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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE BELAS-ARTES
A Relação Escola-Museu na
Cidade de Lisboa
TOMO I
Maria de Lurdes Roque Martins Carvela Gomes
MESTRADO EM MUSEOLOGIA E MUSEOGRAFIA
Dissertação orientada pelo Professor Doutor Fernando António
Baptista Pereira e co-orientada pela Mestre Ana Duarte Baptista
Pereira
2011
Agradecimento
Uma primeira palavra de agradecimento a todos os professores deste
mestrado, pelos conhecimentos que me disponibilizaram e o permanente
incentivo para seguir em frente.
Ao orientador desta dissertação de mestrado, Sr. Professor Doutor Fernando
António Batista Pereira, pelos seus ensinamentos e toda a orientação que me
deu na preparação deste trabalho, sempre com grande disponibilidade,
compreensão e uma palavra incentivadora quando foi preciso.
À co-orientadora Srª Mestre Ana Duarte Batista Pereira, pela orientação
constante que me proporcionou no desenvolvimento deste trabalho, pela
permanente partilha do seu saber nas matérias em causa, pela sua
disponibilidade e pelas suas palavras amigas e incentivadoras que tanto me
ajudaram e sensibilizaram.
Aos dois quero aqui manifestar a minha amizade, estima e consideração, e
apresentar os meus agradecimentos pelo privilégio que me deram ao aceitarem
ser os meus orientadores de tese.
Quero ainda agradecer aos meus colegas de mestrado, muito especialmente
ao Joseph Rodrigues, a camaradagem e os bons momentos passados.
Uma palavra de reconhecimento à Câmara Municipal de Lisboa, na pessoa do
Sr. Arquitecto Rui Ricardo e sua equipa, pela elaboração das plantas de
localização dos museus e das escolas.
Finalmente uma palavra de reconhecimento pela simpatia e colaboração dos
responsáveis dos museus e professores das escolas da cidade de Lisboa, que
integraram este estudo, sem o que não teria sido viável a sua realização.
A todos, o meu muito obrigado.
Maria de Lurdes Roque Martins Carvela Gomes
1
Índice
Tomo I
Pág
Resumo 3
Abstract 4
Introdução 5
1.O tema e o respectivo enquadramento teórico 6
2.Objecto do estudo 9
3.Objectivos a atingir 9
4.Metodologia 10
5.Algumas contingências na elaboração do estudo 11
6.Organização do estudo 12
1.Caracterização dos museus e da sua oferta educativa 14
1.1.Identificação e localização dos museus 15
1.2.Apuramento das respostas aos inquéritos aos museus 20
1.3. Análise da resposta a cada pergunta 21
2.Escolas e suas expectativas 37
2.1.Identificação e localização das escolas 38
2.2.Apuramento das respostas aos inquéritos às escolas 42
2.3. Análise da resposta a cada pergunta 44
3.Relação escola/museu na cidade de Lisboa. Uma realidade? 57
3.1.Principais conclusões dos inquéritos aos museus 58
3.2.Principais conclusões dos inquéritos às escolas 61
3.3.Reflexões decorrentes dos contactos pessoais com as
instituições
62
2
4.Conclusões: Relação escola/museu na cidade de Lisboa
Pontos fortes e Pontos fracos
66
4.1.Pontos fortes e Pontos fracos 67
4.2.Sugestões de melhoria 70
4.3.Comentário final
Bibliografia
76
79
Tomo II
Pág Anexo I
Fichas dos museus 1 a 133
Anexo II Fichas das escolas 1 a 40
Anexo III
Inquéritos aos museus 1 a 137
Anexo IV Inquéritos às escolas 1 a 155
3
Resumo
O estudo da relação escola-museu tem relevante importância na elaboração de
qualquer programa educativo devidamente estruturado e diversificado, matéria
em que o museu tem o estatuto de parceiro imprescindível. Estas razões
levaram à escolha do tema:”A relação escola-museu na cidade de Lisboa”
para a presente tese de dissertação de mestrado em Museologia e
Museografia. O objectivo proposto com este trabalho de investigação é avaliar
o actual estado da relação escola-museu na cidade de Lisboa e apresentar
algumas sugestões para a sua progressiva melhoria. Os museus-alvo foram
todos os existentes em Lisboa. Optou-se pela elaboração de inquéritos que
foram preenchidos pelos directores dos museus ou pelos responsáveis do
serviço educativo. Antes do preenchimento do inquérito foi realizada uma
entrevista e uma visita ao museu. Os inquéritos incluem, entre outras, várias
questões específicas: missão do museu, preferências dos públicos escolares,
número de visitantes. As escolas-alvo não são a totalidade das existentes,
tendo-se seguido um critério de selecção de modo a cobrir os vários tipos de
ensino (desde o pré-primário ao secundário), o ensino público e privado, e
áreas da cidade com características socioeconómicas diversas. Foram
elaborados inquéritos que incluem várias questões específicas, sobretudo
relacionadas com os museus que são visitados pelas escolas e as relações
entre alunos e professores com o serviço educativo de cada museu visitado.
Estes inquéritos foram preenchidos por professores, muitos deles
presencialmente. A partir dos dois conjuntos de inquéritos elaboraram-se dois
quadros onde se faz a compilação das respostas obtidas, o que permitiu,
conjuntamente com a informação recolhida nas entrevistas e visitas realizadas,
retirar a informação necessária para o apuramento das conclusões do estudo,
que referem os pontos fortes e fracos actuais encontrados na relação escola-
museu na cidade de Lisboa e caracterizam esta relação como uma realidade
que necessita de aprofundamento e alargamento a todas as escolas e museus.
Apresentam-se algumas propostas de melhoria neste campo.
Palavras-chave
Museu, Escola, Comunidade, Educação Patrimonial, Relação escola-museu
4
Abstract
The study of school-museum have a great significance in the development of
any structured and diversified educational program, subject in which the
museum has the status of indispensable partner. These reasons led to the
choice of theme: "The school-museum in Lisbon" as master’s thesis in
Museology and Museography. The aim of this research work is to evaluate the
current status of school-museum in the city of Lisbon and a few suggestions for
progressive improvement.
The targeted museums of the study were all present in Lisbon. We opted for the
elaboration of specific surveys carried out by directors of the museums or those
responsible for educational services. Before completing the survey was
conducted an interview and a museum visit. The questionnaires include several
specific issues such as the museum's mission, the preferences of school
children public, visitors, and many others.
The targeted schools are not all of the existing, the selection criteria was to
cover the various types of education (from kindergarten to high-school level),
the public and private education, and trying to cover different areas of the city
with various socio-economic features. The inquiries were designed to include
several specific issues, mostly related to the museums that are visited by the
school and the relationships between students and teachers and the
educational service of each museum visit. These questionnaires were
completed by teachers, many of them personally. From the inquiries made to
museums and schools were drawn up two tables where there is a compilation of
answers to all questions, allowing, together with information gathered in
interviews and visits, the information needed to draw the clearance of the
study's conclusions, which relate the strengths and weaknesses found in
current school-museum in Lisbon, as well as some suggestions for
improvements.
Key-words
Museum, School, Community, Heritage Education, Museum-School
Relationships
6
Introdução
“Nas últimas décadas temos vindo a caminhar da Sociedade
da Informação para a Sociedade do Conhecimento e da
Aprendizagem, o que implica uma importante passagem da
campanha pelo acesso à informação, ao campo, mais
exigente, da responsabilidade individual e colectiva na
utilização dessa mesma informação e na criação de
ambientes para a verdadeira promoção da aprendizagem e
do conhecimento como ferramentas essenciais ao
desenvolvimento” (1)
1. O tema e o respectivo enquadramento teórico
A tese de dissertação de mestrado em Museologia e Museografia que integra o
presente trabalho de investigação é:”A relação escola-museu na cidade de
Lisboa”.
