A Psicologia Escolar

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3 1. In tr oduçã o  A psicologia escolar tem dado grandes passos nos últimos anos, no entanto é comum observar as dificuldades e conflitos que acompanham o psicó logo esco lar nas insti tuiçõ es educ ativa s. Princ ipalmente por conta da mudança de um enfoque que priorizava uma concepço individualizante e desconte!tualizada "Patto, #$$%&, a necessidade de iluminar as tensões do cotidiano, movimentando o que esta cristalizado, produzindo diferenciações e modificações para que crianças, pais e professores se'am vistos como parte de todo um conte!to que se comunica e auto influencia. (om ba se nesses pr es supostos, desenvolveu)se um trabalho de observaço e pesquisa que focou a atuaço do psicólogo escolar na escola particular. Adotando como refer*ncia os elementos colhidos através de di+rio de campo, que suscitaro as impressões observadas no ambiente, 'untamente de todo um con'unto teórico que fundamentara a pesquisa de forma cientifica. or am ado tad os ref ere nciais teóricos em uma perspectiva his tór ico cultural, permitindo que a psicologia escolar revele uma perspectiva mais cr-tica que contesta a idéia de uma unilateralidade da adaptaço da criança escola, qu es tionando par/metros impostos por abordagens psicrométri cas. 0 necess+rio, no entanto, conhecer a realidade escolar particular, através do seu envolvimento pol-tico, social, pessoal e institucional, superando entraves que descaracterizem a funço do psicólogo com a educaço, impedindo sua efetiva inserço no quadro escolar.  As escolas em gera l, ainda esperam a aplicaç o de um método eficaz da psicologia, onde se pratica um diagnóstico e a cura, abrindo uma lacuna entre o que é esperado da psicologia escolar e o que se permite fazer através do consenso de pr ofesso res qu e resistem e!ec o da s pr opostas dos profissionais da psicologia escolar. (onstruir a psicologia escolar envolve um processo de consolidaço histórica e envolvimento com desafios recentes, onde a psicologia se torna cr-tica, no fazendo escolhas imposs-veis para o indiv-duo, mas que faça com que a pessoa acredite que tanto o sucesso como o fracasso so consequ*ncias de uma escolha individual. (ompreender as pessoas no como su'eitos abstratos, mas su'eitos históricos que se relacionam com o mundo e com outras pessoas ser+ o

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ANALISE DE UMA ESCOLA

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1. Introdução

 A psicologia escolar tem dado grandes passos nos últimos anos, no

entanto é comum observar as dificuldades e conflitos que acompanham o

psicólogo escolar nas instituições educativas. Principalmente por conta da

mudança de um enfoque que priorizava uma concepço individualizante e

desconte!tualizada "Patto, #$$%&, a necessidade de iluminar as tensões do

cotidiano, movimentando o que esta cristalizado, produzindo diferenciações e

modificações para que crianças, pais e professores se'am vistos como parte de

todo um conte!to que se comunica e auto influencia.

(om base nesses pressupostos, desenvolveu)se um trabalho de

observaço e pesquisa que focou a atuaço do psicólogo escolar na escola

particular. Adotando como refer*ncia os elementos colhidos através de di+rio

de campo, que suscitaro as impressões observadas no ambiente, 'untamente

de todo um con'unto teórico que fundamentara a pesquisa de forma cientifica.

oram adotados referenciais teóricos em uma perspectiva histórico

cultural, permitindo que a psicologia escolar revele uma perspectiva mais cr-tica

que contesta a idéia de uma unilateralidade da adaptaço da criança escola,

questionando par/metros impostos por abordagens psicrométricas. 0

necess+rio, no entanto, conhecer a realidade escolar particular, através do seu

envolvimento pol-tico, social, pessoal e institucional, superando entraves que

descaracterizem a funço do psicólogo com a educaço, impedindo sua efetiva

inserço no quadro escolar.

 As escolas em geral, ainda esperam a aplicaço de um método eficaz da

psicologia, onde se pratica um diagnóstico e a cura, abrindo uma lacuna entre

o que é esperado da psicologia escolar e o que se permite fazer através doconsenso de professores que resistem e!ecuço das propostas dos

profissionais da psicologia escolar. (onstruir a psicologia escolar envolve um

processo de consolidaço histórica e envolvimento com desafios recentes,

onde a psicologia se torna cr-tica, no fazendo escolhas imposs-veis para o

indiv-duo, mas que faça com que a pessoa acredite que tanto o sucesso como

o fracasso so consequ*ncias de uma escolha individual.

(ompreender as pessoas no como su'eitos abstratos, mas su'eitoshistóricos que se relacionam com o mundo e com outras pessoas ser+ o

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alicerce base dessa pesquisa, onde o homem se'a visto como produto e

produtor, compreendendo que os fen1menos no so to acess-veis como se

pensam, uma vez que suas ligações no so causais e, sim, relacionais.

