Referências

1988. • (em inglês)-KHAITZINE, Richard. La Langue des Oiseaux - Quand

ésotérisme et littérature se rencontrent • GUENON, Rene. The Language of the Birds in Revista Sufi australiana "The

Treasure" # 2 (1998). • (em inglês)-Simbolismo Animal na Mitologia Céltica, por Lars Noodén

(1992). • (em inglês)-A Conferência dos Pássaros

• (em francês)-LE VERLAN DES OISEAUX (O Verlan dos Pássaros). Coleção "Pommes Pirates Papillons", Poèmes de Michel Besnier. Ilustrações de

Boiry, Editions Møtus (em Francês). APESAR DA CORREIRA, O BRASILEIRO AINDA PODE OUVIR O CANTO DOS PÁSSAROS NAS GRANDES METRÓPOLES

A estação de rádio digital “Birdsong”, da Grã-Bretanha, que transmite o canto de pássaros virou sucesso, informa o jornal Daily Telegraph. Já são 500 mil ouvintes que

resolveram incorporar a emissora, à sua rotina matinal, despertando com o som dos pássaros. Mas essa transmissão é temporária, garante a companhia Digital One, que

aguarda uma emissora comercial interessada em ocupar o espaço no dial. Os ouvintes já lançaram duas campanhas na internet para impedir que a rádio saia do ar. A gravação foi feita pelo próprio presidente da Digital One, no jardim de sua casa,

para ser usada como trilha sonora em uma peça de teatro amador. Em São Paulo não existe uma emissora tipo “Birdsong” mas por aqui há uma grande

variedade de espécies de pássaros que vale a pena conhecer o seu canto.

O CANTO DAS NOSSAS AVES Cresce a comercialização de pássaros canoros brasileiros aprovada pelo Ibama e fica

mais fácil trazer para casa uma imensa variedade de cantos Boa notícia: Canários-da-Terra, Curiós e Bicudos já são encontrados em criadouros comerciais pioneiros, autorizados pelo Ibama, em São Paulo, Minas Gerais, Brasília,

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Santa Catarina e Rio Grande do Sul. É difícil não se entusiasmar com a possibilidade de ter, de forma

legalizada, uma "orquestra" de pássaros nativos nacionais e ao fechar os olhos sentir-se numa autêntica mata

brasileira. "O número de criadouros comerciais autorizados pelo

Ibama tende a aumentar e a desestimular cada vez mais o tráfico ilegal", ressalta Francisco de Assis Neo, do

Departamento de Vida Silvestre do Ibama. "A demanda pelas nossas aves canoras é enorme", avalia Aloisio Tostes, dono do maior criadouro comercial de pássaros canoros brasileiros da atualidade, em Ribeirão Preto, com cerca de 180 matrizes de Canário-da-Terra, 80 de Bicudo e 60 de Curió. O hobby

continua forte. "No ano passado registramos mais de 220 mil pássaros", resume Afrânio Antonio

Delgado, presidente da entidade responsável por todos os clubes ligados à criação das aves canoras brasileiras, a Federação Brasileira de Criadores de Pássaros (Febraps).

"Temos mais de 30 mil associados em 122 clubes e associações, espalhados por cerca de 120 municípios na maioria dos Estados do Brasil", acrescenta.

Mas muitos pássaros ainda são capturados na natureza, detalhe que acaba prejudicando os bons criadores.

"Nossa atividade é associada ao desrespeito à lei, quando na verdade mantemos o estoque genético das aves", diz o criador de Bicudos, Caboclinhos, Coleirinhas e

Pintassilgos há 40 anos, Geraldo Magela Belo. A apanha intensiva contribui para o desaparecimento das espécies. "Estive em imensos

buritizais bem preservados no centro-oeste do Brasil, onde o Curió foi extinto e o Bicudo praticamente sumiu em razão da captura para o comércio ilegal", testemunha o ornitólogo Luís Silveira, que desde 1992 grava o canto de aves canoras brasileiras na

natureza. A primeira criação nacional a obter autorização do Ibama para dedicar-se a animais

originários da nossa fauna foi a dos pássaros canoros brasileiros. Em 1988, a portaria 131 permitia a compra, venda e troca dos pássaros nascidos em criadouro entre os

associados aos clubes. A possibilidade da livre comercialização ao público veio em 1997 com a portaria 118,

que normatizou os criadouros comerciais, e com a 117, que regulou o comércio em lojas para todos os animais nativos da nossa fauna. Os pássaros precisam ter anilha

fechada - não dar a volta completa em torno da perna indica que ela foi posta com a ave já desenvolvida, sinal de provável captura na natureza.

O comprador deve receber uma nota fiscal onde conste o nome dele, o nome e número de registro do criadouro no Ibama e o número da anilha. Ele tem direito também a um

manual de cuidados específicos para a espécie adquirida.

A mágica do canto dos pássaros desvendada 22 07 2008

Page 43: A Pedra que Voa, o Ar que Canta, o Computador que Procria

43

Canarinho. MW Editora & Ilustrações

A grande variedade de notas musicais registradas pelos pássaros nos cantos matinais tem sido através dos séculos motivo de inspiração para músicos, poetas, artistas e

qualquer indivíduo que tenha o prazer de ainda poder ouvir o canto dos pássaros onde mora.

Agora, um estudo publicado na revista virtual Public Library Science em conjunto

com a Universidade da Dinamarca do Sul, parece ter desmascarado o mistério envolvendo o canto matinal dos pardais europeus: eles têm, em comum com as cobras

naja, com as pombas e muitos peixes, músculos vocais extremamente rápidos. A rapidez de vibrações musculares, causa um grande leque de sons, era considerada bastante rara, mas depois destes últimos estudos observando o canto dos pássaros, descobriu-se que esta habilidade é muito mais comum, e talvez cubra um número

muito maior de espécies, do que antes fora imaginado.

Para um pardal, ou um pássaro europeu comum, a média de 250 vezes por segundo de abertura e fechamento das cordas vocais é o necessário para produzir as melodias

maravilhosas que ouvimos. Esta variedade de contrações musculares permite que cada pássaro tenha um repertório próprio para sua espécie, destinado a cada situação.

Com este tipo refinamento vocal os pássaros controlam com precisão a voz, o volume e a vibração necessários para o sucesso de sua sobrevivência.

Pássaros canoros brasileiros Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Canto flauteado e melodioso- Nome popular, Azulão Verdadeiro, Azulão Bicudo,

Tiatã, Gurundi-Azul. Pássaro com belíssimo canto, muito apreciado por colecionadores, sua vocalização apresenta uma série de notas bem moduladas,

podemos dividir seu canto em duas "passagens". A primeira passagen é chamada de canto curto, ou seja, vocalização com três notas(ou

mais) curtas, também chamado de canto principal. A segunda passagem é chamada de SURDINA ou MATA VIRGEM, vocalização com uma série de notas(notas de abertura e fechamento do canto),a surdina ou mata virgem pode chegar a 02 minutos de modulações ininterruptas, o que faz do pássaro uma jóia

rara, com mavioso canto. Ocorre no Brasil,do Nordeste até o Sul e países como Argentina, Bolívia, Paraguai, Venezuela(Norte) e Colômbia. Sendo um pássaro muito

territorialista, não tolera a presença de outros da mesma espécie em seu território principalmente na época de criação (primavera, verão até o início do outono). Por ser dono de uma belíssima voz, o azulão é criado para disputar torneios de canto e fibra,

fato esse lamentável, por levar a ave a grande strees. REPERTÓRIO MUSICAL HUMANO (

REPERTÓRIO MUSICAL:

Se quiser ouvir um pedaço da música, basta clicar na figura:

a Natureza é cheia de sons, nós é que a estamos reduzindo)

ao

lado do nome das músicas.

CASAMENTOS:

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e Marcha Nupcial - F. Mendelssohn

e Romeu e Julieta - Nino Rota

e Les Derniers Jours D`Anastasia Kemsky - Paul Senneville e Jean

Bandlot

e Memory - Andrew Lloyd Webber

e The dream of olwen - Charles Willians

e All I ask of you - Andrew Lloyd Webber

e My heart will go on - James Horner

e Ária da 4º corda - J. S. Bach

e Au bord de la riviere - Paul de Senneville e Olivier Toussaint

e La Primavera - Antonio Vivaldi

e L` Autonno - Antonio Vivaldi

e Beautiful Savior - Tom Fettke

e Sonho de Amor - Franz Liszt

e Lady di - Paul de Senneville e Jean Baudlot

e Beauty and the beast - Alan Menken

e Ave Maria - Gounoud e J. S. Bach

e Bachianas Brasileiras nº 4 - H. Villa Lobos

e A whole new world (Alladin) - Alan Menken

e When you wish upon a star (Pinocchio) - Leigh Harline

e Can you feel the love tonight - Elton John

e (Everything I do) I do it for you - Bryan Adams, Robert J. Lange e

Michael Kamen

e Eu sei que vou te amar - Tom Jobim e Vinicios de Moraes

e Jesus alegria dos homens - J. S. Bach

e If my people will pray - Jimmy Owens

e Chariots of fire - Vangelis

e Ode Alegria - L. Van Beethoven

e Pompa e circunstância -

e Unchained Melody - Alex North

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e Tudo por Amor - James Newton Howard

e Forever in love - Kenny G

e Kenny G em geral

e Músicas da Disney

e Músicas populares

e Músicas românticas (filmes, novelas, etc...)