Propôs-se este tema, por se considerar que, sem menosprezo pela sua relação
com todos os seus diversos públicos, a relação do museu com a escola é uma
importantíssima componente da formação multifacetada e multidisciplinar que
cada vez mais é necessária aos vários níveis de público escolar.
A reforçar esta opinião está a experiência pessoal da mestranda através de
quarenta e dois anos dedicados ao ensino, desde o actual 2º ciclo do ensino
básico ao actual ensino secundário. Ao longo da sua carreira profissional em
diversas escolas, com especial destaque para a Escola Secundária Artística
Soares dos Reis no Porto e para a Escola Secundária Artística António Arroio
em Lisboa, onde dedicou vários anos ao ensino de disciplinas ligadas às artes,
a mestranda manteve um regular contacto com as instituições museológicas e
acompanhou a evolução da relação escola-museu ao longo dos anos.
___________________________________ (1) BARRIGA, Sara ; Susana Gomes da Silva; Serviços Educativos na Cultura – Introdução; Colecção
Públicos Nº2; Ed. Setepés,2007; p. 9
7
Segundo J. Amado Mendes “ na história recente dos museus… verificaram-se
três tendências, ditadas pela forma como a instituição museológica foi sendo
perspectivada”(2). Nas primeiras décadas do século XX a questão era a
preservação do património, e dá-se o aparecimento dos conservadores dos
museus. A meio do século começam a ser reconhecidas as múltiplas funções a
desempenhar pelos museus – segundo Maria Bolaños é o “museu
multifacetado”(3). Em 1974, o Comité Internacional de Museus (ICOM) adopta a
seguinte definição para museu: “o museu é uma “instituição permanente, sem
fins lucrativos, ao serviço da sociedade, que adquire, conserva, comunica e
apresenta com fins de estudo, educação e deleite, testemunhos materiais do
homem e do seu meio”(4). Das várias funções museológicas que esta definição
encerra, a função educativa emerge como de grande importância durante as
últimas três décadas em Portugal.
A importância dada pelos norte-americanos aos serviços educativos fornecidos
pelos museus, matéria em que foram pioneiros, teve continuidade na Europa, e
mais recentemente muitos países europeus entenderam que os museus devem
ser considerados como instituições de educação.
Voltando a citar J. Amado Mendes, recorda-se que “entre nós, nos próprios
manuais escolares do Ensino Básico e Secundário e materiais pedagógicos
que os acompanham, se tem chamado frequentemente a atenção para as
potencialidades pedagógicas dos museus e para o papel, cada vez mais
relevante, que aqueles devem ser chamados a desempenhar no processo de
ensino-aprendizagem”(5).
Segundo Ana Duarte, “o museu é um lugar privilegiado onde o debate,
improvisação, descoberta, contemplação e reflexão devam ser constantemente
encorajadas. A educação bem como a sua interacção social o recreio e o
entretenimento são fortes razões para que as pessoas vão hoje ao museu” (6).
____________________________________
(2) MENDES,J.Amado; Estudos do Património:Museus e Educação; Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009; p.156
(3) BOLAÑOS, Maria; Historia de los museos en España.Memoria,cultura,sociedad; Gijón (Astúrias), Ed. Trea, 1997; pp. 249-251
(4) HERNANDEZ, Francisca Hernandez; Manual de museologia; Madrid, Editorial Síntesis; p.69 (5) MENDES,J.Amado; Estudos do Património:Museus e Educação; Imprensa da Universidade de
Coimbra, 2009; p.157 (6) DUARTE, Ana; Educação Patrimonial: guia para professores, educadores, monitores de museus e
tempos livres; 1ª Ed. Lisboa: Texto Editora, 1993; p.67
8
O museu não pode ser visto apenas como um local onde o saber que lá está
concentrado possa ser transmitido, pois ele é um lugar de memórias e como
tal, a visita a um museu “mobiliza conhecimentos, afectos e produz efeitos
múltiplos como: adquirir conhecimentos pontuais, compreender um conceito
científico, ter experiências sensoriais, modificar a atitude para o que está
exposto, experimentar uma emoção estética ou ficar feliz com os momentos
passados” (7). Deste modo a educação museal tem de ser vista como um
complemento do ensino que é ministrado na escola.
A propósito do ensino especificamente museal, Maria Olímpia Lameiras
Campagnolo diz : “ Inscrevendo-se numa comunicação «bilingue» plástico –
verbal e fornecendo informações científicas, tecnológicas, culturais, artísticas,
esse ensino seria complementar, por um lado, da sub-função
«apresentação/exposição», no âmbito da função museal educação, esse
ensino seria complementar do ensino escolar oficial” (8).
A opinião de Maria del Carmen Valdés Sagués é concordante com o que se
tem vindo a referir, afirmando “… o museu converte-se num instrumento de
aprendizagem, em benefício dos alunos, cujo maior ou menor grau de êxito
dependerá fundamentalmente do museu e dos professores”(9).
Actuando como mediador entre os seus vários públicos e a comunidade,
através da sua acção pedagógica e dinâmica, o museu é cada vez mais um
autêntico complemento educacional.
Entendendo-se que para a elaboração de qualquer programa educativo
devidamente estruturado e com a diversificação que se pretenda, o museu tem
o estatuto de parceiro imprescindível, o estudo da relação escola-museu tem
relevante importância nesta matéria, razão que esteve na base da escolha do
tema para a presente tese de dissertação de mestrado em Museologia e
Museografia.
____________________________________
(7) COIMBRA, Raquel Maria Ferreira; O museu como espaço de educação – Uma proposta de actividades educativas para o 1º ciclo do ensino básico no Museu Nacional Machado de Castro; Tese de Mestrado em Museologia e Museografia; Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes, 2007;p.34
(8) CAMPAGNOLO, Maria Olímpia Lameiras; Um ensino especificamente museal, in “ O Museu, a Escola
e a Comunidade”, 1997; p.67 (9) VALDÉS SAGUÈS, Maria del Carmen; La difusión cultural en el museo: servicios destinados al gran
público; Gijón (Astúrias), Ed. Trea, 1999; pp. 78-79
9
2. Objecto do estudo
O objecto do estudo é o desenvolvimento de um trabalho de investigação que
nos permita avaliar, na cidade de Lisboa, a relação entre as escolas e os
museus no âmbito da educação, tendo em conta as suas funções gerais e as
suas especificidades, relação esta que seria muito desejável que fosse de
“mãos dadas”.
3. Objectivos a atingir
Para além de se determinar se a relação actual escola-museu é “de mãos
dadas” ou de “costas voltadas”, ou seja, fazer uma caracterização actual desta
relação, pretende-se ir mais longe, tirando conclusões do levantamento
efectuado e apresentando algumas sugestões para o avanço no sentido de
uma profícua colaboração entre os dois tipos de instituição visando os seus
públicos comuns: os vários públicos escolares (desde o ensino pré-escolar ao
ensino secundário).
Daqui resultam como objectivos geral e específicos, os que seguidamente se
apresentam:
3.1. Objectivo geral:
Avaliar o actual estado da relação escola-museu na cidade de Lisboa e
apresentar algumas sugestões para uma progressiva melhoria desta
relação.
