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A poética do cotidiano Ensaio Feito em casa (www.fotosite.com.br) Por Luiz Humberto

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A poética do cotidiano

Ensaio Feito em casa (www.fotosite.com.br)

Por Luiz Humberto

-Trazer a arte para a vida.

- A relação da arte com a tecnologia -

produtores culturais caseiros.

- A busca por uma estética da comunicação: mais

experiência, menos identidade.

A poética do cotidiano

A poética do cotidiano

- Para Denilson, uma estética da comunicação requer um

resgate do afetivo, do corporal como possibilidade de

comunicação.

- Devemos diluir cada vez mais as fronteiras entre arte

erudita, popular e massiva, desconstruir o dualismo

experimental/comercial, fazer dialogar objetos de valor

estético com produtos culturais e não considerá-los

apenas como mercadoria.

A poética do cotidiano

Efigênia 5

Pablo

Gonzalez

Yanomami

Cláudia Andujar

A poética do cotidiano

Guerra civil Espanhola

Cartier Bresson

Café Beaufort

Robert Frank

A poética do cotidiano

Sem Título

Diane Arbus

Sharecropper’s family

Walker Evans

A poética do cotidiano

-Encarar imagens e processos como uma narrativa que traduz

a experiência do sujeito contemporâneo.

- A experiência tem por função tirar o sujeito de si, fazer com

que ele não seja mais o mesmo. A experiência revela e oculta,

tem espaços de luz e de sombra. Ela potencializa outras

vivências.

- A experiência não traz a verdade, mas apenas uma visão dela,

mediada por discursos sociais. A partir da vivência dessas

experiências se dá a construção das identidades.

A poética do cotidiano

-A experiência representa as brechas abertas em um sistema

demasiado fechado. É o caminho do risco, do desconhecido.

- A experiência se faz um fluxo a ser narrado e compartilhado.

- O ato de narrar implica num contexto indissociado do

mercado mas não deixa os fluxos aprisionados no lugar

comum e no liché, joga com esses elementos para uma

elaboração com uma pluralidade semântica em diálogo com o

público transformado em autor.

A poética do cotidiano

-Do embate com as materialidades nasce uma estética pop,

que não tem medo do fácil, que coloca no mesmo lugar o

erudito e o popular, o experimentalismo e a cultura de massa.

Uma estética centrada na experiência que se adéque ao

cotidiano, transformado em experiência multimidiática.

- Bourdieu e as concepções estéticas.

A poética do cotidiano -Torna-se importante a observação das pequenas coisas do

cotidiano. Nos tornamos um voyeur que procura

estar-no-mundo (ser-aí).

- É justamente no menor, no detalhe que residirá a resistência,

a diferença.

- Existe uma tradição a ligar o sublime com o infinito, mas a

partir da modernidade, surge uma outra tradição de ligá-lo

com o pequeno, o comum.

Poema

A poesia está guardada nas palavras - é tudo que

eu sei.

Meu fado é o de não saber quase tudo.

Sobre o nada eu tenho profundidades.

Não tenho conexões com a realidade.

Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.

Para mim poderoso é aquele que descobre as

insignificâncias (do mundo e as nossas).

Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.

Fiquei emocionado e chorei.

Sou fraco para elogios.

Manoel de Barros

Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo

A poética do cotidiano

-O que fazer quando o nosso cotidiano se transformou em

experiência multimidiática? Acelerar? Ou estabelecer

silêncios?

A poética do cotidiano

-A experiência da beleza que emerge de um cotidiano (mesmo

cheio de clichés) nos faz repensar o banal.

- A presença do sublime no banal estabelece um jogo de

tensões entre a contemplação e o olhar distraído. A rapidez e a

lentidão, aposta na leveza, na sutileza.

A poética do cotidiano - O sublime é uma alternativa ao discurso fatigado das

transgressões pós-modernas e à ladainha de um mundo

povoado de imagens, clichés e informações. Deve ser

encarado não como fuga do mundo, escapismo, mas afirmação

da possibilidade de encontro, da presença.

- O sublime é uma educação dos sentidos a partir do precário,

do contingente, de tudo que evanesce rápido, mas que brilha

inesperada e sutilmente.

A poética do cotidiano

- Para Burke o sublime é responsável por despertar fortes

emoções(incluindo dor e terror). Ele liga o sublime à vastidão

das dimensões, à aspereza, à tenebrosidade, à solidão ao

silêncio e à busca por algo maior.

A poética do cotidiano

- Para Kant o sublime se divide em matemático e dinâmico. No

sublime matemático, tem-se a impressão de que aquilo que se

vê vai bem além de nossa sensibilidade e se é levado a

imaginar mais do que se vê .É Daí, segundo Kant, nasce um

prazer inquieto, negativo, que nos faz sentir a grandeza de

nossa subjetividade, capaz de querer algo que não podemos

ter..