Circus - Britney Spears

Thinking of You - Katy Perry

Mad - Ne-Yo

Just Dance - Lady Gaga

Magic - Justin Timberlake

Beautiful - Akon

I Don't Know Why - Moony

Dead and gone - Justin Timberlake & T.I

I'm So Paid - Akon

I Hate This Party - Pussycat Dolls

Let it Rock - Kevin Rudolf Feat. Lil Wayne

Broken Strings - James Morrison feat. Nelly

Vem Andar Comigo - Jota Quest

Save You - Simple Plan

Bem ou Mal - NX Zero

Miles Away - Madonna

Versos Simples - Chimarruts

Single Ladies - Beyoncé

Tudo Passa - Túlio Dek (part. Di Ferrero)

Rehab - Rihanna

Through The Monsoon - Tokio Hotel

Decode - Paramore

Dançando Com A Lua - Capital Inicial

Hot N Cold - Katy Perry

I Stay In Love - Mariah Carey

Sober - Pink

Right Now - Akon

Wiki: Hermeto Pascoal HERMETANDO NATUREZA

Hermeto Pascoal Lagoa da Canoa ( , 22 de junho de 1936) é um compositor arranjador e multiinstrumentista brasileiro (toca acordeão, flauta, piano, saxofone, trompete,

bombardino, escaleta, violão e diversos outros instrumentos musicais)

Os sons da natureza o fascinaram desde pequeno. A partir de um cano de mamona de gerimum (abóbora), fazia um pífano e ficava tocando para os passarinhos. Ao ir para a

lagoa, passava horas tocando com a água. O que sobrava de material do seu avô ferreiro, ele pendurava num varal e ficava tirando sons. Até o acordeão de 8 baixos de

seu pai, de sete para oito anos, ele resolveu experimentar e não parou mais. Dessa forma, passou a tocar com seu irmão mais velho José Neto, em forrós e festas de

casamento, revezando-se com ele no acordeão e no pandeiro.

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Mudou-se para o Recife em 1950, e foi para a Rádio Tamandaré. De lá, logo foi convidado, com a ajuda de Sivuca (acordeonista conhecido), para integrar a Rádio

Jornal do Commercio, onde José Neto já estava. Formaram o trio "O Mundo Pegando Fogo", segundo Hermeto, ele e seu irmão estavam apenas começando a tocar acordeão,

ou seja, eles só tocavam o acordeão de 8 baixos até então.

Porém, por não querer tocar pandeiro e sim acordeão, foi mandado para a Rádio Difusora de Caruaru, como refugo, pelo diretor da Rádio Jornal do Commercio, o qual disse-lhe que "não dava para música". Ficou nessa rádio em torno de três anos. Quando Sivuca passou por lá, fez muitos elogios sobre o Hermeto ao diretor dessa rádio, o Luis Torres, e Hermeto, por conta disso, logo voltou para a Rádio Jornal do Commercio, em

Pernambuco, ganhando o que havia pedido, a convite da mesma pessoa que o tinha mandado embora. Ali, em 1954, casou-se com Ilza da Silva, com quem viveu 46 anos e teve seis filhos: Jorge, Fabio, Flávia, Fátima, Fabiula e Flávio. Foi nessa época também

que descobriu o piano, a partir de um convite do guitarrista Heraldo do Monte, para tocar na Boate Delfim Verde. Dali, foi para João Pessoa, onde ficou quase um ano

tocando na Orquestra Tabajara, do maestro Gomes.

Em 1958, mudou-se para o Rio de Janeiro para tocar acordeão no Regional de Pernambuco do Pandeiro (na Rádio Mauá) e, em seguida, piano no conjunto e na boate do violinista Fafá Lemos e, em seguida, no conjunto do Maestro Copinha (flautista e

saxofonista), no Hotel Excelsior.

Índice:1. Primeiros grupos

2. Carreira internacional 3. Calendário do Som 4. Trabalhos recentes

5. Discografia 6. Referências

7. Ligações externas Hermeto Pascoal

Informação geral Data de nascimento 22 de junho de 1936(72 anos)

Origem Lagoa da Canoa, AL País Brasil

Gêneros jazz

Instrumentos violão piano flauta

saxofone Período em atividade 1950 - presente

1. Primeiros grupos

Atraído pelo mercado de trabalho, transferiu-se para São Paulo em 1961, tocando em

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diversas casas noturnas. Depois de um tempo, formou, juntamente com Papudinho no trompete, Edilson na bateria e Azeitona no baixo, o grupo Som Quatro . Foi aí que

começou a tocar flauta. Com esse grupo gravou um LP. Em seguida, integrou o Sambrasa Trio, com Cleiber no baixo e Airto Moreira na bateria. No disco do Sambrasa

Trio, Hermeto já registrou sua canção "Coalhada".

Com o florescimento dos programas musicais de TV, criaram o Quarteto Novo, em 1966, sendo Hermeto no piano e flauta, Heraldo do Monte na viola e guitarra, Théo de Barros no baixo e violão e Airto Moreira na bateria e percussão. O grupo inovou com sua sonoridade refinada e riqueza harmônica, participando dos melhores festivais de

música e programas da TV Record, representando o melhor da música brasileira. Nessa época, venceram um dos festivais com "Ponteio", de Edu Lobo. Além disso, Hermeto ganhou várias vezes como arranjador. No ano seguinte gravou o LP "Quarteto Novo",

pela Odeon, onde registrou suas composições "O Ovo" e "Canto Geral".

Em 1969, a convite de Flora Purim e Airto Moreira, viajou para os Estados Unidos e gravou com eles dois LP, atuando como compositor, arranjador e instrumentista. Nessa época, conheceu Miles Davis e gravou com ele duas músicas suas: "Nem um Talvez" e

"Igrejinha". De volta ao Brasil, gravou o LP "A Música Livre de Hermeto Pascoal", com seu primeiro grupo, em 1973.

Em 1976, retornou aos Estados Unidos, gravou o "Slaves Mass" e realizou mais alguns trabalhos com Airto e Flora.

2. Carreira internacional

Com o nome já reconhecido pelo talento, pela qualidade e por sua criatividade, tornou-se a atração de diversos eventos importantes, como o I Festival Internacional de Jazz,

em 1978, em São Paulo. No ano seguinte, participou do Festival de Montreux, na Suíça, quando é editado o álbum duplo "Hermeto Pascoal ao vivo", e seguiu para Tóquio, onde

participou do "Live Under the Sky". Lançou o "Cérebro Magnético" em 1980 e multiplica suas apresentações pela Europa.

Em 1982, lançou, pela gravadora Som da Gente, o LP "Hermeto Pascoal & Grupo". Em 1984, pelo mesmo selo, gravou o "Lagoa da Canoa", em que registrou pela primeira vez

"Som da Aura" com os locutores esportivos Osmar Santos (Tiruliru) e José Carlos Araújo (Parou, parou, parou). Esse disco também foi em homenagem à sua localidade natal, que se elevou, então, à categoria de município e conferiu-lhe o título de "cidadão

honorário". Em 1986, o Brasil Universo, também com seu grupo.

Compôs ainda a "Sinfonia em Quadrinhos", apresentando-se com a Orquestra Jovem de São Paulo. Em seguida, foi para Copenhague, onde lançou a "Suite Pixitotinha", que foi executada pela Orquestra Sinfônica local, em concerto transmitido, via rádio, para toda

a Europa.

Em 1987, lançou mais um LP, "Só não toca quem não quer", em que homenageia jornalistas e radialistas, como reconhecimento pelo seu apoio ao longo da carreira. Em

1989, fez seu primeiro disco de piano solo, o LP duplo "Por Diferentes Caminhos".

Em 1992, já pela Philips, gravou com seu grupo o Festa dos Deuses. Depois do lançamento, viajou à Europa para uma série de concertos na Alemanha, na Suíça, na

Dinamarca, na Inglaterra e em Portugal.

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Em março de 1995, apresentou uma sinfonia no Parque Lúdico do Sesc Itaquera, em São Paulo, utilizando os gigantescos instrumentos musicais do parque. No mesmo ano

foi a convite da Unicef para Rosário (Argentina), onde se apresentou para duas mil crianças, sendo que seu grupo entrou para tocar dentro da piscina montada no palco a

pedido dele.

3.

De 23 de junho de 1996 a 22 de junho de 1997, registrou uma composição por dia, onde quer que estivesse. Essas composições fazem parte do "Calendário do Som", livro de 414 páginas lançado em 1999 pela Editora

Calendário do Som

Senac. O objetivo é homenagear todos os aniversariantes do mundo, incluindo uma canção a mais, para os que haviam nascidos

em ano bissexto.