3.2. Objectivos específicos:
Do objectivo geral decorre o estabelecimento dos seguintes objectivos
específicos:
1. Inventariar os pontos fortes e pontos fracos da relação escola-museu,
determinando as suas possíveis causas.
2. Sugerir melhorias a introduzir na relação escola-museu.
10
4. Metodologia
Os museus-alvo do estudo foram a totalidade dos existentes na cidade de
Lisboa.
Optou-se pela elaboração de inquéritos específicos que num primeiro momento
se decidiu destinar somente às unidades museais de Arte e Arqueologia, mas
com o decorrer da pesquisa verificou-se que a amostra deveria ser de todo o
universo museológico da cidade de Lisboa, para se obterem resultados mais
concretos e sem lacunas significativas. Estes inquéritos foram preenchidos
pelos directores dos museus ou pelos responsáveis pelo serviço educativo.
Antes do preenchimento do inquérito foi realizada uma entrevista e uma visita
ao museu.
Os inquéritos incluem várias questões específicas tais como, missão do museu,
preferências dos públicos escolares, número de visitantes, e muitas outras, e
são apresentados no Tomo II do presente estudo.
No respeitante às escolas foi desenvolvida metodologia semelhante, embora
com algumas diferenças. As escolas-alvo não são a totalidade das existentes,
tendo o critério de selecção sido de modo a cobrir os vários tipos de ensino
(desde o pré-primário ao secundário), o ensino público e privado, e procurando
cobrir áreas da cidade com características socioeconómicas diversas.
Foram elaborados inquéritos que incluem várias questões específicas,
sobretudo relacionadas com os museus que são visitados pelas escolas e as
relações entre alunos e professores com o serviço educativo de cada museu
visitado. Estes inquéritos foram preenchidos por professores, muitos deles
presencialmente, sendo apresentados no Tomo II do presente estudo.
A partir dos inquéritos feitos aos museus e às escolas elaboraram-se dois
quadros onde se faz a compilação das respostas obtidas a todas as questões
neles colocadas, o que permitiu retirar a informação necessária para o
apuramento das conclusões do estudo.
Foram feitas caracterizações sumárias de cada um dos museus e escolas, que
são apresentadas no Tomo II deste estudo.
11
São também apresentadas duas plantas da cidade de Lisboa à escala 1:15 000
com a localização dos museus e das escolas.
5. Algumas contingências na elaboração do estudo
Não pode deixar de se evidenciar que as dificuldades que uma aluna de
mestrado teve para fazer as várias pesquisas objecto da tese foram muitas,
como por exemplo a falta de disponibilidade de alguns professores e alguns
responsáveis de museus, que sendo felizmente a excepção, por si só já
constituem factores que demonstram que as relações entre as escolas e os
museus não estão ainda consolidadas.
No primeiro contacto com os museus, para esclarecer o que se necessitava e
solicitar a colaboração da instituição, as maiores dificuldades foram agendar as
reuniões e consequente preenchimento dos inquéritos, pois nalguns casos
foram necessárias várias tentativas (telefónicas, pessoais e por mail) para que
fosse possível contactar um responsável. Nalgumas destas tentativas pessoais
detectou-se a presença de outros mestrandos e doutorandos com idênticas
dificuldades. Para obviar este tipo de situações, que fazem perder tempo aos
investigadores e também podem constituir factores de desmotivação na
realização dos seus trabalhos, os museus deveriam dispor de uma forma de
organização específica onde este atendimento fosse privilegiado.
No respeitante às escolas verificaram-se dois casos muito negativos que
merecem referência e que seguidamente se apresentam. A Escola Secundária
D. Filipa de Lencastre, através do seu Conselho Directivo, proibiu o
preenchimento dos inquéritos. Houve uma outra Escola, que ficava numa zona
de fronteira entre duas Freguesias, cujo Director contestou várias vezes que a
sua Escola ficasse localizada na Freguesia cuja situação degradante sob o
ponto de vista socioeconómico é sobejamente conhecida; na altura quer a
Junta de Freguesia, quer a Polícia, e os próprios funcionários de acção
educativa da Escola confirmaram a localização em questão; este caso é aqui
referido porque revela indícios de preconceitos por quem dirige uma Escola em
relação a toda uma população com a qual não se quer conotar.
12
Deve evidenciar-se que, dum modo geral, o acolhimento, quer pela parte dos
professores, quer pela parte dos responsáveis dos museus, foi positivo e
colaborante. Nalguns museus o modo como foram recebidas as solicitações
feitas e a prestação das informações e esclarecimentos pretendidos,
aconteceram num ambiente de colaboração, muita simpatia e respeito pelo
trabalho que se pretendia realizar.
6. Organização do estudo
Na elaboração do presente estudo não foi ainda tido em conta o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa, que o Governo decidiu aplicar ao sistema
educativo e a todas as escolas a partir do início do ano lectivo de 2011/2012.
A estrutura de apresentação do presente estudo é a que seguidamente se
apresenta.
TOMO I
ÍNDICE
RESUMO/ABSTRACT
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO
1.CARACTERIZAÇÃO DOS MUSEUS E DA SUA OFERTA EDUCATIVA
1.1. Localização
1.2. Apuramento das respostas aos Inquéritos aos Museus
2.ESCOLAS E SUAS EXPECTATIVAS
1.1. Localização
1.2. Apuramento das respostas aos Inquéritos às Escolas
3.RELAÇÃO ESCOLA/MUSEU NA CIDADE DE LISBOA. UMA REALIDADE?
4.CONCLUSÕES
BIBLIOGRAFIA
13
TOMO II
(Anexos)
ANEXO 1
Fichas dos museus
ANEXO 2
Fichas das escolas
ANEXO 3
Inquéritos efectuados aos museus
ANEXO 4
Inquéritos efectuados às escolas
15
1. Caracterização dos museus e da sua oferta educativa
1.1. Identificação e localização dos museus
Os museus que foram considerados no presente estudo, são os que
seguidamente se enumeram.
1) BIBLIOTECA-MUSEU REPÚBLICA E RESISTÊNCIA
Espaço Grandela- Estrada de Benfica 419
Espaço Cidade Universitária - Rua Alberto de Sousa 10-A (ao Rego).
