A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS Elaine Ferreira Campos Belo Horizonte 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ODONTOLOGIA

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE

ESCOLARES BRASILEIROS

Elaine Ferreira Campos

Belo Horizonte

2016

Elaine Ferreira Campos

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE

ESCOLARES BRASILEIROS

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Colegiado do Programa de

Poacutes-Graduaccedilatildeo da Faculdade de Odontologia da

Universidade Federal de Minas Gerais como requisito

parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em Odontologia

ndash Aacuterea de Concentraccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

Orientadora Profordf Drordf Andreacutea Maria Duarte Vargas

Co-orientadora Profordf Drordf Efigecircnia Ferreira e Ferreira

Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Belo Horizonte

2016

Dedico agrave Deus

por abrir a porta que possibilitou todos os

desafios e vitoacuterias Sem Ele nada seria possiacutevel

Haroldinho Bruno e Iasmin

vocecircs satildeo o maior presente que recebi de Deus

Haroldo Baecircta seu apoio foi

fundamental em tudo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente agrave Deus por sua bondade e misericoacuterdia em conceder

- me tamanha oportunidade para trilhar esse caminho e por suprir todas as minhas

necessidades fiacutesicas e espirituais

Aos meus filhos Haroldo Bruno e Iasmin pelo amor compreensatildeo apoio

incentivando - me em todos os momentos da vida

Aos meus pais Acircngelo e Vitoacuteria e meus irmatildeos que sempre fizeram - me

lembrar que a famiacutelia eacute o bem precioso que Deus nos concede

Agrave minha orientadora Profordf Dra Andreacutea Vargas por dar - me a oportunidade

de aprender e a evoluir como profissional ajudando - me dia a dia com sua

paciecircncia dedicaccedilatildeo e sabedoria mostrando - me sempre o alvo

Agrave minha co ndash orientadora Profordf Dra Efigecircnia Ferreira por sua simplicidade

generosidade sabedoria e por confiar - me o caminho a percorrer

A todos os professores da poacutes - graduaccedilatildeo que dedicam suas vidas em

funccedilatildeo da ciecircncia e contribuem com seus ensinamentos para que possamos evoluir

e conquistarmos nossos objetivos sempre em prol do bem da sociedade

Agrave escola e as crianccedilas participantes desta pesquisa que gentilmente nos

receberam e colaboraram para que esse trabalho pudesse ser realizado

Nem olhos viram nem ouvidos ouviram nem jamais penetrou em coraccedilatildeo

humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam

I Coriacutentios 2 9-10

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de escolares sobre

qualidade de vida e conhecer dos aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que estatildeo

relacionados a essa percepccedilatildeo Este estudo foi realizado com e s c o l a r e s de 7-

10 anos em uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo

metropolitana de Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas

Gerais A seleccedilatildeo da escola se orientou na disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira Optou-se pela abordagem qualitativa uma

vez que pretendiacuteamos compreender o que representa uma vida com qualidade para

as crianccedilas Na escola participante foram sorteadas trecircs turmas que contemplavam a

faixa etaacuteria de 7-10 anos A amostra foi de 22 participantes cujos pais ou

responsaacuteveis autorizaram a participaccedilatildeo da crianccedila Os meacutetodos utilizados para a

coleta de dados foram o desenho a narrativa apoacutes o desenho e a entrevista com

trecircs perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a crianccedila A escolha do

desenho a narrativa e a entrevista considerou o fato de serem uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo dos escolares nas faixas etaacuteria do estudo A coleta de

dados utilizou duas fases a primeira fase foi da coleta por meio do desenho com

narrativa feita em t r ecirc s etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa

dos desenhos A segunda fase foi a entrevista com trecircs perguntas Os dados foram

analisados utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos que considerou os resultados das

narrativas dos desenhos feitos pelos escolares autores dos mesmos e as

entrevista pert inentes ao tema da pesquisa que evidenciaram os nuacutecleos

de sentido e temas definidos por consenso Dessa forma distinguiram as variaacuteveis

que foram organizadas em quatro categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos

brincadeiras animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Essas categorias

revelaram a importacircncia de compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas como um ser

autecircntico autocircnomo capaz de refletir e interagir manifestando o que entendem

sobre o seu bem estar Os resultados apontam para a importacircncia das crianccedilas

participarem das etapas de construccedilatildeo dos questionaacuterios de qualidade de vida pois

algumas dimensotildees relatadas jaacute vinham sendo incluiacutedas (famiacutelia brincadeiras

amigos) mas outras como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo

normalmente encontradas

Palavras ndash chave Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

ABSTRACT

The perception of quality of life among Brazilian schoolchildren

This research aimed to understand the perceptions of students about quality of life

and meet the physical social and psychological factors that are related to this

perception This study was conducted with students from 7-10 years in a public

school elementary school located in the metropolitan region of Belo Horizonte in

the city of Contagem in Minas Gerais The selection of the school is guided in the

availability of work with a school of different social contexts in relation to schools in

other countries and to represent the Brazilian reality We opted for the qualitative

approach since we wanted to understand what is a life quality for children In

participating school were randomly selected three groups that contemplated the age

group of 7-10 years The sample consisted of 22 participants whose parents or

guardians have authorized the childs participation The methods used for data

collection were the design narrative after drawing and interview with three questions

about what it means quality of life for the child The choice of design narrative and

interview considered the fact that they are a good way of expression and

verbalization of school age in the study groups Data collection used two phases the

first phase was the collection by the design narrative done in three stages free

design theme design and the narrative of the drawings The second stage was the

interview with three questions Data were analyzed using triangulation methods that

considered the results of the narratives of the drawings made by the school of the

same authors and interview relevant to the subject of research that showed the core

meanings and themes defined by consensus Thus distinguished the variables that

were organized into four categories family childish things (friends games animals)

values Structural conditions security These categories revealed the importance of

understand the perception of children as an authentic being autonomous able to

reflect and interact expressing what they understand about their welfare The results

point to the importance of children participating in the stages of construction of quality

of life questionnaires as some reported dimensions had already been included

(family games friends) but others such as security living conditions and values are

not normally found

Key words Quality of life Scholars Childish drawing Narrative

LISTA DE SIGLAS

CE ndash Comissatildeo Europeacuteia

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDHM ndash Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

QV ndash Qualidade de Vida

QVRS ndash Qualidade de Vida Relacionada agrave Sauacutede

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais

WHOQOL GROUP - World Health Organization Quality of Life Group

SUMAacuteRIO

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS12

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral17

22 Objetivos Especiacuteficos17

3 METODOLOGIA18

31Estudo Piloto19

32Coleta de Dados20

321Primeira Fase20

3211Desenho Livre20

3212Desenho Temaacutetico20

3213 Narrativa dos desenhos21

322 Segunda Fase Entrevista21

33Anaacutelise dos Dados22

34 Aspectos Eacuteticos23

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS48

REFEREcircNCIAS49

APEcircNDICES 52

ANEXOS65

12

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL GROUP 1994) da divisatildeo

de Sauacutede Mental da OMS qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua

posiccedilatildeo na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees

O termo qualidade de vida possui caraacuteter polissecircmico e seu conceito

humaniacutestico relaciona- se ao grau de satisfaccedilatildeo encontrado na vida familiar afetiva

social e do ambiente e agrave proacutepria existecircncia Abrangem conhecimentos experiecircncias

e valores de indiviacuteduos e coletividades que nele se inserem em eacutepocas espaccedilos e

histoacuterias diferentes em uma construccedilatildeo social e relatividade cultural (Minayo 2000)

O conceito de qualidade de vida eacute apresentado atraveacutes de uma perspectiva

multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e social e de

uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua

experiecircncia de vida (Soares et al 2011)

Miu-Chi Lun amp Bond (2015) propuseram que o bem estar subjetivo surge a

partir da satisfaccedilatildeo das proacuteprias necessidades baacutesicas e alcanccedilar as necessidades

especiacuteficas variam de acordo com o sexo idade e cultura nacional Afirmaram que

termos como satisfaccedilatildeo com a vida felicidade bem estar subjetivo ou o bem-estar

psicoloacutegico foram utilizados para indicar o grau em que um indiviacuteduo vive uma boa

vida e significam a mesma coisa para todas as pessoas em diversas culturas Em

seu estudo consideram que questotildees relacionadas com o indiviacuteduo iriam afetar a

forma como esse indiviacuteduo avalia sua vida como um todo devido agrave sauacutede fiacutesica ou

condiccedilatildeo financeira relaccedilotildees sociais com outras pessoas ou a estabilidade do

ambiente poliacutetico da proacutepria sociedade Assim reafirmam que a importacircncia relativa

destas necessidades podem variar dado o tempo em que o indiviacuteduo nasce o papel

de gecircnero que ocupa e o contexto sociocultural em que vive

Sobre a definiccedilatildeo de percepccedilatildeo o estudo de Oliveira amp Mouratildeo Junior (2013)

afirma que para a filosofia a percepccedilatildeo apresenta iacutentima ligaccedilatildeo com os sentidos e

inicialmente eacute realizada pelos sistemas sensoriais de maneira separada em sua

fase analiacutetica como se cada caracteriacutestica fosse separada como a forma a cor os

movimentos Entretanto a percepccedilatildeo enxerga o mundo em sua totalidade na fase

sinteacutetica e natildeo com sensaccedilotildees fragmentadas Relata que para as neurociecircncias

percepccedilatildeo significa a capacidade nos seres humanos de associar as informaccedilotildees

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 2: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

Elaine Ferreira Campos

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE

ESCOLARES BRASILEIROS

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Colegiado do Programa de

Poacutes-Graduaccedilatildeo da Faculdade de Odontologia da

Universidade Federal de Minas Gerais como requisito

parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em Odontologia

ndash Aacuterea de Concentraccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

Orientadora Profordf Drordf Andreacutea Maria Duarte Vargas

Co-orientadora Profordf Drordf Efigecircnia Ferreira e Ferreira

Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Belo Horizonte

2016

Dedico agrave Deus

por abrir a porta que possibilitou todos os

desafios e vitoacuterias Sem Ele nada seria possiacutevel

Haroldinho Bruno e Iasmin

vocecircs satildeo o maior presente que recebi de Deus

Haroldo Baecircta seu apoio foi

fundamental em tudo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente agrave Deus por sua bondade e misericoacuterdia em conceder

- me tamanha oportunidade para trilhar esse caminho e por suprir todas as minhas

necessidades fiacutesicas e espirituais

Aos meus filhos Haroldo Bruno e Iasmin pelo amor compreensatildeo apoio

incentivando - me em todos os momentos da vida

Aos meus pais Acircngelo e Vitoacuteria e meus irmatildeos que sempre fizeram - me

lembrar que a famiacutelia eacute o bem precioso que Deus nos concede

Agrave minha orientadora Profordf Dra Andreacutea Vargas por dar - me a oportunidade

de aprender e a evoluir como profissional ajudando - me dia a dia com sua

paciecircncia dedicaccedilatildeo e sabedoria mostrando - me sempre o alvo

Agrave minha co ndash orientadora Profordf Dra Efigecircnia Ferreira por sua simplicidade

generosidade sabedoria e por confiar - me o caminho a percorrer

A todos os professores da poacutes - graduaccedilatildeo que dedicam suas vidas em

funccedilatildeo da ciecircncia e contribuem com seus ensinamentos para que possamos evoluir

e conquistarmos nossos objetivos sempre em prol do bem da sociedade

Agrave escola e as crianccedilas participantes desta pesquisa que gentilmente nos

receberam e colaboraram para que esse trabalho pudesse ser realizado

Nem olhos viram nem ouvidos ouviram nem jamais penetrou em coraccedilatildeo

humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam

I Coriacutentios 2 9-10

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de escolares sobre

qualidade de vida e conhecer dos aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que estatildeo

relacionados a essa percepccedilatildeo Este estudo foi realizado com e s c o l a r e s de 7-

10 anos em uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo

metropolitana de Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas

Gerais A seleccedilatildeo da escola se orientou na disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira Optou-se pela abordagem qualitativa uma

vez que pretendiacuteamos compreender o que representa uma vida com qualidade para

as crianccedilas Na escola participante foram sorteadas trecircs turmas que contemplavam a

faixa etaacuteria de 7-10 anos A amostra foi de 22 participantes cujos pais ou

responsaacuteveis autorizaram a participaccedilatildeo da crianccedila Os meacutetodos utilizados para a

coleta de dados foram o desenho a narrativa apoacutes o desenho e a entrevista com

trecircs perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a crianccedila A escolha do

desenho a narrativa e a entrevista considerou o fato de serem uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo dos escolares nas faixas etaacuteria do estudo A coleta de

dados utilizou duas fases a primeira fase foi da coleta por meio do desenho com

narrativa feita em t r ecirc s etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa

dos desenhos A segunda fase foi a entrevista com trecircs perguntas Os dados foram

analisados utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos que considerou os resultados das

narrativas dos desenhos feitos pelos escolares autores dos mesmos e as

entrevista pert inentes ao tema da pesquisa que evidenciaram os nuacutecleos

de sentido e temas definidos por consenso Dessa forma distinguiram as variaacuteveis

que foram organizadas em quatro categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos

brincadeiras animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Essas categorias

revelaram a importacircncia de compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas como um ser

autecircntico autocircnomo capaz de refletir e interagir manifestando o que entendem

sobre o seu bem estar Os resultados apontam para a importacircncia das crianccedilas

participarem das etapas de construccedilatildeo dos questionaacuterios de qualidade de vida pois

algumas dimensotildees relatadas jaacute vinham sendo incluiacutedas (famiacutelia brincadeiras

amigos) mas outras como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo

normalmente encontradas

Palavras ndash chave Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

ABSTRACT

The perception of quality of life among Brazilian schoolchildren

This research aimed to understand the perceptions of students about quality of life

and meet the physical social and psychological factors that are related to this

perception This study was conducted with students from 7-10 years in a public

school elementary school located in the metropolitan region of Belo Horizonte in

the city of Contagem in Minas Gerais The selection of the school is guided in the

availability of work with a school of different social contexts in relation to schools in

other countries and to represent the Brazilian reality We opted for the qualitative

approach since we wanted to understand what is a life quality for children In

participating school were randomly selected three groups that contemplated the age

group of 7-10 years The sample consisted of 22 participants whose parents or

guardians have authorized the childs participation The methods used for data

collection were the design narrative after drawing and interview with three questions

about what it means quality of life for the child The choice of design narrative and

interview considered the fact that they are a good way of expression and

verbalization of school age in the study groups Data collection used two phases the

first phase was the collection by the design narrative done in three stages free

design theme design and the narrative of the drawings The second stage was the

interview with three questions Data were analyzed using triangulation methods that

considered the results of the narratives of the drawings made by the school of the

same authors and interview relevant to the subject of research that showed the core

meanings and themes defined by consensus Thus distinguished the variables that

were organized into four categories family childish things (friends games animals)

values Structural conditions security These categories revealed the importance of

understand the perception of children as an authentic being autonomous able to

reflect and interact expressing what they understand about their welfare The results

point to the importance of children participating in the stages of construction of quality

of life questionnaires as some reported dimensions had already been included

(family games friends) but others such as security living conditions and values are

not normally found

Key words Quality of life Scholars Childish drawing Narrative

LISTA DE SIGLAS

CE ndash Comissatildeo Europeacuteia

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDHM ndash Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

QV ndash Qualidade de Vida

QVRS ndash Qualidade de Vida Relacionada agrave Sauacutede

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais

WHOQOL GROUP - World Health Organization Quality of Life Group

SUMAacuteRIO

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS12

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral17

22 Objetivos Especiacuteficos17

3 METODOLOGIA18

31Estudo Piloto19

32Coleta de Dados20

321Primeira Fase20

3211Desenho Livre20

3212Desenho Temaacutetico20

3213 Narrativa dos desenhos21

322 Segunda Fase Entrevista21

33Anaacutelise dos Dados22

34 Aspectos Eacuteticos23

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS48

REFEREcircNCIAS49

APEcircNDICES 52

ANEXOS65

12

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL GROUP 1994) da divisatildeo

de Sauacutede Mental da OMS qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua

posiccedilatildeo na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees

O termo qualidade de vida possui caraacuteter polissecircmico e seu conceito

humaniacutestico relaciona- se ao grau de satisfaccedilatildeo encontrado na vida familiar afetiva

social e do ambiente e agrave proacutepria existecircncia Abrangem conhecimentos experiecircncias

e valores de indiviacuteduos e coletividades que nele se inserem em eacutepocas espaccedilos e

histoacuterias diferentes em uma construccedilatildeo social e relatividade cultural (Minayo 2000)

O conceito de qualidade de vida eacute apresentado atraveacutes de uma perspectiva

multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e social e de

uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua

experiecircncia de vida (Soares et al 2011)

Miu-Chi Lun amp Bond (2015) propuseram que o bem estar subjetivo surge a

partir da satisfaccedilatildeo das proacuteprias necessidades baacutesicas e alcanccedilar as necessidades

especiacuteficas variam de acordo com o sexo idade e cultura nacional Afirmaram que

termos como satisfaccedilatildeo com a vida felicidade bem estar subjetivo ou o bem-estar

psicoloacutegico foram utilizados para indicar o grau em que um indiviacuteduo vive uma boa

vida e significam a mesma coisa para todas as pessoas em diversas culturas Em

seu estudo consideram que questotildees relacionadas com o indiviacuteduo iriam afetar a

forma como esse indiviacuteduo avalia sua vida como um todo devido agrave sauacutede fiacutesica ou

condiccedilatildeo financeira relaccedilotildees sociais com outras pessoas ou a estabilidade do

ambiente poliacutetico da proacutepria sociedade Assim reafirmam que a importacircncia relativa

destas necessidades podem variar dado o tempo em que o indiviacuteduo nasce o papel

de gecircnero que ocupa e o contexto sociocultural em que vive

Sobre a definiccedilatildeo de percepccedilatildeo o estudo de Oliveira amp Mouratildeo Junior (2013)

afirma que para a filosofia a percepccedilatildeo apresenta iacutentima ligaccedilatildeo com os sentidos e

inicialmente eacute realizada pelos sistemas sensoriais de maneira separada em sua

fase analiacutetica como se cada caracteriacutestica fosse separada como a forma a cor os

movimentos Entretanto a percepccedilatildeo enxerga o mundo em sua totalidade na fase

sinteacutetica e natildeo com sensaccedilotildees fragmentadas Relata que para as neurociecircncias

percepccedilatildeo significa a capacidade nos seres humanos de associar as informaccedilotildees