As partituras manuscritas por Hermeto, foram digitalizadas fielmente por Becca Lopes, mantendo a originalidade com a qual o músico e compositor escreveu sem qualquer tipo de alteração gráfica e em cada uma das 366 partituras, Hermeto faz um comentário ou reflexão afetuosa sobre amigos, familiares, músicos, seu Fluminense Football Club e

objetos em geral, sempre finalizando com a frase “Tudo de bom sempre”.

4. Trabalhos recentes

Em 1999 lançou o CD "Eu e Eles", primeiro disco do selo Mec, no Rio de Janeiro. Nesse CD produzido por seu filho Fábio Pascoal, Hermeto toca todos os instrumentos. Em 2003, lançou, com seu grupo, o CD "Mundo Verde Esperança", também produzido

por Fábio.

Em outubro de 2002, durante um workshop Londrina em , conheceu a cantora Aline Morena e a convidou para dar uma canja no dia seguinte com o seu grupo em Maringá. Em seguida ela o acompanhou ao Rio de Janeiro e, no fim de 2003, Hermeto passou a residir com ela em Curitiba. Assim, passou a dar-lhe noções de viola caipira, piano e

percussão e, em março de 2004 estreou no Sesc Vila Mariana a sua mais nova formação: o duo "Chimarrão com Rapadura" (gaúcha com alagoano), com Aline

Morena.

Em abril de 2004, embarcou para Londres para o terceiro concerto com a "Big Band" local. Em seguida realizou mais alguns espetáculos solo em Tóquio e Quioto.

Em 2005 gravou o CD e o DVD "Chimarrão com Rapadura" com Aline Morena, além de realizar duas grandes turnês com seu grupo por toda a Europa. O CD e o DVD de

Hermeto Pascoal e Aline Morena foram lançados de maneira totalmente independente em 2006.

Atualmente, Hermeto Pascoal apresenta-se com cinco formações: "Hermeto Pascoal e Grupo", "Hermeto Pascoal e Aline Morena", "Hermeto Pascoal Solo", "Hermeto

Pascoal e Big Band" e "Hermeto Pascoal e Orquestra Sinfônica".

5. Discografia

• Quarteto Novo •

(1967) Hermeto (1970 ou 1971)

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• A Música Livre de Hermeto Pascoal•

(1973) Slaves Mass

• (1976)

Missa dos Escravos•

(1977) Zabumbê-bum-á

• (1979)

Ao Vivo Montreaux Jazz Festival•

(1979) Cérebro Magnético

• (1980)

Hermeto Pascoal & grupo•

(1982) Lagoa da Canoa, Município de Arapiraca

• (1984)

Brasil Universo•

(1986 ou(1985) Só Não Toca Quem Não Quer

• (1987)

Hermeto Solo - Por Diferentes Caminhos ou Por Diferentes Caminhos: Piano Acústico

• (1988)

Mundo Verde Esperança•

(não lançado) Festa dos Deuses

• (1992)

Hermeto Pascoal/Pau Brasil - Série Música Viva, ao vivo•

(1993) Hermeto Pascoal/Renato Borghetti - CCBB, ao vivo•

(1993) O Melhor da Música de Hermeto Pascoal

• (1998)

Eu e Eles•

(1999) Mundo Verde Esperança

• (2002)

Chimarrão com Rapadura

6. Referências

(2006) CD e DVD

• Hermeto Pascoal no site CliqueMusic (cliquemusic.com.br) • Giancarlo Mei, Canto Latino: Origine, Evoluzione e Protagonisti della Musica

Popolare del Brasile. 2004. Stampa Alternativa-Nuovi Equilibri. Préfacio: Sergio Bardotti. Postfacio: Milton Nascimento.

Capítulo 8 O ANO CÓSMICO DE SAGAN

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50

O Calendário Cósmico

O calendário cósmico é a maneira mais didática que conheço para expressar o cronograma cósmico e o tempo geológico. A idéia é do cientista Carl Sagan e está presente no livro "Os Dragoões do Éden" (1985) e no documentário "Cosmos" (1980). Nessa escala, a vida de 15

bilhões de anos do universo é condensada em um ano. Dessa forma, transformando o tempo geológico em tempo histórico, podemos ter uma boa noção de quando os principais

acontecimentos ocorreram. O calendário mostra como o mundo é muito velho e como os seres humanos são muito recentes.

Datas anteriores a Dezembro

Big Bang 1 de Janeiro Origem da Via Láctea 1 de Maio

Origem do Sistema Solar 9 de Setembro Formação da Terra 14 de Setembro Origem da Vida na Terra ~ 25 de Setembro

Formação das mais antigas rochas conhecidas na Terra 2 de Outubro Data dos fósseis mais antigos: bactérias e algas verdes-azuis 9 de Outubro

Invenção do sexo (por microrganismos) ~ 1 de Novembro Plantas fotossintéticas fósseis mais antigas 12 de Novembro Aparecimento das Eucariotas (primeiras células com núcleo) 15 de Novembro

~ Aproximadamente

Dezembro

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31 de Dezembro

Origem do Proconsul e do Ramapithecus, prováveis antecessores dos homens e macacos ~ 13 h 30 m

Primeiros seres humanos ~ 22 h 30 m

Utilização generalizada dos utensílios de pedra 23 h

Domínio do fogo pelo Homem de Pequim 23 h 46 m

Início do período glaciário mais recente 23 h 56 m

Navegadores colonizam a Austrália 23 h 58 m

Pinturas rupestres por toda a Europa 23 h 59 m

Invenção da Agricultura 23 h 59 m 20 s

Civilização neolítica: primeiras cidades 23 h 59 m 35 s

Primeiras dinastias na Suméria, em Ebla e no Egipto; desenvolvimento da

Astronomia 23 h 59 m 50 s

Invenção do alfabeto; Império Acadiano 23 h 59 m 51 s

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Códigos de Hamurabi na Babilónia; Médio Império no Egipto 23 h 59 m 52 s

Metalurgia do bronze; cultura micénica; Guerra de Tróia; civilização

olmeque; invenção do compasso 23 h 59 m 53 s

Metalurgia do ferro; primeiro império Assírio; reino de Israel; fundação de Cartago pelos Fenícios 23 h 59 m 54 s

Índia de Ashoka; dinastia Ch'in na China; a Atenas de péricles; nascimento

de Buda 23 h 59 m 55 s

Geometria Euclidiana; física de Arquimedes; astronomia Ptolomaica; Império Romano; nascimento de Cristo 23 h 59 m 56 s

O zero e os decimais inventados pela aritmética Indiana; queda de Roma;

conquistas muçulmanas 23 h 59 m 57 s

Civilização Maia; dinastia Sung na China; Império Bizantino; invasão mongol; cruzadas 23 h 59 m 58 s

Renascimento na Europa; descobrimentos pelos Europeus e pela dinastia

Ming na China; aparecimento do método experimental na ciência; 23 h 59 m 59 s

Desenvolvimento generalizado da ciência e da tecnologia; aparecimento de uma cultura global; aquisição dos meios de autodestruição da espécie humana; primeiros passos

na exploração planetária com engenhos espaciais e busca de uma inteligência extra-terrestre

Agora: o primeiro segundo do novo ano

"A construção de quadros e calendários desse tipo é inevitavelmente humilhante. É desconcertante que, em tal ano cósmico, a Terra não se tenha

condensado a aprtir da matéria interestelar antes do início de setembro; que os dinossauros tenham surgido na noite de Natal; que as flores tenham emergido no dia 28 de dezembro e os homens e mulheres tenham aparecido

às 22h 30min do último dia do ano. Toda a história conhecida ocupa os últimos 10 segundos do dia 31 de dezembro; e o tempo compreendido entre o declínio da Idade Média e o presente ocupa pouco mais que um segundo.

Mas, em virtude de ter feito o arranjo desse modo, o primeiro ano cósmico acabou de findar. E, apesar da insignificância do instante que ocupamos até agora no tempo cósmico, é claro que o destino das coisas na Terra e em suas

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proximidades dependerá muito do conhecimento científico e da sensibilidade própria da humanidade".

Carl Sagan

CALENDÁRIO CÓSMICO

"O mundo é muito velho e os seres humanos são muito recentes. Os acontecimentos importantes em nossas vidas são medidas em anos ou em

unidades ainda menores; nossa vida em décadas; nossa genealogia familiar, em séculos e toda a história registrada, em milênios. Contudo, fomos

precedidos por uma apavorante perspectiva de tempo, estendendo-se a partir de períodos incrivelmente longos do passado, a respeito dos quais

pouco sabemos – tanto por não existirem registros quanto pela real dificuldade de concebermos a imensidade dos intervalos compreendidos.

(...) "O modo mais didático que conheço para expressar essa cronologia cósmica

é imaginar a vida de 15 bilhões de anos do universo (ou pelo menos sua forma atual desde a Grande Explosão) condensada em um ano. Em vista disso, cada bilhão de anos da história da Terra corresponderia a mais ou menos 24 dias do nosso ano cósmico, e um segundo daquele ano a 475 revoluções reais da

Terra ao redor do Sol."