2) CASA-MUSEU AMÁLIA RODRIGUES
Rua de São Bento 193
3) CASA-MUSEU MEDEIROS E ALMEIDA
Rua Rosa Araújo 41
4) CASA-MUSEU DR. ANASTÁCIO GONÇALVES
Avenida 5 de Outubro 6
5) CENTRO DE ARTE MODERNA JOSÉ DE AZEREDO PERDIGÃO
Rua Dr. Nicolau de Bettencourt (Parque Gulbenkian)
6) CINEMATECA PORTUGUESA
Rua Barata Salgueiro 39
7) FUNDAÇÃO ARPAD SZENES-VIEIRA DA SILVA
Praça das Amoreiras 56
8) FUNDAÇÃO CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS-CULTURGEST
Rua do Arco do Cego (Edifício da Caixa Geral de Depósitos)
16
9) MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS E TORRE DE BELÉM
Mosteiro dos Jerónimos – Praça do Império
Torre de Belém – Belém
10) MUDE-MUSEU DO DESIGN E DA MODA
Rua Augusta 24
11) MUSEU ANTONIANO
Largo de Santo António à Sé, 2
12) MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO
Largo do Carmo
13) MUSEU ARTE POPULAR
Avenida de Brasília (Belém)
14) MUSEU BORDALO PINHEIRO
Campo Grande 382
15) MUSEU CALOUSTE GULBENKIAN
Avenida de Berna 45-A
16) MUSEU COLECÇÃO BERARDO
Praça do Império
17) MUSEU DA ÁGUA DA EPAL
Rua do Alviela 12 (Sta Apolónia)
18) MUSEU DA CARRIS
Rua 1º de Maio 101-103 (Sto Amaro)
19) MUSEU DA CIDADE
Campo Grande 245
17
20) MUSEU DA ELECTRICIDADE
Avenida de Brasília (Belém)
21) MUSEU DA MARINHA
Praça do Império
22) MUSEU DA MARIONETA
Rua da Esperança 146
23) MUSEU DA MÚSICA
Estação do Metropolitano Alto dos Moinhos, Rua João de Freitas Branco
24) MUSEU DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Palácio de Belém, Praça Afonso de Albuquerque
25) MUSEU DAS COMUNICAÇÕES
Rua do Instituto Industrial 16
26) MUSEU DAS CRIANÇAS
Jardim Zoológico (Sete Rios)
27) MUSEU DE SÃO ROQUE
Largo Trindade Coelho
28) MUSEU DO FADO
Largo do Chafariz de Dentro (Alfama)
29) MUSEU DO ORIENTE
Avenida de Brasília (Alcântara)
30) MUSEU DO REGIMENTO DE SAPADORES BOMBEIROS
Avenida Lusíada ( Centro Comercial Colombo )
18
31) MUSEU DO TEATRO ROMANO
Pátio do Aljube (Sé)
32) MUSEU ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS PORTUGUESAS -
FUNDAÇÃO RICARDO DO ESPÍRITO SANTO SILVA
Largo das Portas do Sol 2
33) MUSEU GEOLÓGICO
Rua da Academia das Ciências
34) MUSEU JOÃO DE DEUS-BIBLIOGRÁFICO, PEDAGÓGICO E ARTÍSTICO
Avenida Álvares Cabral 69
35) MUSEU MILITAR DE LISBOA
Largo do Museu de Artilharia (Sta Apolónia)
36) MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA
Praça do Império
37) MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA
Rua das Janelas Verdes
38) MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA - MUSEU DO CHIADO
Rua Serpa Pinto 4
39) MUSEU NACIONAL DE ETNOLOGIA
Avenida Ilha da Madeira
40) MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA
Rua da Escola Politécnica 58
41) MUSEU NACIONAL DO AZULEJO
Largo da Madre de Deus 4
19
42) MUSEU NACIONAL DO TEATRO
Estrada do Lumiar 10
43) MUSEU NACIONAL DO TRAJE
Largo Júlio Castilho (Estada do Lumiar)
44) MUSEU NACIONAL DOS COCHES
Praça Afonso de Albuquerque (Palácio de Belém)
45) OCEANÁRIO DE LISBOA
Esplanada D.Carlos I (Parque das Nações)
46) PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA
Largo da Ajuda
47) PAVILHÃO DO CONHECIMENTO- CIÊNCIA VIVA
Parque das Nações, Alameda dos Oceanos, Lote 2.10.01
Apresenta-se seguidamente uma planta da cidade de Lisboa à escala 1: 15000,
onde se localizaram estes museus, procurando-se deste modo permitir a
observação da sua dispersão pela cidade.
20
1.2. Apuramento das respostas aos Inquéritos aos Museus
Procurou-se atingir a totalidade dos museus da cidade de Lisboa, tendo sido
contactados quarenta e sete, através de entrevista ao responsável do serviço
educativo ou ao director, fornecimento de um inquérito para o museu responder
e visita a cada museu. Todos se disponibilizaram, ao fim de um número maior
ou menor de tentativas, para a referida entrevista que se pretendia. Com
excepção de um, todos responderam aos inquéritos que lhes foram
submetidos.
A excepção que se refere foi a Cinemateca Portuguesa, que preferiu não
responder ao inquérito por considerar que “a Cinemateca Portuguesa-Museu
do Cinema, apesar de ter a designação consagrada na Lei, não é, ainda, um
verdadeiro museu, entendendo assim ser impossível responder à maior parte
das perguntas que apenas fazem sentido para os museus que estejam no seu
pleno funcionamento” (informação prestada pela directora da instituição).
Das visitas efectuadas aos quarenta e sete museus resultou a elaboração de
uma ficha de cada um deles onde se registam as suas principais
características, as quais se apresentam no Tomo II.
Para apuramento das respostas aos inquéritos dos quarenta e seis museus foi
elaborado o Quadro I, que se apresenta de seguida. Estes inquéritos
apresentam-se também no Tomo II, na forma em que foram disponibilizados.
Ao analisar este quadro, fez-se o apuramento das várias respostas e preparou-
se um conjunto de leituras e reflexões sobre o que é a relação escola/museu
na cidade de Lisboa no século XXI.
21
1.3. Análise das respostas a cada pergunta
A partir do Quadro I procedeu-se a análise das respostas a cada pergunta, a
qual se apresenta seguidamente
1) Tutela
Dos quarenta e seis museus, catorze estão directamente sob a tutela do
Estado e trinta e dois pertencem ao município de Lisboa, a instituições privadas
ou a empresas de capitais públicos.
2) Nome do Director
Todos os museus informaram dispor de director
3) Nome do Coordenador do Serviço Educativo
Indicaram
Não responderam
Não têm
Em acumulação
com a função de director
Função comum a
vários museus
Quantidade de Museus
32
3 4 3 1 (para 4 museus)
No caso dos três que não responderam, apurou-se posteriormente que a
função é desempenhada por técnico não formalmente designado para o efeito.
Os resultados apurados revelam que os serviços educativos como interface
das unidades museológicas são hoje imprescindíveis nas actividades do
museu.
22
4) Data da Inauguração
O apuramento foi realizado de acordo com os períodos correspondentes aos
regimes políticos (Monarquia, 1ª República, Estado Novo, período pós 25 de
Abril de 1974)
Até 1910 De 1910 a 1926
De 1926 a 1974
De 1974 a 1990
De 1990 a 2000
De 2000 a 2010
Quant.de museus
8
4
6
9
11
8
% em rela-ção aos 46
museus
17,39
8,69
13,04
19,56
23,91
17,39
Tomando o subtotal a partir de 1974, apuram-se vinte e oito museus,
correspondendo a cerca de 61% do universo de quarenta e seis considerados
para a cidade de Lisboa. De salientar também o extraordinário crescimento do
número de museus na cidade de Lisboa nos últimos vinte anos (19 novos
museus que corresponde a 41,3%). Também se pode ver a pouca importância
que o Estado Novo deu ao incremento do número de museus em Lisboa
durante os 48 anos que governou Portugal (apenas 6 novos museus).
5) Missão
Todos os museus se referiram com maior ou menor detalhe à sua missão.
6) Exposições permanentes (sim/não)
7) Exposições temporárias (sim/não). Quantas?
Só exposições permanentes
Só exposições temporárias
Exposições permanentes e
temporárias
Quantidade de Museus
2
3 41
23
Por aqui se vê que a maioria dos museus (91,3%) dispõe de exposição
permanente e exposições temporárias.
Os que não fazem exposições temporárias, justificam-se pela sua
especificidade (Museu Antoniano e Museu do Teatro Romano).
