A REESTRUTURAÇÃO INTERNA DO PROCESSO DECISÓRIO · O desequilíbrio consiste em que a liberdade...
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“A REESTRUTURAÇÃO INTERNA DO PROCESSO DECISÓRIO
DO PR”
Elisa Barbosa Marcelino1
Resumo:
O presente trabalho tem como intuito compreender como se deu a reestruturação interna
do processo decisório do ‘atual’ Partido da República, que originou se através da fusão
do PL e PRONA. Para analisar isso utilizo como instrumento teórico analítico o modelo
organizacional de Panebianco.
Palavras chaves: PR; fusão; organização partidária.
INTRODUÇÃO
Os partidos são de extrema relevância para o funcionamento dos regimes
democráticos contemporâneos, já que eles são os responsáveis pela mobilização
eleitoral, agregação de demandas sociais com programas e projetos, representação
política, produção legislativa, formulação e execução das políticas públicas.
É inegável sua importância e assim torna-se fundamental compreender melhor
como essas instituições se estruturam e desenvolvem-se ao longo dos anos. Questões
como: como as decisões são tomadas no interior dos partidos? Como agem as lideranças
partidárias? Quais são as relações entre os partidos e seus membros? Quais são os
elementos que provocam transformações no desenho organizacional dos partidos
políticos? São importantes para compreender como funciona estrutura decisória,
financeira, burocrática e entre outros aspectos da organização partidária.
A literatura sobre organização partidária na Ciência Política nacional ainda é
escassa e em certa medida ainda não é possível afirmar, com uma base empírica sólida,
a tão propagada fragilidade organizativa das agremiações. No entanto, há ainda poucos
estudos da estrutura partidária que vão além de uma visão negativa.
1 Mestranda em Ciência Política na Universidade Federal de São Carlos, [email protected],
Bacharel em Ciências Sociais com ênfase em Ciência Política e Sociologia.
Estudos que fogem de uma perspectiva negativa, além de serem escassos,
limitam-se as grandes legendas e não focalizam aos partidos menores que vem
apresentando certo crescimento e peculiaridades. A exemplo das eleições de 2010 e
2014 para Câmara dos Deputados, onde as grandes legendas apresentaram mesmo que
em diferentes graus, diminuição da presença de seus candidatos como: PT 88 a 70,
PMDB 71 a 66, PSD 45 a 37 e PP 40 a 36 deputados, enquanto que partidos menores
apresentaram um movimento inverso: PR de 32 a 34, PTB de 18 a 25, PRB de 10 a 21
entre outros2. O presente trabalho busca compreender a dinâmica organizativa de um
destes partidos, o Partido da República (PR).
Até então sabemos que o PR é produto da fusão de dois partidos: PL e o PRONA
no final de 2006. Ambos partidos nas eleições de 2006 apresentaram uma grande queda
com relação a sua representação na Câmara Federal e não atingiriam o mínimo do
dispositivo da cláusula de barreira3 que entraria em vigor em 20074. Basicamente este
dispositivo restringiria o funcionamento parlamentar do partido que não obtivesse uma
votação superior a 5% em todo país ou pelo menos 2% em nove Estados brasileiros.
Com a fusão a bancada do PR apresentou crescimento expressivo de 25 para 42
deputados, tais resultados são produto da fusão como também das migrações de
deputados tanto da base do governo quanto da oposição5.
Visto isto, questiona-se: o PR é produto da fusão do PL e PRONA, como, a partir
disto, como ocorreu a reestruturação interna do processo decisório do novo partido?
O presente trabalho estrutura se em quatro partes: a primeira é a base teórica do
Modelo de Panebianco e suas principais dimensões analíticas; a segunda é a breve
história e análise organizativa do Partido Liberal e do Partido da Reedificação da Ordem
Nacional, e explica como se deu a fusão dos dois partidos; a terceira, breve história e
2 Os dados apresentados nesta frase foram encontrados no site da Câmara dos Deputados (final do
trabalho encontra-se o link) e do TSE. 3 Nota histórica: A discussão sobre a Cláusula barreira é decorrente do Código Eleitoral de 1950, o qual,
em seu art. 148 previa uma cláusula de desempenho para os partidos. Esta cláusula de exclusão pode ser
considerada amena, se comparada as normas que a sucederam (emendas de 1967, 1969, 1978, 1985), pois
apenas exigia que o partido que não conseguisse eleger pelo menos um representante para o Congresso. 4 Cláusula de barreira foi aprovada pelo Congresso em 1995 para ter validade nas eleições de 2006, mas
foi considerado inconstitucional pela unanimidade dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), sob
o argumento de que prejudicaria os pequenos partidos (Senado Federal). 5 Interessante destacar que o Rennó aponta que grande parte desta migração para um partido da base do
governo seria meio de se aproximar mais do governo e assim obter maior acesso a cargos e recursos
orçamentários que o governo controla.
análise organizativa do Partido da República, identificando se houve ou não uma
reestruturação interna do processo decisório após a fusão; e por último, considerações
finais.
1. MODELO DE PANEBIANCO
O modelo de Panebianco (2005) tenta explicar o desenvolvimento da ordem
organizativa dos partidos e estes variam de partido para partido e depende de diferentes
fatores: os ambientais, a origem e o desenvolvimento do partido, priorizando a
dimensão do poder organizativo.
Para a construção do modelo o autor utiliza-se do “tipo ideal” da metodologia
weberiana, que basicamente é uma construção artificial para avaliar os afastamentos e
desvios próprios das evoluções históricas concretas. A partir disto é possível remontar
as causas que explicam atual configuração do partido.
Observa se que para explicar a fisionomia e funcionamento da ordem organizativa
do partido são necessários dois fatores: a história organizativa e as relações que ele
estabelece com o ambiente externo. Estes dois fatores são importantes, pois toda
organização traz consigo as modalidades de sua formação e as principais decisões
administrativas de seus fundadores, ou seja, as decisões que ‘modelaram’ a organização
(Panebianco, 2005:92), o modelo originário.
Passada a fase inicial da organização os objetivos oficiais tornam-se mais vagos e
imprecisos, implicando certa transformação da ideologia organizativa manifesta, onde
há objetivos explícitos e coerentes, para latente, onde os objetivos são implícitos e
contraditórios. Instaura-se, assim, uma espécie de defasamento, mesmo que sutil para
não perder o eleitorado fiel, entre os objetivos oficiais e os comportamentos
organizativos.
“A relação entre os objetivos e comportamentos nunca se rompem totalmente, mas
atenua-se: a coerência entre comportamentos do partido e os seus objetivos oficiais
será constantemente reafirmada pelos líderes, mas dentre as muitas estratégias
consideradas viáveis para a obtenção dos objetivos oficias serão selecionadas
somente aquelas compatíveis com a estabilidade organizativa.” (Panebianco,
2005:32)
A manutenção da ideologia, independente de ser manifesta ou latente, tem o papel
de alimentar as lealdades organizativas dos membros do partido, por meio da
distribuição de incentivos coletivos ou seletivos.
A distribuição de incentivos coletivos seria para garantir a participação necessária,
são distribuídos igualmente para todos os participantes a fim de incentivar a identidade,
solidariedade e ideologia; e o incentivo seletivo seria a distribuição de incentivos para
alguns participantes de modo desigual, seriam incentivos de poder, status e material.
Essa dupla pressão contribui para individuar as funções internas da ideologia
organizativa, que é a principal fonte de incentivos de identidade. Ela define os objetivos
da organização e que também demarca o território político, ou como Panebianco (2005)
escreve, delineia o “território da caça”.