 Assim, destaca)se a necessidade de que a psicologia escolar, enquanto

psicologia critica cause impacto nos espaços escolares e promova a imerso

de um su'eito consciente de seus limites e de suas potencialidades a partir do

conte!to social da qual vive.

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2. A Psicologia Escolar no Brasil.

 A psicologia ao adquirir status cientifico em #2%$, apresentou o marco

que permitiu o estudo do comportamento humano sob a ótica das ci*ncias

f-sicas e biológicas. Após 3undt, vieram os estudos de 4alton "#255)#$##&,

com princ-pios eugenistas, afirmando ser poss-vel determinar por meio de

caracter-sticas heredit+rias os mais aptos, selecionando os mais capazes da

espécie humana.

 A primeira escala métrica de intelig*ncia infantil foi criada por 6inet,

sendo um passo decisivo na constituiço do primeiro método psicológico

escolar, do qual até ho'e e!erce forte influ*ncia "Patto, #$27&. Possibilitando a

seleço e orientaço de crianças que necessitavam de uma educaço especial,

dividiu)se, no entanto, as crianças em grupos hegem1nicos, separando os

normais dos anormais, selecionando o que seria ensinado a cada um deles.

8o 6rasil, por volta de #$9:, foi fundado por ;anoel 6onfim o

<aboratório Pedagógico =!perimental, incentivando melhorias educacionais e

instruindo os alunos em uma metodologia cientifica de ensino inspirada nos

modelos europeus e norte)americanos ";assimi, #$$9&. A psicologia escolar no

6rasil foi elaborada ao longo de todo um processo histórico, influenciada por 

médicos, moralistas e teólogos, revelando uma preocupaço com os métodos

do saber da psicologia escolar, que se fundamenta bem antes da própria

psicologia tradicional "(ruces, 599:&.

(om a ampliaço do sistema educacional em #$:9, a psicologia

educacional se fundamenta em perspectivas de adaptaço, onde o indiv-duo é

percebido como um ser que precisa ser inserido na sociedade e para isso deve

se a'ustar ao meio em que vive. Através da escola o su'eito de adapta para

receber uma educaço adequada, aos moldes de uma proposta universalistade um su'eito desconte!tualizado historicamente. (om a <ei 7##$, de 5% de

agosto de #$:5, a profisso do psicólogo é reconhecida, mas sua atuaço nas

escolas est+ fortemente vinculada a uma pratica cl-nica, atendendo

individualmente as crianças com problemas de aprendizagem "Antunes, 599>&.

8os anos %9, a pol-tica de abertura de escolas particulares e promoço

do ensino superior, percebeu)se um crescimento da categoria do psicólogo

escolar "Arau'o e Almeida, 599%&. ?nicia)se aqui o movimento de cr-tica ereviso as bases epistemológicas da psicologia, principalmente em relaço a

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aplicaço indiscriminada de testes psicodiagnósticos em crianças e os

impactos do uso desses instrumentos na vida escolar das crianças avaliadas.

8os anos 29 houve por sua vez, uma busca por melhor qualidade de vida,

onde muitos psicólogos se enga'aram em movimentos sociais, reivindicando

uma nova viso histórica e cr-tica do homem e da psicologia "@ouza, #$29&.

8os anos $9, por sua vez, houve a criaço da A6AP== "Associaço

6rasileira de Psicologia =scolar e =ducacional, ocorrendo mudanças

significativas no conte!to educacional, refletindo diretamente na pratica do

psicólogo escolar. 8o entanto, a questo do fracasso escolar permaneceu

inalterado e o psicólogo escolar no se atualizou a ponto de entender os

problemas do cotidiano escolar, sendo necess+rio aprofundamento

epistemológico por parte do psicólogo para que se tenha clareza sobre a

finalidade de suas funções na educaço. "Arau'o e Almeida, 599B&.

(om a regulamentaço da formaço do psicólogo, formalizou)se a

atuaço do profissional da psicologia na +rea educacional, onde o mesmo

começa respondendo a um modelo de atuaço ao lado do professor. Cm

modelo preventivo, em que se trabalhou a formaço do professor e a busca de

atendimento s situações de emerg*ncia na aprendizagem "4uzzo, 599#&. 8os

dias de ho'e o psicólogo est+ afastado desse sistema, trabalhando de forma

indireta, vendo os resultados de seu trabalho quase que todo comprometido.

?nicialmente o psicólogo inserido no conte!to educativo utilizou a

psicométrica como recurso central de sua pratica e conformou)lhe a atuaço

predominantemente cl-nica, curativa, solucionando problemas de

aprendizagem, sendo essa a fonte principal dos problemas apresentados pelo

aluno "Dieira, 5992&. Erabalho esse limitado, reducionista, que atendia aos

interesses individuais, distanciando das questões sociais, econ1micas eideológicas que e!istem dentro de todas as instituições educativas.