Os que só fazem exposições temporárias, pelas suas características
específicas não dispõem de exposição permanente: a Fundação Caixa Geral
de Depósitos-Culturgest, espaço cultural de uma instituição bancária, que
pretende apresentar o que de mais actual se faz em termos de arte
contemporânea no domínio das expressões; o Museu das Crianças, que tem
limitações orçamentais que não lhe permitem desenvolver tantas actividades
ou as exposições temporárias que desejariam, pois o seu carácter tutelar é
privado e associativo; o Museu Nacional de Etnologia não dispõe de exposição
permanente e tem duas reservas visitáveis.
O apuramento referente ao número de exposições temporárias realizadas
anualmente pelos quarenta e quatro museus que as fazem é o seguinte
Uma a Duas Duas a Quatro Quatro a Doze Doze a Vinte
Quantidade de museus
15
16
6
7
A maioria dos museus que apenas realizam uma ou duas exposições
temporárias anuais são de tutela estatal e os restantes são tutelados por
instituições privadas.
Dos sete museus que informaram realizar mais de doze exposições
temporárias anuais, dois têm tutela privada, dois são tutelados por empresas
de capitais públicos e os restantes três pelo estado. Destes últimos justifica-se
explicitar dois: O Museu da República e Resistência, cujo tipo de acervo
(vídeos, filmes, gravações sonoras de vários tipos, fotografias e documentos de
vária índole) facilita a montagem das exposições; o Museu Nacional de História
Natural e da Ciência, que opta pela estratégia de produzir exposições
temporárias empregando materiais e acessórios de baixo custo, excepto
quando o Museu de História Natural importa exposições do estrangeiro para
um público de massas (dinossauros; insectos).
24
8) Campo temático
Todos os museus apresentaram o campo temático em que consideram que
estão inseridos.
Pelas respostas apresentadas, conclui-se que nem todas as respostas revelam
uma perfeita compreensão do conceito de campo temático.
9) O museu possui Regulamento?
Dos quarenta e seis museus, trinta e dois (69,7%) possuem regulamento; doze
(26%) não possuem; dois (0,4%) não responderam.
Nos museus que possuem regulamento, incluíram-se dois casos especiais: um
museu que informou estar o seu regulamento na fase de conclusão e outro
(Oceanário) que optou por se certificar em qualidade (ISO 9001:2008) e em
ambiente (ISO 14001:2004).
Dos doze museus que não possuem regulamento, dois estão sob tutela do
Estado, e dos restantes dez, seis são a totalidade dos museus sob tutela do
município de Lisboa e quatro estão sob tutela privada.
10) Número de Técnicos Superiores existentes
11) Número de Técnicos Auxiliares
12) Número de Vigilantes
13) Número de Técnicos dos Serviços Educativos
Numa primeira análise faz-se o apuramento ao nível dos museus estarem ou
não dotados com os vários tipos de pessoal.
Técnicos
Superiores
Técnicos Auxiliares
Vigilantes
Técnicos de Serviços
Educativos
Museus com 44 38 44 35
Museus sem 0 6 0 8
Não respondeu 2 2 2 3
25
Não considerando os que não responderam, verifica-se que todos os museus
dispõem de técnicos superiores, e no caso dos museus sem técnicos
auxiliares, todo o trabalho é desenvolvido por aqueles técnicos.
Todos os museus têm vigilantes, embora muitas vezes o serviço esteja
cometido a empresas especializadas. Verificou-se que em alguns museus os
funcionários destas empresas não tinham perfil nem formação para estarem
numa recepção.
Dos quarenta e quatro museus há quatro em que a afectação de técnicos
superiores, técnicos auxiliares e técnicos do serviço educativo é comum; é o
caso dos museus do município de Lisboa, onde a mobilidade dos técnicos
existe em algumas unidades.
Dos oito museus sem técnicos de serviço educativo, há três em que as suas
funções são asseguradas pelos outros técnicos. Dos restantes cinco, há dois
casos em que as funções são desempenhadas pelo único elemento que realiza
actividades educativas, o qual é denominado pela tutela coordenador de um
serviço inexistente, e os outros três não dispõem de serviço educativo. Dos três
museus que não responderam, verificação feita no local permitiu concluir que
um não tem serviço educativo e nos outros dois as funções são
desempenhadas pelos responsáveis do museu.
Completando a informação recolhida que se acaba de referir, com a apurada
atrás quanto aos museus com chefia do serviço educativo, conclui-se o
seguinte:
Designação Quanti- dade
Observações
Museus com Serviço Educativo 42 4 destes museus têm o serviço em comum
Museus sem Serviço Educativo 4
Museus com chefia formal do Serviço Educativo
40
4 destes museus têm a chefia comum
Em 3 destes museus a chefia é acumulada
pelo director
Museus com chefia informal do Serviço Educativo 3
Museus com técnicos de Serviço Educativo 35
Museus com as funções do Serviço Educativo asseguradas por outros técnicos
3
Museus com as funções do Serviço Educativo asseguradas pelos responsáveis do serviço
4
26
Pode concluir-se que a quase totalidade dos museus inquiridos possui serviço
educativo (quarenta e dois museus, o que corresponde a 91,3%). No entanto a
totalidade de museus inquiridos com responsável formal pelo serviço educativo
e com pessoal próprio nos serviços é de trinta e cinco (76% da totalidade).
14) O museu possui gabinete de restauro? (sim/não)
Se responde não, onde manda restaurar as suas colecções?
Tem Gabinete
de Restauro
Não tem Gabinete
de Restauro
Recorre ao
exterior
Recorre à própria empresa
Não se aplica
Não
respondeu
Quantidade de museus
19 27 21 2 (*) 1 (Oceanário)
3
(*) Caso específico dos museus da Carris e Militar de Lisboa, os quais recorrem
a oficinas da tutela
15) Qual o número de visitantes por ano?
Até
5000
De 5000
a 10000
De 10000
a 50000
De 50000
a 100000
De 100000
a 150000
De 150000
a 200000
De 200000
a 300000
Mais de
300000
Não res- pon- deu
Quanti- dade de museus
4
3
16
6
4
4
2
2
5
Constata-se que cinco dos museus não puderam informar o número de
visitantes, sendo de admitir que não possuam estes dados (o que corresponde
a cerca de 1% dos museus inquiridos).
A quase totalidade dos museus inquiridos não dispõe de dados específicos a
respeito das populações escolares que os visitam. São excepção apenas dois
casos, em que foram disponibilizados alguns dados: o Museu das
Comunicações que informou ter sido visitado por 10600 alunos do ensino
secundário em 2010 (o que representa 29,3% do total de 36235 visitantes no
mesmo ano); o Oceanário de Lisboa que indica 55000 visitantes estudantes
27
que requereram em 2010 visita com actividades relacionada com o programa
de educação da instituição, tendo também informado não dispor de dados
quanto ao número de visitantes estudantes que não solicitaram esse serviço ou
que efectuaram visita gratuita, mas que este número seria certamente muito
superior aos 55000 indicados.
Os resultados obtidos sugerem uma análise mais detalhada, pelo menos em
relação aos subconjuntos dos museus menos visitados e mais visitados.
Os quatro museus com um número de visitantes anuais até 5000 são: Museu
da República e Resistência, Museu do Regimento de Sapadores Bombeiros,
Museu Geológico e Museu João de Deus. Os museus República e Resistência,
Geológico e João de Deus são museus que não divulgam muito as suas
actividades, e estão mais vocacionados para públicos específicos
designadamente nas áreas da investigação das matérias a que respeitam. O
museu do Regimento de Sapadores Bombeiros é pouco visitado provavelmente
por falta de divulgação junto às escolas, as quais representam uma grande
faixa do público potencialmente mais interessado em o conhecer.