Quando lidamos com o panorama dos jogos de poder, observa-se que os jogos de
poder verticais, que são entre líderes e liderados, os principais recursos de poder são os
incentivos coletivos e seletivos que são oferecidos pelos líderes em troca de apoio.
Mesmo que estes acumulem mais recursos que seus seguidores, estes últimos nunca
estão de “mãos vazias”, já que tem sua participação a oferecer, este pode abandonar o
partido. O sucesso de um líder na relação com seus seguidores torna-se um valioso
recurso perante os jogos horizontais (entre as elites majoritárias e minoritárias do
partido), ou seja, sua capacidade de conquistar apoio da base é determinante para o
enfrentamento das elites internas concorrentes (Panebianco, 2005; Ribeiro, 2010:46).
O desequilíbrio consiste em que a liberdade de ação dos líderes obtém na
distribuição de incentivos em troca de apoio, é maior que a liberdade ação desses
últimos, e desta forma, quanto maior for a liberdade de ação dos líderes, mais fácil será
resistir aos assaltos da oposição interna do partido (Panebianco, 2005). Outro ponto
importante para o enfrentamento das elites internas da organização é a capacidade do
líder de controlar as zonas de incerteza6. As zonas de incerteza são áreas cruciais da
organização, caso falharem ou ser interrompida geram situações de incerteza e ameaçam
a sobrevivência do partido ou a estabilidade interna (Panebianco, 2005).
6 A competência especializada; relações externas; canais e fluxo da comunicação interna; elaboração,
manipulação e interpretação das regras formais que regem as atividades partidárias (estatutos,
regimentos); fontes e canais de financiamento; e recrutamento dos diversos níveis organizacionais.
O controle de uma dessas zonas é a principal razão das disputas internas entre
líderes e concorrentes, pois possibilita a distribuição de incentivos e assim o apoio.
Segundo Panebianco, quem as controla são a coalizão dominante7 e assim eles tem
também controle sobre os recursos e da distribuição de incentivos no interior do partido.
Quando o controle das zonas de incertezas altera-se podem surgir conflitos internos que
podem romper com o equilíbrio negociado entre os atores, dissolvendo-se a coalizão.
Quando comprometida esta distribuição de incentivos há a possibilidade de
instaurar-se uma crise de legitimidade e causando, assim, a dissolução da coalizão
dominante e produzindo uma nova, que capitalizará a insatisfação dominante.
(Panebiando, 2005; Ribeiro, 2010:46).
Como aponta Panebianco analisar o processo de evolução organizativa dos
partidos é importante por apontar tendências mais ou menos constantes em especial, na
passagem de um momento inicial, onde predominam certas exigências, e uma fase
seguinte, com exigências diversas.
“Um partido, como qualquer organização, é uma estrutura em movimento que sofre
evoluções, que modifica no tempo e que reage as mudanças externas, a modificação
dos ‘ambientes’ nos quais esta inserido e atua.” (Panebianco, 2005, p. 91)
A evolução da ordem organizativa de Panebianco (2005) divide-se assim em três
fases: modelo originário, a institucionalização e sistema de interesses. O autor observa
que para explicar a fisionomia e funcionamento da ordem organizativa do partido são
necessários dois fatores: a história organizativa e as relações que ele estabelece com o
ambiente externo. Estes dois fatores são importantes, pois toda organização traz consigo
as modalidades de sua formação8 e as principais decisões administrativas de seus
fundadores, ou seja, as decisões que ‘modelaram’ a organização (Panebianco, 2005:92),
o modelo originário.
7 Coalizão dominante - grupo de atores facções majoritárias, dirigentes nacionais e subnacionais,
mandatários eleitos entre outros. 8 Segundo Panebianco, a teoria de formação de cada partido parou com Duverger e sua distinção entre
partidos de criação externa e interna, onde o nascimento do partido deve-se às ações da elite parlamentar
preexistentes e partidos criados por grupos de associações que agem na sociedade civil (Duverger; 1980;
Panebianco, 2005, p. 93). A distinção de Duverger (1980) para o autor até um certo ponto é satisfatória,
contudo ela não ‘dá conta’ das diferenças organizativas mais simples - já que, até mesmo a formação de
partidos dentro dos grupos parlamentares há grandes distinções - e muito menos pode ser considerada o
eixo que sustenta a diferenciação de origem genética entre os diversos partidos.
Três fatores distintos contribuem para definir o modelo originário especifico de
cada partido: 1) modo que o partido ‘nasceu’; 2) presença ou ausência de instituição
externa que patrocinou seu nascimento e 3) se há ou não o caráter carismático.
Nesta pesquisa utilizarei em especial o primeiro fator, o modo que o partido
originou-se ou desenvolveu a construção da organização, este pode se dar por meio da
“penetração territorial” ou “difusão territorial”, o primeiro é através de um agrupamento
central que controla, dirige e estimula a constituição de seções locais e regionais e o
segundo é quando as seções regionais e locais são formadas por suas respectivas elites e
depois unem-se para formar uma entidade central.
O modelo de Panebianco (2005) coloca a evolução, as transformações
organizativas e o nível de institucionalização como variáveis dependentes do modelo
originário (características ligadas à origem do partido), das pressões ambientais (marco
institucional e desempenho eleitoral), origem e das peculiaridades do processo de
institucionalização.
2. PARTIDO DA REPÚBLICA: PERÍODO ANTERIOR À FUSÃO.
PR é produto da fusão de dois partidos: Partido Liberal (PL) e PRONA no final do
ano de 2006. O principal fator que motivou a fusão foram os resultados eleitorais do
pleito de 2006 por ambos os partidos em relação a sua representação na Câmara dos
Deputados e o anunciado dispositivo da cláusula de barreira9 que entraria em vigor na
próxima legislatura, no dia 1º de fevereiro de 200710.
Basicamente o dispositivo restringiria o funcionamento parlamentar aos partidos
que não obtivessem os votos necessários11, reduziria o tempo dos programas gratuitos
admitidos no rádio e televisão e limitaria a participação compartilhada em apenas 1% do
fundo partidário aos partidos que não obtivessem uma votação superior a 5% em todo
país ou pelo menos 2% em nove Estados brasileiros nas eleições para a Câmara dos
Deputados.
9 A aplicação da cláusula barreira (ou também conhecida como cláusula de desempenho ou de exclusão)
vinha sendo discutida desde 1992 e foi sancionada na Lei dos Partidos Políticos (art. 13 da Lei n.
9.096/1995) aprovados pelo Congresso sob a condição de ser aplicada somente após onze anos da
vigência da lei, no caso no ano de 2006. 10 Dado extraído do site do Senado Federal. No final do trabalho encontra-se disponível o link. 11 Funcionamento parlamentar corresponde, principalmente, ao direito de eleger líderes e participar -
integrar e votar - das comissões.
A validação do dispositivo tinha como principal objetivo no sistema proporcional
o fortalecimento dos partidos políticos e enfraquecer o voto personalista e as legendas
de aluguel, produto do elevado quociente eleitoral e que produz graves distorções no
sistema eleitoral.
Em dezembro de 2006, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou
inconstitucional o dispositivo de cláusula de barreira da Lei dos Partidos Políticos (Lei
9.096/95) 19.