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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43- Minayo MCS Assis SG Souza ER Fala galera juventude violecircncia e cidadania na cidade

do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Garamond 1999

48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

REFEREcircNCIAS

ARAUacuteJO LF TAVARES HM A significaccedilatildeo do desenho infantil e a percepccedilatildeo do

professor 2011 Disponiacutevel em wwwsociaisufubrrecsv2n19-17 Acesso em 24

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1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

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3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 3: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

Dedico agrave Deus

por abrir a porta que possibilitou todos os

desafios e vitoacuterias Sem Ele nada seria possiacutevel

Haroldinho Bruno e Iasmin

vocecircs satildeo o maior presente que recebi de Deus

Haroldo Baecircta seu apoio foi

fundamental em tudo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente agrave Deus por sua bondade e misericoacuterdia em conceder

- me tamanha oportunidade para trilhar esse caminho e por suprir todas as minhas

necessidades fiacutesicas e espirituais

Aos meus filhos Haroldo Bruno e Iasmin pelo amor compreensatildeo apoio

incentivando - me em todos os momentos da vida

Aos meus pais Acircngelo e Vitoacuteria e meus irmatildeos que sempre fizeram - me

lembrar que a famiacutelia eacute o bem precioso que Deus nos concede

Agrave minha orientadora Profordf Dra Andreacutea Vargas por dar - me a oportunidade

de aprender e a evoluir como profissional ajudando - me dia a dia com sua

paciecircncia dedicaccedilatildeo e sabedoria mostrando - me sempre o alvo

Agrave minha co ndash orientadora Profordf Dra Efigecircnia Ferreira por sua simplicidade

generosidade sabedoria e por confiar - me o caminho a percorrer

A todos os professores da poacutes - graduaccedilatildeo que dedicam suas vidas em

funccedilatildeo da ciecircncia e contribuem com seus ensinamentos para que possamos evoluir

e conquistarmos nossos objetivos sempre em prol do bem da sociedade

Agrave escola e as crianccedilas participantes desta pesquisa que gentilmente nos

receberam e colaboraram para que esse trabalho pudesse ser realizado

Nem olhos viram nem ouvidos ouviram nem jamais penetrou em coraccedilatildeo

humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam

I Coriacutentios 2 9-10

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de escolares sobre

qualidade de vida e conhecer dos aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que estatildeo

relacionados a essa percepccedilatildeo Este estudo foi realizado com e s c o l a r e s de 7-

10 anos em uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo

metropolitana de Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas

Gerais A seleccedilatildeo da escola se orientou na disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira Optou-se pela abordagem qualitativa uma

vez que pretendiacuteamos compreender o que representa uma vida com qualidade para

as crianccedilas Na escola participante foram sorteadas trecircs turmas que contemplavam a

faixa etaacuteria de 7-10 anos A amostra foi de 22 participantes cujos pais ou

responsaacuteveis autorizaram a participaccedilatildeo da crianccedila Os meacutetodos utilizados para a

coleta de dados foram o desenho a narrativa apoacutes o desenho e a entrevista com

trecircs perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a crianccedila A escolha do

desenho a narrativa e a entrevista considerou o fato de serem uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo dos escolares nas faixas etaacuteria do estudo A coleta de

dados utilizou duas fases a primeira fase foi da coleta por meio do desenho com

narrativa feita em t r ecirc s etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa

dos desenhos A segunda fase foi a entrevista com trecircs perguntas Os dados foram

analisados utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos que considerou os resultados das

narrativas dos desenhos feitos pelos escolares autores dos mesmos e as

entrevista pert inentes ao tema da pesquisa que evidenciaram os nuacutecleos

de sentido e temas definidos por consenso Dessa forma distinguiram as variaacuteveis

que foram organizadas em quatro categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos

brincadeiras animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Essas categorias

revelaram a importacircncia de compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas como um ser

autecircntico autocircnomo capaz de refletir e interagir manifestando o que entendem

sobre o seu bem estar Os resultados apontam para a importacircncia das crianccedilas

participarem das etapas de construccedilatildeo dos questionaacuterios de qualidade de vida pois

algumas dimensotildees relatadas jaacute vinham sendo incluiacutedas (famiacutelia brincadeiras

amigos) mas outras como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo

normalmente encontradas

Palavras ndash chave Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

ABSTRACT

The perception of quality of life among Brazilian schoolchildren

This research aimed to understand the perceptions of students about quality of life

and meet the physical social and psychological factors that are related to this

perception This study was conducted with students from 7-10 years in a public

school elementary school located in the metropolitan region of Belo Horizonte in

the city of Contagem in Minas Gerais The selection of the school is guided in the

availability of work with a school of different social contexts in relation to schools in

other countries and to represent the Brazilian reality We opted for the qualitative

approach since we wanted to understand what is a life quality for children In

participating school were randomly selected three groups that contemplated the age

group of 7-10 years The sample consisted of 22 participants whose parents or

guardians have authorized the childs participation The methods used for data

collection were the design narrative after drawing and interview with three questions

about what it means quality of life for the child The choice of design narrative and

interview considered the fact that they are a good way of expression and

verbalization of school age in the study groups Data collection used two phases the

first phase was the collection by the design narrative done in three stages free

design theme design and the narrative of the drawings The second stage was the

interview with three questions Data were analyzed using triangulation methods that

considered the results of the narratives of the drawings made by the school of the

same authors and interview relevant to the subject of research that showed the core

meanings and themes defined by consensus Thus distinguished the variables that

were organized into four categories family childish things (friends games animals)

values Structural conditions security These categories revealed the importance of

understand the perception of children as an authentic being autonomous able to

reflect and interact expressing what they understand about their welfare The results

point to the importance of children participating in the stages of construction of quality

of life questionnaires as some reported dimensions had already been included

(family games friends) but others such as security living conditions and values are

not normally found

Key words Quality of life Scholars Childish drawing Narrative

LISTA DE SIGLAS

CE ndash Comissatildeo Europeacuteia

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDHM ndash Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

QV ndash Qualidade de Vida

QVRS ndash Qualidade de Vida Relacionada agrave Sauacutede

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais

WHOQOL GROUP - World Health Organization Quality of Life Group

SUMAacuteRIO

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS12

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral17

22 Objetivos Especiacuteficos17

3 METODOLOGIA18

31Estudo Piloto19

32Coleta de Dados20

321Primeira Fase20

3211Desenho Livre20

3212Desenho Temaacutetico20

3213 Narrativa dos desenhos21

322 Segunda Fase Entrevista21

33Anaacutelise dos Dados22

34 Aspectos Eacuteticos23

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS48

REFEREcircNCIAS49

APEcircNDICES 52

ANEXOS65

12

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL GROUP 1994) da divisatildeo

de Sauacutede Mental da OMS qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua

posiccedilatildeo na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees

O termo qualidade de vida possui caraacuteter polissecircmico e seu conceito

humaniacutestico relaciona- se ao grau de satisfaccedilatildeo encontrado na vida familiar afetiva

social e do ambiente e agrave proacutepria existecircncia Abrangem conhecimentos experiecircncias

e valores de indiviacuteduos e coletividades que nele se inserem em eacutepocas espaccedilos e

histoacuterias diferentes em uma construccedilatildeo social e relatividade cultural (Minayo 2000)

O conceito de qualidade de vida eacute apresentado atraveacutes de uma perspectiva

multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e social e de

uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua

experiecircncia de vida (Soares et al 2011)

Miu-Chi Lun amp Bond (2015) propuseram que o bem estar subjetivo surge a

partir da satisfaccedilatildeo das proacuteprias necessidades baacutesicas e alcanccedilar as necessidades

especiacuteficas variam de acordo com o sexo idade e cultura nacional Afirmaram que

termos como satisfaccedilatildeo com a vida felicidade bem estar subjetivo ou o bem-estar

psicoloacutegico foram utilizados para indicar o grau em que um indiviacuteduo vive uma boa

vida e significam a mesma coisa para todas as pessoas em diversas culturas Em

seu estudo consideram que questotildees relacionadas com o indiviacuteduo iriam afetar a

forma como esse indiviacuteduo avalia sua vida como um todo devido agrave sauacutede fiacutesica ou

condiccedilatildeo financeira relaccedilotildees sociais com outras pessoas ou a estabilidade do

ambiente poliacutetico da proacutepria sociedade Assim reafirmam que a importacircncia relativa

destas necessidades podem variar dado o tempo em que o indiviacuteduo nasce o papel

de gecircnero que ocupa e o contexto sociocultural em que vive

Sobre a definiccedilatildeo de percepccedilatildeo o estudo de Oliveira amp Mouratildeo Junior (2013)

afirma que para a filosofia a percepccedilatildeo apresenta iacutentima ligaccedilatildeo com os sentidos e

inicialmente eacute realizada pelos sistemas sensoriais de maneira separada em sua

fase analiacutetica como se cada caracteriacutestica fosse separada como a forma a cor os

movimentos Entretanto a percepccedilatildeo enxerga o mundo em sua totalidade na fase

sinteacutetica e natildeo com sensaccedilotildees fragmentadas Relata que para as neurociecircncias

percepccedilatildeo significa a capacidade nos seres humanos de associar as informaccedilotildees

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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52

APEcircNDICES

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APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 4: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente agrave Deus por sua bondade e misericoacuterdia em conceder

- me tamanha oportunidade para trilhar esse caminho e por suprir todas as minhas

necessidades fiacutesicas e espirituais

Aos meus filhos Haroldo Bruno e Iasmin pelo amor compreensatildeo apoio

incentivando - me em todos os momentos da vida

Aos meus pais Acircngelo e Vitoacuteria e meus irmatildeos que sempre fizeram - me

lembrar que a famiacutelia eacute o bem precioso que Deus nos concede

Agrave minha orientadora Profordf Dra Andreacutea Vargas por dar - me a oportunidade

de aprender e a evoluir como profissional ajudando - me dia a dia com sua

paciecircncia dedicaccedilatildeo e sabedoria mostrando - me sempre o alvo

Agrave minha co ndash orientadora Profordf Dra Efigecircnia Ferreira por sua simplicidade

generosidade sabedoria e por confiar - me o caminho a percorrer

A todos os professores da poacutes - graduaccedilatildeo que dedicam suas vidas em

funccedilatildeo da ciecircncia e contribuem com seus ensinamentos para que possamos evoluir

e conquistarmos nossos objetivos sempre em prol do bem da sociedade

Agrave escola e as crianccedilas participantes desta pesquisa que gentilmente nos

receberam e colaboraram para que esse trabalho pudesse ser realizado

Nem olhos viram nem ouvidos ouviram nem jamais penetrou em coraccedilatildeo

humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam

I Coriacutentios 2 9-10

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de escolares sobre

qualidade de vida e conhecer dos aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que estatildeo

relacionados a essa percepccedilatildeo Este estudo foi realizado com e s c o l a r e s de 7-

10 anos em uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo

metropolitana de Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas

Gerais A seleccedilatildeo da escola se orientou na disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira Optou-se pela abordagem qualitativa uma

vez que pretendiacuteamos compreender o que representa uma vida com qualidade para

as crianccedilas Na escola participante foram sorteadas trecircs turmas que contemplavam a

faixa etaacuteria de 7-10 anos A amostra foi de 22 participantes cujos pais ou

responsaacuteveis autorizaram a participaccedilatildeo da crianccedila Os meacutetodos utilizados para a

coleta de dados foram o desenho a narrativa apoacutes o desenho e a entrevista com

trecircs perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a crianccedila A escolha do

desenho a narrativa e a entrevista considerou o fato de serem uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo dos escolares nas faixas etaacuteria do estudo A coleta de

dados utilizou duas fases a primeira fase foi da coleta por meio do desenho com

narrativa feita em t r ecirc s etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa

dos desenhos A segunda fase foi a entrevista com trecircs perguntas Os dados foram

analisados utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos que considerou os resultados das

narrativas dos desenhos feitos pelos escolares autores dos mesmos e as

entrevista pert inentes ao tema da pesquisa que evidenciaram os nuacutecleos

de sentido e temas definidos por consenso Dessa forma distinguiram as variaacuteveis

que foram organizadas em quatro categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos

brincadeiras animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Essas categorias

revelaram a importacircncia de compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas como um ser

autecircntico autocircnomo capaz de refletir e interagir manifestando o que entendem

sobre o seu bem estar Os resultados apontam para a importacircncia das crianccedilas

participarem das etapas de construccedilatildeo dos questionaacuterios de qualidade de vida pois

algumas dimensotildees relatadas jaacute vinham sendo incluiacutedas (famiacutelia brincadeiras

amigos) mas outras como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo

normalmente encontradas

Palavras ndash chave Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

ABSTRACT

The perception of quality of life among Brazilian schoolchildren

This research aimed to understand the perceptions of students about quality of life

and meet the physical social and psychological factors that are related to this

perception This study was conducted with students from 7-10 years in a public

school elementary school located in the metropolitan region of Belo Horizonte in

the city of Contagem in Minas Gerais The selection of the school is guided in the

availability of work with a school of different social contexts in relation to schools in

other countries and to represent the Brazilian reality We opted for the qualitative

approach since we wanted to understand what is a life quality for children In

participating school were randomly selected three groups that contemplated the age

group of 7-10 years The sample consisted of 22 participants whose parents or

guardians have authorized the childs participation The methods used for data

collection were the design narrative after drawing and interview with three questions

about what it means quality of life for the child The choice of design narrative and

interview considered the fact that they are a good way of expression and

verbalization of school age in the study groups Data collection used two phases the

first phase was the collection by the design narrative done in three stages free

design theme design and the narrative of the drawings The second stage was the

interview with three questions Data were analyzed using triangulation methods that

considered the results of the narratives of the drawings made by the school of the

same authors and interview relevant to the subject of research that showed the core

meanings and themes defined by consensus Thus distinguished the variables that

were organized into four categories family childish things (friends games animals)

values Structural conditions security These categories revealed the importance of

understand the perception of children as an authentic being autonomous able to

reflect and interact expressing what they understand about their welfare The results

point to the importance of children participating in the stages of construction of quality

of life questionnaires as some reported dimensions had already been included

(family games friends) but others such as security living conditions and values are

not normally found

Key words Quality of life Scholars Childish drawing Narrative

LISTA DE SIGLAS

CE ndash Comissatildeo Europeacuteia

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDHM ndash Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

QV ndash Qualidade de Vida

QVRS ndash Qualidade de Vida Relacionada agrave Sauacutede

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais

WHOQOL GROUP - World Health Organization Quality of Life Group

SUMAacuteRIO

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS12

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral17

22 Objetivos Especiacuteficos17

3 METODOLOGIA18

31Estudo Piloto19

32Coleta de Dados20

321Primeira Fase20

3211Desenho Livre20

3212Desenho Temaacutetico20

3213 Narrativa dos desenhos21

322 Segunda Fase Entrevista21

33Anaacutelise dos Dados22

34 Aspectos Eacuteticos23

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS48

REFEREcircNCIAS49

APEcircNDICES 52

ANEXOS65

12

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL GROUP 1994) da divisatildeo

de Sauacutede Mental da OMS qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua

posiccedilatildeo na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees

O termo qualidade de vida possui caraacuteter polissecircmico e seu conceito

humaniacutestico relaciona- se ao grau de satisfaccedilatildeo encontrado na vida familiar afetiva

social e do ambiente e agrave proacutepria existecircncia Abrangem conhecimentos experiecircncias

e valores de indiviacuteduos e coletividades que nele se inserem em eacutepocas espaccedilos e

histoacuterias diferentes em uma construccedilatildeo social e relatividade cultural (Minayo 2000)

O conceito de qualidade de vida eacute apresentado atraveacutes de uma perspectiva

multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e social e de

uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua

experiecircncia de vida (Soares et al 2011)

Miu-Chi Lun amp Bond (2015) propuseram que o bem estar subjetivo surge a

partir da satisfaccedilatildeo das proacuteprias necessidades baacutesicas e alcanccedilar as necessidades

especiacuteficas variam de acordo com o sexo idade e cultura nacional Afirmaram que

termos como satisfaccedilatildeo com a vida felicidade bem estar subjetivo ou o bem-estar

psicoloacutegico foram utilizados para indicar o grau em que um indiviacuteduo vive uma boa

vida e significam a mesma coisa para todas as pessoas em diversas culturas Em

seu estudo consideram que questotildees relacionadas com o indiviacuteduo iriam afetar a

forma como esse indiviacuteduo avalia sua vida como um todo devido agrave sauacutede fiacutesica ou

condiccedilatildeo financeira relaccedilotildees sociais com outras pessoas ou a estabilidade do

ambiente poliacutetico da proacutepria sociedade Assim reafirmam que a importacircncia relativa

destas necessidades podem variar dado o tempo em que o indiviacuteduo nasce o papel

de gecircnero que ocupa e o contexto sociocultural em que vive

Sobre a definiccedilatildeo de percepccedilatildeo o estudo de Oliveira amp Mouratildeo Junior (2013)

afirma que para a filosofia a percepccedilatildeo apresenta iacutentima ligaccedilatildeo com os sentidos e

inicialmente eacute realizada pelos sistemas sensoriais de maneira separada em sua

fase analiacutetica como se cada caracteriacutestica fosse separada como a forma a cor os

movimentos Entretanto a percepccedilatildeo enxerga o mundo em sua totalidade na fase

sinteacutetica e natildeo com sensaccedilotildees fragmentadas Relata que para as neurociecircncias

percepccedilatildeo significa a capacidade nos seres humanos de associar as informaccedilotildees

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Garamond 1999

48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

REFEREcircNCIAS

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1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 5: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

Nem olhos viram nem ouvidos ouviram nem jamais penetrou em coraccedilatildeo

humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam

I Coriacutentios 2 9-10

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de escolares sobre

qualidade de vida e conhecer dos aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que estatildeo

relacionados a essa percepccedilatildeo Este estudo foi realizado com e s c o l a r e s de 7-