8a década de $9 surgem relatos e analises que apontam novos

caminhos para a formaço e atuaço do psicólogo na educaço, passando a

questionar atuações tecnicistas e teorias que desfavoreciam elementos

históricos e sociais. A evoluço dessa tend*ncia cr-tica foi determinante para o

surgimento de um psicólogo escolar, participando mais ativamente com seu

trabalho nos processos sociais que constroem a vida do aluno e da instituiço"Patto, 5999&.

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8o entanto, o psicólogo nos dias atuais é visto como um magico que

pode dar conta de atender e solucionar todos os enigmas da escola, onde os

educadores querem saber o que as crianças t*m de forma imediata, e o

psicólogo é encarado como aquele que tem o poder de intervir sempre na

soluço dos conflitos presentes nas relações interpessoais da comunidade

escolar. F psicólogo tem o desafio atual de focar seu trabalho em todo

processo de ensino)aprendizagem, começando pelo professor e depois pelos

outros profissionais que fazem parte dessa tra'etória escolar do aluno, para

assim começar a compreender a situaço pela qual o aluno est+ vivendo.

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3. Campo de Observação sobre a atuação do Psiclogo na Escola

Particular

8o tocante ao ensino particular, o psicólogo encontra)se numa realidade

diferenciada, cu'as contradições sociais se revelam na própria origem da

instituiço particular, favorecendo as classes mais privilegiadas. 8o entanto, o

psicólogo precisa investir de um compromisso pol-tico e estar atento a limites

éticos de sua atuaço, tendo em vista v+rias concepções de educaço,

interesses e ideais que vo de encontro aos indiv-duos e a instituiço em si.

 A escola particular possui algumas particularidades, como clientela de

classe média e alta e disponibilidade de recursos, mas mesmo dentro deste

ambiente podem ser observados indiv-duos carregados de sofrimento ps-quico

e dramas familiares que interferem profundamente no desempenho dos alunos

que fazem parte das instituições de ensino particulares, cabendo ao psicólogo

escolar, inserido nesse ambiente, um minucioso estudo dos fatores chaves que

compõem a realidade de cada criança em sala de aula e os elementos a serem

trabalhados quando uma delas apresenta alguma situaço de

comprometimento.

F presente trabalho fundamentou)se em pressupostos qualitativos,

através de observaço e levantamento de dados em di+rio de campo, sob o

referencial da psicologia histórico)cultural, onde o ser humano é desenvolvido

pela cultura e ideais de um determinado conte!to social "DigostisG, 5999&. As

observações foram levantadas no (olégio @anto Ant1nio Fb'etivo escola

particular de Furinhos, sob a orientaço da psicóloga Haniele (abral, que se

disponibilizou a abrir espaço para efetuar uma observaço dos alunos aos

quais ela tem trabalhado com maior afinco a fim de promover au!ilio e melhor desempenho escolar e emocional.

Iuando questionada a respeito do papel do psicólogo na escolar 

particular, Haniele aponta que o (olégio Fb'etivo em Furinhos é o único a

possuir a atuaço de psicólogos escolares. Haniele percebe que a demanda,

no entanto, esta sempre em tratar os alunos que tenham alguma dificuldade de

aprendizagem ou comportamento. =la aponta duas correntes de atuaço do

psicólogo, uma que se conforma com a demanda e individualiza a questo dasdificuldades que aparecem na escola, outra corrente, ao qual ela se identifica

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est+ na an+lise institucional, a'udando a pensar quais as forças que esto

atravessando e produzindo algum efeito no espaço escolar.

@egundo Haniele no é f+cil trabalhar nessa perspectiva, a mudança dos

professores com relaço aos alunos é lenta, porque a maioria é formada para

pensar individualmente as questões. (omo pode)se relatar o caso de uma

criança que apresenta um comportamento altamente carente e

consequentemente disposto a todas as ações para chamar a atenço, no

entanto, a atitude da professora é fria é distante, imparcial e rotulador. Apesar 

dos esforços de Haniele a professora se mostra resistente a atuar de forma

diferente, no entendendo que boa parte do problema da criança se resolveria

com uma mudança de comportamento da mesma.

Erabalhar em con'unto no é uma tarefa simples, ainda mais em

instituições que concentram um certo grau de tradiço no campo do ensino,

apesar de enfrentar resist*ncias por parte de alguns profissionais, Haniele diz

que no é poss-vel tratar o aluno sem que o professor que est+ indicando esse

aluno como problema acompanhe esse trabalho. 0 preciso, segundo ela,

trabalhar 'unto com o professor, trabalhar em grupos, apontando quais as

percepções que cada um tem do lugar que est+ ocupando ali. F maior desafio

est+ em deslocar o su'eito do lugar de culpa e conscientiz+)lo da

responsabilidade que tem em mudar. Iuando se fala, em responsabilidade,

Haniele aponta para a interaço que deve ser compartilhada, pois a culpa cada

um deve carregar para si. 0 fundamental, segunda ela, problematizar com

alunos e professores qual a responsabilidade e até onde ela vai nesse

processo em que o aluno se'a problema, fazendo a discusso fluir no sentido

de que cada um perceba de que maneira elas esto se colocando nesse lugar 

ou atribuindo um local para o aluno.Para Haniele a grande diferença que encontra entre as escolas