Até meados de dezembro de 2006, período anterior à extinção da cláusula de
barreira, os partidos que não alcançaram o mínimo na votação entraram com um
processo no TSE para a formação de coligações, fusões e incorporações como meio de
não restringir suas atividades parlamentares. Dentre os partidos destaco: PAN ao PTB;
PPS com o PHS e o PMN para criar o MD; e o PL e PRONA para criar o PR 12.
Como dito anteriormente o PL e o PRONA fundiram-se, segundo a Lei dos
Partidos Políticos (Lei n 9.096, Cap. VI, art. 27-29), ou seja, a fusão ou incorporação de
dois ou mais partidos fica a julgo do TSE e quando “fundidos” dois ou mais partidos, os
que originaram são cancelados. Os votos obtidos pelos partidos na última eleição para a
Câmara dos Deputados devem ser somados para efeito funcionamento parlamentares,
distribuição dos recursos do Fundo Partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão13.
A união do PL e do PRONA teve como principal objetivo por parte do PRONA o
aumento expressivo do tempo no horário eleitoral gratuito do rádio e TV 22. Enquanto
que por parte do PL era limpar sua imagem após o “Escândalo do Mensalão” 14 e das
12 A decisão permitiu que os partidos obtivessem acesso à televisão e rádio, ao fundo partidário e
também manter-se-iam divididos os partidos em três grupos distintos: os pequenos, que obtiveram até 1%
dos votos válidos para deputado federal; os médios, que alcançaram patamares entre mais de 1% e até
4,99%; e os grandes, que conseguiram superar a marca de 5%. 13 Ac.-STF, de 7.12.2006, nas ADI nos 1.351 e 1.354: declara inconstitucional o art. 13 desta lei. V. art. 1º
da Lei nº 12.875/2013, que altera este parágrafo, com a seguinte redação: “§ 6º Havendo fusão ou
incorporação, devem ser somados exclusivamente os votos dos partidos fundidos ou incorporados obtidos
na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, para efeito da distribuição dos recursos do Fundo
Partidário e do acesso gratuito ao rádio e à televisão.” Ac.-TSE, de 27.5.2014, na Cta nº 84742:
inaplicabilidade da Lei nº 12.875/2013 às eleições de 2014. - Ac.-TSE, de 29.4.2014, na Cta nº 18226: a
fusão não abre a parlamentares de partidos que não a integraram a oportunidade de migrarem. 14 O Escândalo do Mensalão se deu em 2005, a partir da denúncia de que os parlamentares da base aliada
ao governo petista recebiam dinheiro do “caixa dois” para votar em projetos de interesse do Executivo.
Basicamente, os deputados da base aliado do PT recebiam uma ‘mesada’ de R$ 30 mil reais para votarem
a favor das propostas do governo. Neste escândalo o PL teve envolvido o nome de dois deputados
federais Bispo Rodrigues, Valdemar Costa Neto (este até 2005 era o presidente do PL), do tesoureiro
Jacinto Lamas e do assessor parlamentar Antônio Lamas.
“Sanguessugas” 15, em 2005, onde o partido que se posicionava a favor do governo
petista teve o nome de importantes parlamentares envolvidos nos escândalos, inclusive
o nome do Presidente do Diretório Nacional de 2005: Valdemar Costa Neto.
O envolvimento do partido nos recentes escândalos refletiu drasticamente em seu
desempenho eleitoral, já que apenas dois dentre os dez deputados envolvidos nos
escândalos de corrupção conseguiram reeleger-se no pleito seguinte.
A fusão dos dois partidos deu-se principalmente por não alcançarem o mínimo de
representação e serem “barrados” caso valida-se o dispositivo de cláusula de barreira no
começo de 2007.
a) Partido Liberal (PL)
O Partido Liberal teve origem no período de redemocratização em 1985 e seu
fundador foi o deputado federal Álvaro Valle (Rio de Janeiro). No primeiro momento o
partido foi composto por egressos da ARENA16 (Aliança Renovadora Nacional /1964-
1985) e ao longo de seu desenvolvimento outros dois partidos incorporaram-se a ele,
como: PST17 (Partido Social Trabalhista/ 1988 - 1992) e PGT18 (Partido Geral dos
Trabalhadores/ 1995-2003), até que em 2006 ocorreu a fusão com o PRONA segundo o
comando do liberal histórico professor Sérgio Tamer.
O PL até 2.006 era representado por trinta e quatro deputados estaduais, vinte três
deputados federais e três senadores, Alfredo Pereira do Nascimento (AM e Presidente
do PL), Magno Malta (ES) e Marcelo Bezerra Crivella (RJ).
De acordo com Panebiano (2005), para melhor compreendermos quais são as
principais características do modelo do Partido Liberal, suas práticas organizacionais,
15 A Máfia dos Sanguessugas estourou em 2006 com a descoberta de uma quadrilha que desviava
dinheiro público destinado à compra de ambulâncias. Neste escândalo o PL teve treze de seus deputados
denunciados: Almeida de Jesus (CE), Amauri Gasgues (SP), Carlos Nader (RJ), Coronel Alves (AP),
Heleno Silva (SE), Jorge Pinheiro (DF), Junior Betão (AC), Maurício Rabelo (TO), Paulo Gouveia (RS);
Reinaldo Betão (RJ), Reinaldo Gripp (RJ) e Ricardo Rique (PB); e o senador Magno Malta (ES). No
entanto, apenas nove foram formalmente acusados. 16 ARENA era composto principalmente por militares e apoiadores do regime militar. 16 PST era composto pelos dissidentes do PTB, fundiu-se como PTR e virou o primeiro PP até juntar-se
ao PL em 1992. 17 PST era composto pelos dissidentes do PTB, fundiu-se como PTR e virou o primeiro PP até juntar-se
ao PL em 1992. 18 PGT foi formado pela Confederação Geral dos Trabalhadores e em 2003 incorporou-se ao PL.
regras internas, formação de coalizões entre outros, é necessário analisar o que
determina o acesso do poder interno do partido político.
Para isso o objetivo desta secção é analisar o PL segundo a composição de sua
Comissão Executiva e quem o representava nos Diretórios Regionais e Nacional, já que
eram eles quem desempenhavam as atividades partidárias através da indicação por um
mecanismo eleitoral.
A ocupação destes cargos é voltada ao desempenho das funções administrativas e
políticas do partido, como também devem atender a requisitos de funcionalidade e de
legitimidade perante a base, como aponta Panebianco (2005:422) a formação de um
“(...) corpo de funcionários dedicados à manutenção da máquina (...)” partidária.
No quadro a seguir foi identificada a composição dos Diretórios Nacional e
Regionais do PL:
Quadro 1: Nome dos Presidentes do Diretório Nacional e Regional do PL
Diretórios Presidente Ocupação Escolaridade
Filiações
Partidárias
Nacional Dep. Valdemar Costa
Neto (abril 2006) Administrador Superior Completo
Arena; PDS; PL;
PR
Senador Alfredo
Nascimento (maio 2006)
Ex-ministro dos
transportes e
senador Superior Completo PPB; PL e PR
AC - - - -
AL Dep. João Caldas da Silva
Advogado Superior Completo
MDB; PMDB;
PMN; PL; PSDB;
PEN; SD.
AP - - - -
AM - - - -
BA De. José Carlos Araújo Administrador Superior Completo PFL; PL; PR; PDT.
CE Dep. Francisco Almeida
Lima Servidor Público Secundário
PFL; PDT; PTB;
PMDB; PL e PR.
ES Senador Magno Malta Senador e
Músico Superior Completo PL e PR
GO Dep. Sandro Mabel Empresário Superior Completo PL; PDMB.