10 anos em uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo

metropolitana de Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas

Gerais A seleccedilatildeo da escola se orientou na disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira Optou-se pela abordagem qualitativa uma

vez que pretendiacuteamos compreender o que representa uma vida com qualidade para

as crianccedilas Na escola participante foram sorteadas trecircs turmas que contemplavam a

faixa etaacuteria de 7-10 anos A amostra foi de 22 participantes cujos pais ou

responsaacuteveis autorizaram a participaccedilatildeo da crianccedila Os meacutetodos utilizados para a

coleta de dados foram o desenho a narrativa apoacutes o desenho e a entrevista com

trecircs perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a crianccedila A escolha do

desenho a narrativa e a entrevista considerou o fato de serem uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo dos escolares nas faixas etaacuteria do estudo A coleta de

dados utilizou duas fases a primeira fase foi da coleta por meio do desenho com

narrativa feita em t r ecirc s etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa

dos desenhos A segunda fase foi a entrevista com trecircs perguntas Os dados foram

analisados utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos que considerou os resultados das

narrativas dos desenhos feitos pelos escolares autores dos mesmos e as

entrevista pert inentes ao tema da pesquisa que evidenciaram os nuacutecleos

de sentido e temas definidos por consenso Dessa forma distinguiram as variaacuteveis

que foram organizadas em quatro categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos

brincadeiras animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Essas categorias

revelaram a importacircncia de compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas como um ser

autecircntico autocircnomo capaz de refletir e interagir manifestando o que entendem

sobre o seu bem estar Os resultados apontam para a importacircncia das crianccedilas

participarem das etapas de construccedilatildeo dos questionaacuterios de qualidade de vida pois

algumas dimensotildees relatadas jaacute vinham sendo incluiacutedas (famiacutelia brincadeiras

amigos) mas outras como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo

normalmente encontradas

Palavras ndash chave Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

ABSTRACT

The perception of quality of life among Brazilian schoolchildren

This research aimed to understand the perceptions of students about quality of life

and meet the physical social and psychological factors that are related to this

perception This study was conducted with students from 7-10 years in a public

school elementary school located in the metropolitan region of Belo Horizonte in

the city of Contagem in Minas Gerais The selection of the school is guided in the

availability of work with a school of different social contexts in relation to schools in

other countries and to represent the Brazilian reality We opted for the qualitative

approach since we wanted to understand what is a life quality for children In

participating school were randomly selected three groups that contemplated the age

group of 7-10 years The sample consisted of 22 participants whose parents or

guardians have authorized the childs participation The methods used for data

collection were the design narrative after drawing and interview with three questions

about what it means quality of life for the child The choice of design narrative and

interview considered the fact that they are a good way of expression and

verbalization of school age in the study groups Data collection used two phases the

first phase was the collection by the design narrative done in three stages free

design theme design and the narrative of the drawings The second stage was the

interview with three questions Data were analyzed using triangulation methods that

considered the results of the narratives of the drawings made by the school of the

same authors and interview relevant to the subject of research that showed the core

meanings and themes defined by consensus Thus distinguished the variables that

were organized into four categories family childish things (friends games animals)

values Structural conditions security These categories revealed the importance of

understand the perception of children as an authentic being autonomous able to

reflect and interact expressing what they understand about their welfare The results

point to the importance of children participating in the stages of construction of quality

of life questionnaires as some reported dimensions had already been included

(family games friends) but others such as security living conditions and values are

not normally found

Key words Quality of life Scholars Childish drawing Narrative

LISTA DE SIGLAS

CE ndash Comissatildeo Europeacuteia

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDHM ndash Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

QV ndash Qualidade de Vida

QVRS ndash Qualidade de Vida Relacionada agrave Sauacutede

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais

WHOQOL GROUP - World Health Organization Quality of Life Group

SUMAacuteRIO

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS12

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral17

22 Objetivos Especiacuteficos17

3 METODOLOGIA18

31Estudo Piloto19

32Coleta de Dados20

321Primeira Fase20

3211Desenho Livre20

3212Desenho Temaacutetico20

3213 Narrativa dos desenhos21

322 Segunda Fase Entrevista21

33Anaacutelise dos Dados22

34 Aspectos Eacuteticos23

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS48

REFEREcircNCIAS49

APEcircNDICES 52

ANEXOS65

12

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL GROUP 1994) da divisatildeo

de Sauacutede Mental da OMS qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua

posiccedilatildeo na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees

O termo qualidade de vida possui caraacuteter polissecircmico e seu conceito

humaniacutestico relaciona- se ao grau de satisfaccedilatildeo encontrado na vida familiar afetiva

social e do ambiente e agrave proacutepria existecircncia Abrangem conhecimentos experiecircncias

e valores de indiviacuteduos e coletividades que nele se inserem em eacutepocas espaccedilos e

histoacuterias diferentes em uma construccedilatildeo social e relatividade cultural (Minayo 2000)

O conceito de qualidade de vida eacute apresentado atraveacutes de uma perspectiva

multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e social e de

uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua

experiecircncia de vida (Soares et al 2011)

Miu-Chi Lun amp Bond (2015) propuseram que o bem estar subjetivo surge a

partir da satisfaccedilatildeo das proacuteprias necessidades baacutesicas e alcanccedilar as necessidades

especiacuteficas variam de acordo com o sexo idade e cultura nacional Afirmaram que

termos como satisfaccedilatildeo com a vida felicidade bem estar subjetivo ou o bem-estar

psicoloacutegico foram utilizados para indicar o grau em que um indiviacuteduo vive uma boa

vida e significam a mesma coisa para todas as pessoas em diversas culturas Em

seu estudo consideram que questotildees relacionadas com o indiviacuteduo iriam afetar a

forma como esse indiviacuteduo avalia sua vida como um todo devido agrave sauacutede fiacutesica ou

condiccedilatildeo financeira relaccedilotildees sociais com outras pessoas ou a estabilidade do

ambiente poliacutetico da proacutepria sociedade Assim reafirmam que a importacircncia relativa

destas necessidades podem variar dado o tempo em que o indiviacuteduo nasce o papel

de gecircnero que ocupa e o contexto sociocultural em que vive

Sobre a definiccedilatildeo de percepccedilatildeo o estudo de Oliveira amp Mouratildeo Junior (2013)

afirma que para a filosofia a percepccedilatildeo apresenta iacutentima ligaccedilatildeo com os sentidos e

inicialmente eacute realizada pelos sistemas sensoriais de maneira separada em sua

fase analiacutetica como se cada caracteriacutestica fosse separada como a forma a cor os

movimentos Entretanto a percepccedilatildeo enxerga o mundo em sua totalidade na fase

sinteacutetica e natildeo com sensaccedilotildees fragmentadas Relata que para as neurociecircncias

percepccedilatildeo significa a capacidade nos seres humanos de associar as informaccedilotildees

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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APEcircNDICES

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APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 6: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de escolares sobre

qualidade de vida e conhecer dos aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que estatildeo

relacionados a essa percepccedilatildeo Este estudo foi realizado com e s c o l a r e s de 7-

10 anos em uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo

metropolitana de Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas

Gerais A seleccedilatildeo da escola se orientou na disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira Optou-se pela abordagem qualitativa uma

vez que pretendiacuteamos compreender o que representa uma vida com qualidade para

as crianccedilas Na escola participante foram sorteadas trecircs turmas que contemplavam a

faixa etaacuteria de 7-10 anos A amostra foi de 22 participantes cujos pais ou

responsaacuteveis autorizaram a participaccedilatildeo da crianccedila Os meacutetodos utilizados para a

coleta de dados foram o desenho a narrativa apoacutes o desenho e a entrevista com

trecircs perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a crianccedila A escolha do

desenho a narrativa e a entrevista considerou o fato de serem uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo dos escolares nas faixas etaacuteria do estudo A coleta de

dados utilizou duas fases a primeira fase foi da coleta por meio do desenho com

narrativa feita em t r ecirc s etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa

dos desenhos A segunda fase foi a entrevista com trecircs perguntas Os dados foram

analisados utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos que considerou os resultados das

narrativas dos desenhos feitos pelos escolares autores dos mesmos e as

entrevista pert inentes ao tema da pesquisa que evidenciaram os nuacutecleos

de sentido e temas definidos por consenso Dessa forma distinguiram as variaacuteveis

que foram organizadas em quatro categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos

brincadeiras animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Essas categorias

revelaram a importacircncia de compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas como um ser

autecircntico autocircnomo capaz de refletir e interagir manifestando o que entendem

sobre o seu bem estar Os resultados apontam para a importacircncia das crianccedilas

participarem das etapas de construccedilatildeo dos questionaacuterios de qualidade de vida pois

algumas dimensotildees relatadas jaacute vinham sendo incluiacutedas (famiacutelia brincadeiras

amigos) mas outras como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo

normalmente encontradas

Palavras ndash chave Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

ABSTRACT

The perception of quality of life among Brazilian schoolchildren

This research aimed to understand the perceptions of students about quality of life

and meet the physical social and psychological factors that are related to this

perception This study was conducted with students from 7-10 years in a public

school elementary school located in the metropolitan region of Belo Horizonte in

the city of Contagem in Minas Gerais The selection of the school is guided in the

availability of work with a school of different social contexts in relation to schools in

other countries and to represent the Brazilian reality We opted for the qualitative

approach since we wanted to understand what is a life quality for children In

participating school were randomly selected three groups that contemplated the age

group of 7-10 years The sample consisted of 22 participants whose parents or

guardians have authorized the childs participation The methods used for data

collection were the design narrative after drawing and interview with three questions

about what it means quality of life for the child The choice of design narrative and

interview considered the fact that they are a good way of expression and

verbalization of school age in the study groups Data collection used two phases the

first phase was the collection by the design narrative done in three stages free

design theme design and the narrative of the drawings The second stage was the

interview with three questions Data were analyzed using triangulation methods that

considered the results of the narratives of the drawings made by the school of the

same authors and interview relevant to the subject of research that showed the core

meanings and themes defined by consensus Thus distinguished the variables that

were organized into four categories family childish things (friends games animals)

values Structural conditions security These categories revealed the importance of

understand the perception of children as an authentic being autonomous able to

reflect and interact expressing what they understand about their welfare The results

point to the importance of children participating in the stages of construction of quality

of life questionnaires as some reported dimensions had already been included

(family games friends) but others such as security living conditions and values are

not normally found

Key words Quality of life Scholars Childish drawing Narrative

LISTA DE SIGLAS

CE ndash Comissatildeo Europeacuteia

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDHM ndash Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

QV ndash Qualidade de Vida

QVRS ndash Qualidade de Vida Relacionada agrave Sauacutede

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais

WHOQOL GROUP - World Health Organization Quality of Life Group

SUMAacuteRIO

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS12

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral17

22 Objetivos Especiacuteficos17

3 METODOLOGIA18

31Estudo Piloto19

32Coleta de Dados20

321Primeira Fase20

3211Desenho Livre20

3212Desenho Temaacutetico20

3213 Narrativa dos desenhos21

322 Segunda Fase Entrevista21

33Anaacutelise dos Dados22

34 Aspectos Eacuteticos23

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS48

REFEREcircNCIAS49

APEcircNDICES 52

ANEXOS65

12

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL GROUP 1994) da divisatildeo

de Sauacutede Mental da OMS qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua

posiccedilatildeo na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees

O termo qualidade de vida possui caraacuteter polissecircmico e seu conceito

humaniacutestico relaciona- se ao grau de satisfaccedilatildeo encontrado na vida familiar afetiva

social e do ambiente e agrave proacutepria existecircncia Abrangem conhecimentos experiecircncias

e valores de indiviacuteduos e coletividades que nele se inserem em eacutepocas espaccedilos e

histoacuterias diferentes em uma construccedilatildeo social e relatividade cultural (Minayo 2000)

O conceito de qualidade de vida eacute apresentado atraveacutes de uma perspectiva

multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e social e de

uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua

experiecircncia de vida (Soares et al 2011)

Miu-Chi Lun amp Bond (2015) propuseram que o bem estar subjetivo surge a

partir da satisfaccedilatildeo das proacuteprias necessidades baacutesicas e alcanccedilar as necessidades

especiacuteficas variam de acordo com o sexo idade e cultura nacional Afirmaram que

termos como satisfaccedilatildeo com a vida felicidade bem estar subjetivo ou o bem-estar

psicoloacutegico foram utilizados para indicar o grau em que um indiviacuteduo vive uma boa

vida e significam a mesma coisa para todas as pessoas em diversas culturas Em

seu estudo consideram que questotildees relacionadas com o indiviacuteduo iriam afetar a

forma como esse indiviacuteduo avalia sua vida como um todo devido agrave sauacutede fiacutesica ou

condiccedilatildeo financeira relaccedilotildees sociais com outras pessoas ou a estabilidade do

ambiente poliacutetico da proacutepria sociedade Assim reafirmam que a importacircncia relativa

destas necessidades podem variar dado o tempo em que o indiviacuteduo nasce o papel

de gecircnero que ocupa e o contexto sociocultural em que vive

Sobre a definiccedilatildeo de percepccedilatildeo o estudo de Oliveira amp Mouratildeo Junior (2013)

afirma que para a filosofia a percepccedilatildeo apresenta iacutentima ligaccedilatildeo com os sentidos e

inicialmente eacute realizada pelos sistemas sensoriais de maneira separada em sua

fase analiacutetica como se cada caracteriacutestica fosse separada como a forma a cor os

movimentos Entretanto a percepccedilatildeo enxerga o mundo em sua totalidade na fase

sinteacutetica e natildeo com sensaccedilotildees fragmentadas Relata que para as neurociecircncias

percepccedilatildeo significa a capacidade nos seres humanos de associar as informaccedilotildees

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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43- Minayo MCS Assis SG Souza ER Fala galera juventude violecircncia e cidadania na cidade

do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Garamond 1999

48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

REFEREcircNCIAS

ARAUacuteJO LF TAVARES HM A significaccedilatildeo do desenho infantil e a percepccedilatildeo do

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1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 7: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

ABSTRACT

The perception of quality of life among Brazilian schoolchildren

This research aimed to understand the perceptions of students about quality of life

and meet the physical social and psychological factors that are related to this

perception This study was conducted with students from 7-10 years in a public

school elementary school located in the metropolitan region of Belo Horizonte in

the city of Contagem in Minas Gerais The selection of the school is guided in the

availability of work with a school of different social contexts in relation to schools in

other countries and to represent the Brazilian reality We opted for the qualitative

approach since we wanted to understand what is a life quality for children In

participating school were randomly selected three groups that contemplated the age

group of 7-10 years The sample consisted of 22 participants whose parents or

guardians have authorized the childs participation The methods used for data

collection were the design narrative after drawing and interview with three questions

about what it means quality of life for the child The choice of design narrative and

interview considered the fact that they are a good way of expression and

verbalization of school age in the study groups Data collection used two phases the

first phase was the collection by the design narrative done in three stages free

design theme design and the narrative of the drawings The second stage was the

interview with three questions Data were analyzed using triangulation methods that

considered the results of the narratives of the drawings made by the school of the

same authors and interview relevant to the subject of research that showed the core

meanings and themes defined by consensus Thus distinguished the variables that

were organized into four categories family childish things (friends games animals)

values Structural conditions security These categories revealed the importance of

understand the perception of children as an authentic being autonomous able to

reflect and interact expressing what they understand about their welfare The results

point to the importance of children participating in the stages of construction of quality

of life questionnaires as some reported dimensions had already been included

(family games friends) but others such as security living conditions and values are

not normally found

Key words Quality of life Scholars Childish drawing Narrative

LISTA DE SIGLAS

CE ndash Comissatildeo Europeacuteia

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDHM ndash Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

QV ndash Qualidade de Vida

QVRS ndash Qualidade de Vida Relacionada agrave Sauacutede

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais

WHOQOL GROUP - World Health Organization Quality of Life Group

SUMAacuteRIO

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS12

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral17

22 Objetivos Especiacuteficos17

3 METODOLOGIA18

31Estudo Piloto19

32Coleta de Dados20

321Primeira Fase20

3211Desenho Livre20

3212Desenho Temaacutetico20

3213 Narrativa dos desenhos21

322 Segunda Fase Entrevista21

33Anaacutelise dos Dados22

34 Aspectos Eacuteticos23

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS48

REFEREcircNCIAS49

APEcircNDICES 52

ANEXOS65

12

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL GROUP 1994) da divisatildeo

de Sauacutede Mental da OMS qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua

posiccedilatildeo na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees

O termo qualidade de vida possui caraacuteter polissecircmico e seu conceito

humaniacutestico relaciona- se ao grau de satisfaccedilatildeo encontrado na vida familiar afetiva

social e do ambiente e agrave proacutepria existecircncia Abrangem conhecimentos experiecircncias

e valores de indiviacuteduos e coletividades que nele se inserem em eacutepocas espaccedilos e

histoacuterias diferentes em uma construccedilatildeo social e relatividade cultural (Minayo 2000)

O conceito de qualidade de vida eacute apresentado atraveacutes de uma perspectiva

multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e social e de

uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua

experiecircncia de vida (Soares et al 2011)

Miu-Chi Lun amp Bond (2015) propuseram que o bem estar subjetivo surge a

partir da satisfaccedilatildeo das proacuteprias necessidades baacutesicas e alcanccedilar as necessidades

especiacuteficas variam de acordo com o sexo idade e cultura nacional Afirmaram que

termos como satisfaccedilatildeo com a vida felicidade bem estar subjetivo ou o bem-estar

psicoloacutegico foram utilizados para indicar o grau em que um indiviacuteduo vive uma boa

vida e significam a mesma coisa para todas as pessoas em diversas culturas Em

seu estudo consideram que questotildees relacionadas com o indiviacuteduo iriam afetar a

forma como esse indiviacuteduo avalia sua vida como um todo devido agrave sauacutede fiacutesica ou

condiccedilatildeo financeira relaccedilotildees sociais com outras pessoas ou a estabilidade do

ambiente poliacutetico da proacutepria sociedade Assim reafirmam que a importacircncia relativa

destas necessidades podem variar dado o tempo em que o indiviacuteduo nasce o papel

de gecircnero que ocupa e o contexto sociocultural em que vive

Sobre a definiccedilatildeo de percepccedilatildeo o estudo de Oliveira amp Mouratildeo Junior (2013)

afirma que para a filosofia a percepccedilatildeo apresenta iacutentima ligaccedilatildeo com os sentidos e

inicialmente eacute realizada pelos sistemas sensoriais de maneira separada em sua

fase analiacutetica como se cada caracteriacutestica fosse separada como a forma a cor os

movimentos Entretanto a percepccedilatildeo enxerga o mundo em sua totalidade na fase

sinteacutetica e natildeo com sensaccedilotildees fragmentadas Relata que para as neurociecircncias

percepccedilatildeo significa a capacidade nos seres humanos de associar as informaccedilotildees

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 8: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

LISTA DE SIGLAS

CE ndash Comissatildeo Europeacuteia

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDHM ndash Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