particulares e publicas est+ na perspectiva de que o mundo da escola particular 

est+ protegido, logo o trabalho do psicólogo escolar nesse ambiente, no é

plenamente aceito, a no ser para as crianças que apresentem algum

problema. 8esses casos, a criança é encaminhada, mas geralmente para

atendimento fora da escola, na escola pública, essa mentalidade de que h+

elementos a serem discutidos é mais tranquilo, h+ mais aceitaço e a demanda

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é maior. <ogo, a aceitaço do trabalho do psicólogo fica mais f+cil, embora em

momento algum reduzido em seu compromisso.

=m relaço da medicalizaço, Haniele define tal questo como um todo

que assola a sociedade em geral, refletindo também na vida escolar. =la

acredita que a medicalizaço tem sido usada equivocadamente para facilitar o

trabalho dos professores, docilizando os alunos, uma vez que no se utilizam

mais castigos corporais, essa seria uma maneira mais efetiva de controlar os

alunos e no se comprometer com qualquer problema mais profundo que eles

venham a apresentar. Fs professores, ao seu ponto de vista, '+ perderam tanto

o controle de sua autoridade sobre o aluno que essa seria a maneira mais

adequada de readquirir esse dom-nio de poder na sala de aula. 0 necess+rio

colocar em discusso essas questões, pois o papel do psicólogo est+ em

esclarecer o assunto, ele no pode medicar, como também no pode proibir. F

m+!imo que ele pode fazer é discutir com a escola, com a fam-lia e unidades

de saúde a necessidade real dessa medicalizaço.

Iuanto a questo das drogas, se!ualidade e viol*ncia, eles também no

passam desapercebidos, so temas que segunda Haniele é profundamente

atual e no da para a escola fingir que eles no e!istem. Antes que isso se

transforme em tabu é necess+rio discutir, abrir espaços para que os alunos

tenham a oportunidade de se questionar e se posicionar em relaço a esses a

eles. Para ela, quando esses temas aparecem eles devem ser tratados da

mesma maneira que outros temas que fazem parte da vida escolar. =la no cr*

que o psicólogo deva ser o su'eito que vai fazer o trabalho de prevenço, mas

que por meio da discusso esclareça e ouça as opiniões dos alunos.

8o tocante as observações e visitas no ambiente escolar contou)se com

uma aprofundada possibilidade de averiguar a relaço do psicólogo escolar com os problemas dos alunos, no que tange tanto da parte do comportamento

em si, como dificuldades de aprendizagem e fatores mais agravantes que

necessitam inclusive do apoio e da compreenso da fam-lia para sanar as

dificuldades apresentadas por algumas crianças.

Iuando pensamos em colégios particulares certamente imaginamos que

os problemas esto do lado de fora, nas periferias, nas escolas carentes, mas

os pontos de vista amadurecem e se transformam quando se conhece arealidade humana inserida num colégio de cunho particular. @egundo Haniele

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(abral, h+ grande contingente de crianças inseridas no colégio em questo

institucionalizadas, uma vez que so trazidas muito cedo e buscadas muito

tarde, apresentando em muitos momentos dificuldade de aceitar o papel de

autoridade, sendo que ficando to pouco tempo com os pais, os mesmo as

dei!am fazer o que querem em seu ambiente familiar.

Iuestões de cunho disciplinar so facilmente corrigidos, uma vez que se

percebe o problema, discutindo 'unto ao professor e a equipe pedagógica a

melhor maneira de atuar 'unto as dificuldades do aluno em questo. 0

fundamental, segundo Haniele conscientizar os pais que as crianças por mais

hiperativas que aparentem ser, no so portadoras de EHAJ e carentes de

medicaço para aliviar suas defici*ncias de aprendizagem e distúrbios em

atenço. F importante é conceder espaço para que as crianças, em quase

#99K dos casos, tenham espaço para e!travasar sua necessidade de gastar 

energia e se relacionar umas com as outras, Haniele aponta que muitas das

crianças esto trancadas quase o tempo todo dentro de casa e quando chegam

na escola esto agitadas pois no encontram outro meio para manifestar a

necessidade de gastar a energia sufocada no ambiente familiar.