MA Senador Alfredo
Nascimento
Ex-ministro dos
transportes e
senador Superior Completo PPB; PL e PR
MT Dep. Welinton Fagundes Médico
Veterinário Superior Completo
PDS; PDT; PL;
PSDB; PL; PR.
TS Dep. Bernardo Elias
Lahdo Advogado Superior Completo PMDB e PL
MG Dep. José S. Vasconcelos Advogado19 Superior Completo PFL, PL e PR
PA - - - -
PB Marilo Costa (2006) - Superior Completo PL
PR Dep. Pastor Oliveira Comunicador
Secundário
Completo PL
PE Dep.do Inocêncio Oliveira Médico Superior Completo
Arena; PDS; PFL;
PMDB ; PL e PR
PI Dep. Xavier Neto (2004) - - PL
RJ Dep. Geraldo Caetano Superior Completo PL
RN Dep. Robson Faria (2003) Administrador de
Empresas Superior Completo PL
RS - - - -
RO - - - -
RR Dep.Mecias de Jesus Gestor
Financeiro Superior Completo PL
SC - - - -
SE Dep. Heleno Silva Pastor e Locutor Superior Completo PL
SP Dep. José Tadeu
Candelária Administrador Superior Completo PL e PR
TO - - - - Fonte: Dados coletados pelos TRE de cada estado brasileiro, os TREs que não tinham disponíveis tais dados foi necessário
procurar nos diários oficiais e jornais de 2004 e 2006.
A partir do primeiro quadro podemos observar que a ocupação do cargo de
Presidente dos Diretórios Regionais tem elevado grau de escolaridade, todos tem ensino
superior, com exceção do Pastor Oliveira do Paraná. Com relação as ocupações
declaradas pelos presidentes a grande maioria é voltada para as áreas administrativas e
judiciais.
Merece especial atenção as filiações partidárias das Diretorias, pois através dela
vemos que dos vinte e quatro presidentes das Diretorias Regionais apenas dez
permanecem até hoje filiado ao PR e isso não significa que permaneceram em seus
respectivos cargos, como verificaremos mais a frente.
Na época todos os presidentes dos diretórios ocupavam um cargo eletivo
executivo ou legislativo, com exceção do Presidente Marilo Costa (PB).
Segundo o estatuto do PL, cabe ao Diretório Nacional eleger sua respectiva
Comissão Executiva, a partir do voto secreto de maioria absoluta. Desse modo, no
19 Empresário e produtor rural.
período anterior a fusão os principais cargos da Comissão Executiva do PL eram
ocupados por:
Quadro 2 – Composição da Comissão Executiva do PL
CARGO NOME Ocupação Declarada Escolaridade
Presidente Dep. Valdemar Costa Neto Administrador de Empresas Superior Completo
Senador Alfredo Nascimento
(2006)
Senador e ex Ministro dos
Transportes Superior Completo
Secretário
Geral Sérgio Tamer - Superior Completo
1º Tesoureiro Jacinto Lama (2005) Tesoureiro e administrador Superior Completo
Jucivaldo Salazar Pereira Tesoureiro e administrador Superior Completo
Fonte: Dados do TSE.
Analisando os dois quadros, nota-se que a Comissão Executiva, assim como os
presidentes dos Diretórios Regionais, tem elevado nível de escolaridade e suas
ocupações concentram-se em áreas administrativas e judiciais.
Os dois principais cargos da Comissão Executiva, Presidente e Secretário Geral,
eram ocupados em 2006, pelo Senador Alfredo Nascimento e Sergio Tamer. O primeiro
ocupa até hoje um cargo eletivo no executivo e o segundo, ao averiguar seu ‘histórico’
não apareceu nenhum antecedente de candidatura a cargos eletivos no executivo ou
legislativo, mesmo assim após a fusão do PL com o PRONA, Sergio Tamer tornou-se
presidente nacional do PR.
A participação do partido na coalizão do governo aumenta o peso dos cargos
públicos aos membros da direção do partido, pois os membros que compõe postos de
administração como ministros, secretários, dirigentes de empresas estatais e outros, tem
certo controle sobre os recursos e assim são valorizados e muito úteis nos jogos de
poder (Panebianco, 2005; Ribeiro 2014).
O PL era um partido de coalizão com o governo Petista, desde 2002. Dentre seus
dirigentes o Senador Alfredo Nascimento foi nomeado como Ministro dos Transportes o
que possibilitou acesso e repasse de recursos vitais para o PL e posteriormente PR, já
que permaneceu no cargo até 2010.
Cabe ressaltar, que o senador Alfredo Nascimento foi o último presidente do PL,
logo após a fusão foi nomeado como Presidente de Honra do PR e posteriormente o
Presidente do PR.
b) Partido da Reedificação da Ordem Nacional (PRONA)
O PRONA foi fundado pelo Deputado Federal Enéas Ferreira Carneiro e por
Lenine Madeira de Souza em 1989, com o propósito retomar a ‘ordem e a moral da
política’ e o espírito de união e democracia presentes na Constituição de 1988, que
segundo Carneiro foi perdida dando lugar aos ‘jogos de poder espúrios’.
Também sabemos que o seu presidente tinha como objetivo se lançar presidente
da República nas primeiras eleições diretas depois de 21 anos do regime civil-militar.
No entanto, nenhuma das três tentativas (1989, 1994 e 1998) foi bem sucedida, somente
em 2.002 como Deputado Federal se elegeu com mais de 1,5 milhões de votos.
Para avaliarmos o que determina o acesso do poder interno do partido político do
PRONA, essa secção é destinada a compreender a composição dos dirigentes do
partido, ou seja, a composição da Comissão Executiva e os Diretórios Nacional e
Regionais que são deliberados a partir do mecanismo eleitoral.
Segundo o estatuto do PRONA, são os Diretórios os responsáveis por eleger a
partir de uma votação secreta sua respectiva Comissão Executiva, também por maioria
absoluta, como também eleger os membros dos Conselhos de Ética, Fiscal e Político.
Quadro 3: Nome dos Presidentes do Diretório Nacional e Regional do PRONA
Diretórios Presidente Ocupação
Declarada Escolaridade Filiação
AC José Aleksandro da
Silva Professor
Superior
Completo
PPB ; PFL;
PRONA.
AM Luiz Carlos Barbosa
Noleto Médico
Superior
Completo
PRONA);
PTB
MG Fábio Novaes
Magalhães Empresário
Superior
Completo
PV; PCO;
PRONA,
PRG; PSDB.
PR José Severino Silva
Felinto
Professor
Ensino Médio
Superior
Completo PRONA
RJ Deputado Lenine
Madeira de Souza Médico Superior Completo PRONA
Deputado Suely
Santana da Silva Deputado
Secundário
Completo PRONA
RR Remidio Monai
Montessi Deputado Superior Completo PRONA; PR
SP
Deputado Havanir
Nimtz (2002) Médica Superior Completo PRONA
Fonte: Dados coletados pelos TRE de cada estado brasileiro, os TREs que não tinham disponíveis tais dados foi necessário
procurar nos diários oficiais e jornais de 2.006, mesmo assim grande parte dos dados encontrava-se indisponíveis.
Sobre o quadro acima, a composição dos Diretórios Nacional e Regionais do
PRONA tivemos grandes dificuldades com o que concerne a coleta e sistematização de
dados. O PRONA era um partido pequeno e com baixo alcance eleitoral, quase não há
informações sobre o partido e quase nenhuma sobre a composição de suas diretorias e
comissões executivas em órgãos como o TSE e TRE em cada estado brasileiro.