QV ndash Qualidade de Vida

QVRS ndash Qualidade de Vida Relacionada agrave Sauacutede

TCLE ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais

WHOQOL GROUP - World Health Organization Quality of Life Group

SUMAacuteRIO

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS12

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral17

22 Objetivos Especiacuteficos17

3 METODOLOGIA18

31Estudo Piloto19

32Coleta de Dados20

321Primeira Fase20

3211Desenho Livre20

3212Desenho Temaacutetico20

3213 Narrativa dos desenhos21

322 Segunda Fase Entrevista21

33Anaacutelise dos Dados22

34 Aspectos Eacuteticos23

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS48

REFEREcircNCIAS49

APEcircNDICES 52

ANEXOS65

12

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL GROUP 1994) da divisatildeo

de Sauacutede Mental da OMS qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua

posiccedilatildeo na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees

O termo qualidade de vida possui caraacuteter polissecircmico e seu conceito

humaniacutestico relaciona- se ao grau de satisfaccedilatildeo encontrado na vida familiar afetiva

social e do ambiente e agrave proacutepria existecircncia Abrangem conhecimentos experiecircncias

e valores de indiviacuteduos e coletividades que nele se inserem em eacutepocas espaccedilos e

histoacuterias diferentes em uma construccedilatildeo social e relatividade cultural (Minayo 2000)

O conceito de qualidade de vida eacute apresentado atraveacutes de uma perspectiva

multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e social e de

uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua

experiecircncia de vida (Soares et al 2011)

Miu-Chi Lun amp Bond (2015) propuseram que o bem estar subjetivo surge a

partir da satisfaccedilatildeo das proacuteprias necessidades baacutesicas e alcanccedilar as necessidades

especiacuteficas variam de acordo com o sexo idade e cultura nacional Afirmaram que

termos como satisfaccedilatildeo com a vida felicidade bem estar subjetivo ou o bem-estar

psicoloacutegico foram utilizados para indicar o grau em que um indiviacuteduo vive uma boa

vida e significam a mesma coisa para todas as pessoas em diversas culturas Em

seu estudo consideram que questotildees relacionadas com o indiviacuteduo iriam afetar a

forma como esse indiviacuteduo avalia sua vida como um todo devido agrave sauacutede fiacutesica ou

condiccedilatildeo financeira relaccedilotildees sociais com outras pessoas ou a estabilidade do

ambiente poliacutetico da proacutepria sociedade Assim reafirmam que a importacircncia relativa

destas necessidades podem variar dado o tempo em que o indiviacuteduo nasce o papel

de gecircnero que ocupa e o contexto sociocultural em que vive

Sobre a definiccedilatildeo de percepccedilatildeo o estudo de Oliveira amp Mouratildeo Junior (2013)

afirma que para a filosofia a percepccedilatildeo apresenta iacutentima ligaccedilatildeo com os sentidos e

inicialmente eacute realizada pelos sistemas sensoriais de maneira separada em sua

fase analiacutetica como se cada caracteriacutestica fosse separada como a forma a cor os

movimentos Entretanto a percepccedilatildeo enxerga o mundo em sua totalidade na fase

sinteacutetica e natildeo com sensaccedilotildees fragmentadas Relata que para as neurociecircncias

percepccedilatildeo significa a capacidade nos seres humanos de associar as informaccedilotildees

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

REFEREcircNCIAS

ARAUacuteJO LF TAVARES HM A significaccedilatildeo do desenho infantil e a percepccedilatildeo do

professor 2011 Disponiacutevel em wwwsociaisufubrrecsv2n19-17 Acesso em 24

nov 2015

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CAVALCANTE PA MANDRAacute PP Oral narratives of children with typical language

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2010

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MINAYO MCS O desafio do conhecimento Pesquisa qualitativa em sauacutede 14 ed

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50

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2013

OLIVEIRA AO MOURAtildeO JUNIOR CA Estudo teoacuterico sobre percepccedilatildeo na

filosofia e nas neurociecircncias Neuropsicologia Latinoamericana v5 n2 p41-53

2013

OLIVEIRA JPD Produccedilatildeo de conhecimento sobre narrativas orais contribuiccedilotildees

para as investigaccedilotildees em linguagem infantil Revista CEFAC v15 n1 p207-14

2013

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percepccedilatildeo Contrapontos v 8 n1 p113-28 2008

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Gerais Campos Gerais 2010

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em 25 set 2015

SOARES AHR et al Quality of life of children and adolescents a bibliographical

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TESCH FC OLIVEIRA BH LEAtildeO A Mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas

bucais sobre a qualidade de vida de crianccedilas aspectos conceituais e metodoloacutegicos

Caderno de Sauacutede Puacuteblica v23 n11 p2555-2564 2007

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WALLANDER JL KOOT HM Quality of life in children

A critical examination of concepts approaches issuesand future directions Clinical

Psychology Review v45 p131-143 2016

WORLD HEALTH ORGANIZATION WHOQOL ndash measuring quality of life The World

Health Organization quality of life instruments Geneva World Health Organization

1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

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Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

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14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

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serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

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Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 9: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

SUMAacuteRIO

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS12

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral17

22 Objetivos Especiacuteficos17

3 METODOLOGIA18

31Estudo Piloto19

32Coleta de Dados20

321Primeira Fase20

3211Desenho Livre20

3212Desenho Temaacutetico20

3213 Narrativa dos desenhos21

322 Segunda Fase Entrevista21

33Anaacutelise dos Dados22

34 Aspectos Eacuteticos23

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS48

REFEREcircNCIAS49

APEcircNDICES 52

ANEXOS65

12

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL GROUP 1994) da divisatildeo

de Sauacutede Mental da OMS qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua

posiccedilatildeo na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees

O termo qualidade de vida possui caraacuteter polissecircmico e seu conceito

humaniacutestico relaciona- se ao grau de satisfaccedilatildeo encontrado na vida familiar afetiva

social e do ambiente e agrave proacutepria existecircncia Abrangem conhecimentos experiecircncias

e valores de indiviacuteduos e coletividades que nele se inserem em eacutepocas espaccedilos e

histoacuterias diferentes em uma construccedilatildeo social e relatividade cultural (Minayo 2000)

O conceito de qualidade de vida eacute apresentado atraveacutes de uma perspectiva

multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e social e de

uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua

experiecircncia de vida (Soares et al 2011)

Miu-Chi Lun amp Bond (2015) propuseram que o bem estar subjetivo surge a

partir da satisfaccedilatildeo das proacuteprias necessidades baacutesicas e alcanccedilar as necessidades

especiacuteficas variam de acordo com o sexo idade e cultura nacional Afirmaram que

termos como satisfaccedilatildeo com a vida felicidade bem estar subjetivo ou o bem-estar

psicoloacutegico foram utilizados para indicar o grau em que um indiviacuteduo vive uma boa

vida e significam a mesma coisa para todas as pessoas em diversas culturas Em

seu estudo consideram que questotildees relacionadas com o indiviacuteduo iriam afetar a

forma como esse indiviacuteduo avalia sua vida como um todo devido agrave sauacutede fiacutesica ou

condiccedilatildeo financeira relaccedilotildees sociais com outras pessoas ou a estabilidade do

ambiente poliacutetico da proacutepria sociedade Assim reafirmam que a importacircncia relativa

destas necessidades podem variar dado o tempo em que o indiviacuteduo nasce o papel

de gecircnero que ocupa e o contexto sociocultural em que vive

Sobre a definiccedilatildeo de percepccedilatildeo o estudo de Oliveira amp Mouratildeo Junior (2013)

afirma que para a filosofia a percepccedilatildeo apresenta iacutentima ligaccedilatildeo com os sentidos e

inicialmente eacute realizada pelos sistemas sensoriais de maneira separada em sua

fase analiacutetica como se cada caracteriacutestica fosse separada como a forma a cor os

movimentos Entretanto a percepccedilatildeo enxerga o mundo em sua totalidade na fase

sinteacutetica e natildeo com sensaccedilotildees fragmentadas Relata que para as neurociecircncias

percepccedilatildeo significa a capacidade nos seres humanos de associar as informaccedilotildees

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 10: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

12

1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Segundo o Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL GROUP 1994) da divisatildeo

de Sauacutede Mental da OMS qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua

posiccedilatildeo na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees

O termo qualidade de vida possui caraacuteter polissecircmico e seu conceito

humaniacutestico relaciona- se ao grau de satisfaccedilatildeo encontrado na vida familiar afetiva

social e do ambiente e agrave proacutepria existecircncia Abrangem conhecimentos experiecircncias

e valores de indiviacuteduos e coletividades que nele se inserem em eacutepocas espaccedilos e

histoacuterias diferentes em uma construccedilatildeo social e relatividade cultural (Minayo 2000)

O conceito de qualidade de vida eacute apresentado atraveacutes de uma perspectiva

multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e social e de

uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua

experiecircncia de vida (Soares et al 2011)

Miu-Chi Lun amp Bond (2015) propuseram que o bem estar subjetivo surge a

partir da satisfaccedilatildeo das proacuteprias necessidades baacutesicas e alcanccedilar as necessidades

especiacuteficas variam de acordo com o sexo idade e cultura nacional Afirmaram que

termos como satisfaccedilatildeo com a vida felicidade bem estar subjetivo ou o bem-estar

psicoloacutegico foram utilizados para indicar o grau em que um indiviacuteduo vive uma boa

vida e significam a mesma coisa para todas as pessoas em diversas culturas Em

seu estudo consideram que questotildees relacionadas com o indiviacuteduo iriam afetar a

forma como esse indiviacuteduo avalia sua vida como um todo devido agrave sauacutede fiacutesica ou

condiccedilatildeo financeira relaccedilotildees sociais com outras pessoas ou a estabilidade do

ambiente poliacutetico da proacutepria sociedade Assim reafirmam que a importacircncia relativa

destas necessidades podem variar dado o tempo em que o indiviacuteduo nasce o papel

de gecircnero que ocupa e o contexto sociocultural em que vive

Sobre a definiccedilatildeo de percepccedilatildeo o estudo de Oliveira amp Mouratildeo Junior (2013)

afirma que para a filosofia a percepccedilatildeo apresenta iacutentima ligaccedilatildeo com os sentidos e

inicialmente eacute realizada pelos sistemas sensoriais de maneira separada em sua

fase analiacutetica como se cada caracteriacutestica fosse separada como a forma a cor os

movimentos Entretanto a percepccedilatildeo enxerga o mundo em sua totalidade na fase

sinteacutetica e natildeo com sensaccedilotildees fragmentadas Relata que para as neurociecircncias

percepccedilatildeo significa a capacidade nos seres humanos de associar as informaccedilotildees

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 11: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

13

sensoriais agrave memoacuteria e agrave cogniccedilatildeo formando conceitos sobre o mundo e sobre noacutes

mesmos e orientam nosso comportamento Afirmam que segundo estudos recentes

a percepccedilatildeo eacute um processo ativo em que o ceacuterebro constroacutei e edita suas

percepccedilotildees atraveacutes de fatores bioloacutegicos poreacutem guiados por fatores histoacutericos e

culturais

Segundo Pereira (2010) a percepccedilatildeo da crianccedila se altera com o tempo uma

vez que a capacidade cognitiva da mesma se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem

cultural condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto

seus desejos e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo

Tambeacutem ldquoreflete sua prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito

sujeita a alteraccedilotildees sendo influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo

(Barbosa et al 2010)

Wallander amp Koot (2016) em seu estudo consideram ao fato das crianccedilas

serem um grupo vulneraacutevel devido agrave natildeo terem capacidade de identificar e resolver

suas proacuteprias necessidades por isso satildeo dependentes dos adultos para agir em

nome dos seus direitos incluindo o direito a uma vida de qualidade Consideram que

a infacircncia eacute um periacuteodo especiacutefico de desenvolvimento que difere de outros periacuteodos

da vida Poreacutem afirmam que se avaliarmos a qualidade de vida das crianccedilas devido

ao fato de serem membros da proacutexima geraccedilatildeo em nossa sociedade como

investimento para o futuro natildeo justifica ser o uacutenico motivo para examinar como as

mesmas experimentam suas vidas pois elas tecircm direito a uma vida com qualidade

no presente

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de

qualidade de vida sendo a maioria desenvolvido na liacutengua inglesa Poreacutem a

necessidade de utilizaccedilatildeo desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros

paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram como opccedilotildees criar um novo instrumento

ou adaptar o existente baseado em sua traduccedilatildeo para o idioma de origem do paiacutes a

ser utilizado fazendo uma adaptaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas socioculturais da populaccedilatildeo

a ser analisada e a validaccedilatildeo desse instrumento que possibilite uma avaliaccedilatildeo

fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo (Barbosa et al 2010 Landeiro et al

2011)

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada aacute

sauacutede podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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MORETTIN M et al Measures of quality of life in children with cochlear implant

systematic review Brazilian Journal of Otorhinolaryngology v79 n3 p382-90

2013

OLIVEIRA AO MOURAtildeO JUNIOR CA Estudo teoacuterico sobre percepccedilatildeo na

filosofia e nas neurociecircncias Neuropsicologia Latinoamericana v5 n2 p41-53

2013

OLIVEIRA JPD Produccedilatildeo de conhecimento sobre narrativas orais contribuiccedilotildees

para as investigaccedilotildees em linguagem infantil Revista CEFAC v15 n1 p207-14

2013

PASTINA CC DUARTE MLB Reflexotildees sobre desenho infantil memoacuteria

percepccedilatildeo Contrapontos v 8 n1 p113-28 2008

PEREIRA AL Influecircncia da condiccedilatildeo de sauacutede bucal na qualidade de vida dos

indiviacuteduos 2010 v77 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal de Minas

Gerais Campos Gerais 2010

PIRES F Ser adulta e pesquisar crianccedilas explorando possibilidades metodoloacutegicas

na pesquisa antropoloacutegica Revista de Antropologia-USP v50 n1 p225-270

2007

RAMOS RL Ludonarrativa Narrativas Luacutedicas em abordagens qualitativas de

pesquisa In 4ordm CONGRESSO IBERO AMERICANO EM INVESTIGACcedilAtildeO

QUALITATIVA 2 2015 Aracaju [sn] 2015 p298-301

RODRIGUES MRF QUEIROZ SS ALENCAR HM Possiacuteveis influecircncias da

elaboraccedilatildeo de desenhos sobre narrativas infantis Psicologia Escolar Educacional

v12 n1 p203-219 2008

SILVA AA TAVARES HM O desenho como fator primordial no desenvolvimento

infantil 2012 Disponiacutevel em

ltcatolicaonlinecombrrevistadacatolica2artigosn4v215-pedagogiapdfgt Acesso

em 25 set 2015

SOARES AHR et al Quality of life of children and adolescents a bibliographical

review Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v16 n7 p 3197-3206 2011

TESCH FC OLIVEIRA BH LEAtildeO A Mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas

bucais sobre a qualidade de vida de crianccedilas aspectos conceituais e metodoloacutegicos

Caderno de Sauacutede Puacuteblica v23 n11 p2555-2564 2007

51

WALLANDER JL KOOT HM Quality of life in children

A critical examination of concepts approaches issuesand future directions Clinical

Psychology Review v45 p131-143 2016

WORLD HEALTH ORGANIZATION WHOQOL ndash measuring quality of life The World

Health Organization quality of life instruments Geneva World Health Organization

1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 12: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

14

se refere agrave amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geral quando se

pretende associar sauacutede aacute qualidade de vida Quando se vai trabalhar com

sintomas incapacidades ou limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o

instrumento especifico por terem como vantagem a capacidade de detectar

particularidades da qualidade de vida em determinadas situaccedilotildees (Barbosa et al

2010 Landeiro et al 2011)

Dentre os instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados podemos

citar o WHOQOL-100 que consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e

EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais Jaacute o WHOQOL BREF eacute uma versatildeo abreviada

composta por 26 questotildees que obtiveram os melhores desempenhos psicomeacutetricos

extraiacutedas do WHOQOL-100 A versatildeo abreviada eacute composta por 4 domiacutenios Fiacutesico

Psicoloacutegico Relaccedilotildees Sociais e Meio- ambiente ((WHOQOL GROUP 1994)

Outro instrumento geneacuterico o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto ldquoProteccedilatildeo e

Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo ndash uma perspectiva Europeia de Sauacutede Puacuteblica que foi financiado pela

Comissatildeo Europeia (CE) Utiliza uma abordagem simultaneamente transcultural e

desenvolve um conjunto de questotildees estandardizadas para avaliar a Qualidade de

Vida Relacionada com a Sauacutede (QVRS) em crianccedilas e adolescentes As vantagens

de medida do KIDSCREEN tornaram o instrumento atrativo mesmo fora dos 13

paiacuteses Europeus em que foi desenvolvido (Gaspar Matos 2008)

O instrumento Pediatric Quality of Life InventoryTM versatildeo 4 (Peds-QLTM) foi

desenvolvido para afericcedilatildeo da QVRS pediaacutetrica integrando abordagens geneacutericas

e concentradas em doenccedilas especificas inclui auto avaliaccedilatildeo para crianccedilas e

adolescentes entre 5 e 18 anos e questionaacuterios para os pais das crianccedilas e

adolescentes entre 2 e 18 anos (Klatchoian et al 2008)

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida

satildeo importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo e sabe-se que as

medidas em questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais

ou pelo cuidador e que estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos

pais e da crianccedila para domiacutenios mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios

fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo

o respondente do questionaacuterio e deve ser realizada junto com os pais ou

responsaacutevel e a crianccedila (Morettin et al 2013)

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

REFEREcircNCIAS

ARAUacuteJO LF TAVARES HM A significaccedilatildeo do desenho infantil e a percepccedilatildeo do

professor 2011 Disponiacutevel em wwwsociaisufubrrecsv2n19-17 Acesso em 24

nov 2015

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CAVALCANTE PA MANDRAacute PP Oral narratives of children with typical language

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2010

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MINAYO MCS O desafio do conhecimento Pesquisa qualitativa em sauacutede 14 ed

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50

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2013

OLIVEIRA AO MOURAtildeO JUNIOR CA Estudo teoacuterico sobre percepccedilatildeo na

filosofia e nas neurociecircncias Neuropsicologia Latinoamericana v5 n2 p41-53

2013

OLIVEIRA JPD Produccedilatildeo de conhecimento sobre narrativas orais contribuiccedilotildees

para as investigaccedilotildees em linguagem infantil Revista CEFAC v15 n1 p207-14

2013

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percepccedilatildeo Contrapontos v 8 n1 p113-28 2008

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Gerais Campos Gerais 2010

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em 25 set 2015

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TESCH FC OLIVEIRA BH LEAtildeO A Mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas

bucais sobre a qualidade de vida de crianccedilas aspectos conceituais e metodoloacutegicos

Caderno de Sauacutede Puacuteblica v23 n11 p2555-2564 2007

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WALLANDER JL KOOT HM Quality of life in children

A critical examination of concepts approaches issuesand future directions Clinical

Psychology Review v45 p131-143 2016

WORLD HEALTH ORGANIZATION WHOQOL ndash measuring quality of life The World

Health Organization quality of life instruments Geneva World Health Organization

1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

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Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 13: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