O ano cósmico (Jan. 01 até Dez. 31 ). MÊS OCORRÊNCIAS

Janeiro Big Bang – a grande explosão que originou o universo atual

Fevereiro

Março

Abril

Maio Origem da nossa galáxia – a Via Láctea

Junho

Julho

Agosto

Setembro Dia 14 - Surge o planeta Terra Dia 25 - O planeta conta com os primeiros seres vivos

Outubro Primeiras bactérias e algas azuis

Novembro Dia 01 - Surgimento dos primeiros organismos sexuados (bactérias)

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Dia 12 - Primeiras plantas fotossintéticas Dia 15 - Primeiras células com núcleo (eucariontes)

Dezembro Dia 01 - Surge o oxigênio na atmosfera. Dia 15 - Extenso vulcanismo no planeta. Dia 16 - Surgem os primeiros vermes. Dia 17 - Prosperam os invertebrados.

Dia 18 - Prosperam os trilobitas. Dia 19 - Primeiros peixes e vertebrados.

Dia 20 - Primeiras plantas vascularizadas, colonização vegetal da Terra.

Dia 21 - Primeiros insetos e primeiros animais a colonizar a terra.

Dia 22 - Primeiros anfíbios e insetos alados. Dia 23 - Primeiras árvores e répteis.

Dia 24 - Primeiros dinossauros. Dia 26 - Primeiros mamíferos.

Dia 27 - Primeiras aves. Dia 28 - Extinção dos dinossauros e primeiras flores.

Dia 29 - Primeiros cetáceos e primatas. Dia 30 - Primeiros hominídeos e proliferação de mamíferos

gigantes. Dia 31 - Primeiros seres humanos.

Descrição do último dia do calendário cósmico. HORA OCORRÊNCIAS

13:30 Surgem o Proconsul e Ramapithecus, prováveis ancestrais antropóides do homem.

22:30 Primeiros seres humanos surgem.

23:00 O homem está na idade da pedra.

23:46 O homem domestica o fogo.

23:56 Início da última glaciação.

23:58 O homem chega à Austrália.

Descrição do último minuto do calendário cósmico. 23h59min OCORRÊNCIAS

00s Numerosas pinturas em cavernas datam desta época.

20s Criação da agricultura.

35s Civilização Neolítica e primeiras cidades.

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50s Primeiras dinastias na Suméria e Egito.

51s Invenção do alfabeto, império Acadiano.

52s Código de Hamurabi na Babilônia e Reino Médio no Egito

53s Idade do bronze, cultura micênica, Guerra de Tróia, cultura Olmeca, bússola.

54s Idade do ferro, Primeiro Império Assírio, surge Israel, surge Cartago (fenícios).

55s Império Asoka (Índia), Ching (China), Atenas de Péricles, nasce Buda.

56s Império Romano e nascimento de Jesus Cristo.

57s Dinastia Sung (China), impérios Bizantino, Mongol e Cruzadas.

58s Renascimento, expansão européia, Dinastia Ming (China).

59s Descobrimento da América até os dias de hoje.

"A construção de quadros e calendários deste tipo é inevitavelmente humilhante. (...) Toda a história conhecida ocupa os últimos dez segundos do

dia 31 de dezembro; e o tempo compreendido entre o declínio da Idade Média e o presente ocupa pouco mais que um segundo. Mas, em virtude de

Ter sido feito o arranjo desse modo, o primeiro ano cósmico acabou de findar. E, apesar da insignificância do instante que ocupamos até agora no

tempo cósmico, é claro que o destino das coisas na Terra e em suas proximidades dependerá muito do conhecimento científico e da

sensibilidade própria da humanidade." Este calendário cósmico foi adaptado, constando apenas a evolução dos

seres vivos e, nos últimos segundos, os principais fatos históricos. Segundo este mesmo calendário, o Brasil só existiria há pouco mais de um segundo apenas. Eu, por exemplo, existo há pouco mais da metade de um décimo de segundo... Devo confessar que me senti ridiculamente insignificante diante

da magnitude do tempo que Carl Sagan descreveu. Capítulo 9

DILAPIDAÇÃO DO BIOPATRIMÔNIO OU BIODIVERSIDADE Ambiente

O lixão dos mares

Três milhões de toneladas de detritos concentrados em um ponto do Pacífico sinalizam o impacto devastador

da ação humana sobre os oceanos

Diogo Schelp Vista do espaço, a água predomina na Terra. Os oceanos cobrem 71% da superfície do planeta, com profundidade

média de 3.795 metros. Todas as elevações da terra exposta

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poderiam facilmente ser escondidas nas profundezas dos mares. É difícil acreditar que a poluição humana seja

capaz de ameaçar tal imensidão. O mesmo tipo de incredulidade pode ocorrer diante da grandeza da Floresta Amazônica. Quando se pensa que o solo amazônico é frágil e que, pouco enraizadas, as árvores dependem umas das outras para se manter em pé, percebe-se mais facilmente o perigo representado pelo desmatamento. Há similitudes com o mar. Vastas áreas do leito marinho são de terra estéril, pouco

capaz de sustentar a vida. Para sobreviverem e prosperarem, os animais marinhos dependem de nichos

ecológicos ricos em alimentos e biodiversidade. Os recifes de corais, verdadeiros viveiros marinhos, são um exemplo

bem conhecido. Quando a ação predatória da humanidade avança sobre esses nichos de biodiversidade ou depreda os estoques de peixes comerciais, está colocando em risco a cadeia alimentar

marinha. Os oceanos são imensos – mas o ritmo da poluição causada pela ação humana é intenso. A Grande Mancha de

Lixo, como é chamada a sopa de detritos no Oceano Pacífico, é exemplo do que se pode fazer para estragar o mar. A 2.000 quilômetros do litoral do Havaí, entre o arquipélago e a Califórnia, ela constitui o maior dos depósitos marinhos de lixo. Ali, pedaços de plástico,

restos de redes de pesca, roupas, garrafas e uma infinidade de detritos produzidos pelo homem superam em seis vezes o peso total dos zooplânctons, os organismos minúsculos que estão na base da cadeia alimentar marinha. São 3 milhões de toneladas de lixo, uma quantidade que São Paulo leva seis meses para produzir. Depósitos flutuantes de lixo são um fenômeno natural formado pelo movimento

circular das correntes marinhas, os chamados giros oceânicos. Já a Grande Mancha de Lixo, que pode ser

avistada de avião, é o sinal de degradação ambiental. O impacto nefasto da ação humana sobre os oceanos se dá de

várias formas. Aqui estão as mais significativas: Poluição – A face mais conhecida da sujeira lançada ao mar são os 4,5 milhões de toneladas de petróleo que vazam por ano nos oceanos. Os danos causados pelos resíduos sólidos são igualmente intensos. Cerca de 70% dos sacos plásticos, latas, garrafas e pneus são depositados no fundo do mar. O restante navega pela superfície ou fica preso nos grandes giros oceânicos. Esses lixões são devastadores para a vida marinha. Golfinhos, focas e tartarugas ficam presos em redes de pesca e morrem sufocados. Peixes e pássaros

engolem pedaços de plástico e de metal e também perdem a vida. Estima-se que o lixo acumulado nos mares seja o responsável direto pela morte de 1 milhão de aves e

mamíferos marinhos por ano. Quase todo esse lixo chega aos oceanos levado pelas águas dos rios ou é arrastado pela

maré de praias emporcalhadas. São despejadas 675 toneladas de resíduos sólidos por hora no mar – e 70% desse total é constituído de objetos feitos de plástico. Mesmo quando não há sequer uma garrafa pet à vista à beira-mar, não existe praia limpa: em todo o mundo, entre 5% e 10% da areia litorânea é formada por pellets – bolinhas de meio centímetro de diâmetro que servem de matéria-prima para a indústria de plásticos. Ingeridos por peixes, crustáceos e

moluscos, esses pellets afetam a alimentação humana. Dilapidação dos estoques marinhos – Nos últimos cinqüenta

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anos, a população mundial dobrou, enquanto o consumo de frutos do mar aumentou cinco vezes. A natureza não está

conseguindo repor os estoques pesqueiros. Das 200 espécies de peixe com maior interesse comercial, 120 são exploradas além da capacidade de recuperação das populações. A frota pesqueira mundial é de 4 milhões de barcos, o dobro do recomendável. Se continuar nesse ritmo, a indústria da pesca entrará em colapso em 2050 com o esgotamento do

estoque de peixes comercializáveis. Aquecimento da água – A temperatura média dos oceanos acompanha a tendência da mudança climática global: está mais quente. Um dos efeitos é o aumento das zonas mortas nos oceanos, porções dos mares nas quais a concentração de oxigênio é insuficiente para a manutenção da vida, com a exceção de algumas bactérias. As zonas mortas também são causadas pela decomposição de algas, que proliferam devido aos resíduos orgânicos produzidos pelo homem e despejados no mar. O número de zonas mortas aumentou de três para 150

nas últimas cinco décadas. Acidificação da água – O mar absorve parte do gás

carbônico acumulado na atmosfera. Como a concentração do gás aumentou, em conseqüência da poluição humana, sua absorção pelos oceanos também cresceu, deixando a água

mais ácida. A acidez provoca a descalcificação de espécies marinhas como os moluscos e destrói os corais, que, apesar

de cobrirem apenas 1% do solo dos oceanos, servem de abrigo para 25% da vida marinha. Como resultado, estima-se

que 16% das espécies de coral estejam ameaçadas de extinção.