Fbservou)se também problemas de cunho familiar dos mais leves aos

mais graves em questo de conservaço da saúde e do desenvolvimento de

algumas crianças em questo. =ntre dois casos, pode)se destacar 

primeiramente a uma criança de desenvolvimento e boa cogniço até o

momento em que ciente da gravidez de sua me passou a apresentar 

comportamento alterado e defici*ncia de aprendizagem. A psicóloga relata

nesse caso todo esforço que est+ sendo feito para com a criança, trabalhando

com os professores e com o pai, '+ que até o momento a me nunca se

apresentou a escola, alegando inúmeras impossibilidades.Futro caso em questo, mais agravante é o caso de uma criança

superprotegida pelos pais, impedida de crescer é tratada com o apelido de

nen*, mesmo tendo 7 anos de idade, por conseguinte, os pais no aceitam que

a criança coma sozinha, dei!e as fraudas e consequentemente no fala,

balbucia algumas coisas incompreens-veis. @egundo Haniele é um dos casos

mais delicados em questo, os pais '+ foram chamados diversas vezes, mas se

recusam a aceitar que esto equivocados, o caso foge das possibilidades dapsicóloga sendo por sua vez transmitido a direço que deve se pronunciar 

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sobre o caso e averiguar qual a melhor procedimento a ser tomado para que a

criança se'a a menos pre'udicada poss-vel.

=m contrapartida, outro caso com possibilidade patológica, apresenta o

caso de uma criança que possui sérios problemas com relacionamento e

sens-vel a mudanças, começando inicialmente a se recusar a entrar em sala de

aula e pouco relacionamento com outras crianças. A criança apresenta

comportamento anormal diante das outras, no entanto, os pais t*m colaborado

em tudo o que podem para oferecer o melhor tratamento a criança, embora

pouco tenha sido descoberto até o momento.

(asos dos mais variados foram vistos, embora tantos outros refletindo

as dificuldades e car*ncias na educaço de uma criança presente em quase

todas as fam-lias modernas. Para Haniele um fator agravante e preponderante

em suas observações é o acumulo de ansiedade que muitas crianças

apresentam, segundo ela, tal ansiedade é oriunda de um e!cesso de cobrança

dos pais, dese'oso de um desempenho acima da média da criança, obrigando

as mesmas a desempenharem inúmeras tarefas, cursos e atividades e

restando pouco tempo para serem crianças. Eambém se observa o pouco

comprometimento dos pais em participaço de dias festivos da escola, uma vez

que muitas crianças se frustram ao prepararem)se para festividades e no

terem a presença dos pais ou no participarem pela falta de vontade ou

compromissos particulares.

Haniele observa que para muitos pais ter filhos compõe um

compromisso social, da qual os mesmos se beneficiam de status por ter um

filho, como que correspondendo a uma e!ig*ncia social. ;as esto longe da

verdadeira consci*ncia paterna e materna, que embora ofereçam todo conforto

e amparo que sua classe social é capaz de oferecer, ainda é carente deinúmeros elementos que refletem diretamente no desenvolvimento ps-quico e

emocional de muitas crianças.

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!. "iscussão

oi observado que no que consiste a aplicaço da psicologia escolar a

partir dos dados colhidos, que o (olégio @anto Ant1nio Fb'etivo de Furinhos é

o único estabelecimento de ensino na cidade a possuir a presença de

psicólogo escolar. 8o que consiste que a atuaço da psicóloga observada é

recém)formada, tendo no m+!imo tr*s anos de atuaço na +rea, no entanto, a

mesma tem estudado e se empenhado ao m+!imo para corresponder as

e!ig*ncias do cargo que ocupa, atendendo a alunos, pais e professores nas

mais diversas necessidades que se apresentam em relaço ao que

compromete o bom desempenho do aluno na escola.

 A inserço do psicólogo na escola particular est+ intimamente

relacionada a aspectos que tendem a permitir uma maior abertura de mercado

de trabalho para o psicólogo. A autonomia do profissional nessa +rea, conforme

observada varia conforme as condições histórico)sociais e também de acordo

com a tra'etória pessoal e profissional. J+ momentos, no entanto, que para

desenvolver suas atividades e!istem inúmeras barreiras e resist*ncias a

mudanças, impossibilitando uma atuaço condizente com as funções do

psicólogo escolar.

J+ momentos em que o psicólogo acaba fazendo algumas coisas que

no so de sua alçada, atuando no lugar do professor quando o mesmo se

ausenta da sala improvisando trabalhos, apontando)se assim, problemas

relacionados a imagem desse profissional na instituiço, sendo necess+rio um

maior empenho na consolidaço de responsabilidade e empenho na

consolidaço de pr+ticas que o identifiquem como um profissional capaz de

colaborar no processo educacional de forma eficaz. (onforme foi observado ecolhido através de relatos, o profissional da psicologia escolar ainda é re'eitado

e muitos profissionais que compõem o quadro pedagógico ainda cr* que o

mesmo é desnecess+rio. Eal pensamento, est+ fundamentado no

desconhecimento sobre a verdadeira atuaço do psicólogo, ora atribuindo)lhe

poderes acima de sua compet*ncia ou desvalorizando suas funções,

acreditando ser uma tarefa supérflua.