15

A percepccedilatildeo da crianccedila sobre a sauacutede varia conforme a sua capacidade

cognitiva que se modifica de acordo com a idade e os diferentes estaacutegios de

desenvolvimento emocional social e de linguagem A percepccedilatildeo da crianccedila tambeacutem

pode variar segundo a sua cultura condiccedilatildeo soacutecio- econocircmica e de sua sauacutede Para

responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e

conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua sauacutede ainda satildeo limitados haacute necessidade de

mais pesquisas (Tesch et al 2007)

Segundo Luquet (1969) Pastina amp Duarte (2008) e Piaget (1971) em um

processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece mentalmente

hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo

importantes e qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde

pequenas as crianccedilas desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e

siacutembolos carregados de significaccedilatildeo subjetiva e social da realidade com a qual

convive

Ao desenhar a crianccedila libera conteuacutedos da sua memoacuteria com certa abstraccedilatildeo

da fala nesse processo revela que a linguagem verbal eacute a base da linguagem

graacutefica constituiacuteda pelo desenho pois a crianccedila estabelece pontos de comunicaccedilatildeo e

expressa gosto medos anseios e angustias O desenho representa uma linguagem

que possui vocabulaacuterio e sintaxe proacuteprios e a crianccedila cria e recria formas

expressivas singulares que integram percepccedilatildeo imaginaccedilatildeo reflexatildeo e

sensibilidade e estaacute intimamente ligado ao desenvolvimento da escrita (Vygotsky

1988)

O desenho eacute o lugar provaacutevel do indeterminado das significaccedilotildees

fundamentais do mundo infantil que deve ser considerado natildeo apenas como modo

de expressatildeo ou de representaccedilatildeo da realidade mas tambeacutem como resultado de

atividades intencionais envolvendo aspectos cognitivos e emotivos em seu ajuste agrave

realidade com a qual a crianccedila convive (Arauacutejo Tavares 2011)

Por meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o

que sente sabe e vecirc O desenho revela um espelho daquela refletindo-a por inteiro

para quem o observa (Silva Tavares 2011)

Para Ramos (2015) a narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem

de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

REFEREcircNCIAS

ARAUacuteJO LF TAVARES HM A significaccedilatildeo do desenho infantil e a percepccedilatildeo do

professor 2011 Disponiacutevel em wwwsociaisufubrrecsv2n19-17 Acesso em 24

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CAVALCANTE PA MANDRAacute PP Oral narratives of children with typical language

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50

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2013

OLIVEIRA AO MOURAtildeO JUNIOR CA Estudo teoacuterico sobre percepccedilatildeo na

filosofia e nas neurociecircncias Neuropsicologia Latinoamericana v5 n2 p41-53

2013

OLIVEIRA JPD Produccedilatildeo de conhecimento sobre narrativas orais contribuiccedilotildees

para as investigaccedilotildees em linguagem infantil Revista CEFAC v15 n1 p207-14

2013

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percepccedilatildeo Contrapontos v 8 n1 p113-28 2008

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Gerais Campos Gerais 2010

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em 25 set 2015

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TESCH FC OLIVEIRA BH LEAtildeO A Mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas

bucais sobre a qualidade de vida de crianccedilas aspectos conceituais e metodoloacutegicos

Caderno de Sauacutede Puacuteblica v23 n11 p2555-2564 2007

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WALLANDER JL KOOT HM Quality of life in children

A critical examination of concepts approaches issuesand future directions Clinical

Psychology Review v45 p131-143 2016

WORLD HEALTH ORGANIZATION WHOQOL ndash measuring quality of life The World

Health Organization quality of life instruments Geneva World Health Organization

1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

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14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 14: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

16

Assim tem como objetivo superar a distacircncia entre compreender e explicar

apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do discurso a

mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista particular

Estudo feito por Oliveira et al (2013) relata que quando a crianccedila desenvolve

a capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate

experiecircncias vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para

criar novos contextos e personagens Trata - se de uma das mais marcantes

habilidades do processo de desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis

natildeo estaacute condicionado a nenhum tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite

diferentes formas de anaacutelise

Essa pesquisa justificou - se porque adotou uma metodologia diferente na

tentativa de melhorar a compreensatildeo da dimensatildeo subjetiva em qualidade de vida

percebida pelas crianccedilas

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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Gerais Campos Gerais 2010

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WORLD HEALTH ORGANIZATION WHOQOL ndash measuring quality of life The World

Health Organization quality of life instruments Geneva World Health Organization

1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 15: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

17

2 OBJETIVOS

21 Objetivo Geral

Compreender a percepccedilatildeo das crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

22 Objetivos Especiacuteficos

1- Conhecer as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por escolares

2- Conhecer os aspectos fiacutesicos que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

3- Conhecer os aspectos sociais que se relacionam aacute qualidade de vida entre

escolares

4- Conhecer os aspectos psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre escolares

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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na pesquisa antropoloacutegica Revista de Antropologia-USP v50 n1 p225-270

2007

RAMOS RL Ludonarrativa Narrativas Luacutedicas em abordagens qualitativas de

pesquisa In 4ordm CONGRESSO IBERO AMERICANO EM INVESTIGACcedilAtildeO

QUALITATIVA 2 2015 Aracaju [sn] 2015 p298-301

RODRIGUES MRF QUEIROZ SS ALENCAR HM Possiacuteveis influecircncias da

elaboraccedilatildeo de desenhos sobre narrativas infantis Psicologia Escolar Educacional

v12 n1 p203-219 2008

SILVA AA TAVARES HM O desenho como fator primordial no desenvolvimento

infantil 2012 Disponiacutevel em

ltcatolicaonlinecombrrevistadacatolica2artigosn4v215-pedagogiapdfgt Acesso

em 25 set 2015

SOARES AHR et al Quality of life of children and adolescents a bibliographical

review Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v16 n7 p 3197-3206 2011

TESCH FC OLIVEIRA BH LEAtildeO A Mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas

bucais sobre a qualidade de vida de crianccedilas aspectos conceituais e metodoloacutegicos

Caderno de Sauacutede Puacuteblica v23 n11 p2555-2564 2007

51

WALLANDER JL KOOT HM Quality of life in children

A critical examination of concepts approaches issuesand future directions Clinical

Psychology Review v45 p131-143 2016

WORLD HEALTH ORGANIZATION WHOQOL ndash measuring quality of life The World

Health Organization quality of life instruments Geneva World Health Organization

1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 16: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

18

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com escolares na faixa etaacuteria de 7 - 10 anos em

uma escola puacuteblica do ensino fundamental localizada na regiatildeo metropolitana de

Belo Horizonte no municiacutepio de Contagem no estado de Minas Gerais Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015) informam que esse

municiacutepio possui aacuterea territorial de 195045kmsup2 uma populaccedilatildeo estimada de

648766 habitantes Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

0756 um total de 168 escolas de ensino fundamental sendo 70 escolas

privadas 31 escolas puacuteblicas estaduais e 67 escolas puacuteblicas municipais A

escola participante informou que em 2015 possuiacutea o total de 863 alunos sendo

que na faixa etaacuteria 7-10 anos eram 279 alunos

Optou-se pela abordagem qualitativa devido ao fato de se buscar a

compreensatildeo da significaccedilatildeo do fenocircmeno em si mesmo e a significaccedilatildeo dada pelo

sujeito objeto da pesquisa ou melhor buscar a compreensatildeo o problema por

intermeacutedio do sujeito pesquisado que eacute quem vive o problema e dessa forma o

conhecimento tornar-se a visatildeo mais totalizante do processo cientiacutefico segundo

Canzonieri (2011) e Minayo (2014) pois pretendia- se compreender o que

representa uma vida com qualidade para as crianccedilas na faixa etaacuteria 7 a 10 anos

A seleccedilatildeo da escola orientou-se pela disponibilidade de trabalhar com uma

escola de contextos sociais diferentes em relaccedilatildeo agraves escolas de outros paiacuteses e que

representasse nossa realidade brasileira A escola selecionada foi aquela que estava

disponiacutevel para participar da pesquisa pois algumas dificuldades foram encontradas

quando outras escolas foram convidadas para participar e recusavam alegando

diversos motivos como periacuteodo de avaliaccedilotildees greve falta de tempo para nos

receber dentre outros Dessa forma na escola que demostrou disponibilidade

agendou-se um horaacuterio com a diretora o projeto de pesquisa foi apresentado e feito

o convite e a Carta de Anuecircncia (APEcircNDICE A) foi assinada

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que

contemplassem as faixas etaacuterias em questatildeo (7-10 anos) Nessas trecircs turmas de

escolares foram entregues os convites o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(APEcircNDICE C) Apoacutes o retorno dos documentos iniciou-se a coleta de dados A

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 17: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

19

amostra contou com 22 participantes que foram autorizados pelos pais a

participarem da pesquisa

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho a narrativa

apoacutes o desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da

pesquisa A escolha do desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de

expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas nesta faixa etaacuteria Segundo Pires (2007) as

crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente portanto pode-se observar

nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de desenhos de um

mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva (Rodrigues et al 2008)

Segundo Cavalcante amp Mandraacute (2010) depois de seis anos as crianccedilas

conseguem narrar fatos detalhadamente com coerecircncia e muitas vezes sem o

apoio do interlocutor

31 Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma que

natildeo foi participou do estudo principal da pesquisa A turma de escolares tinha 17

participantes na faixa etaacuteria de 8 - 9 anos O propoacutesito era analisar estrategicamente

a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a possibilidade de anaacutelise do material

coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida como por exemplo o melhor

horaacuterio para fazer a coleta dos dados o local utilizado o material disponiacutevel o

tempo dispendido para realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas

atividades escolares e a receptividade da escola

Partindo desse propoacutesito os escolares do estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse

momento teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor

canetas hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

Apoacutes a apropriaccedilatildeo das realidades sobre o campo de trabalho foram

realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar antes do inicio

da etapa seguinte como por exemplo se adequar a disponibilidade dos horaacuterios de

cada turma para participar da pesquisa sem prejuiacutezo para as atividades da rotina

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

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ANEXOS

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ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

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4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 18: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

20

escolar sendo estabelecido o periacuteodo inicial das aulas antes do recreio para coleta

dos dados Tambeacutem foi considerada a rotina dos funcionaacuterios empenhados em

colaborar para o deslocamento dentro da escola a fim de natildeo trazer prejuiacutezo ao

trabalho dos mesmos

32 Coleta de dados

O estudo principal de coleta de dados foi realizado em duas fases desenho

com narrativa e entrevista

321 Primeira fase

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas

desenho livre desenho temaacutetico narrativa do desenho conforme proposta de Pires

(2007)

Nessa fase da pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de

aula fizeram os desenhos a fim de natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os

escolares que os pais natildeo autorizaram a participaccedilatildeo na pesquisa

3211 Desenho livre

Nesta etapa os escolares foram convidados a desenhar livremente sem

orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o

propoacutesito de promover a aproximaccedilatildeo e um melhor relacionamento entre

pesquisadoras e os escolares no decorrer da coleta de dados Esta etapa teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas

hidrograacuteficas papel etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras

3212 Desenho temaacutetico

Os escolares foram convidados a confeccionar desenhos temaacuteticos a partir

de uma proposta provocadora com o tema desenhe um ldquoBairro felizrdquo Os desenhos

obtidos serviram de orientaccedilatildeo no que se relaciona aos temas explorados Para esta

etapa foi utilizado o mesmo tempo e os mesmos materiais foram disponibilizados Os

desenhos foram previamente analisados para identificaccedilatildeo dos temas ali presentes

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Garamond 1999

48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

REFEREcircNCIAS

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1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

Page 19: A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ......três perguntas sobre o que significa qualidade de vida para a criança. A escolha do desenho, a narrativa e a entrevista considerou

21

3213 Narrativa dos desenhos

Em seguida foram separados todos os participantes que estavam

autorizados a participar da pesquisa pelos pais Dessa forma obteve-se o total de

22 participantes que seguiram para a fase seguinte a narrativa dos desenhos

Cada participante foi convidado a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas de crianccedilas as

pesquisadoras foram estimuladoras do processo quando necessaacuterio sendo sempre

preferiacutevel a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa foi gravada e transcrita

fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

322 Segunda fase Entrevista

Nessa fase realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas

1O que existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal

2O que falta na sua vida que poderia fazer a vida mais legal

3O que eacute uma vida com qualidade (uma vida que tem coisas que satildeo boas para as

pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior

anaacutelise

A siacutentese da coleta de dados nessa pesquisa pode ser observada no quadro

abaixo

22

Quadro 1 ndash Siacutentese da coleta de dados da pesquisa

1ordf Fase

Desenho

(trecircs turmas

sorteadas)

Livre

1ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1 h em cada turma)

Temaacutetico

2ordf semana

(duraccedilatildeo 3 horas -

1h em cada turma)

Narrativa do

Desenho

(gravaccedilatildeo individual)

3ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

2ordf Fase

Entrevista

(gravaccedilatildeo individual)

4ordf semana

(duraccedilatildeo 4 horas)

Fonte Autoria das pesquisadoras

33 Anaacutelise dos dados

Os dados foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo et

al (2005) para anaacutelise de conteuacutedo e utilizou - se a Triangulaccedilatildeo de Meacutetodos

Considerou - se os resultados das narrativas dos desenhos feitos pelos escolares e

a entrevista com as trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa feitas a cada

participante

Apoacutes exaustiva leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por

consenso foram definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram e

organizaram as variaacuteveis

23

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados no formato do artigo cientiacutefico

que foi submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e estaacute formatado de acordo

com as regras para submissatildeo (ANEXO B)

34 Aspectos Eacuteticos

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa

(COEP) da UFMG sob o registro CAAE ndash 45236615500005149 em 05 de agosto

de 2015 (ANEXO A) Todos os responsaacuteveis pelos participantes assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) e todos os

participantes assinaram o Termo de Assentimento (APEcircNDICE C)

24

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados e discussatildeo seratildeo apresentados em formato de artigo cientiacutefico

submetido agrave Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva e encontra-se formatado de acordo

com as regras para submissatildeo nessa Revista (ANEXO B)

A PERCEPCcedilAtildeO DE QUALIDADE DE VIDA ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS

THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE AMONG BRAZILIAN

SCHOOLCHILDREN

1Elaine Ferreira Campos ndash Mestranda em Odontologia aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Coletiva

Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail - odontologiaelainegmailcom

2Viviane Elizacircngela Gomes ndash Professora Adjunta Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vivigomesbr yahoocombr

3Efigecircnia Ferreira e Ferreira ndash Professora Titular Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash efigeniafgmailcom

4Andreacutea Maria Duarte Vargas ndash Professora Associada Departamento de Odontologia Social e

Preventiva Faculdade de Odontologia da UFMG

E-mail ndash vargasnttaskcombr

Autora para correspondecircncia ndash

Elaine Ferreira Campos - E-mail - odontologiaelainegmailcom

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas de 7 a 10 anos sobre

qualidade de vida Foi realizado em escola puacuteblica na regiatildeo metropolitana de Belo

Horizonte Minas Gerais Optou-se pela abordagem qualitativa jaacute que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas A amostra foi

composta de 22 crianccedilas A coleta de dados utilizou duas fases a primeira foi do desenho

25

(livre e temaacutetico) com a narrativa A segunda fase foi a entrevista Os dados foram analisados

utilizando a triangulaccedilatildeo de meacutetodos (narrativas das crianccedilas e as ent rev is tas ) que

evidenciaram os nuacutecleos de sentido e os temas que foram definidos por consenso Dessa

forma distinguiram-se as categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras

animais) valores condiccedilotildees estruturais seguranccedila Esse estudo revelou a importacircncia das

crianccedilas participarem das etapas de construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas

quando procura-se conhecer o que importa para elas com relaccedilatildeo a qualidade de vida

Algumas dimensotildees relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios existentes de

qualidade de vida geral (famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila

condiccedilotildees de vida e valores natildeo satildeo normalmente encontrados

Palavras-chave- Qualidade de vida Escolar Desenho infantil Narrativa

SUMMARY

This study aimed to understand the perception of children from 7 to 10 years about quality of

life It was held in a public school in the metropolitan region of Belo Horizonte Minas Gerais

We opted for the qualitative approach since it was intended to understand what is a quality of

life for children The sample consisted of 22 children Data collection used two phases the

first phase was the design (free and thematic) with the narrative The second stage was the

interview Data were analyzed using triangulation methods (childrens narratives and

interviews) that showed core meanings and themes that were defined by consensus Thus

distinguished the categories family child things (friends games animals) values

structuralsafety This study revealed the importance of children participate in the construction

dimensions of steps that must be evaluated when looking to know what matters to them with

respect to quality of life Some reported dimensions had been included in the existing

questionnaires of general quality of life (family jokes friends) but others such as security

living conditions and values are not normally found

26

Key- words Quality of life Schoolchildren Childish drawing Narrative

INTRODUCcedilAtildeO

Qualidade de vida eacute a percepccedilatildeo do indiviacuteduo de sua posiccedilatildeo na vida no contexto da

cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relaccedilatildeo aos seus objetivos expectativas

padrotildees e preocupaccedilotildees1 O conceito de qualidade de vida eacute apresentado geralmente atraveacutes

de uma perspectiva multidimensional incluindo no miacutenimo as dimensotildees fiacutesica psicoloacutegica e

social e de uma perspectiva subjetiva sugerindo que a proacutepria pessoa deve avaliar sua

qualidade de vida valorizando a perspectiva do indiviacuteduo como relator de sua proacutepria

experiecircncia 2

Para crianccedilas e adolescentes qualidade de vida pode significar ldquoo quanto seus desejos

e esperanccedilas se aproximam do que realmente estaacute acontecendordquo Tambeacutem ldquoreflete sua

prospecccedilatildeo tanto para si quanto para os outrosrdquo ldquoeacute muito sujeita a alteraccedilotildees sendo

influenciada por eventos cotidianos e problemas crocircnicosrdquo Esta percepccedilatildeo se altera com o

tempo uma vez que a capacidade cognitiva da crianccedila se modifica de acordo com a idade em

funccedilatildeo dos diferentes estaacutegios de desenvolvimento emocional social linguagem cultural

condiccedilatildeo socioeconocircmica e condiccedilatildeo de sauacutede3

Na uacuteltima deacutecada ocorreu uma proliferaccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo de qualidade

de vida sendo a maioria desenvolvida na liacutengua inglesa Poreacutem a necessidade de utilizaccedilatildeo

desses indicadores em pesquisas eacute comum a outros paiacuteses de liacutengua natildeo inglesa que tiveram

como opccedilatildeo criar um novo instrumento ou adaptar o existente incluindo a traduccedilatildeo para o

idioma do paiacutes a ser utilizado a adaptaccedilatildeo transcultural e a validaccedilatildeo desse instrumento

possibilitando uma avaliaccedilatildeo fidedigna que seja raacutepida e de faacutecil aplicaccedilatildeo4