Não se podem mais ignorar as conseqüências das ações humanas sobre a imensidão dos oceanos.

AS MELHORES PRÁTICAS DA BIOTECNOLOGIA PARA DESENVOLVER

MODELOS INOVADORES NO APROVEITAMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL DA BIODIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

Gonzalo Enríquez*

Elimar Pinheiro do Nascimento**

O VALOR ESTRATÉGICO DA BIODIVERSIDADE.

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Recentemente o Brasil voltou seu olhar para a

biodiversidade brasileira. Essa preocupação se justifica na busca pela conservação da diversidade biológica, já que

esta é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos

ecossistemas. Além disso, a diversidade biológica representa um imenso potencial de uso econômico, em especial com o uso da biotecnologia, e vem sendo

deteriorada com aumento da taxa de extinção de espécies, devido ao impacto das atividades antrópicas (Ferreira de

Souza Dias, 2002). Segundo Ferreira de Souza Dias, 2002, essa

preocupação com a conservação e uso sustentável da biodiversidade começou, mais acentuadamente, a partir da

Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), que estabeleceu pela primeira vez, nas diferentes nações, a

ligação entre a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento da biotecnologia. O que levou ao

reconhecimento do princípio da repartição dos benefícios advindos da comercialização de produtos da biotecnologia,

entre os países que desenvolveram um produto biotecnológico e os países de origem dos recursos

genéticos que serviram de base para o desenvolvimento desse produto. É o que se denomina como o rateio dos

custos de conservação da biodiversidade, com os países ricos se comprometendo a arcar com parcelas significativas do custo de conservação (os custos adicionais), tanto in

situ quanto ex situ, principalmente nos paises menos desenvolvidos, entretanto, ricos em biodiversidade. Dessa forma, o tema do manejo da biodiversidade, seu

aproveitamento, exploração, conservação, planejamento e repartição dos benefícios do seu uso, ao longo das cadeias produtivas, têm sido uma das preocupações fundamentais desde a Convenção da Biodiversidade, realizada no Rio de

Janeiro em 1992. Algumas das questões que a maioria dos pesquisadores

e responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas se faz é: Por que esse grande potencial de biodiversidade

existente no Brasil ainda não conseguiu ser mais expressivo na pauta de produção das economias regionais? e

Por que não se constituiu em um fator importante de desenvolvimento regional, de geração de riqueza e

erradicação da pobreza? Segundo Enríquez, da Silva e Cabral (2003), essas são

as maiores inquietações dos especialistas que conhecem um pouco das inúmeras possibilidades da Região, enquanto fonte de produtos naturais. Sabe-se, no entanto, que

apenas a dotação de recursos naturais não é garantia de crescimento econômico, tampouco de desenvolvimento sustentável para quem a detém. Conduzir processos

econômicos com base em produtos extrativos tem deixado uma perversa herança para a região. Os ciclos das drogas do sertão da borracha, madeira e minérios, dentre outros, resultaram num rastro de devastação sem a contrapartida

desejada para o desenvolvimento regional. “Nesse sentido, é de fundamental

importância a análise dos fatores que garantirão o uso racional dos recursos naturais da Amazônia, em uma perspectiva

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de sustentabilidade. O novo paradigma de desenvolvimento ressalta que mais do que potencialidade é preciso que existam condições concretas para que esses

produtos naturais possam se converter em verdadeiras oportunidades de negócios para impulsionar uma nova dinâmica na economia regional" (Enríquez, da Silva e Cabral,

2003). Haddad (1999) destaca que “quando se pretende definir

quais são as possibilidades de crescimento econômico de uma região a partir da sua dotação de recursos, é preciso

estar ciente de que o conceito de potencialidade de recursos é econômico e não físico. Ou seja, o valor de um recurso natural não é intrínseco ao material, mas depende da estrutura da demanda, dos custos relativos de produção, custos de transporte, das inovações tecnológicas que sejam comercialmente adotadas, etc.” O autor acrescenta que “a questão dos custos relativos é crítica: uma oportunidade favorável em alguma localidade ou região pode não ser explorada devidamente por causa da existência de uma melhor oportunidade em outra localidade ou região. Portanto, a incorporação das noções de custo de

oportunidade e de concorrência é importante para melhor compreensão do conceito de competitividade inter-

regional”. Nos últimos anos, ao lado da crescente pressão sobre

o meio ambiente decorrente das atividades humanas, com impactos sobre os recursos naturais e alterações nos habitats, tem crescido também a demanda por produtos

naturais de origem animal ou vegetal principalmente para setores produtivos de: óleos naturais, cosméticos/perfumes

e fármacos/controladores biológicos. Em relação a este ultimo ramo, cabe notar que a

pesquisa de substâncias biologicamente ativas de uso na indústria médico-farmacêutica tem ocupado um espaço

relevante em discussões nos meios científicos e políticos, principalmente, com o acirramento dos debates sobre o acesso aos recursos genéticos e a justa e eqüitativa

distribuição dos benefícios obtidos da sua utilização. Ao lado das discussões atuais sobre os impactos na

área médica quando da descoberta de novas drogas, também ficam evidentes os interesses econômicos envolvidos na

questão. A Associação Brasileira da Indústria Fitoterápica (Abifito), entidade que congrega em torno de 40 empresas do ramo, estima que 82% da população brasileira utiliza

produtos à base de ervas e que o setor fitoterápico movimenta por volta de R$1 bilhão por ano em toda a sua cadeia produtiva, empregando mais de cem mil pessoas no Brasil. Estudos revelam que a disseminação do uso de fitoterápicos é decorrente do fato de serem produtos simples, baratos, eficientes e não provocarem os

indesejáveis efeitos colaterais dos remédios alopáticos. No ramo da indústria cosmética os números são ainda

maiores. Especialistas indicam que nos Estados Unidos a indústria de cosméticos vende US$18 bilhões dos quais 10% são à base de produtos naturais. Daí o grande interesse

das empresas desse ramo em regiões ricas em biodiversidade, como a Amazônia brasileira. No Brasil, a indústria de cosméticos e afins tem crescido a uma taxa

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média anual de 8%, tendo passado de um faturamento líquido de R$ 5,5 bilhões, em 1997, para R$ 9,5 bilhões, em 2002.

As perspectivas otimistas de novas descobertas são acentuadas, de um lado, pelo desconhecimento generalizado

de nossos recursos naturais, e, de outro, pelo reconhecimento inequívoco das suas potencialidades. Segundo o Relatório Nacional para a Convenção sobre

Diversidade Biológica (MMA, 1998), o Brasil é o país de maior diversidade biológica do planeta, entre outros 17 países que reúnem 70% das espécies de animais e vegetais

até então catalogadas no mundo. Estima-se que o país possua de 15 a 20% de toda a diversidade biológica mundial e o maior número de espécies endêmicas do globo. São cerca de 55 a 60 mil espécies de plantas superiores (22 a 24% do

total mundial), 524 de mamíferos (131 endêmicos), 517 anfíbios (294 endêmicos), 1.622 espécies de aves (191 endêmicas), 468 répteis (172 endêmicos), cerca de 3.000 espécies de peixes de água doce e uma estimativa de 10 a

15 milhões de insetos. Alguns dos mais ricos biomas do mundo são, também,

encontrados no Brasil, como a Amazônia, o Pantanal, a Mata Atlântica e os Cerrados. Somente a Amazônia responde por cerca de 26% das florestas tropicais remanescentes no

planeta (Santos, 2000). Segundo o banco de dados de produtos naturais

mantido pela Universidade de Illinois, em Chicago, das 3.500 novas estruturas químicas obtidas a partir de fontes naturais, registradas até 1985, 2.618 eram provenientes de plantas superiores, 512 de plantas inferiores (liquens, fungos filamentosos e bactérias) e o restante proveniente de fontes diversas. Com relação às plantas superiores, apenas 9,5% haviam sido testadas quanto aos seus efeitos

farmacológicos, revelando grande potencial ainda não investigado.

As informações econômicas envolvendo a cadeia produtiva de produtos naturais obtidos a partir de

componentes da biodiversidade no Brasil estão dispersos no meio acadêmico e de pesquisa, em trabalhos de organizações não-governamentais e nas publicações oficiais do Governo

Brasileiro. Nesse sentido, as informações sobre o patrimônio

genético brasileiro quanto a sua localização, caracterização e nível de exploração real, ainda são

insuficientes devido à inexistência de uma política de bioprospecção que, como atividade exploratória, vise

identificar componentes do patrimônio genético e recopilar informação sobre conhecimento tradicional associado, com

potencial de uso comercial. Torna-se cada vez mais importante potencializar os estudos da biotecnologia para

se conhecer seu valor estratégico, aplicação e aproveitamento comercial da biodiversidade, bem como, aprofundar o debate sobre a bioprospecção, as cadeias

produtivas da biodiversidade* e, também, identificar nesse contexto o papel da bioindústria, as empresas de base

tecnológicas e os diferentes mecanismos de relação com o setor produtivo.