Tal dificuldade deve-se também ao fato que com a fusão o partido foi extinto,
então não foi possível ter acesso aos dados diretamente do partido, os poucos dados
encontrados são em sua maioria de jornais pequenos e com edições anteriores a 2006,
mesmo assim as informações eram escassas e concentravam-se no Deputado Federal
Enéas Ferreira Carneiro e a deputada Havanir Nimtz principalmente quando envolvia a
notícia de compra de candidatura no partido. Além de que o próprio site do PRONA
encontra-se fora do ar.
O PL também foi extinto e encontramos a mesma dificuldade, no entanto, como
seu partido era maior e pelos escândalos de corrupção que envolveu grande número de
seus dirigentes e deputados, foi mais fácil a identificação da composição de seus
diretórios, tanto em jornais nacionais e regionais quanto em diários oficiais.
Mesmo não tendo em mãos o nome de todos os seus representantes, é possível
compreender que o PRONA tem Diretórios e/ou Comissões Provisórias em grande parte
do território nacional, mesmo que ao longo de sua existência poucos de seus candidatos
foram eleitos, ainda assim há grande número de candidaturas em quase todos os estados
brasileiros, com uma única exceção o estado do Rio Grande do Norte.
Analisando o terceiro quadro nota-se que o PRONA é a primeira filiação de
grande parte de seus dirigentes, com exceção do Fábio Novaes Magalhães e José
Aleksandro da Silva.
Dentre os presidentes dos Diretórios Regionais apenas três ocuparam um cargo
eletivo executivo ou legislativo: Deputada Suely Santana Silva, Deputada Havanir
Nimtz e o Deputado Severino Silva Felinto.
Considero importante destacar que todos os Presidentes dos Diretórios Regionais
do PRONA concorriam as eleições, mas apenas somente três se elegeram: Deputado
Havanir Nimtz, Deputado Lenine Madeira de Souza e Deputado Suely Santana da Silva.
Mesmo não sendo eleitos, os candidatos do PRONA que ocupavam o cargo foram os
que tiveram o maior número de votos em seus respectivos estados.
Quadro 4– Composição da Comissão Executiva do PRONA
Cargo Nome Ocupação
Declarada Escolaridade
Filiação
Partidária
PRESIDENTE Deputado Enéas Ferreira
Carneiro Médico
Superior
Completo
PRONA (1989
- 2006)
1ºVICE
PRESIDENTE Deputado Irapuan Teixeira
Professor
Universitário
Superior
Completo
PRONA
(2002-2006)
1º
TESOUREIRO Júlio Gasques Lopes Não declarado
Superior
Completo PRONA
Fonte: Dados coletados no TSE.
Segundo o estatuto do PRONA, é a Comissão Executiva que tem a função de
administrar e representar judicialmente o partido, como também, caso necessário tem o
poder de intervir nas decisões e/ou dissolver os Diretórios e Comissões Provisórias.
A partir do quadro 4 “Composição da Comissão Executiva do PRONA”
compreende-se que apesar da comissão não ter experiências no interior em outros
partidos, o Presidente Deputado Enéas Ferreira Carneiro e o Deputado Irapuan Texeira
ocupavam cargos eletivos na época.
Outro ponto relevante, é que ao verificar as filiações partidárias notamos que
todos os membros da Comissão Executiva iniciam sua carreira política com o PRONA.
No caso do Deputado e Presidente do PRONA Enéas Ferreira Carneiro mantem-se
filiado após a fusão com PL, falecendo no primeiro semestre de 2007. O vice-presidente
Deputado Irapuan Teixeira e o tesoureiro Júlio Gasques Lopes não permanecem após a
fusão.
A presença de dirigentes sem ‘histórico político’ de cargos externos pode indicar
que no interior do partido há canais para construir uma carreira de modo ascendente
através da hierarquia do partido (Ribeiro, 2014).
Como dito anteriormente, a fusão do PL e do PRONA e assim a extinção dos dois
partidos muitos de seus documentos e dados sobre seus órgãos partidários não puderam
ser encontrados, nem no próprio TRE de cada estado brasileiro e atas, e sim nos jornais
locais ou nacionais como Estadão, Jornal do Brasil e Folha de São Paulo, também
Diário de Justiça, Diário Oficial do Poder Judiciário, Diário de Cuiabá, Boletim Oficial
e no próprio site do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.
3. PARTIDO DA REPÚBLICA (PR)
O PR é um partido jovem e sua legenda nasceu sob o comando de Sérgio Tamer
em homenagem aos fundadores do Partido da República de Alvaro Valle. A atual
legenda dá continuidade aos mesmos princípios dos partidos anterior a fusão, conserva
suas siglas e nomes como patrimônio históricos de sua fundação.
Os partidos brasileiros formam sua estrutura organizacional de acordo com a Lei
Orgânica dos Partidos Políticos que determina a criação de órgãos e instâncias de
decisão aos níveis nacional, estadual e municipal, como também os conselhos
especializados e departamentos de representação setorial.
Para avaliar a estrutura organizacional que o PR possui atualmente é necessário
analisar quem compõe os diretórios nacionais e regionais, e as comissões executivas que
são órgão de direção e ação partidária.
Quadro 5: Composição da Comissão Executiva do PR
CARGO NOME FILIAÇÃO PRESENTE
NA
COMISSÃO
OCUPAÇ
ÃO
ESCOLARIDADE
PRESIDENTE Sérgio Victor
Tamer
PEN, PL e
PR.
PPB; PL e
Secretário
Geral do PL
Professor e
Dr.
Advogado
Superior Completo
Senador Alfredo Presidente DN Ex-ministro Superior Completo
Nascimento
(atual)
PR.
do PL e
DR/MA
dos
transportes
e senador
1º VICE
PRESIDENTE
Dep. José Tadeu
Candelária
PL e PR. Presidente
DR/SP do PL
Administra
dor
Superior Completo
SECRETÁRI
O GERAL
Dep Valdemar
Costa Neto
Arena; PDS;
PL, PR
(2007-atual).
Presidente DN
do PL
Administra
dor de
empresas
Superior Completo
2ºTesoureiro Jucivaldo
Salazar Pereira
PR
PR
- Administra
dor
Superior Completo
Contador Osano Vicente
de Paula
- Contador Superior Completo
Fonte: Dados coletados no TSE (2014).
Segundo o estatuto do PR, a função da Comissão Executiva é de administrar o
partido e representa-lo judicialmente, zelar pelo cumprimento das normas estatuárias,
fixar as contribuições dos filiados em geral, efetuar as prestações de contas junto a
Justiça Eleitoral, credenciamento de delegados e fiscais, e tem o poder de intervir ou
promover a dissolução dos Diretórios e Comissões Diretoras Provisórias caso
necessário.
A Comissão Executiva Nacional do PR é composta atualmente por quarenta e
cinco membros (14 deles inativos), destes membros vinte e oito são do PL, nenhum do
PRONA20 e os demais são membros que migraram de outros partidos.
A composição dos dirigentes aponta que os principais cargos (Presidente e
Secretário Geral) são ocupados por ‘mandatários eleitos’, ou seja, ocupantes de cargos
eletivos do executivo ou do legislativo, a exemplo de vereadores, deputados
estaduais/federais, senador, prefeito, governador ou presidente, como o deputado José
Tadeu Candelária, deputado Valdemar Costa Neto e o Senador Alfredo Nascimento,
enquanto que o tesoureiro Jucivaldo Salaazar Pereira e o contador Osano Vicente de
Paula que não detém nenhum histórico de cargos eletivo no executivo ou legislativo21.