Os instrumentos que se propotildeem a medir a qualidade de vida relacionada agrave sauacutede

podem ser classificados em geneacutericos e especiacuteficos A diferenccedila entre os dois se refere agrave

27

amplitude do que se quer medir Usa-se o instrumento geneacuterico quando se pretende associar

sauacutede agrave qualidade de vida e quando se vai trabalhar com sintomas incapacidades ou

limitaccedilotildees de enfermidades especificas utiliza- se o instrumento especifico5 Dentre os

instrumentos geneacutericos mais frequentemente utilizados pode-se citar o WHOQOL-100 que

consta de 100 questotildees que avaliam 6 domiacutenios Fiacutesico Psicoloacutegico Niacutevel de Independecircncia

Relaccedilotildees Sociais Meio-ambiente e EspiritualidadeCrenccedilas Pessoais com a sua versatildeo curta

o WHOQOL BREF 1

Com relaccedilatildeo agraves crianccedilas por estarem em estaacutegios de desenvolvimento apresentam

variaccedilotildees no grau de percepccedilatildeo de si mesmas e do mundo muito diferentes dos adultos

Baseado nisso nos uacuteltimos anos vecircm se desenvolvendo instrumentos especiacuteficos para

crianccedilas e adolescentes que viabilizam a mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas sobre a sua

qualidade de vida 67

Quando se considera a qualidade de vida relacionada a sauacutede entre crianccedilas e

adolescentes diversos instrumentos geneacutericos estatildeo disponiacuteveis Como exemplos destacamos

os instrumentos TNO AZL Child Quality Of Life (TACQOL) propostos para crianccedilas de 6-15

anos8 com a versatildeo para pais (Parent Form) e para pre escolares TNO-AZL Preschool Quality

Of Life (TAPQOL) proposto por Fekkes et al 9

o Pediatric Quality of Life Inventory-

PedsQL10 que pode ser usado para crianccedilas e adolescentes de 2 a 18 anos de idade o Child

Health Questionnaire (CHQ) disponiacutevel em um grande nuacutemero de liacutenguas e paiacuteses1112

o

Infant Toddler Quality of Life Questionnaire (ITQOL) que como o CHQ o ITQOL tambeacutem

inclui questotildees que medem o impacto nos pais13

o KIDSCREEN acrocircnimo do projeto

ldquoProteccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Qualidade de Vida Relacionada com a Sauacutede em Crianccedilas e

Adolescentesrdquo desenvolvido pela Comissatildeo Europeia que assegura sua validade transcultural

para crianccedilas e adolescentes de 8 a 18 anos em diversos paiacuteses europeus14

28

Os questionaacuterios citados trabalham com dimensotildees sendo as mais frequentes as

relacionadas aos aspectos fiacutesico social mentalcognitivo e emocional mesmo quando as

dimensotildees satildeo mais detalhadas incluindo crescimento e desenvolvimento ou temperamento e

humor por exemplo

Conceituar de maneira compreensiva quais domiacutenios de qualidade de vida satildeo

importantes para a crianccedila e como estes domiacutenios podem evoluir durante o seu

desenvolvimento eacute um fator determinante nesse tipo de avaliaccedilatildeo Sabe-se que as medidas em

questionaacuterios com crianccedilas satildeo frequentemente completadas pelos pais ou pelo cuidador

Estudos mostram uma fraca correlaccedilatildeo entre a resposta dos pais e da crianccedila para domiacutenios

mentais e sociais e correlaccedilatildeo melhor com domiacutenios fiacutesicos Por isso na interpretaccedilatildeo dos

resultados tem-se que levar em consideraccedilatildeo o respondente do questionaacuterio15

Para responder a uma pergunta sobre sua qualidade de vida a crianccedila precisa

primeiramente entender o que estaacute sendo perguntado e depois saber formular uma

resposta16

Os conhecimentos cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar

em geral ainda satildeo limitados1718

Deste modo essa pesquisa teve como objetivo conhecer o que significa qualidade de

vida para escolares de 7 a 10 anos por meio de desenhos com narrativas e entrevista

METODOLOGIA

Este estudo exploratoacuterio foi realizado com escolares de 7 a 10 anos de idade de uma

escola puacuteblica do ensino fundamental do municiacutepio de Contagem Minas Gerais selecionada

por conveniecircncia Optou-se pela abordagem qualitativa uma vez que se pretendia

compreender o que representa uma vida com qualidade para as crianccedilas

29

O estudo foi conduzido apoacutes sorteio aleatoacuterio de trecircs salas de aula que contemplassem

a faixa etaacuteria em questatildeo (7-10 anos) O estudo incluiu 22 participantes que participaram de

todas as etapas da pesquisa e autorizados pelos pais

Os meacutetodos utilizados para a coleta de dados foram o desenho com narrativa apoacutes o

desenho e uma entrevista com trecircs perguntas pertinentes ao tema da pesquisa A escolha do

desenho considerou o fato de ser uma boa maneira de expressatildeo e verbalizaccedilatildeo das crianccedilas

nesta faixa etaacuteria Segundo Pires19

as crianccedilas colocam no papel o que lhe eacute mais evidente

portanto pode-se observar nos desenhos o que eacute mais oacutebvio Aleacutem disto uma coleccedilatildeo de

desenhos de um mesmo grupo social permite uma observaccedilatildeo coletiva20

A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar pelas pesquisadoras que natildeo

possuiacuteam viacutenculo com as crianccedilas do estudo

Estudo piloto

Em um primeiro momento foi realizado um estudo piloto em uma turma excluiacuteda do

estudo principal A turma de escolares tinha 17 participantes na faixa etaacuteria de 8 a 9 anos O

propoacutesito era analisar estrategicamente a atuaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave coleta de dados e a

possibilidade de anaacutelise do material coletado sendo verificada a relaccedilatildeo estabelecida entre

pesquisador e crianccedilas o local utilizado o material disponiacutevel o tempo dispendido para

realizaccedilatildeo do desenho o grau de interferecircncia nas atividades escolares e a receptividade da

escola

Partindo desse propoacutesito os escolares desse estudo piloto foram convidados a

desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a partir de sua proacutepria escolha Esse momento teve a

duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas papel

etc) foi disponibilizado pelas pesquisadoras Apoacutes a apropriaccedilatildeo da realidade no campo de

trabalho foram realizadas correccedilotildees para melhor adequaccedilatildeo ao ambiente escolar como

30

por exemplo a disponibilidade dos horaacuterios de cada turma ou a rotina dos funcionaacuterios

empenhados em colaborar para o deslocamento dentro da escola Depois que todas as

adaptaccedilotildees foram concluiacutedas iniciou-se o estudo principal que foi dividido em duas fases

desenho com narrativa e entrevista

Primeira fase Desenho com narrativa

A imaginaccedilatildeo atribuiacuteda ao desenho infantil assume um papel importante na ampliaccedilatildeo

do repertoacuterio da crianccedila estando diretamente relacionada agraves reconstruccedilotildees de elementos

visuais que pertencem ao mundo de referecircncia tomados de experiecircncias anteriores A crianccedila

se apropria desses elementos internalizando-os e expressando no desenho as suas impressotildees

Atraveacutes dessa linguagem especiacutefica a crianccedila organiza informaccedilotildees processa experiecircncias

exercita a imaginaccedilatildeo externaliza suas emoccedilotildees ressignifica a vida cotidiana e interpreta os

objetos desenhados de um modo muito particular2122

Em um processo de construccedilatildeo graacutefica como o desenho a crianccedila estabelece

mentalmente hierarquias decide quais os elementos essenciais e os secundaacuterios para a

representaccedilatildeo e seleciona qual a forma mais significativa quais detalhes satildeo importantes e

qual o melhor ponto de vista para representar o objeto Desde pequenas as crianccedilas

desenvolvem linguagem proacutepria traduzida em signos e siacutembolos carregados de significaccedilatildeo

subjetiva e social da realidade com a qual convivem23

Eacute uma ferramenta poderosa uma vez

que crianccedilas tendem a gostar de desenhar sem mostrar sinais de tensatildeo Deste modo os

estudos com desenhos infantis tecircm sido muito usados para explorar sua visatildeo do mundo24

Por

meio do desenho a crianccedila comunica- se pede delata informa tudo o que sente sabe e vecirc O

desenho revela um espelho da realidade refletindo-a por inteiro para quem o observa25

31

A narrativa eacute um fenocircmeno e constitui uma abordagem de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo

pois parte das experiecircncias e dos fenocircmenos humanos e tem como objetivo superar a distacircncia

entre compreender e explicar apresentando uma operaccedilatildeo mediadora da experiecircncia viva e do

discurso a mediaccedilatildeo entre estrutura e acontecimento e representa um ponto de vista

particular26

Estudo realizado por Oliveira et al27

relata que quando a crianccedila desenvolve a

capacidade de narrar fatos e eventos essa habilidade permite que a mesma relate experiecircncias

vivenciadas e tambeacutem reconte histoacuterias e utilize dessa capacidade para criar novos contextos e

personagens Trata-se de uma das mais marcantes habilidades do processo de

desenvolvimento infantil O estudo das narrativas infantis natildeo estaacute condicionado a nenhum

tipo especial de abordagem teoacuterica pois permite diferentes formas de anaacutelise

A coleta de dados por meio do desenho foi realizada em trecircs etapas desenho livre

desenho temaacutetico e a narrativa dos desenhos conforme proposta de Pires19 e

Nessa fase da

pesquisa todos os escolares presentes dentro da sala de aula fizeram os desenhos a fim de

natildeo causar sentimento de exclusatildeo para os escolares que os pais natildeo autorizaram a

participaccedilatildeo na pesquisa

1ordf etapa Desenho livre

Nesta etapa as crianccedilas foram convidadas a desenhar livremente sem orientaccedilatildeo a

partir de sua proacutepria escolha A importacircncia luacutedica desta etapa teve o propoacutesito de um melhor

relacionamento entre a pesquisadora e as crianccedilas no decorrer da coleta de dados Esta etapa

teve a duraccedilatildeo de uma hora e todo o material necessaacuterio (laacutepis de cor canetas hidrograacuteficas

papel etc) foi disponibilizado pela pesquisadora

2ordf etapa Desenho temaacutetico

32

As crianccedilas foram convidadas a confeccionar um desenho a partir de uma proposta

provocadora ldquodesenhe um bairro felizrdquo Para esta etapa foi utilizado o mesmo tempo e os

mesmos materiais foram disponibilizados Os desenhos foram previamente analisados para

identificaccedilatildeo das imagens ali presentes A listagem de desenhos formada foi o orientador na

etapa de narrativa com relaccedilatildeo as explicaccedilotildees consideradas importantes Embora natildeo

intencional os desenhos livres foram analisados em conjunto aos desenhos temaacuteticos por

aspectos relevantes ali apontados pelas crianccedilas

3a

Etapa Narrativa sobre o desenho

Cada crianccedila participante foi convidada a falar individualmente sobre os proacuteprios

desenhos e os seus significados Nas sessotildees de narrativas a pesquisadora foi estimuladora do

processo quando necessaacuterio sempre preferindo a narrativa livre e espontacircnea Cada narrativa

foi gravada e transcrita fielmente com o propoacutesito de facilitar a anaacutelise

Segunda fase Entrevista

Nessa etapa realizou-se a entrevista individual orientada por trecircs perguntas 1 O que

existe na sua vida que vocecirc acha que eacute importante para ter uma vida legal 2 O que falta na

sua vida que poderia fazer a vida mais legal 3 O que eacute uma vida com qualidade (uma vida

que tem coisas que satildeo boas para as pessoas)

Cada entrevista foi gravada e seu conteuacutedo transcrito fielmente para posterior anaacutelise

Anaacutelise dos dados

A leitura exaustiva foi realizada com a narrativa das crianccedilas sobre seus desenhos

(Desenho livre e Bairro feliz) e o material obtido das transcriccedilotildees das entrevistas Os dados

foram analisados por meio da metodologia proposta por Minayo28

para anaacutelise de conteuacutedo

33

Apoacutes a leitura individual do material por trecircs pesquisadoras por consenso foram

definidos os nuacutecleos de sentido e temas que distinguiram as variaacuteveis organizadas em quatro

categorias famiacutelia coisas de crianccedila (amigos brincadeiras animais) valores condiccedilotildees

estruturais seguranccedila

A participaccedilatildeo dos escolares na pesquisa foi autorizada pelos pais ou seu responsaacutevel

atraveacutes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Assentimento Os

mesmos receberam uma via de igual teor dos Termos assinada pela pesquisadora responsaacutevel

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o

nuacutemero CAAE ndash 45236615500005149

RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A narrativa dos desenhos realizados pelas crianccedilas nesse estudo mostrou-se bastante

pertinente para a expressatildeo delas com relaccedilatildeo ao que consideram uma boa qualidade de vida

Ademais natildeo foram encontrados na literatura outros estudos de qualidade de vida para

crianccedilas gerais ou especiacuteficos onde desenhos com narrativa foram utilizados Esse foi um

ponto bastante positivo desse estudo

O uso de imagens para medir qualidade de vida foi identificado em um uacutenico estudo

Este teve como objetivo desenvolver um instrumento geneacuterico (Exeter QoL- Exqol) para

medir qualidade de vida em crianccedilas de 6-12 anos Os dados foram coletados com auxilio de

12 imagens digitalizadas em computador selecionadas de acordo com o contexto social das

crianccedilas O modelo teoacuterico adotado neste estudo baseou-se no pressuposto que a pior

qualidade de vida eacute o resultado de discrepacircncias entre um indiviacuteduo real (como eu) e auto

ideal (ldquocomo eu gostaria de ser)29

De acordo com os autores o questionaacuterio evidenciou que

crianccedilas de 6-12 anos satildeo capazes de identificar a restriccedilatildeo social e como eles satildeo percebidos

pelos outros especialmente os amigos considerados fundamentais em suas vidas

34

A anaacutelise das narrativas das crianccedilas apontou para quatro categorias principais que

segundo as crianccedilas satildeo importantes para a qualidade de vida famiacutelia coisas de crianccedila

(amigos brincadeiras animais) valores e condiccedilotildees estruturais de vidaseguranccedila

Os diversos instrumentos desenvolvidos nesses uacuteltimos anos que procuram avaliar a

qualidade de vida em geral de crianccedilas consideram muacuteltiplos niacuteveis de anaacutelise como

autoestima imagem do corpo autonomia atividade fiacutesica status emocional escola lazer

famiacutelia amigos e outros30

Algumas categorias encontradas nesse estudo natildeo estatildeo

normalmente nos instrumentos principalmente condiccedilotildees estruturais seguranccedila e valores

Isto pode ter ocorrido porque este estudo foi realizado diretamente com as crianccedilas e no caso

dos instrumentos nem sempre essa etapa foi observada e os domiacutenios quase sempre foram

gerados pelos pais ou profissionais As crianccedilas tecircm sua proacutepria percepccedilatildeo do que constitui

uma boa vida e essa percepccedilatildeo vai mudando com a maturidade O peso de cada domiacutenio

tambeacutem pode variar individualmente por causa de diferenccedilas culturais e de

desenvolvimento31

Com relaccedilatildeo agraves categorias que emergiram nesse estudo a primeira delas a famiacutelia eacute

considerada um dos primeiros ambientes de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo atuando como

mediadora principal dos padrotildees modelos e influecircncias culturais Eacute tambeacutem a primeira

instituiccedilatildeo social que em conjunto com outras busca assegurar a continuidade e o bem estar

dos seus membros e da coletividade incluindo a proteccedilatildeo e o bem estar das crianccedilas Pode-se

dizer que eacute vista como um sistema social responsaacutevel pela transmissatildeo de valores crenccedilas

ideias e significados que estatildeo presentes nas sociedades32

Segundo Dessen e Polonia33

a famiacutelia tem um impacto significativo e uma forte

influecircncia no comportamento dos indiviacuteduos especialmente das crianccedilas que aprendem as

diferentes formas de existir de ver o mundo e construir as suas relaccedilotildees sociais Como

35

primeira mediadora entre o homem e a cultura a famiacutelia constitui a unidade dinacircmica das

relaccedilotildees de cunho afetivo social e cognitivo que se encontram nas condiccedilotildees materiais

histoacutericas e culturais de um dado grupo social No ambiente familiar a crianccedila aprende a

administrar e resolver os conflitos a controlar as emoccedilotildees a expressar os diferentes

sentimentos que constituem as relaccedilotildees interpessoais a lidar com as diversidades e

adversidades da vida

Tendo a famiacutelia essa importacircncia na vida de todos natildeo eacute de se estranhar que ela tenha

sido mencionada pelas crianccedilas como imprescindiacutevel na qualidade de vida As falas abaixo

demonstram a importacircncia da famiacutelia para as crianccedilas

ldquoA famiacutelia eacute muito importante e nada para separar a gente [] muito tempo com a famiacuteliardquo

(menina ndash 9 anos)

ldquoFicar com a famiacuteliardquo(menina ndash 8 anos)

ldquoA famiacutelia eacute tudordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoMinha matildee pai irmatildeo tia voacute casa do tio e tia todo mundo que eu tenho onde morordquo

(menina ndash 7 anos)

Percebe-se tambeacutem a proteccedilatildeo que a famiacutelia representa para as crianccedilas Segundo

Schenker amp Minayo 34

aleacutem da importacircncia para o ajustamento infantil interaccedilotildees familiares

saudaacuteveis contribuem para o pleno desenvolvimento da infacircncia agrave adolescecircncia

ldquoTer a famiacutelia unida eacute legal ter sempre do nosso lado acompanhando tudo que possa fazerrdquo

(menina ndash 10 anos)

A segunda categoria foi nomeada de ldquocoisas de crianccedilardquo englobando os amigos as

brincadeiras e animais Essa categoria engloba trecircs vivecircncias infantis muito comuns e que

36

estatildeo ligadas pelo mesmo sentido uma vez que brincadeiras satildeo realizadas com os amigos e

tambeacutem com os animais de estimaccedilatildeo

ldquoEu acho que minha vida eacute legal Eu brinco com meus amigos leio livro Agraves vezes eu ateacute

durmo na casa das minhas amigas Chegaram umas meninas novas no 3ordm ano e quiseram ser

minhas amigasrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoAh brincadeiras natildeo sei mais o que tem natildeo Eu gosto de ver TV brincadeira viacutedeo e soacuterdquo