Para ampliar o uso da biotecnologia e da bioprospecção, no aproveitamento da biodiversidade da

Amazônia, é fundamental contar com instituições que atuem na cadeia produtiva, como centros de pesquisa que tenham

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capacidade para realizar inovações tecnológicas e estreitar as relações com o mercado por meio de mecanismos de gestão. Tais ações são fundamentais neste novo modelo

de exploração sustentável da biodiversidade, onde a bioindústria desempenha um papel estratégico para a

política industrial e tecnológica do Brasil. No âmbito macro, o artigo propõe um modelo de

desenvolvimento sustentável que, a partir da crescente demanda de produtos naturais em escala nacional e

internacional, promova o biocomércio sustentável no âmbito regional, como um modelo local de crescimento econômico

para geração de riqueza e erradicação da pobreza na Amazônia.

IMPACTOS ECONÔMICOS DA PERDA DA BIODIVERSIDADE. Desde a emergência da vida, há quatro bilhões de

anos, pelo menos cinco grandes episódios naturais provocaram drásticas reduções no número de espécies. Alguns especialistas consideram que a atual pressão antrópica sobre os ecossistemas seria o sexto grande

evento de extinção em massa. Em condições naturais, uma espécie é extinta a cada ano, mas hoje se estima que 10 mil espécies desaparecem anualmente (Da Veiga e Ehlers,

2000). É difícil estabelecer com segurança a importância

relativa dos seis fenômenos que mais provocam a perda da biodiversidade: destruição e alteração de habitats;

exploração de espécies “selvagens”, introdução de espécies exóticas, homogeneização, poluição e mudanças ambientais

globais. Segundo Da Veiga E. e Ehlers (2000) quanto à extinção

global de animais, estima-se que um terço seja provocada pela destruição/alteração de habitats, outro terço venha da introdução de espécies e o terceiro decorra de formas

insustentáveis de caça e de pesca. Mas cerca de dois terços dos estoques de peixes marinhos estão sendo ultra-

explorados ou já foram extintos. Três quartos dos desaparecimentos de pássaros decorrem diretamente das

mudanças de uso dos solos, exatamente como acontece com a extinção do planeta (Maffe e Carrol,1994, citado por Da

Veiga, E. e Ehlers, 2000). Além da degradação da Mata Atlântica, que no Brasil

não é um fenômeno recente, a Floresta Amazônica que é considerada a maior reserva de diversidade biológica do mundo, também tem sido alvo de intensa dilapidação. A

ausência de uma política de desenvolvimento rural aliada ao fluxo migratório para a região é incompatível com a necessidade de preservação e conservação dos recursos

florestais. Em Rondônia, por exemplo, a população saltou de 110 mil habitantes em 1975 para mais de um milhão em

1986, provocando a destruição de quase um terço das florestas daquele estado (Da Veiga e Ehlers, 2000). Cuidar o meio ambiente, no mundo, representa recursos

importantes, entretanto, sempre menos que os subsídios que se pagam às empresas agro-alimentares. A idéia é que a preservação do meio ambiente não detenha o crescimento

local e nem que o dinamismo econômico venha a destruir as características locais. Herman Benjamin (2001) aponta quatro macroameaças para a biodiversidade: destruição, fragmentação e degradação de habitats – destacada pelo

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autor como a mais perigosa: exploração predatória, introdução de espécies exóticas e aumento de pragas e doenças. Entretanto cabe ressaltar que a tecnologia

desempenha um importante e duplo papel. Em alguns estados da Amazônia, para onde a fronteira

agrícola está se expandido, o uso intensivo da tecnologia, para produzir produtos primários, como a soja (commodites)

e carne bovina, estão provocando a destruição do meio ambiente e gerando problemas estruturais para a economia da região, desemprego, doenças e principalmente encerrando as oportunidades da implantação de um novo modelo baseado

no desenvolvimento sustentável da economia. Um dos exemplos que demonstram esta realidade está no

cultivo da soja que apresenta uma rentabilidade de 2-3 tons/hectare e o preço da soja no mercado equivale a US$250/tonelada no mercado internacional e com um

rendimento de US$500 por hectare (PEREIRA da SILVA, 2005). Pó outro lado, um cálculo de rentabilidade de

investimento na atividade pecuária na Amazônia nós da uma relação de tempo médio de abate de 4 anos. A média do boi ao abate é de 240 kg (= 0,25 tonelada) o que representa 4 bois = 1 tonelada. Isso significa que 1630 mil toneladas

correspondem a 6.320.000 cabeças de gado. Manter a produção dessas 1630 mil toneladas anuais exige rebanho de

25 milhões de cabeças de gado (de bezerro, novilhas e abates). A conclusão deste segundo exemplo é de que o

rebanho de 25 milhões de cabeças representa cerca 3000 mil toneladas a média aceitável de 410 kg por hectares

constitui área de pasto de 7,5 milhões de hectares de desmatamento da Amazônia.

Finalmente, se conclui que se 7,5 milhões de hectares renderam 100 milhões de dólares aos frigoríficos e 4,4 bilhões de reais aos pecuaristas, o rendimento anual da

pecuária na Amazônia é 13.3 dólares + 590 reais por hectare, ou seja, cerca de 210 dólares por hectare

(Pereira da Silva, 2005). No outro extremo encontram-se os cálculos dos preços

no mercado de serpentes biopiratadas e outros animais silvestres (segundo a policia federal): bothrops atros

(300 reais); Surucucu (3.000 reais); aranha marron (30.000 reais) e coral (30.000 reais) (Pereira da Silva, 2005).

Com os avanços tecnológicos alcançados nas últimas décadas seria possível a utilização de recursos

tecnológicos para agregar valor à floresta em pé, com as queimadas e destruição da floresta amazônica perdem-se inúmeras possibilidades do aproveitamento comercial da

biodiversidade. As mudanças de paradigmas dos anos 1980, segundo

Egler (2004) e os avanços das novas tecnologias permitiram perceber a importância econômica da biodiversidade. Acontece um aumento na privatização de componentes

derivados da biodiversidade. Por outro lado, houve a constatação de que populações

tradicionais de países pobres e megadiversos estavam sendo usurpadas mais velozmente. Surgiu a necessidade de um regime internacional que conservasse a biodiversidade e

promovesse justiça e equidade (EGLER, 2004). Após a Convenção da Biodiversidade ampliou-se e

diversificou-se a presença de atores que não eram parte da agenda dos problemas da biodiversidade. Alguns dos mais

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importantes setores que se incorporaram aos estudos e debates das políticas públicas sobre as diversas

manifestações da biodiversidade foram: cientistas das áreas naturais e sociais, tecnólogos, mercado (empresas ‘bioprodutoras” e “bioconsumidoras”), estados nacionais

(nível global), entidades internacionais (âmbito mundial), não governamentais sóci-ambientais, populações locais.

Conjuntamente com a incorporação desses novos atores Egler (2004) destaca que houve novos focos de atenção, de estudo e de atuação que foram promovidos pelos acordos da

CBD, dentre os quais destaca: a conservação, o uso sustentável dos componentes da biodiversidade e o consenso sobre a necessidade da repartição justa e eqüitativa de

benefícios que gera a biodiversidade. Outro assunto que se destaca após da CDB é que os

Recursos Biológicos não são mais tidos como Patrimônio Comum da Humanidade, os Estados nacionais são soberanos

sobre seus recursos.

BIOCOMÉRCIO A idéia de biocomércio está representada por as

empresas, idéias e/ou projetos baseados no comércio de produtos ou serviços provenientes da biodiversidade os quais são rentáveis econômica e financeiramente e que

inclui critérios de sustentabilidade ambiental e social

Na agricultura, a biotecnologia tem se destacado cada

. Uma característica importante do biocomércio é que um ente facilitador, apóia processos de empresários e todo tipo de organizações produtivas, faz pesquisa estratégica. Em um contexto mais amplo o Biocomércio

está composto pelos produtos naturais não madeireiros, produtos de madeira e produtos agropecuários bem como o

ecoturismo. O biocomércio é uma ferramenta poderosa para proteção e aproveitamento econômico da

biodiversidade, tem sido introduzido no contexto do desenvolvimento de alguns países, principalmente dos

países emergentes. Uma outra característica do biocomércio consiste em que ele se concretiza a partir

do esforço contínuo de pesquisa, articulação interinstitucional e de ações inovadoras no âmbito

mundial.

A BIOPROSPECÇÃO Consiste em um mecanismo que permite o conhecimento e

novas possibilidades de uso comercial da biodiversidade, bem como pode contribuir com as comunidades locais para

melhorar suas condições de vida e maximizar suas oportunidades, a partir de políticas de inclusão social.