Hiante disso, ainda que os avanços da psicologia escolar se direcionempara uma mudança no modelo de atuaço, apostando numa abordagem

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coletiva, que envolva professores como parceiros e que conte!tualizem os

problemas educacionais, as marcas históricas vo permanecendo e marcando

a imagem do psicólogo. Hesse modo, podemos entender que umas das

razões pela qual o psicólogo escolar encontra e!pectativas para manter suas

atividades est+ na mudança do modelo de atuaço, que apesar de desafiador,

aponta para a construço de uma imagem social da profisso, dei!ando para

tr+s o estigma de um modelo fechado, individualizante e clinico.

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#. Consideraç$es %inais

(onclui)se que a psicologia escolar ainda caminha a passos lentos,

interpretada de forma equivocada por inúmeros profissionais é apontada como

um instrumento eficaz de catalogar aos indiv-duos inteligentes e aos menos

capacitados. Eal visualizaço ainda cria barreiras para uma eficaz

implementaço de um processo de psicologia moderna que visualiza o

indiv-duo através de todas as influencias sócio históricas que o circundam.

Percebeu)se que o psicólogo ainda que empenhado e preparado para

atuar de acordo com as e!ig*ncias cab-veis dentro de um conte!to escolar,

encontra barreiras por parte de antigos profissionais que se recusam a aceitar 

ideias novas e métodos modernos de como encarar o aluno problem+tico,

visualizando no somente o problema, mas elencando uma série de elementos

que compõem o problema.

 A psicologia escolar visualiza o aluno como fruto de um meio sócio

histórico, fugindo de pressupostos antigos de uma f+cil catalogaço dos

inteligentes e incapacitados, mas tal procedimento toca na atuaço de um

vasto grupo solidificado, entre eles a própria escola, seus professores, seus

métodos e sua forma de conduzir o aluno, por outro lado a fam-lia e como a

mesma tem colaborado para oferecer um desenvolvimento saud+vel e afetivo

para que a criança encontre possibilidades de crescer de forma adequada

diante de uma sociedade cada vez mais multifacetada e pluriforme.

=videncia)se, assim que h+ muito ainda por ser feito, pois muitos

acreditam que psicólogo só é necess+rio em caso e!tremo e fora do conte!to

escolar, na cl-nica. Por sua vez, conforme a pesquisa somente uma única

escola na cidade de Furinhos possui um psicólogo escolar, sendo esta umcolégio particular, sem mencionar unidades públicas que apesar de possuir 

alguns psicólogos na rede de ensino, possuem uma demanda to alta que

pouco pode ser feito para au!iliar poss-veis situações problem+ticas que

venham a se evidenciar.

He forma geral, conclui)se que a psicologia escolar ainda que escassa e

pouco implementada, no local em que est+ atuando e ofertando au!ilio ao bom

desenvolvimento de crianças dentro do ambiente escolar é eficaz e cumprecom a proposta oferecida, evitando ao m+!imo a inserço de medicamentos

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indiscriminados sem uma devida orientaço medica e procurando através de

conversas com toda a equipe pedagógica e fam-lia meios adequados para

solucionar qualquer que se'a o problema apresentado por uma criança dentro

da escola e em seu desenvolvimento cognitivo e pessoal.

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8. Aneos

Entrevista com a Psicloga "aniele Cabral.

109 :a sua opinião; ual o papel do psiclogo na escola nos dias de )o*e<

Percebo que a demanda esta continuamente voltada em tratar o aluno que

tenha dificuldades de aprendizagem ou de comportamento e geralmente essa

demanda é a mais comum. =!istem, ao meu ver, duas correntes para a

atuaço do psicólogo, uma que se conforma com a demanda e cria um

processo de individualizaço na criança e no discute fatores de dificuldade de

aprendizagem ou de comportamento. Futra corrente seria a que discute

perspectivas para entender o que esta acontecendo em uma determinada sala

de aula e esta produzindo dificuldades de comportamento e de aprendizagem.

=u trabalho nessa perspectiva da analise institucional, que a'uda a pensar 

quais so as forças que esto atravessando aquele campo e que esto

tornando doente o espaço escolar.

29 Os psiclogos tem conseguido trabal)ar dessa %orma<

 Acredito que sim, mas no é uma tarefa f+cil, é um trabalho lento e demorado.

;udar as perspectivas dos professores com relaço aos alunos e em relaço a

eles mesmos é um processo lento, porque cada um é formado de forma

sub'etiva, para pensar individualmente as questões. =sse pensamento é muito

dif-cil de ser destru-do.