(menino ndash 7 anos)

ldquo[] meus amigos meus animaizinhos tenho dois cachorrinhosrdquo (menina ndash 9 anos)

ldquo [] amigos para brincarrdquo (menina -9 anos)

ldquo[] para as crianccedilas eacute brincadeira isso que eu achordquo (menino ndash 7 anos)

ldquoBola peteca piscina cachorros amigosrdquordquo (menina ndash 7 anos)

A brincadeira para a crianccedila eacute consagrada como atividade essencial ao

desenvolvimento infantil e portanto tiacutepico dela O fato de ser citada como essencial para a

qualidade de vida parece ser esperado

Segundo Vygotsky35

um dos representantes mais importantes da psicologia histoacuterico-

cultural a brincadeira infantil assume uma posiccedilatildeo privilegiada para a anaacutelise do processo de

constituiccedilatildeo do sujeito rompendo com a visatildeo tradicional de que ela eacute atividade natural de

satisfaccedilatildeo de instintos infantis O autor apresenta o brincar como uma atividade em que tanto

os significados social e historicamente produzidos satildeo construiacutedos quanto novos podem ali

emergir A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaccedilos de

construccedilatildeo de conhecimentos pelas crianccedilas na medida em que os significados que ali

transitam satildeo apropriados por elas de forma especiacutefica

37

A brincadeira eacute cada vez mais entendida como atividade que aleacutem de promover o

desenvolvimento global das crianccedilas incentiva a interaccedilatildeo entre os pares a resoluccedilatildeo

construtiva de conflitos a formaccedilatildeo de um cidadatildeo criacutetico e reflexivo36

A brincadeira

desenvolvida pela crianccedila para seu prazer e recreaccedilatildeo tambeacutem permite a ela interagir com os

pais adultos e outras crianccedilas bem como explorar o meio ambiente Ao longo do

desenvolvimento as crianccedilas vatildeo construindo novas e diferentes competecircncias no contexto

das praacuteticas sociais que iratildeo lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no

mundo Quando a crianccedila brinca ela faz construccedilotildees sofisticadas da realidade e desenvolve

seu potencial criativo transforma a funccedilatildeo dos objetos para atender seus desejos37

Por outro lado a amizade eacute uma importante ferramenta para a sauacutede emocional das

crianccedilas e possuir amigos pode significar maior estabilidade desenvolvimento de empatia e

de autoconfianccedila O desenvolvimento intelectual e afetivo saudaacutevel do ser humano necessita

das trocas ou das interrelaccedilotildees entre amigos porque visam relaccedilotildees ricas onde os envolvidos

podem estabelecer partilhas afetivas cognitivas dar opiniotildees e contribuiacuterem para o

desenvolvimento do companheiro Ao fazer amigos as crianccedilas tecircm maior probabilidade de

se comunicar claramente se auto revelar resolver mais eficazmente conflitos A amizade

favorece o desenvolvimento social fornecendo agraves crianccedilas ambientes e situaccedilotildees em que

possam aprender sobre si mesmas seus pares e o mundo Para a crianccedila amizade eacute como um

fator de proteccedilatildeo social que traz benefiacutecios agrave autoestima e ao seu bem-estar38

Com relaccedilatildeo aos animais segundo Taylor e Kuo39

a interaccedilatildeo do ser humano com o

animal de estimaccedilatildeo facilita mudanccedilas positivas no comportamento das pessoas como o

desenvolvimento de habilidades e o exerciacutecio da responsabilidade em diferentes culturas e

contexto Dessa forma melhora a sauacutede fiacutesica psicoloacutegica e emocional do ser humano o que

justifica a inclusatildeo dos animais pelas crianccedilas como importante para a qualidade de vida Os

38

autores relatam apoacutes revisatildeo na literatura que existe evidecircncia de que o contato com animais

promove o desenvolvimento saudaacutevel em crianccedilas

Outra categoria valores emergiu como importante para a qualidade de vida das

crianccedilas Os pesquisadores foram surpreendidos com palavras como solidariedade felicidade

compaixatildeo esperanccedila e outras As falas abaixo exemplificam o que as crianccedilas expressaram

com relaccedilatildeo ao que consideramos valores

ldquoTer fidelidade e compaixatildeo Esperanccedila tambeacutemrdquo (menina ndash 10 anos)

ldquoBom na minha vida eu acho que eacute legal o amor de todo mundo ter amizade o amor dos

meus pais e meu irmatildeo e o que Deus deu para mim para noacutes isso tudo eu achordquo (menina ndash 8

anos)

ldquo Ter respeito e amor pelas pessoas soacuterdquo (menina - 10 anos)

ldquoA pessoa ter amor carinho felicidade e os pais protegerem ela mais nadardquo (menina ndash 9

anos)

ldquoDeixar os colegas felizes quando eles estiverem tristesrdquo(menina ndash 8 anos)

ldquoPara parar de fazer coisas ruins bandido deixar de ser bandido e ser uma pessoa melhor

Sabe as crianccedilas quando quiserem alguma coisa elas fazerem para merecer Eu ldquotordquo

falando o que eu pensordquo (menino ndash 8 anos)

ldquoTem algumas pessoas que precisam de amor felicidade ldquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo soacute na minha vida mas na vida de todos falta solidariedade Falta verdade tem

corrupccedilatildeo e falta de pessoas honestasrdquo (menina ndash 10 anos)

O universo de orientaccedilotildees para crenccedilas aquelas que satildeo especialmente impregnadas

de afeto e emoccedilatildeo vecircm sendo caracterizadas como valores A construccedilatildeo da educaccedilatildeo de

valores inicia-se desde os primeiros anos tendo a famiacutelia e a escola papeacuteis importantes nessa

construccedilatildeo Apesar da famiacutelia ser considerada o primeiro elo de socializaccedilatildeo do indiviacuteduo e

39

transmitir os primeiros valores morais as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo iniciais satildeo os grupos que

promovem a integraccedilatildeo dos valores sociais eacuteticos morais e reforccedilam as competecircncias dos

pais A construccedilatildeo da identidade o desenvolvimento moral e valores se encontram

diretamente associados agraves estruturas cognitivas e ao meio no qual o indiviacuteduo se desenvolve

como a escola que funciona como modelo para aquisiccedilatildeo de valores e normas de conduta

aceitaacuteveis que permitem agrave crianccedila desenvolver todas as suas capacidades e passar a ser um

indiviacuteduo integrado numa sociedade em constante transformaccedilatildeo36

As crianccedilas apontaram tambeacutem diversas situaccedilotildees que consideram importante para a

qualidade de vida e que foram englobadas na categoria de condiccedilotildees de vida e seguranccedila

Ter casa ou moradia ter uma boa escola com boas aulas cuidar da natureza prevenir contra

doenccedilas ter sauacutede e seguranccedila satildeo exemplos Isso aponta para uma condiccedilatildeo social e

econocircmica de vida melhor As falas abaixo demonstram a relaccedilatildeo da qualidade de vida com

condiccedilotildees de vida para as crianccedilas

ldquoA Igreja e a escola Ter casa para todos e soacute issordquo (menina ndash 10 anos)

ldquoFalar com todo mundo para ajudar a combater a poluiccedilatildeo do mundo e cuidar da natureza

tambeacutem Jaacute taacute chegando o dia em que vai precisar da natureza e sem ela a gente morrerdquo

(menina ndash 8 anos)

ldquoTer escola boa para se estudar divertir passear fazer amizade ser felizrdquo (menina ndash 9

anos)

ldquoAlimentaccedilatildeo saudaacutevel combater o mosquito da dengue cuidar do paiacutes sauacutederdquo (menina ndash 8

anos)

ldquo[] e algumas precisam de casa porque algumas satildeo pobres e soacuterdquo (menina ndash 8 anos)

ldquouma casa condiccedilotildees soacute issordquo (menina ndash 8 anos)

40

ldquoFalta ter aulas programadas para explicar tudo sobre as mateacuterias e ajudar aqueles que natildeo

estatildeo aprendendordquo (menina ndash 9 anos)

ldquoPoder ler livros a hora que quiserrdquo (menina ndash 8 anos)

ldquoNatildeo falta nada mas a sauacutede da minha matildee que estaacute com denguerdquo (menina ndash 11 anos)

ldquoNatildeo deixar o mosquito da dengue ser transmitido Tomar cuidado com a vida porque pode

perder elardquo (menina ndash 8 anos)

Nesse sentido a literatura tem mostrado que a baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica aleacutem

dos conflitos familiares e conjugais do desemprego da violecircncia familiar pode ser um fator

associado agrave qualidade de vida na infacircncia A pobreza tem sido descrita como uma condiccedilatildeo

especialmente geradora de estresse e sofrimento A pobreza bem como pertencer a grupos

minoritaacuterios significa estar exposto a situaccedilotildees de risco para a sauacutede e bem-estar fiacutesico

mental e social da crianccedila e tambeacutem pode afetar a estabilidade e o bom desenvolvimento das

relaccedilotildees familiares40

Attree 41

desenvolveu uma revisatildeo de literatura qualitativa sobre a percepccedilatildeo de

crianccedilas que cresceram em contextos de pobreza concluindo que as consequecircncias sociais

foram as mais apontadas Considerou que mesmo utilizando as suas estrateacutegias e todos os

seus recursos e aproveitando todas as oportunidades surgiam sempre as restriccedilotildees

econocircmicas que reduziam as expectativas de futuro e a qualidade de vida das crianccedilas no

presente

Com relaccedilatildeo agrave seguranccedila o enfoque no estudo da violecircncia que afeta a populaccedilatildeo

infantil tem tido como ecircnfase aquela direcionada ao seu testemunho especialmente agravequela

que acontece entre os pais Poreacutem hoje em dia a tendecircncia eacute a abordagem dos muacuteltiplos tipos

41

de violecircncia que ocorrem na vida infantil incluindo a que acontece na escola entre os pares e

na comunidade seja atraveacutes do testemunho ou da vitimizaccedilatildeo direta42

Exemplos

ldquoEntatildeo uma vida com qualidade eu acho eacute uma vida sem violecircncia [] sem violecircncia

nenhuma porque violecircncia eacute muito feio Tambeacutem todo mundo ajudar uns aos outros e natildeo

fazer violecircncia com quem precisa Em vez de fazer isso com a pessoa se ela taacute precisando de

ajuda e vocecirc puder vocecirc ajudardquo (menina ndash 8 anos)

ldquoTem que ser sem violecircnciardquo (menina - 10 anos)

ldquoNatildeo roubarrdquo (menino - 9 anos)

ldquoFalta a seguranccedilardquo (menina ndash 9 anos)

Estatiacutesticas demonstram a magnitude da violecircncia que afeta o dia-a-dia das crianccedilas No

Brasil jaacute no ano de 1998 31 dos jovens cariocas pertencentes a estratos menos

privilegiados social e economicamente reportaram a vitimizaccedilatildeo por meio de assaltosfurtos

(225) da violecircncia fiacutesica e 2 da violecircncia sexual ambas vividas na comunidade42

Segundo Minayo et al43

a famiacutelia ocupa posiccedilatildeo estrateacutegica no ciclo da violecircncia

podendo expor a crianccedila a mais episoacutedios violentos Ao lado dos conflitos familiares

caracteriacutesticas sociodemograacuteficas como baixa escolaridade materna pouca idade dos pais

baixo niacutevel socioeconocircmico familiar presenccedila de muitas crianccedilas na mesma casa ser do sexo

masculino pertencer a grupos raciaiseacutetnicos minoritaacuterios e vivenciar as dificuldades da vida

nos centros urbanos tecircm sido relacionados a altos niacuteveis de exposiccedilatildeo agrave violecircncia infantil

Algumas dessas relaccedilotildees satildeo pouco claras mas aspectos socioculturais formas de

organizaccedilatildeo familiar estilo de cuidado dos pais com os filhos disciplina e supervisatildeo familiar

estatildeo entre as explicaccedilotildees mais aceitas Independente do contexto de violecircncia a crianccedila eacute

particularmente vulneraacutevel a essas situaccedilotildees jaacute que eacute incapaz de impedir o seu conviacutevio

dependendo do adulto para protegecirc-la

42

Como relatado por Eiser Vance e Seamark 29

as crianccedilas deste estudo foram capazes de

identificar e relacionar as restriccedilotildees sociais e a qualidade de vida e tambeacutem como podem ser

percebidas pelos amigos

O modelo que foi obtido neste estudo que explica as dimensotildees levantadas pelas crianccedilas

como importantes para a qualidade de vida delas pode ser sintetizado na figura abaixo

Figura 1 - Modelo das dimensotildees consideradas pelas crianccedilas sobre o que percebem como

qualidade de vida

Fonte Autoria das pesquisadoras

Concluindo este estudo aponta para a importacircncia das crianccedilas participarem das etapas de

construccedilatildeo das dimensotildees que devem ser avaliadas quando procura-se conhecer o que

realmente importa para elas quando se trata de qualidade de vida Algumas dimensotildees

relatadas jaacute tinham sido incluiacutedas nos questionaacuterios jaacute existentes de qualidade de vida geral

(famiacutelia brincadeiras amigos) mas outros como seguranccedila condiccedilotildees de vida e valores natildeo

satildeo normalmente encontrados O desenho com narrativa mostrou-se como um meacutetodo

promissor para estudos com crianccedilas e qualidade de vida

43

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48

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Estudar a percepccedilatildeo de qualidade de vida em escolares em nossa realidade

brasileira foi um desafio porque partimos do pressuposto que o entendimento

sobre qualidade de vida para eles seria diferente do que conhecemos pois

compreendemos que a crianccedila eacute um ser autocircnomo capaz de manifestar sobre o que

entende sobre seu bem estar

Atraveacutes de uma vasta revisatildeo de literatura essa hipoacutetese consolidou e devido ao

fato dos escolares possuiacuterem diferentes graus de percepccedilatildeo de si mesmos e do

mundo em funccedilatildeo de sua fase de desenvolvimento emocional social e de

linguagem natildeo se poderia padronizar a concepccedilatildeo de bem estar para os mesmos

como alguns pesquisadores tecircm feito atraveacutes de questionaacuterios construiacutedos com os

pais ou professores

Tivemos que usar uma metodologia diferente que nos forneceu dados para

anaacutelise atraveacutes de meios autecircnticos como a narrativa dos desenhos feitos pelos seus

autores e a entrevista com cada participante do estudo Essa metodologia nos

proporcionou uma surpreendente relaccedilatildeo de dimensotildees antes natildeo reveladas em

outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida em crianccedilas como valores

condiccedilotildees de vida e seguranccedila que natildeo satildeo normalmente encontrados em outros

instrumentos

Atraveacutes de exaustiva anaacutelise dos dados obtidos atraveacutes da narrativa do desenho

e da entrevista compreendemos a percepccedilatildeo da crianccedila sobre o que vem a ser

qualidade de vida em nossa realidade brasileira e tambeacutem conhecemos as

dimensotildees fiacutesicas sociais e psicoloacutegicas relatadas atraveacutes da linguagem proacutepria da

crianccedila nas trecircs fases da pesquisa

Constatamos que existem inuacutemeros instrumentos para avaliar a qualidade de

vida mas poucos satildeo direcionados agrave crianccedila como respondente e os conhecimentos

cientiacuteficos sobre o que as crianccedilas sabem e conseguem relatar em relaccedilatildeo agrave sua

percepccedilatildeo sobre qualidade de vida ainda satildeo limitados portanto haacute necessidade de

pesquisas mais aprofundadas

49

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TESCH FC OLIVEIRA BH LEAtildeO A Mensuraccedilatildeo do impacto dos problemas

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Caderno de Sauacutede Puacuteblica v23 n11 p2555-2564 2007

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WALLANDER JL KOOT HM Quality of life in children

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WORLD HEALTH ORGANIZATION WHOQOL ndash measuring quality of life The World

Health Organization quality of life instruments Geneva World Health Organization

1994

52

APEcircNDICES

53

APEcircNDICE A- CARTA DE ANUEcircNCIA PARA AUTORIZACcedilAtildeO DE PESQUISA

Ilmo Sr(a) Diretor(a)

Solicitamos autorizaccedilatildeo da Escola Municipal Vasco Pinto da Fonseca localizada na Rua das

Paineiras 1500 - Jardim Eldorado Contagem- MG para realizaccedilatildeo da pesquisa intitulada ldquoA

Percepccedilatildeo de Qualidade de Vida entre Escolares Brasileirosrdquo a ser realizada pela Faculdade de

Odontologia da UFMG pela aluna de mestrado em Sauacutede Coletiva Elaine Ferreira Campos

sob orientaccedilatildeo do Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas com o(s) seguinte(s)

objetivo(s)

Compreender a percepccedilatildeo de crianccedilas sobre o que vem a ser qualidade de vida

Compreender as dimensotildees de qualidade de vida percebidas por crianccedilas

Conhecer os aspectos fiacutesicos sociais e psicoloacutegicos que se relacionam aacute qualidade de vida

entre os escolares

Os escolares que faratildeo parte do trabalho seratildeo os da faixa etaacuteria de 7-10 anos cujos pais

autorizarem e se eles tambeacutem quiserem participar Os escolares seratildeo convidados para fazer

desenhos em duas etapas desenho livre desenho temaacutetico e a narrativa apoacutes o desenho e

depois participaratildeo de entrevista individual sobre ldquoo que acham que eacute bom ter na vida das

pessoasrdquo Sendo o primeiro momento anterior da pesquisa um estudo piloto realizado com

escolares na faixa etaacuteria de 8-9 anos (15 - 20 crianccedilas) sobre um desenho livre

Ressaltamos que os dados coletados seratildeo mantidos em absoluto sigilo de acordo com a

Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede (CNSMS) 46612 que trata da Pesquisa envolvendo

Seres Humanos Salientamos ainda que tais dados seratildeo utilizados tatildeo somente para realizaccedilatildeo

deste estudo

Na certeza de contarmos com a colaboraccedilatildeo e empenho desta Diretoria agradecemos

antecipadamente a atenccedilatildeo ficando agrave disposiccedilatildeo para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessaacuteria

Contagem _______ de _____________ de 2015

_______________________________________________________________

Profa Dra Andreacutea Maria Duarte Vargas

Pesquisador(a) Responsaacutevel do Projeto

____________________________________________

Diretora da Escola onde seraacute realizada a pesquisa

(CARIMBO)

Prof(a) Dr(a) Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

( ) Concordamos com a solicitaccedilatildeo ( ) Natildeo concordamos com a solicitaccedilatildeo

54

APEcircNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado responsaacutevel

Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa sobre o tema ldquoO que significa

qualidade de vida para as crianccedilasrdquo O objetivo principal desta pesquisa seraacute conhecer o que a

crianccedila entende sobre qualidade de vida e os fatores que tem influecircncia sobre ela