Os museus mais visitados são o Oceanário e o Museu Colecção Berardo, cada
um com cerca de 1 milhão de visitantes em 2010. O primeiro é um museu vivo
e um dos com maior prestígio a nível mundial na sua área, sendo muito
apelativo para toda a gama de públicos nacionais e internacionais; o segundo é
um museu contemporâneo internacional que dá a conhecer a evolução das
artes plásticas a partir do a partir do séc. XX através de uma exposição
didáctica, dinâmica e de grande diversidade.
Também muito visitados são: o Pavilhão do Conhecimento-Ciência Viva, o
Mosteiro dos Jerónimos, cada um com cerca de 250000 visitantes em 2010; os
museus Nacional dos Coches, MUDE (Museu do Design e da Moda), cada um
com cerca de 200000 visitantes em 2010; os museus da Electricidade e
Nacional de História Natural e da Ciência, cada um com mais de 150000
visitantes em 2010. A grande projecção internacional e nacional, por razões
históricas, arquitectónicas ou de originalidade da colecção, do Mosteiro dos
Jerónimos e do Museu Nacional dos Coches, a difusão da cultura científica e
28
tecnológica com recurso a modernas técnicas interactivas proporcionada pelo
Pavilhão do Conhecimento-Ciência Viva, o monumento à arqueologia industrial
que é a velha Central Tejo, aliado à exposição permanente sobre a energia
eléctrica e às várias exposições temporárias que o Museu da Electricidade
proporciona, o interesse científico do Museu Nacional de História Natural e da
Ciência e o tema e localização em plena zona de grande movimento pedonal
da baixa da cidade de Lisboa, que caracterizam o MUDE, serão as principais
razões que justificam a grande afluência de público as estes museus.
De referir ainda, embora com quantitativos um pouco inferiores aos referidos, a
grande afluência de visitantes aos museu do Oriente, da Marinha, Nacional de
Arqueologia e Arqueológico do Carmo. A originalidade e especificidade do
primeiro, que também proporciona anualmente várias exposições temporárias,
a especificidade e também localização em zona onde estão museus muito
visitados, dos dois seguintes e o interesse histórico, valor do seu espólio e
localização central do último, serão as principais razões da sua procura por
diversos públicos.
16) Quais os públicos que solicitam o serviço educativo?
Só escolas Principalmente as escolas
Escolas e outros públicos
Quantidade de museus
6 5 35
De notar que todos os museus referem as escolas como solicitantes do serviço
educativo, mesmo aqueles quatro que não dispõem deste serviço.
Para melhor esclarecimento das respostas dos seis museus que responderam
que os únicos públicos que solicitavam o serviço educativo eram os escolares
(Casa-Museu Fundação Medeiros e Almeida, Fundação Caixa Geral de
Depósitos-Culturgest, Mosteiro dos Jerónimos, MUDE-Museu do Design e da
Moda, Museu da Música, Museu Escola de Artes Decorativas Portuguesas),
verificou-se a resposta que cada um deles deu à questão nº21- Que outros
29
grupos não escolares solicitam o serviço educativo? A resposta coerente a esta
questão seria nenhum, mas tal não aconteceu, registando-se aqui uma
situação de contradição, pois todos eles citam a propósito desta questão vários
públicos. Talvez a resposta que deveriam ter dado à questão em análise
(questão nº16), seria “principalmente escolas” e assim já as respostas dadas à
questão nº21 deixariam de ser uma contradição.
17) Que género de apoio o serviço educativo presta aos professores?
Apoio na
preparação das visitas
Apoio na preparação das visitas e outros apoios
Só dão apoio a
pedido dos professores
Não dão apoio
Quantidade de museus
12 17 13 4
A maioria dos museus (91,3%), prestam apoio aos professores, normalmente
na preparação das visitas dos alunos e outro tipo de apoios que os professores
solicitem.
Os museus que não prestam qualquer tipo de apoio são os que não têm
serviço educativo, mas os públicos escolares solicitam-lhes apoio educativo.
18) Quais os ciclos do ensino básico que frequentam mais o museu?
1ºciclo? Que actividades preferem?
2ºciclo? Que actividades preferem?
3ºciclo? Que actividades preferem?
Quanto aos ciclos que mais frequentam o museu, quarenta museus informaram
que eram todos os ciclos, um disse que era o 1º ciclo, outro disse que era o
3ºciclo, três referiram que era o 1º e 2º ciclos e um não respondeu.
Conclui-se portanto que a maior parte dos museus inquiridos refere que os
museus são visitados indiscriminadamente pelos três ciclos do ensino básico (o
que corresponde a 87% da totalidade).
30
As actividades referidas como preferidas para cada um dos ciclos são idênticas
para os vários museus:
Para o 1º e 2º ciclos – Visitas guiadas, visitas temáticas específicas para
as faixas etárias respectivas, ateliês, oficinas.
Para o 3º ciclo – Visitas guiadas mais completas, visitas temáticas
adequadas à idade e ao currículo escolar, ateliês e oficinas.
19) Quais as actividade mais solicitadas pelo jardim-de-infância?
Informaram as
actividades
Não trabalham para este público ou não são por ele solicitados
Não responderam
Quantidade de museus
38 3
5
Três dos museus responderam não estarem vocacionados ou não serem
solicitados por este tipo de público : Museu da República e Resistência, Museu
Antoniano e MUDE- Museu do Design e da Moda. Cinco museus não
responderam a esta questão. Os restantes trinta e oito (correspondendo a
82,6% dos inquéritos) referem: visitas guiadas e visitas temáticas próprias para
a idade, visitas com jogos, ateliês e oficinas.
20) E pelo nível secundário e universitário?
Apurou-se que os contactos com os museus por parte dos públicos
universitários, são mais frequentes a título individual, do que em grupo
organizado. Por vezes são solicitações específicas directamente relacionadas
com os seus interesses académicos.
A nível do ensino secundário as solicitações são principalmente para visitas
guiadas (por vezes com alguns alvos específicos) e para as vistas temáticas.
31
21) Que outros grupos não escolares solicitam o serviço educativo?
A generalidade dos museus inquiridos refere o mesmo tipo de grupos não
escolares:
Grupos 3ª idade (centros de dia, universidades da 3ª idade, etc.);
Grupos organizados pelas Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais,
IPSS’s;
Grupos de turistas;
Grupos e Associações culturais e desportivas;
Grupos afectos a empresas;
Grupos familiares e de amigos.
22) Quais os serviços disponibilizados pelo serviço educativo?
Visitas guiadas
Ateliês
Workshops
Outras actividades
Visitas guiadas
Ateliês Workshops Outras actividades
Não respondeu
Quantidade de museus
45 42 35 35 1
Não considerando a falta de uma resposta, pode dizer-se que todos os serviços
educativos disponibilizam visitas guiadas, 91,3% têm ateliês, 76% realizam
workshops e também 76% facultam outras actividades.
De análise mais detalhada aos dados recolhidos conclui-se que 34 museus
(que correspondem a 73,9% dos museus inquiridos), disponibilizam todas as
actividades referidas (visitas guiadas, ateliês, workshops e outras actividades).
32
23) O museu possui biblioteca ou centro de documentação? (sim/não)
Do universo de museus inquiridos 37 (correspondendo a 80,4% do total)
disseram dispor de centro de documentação ou biblioteca, havendo 3 que
informaram não estarem abertas ao público.