20 O Deputado Enéas Ferreira Carneira foi membro da Comissão Executiva em 2007, um pouco antes de
seu falecimento. 21 “A Lei Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP, Lei n. 5682/1971), que regulava detalhadamente o
arcabouço interno das legendas, assegurava a participação dos líderes das bancadas na Câmara e no
Senado nas executivas nacionais dos partidos. Com a implantação da nova legislação em 1995 (Lei N.
9096), que concedeu autonomia organizativa aos partidos, essa obrigatoriedade foi derrubada. No entanto,
os líderes das bancadas conservaram seu status de membros natos de diretórios e executivas em todos os
partidos analisados, sendo que o PDT garante a eles a participação inclusive em uma “comissão
A ocupação da Comissão Executiva por ‘mandatários eletivos’ possibilita a
acumulação de recursos vitais a sobrevivência organizativa do partido, pois através dele
é possível a distribuição de incentivos seletivos nas disputas no interior do partido, o
que pode nos explicar o mantimento das principais lideranças.
Quando comparado a composição da atual Comissão com a Comissão Executiva
dos partidos anteriores a fusão, a tabela nos indica dois fatores importes: primeiro, não
há grande modificação dos principais dirigentes do PL e sim de seus cargos, sendo
todos de alto escalão; e segundo, em especial nestes cargos não permanece nenhum
membro da antiga Comissão Executiva do PRONA.
Cabe ressaltar aqui que o Tesoureiro Jucivaldo Sallazar Pereira, deputado José
Tadeu Candelária, deputado Valdemar Costa Neto e o Senador Alfredo Nascimento
foram membros da Comissão Executiva do PL.
Durante a coleta de dados pelo TSE, Seade, atas, documentos oficiais e Jornais
nacionais e regionais22 de cada membro da Comissão Executiva notaram-se também
outros dois fatos que afirmam a análise anterior: primeiro, o primeiro ano após a fusão
devido aos escândalos de corrupção o Deputado Valdemar Costa Neto não se
candidatou e nem participou de nenhum dos diretórios do PR, no entanto, foi nomeado
como Presidente de Honra do PR, não deixando assim de pertencer a Comissão
Executiva do partido, e em 2013 foi nomeado Secretário Geral; e o segundo, é que além
do Senador Alfredo Nascimento ser o atual Presidente do PR (e antigo Presidente do
PL), ele é também o atual líder do partido no Senado e já foi também o Ministro dos
Transportes no Governo do Lula (PT).
Quadro 6: Composição dos Presidentes dos Diretórios Regionais do PR
Diretórios Presidente Filiações Presente
nos
Diretórios
Ocupação
declarada
Escolaridade
AC Dep. Ilderlei Souza
Rodrigues Cordeiro
DEM, PCS e
PR
- Empresário Superior
Completo
permanente”, composta por apenas sete membros, e responsável pela gestão cotidiana do partido sem a
necessidade de convocar reuniões da executiva.” (Ribeiro, 2014). 22 Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Diário de Justiça, Diário Oficial do Poder Judiciário, Diário de
Cuiabá, Boletim Oficial, Senado e Câmara dos Deputados.
AL Dep. Maurício Quintella
Lessa23
PSB, PDT, PL
e PR.
- Servidor Público/
Engenheiro
Superior
Completo
AP Dep. Vinícius Gurgel24 PRTB e PR. - Deputado/
Contador
Superior
Completo
AM Senador Alfredo
Nascimento
PPB; PL e PR.
Presidente
DN25 do
PL e
DR/AM
Ex-ministro dos
transportes e
senador
Superior
Completo
BA Dep. José Rocha26 ARENA, PDS,
PFL e PR. 27 Médico Superior
Completo
CE Ex Senador Lucio Alcântara ARENA,
PDT,PFL, PDS
e PR
- Professor e Médico Superior
Completo
ES Senador Magno Malta PTB,
PMDB, PL e
PR.
Presidente
do DR/ES
do PL
Senador e músico Superior
Completo
GO Flávio de Paula Canedo PR - Empresário Superior
Completo
MA Dep. Davi Alves Silva PSDC, PDT,
PSC, PDT e
PR.
- Servidor Público Secundário
Completo
MT Dep. Wellington Fagundes 28
PDS, PDT,
PL, PSD e PR
Presidente
DR/MT do
PL
Comerciante e
Médico Veterinário
Superior
Completo
MS Dep. Londres Machado PT e PR - Deputado Superior
Completo
MG Dep. José Santana de
Vasconcellos
PL e PR Presidente
DR/MG do
PL
Advogado,
Empresário e
Produtor Rural
Superior
Completo
PA Dep. Lucio Vale29 PST, PL,
PSDB, PMDB
e PR
30 Administrador de
Empresas
Superior
Completo
PB Dep. José Wellington
Roberto31
PTB, PMDB,
PL e PR.
Presidente
DR/PB do
Engenheiro Superior
Completo
23 Câmara dos Deputados Vice-Líder, PR, 16/5/2007-11/3/2008; Vice-Líder, Bloco PR, PRB, PTdoB,
PRTB, PRP, PHS, PTC, PSL, 28/4/2011-5/2/2013; Líder, PR, 1/2/2015-. 24 Câmara dos Deputados Vice-Líder, PR, 9/2/2015- 25 DN- Diretório Nacional e DR – Diretório Regional. 26 Vice- Líder, PR, 15/03/2007-; Vice-Líder, Bloco PR, PRB, PTdoB, PRTB, PRP, PHS, PTC, PSL,
8/2/2011-24/8/2011; 1º Vice-Líder, Bloco PR, PTdoB, PRTB, PRP, PHS, PTC, PSL, 24/8/2011-
15/2/2012; Vice-Líder, Bloco PR, PTdoB, PRP, 19/3/2014-. 27 Presidente do diretório municipal da ARENA, 1970-1975 e do PFL 1994, Coribe; vice-líder do PDS,
ALBA, 1985; tesoureiro da executiva regional do PFL-BA, 1994; delegado na convenção nacional do
PFL, 1994; vice-líder do Bloco PFL/PST, CF, 2001-2002; vice-líder do PFL, CF, 1995 e 2002. Vice-líder
do PR, CF, 2007. Vice-líder do Bloco PR, PRB, PTdoB, PRTB, PRP, PHS, PTC, PSL, 2011. 28 Vice-Líder, Bloco PR, PTdoB, PRP, PHS, PTC, PSL, PRTB, 28/2/2012-; Vice-Líder, Bloco PR,
PTdoB, PRP, -19/3/2014-. 29 Câmara dos Deputados Vice-Líder, PR, 11/03/2008-; Vice-Líder, Bloco, PR, PTdoB, PRP, PHS, PTC,
PSL, 28/9/2011-1/12/2011. Atividade Partidária - Externas à Câmara dos Deputados Presidente Regional
do PR, PA, 4/4/2014 30 Câmara dos Deputados Vice-Líder, PR, 11/03/2008-; Vice-Líder, Bloco, PR, PTdoB, PRP, PHS, PTC,
PSL, 28/9/2011-1/12/2011. 31 Câmara dos Deputados Vice-Líder, Bloco PR, PRB, PTdoB, PRTB, PRP, PHS, PTC, PSL, 12/5/2011-;
Vice-Líder, Bloco PR, PTdoB, PRP, -19/3/2014, 3/4/2014-; 1ª Vice-Líder, PR, 9/2/2015-.