O objetivo básico de todo programa de bioprospecção consiste no descobrimento de organismos que possibilitem o

desenvolvimento de novos produtos. Todo programa de bioprospecção reúne três etapas básicas: inventário e

coleta de amostras, preparação de extratos e determinação das propriedades.

A bioprospecção pode ser definida ou entendida como o método ou forma de localizar, avaliar e explorar

sistemática e legalmente a diversidade de vida existente em determinado local, e tem como objetivo principal a busca de recursos genéticos e bioquímicos para fins

comerciais.

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vez mais, conseguindo excelentes sucessos na reprodução tanto de plantas quanto na melhoria de produção animal, com importantíssima colaboração de genes de plantas e animais etc. Dessa forma, a matéria prima, no caso a

diversidade de vida, passou a ter maior valor de mercado e, conseqüentemente, mais atenção dos países detentores

que, conscientes dessa valoração, passaram a buscar regras para a sua exploração. Assim, surgiu, em âmbito

planetário, uma nova forma de exploração de produtos, a exploração dos recursos naturais biológicos, ou seja, a exploração da biodiversidade, surgindo dessa forma, a

bioprospecção. Para a realização e efetivação da bioprospecção é

necessário que o poder público, as organizações particulares não governamentais (ONGs), as universidades

públicas e particulares, as empresas químicas e farmacêuticas entre outras, as comunidades e a

coletividade em geral participem concretamente através de convênios, contratos de concessão, permissão e parcerias

em geral. Diversas organizações da sociedade civil (Fórum

Ambiental 1998) criticam as ações de bioprospecção. O argumento é de que, no processo de perda da

biodiversidade, os principais agentes da conservação da biodiversidade, as comunidades locais, incluídos

agricultores, indígenas, pescadores e habitantes das florestas, estão sendo eliminados como tais, expulsos de seus territórios e do acesso aos recursos que eles mesmos têm conservado, e por anos têm sido à base da sua cultura e sustento. Seus conhecimentos ancestrais estão sendo despojados, fragmentados e transformados em mercadorias para o lucro, através da bioprospecção e o patenteamento.

Entretanto, outros setores consideram a bioprospecção uma atividade lucrativa que pode favorecer o

desenvolvimento e a conservação dos recursos dos países em desenvolvimento e das comunidades locais, devendo

realizar-se convênios transparentes que mostrem claramente qual será o benefício dessas comunidades a partir dessas parcerias e, tomando todas as cautelas necessárias para

que os danos sejam os menores possíveis. Apesar do processo de bioprospecção ser relativamente novo, podemos, desde já, destacar algumas de suas vantagens já alcançadas: propicia conhecimento da biodiversidade e seu potencial; fornece substâncias

importantes ao homem; favorece o crescimento econômico e desenvolvimento das cadeias produtivas da biodiversidade; é um fator gerador de empregos; proporciona recursos, através de fundos para a conservação; gera impostos;

melhora o nível científico do país e poderá melhorar o nível de vida das populações locais com a utilização

correta dos recursos naturais, através das microempresas, das aglomerações de empresas, APL´S e empresas de base

tecnológica. Não resta dúvida que dentre os mecanismos mais

importantes para contribuir com a industrialização (beneficiamento) e comercialização dos produtos naturais, principalmente, dos óleos naturais, as pequenas empresas de base tecnológica, constituem um mecanismo fundamental

para completar as cadeias produtivas ainda pouco expressivas no contexto da Amazônia.

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AS PEQUENAS EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA E SEU PAPEL

NA EXPLORAÇÃO DA BIODIVERSIDADE São os principais instrumentos de realização do

biocomércio e da bioprospecção, apresentam, apesar de um reduzido horizonte, inúmeras possibilidades e

potencialidades. Existem alguns indicadores para se avaliar as perspectivas das pequenas empresas, além de aumentar a taxa de ocupação e contribuir para aliviar a pobreza, elas apresentam a potencialidade de integração estrutural em setores formais, em redes e agrupações

locais - onde promovem negócios sustentáveis - dinamizando recursos e tecnologias nacionais, dentre outros aspectos, que revelam seu importante papel na dinâmica social e, principalmente, uma forte capacidade de gerar inovações

tecnológicas. É conhecido o fato de que apesar da publicidade e

marketing, acerca das corporações multinacionais e transnacionais e dos conglomerados que geram bilhões de dólares, maior número de pessoas localiza-se nos pequenos negócios do que nos grandes negócios (Perez, C, 2002).

No Brasil, as PME’s vêm assumindo um papel crescente. Em conseqüência desta reconhecida importância, esta

categoria de empresas tem recebido grande atenção, por parte de especialistas, bem como ocupado maior espaço na

agenda do governo e da iniciativa privada. Contrastando com essa importância, verifica-se que apenas três, de cada dez novos empreendimentos

classificados como PME’s, chegam ao quinto ano de criação. Considerando-se apenas o 1º ano de atividade, a taxa de mortalidade das PME’s chega a 40% do total de empresas

(Sebrae, 2004). As PME’s enfrentam diversas dificuldades,

principalmente, no acesso às informações, á tecnologia, aos sistemas de financiamento, ao mercado, à aquisição de

competências de gestão e à adoção de práticas de cooperação. Alta carga tributária, dentre outros

problemas, é um verdadeiro obstáculo ao desenvolvimento. Como alternativas a essa vulnerabilidade, estão

emergindo novas formas de organização, de cooperação e de iniciativas, que contribuem para que as PME’s consigam consolidar-se e ganhar competitividade. Dentre estas, destacam-se os diferentes processos de integração que

ganharam força em algumas regiões, como o caso dos APL´S, definidos como sistemas produtivos locais, caracterizados por um número expressivo de empresas de pequeno, ou muito pequeno porte, especializados em diferentes produtos e, as

já conhecidas incubadoras de empresas e parques tecnológicos.

Com relação aos APL´s uma das principais constatações das análises disponíveis com relação aos países em

desenvolvimento, consiste em que, apesar de incorporarem importantes elementos sobre a coordenação das atividades

ao longo das cadeias, ainda são extremamente reducionistas, no sentido de que geralmente limitam as possibilidades de transformação dos aglomerados locais a

uma quase inevitável integração à globalização via exportação de commodities.

As pequenas empresas de alta tecnologia (empresas de base tecnológica), com fortes esquemas de pesquisa e

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desenvolvimento, oferecem uma oportunidade muito maior para montagem de bases locais, regionais ou nacionais.

Elas estão capacitadas a interagir no âmbito das universidades e a obter suficiente apoio teórico e prático para encarar a biodiversidade e seus problemas. E, por serem empresas, elas dispõem das conexões certas para estabelecer ligações com a grande indústria. Essas

empresas, sendo boas, são extensivamente terceirizadas pela grande indústria dos países centrais. Nos Estados Unidos, elas representam 84% de toda a tecnologia que

chega ao mercado, a despeito de representarem aproximadamente 40% dos investimentos em pesquisa e

desenvolvimento realizados na área farmacêutica. Além disso, elas se localizam na periferia das grandes comunidades científicas e injetam de volta no meio

universitário 15 a 17% de sua receita na forma de apoio por um trabalho de pesquisa verdadeiramente inovador realizado por estudantes jovens e não comprometidos

intelectualmente (SCHNEIDER, 2005). Embora seja sempre difícil o transplante de modelos

criados nas nações industrializadas, o exame da situação brasileira parece mostrar que já existe uma suficiente aculturação da idéia. Mais de 10 Parques e umas 250 Incubadoras de empresas de base tecnológica estão

espalhados pelo País, embora claramente aglomerados em torno das grandes universidades ou de Institutos

Independentes. Será que algum deles poderá desempenhar o importante papel de modelo para o desenvolvimento

sustentável No caso das pequenas empresas de tecnologia do setor

farmacêutico, a resposta é claramente sim. O problema é que essas empresas não existem em número suficiente para atender à demanda, embora esse número esteja em rápido

crescimento. Uma das grandes dificuldades das pequenas empresas é

a falta de condições de infra-estrutura de tecnologia para gerar competitividade e agregar valor aos produtos.