39 "e ue %orma o psiclogo pode intervir na escola; *unto aos

pro%essores; e alunos<

0 comum ir de encontro a problemas cristalizados e eu particularmente no

acredito que temos de fechar os olhos para essa demanda, mas eu costumotrabalhar de maneira que e!ista a chance de discutir o que esta acontecendo e

ouvir o aluno, para saber como ele se sente sendo um aluno com problema,

com dificuldades. ;as ressalto que é imposs-vel tratar o aluno sem que o

professor acompanhe esse trabalho. 4eralmente, isso d+ certo e a escola se

abre para que façamos esse trabalho com grupos de alunos, grupos de

professores, ou até 'untando os grupos. A grande questo est+ em conseguir 

fazer um deslocamento do aluno do papel de culpado e tentar começar aproblematizar mais com ele a questo de responsabilidade. Iuando falo de

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responsabilidade, estou falando em interaço, porque a responsabilidade

precisa ser compartilhada e a culpa no, a culpa cada um toma para si mesmo.

!09 5abe di/er a di%erença entre o trabal)o nas escolas particulares e

p=blicas<

8a escola particular é dif-cil a aceitaço do trabalho do psicólogo, porque e!iste

uma ideologia de que tudo est+ muito perfeito, muito seguro. =nto, os

professores acreditam muito que o trabalho do psicólogo se'a necess+rio

somente para aquelas crianças que possuem algum problema e nesse caso é

encaminhada para um atendimento fora da escola. 0 mais dif-cil trabalhar na

escola particular, pois na escola pública, essa mentalidade de que as coisas

precisam ser discutidas é mais tranquila, a aceitaço é maior, até porque ela

possui menos recursos.

#09 Como , para voc( a uestão da medicali/ação na escola<

 A medicalizaço é um fato que no passa somente pela escola, ela tem

permeado todas as instancias da vida de forma geral. 8a escola, percebo que

a medicalizaço entra como um elemento facilitador do trabalho do professor,

uma espécie de docilizaço dos corpos, sendo que os castigos corporais foram

abolidos, no se encontrou outro meio seno controlar o corpo por meio da

medicalizaço. Fs professores acreditam que '+ perderam o controle de sua

autoridade sobre o aluno.

&09 Como o psiclogo interv,m nessas situaç$es<

F psicólogo no é alguém que pro-be medicalizações por que ele no medica.

F m+!imo que ele pode fazer é discutir, tanto na escola quanto com a fam-lia eas unidades de saúde se necess+rio. 0 um trabalho que tem que ser integrado,

mas no sentido de colocar esse assunto em discusso.

809 Como o psiclogo pode trabal)ar temas do cotidiano ue passam pela

vida escolar; como drogas e viol(ncia<

=sses temas esto na vida, na escola e fazem parte de todo um con'unto

e!istencial. =nto no d+ para fechar os olhos e no encarar essas questões,fingindo que elas no e!istem. Pelo contr+rio, corremos o risco de criar tabus,

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tornando o assunto inacess-vel. =u costumo dizer que tudo que no é dito

acaba maldito. <ogo, é preciso abrir espaços para que as pessoas possam

entrar em contato com realidades que permeiam nossa vida de forma geral. F

psicólogo no pode ser um profissional que se ocupa de prevenções, ele no

tem esse papel, ele deve conscientizar, esclarecer e ouvir opiniões, trazendo o

maior esclarecimento sobre a pertin*ncia de temas to relevantes.

709 Como a %ormação do psiclogo pode auiliar na %orma como ele atua

na escola<

=u, enquanto psicóloga, sou apai!onada pelo que faço e creio que a psicologia

escolar ainda tem muito que galgar no campo de aprofundamento de sua

atuaço e esclarecimento sobre o seu papel na +rea educacional. Acho que é

dever de todos nós reforçar isso, até porque usamos tudo que é emergente na

escola como forma de atuar na transformaço do ser humano, principalmente

aqueles que esto em fase de formaço. Hevemos romper com esse panorama

enquadrado na tradiço cl-nica, rotulador. Eemos a- um campo de intervenço

fant+stico, mas ainda assim é um trabalho lento e de muitas lutas.

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"iario de campo

Hia 5797 @e!ta eira

ui recebido pela psicóloga Haniele (abral que me permitiu acompanh+)

la na observaço dos alunos. iquei pró!imo a ela fazendo uma observaço

geral, enquanto ela me apontava alguns casos particulares acerca de algumas

crianças em particular. Cma das crianças que ela inicialmente me apresentou e

que estava sendo seu foco de observaço mais preocupante era de uma

menina que se recusava a entrar em sala de aula com outras crianças.

=nquanto os outros alunos entravam na sala e se acomodavam, a menina se

mantinha inerte e temerosa 'unto a au!iliar de sala. Após todos os alunosentrarem na sala a menina foi conduzida chorando, demonstrando medo e

protesto, mas após algum tempo se acalmou. =mbora, a psicóloga me

posicionou que h+ um trabalho muito trabalho ainda a ser feito, considerando

que a menina no responde a v+rios est-mulos, como que presa em seu

mundo, no fala como as outras crianças e apresenta um desempenho

atrasado em relaço as crianças de sua idade. ;uito '+ foi tratado com os pais

dessa criança que apesar de terem buscado au!ilio de v+rios médicos aindano detectaram um diagnóstico preciso acerca do comportamento irregular que

a menina apresenta. 8o decorrer de toda a observaço focamos a nossa

atenço em particular a essa menina. Eerminado o tempo dispon-vel para

acompanh+)la agradeci e me retirei, combinando um novo retorno.