PL
PR Dep. Fernando Lucio
Giacobo32
PPS, PL e PR. 33 Empresário Superior
Completo
PE Dep. Anderson Ferreira34 PR - Empresário Superior
Incompleto
PI Dep. Fábio Henrique M.
Xavier
PL e PR - Estudante e
Estagiário
Superior
Incompleto
RJ Dep. Anthony Garotinho35 PT, PDT, PSB,
PMDB, PR
- Radialista Secundário
Completo
RN Dep. João Maia PL e PR - Economista Superior
Completo
RS Cajar Onesimo Ribeiro
Nardes
PL e PR - Veterinário Superior
Completo
RO Karine Cassol PL e PR - - -
RR Dep. Remídio Monai
Montessi
PRONA e PR. Presidente
DR/RR do
PRONA
Deputado Superior
Completo
SC Dep. Jorginho Mello36 PSDB e PR 37 Advogado e
Bancário
Superior
Completo
SE José Edivan do Amorim PR - Empresário Superior
Completo
SP Dep. José Tadeu Candelária PL e PR Presidente
DR/SP do
PL
Administrador Superior
Completo
TO Ronaldo Dimas PSDB e PR - Engenheiro Superior
Completo Fonte: Dados coletados no TSE (2014).
De acordo com o estatuto do PR, as Diretorias eleger os membros da Comissão
Executiva, Conselho de Ética, Conselho Fiscal e Conselho Político, como também zelar
pela obediência do Programa e do Estatuto em suas respectivas jurisdições.
32 Câmara dos Deputados Vice-Líder, Bloco PL, PSL, 2004; Vice-Líder, Bloco PL, PSL, 6/2005-7/2005;
Vice-Líder, PL, 7/2005-2/2006; Vice-Líder, PL, 3/2006-2007; Vice-Líder, PR, 11/03/2008-; Coordenador
da Bancada Federal do Paraná, 22/3/2011; 1º Vice-Líder, Bloco, PR, PTdoB, PRP, PHS, PTC, PSL,
PRTB, 15/2/2012-4/2/2013; 1ª Vice-Líder, Bloco PR / PTdoB / PRP, 19/3/2014 - 7/1/2015. Atividade
Partidária - Externas à Câmara dos Deputados Presidente, PR-Paraná. 33 Vice-Líder, Bloco PL, PSL, 2004; Vice-Líder, Bloco PL, PSL, 6/2005-7/2005; Vice-Líder, PL, 7/2005-
2/2006; Vice-Líder, PL, 3/2006-2007; Vice-Líder, PR, 11/03/2008-; Coordenador da Bancada Federal do
Paraná, 22/3/2011; 1º Vice-Líder, Bloco, PR, PTdoB, PRP, PHS, PTC, PSL, PRTB, 15/2/2012-4/2/2013;
1ª Vice-Líder, Bloco PR / PTdoB / PRP, 19/3/2014 - 7/1/2015 34 Câmara dos Deputados Vice-Líder, Bloco PR, PTdoB, PRP, PHS, PTC, PSL, PRTB, 19/2/2013-; Vice-
Líder, Bloco PR, PTdoB, PRP, 19/3/2014-19/3/2014; Vice-Líder, PR, 9/2/2015-. Atividade Partidária -
Externas à Câmara dos Deputados Presidente, PR Jovem, PE, 2007- 35Deputado Anthony Garotinho no pleito de 2010 foi o segundo deputado mais votado no Brasil, ficando
atrás apenas do Dep. Tiririca (PR/SP). 36 Vice-Líder, Bloco PR, PTdoB, PRP, 19/3/2014-; Vice-Líder, PR, 9/2/2015- 37 Câmara dos Deputados Líder, PSDB, ALSC, 1996-2004; Vice-Líder, Bloco PR, PTdoB, PRP,
19/3/2014-.
Segundo o TSE, sabemos o Diretório Nacional PR são compostos por cento e
trinta e oito membros (120 ativos e 18 inativos) destes apenas dois eram do PRONA e o
restante dos membros eram do PL ou migraram de outros partidos.
Comparando os Diretórios Regionais do PL e PRONA com Diretórios Regionais
do PR, percebe-se que apenas oito presidentes dos diretórios regionais (sete do PL e um
do PRONA) permaneceram em suas respectivas posições: Senador Alfredo Nascimento
(PL/AM), Senador Magno Malta (PL/ES), Deputado Welinton Fagundes (PL, MT),
Deputado José Santana de Vasconcellos (PL/MG), Deputado José Rodrigues
Wellington (PL/PB), Deputado Remídio Monai Montessi (PRONA/RR) e o Deputado
José Tadeu Candelária (PL/SP).
O “Quadro 6: Composição dos Presidentes dos Diretórios Regionais do PR”
evidencia que ao menos catorze dos presidentes já eram antigos filiados do PR, ou seja,
foram filiados do PL; três presidentes tiveram sua primeira filiação com o próprio PR
(no inicio de 2007) e os demais foram migrados de partidos como PCS, PDT, PPB,
PSB, PSDB, PPS, PMDB entre outros.
Sobre isso, dois pontos me chamaram bastante a atenção: primeiro, as filiações
partidárias ainda há dissidentes do Arena como o ex Senador Lucio de Alcântara e o
Deputado José Rocha; e segundo, o grande número de migrações partidárias de alguns
presidentes, como Dep. Anthony Garotinho, Dep. José Wellington Roberto, Dep. Lucio
Vale, Dep. Wellington Fagundes, Dep. Davi Alves Silva, Senador Magno Malta, Dep.
José Rocha e o ex Senador Lucio Alcantra.
Verificando o ‘histórico político’ dos Presidentes Regionais percebe-se que
grande parte deles tem uma carreira política de longa data. Mesmo os presidentes com
histórico filiação mais recente ou os presidentes com elevado índice de migrações
partidárias são ‘mandatários eletivos’ ou ‘ex mandatários’, ou seja, ocupam ou já
ocuparam cargos eletivos no executivo ou legislativo, com exceção dos presidentes dos
Diretórios de Tocantins, Sergipe, Rio Grande do Sul, Rondônia e Goiás.
Com relação ao índice de escolaridade os dirigentes apresentam elevado nível, já
que a maioria tem o superior completo e somente três tem o secundário completo.
4. CONCLUSÃO
O modelo de Panebianco (2005) tenta explicar o desenvolvimento da ordem
organizativa dos partidos, para isso utiliza-se dos fatores ambientais, a origem e o
desenvolvimento do partido, priorizando a dimensão do poder organizativo.
O autor observa que para explicar a fisionomia e funcionamento da ordem
organizativa do partido são necessários dois fatores: a história organizativa e as relações
que ele estabelece com o ambiente externo. Estes dois fatores são importantes, pois toda
organização traz consigo as modalidades de sua formação e as principais decisões
administrativas de seus fundadores, ou seja, as decisões que ‘modelaram’ a organização
(Panebianco, 2005:92), o modelo originário.
Três fatores distintos contribuem para definir o modelo originário especifico de
cada partido: 1) modo que o partido ‘nasceu’; 2) presença ou ausência de instituição
externa que patrocinou seu nascimento e 3) se há ou não o caráter carismático.