24) O museu dispõe de reservas? (sim/não)
Visitáveis? (sim/não)
O quadro seguinte traduz as respostas apuradas
Não tem reservas Tem reservas visitáveis
Tem reservas não visitáveis
Quantidade de museus
4 20 22
O acesso às reservas é normalmente precedido de pedido de autorização.
25) O museu possui espaços exteriores? (sim/não)
Se sim, que actividades educativas desenvolvem nos espaços
exteriores?
Dos quarenta e seis museus inquiridos trinta e três (que correspondem a
71,7%) têm espaço exterior.
No que respeita às actividades desenvolvidas nestes espaços, dos trinta e três
museus que informaram ter espaço exterior, seis não responderam à questão e
três disseram não haver actividades fora do espaço museológico. Os restantes
vinte e quatro referiram na sua maioria o mesmo tipo de actividades:
Ateliês e oficinas;
Jogos;
Concertos e outras actividades musicais;
Teatro e outros espectáculos.
33
26) Serviços disponíveis
Cafetaria (sim/não)
Restaurante (sim/não)
Loja (sim/não)
Com cafetaria
Com restaurante
Com loja
Com os 3 serviços
Não respondeu
Quantidade de museus
22 19 39 18 2
Do quadro resulta que dezoito dos museus inquiridos (que corresponde a
39,1% do total) dispõem dos serviços de cafetaria, restaurante e loja. Resulta
também que trinta e nove museus (que correspondem a 84,8% possuem loja).
A análise mais detalhada aos dados recolhidos permitiu apurar que vinte e dois
dos museus (que correspondem a 47,8%) não dispõem de cafetaria nem de
restaurante.
27) Quais as estratégias que usam para divulgar as actividades do
museu?
Apenas dois dos museus inquiridos não responderam a esta questão. Os
restantes apresentam estratégias de comunicação que com maior ou menor
detalhe se podem considerar muito semelhantes, e que consistem
essencialmente no seguinte:
Comunicação social (todos meios ou parte deles);
Internet (através das várias possibilidades);
Publicações (periódicas ou não);
Folhetos e desdobráveis;
Agenda Cultural;
Newsletters;
Email;
Cartazes e posters.
34
28) E as do serviço educativo?
A conclusão do inquérito é idêntica à referida no ponto anterior, mas reforçada
com os seguintes meios, que embora não sejam referidos por todos os
museus, são apresentados por alguns deles:
Mailing a partir de lista das escolas;
Contactos telefónicos e por fax com as escolas;
Cartas para as escolas;
A presentação anual do programa de actividades do museu (só um
número reduzido de museus referiu este procedimento).
29) Que acções específicas este museu realiza para os professores?
Da totalidade de museus inquiridos, três não responderam à questão e catorze
disseram não realizar acções específicas para professores.
As acções específicas mais referidas pelos vinte e nove museus (que
correspondem a 63% do universo do inquérito), são as seguintes:
Acções de formação exclusivas para professores;
Preparação das visitas com os alunos, incluindo materiais de apoio;
Workshops, seminários, reuniões de informação, específicas para
professores;
Visitas exclusivas para professores.
30) Faz avaliação das actividades do serviço educativo?
Dos quarenta e três museus dotados de serviço educativo, apenas três não
fazem esta avaliação.
35
31) Reprograma essas actividades tendo em conta a avaliação que é feita,
transformando os pontos fracos em oportunidades?
Quarenta e um museus responderam afirmativamente a esta questão, embora
muitos deles tenham dito que o faziam sempre que possível.
Não ficou completamente esclarecido de que a avaliação em questão seja feita,
bem como a sua reprogramação, tendo em conta o modo evasivo como grande
parte dos interlocutores falaram destas questões durante as entrevistas.
32) Segundo o seu ponto de vista a museografia deste museu tem uma
museografia didáctica e pedagógica? (sim/não)
Trinta e nove museus inquiridos (que correspondem a 84,8% do total)
respondeu afirmativamente, tendo seis dito que não e um não respondeu.
33) Se sim, em que aspectos?
Foram referidos diversos aspectos, destacando-se:
Museografia adequada ao tipo de museu;
Acessível a todas as faixas etárias;
Disposição dos objectos e textos explicativos;
Organização das colecções, designadamente nos aspectos cronológico
e temático;
Recurso à tecnologia para ter interactividade com os visitantes.
34) Se não, o que mudaria?
As respostas dos seis museus a quem esta questão se destinava foram as
seguintes:
Três museus referem a necessidade da introdução de módulos
interactivos;
36
Um mudaria o programa;
Um melhoraria as instalações de apoio e iluminação;
Um utilizaria ferramentas de multimédia, disponibilizando mais
informação histórica, vídeos e fotografias.
35) Observações
Dos quarenta e seis museus inquiridos, trinta e quatro não fazem qualquer
observação e doze apresentam.
Das observações feitas referem-se sete que se relacionam com o serviço
educativo:
Falta de investimento no serviço educativo (são os outros técnicos a
fazer o trabalho deste serviço); necessário mais apoio audiovisual;
Necessidade de um bom serviço educativo;
Desejo de “focus-groups” com públicos específicos (professores,
educadores); vontade de ver publicadas avaliações dos museus;
Necessidade dos museólogos irem à escola falar com os professores;
Falta de pessoal para dar assistência aos investigadores;
Falta de pessoal para dinamizar o potencial extraordinário do museu;
Considera que há museus em que a vocação para a educação não se
aplica, pois a sua preocupação é a divulgação e animação em relação a
todos os tipos de público; nestes casos considera não haver lugar a um
serviço educativo no sentido em foi criado, a pensar nos museus de arte,
mas um serviço capaz de acompanhar e dinamizar os vários públicos.
38
2. Escolas e suas expectativas
2.1. Identificação e localização das escolas
As escolas que foram consideradas no presente estudo, são os que
seguidamente se enumeram.
1) CASA DA ÁRVORE
Praça de Malaca nº3, Restelo, 1400-239 Lisboa
2) COLÉGIO DO SAGRADO CORAÇÂO DE MARIA
Av. Manuel da Maia, n. 2 1000-201 Lisboa
3) COLÉGIO MODERNO
Rua Dr. João Soares 19, 1600 Lisboa, ao Campo Grande
4) COLÉGIO PLANALTO
Rua Armindo Rodrigues, 28, 1600-414 Lisboa, ao Alto da Faia em
Telheiras.
5) COLÉGIO VALSASSINA
Avenida Avelino Teixeira Mota Quinta das Teresinhas 1959-010 LISBOA
(Marvila )
6) ESCOLA DA TORRE
Praça de Malaca nº3, Restelo, 1400-239 Lisboa
7) ESCOLA EB 2, 3 DE TELHEIRAS
Rua Professor Mário Chicó 1600-645 Lisboa, em Telheiras
8) ESCOLA EB1 DO BAIRRO DE S. MIGUEL
Rua Jorge Ferreira de Vasconcelos, 1700-257 Lisboa, Bairro de
S.Miguel
39
9) ESCOLA EB1 JI GAIVOTAS
Rua das Chagas, n.º28, 1200 – 107 Lisboa, ao Bairro Alto.
10) ESCOLA EB1 JI LUISA DUCLA SOARES
Rua do Passadiço, nº 86,1150 – 255 Lisboa, ao Coração de Jesus.