Segundo Perez (2002), para serem competitivas as PME’s precisam apropriar-se das práticas gerenciais disponíveis em forma de modelos, métodos, técnicas,

ferramentas e estratégias que, conforme a experiência internacional, são acessíveis e aplicáveis com sucesso no

contexto das PME’s. As PME’s necessitam ser pequenas e competitivas,

conciliar a rentabilidade com a produtividade, qualidade e bom serviço para competir com sucesso, entendendo como competitividade a não agressividade e ferocidade para

destruir adversários, mas sim sendo as melhores, respondendo às exigências dos mercados, locais, nacionais

ou internacionais. Perez (2002) destaca três elementos essenciais para

que as pequenas empresas ganhem competitividade: o primeiro é o processo de melhoramento contínuo de todos seus membros, que contribui ao aprendizado organizacional da empresa, onde todos seus membros são parte do capital

humano que se incrementa, através da capacitação, observação dos processos de forma que cada empregado

identifica problemas a resolver, encontra soluções e gera inovações incrementais. Isto pressupõe a valorização e capacitação das pessoas, estimulando sua criatividade, o

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que vai promover nas pessoas um processo constate de absorção e domínio crescente, tanto das tecnologias que já

utiliza, bem como das novas que adquire e produz. Um segundo fator consiste na estratégia de

especialização, que permite à empresa identificar suas fortalezas e debilidades, bem como analisar o leque de opções de segmentos de mercados onde poderia competir em cenários mundiais cada vez mais diferenciados*, para saber selecionar e definir bem o mercado aonde a empresa vai a concorrer, Isso deve ter em consideração que a economia em escala não é a única alternativa, hoje já existem nichos aonde para o usuário pode ser mais importante a qualidade,

a oportunidade da entrega ou o serviço (Perez, 2OO2). O terceiro elemento colocado por Perez (2002) é a

participação em redes de cooperação com sócios que as complementem, tomando consciência de que a competitividade e cooperação não são dois conceitos opostos e aprendendo que as redes de apoio e cooperação são características das

empresas mais bem sucedidas no mercado mundial. Segundo Amaral (1999), a certeza de que “ser grande é

muito vantajoso”, mudou, principalmente por causa das vantagens proporcionadas pelas economias internas de

escala das grandes companhias privadas. Foram as grandes transformações, especialmente da década de 1990, que

levaram ao aparecimento das PME’s no cenário nacional e internacional.

CÓMO A BIOTECNOLOGIA TRANSFORMOU À BIODIVERSIDADE EM UM

RECURSO ESTRATÉGICO? Na atualidade, o acervo genético do planeta esta-se

transformando em um recurso de grande valor econômico. As grandes empresas transnacionais estão explorando as

regiões com abundante diversidade biológica, a fim de encontrar recursos genéticos com potencial no mercado.

Nesse sentido, desde finais do Século XX, tem-se intensificado o interesse pelas matérias primas nas zonas geográficas com megabiodiversidade biológica. A terra, o

ar e agua constituem a base dos recursos naturais no mundo, entretanto, o germoplasma começa a considerar-se um recurso de grande importância. A enorme utilidade deste

recurso genético tem-se visto pronunciada pelo desenvolvimento da Engenharia genética e a biotecnologia

(Sule, 2005) Segundo Kloppenburg, 1992. “Hoje em dia vivemos o

começo de uma nova era da produção na qual a informação genética será utilizada como matéria prima fundamental. Posto que agora um instrumento de produção do engenheiro genético, o inventário completo dos recursos genéticos tem-se tornado fundamentais em um sentido econômico”

(Kloppenburg, 1992). O mundo, onde a crise ecológica, as doenças, a fome e

a pobreza, avançam paralelamente ao progresso da ciência e a tecnologia, a biotecnologia se constitui como uma via

para a solução dos problemas mais urgentes e para melhorar a vida. O esgotamento constante dos combustíveis não

renováveis a crescente poluição causada pelo seu uso, faz que a civilização procure novas formas de dominar a

energia da natureza. Além do mais, existe uma busca que tende à substituição de matérias primas escassas e caras, como o petróleo, por outras provenientes de fontes baratas

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e facilmente acessíveis. Assistimos à transição não apenas de um milênio ou um século para outro, como também mudanças levam à

reestruturação de muitos aspectos da vida, e onde o padrão tecnológico aponta às tecnologias biológicas e a trabalhar com material vivo, principalmente, os recursos genéticos,

como seu fonte para os bens comerciais. Praticamente não existe campo que a biotecnologia não

possa permear ou reestruturar (reconfigurar). Pode-se vislumbrar uma época que trará mudanças muito importantes e que acarretará não necessariamente a uma transformação do modo de produção atual, mas a uma reestruturação ao

menos do Sistema Internacional do Trabalho onde os países do centro serão os que proveram os investimentos e as

ferramentas tecnológicas, entretanto os países periféricos abastecerão de matérias primas em qualidade e de

“germoplasmas” ou recursos genéticos (Sule, 2005). Este acervo ou material genético encontra-se na

biodiversidade –os seres vivos e os ecossistemas onde vivem –, que se encontra ameaçada pela crise ecológica e o

abuso, do qual tem sido vítima, pelas necessidades do hegemônico modo de produção capitalista. Nesse sentido, as

empresas e institutos de pesquisa de biotecnologia procuram formar bancos de dados genéticos que contenham a informação de todos os genes existentes no planeta, quer

dizer, da diversidade biológica. Segundo Bartra, 2001, “o sustento da revolução

biotecnológica é a revolução informática e o monopólio do “germoplasma” adota cada vez mais a forma de bases de dados [...] Os bancos de “germoplasma” e a informação

sobre os códigos genéticos são a base da inédita indústria da vida”.

Desta forma os recursos naturais evolucionam da qualidade do necessário ao estratégico, já que deixam de ser parte da dotação de recursos e matérias para começar a ser um acervo genético, que se forma com a apropriação e uso de novas técnicas, junto com um sistema de patentes. Essa revalorização dos recursos como reservas bióticas –

as mais importantes encontram-se na Amazônia, na Indonésia, Austrália e no sudeste mexicano–, se da ao converter-se em fontes adicionais do desenvolvimento tecnológico na medida em que proporcionam códigos de informação e possibilidades de criação múltiplas. As

técnicas adquiridas para finais do século XX permitem o desenvolvimento e aplicação de novas opções para manipular a matéria viva mediante a engenharia genética. Não é por acaso que atualmente a produção biótica seja uma indústria

em expansão que no sistema econômico do mercado está ocupando espaços crescentes e atualmente representa cerca

de um 45% da economia mundial (Bartra, 2001). Torna-se fundamental mencionar que a maioria dos

recursos genéticos se encontra nos países periféricos dado que contam com megabiodiversidade biológica: as selvas tropicais cobrem mais de 7% da superfície do Planeta,

entretanto, contem mais da metade das espécies do planeta. Apenas no México tem-se identificado mais de 30 mil

espécies de plantas superiores, no Brasil de 50 a 60 mil. Essa relação contrasta com os Estados Unidos que contem 18

mil espécies e Europa donde existem somente 12 mil (Kloppenburg, 1992). Por outro lado, os bosques tropicais

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constituem outro dos depósitos chaves da diversidad biológica do mundo, apesar de que somente ocupam 6% da

superfície terrestre, contem outra parte significativa das espécies da terra. Estes são os resultados de milhões de

anos de evolução, conformando um banco genético insubstituível e carregado de possibilidades para a

nascente revolução tecnológica. Conclusão

Recentemente foi publicado (Folha de São Paulo, 23/07/06) um artigo assinado pelos ministros da Saúde, da Agricultura, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior, Pecuária e Abastecimento e da Ciência e Tecnologia. A idéia central do artigo consiste no

reconhecimento, por parte do Governo da importância de uma política pública consistente e de longo prazo para o setor de biotecnologia. Uma política nacional para o setor de biotecnologia, denominada de Política de Desenvolvimento de Biotecnologia, o documento identifica as prioridades e

ações do governo no segmento para incentivar a competitividade da indústria brasileira, acelerar o

crescimento econômico e criar novos postos de trabalho. A Na prática, significa ter foco na inovação e na

integração entre pesquisa e produção, buscando desenvolver produtos e processos biotecnológicos inovadores, elevar a eficiência produtiva, ampliar a capacidade de inovação das empresas e expandir as exportações. Com isso, espera-se que o Brasil possa se tornar, num período de cinco a dez anos, um dos países líderes na indústria do setor Folha de

São Paulo (23/07/06). Ressaltando a importância estratégica da

biotecnologia o Governo Federal destinará esforços e recursos para a produção de vacinas e hemoderivados, além de outros produtos e serviços especializados que atendam às demandas em saúde pública; para o desenvolvimento de

processos ligados à biomassa e de uso alimentício, cosmético, ambiental, bem como estimular a geração de produtos agropecuários estratégicos, visando novos

patamares de competitividade e a segurança alimentar, mediante a introdução de inovações e a diferenciação de produtos que viabilizem a conquista de novos mercados.

A biotecnologia é considerada prioridade pelo governo federal. Essa mudança de atitude em relação ao setor vem sendo realizada desde 2004, quando foi lançada a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE). O setor não só foi incluído na política, mas também foi considerado uma das áreas prioritárias do programa.

Uma das ações mais importantes anunciada pelos ministros foi a criação, na terceira semana de julho, da Associação de Biotecnologia da Amazônia (ABA), entidade responsável pela gestão do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), que tem o objetivo de transformar a biodiversidade da região em produtos inovadores. O objetivo maior é fazer com que a biotecnologia seja não só um setor portador de futuro, mas também do

presente. Um país que possui 25% da biodiversidade do planeta e uma capacidade científica comparável à dos países mais desenvolvidos do mundo precisa saber como transformar esse enorme potencial em oportunidades e

empregos. Da mesma forma que o Brasil é líder no setor de biocombustíveis, pode desenvolver uma bioindústria pujante

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e de ponta. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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CAPRA, Fritjof. Sabedoria Incomum. Editora Pensamento-Cultrix Ltda, São Paulo, 1988 p 169-214;

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