A poética do cotidiano

Já o sublime dinâmico está ligado não a uma infinita vastidão

mas a uma infinita potência: Aqui também fica humilhada a

nossa natureza sensível, da qual deriva ainda uma vez um

sentido de desconforto, compensado pelo sentimento da nossa

grandeza moral, contra a qual de nada valem as forças da

natureza.

A poética do cotidiano

-A transcendência pode se dar nesse mundo, no cotidiano,

poetizando esse cotidiano, por meio da concretude da imagem.

Nem tudo pode ser registrado. O real é subjetivo, depende da

percepção de cada um. O que é o real?

- O cinema traduz o encantamento do mundo no cotidiano

através de silêncios, da música e outros recursos.-

Kieslowski propõe um outro ritmo para o cotidiano. Um

ritmo que permita a contemplação como uma atitude do

presente, e não uma nostalgia de um mundo rural, mais

lento. A busca de beleza como uma decisão de vida.

A poética do cotidiano

- Propor uma estética do cotidiano significa pensar os espaços

e as narrativas da intimidade, da casa.

- Para avaliarmos as possibilidades da poética do cotidiano,

temos que enfrentar os problemas do real.

- O reconhecimento do banal na trama social nos conduz à

valorização de seu espaço natural: a comunidade, a multidão, o

ser/estar junto com, a vida coletiva desordenada e multicolorida

que se traduz em três palavras programáticas: senso comum,

presente, empatia.

Avenue du Bois du Bologne

Lartigue

A poética do cotidiano

Feito em casa

Luiz Humberto

A poética do cotidiano - O resentir o belo nos joga imensamente sós diante da obra. É

essa solidão que nos faz ter o desejo de participar de uma

comunidade.

- O ressentir o belo é a aisthesis. Para Dufrenne, a aisthesis é a

percepção pelos sentidos (e a estética seria a parte da filosofia

que esetuda os sentidos e o sensível).

A poética do cotidiano

- A aisthesis nos arranca do mundo aonde estamos, rojetando-

nos em um mundo entre o sujeito e a obra. Assim, a aisthesis

funda o imaginário. É ela que abre o ser humano para a

subjetividade e para a intersubjetividade. Aisthesis é o desejo

de compartilhar.

A poética do cotidiano

- A poética do cotidiano aponta para a serenidade, contra a

violência da sociedade em que vivemos.

As artes e as comunicações

convergem - Com a apropriação das técnicas, e das novas tecnologias

midiáticas, os artistas expandiram o campo das artes para

as interfaces com o desenho industrial, a publicidade, o

cinema, a moda, as subculturas jovens, o vídeo, a

computação gráfica, etc.

-Com a introdução de novas tecnologias, desde a

fotografia, não apenas a arte se transoformou, mas se

também os modos de ver a arte se transformaram. A

fotografia nos alertou para a percepção de que nossos

olhos não são inocentes e naturais.

As artes e as comunicações

convergem - A fotografia teve de brigar para ser reconhecida como

arte. Muitas vezes tentou imitá-la, como foi o caso do

movimento pictorialista. No entanto, a arte também se

apropriou da fotografia. O impressionismo, o dadaísmo,

o surrealismo, o suprematismo russo, a pop-arte, etc.

- Hoje a publicidade e a TV assimilam a linguagem da arte.

- O cinema é o exemplo mais claro de convergência entre

arte e comunicação. Seus pré-requisotos técnicos exitem

uma estrutura industrial.

As artes e as comunicações

convergem - O cinema sofre a influência tanto da literatura quanto da

televisão. E vice-versa.

- Outro ponto em que vemos as artes junto às

comunicações é na vídeo-arte. Sua estética é lúdica e

experimental. Muitas vezes critica a estética da televisão

comercial.

- Muitos recursos inventados pela vídeo-arte foram

incorporados pela publicidade e pela televisão.

- Também o desenvolvimento das técnicas permite o

surgimento de novas possibilidades para a vídeo-arte.

As artes e as comunicações

convergem -O que ainda diferencia a arte das demais práticas

mercadológicas comunicacionais é que a arte se preocupa

apenas com o ato criativo.

- Com o desenvolvimento das técnicas, valoriza-se mais a

engenhosidade que a genialidade.

- A possibilidade de todos serem produtores culturais, fez

as artes entrarem de vez na pós-modernidade: não há

cânones a seguir. A arte é plural, cheia de estilos, híbrida,

kitsch.

As artes e as comunicações

convergem -

- Outra tendência é o desenvolvimento da arte interativa

(relacionada às possibilidades também exploradas pela

publicidade em ambiente online)

As artes e as comunicações

convergem - Outro fator importante a ser observado é o

desenvolvimento das imagens digitais e 3D. A partir daí, o

material primário da fotografia torna-se maleável. A

fotografia deixa de ser mero índice/ícone.

- A união das artes às comunicações se dá através de

suportes ligados à matemática, à engenharia. Por isso,

Santaella propõe a emergência de uma outra estética. Uma

estética que transponha a fronteira entre ciência e arte.