Para isso elas iratildeo fazer trecircs desenhos para demonstrarem o que elas entendem sobre o que eacute

qualidade de vida e depois falar com suas proacuteprias palavras o que elas pensam sobre o que significa

qualidade de vida

Esclareccedilo que

1 As informaccedilotildees sobre vocecirc e seu filho(a) soacute interessam a vocecircs Nos resultados da pesquisa

ningueacutem saberaacute seu nome nem do seu filho(a)

2 Seu filho(a) poderaacute desistir de fazer parte dessa pesquisa a qualquer momento Caso natildeo queira

participar da pesquisa vocecirc ou seu filho(a) natildeo sofreratildeo nenhum tipo de prejuiacutezo

3 Somente participaraacute a crianccedila cujo responsaacutevel autorizar atraveacutes da assinatura desse termo

4 A pesquisa seraacute realizada na escola e natildeo deveraacute gerar desconforto fiacutesico ou psicoloacutegico para seu

filho(a) quando ele estiver desenhando e tambeacutem no momento que ele e o seu responsaacutevel falarem

sobre o desenho realizado

5 As informaccedilotildees coletadas satildeo especiacuteficas para esta pesquisa sendo que os resultados seratildeo

divulgados por meio de artigos cientiacuteficos e apresentaccedilotildees em congressos de sauacutede

6 Os pais ou responsaacuteveis receberatildeo uma coacutepia de igual teor desse documento assinada pela

responsaacutevel pela pesquisa

Contando com sua participaccedilatildeo agradeccedilo a colaboraccedilatildeo

_________________________________________________

Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia ndash UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2457 CEP 31270-901 ndash B H MG

Eu_______________________________________________________ apoacutes ler e

entender o objetivo da pesquisa descrita concordo e autorizo a participaccedilatildeo do meu

filho(a)_______________________________________________turma____idade___

Belo Horizonte ________ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

55

APEcircNDICE C - Termo de Assentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Escolar

Estamos convidando vocecirc para participar de uma pesquisa sobre ldquoO que significa qualidade de

vida para vocecircrdquo Essa pesquisa seraacute feita tambeacutem com outros colegas que estudam na sua escola

Vocecirc receberaacute laacutepis de cor e faraacute trecircs desenhos para demonstrar o que significa qualidade de vida

Depois vocecirc iraacute explicar o significado do seu desenho

A pesquisa seraacute feita na sua escola e natildeo deveraacute causar nenhum cansaccedilo fiacutesico ou mental para vocecirc

e para seu responsaacutevel quando vocecirc estiver desenhando e quando vocecirc e seu responsaacutevel falarem

do seu desenho

As informaccedilotildees sobre vocecirc seratildeo mantidas em segredo e ningueacutem saberaacute seu nome Elas seratildeo

usadas apenas para nosso estudo

Caso vocecirc natildeo queira participar da pesquisa natildeo tem problema Vocecirc poderaacute desistir de participar da

pesquisa a qualquer momento

Vocecirc soacute participaraacute da pesquisa se vocecirc quiser e seus responsaacuteveis deixarem e assinarem esse

documento junto com vocecirc

Seus pais ou seu responsaacutevel receberatildeo uma coacutepia desse documento assinada pela responsaacutevel

pela pesquisa

Contamos com sua ajuda e jaacute agradecemos sua colaboraccedilatildeo

__________________________________________________

Profa Andreacutea Maria Duarte Vargas

Professora da Faculdade de Odontologia - UFMG

Departamento de Odontologia Social e Preventiva e-mail vargasnttaskcombr

Av Antocircnio Carlos 6627 ndash Pampulha Tel (31) 3409 2456

CEP 31270-901 ndash Belo Horizonte MG

Eu__________________________________________________________________ turma____

idade____ apoacutes ler e entender o objetivo da pesquisa concordo em participar da mesma

Belo Horizonte _____ de _______________ de 2015

______________________________________________________

Assinatura do Escolar

______________________________________________________

Assinatura do Responsaacutevel

COEP ndash Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash UFMG

Av Antocircnio Carlos 6627- Unidade Administrativa ll ndash 2ordm andar sala 2005 - Pampulha

Belo Horizonte MG ndash Brasil ndash CEP 31270 ndash 901 coepprpqufmgbr tel (31) 3409 4592

56

APEcircNDICE D ndash Desenhos coletados pelas pesquisadoras

--

57

58

59

60

61

62

63

64

65

ANEXOS

66

67

ANEXO B ndash Normas de formataccedilatildeo da Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

Revista Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Recomendaccedilotildees para a submissatildeo de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos natildeo tratem apenas de questotildees de

interesse local ou se situe apenas no plano descritivo As discussotildees devem

apresentar uma anaacutelise ampliada que situe a especificidade dos achados de

pesquisa ou revisatildeo no cenaacuterio da literatura nacional e internacional acerca do

assunto deixando claro o caraacuteter ineacutedito da contribuiccedilatildeo que o artigo traz

A revista CampSC adota as ldquoNormas para apresentaccedilatildeo de artigos propostos para

publicaccedilatildeo em revistas meacutedicasrdquo da Comissatildeo Internacional de Editores de Revistas

Meacutedicas cuja versatildeo para o portuguecircs encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral

1997 14159-174O documento estaacute disponiacutevel em vaacuterios siacutetios na World Wide Web

como por exemplo wwwicmjeorg ou wwwapmcgptdocument71479450062pdf

Recomenda-se aos autores a sua leitura atenta

Artigos de Temas Livres devem ser de interesse para a sauacutede coletiva por livre

apresentaccedilatildeo dos autores atraveacutes da paacutegina da revista Devem ter as mesmas

caracteriacutesticas dos artigos temaacuteticos maacuteximo de 40000 caracteres com espaccedilo

resultarem de pesquisa e apresentarem anaacutelises e avaliaccedilotildees de tendecircncias teoacuterico-

metodoloacutegicas e conceituais da aacuterea

Apresentaccedilatildeo de manuscritos

1 Os originais podem ser escritos em portuguecircs espanhol francecircs e inglecircs Os

textos em portuguecircs e espanhol devem ter tiacutetulo resumo e palavras-chave na liacutengua

original e em inglecircs Os textos em francecircs e inglecircs devem ter tiacutetulo resumo e

palavras-chave na liacutengua original e em portuguecircs Natildeo seratildeo aceitas notas de peacute-de-

paacutegina ou no final dos artigos

2 Os textos tecircm de ser digitados em espaccedilo duplo na fonte Times New Roman no

corpo 12 margens de 25 cm formato Word e encaminhados apenas pelo endereccedilo

eletrocircnico (httpmc04manuscriptcentralcomcsc-scielo) segundo as orientaccedilotildees do

site

3 Os artigos publicados seratildeo de propriedade da revista CampSC ficando proibida a

reproduccedilatildeo total ou parcial em qualquer meio de divulgaccedilatildeo impressa ou eletrocircnica

sem a preacutevia autorizaccedilatildeo dos editores-chefes da Revista A publicaccedilatildeo secundaacuteria

deve indicar a fonte da publicaccedilatildeo original

68

4 Os artigos submetidos agrave CampSC natildeo podem ser propostos simultaneamente para

outros perioacutedicos

5 As questotildees eacuteticas referentes agraves publicaccedilotildees de pesquisa com seres humanos

satildeo de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os

princiacutepios contidos na Declaraccedilatildeo de Helsinque da Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial

(1964 reformulada em 19751983 1989 1989 1996 e 2000)

6 Os artigos devem ser encaminhados com as autorizaccedilotildees para reproduzir material

publicado anteriormente para usar ilustraccedilotildees que possam identificar pessoas e

para transferir direitos de autor e outros documentos

7 Os conceitos e opiniotildees expressos nos artigos bem como a exatidatildeo e a

procedecircncia das citaccedilotildees satildeo de exclusiva responsabilidade dos autores

8 Os textos satildeo em geral (mas natildeo necessariamente) divididos em seccedilotildees com os

tiacutetulos Introduccedilatildeo Meacutetodos Resultados e Discussatildeo agraves vezes sendo necessaacuteria a

inclusatildeo de subtiacutetulos em algumas seccedilotildees Os tiacutetulos e subtiacutetulos das seccedilotildees natildeo

devem estar organizados com numeraccedilatildeo progressiva mas com recursos graacuteficos

(caixa alta recuo na margem etc)

O tiacutetulo deve ter 120 caracteres com espaccedilo e o resumoabstract com no maacuteximo

1400 caracteres com espaccedilo (incluindo palavras-chavekey words) deve explicitar o

objeto os objetivos a metodologia a abordagem teoacuterica e os resultados do estudo

ou investigaccedilatildeo Logo abaixo do resumo os autores devem indicar ateacute no maacuteximo

cinco (5) palavras-chave palavras-chavekey-words Chamamos a atenccedilatildeo para a

importacircncia da clareza e objetividade na redaccedilatildeo do resumo que certamente

contribuiraacute no interesse do leitor pelo artigo e das palavras-chave que auxiliaratildeo a

indexaccedilatildeo muacuteltipla do artigo As palavras chaves na liacutengua original e em inglecircs

devem constar no DeCSMeSH

Autoria

1 As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboraccedilatildeo dos

artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu

conteuacutedo A qualificaccedilatildeo como autor deve pressupor a) a concepccedilatildeo e o

delineamento ou a anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados b) redaccedilatildeo do artigo ou a sua

revisatildeo criacutetica e c) aprovaccedilatildeo da versatildeo a ser publicada As contribuiccedilotildees

individuais de cada autor devem ser indicadas no final do texto apenas pelas iniciais

(ex LMF trabalhou na concepccedilatildeo e na redaccedilatildeo final e

CMG na pesquisa e na metodologia)

69

2 O limite de autores no iniacutecio do artigo deve ser no maacuteximo de oito Os demais

autores seratildeo incluiacutedos no final do artigo

Nomenclaturas

1 Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura bioloacutegica assim

como abreviaturas e convenccedilotildees adotadas em disciplinas especializadas

2 Devem ser evitadas abreviaturas no tiacutetulo e no resumo

3 A designaccedilatildeo completa agrave qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrecircncia desta no texto a menos que se trate de uma unidade de medida padratildeo

Ilustraccedilotildees

1 O material ilustrativo da revista CampSC compreende tabela (elementos

demonstrativos como nuacutemeros medidas percentagens etc) quadro (elementos

demonstrativos com informaccedilotildees textuais) graacuteficos (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de

um fato e suas variaccedilotildees) figura (demonstraccedilatildeo esquemaacutetica de informaccedilotildees por

meio de mapas diagramas fluxogramas como tambeacutem por meio de desenhos ou

fotografias) Vale lembrar que a revista eacute impressa em apenas uma cor o preto e

caso o material ilustrativo seja colorido seraacute convertido para tons de cinza

2 O nuacutemero de material ilustrativo deve ser de no maacuteximo cinco por artigo salvo

exceccedilotildees referentes a artigos de sistematizaccedilatildeo de aacutereas especiacuteficas do campo

temaacutetico Nesse caso os autores devem negociar com os editores-chefes

3 Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

araacutebicos com suas respectivas legendas e fontes e a cada um deve ser atribuiacutedo

um breve tiacutetulo Todas as ilustraccedilotildees devem ser citadas no texto

4 As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado

na confecccedilatildeo do artigo (Word)

5 Os graacuteficos devem estar no programa Excel e os dados numeacutericos devem ser

enviados em separado no programa Word ou em outra planilha como texto para

facilitar o recurso de copiar e colar Os graacuteficos gerados em programa de imagem

(Corel Draw ou Photoshop) devem ser enviados em arquivo aberto com uma coacutepia

em pdf

6 Os arquivos das figuras (mapa por ex) devem ser salvos no (ou exportados para

o) formato Ilustrator ou Corel Draw com uma coacutepia em pdf Estes formatos

conservam a informaccedilatildeo vetorial ou seja conservam as linhas de desenho dos

mapas Se for impossiacutevel salvar nesses formatos os arquivos podem ser enviados

nos formatos TIFF ou BMP que satildeo formatos de imagem e natildeo conservam sua

70

informaccedilatildeo vetorial o que prejudica a qualidade do resultado Se usar o formato

TIFF ou BMP salvar na maior resoluccedilatildeo (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado

maior = 18cm) O mesmo se aplica para o material que

estiver em fotografia Caso natildeo seja possiacutevel enviar as ilustraccedilotildees no meio digital o

material original deve ser mandado em boas condiccedilotildees para reproduccedilatildeo

Agradecimentos

1 Quando existirem devem ser colocados antes das referecircncias bibliograacuteficas

2 Os autores satildeo responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo de autorizaccedilatildeo escrita das pessoas

nomeadas nos agradecimentos dado que os leitores podem inferir que tais pessoas

subscrevem os dados e as conclusotildees

3 O agradecimento ao apoio teacutecnico deve estar em paraacutegrafo diferente dos outros

tipos de contribuiccedilatildeo

Referecircncias

1 As referecircncias devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a

ordem em que forem sendo citadas no texto No caso de as referecircncias serem de

mais de dois autores no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro

autor seguido da expressatildeo et al

2 Devem ser identificadas por nuacutemeros araacutebicos sobrescritos conforme exemplos

abaixo

ex 1 ldquoOutro indicador analisado foi o de maturidade do PSFrdquo 11

ex 2 ldquoComo alerta Maria Adeacutelia de Souza 4 a cidaderdquo

As referecircncias citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir

do nuacutemero da uacuteltima referecircncia citada no texto

3 As referecircncias citadas devem ser listadas ao final do artigo em ordem numeacuterica

seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados

a perioacutedicos biomeacutedicos

(httpwwwnlmnihgovbsduniform_requirementshtml)

4 Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no

Index Medicus (httpwwwnlmnihgov)

5 O nome de pessoa cidades e paiacuteses devem ser citados na liacutengua original da

publicaccedilatildeo Exemplos de como citar referecircncias

Artigos em perioacutedicos

1 Artigo padratildeo (incluir todos os autores)

71

Pelegrini MLM Castro JD Drachler ML Equumlidade na alocaccedilatildeo de recursos para a

sauacutede a experiecircncia no Rio Grande do Sul Brasil Cien Saude Colet 2005

10(2)275-286

Maximiano AA Fernandes RO Nunes FP Assis MP Matos RV Barbosa CGS

Oliveira-Filho EC Utilizaccedilatildeo de drogas veterinaacuterias agrotoacutexicos e afins em

ambientes hiacutedricos demandas regulamentaccedilatildeo e consideraccedilotildees sobre riscos agrave

sauacutede humana e ambiental Cien Saude Colet 2005 10(2)483-491

2 Instituiccedilatildeo como autor The Cardiac Society of Australia and New Zealand Clinical

exercise stress testing Safety and performance guidelines Med J Aust 1996

164(5)282-284

3 Sem indicaccedilatildeo de autoria Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994

8415

4 Nuacutemero com suplemento

Duarte MFS Maturaccedilatildeo fiacutesica uma revisatildeo de literatura com especial atenccedilatildeo agrave

crianccedila brasileira Cad Saude Publica 1993 9(Supl 1)71-84

5 Indicaccedilatildeo do tipo de texto se necessaacuterio

Enzensberger W Fischer PA Metronome in Parkinsonrsquos disease [carta] Lancet

1996 3471337

Livros e outras monografias

6 Indiviacuteduo como autor

Cecchetto FR Violecircncia cultura e poder Rio de Janeiro FGV 2004

Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 8ordf Ediccedilatildeo

Satildeo Paulo Rio de Janeiro Hucitec Abrasco 2004

7 Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM Mercado FJ organizadores Pesquisa qualitativa de serviccedilos de sauacutede

Petroacutepolis Vozes 2004

8 Instituiccedilatildeo como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA)

Controle de plantas aquaacuteticas por meio de agrotoacutexicos e afins Brasiacutelia

DILIQIBAMA 2001

9 Capiacutetulo de livro

Sarcinelli PN A exposiccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes a agrotoacutexicos In Peres F

Moreira JC organizadores Eacute veneno ou eacute remeacutedio Agrotoacutexicos sauacutede e ambiente

Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p 43-58

72

10 Resumo em Anais de congressos

Kimura J Shibasaki H organizadores Recent advances in clinical neurophysiology

Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology 1995 Oct 15-19 Kyoto Japan Amsterdam Elsevier 1996

11 Trabalhos completos publicados em eventos cientiacuteficos

Coates V Correa MM Caracteriacutesticas de 462 adolescentes graacutevidas em Satildeo Paulo

In Anais do V Congresso Brasileiro de adolescecircncia 1993 Belo Horizonte p 581-

582

12 Dissertaccedilatildeo e tese

Carvalho GCM O financiamento puacuteblico federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede 1988-

2001 [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2002

Gomes WA Adolescecircncia desenvolvimento puberal e sexualidade niacutevel de

informaccedilatildeo de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de

Santana ndash BA [dissertaccedilatildeo] Feira de Santana (BA) Universidade Estadual de Feira

de Santana 2001

Outros trabalhos publicados

13 Artigo de jornal

Novas teacutecnicas de reproduccedilatildeo assistida possibilitam a maternidade apoacutes os 40 anos

Jornal do Brasil 2004 Jan 31 p 12

Lee G Hospitalizations tied to ozone pollution study estimates 50000 admissions

annually The Washington Post 1996 Jun 21 Sect A3 (col 5)

14 Material audiovisual HIV+AIDS the facts and the future [videocassette] St

Louis (MO) Mosby-Year Book 1995

15 Documentos legais

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de Setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos

serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 19

set

Material no prelo ou natildeo publicado

Leshner AI Molecular mechanisms of cocaine addiction N Engl J Med In press

1996

Cronemberg S Santos DVV Ramos LFF Oliveira ACM Maestrini HA Calixto N

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congecircnito refrataacuterio

Arq Bras Oftalmol No prelo 2004

73

Material eletrocircnico

16 Artigo em formato eletrocircnico

Morse SS Factors in the emergence of infectious diseases Emerg Infect Dis [serial

on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]1(1)[about 24 p] Available from

httpwwwcdcgovncidodEIDeidhtm

Lucena AR Velasco e Cruz AA Cavalcante R Estudo epidemioloacutegico do tracoma

em comunidade da Chapada do Araripe ndash PE ndash Brasil Arq Bras Oftalmol [perioacutedico

na Internet] 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12]67(2) [cerca de 4 p] Disponiacutevel

em httpwwwabonetcombrabo672197-200pdf

17 Monografia em formato eletrocircnico

CDI clinical dermatology illustrated [CD-ROM] Reeves JRT Maibach H CMEA

Multimedia Group producers 2ordf ed Version 20 San Diego CMEA 1995

18 Programa de computador

Hemodynamics III the ups and downs of hemodynamics [computer program]

Version 22 Orlando (FL) Computerized Educational Systems 1993

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