Hia 5%97 @egunda)eira

(heguei ao colégio e me encontrei com a psicóloga Haniele quepercorreu comigo algumas salas de aula, em uma delas ela entrou em se

sentou como de costume e me e!plicou que aquela era uma sala mista,

composta de crianças que permaneciam no per-odo da manh e tarde, nesse

ambiente as crianças e!ercitavam seu lado lúdico, brincando e se

sociabilizando. Haniele me e!plicou a dificuldade que e!istem com as crianças

mais institucionalizadas que o colégio possui, sendo alguns casos mais

preocupantes, onde a criança pouco convive com os pais e muito se encontra

na escola. =ssas crianças apresentam dificuldades com o e!erc-cio de poder 

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dos professores, so rebeldes e indom+veis, uma vez que muito tempo

passando longe dos pais, quando esto com eles dei!am fazer tudo, no

impondo limites. L+ se tentou de muitas formas conscientizar alguns pais, mas

alguns so infle!-veis na compreenso de que as crianças deveriam passar 

mais tempo com a fam-lia, ameaçando até retirar os filhos da escola caso no

fosse atendidos em suas necessidades. Após um tempo de observaço,

conversei um pouco com a psicóloga e apresentei a ela algumas questões para

entrevista, da qual ia compor em parte minha pesquisa, ela ainda e!pressou

algumas alegrias e dificuldade que encontra no e!erc-cio da psicologia escolar,

mas demonstra muita satisfaço em e!ercer essa funço, apesar de

incompreensões e barreiras de mentalidade retrogradas e conservadoras que

ainda permeiam o ambiente escolar.

Hia 5297 Eerça)eira

 Ao chegar ao colégio como combinado com a psicóloga Haniele, fomos

em uma sala em particular onde a mesma que apresentou o caso de um aluno

que passou a apresentar bai!o rendimento escolar, certamente por conta de

uma repreenso que levou em voz alta de uma professora por conta de mau

comportamento. Hevido ao e!cesso, mas 'untamente com a companhia de

outros amigos, que no apresentaram nenhuma mudança de comportamento,

a criança em questo se e!clui do grupo, no participando das atividades. @eu

caso chamou a atenço dos professores, que viram uma mudança brusca em

seu comportamento desde ento. A psicóloga se mostrou empenhada em

conhecer o histórico da criança e me revelou que esse menino est+ prestes a

ganhar uma irm, a vida dele, portanto est+ passando por mudanças familiares

que tem provocado uma sensibilidade muito grande na vida desse menino. Hefato, a psicóloga tentou de v+rias formas falar com os pais, mas somente

conseguiu contato com o pai, enquanto a me do menino no se apresentou

em momento algum, alegando falta de tempo e indisposiço devido a gravidez.

Haniele ainda indicou que h+ muitos pais totalmente incess-veis a realidade e o

comportamento da criança, no se apresentando ou se recusando a conversas

com ela, para tentar esclarecer certos comportamentos e verificar como se d+ a

vida familiar de algumas crianças. @egundo ela é um trabalho de muita luta eempenho, mas que ainda sim apresenta resultados a longo prazo.

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Hia 5$97 Q Iuarta eira

ui recebido pela psicóloga Haniele e fui convidado a acompanha)la a

aula de musicalizaço, l+ as crianças foram dispostas em c-rculo, da qual a

professora respons+vel ofereceu alguns instrumentos de precurso para cada

uma enquanto promoveu uma din/mica, através de uma música onde cada

uma respondia ao seu papel tocando seu instrumento no momento adequado,

em seguida cada criança trocava de instrumento e continuava a brincadeira. A

psicóloga observou que a menina que possui problemas com alteraço de

ambiente se sociabilizava bem e interagia conforme a atividade musical se

desenrolava, favorecendo uma observaço mais rica para compreender o que

o caso que tanto intriga sua observaço. Ao termino das atividades todas as

crianças foram para a sala de aula e a menina com resist*ncia a mudanças

chorou e se recusou a se ausentar da sala de musicalizaço. Após isso, conclui

minha entrevista com a psicóloga da qual a mesma me e!plicou sua

perspectiva sobre a psicologia escolar e como seu trabalho reflete no

desenvolvimento das atividades com os alunos no colégio em que trabalha. Por 

fim, a acompanhei em mais uma sala de aula onde observamos o

comportamento no só dos alunos, mas também da professora que apresenta

um certo descontentamento profissional e isso tem refletido de forma evidente

no comportamento das crianças.