O Partido da República é produto da fusão de dois partidos: Partido Liberal (PL) e
PRONA no final do ano de 2006. O principal fator que motivou a fusão foram os
resultados eleitorais do pleito de 2006 por ambos os partidos em relação a sua
representação na Câmara dos Deputados e o anunciado dispositivo da cláusula de
barreira que entraria em vigor na próxima legislatura, no dia 1º de fevereiro de 200738.
A união do PL e do PRONA teve como principal objetivo por parte do PRONA o
aumento expressivo do tempo no horário eleitoral gratuito do rádio e TV. Enquanto que
por parte do PL era limpar sua imagem após o ‘Escândalo do Mensalão’ e dos
‘Sanguessugas’, em 2005, onde o partido que se posicionava a favor do governo petista.
O envolvimento do partido nos recentes escândalos refletiu drasticamente em seu
desempenho eleitoral, já que apenas dois dentre os dez deputados envolvidos nos
escândalos de corrupção conseguiram reeleger-se no pleito seguinte.
A partir da teoria de Duverger (1980) tem-se que o PR originou-se no interior do
parlamento. Segundo essa corrente, o partido deve possuir uma estrutura fraca,
heterogênea e com baixo contato com a sociedade, pois – na teoria – as eleições
constituem a sua principal atividade e grande poder na estrutura decisória do partido.
Panebianco (2005) expande a tipologia de Duverger com três novos indicadores:
origem por penetração ou difusão territorial, formação a partir de um braço político de
38 Dado extraído do site do Senado Federal. No final do trabalho encontra-se disponível o link.
organização externa e formação em torno de uma liderança carismática. Segundo tais
indicadores considero que o PR:
1) Originou-se por penetração territorial, pois foi formado a partir de grupos (PL e
PRONA) que podem ser considerados como o centro do processo genético de sua
formação. Tais grupos forneceram capital político pra a formação da nova legenda.
2) Não há na origem do PR presença de organizações oriundas da sociedade civil que
tenham relação com a fundação do partido.
3) Não há um líder carismático.
Cabe ressaltar que a origem de um partido politico, seja interna ou externa ao
parlamento, influencia no peso dos parlamentares terão nas instâncias dirigentes, mesmo
depois de décadas da fundação do partido, assim, partido de origem interna ao
parlamento tendem a ser controlados por parlamentares desde o inicio (Duverger, 1980;
Panebianco, 2005). Os partidos que nasceram com elevado numero de parlamentares
tendem a continuar com esse perfil, “seja porque os parlamentares já se constituíam em
núcleos de poder independentes da máquina desde o início, porque conformaram uma
estrutura decisória interna que lhes favorecia (como as regras de composição e
permanência nas executivas) etc.” (Ribeiro, 2014).
Ao analisar a composição das Comissões Executivas dos três partidos, o PL e o
PRONA que deram origem ao PR, tende a confirmar o argumento anterior, pois com
exceção do PRONA que tinha poucos parlamentares seja na Comissão Executiva quanto
nas Diretorias Regionais, a composição dos dirigentes do PL em sua grande maioria
eram mandatários ou ex-mandatários de cargos eletivos no Executivo e/ou Legislativo,
salvo por poucas exceções.
Com a fusão e o nascimento do PR foi analisado que os principais dirigentes do
PL se mantiveram na Comissão Executiva, a primeiro momento mudando seus cargos e
aos poucos retornando aos seus antigos, no entanto todos eram de alto escalão.
O que é o caso do Deputado José Tadeu Candelária, Deputado Valdemar Costa
Neto, o Senador Alfredo Nascimento e o tesoureiro Jucivaldo Salaazar Pereira. Desse
modo, compreende-se que não há grandes modificações da estrutura de poder do PL e
apenas de seus cargos com a fusão. Dos quarenta e cinco membros da Comissão
Executiva nenhum era do PRONA enquanto que os demais eram do PL ou produto de
migrações partidárias.
O mesmo ocorre, só que em menor escala, na composição dos membros das
Diretorias Nacional do PR, que no total são cento e trinta e oito membros (120 ativos e
18 inativos) destes apenas dois são do PRONA e o restante dos membros do PL ou
migraram de outros partidos.
Comparando os Diretórios Regionais do PL e PRONA com Diretórios Regionais
do PR, percebe-se que apenas oito presidentes dos diretórios regionais (sete do PL e um
do PRONA) permaneceram em seus respectivos cargos: Senador Alfredo Nascimento
(PL/AM e também, atual presidente do partido), Senador Magno Malta (PL/ES),
Deputado Welinton Fagundes (PL, MT), Deputado José Santana de Vasconcellos
(PL/MG), Deputado José Rodrigues Wellington (PL/PB), Deputado Remídio Monais
Montessi (PRONA/RR) e o Deputado José Tadeu Candelária (PL/SP). Os demais
presidentes
Verificando o ‘histórico político’ dos Presidentes Regionais percebe-se que
grande parte deles tem uma carreira política de longa data. Mesmo os presidentes com
histórico filiação mais recente ou os presidentes com elevado índice de migrações
partidárias são ‘mandatários eletivos’ ou ‘ex mandatários’, ou seja, ocupam ou já
ocuparam cargos eletivos no executivo ou legislativo, com exceção dos presidentes dos
Diretórios de Tocantins, Sergipe, Rio Grande do Sul, Rondônia e Goiás.
O elevado índice de ‘mandatários eleitos’ é de grande valor no interior das
cúpulas dirigentes, pois possibilita aos políticos acumularem recursos de poder, que são
vitais a sobrevivência do partido e estes são utilizados como incentivos seletivos nas
disputas internas, que são vitais para a permanecia de seus cargos como também para a
liberdade de ação do dirigente.
Considero o PR um partido coeso, pois seus dirigentes tem certo controle sobre as
zonas de incertezas do partido, visto pela adaptação da organização durante a fusão e
seus resultados eleitorais seguintes39, que indicavam certo crescimento do partido, e
pelo mantimento de suas principais lideranças.
Mesmo com a fusão e assim sua reestruturação interna o PR manteve seus
principais líderes, que eram os membros da coalizão dominante do PL.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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TAUROCO, Gabriela. 1999. “O Partido da Frente Liberal: trajetória e papel no
sistema político”. Dissertação de Mestrado. Campinas, Programa de Mestrado em
Ciência Política, IFCH-UNICAMP.
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RIBEIRO, Pedro Floriano Peixoto. 2010. “Dos sindicatos ao governo: a organização
nacional do PT entre 1980 e 2005”. São Carlos: EdUFScar.
Artigos:
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CASTRO, Mônica Mata Machado; NUNES, Felipe. 2014. “Candidatos corruptos são
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em algum papel.
MAUERBERG, Junior, Arnaldo. 2013. “A Organização Partidária no Brasil: o Caso das
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BRAGA, Maria Socorro de Sousa. 2008. “Organizações partidárias e seleção de
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BAERT, Patrick. “Algumas limitações das explicações da Escolha Racional na Ciência
Política e Sociologia”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, Vol 12, n 35.
39 Os resultados eleitorais dos partidos encontram-se presentes na Monografia: “ORGANIZAÇÃO
PARTIDÁRIA DO PR E O PAPEL DO HUMORISTA TIRICA NO PLEITO DE 2010” de Elisa Barbosa
Marcelino (2014).
BRAGA, Maria do Socorro Sousa. 2007. “O processo político-partidário brasileiro e as
eleições de 2006”. Política e Sociedade, n 10, abril.
RIBEIRO, Fernando. 2012. “Institucionalismo da escolha racional e institucionalismo
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Plural | Pelotas [10]: 89 - 100 janeiro/junho.
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