11) ESCOLA EB1 JI PADRE ABEL VARZIM
Rua da Rosa, n.º 168, 1200 – 390 Lisboa, ao Bairro Alto
12) ESCOLA EB1 JI S.JOSÉ
Rua do Telhal, n.º 10,1150 – 346 Lisboa, ao Torel
13) ESCOLA SECUNDÁRIA D.DINIS
R. Manuel Teixeira Gomes,1950-186 Lisboa, Marvila
14) ESCOLA B ÁSICA DO 1º CICLO O LEÃO DE ARROIOS
Largo do Leão, 1000-188 Lisboa
15) ESCOLA BÁSICA 2,3 D. JOSÉ I
Av. Carlos Paredes, 1750-314 Lisboa, ao Alto do Lumiar.
16) ESCOLA BÁSICA 2,3 MARQUESA DE ALORNA
Rua Doutor Júlio Dantas, 1070 Lisboa, ao Bairro Azul
17) ESCOLA EB 2,3 DAMIÃO DE GÓIS
Rua Cassiano Branco - Zona N2 Chelas, 1950-057 Lisboa
18) ESCOLA EB 2,3 DAS OLAIAS
Rua Professor Mira Fernandes, 1900- 383 Lisboa, Bairro das Olaias
19) ESCOLA EB 2,3 EUGÉNIO DOS SANTOS
Rua Luís Augusto Palmeirim, 1700 Lisboa, Bairro de Alvalade.
40
20) ESCOLA EB 2,3 FERNANDO PESSOA
Rua Cidade de Carmona, 1800-081 Lisboa
21) ESCOLA EB 2,3 FRANCISCO DE ARRUDA
Calçada da Tapada 152, 1349 Lisboa, à Tapada da Ajuda..
22) ESCOLA EB 2,3 PEDRO DE SANTARÉM
Estrada de Benfica, 535, Lisboa
23) ESCOLA SECUNDÁRIA DONA FILIPA DE LENCASTRE
Avenida Magalhães Lima1000 Lisboa
24) ESCOLA SECUNDÁRIA ARTÍSTICA ANTÓNIO ARROIO
Rua Coronel Ferreira do Amaral no bairro das Olaias, 1900 Lisboa
25) ESCOLA SECUNDÁRIA D. PEDRO V
Estrada das Laranjeiras, 122, 1600 - 136 Lisboa (Sete Rios))
26) ESCOLA SECUNDÁRIA DA PORTELA
Av. das Escolas Nº 20, 2685 - 202 Portela
27) ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES
Praça José Fontana, 1050-129 Lisboa
28) ESCOLA SECUNDÁRIA DE MIRAFLOLRES
Av. General Norton de Matos, Miraflores, 1495 - 148 Algés
29) ESCOLA SECUNDÁRIA DE PEDRO NUNES
Av. de Álvares Cabral,1269-093 Lisboa
30) ESCOLA SECUNDÁRIA DO RESTELO
Rua Antão Gonçalves, 1400-015 Lisboa, ao Restelo
41
31) ESCOLA SECUNDÁRIA GIL VICENTE
Rua da Verónica 37, 1170-384 Lisboa, à Graça.
32) ESCOLA SECUNDÁRIA MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO
Rua Rodrigo da Fonseca 115, 1099-069 Lisboa.
33) ESCOLA SECUNDÁRIA PADRE ANTÓNIO VIEIRA
Rua Marquês de Soveral, 1749-063 Lisboa, ao Pote de Água.
34) ESCOLA SECUNDÁRIA PASSOS MANUEL
Travessa Convento Jesus, 1249-027 Lisboa, ao Bairro Alto
35) ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA D. AMÉLIA
Rua Jau 1349 Lisboa, ao Alto de Santo Amaro
36) EXTERNATO LUSO-BRITÂNICO
Avenida Santa Joana A Princesa 7 e 13, 1700-356 Lisboa.
37) JARDIM DE INFÂNCIA DO CAMPO GRANDE
Rua D. Luís Cunha, 1600-057 Lisboa
38) JARDIM ESCOLA JOÃO DE DEUS
Avenida Álvares Cabral,69-A, 1250-017 Lisboa
39) SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO E BENEFICÊNCIA A VOZ DO
OPERÁRIO
Rua da Voz do Operário 13, 1100-620 Lisboa.
Apresenta-se seguidamente uma planta da cidade de Lisboa à escala 1: 15000,
onde se localizaram estas escolas, procurando-se deste modo permitir a
observação da sua dispersão pela cidade.
42
2.2. Apuramento das respostas aos Inquéritos às Escolas
Dada a grande quantidade de escolas existentes na cidade de Lisboa,
escolheram-se algumas delas aleatoriamente como alvo deste estudo, tendo-
se optado pelos seguintes critérios de selecção:
Cobertura dos vários graus de ensino: pré-primário; 1º, 2º, 3º ciclos do
básico; secundário;
Estabelecimentos de ensino público e privado;
Tentar cobrir a cidade sob o ponto de vista geográfico;
Tentar cobrir a cidade sob o ponto de vista sócio – económico
Com base nos referidos critérios de selecção escolheram-se quarenta escolas,
sendo trinta e uma públicas e nove privadas.
O desenvolvimento deste estudo nas escolas foi estabelecido na base da
recolha de alguma informação quanto a características gerais das escolas, as
quais são apresentadas no Tomo II, e no lançamento de um inquérito
específico, destinado a ser preenchido por professores, sem qualquer
identificação dos mesmos a fim de se garantir o anonimato.
Das escolas contactadas, apenas o conselho directivo da Escola Secundária
D.Filipa de Lencastre se recusou a dar autorização para a realização dos
contactos com os professores visando o preenchimento dos referidos
inquéritos, apesar de estar informado dos objectivos estritamente académicos
que norteavam o presente estudo e a confidencialidade que se garantia. Esta
situação só é aqui referida, porque se fosse este o procedimento normal das
instituições não se poderiam fazer trabalhos de investigação no âmbito
respectivo. Cita-se, portanto, a excepção, apenas como alerta para um
procedimento que se julga necessário corrigir.
Nas trinta e nove escolas que colaboraram neste estudo foram feitos inquéritos
a cinquenta e nove professores dos vários níveis de ensino, com a seguinte
distribuição:
Ensino pré-primário: 7 inquéritos;
43
Ensino básico 1ºciclo: 10 inquéritos;
Ensino básico 2ºciclo: 10 inquéritos;
Ensino básico 3ºciclo: 14 inquéritos;
Ensino secundário: 18 inquéritos.
Para apuramento das respostas aos inquéritos às escolas preenchidos pelos
professores durante as entrevistas realizadas, foi elaborado o Quadro II, que se
apresenta de seguida. Estes inquéritos apresentam-se no Tomo II, na forma
em que foram disponibilizados.
De notar que as escolas escolhidas de acordo com os critérios referidos não
constituirão muito naturalmente uma amostra no sentido da que foi feita para os
museus, pois a sua escolha não foi feita de acordo com as regras da
estatística, mas sim com os critérios já referidos que se consideraram
suficientes para extrair algumas conclusões pertinentes.
Deste modo o apuramento de resultados irá apenas permitir obter algumas
conclusões para o presente estudo, não podendo portanto ser considerado
como um conjunto de conclusões no sentido estatístico. O tempo que foi
disponibilizado para completar esta tese não é de modo algum compatível com
uma amostragem válida sob o ponto de vista estatístico mas sim de forma
aleatória cobrindo a cidade de Lisboa, que conforme a planta referida em
2.1.assim o demonstra.
No ponto seguinte apresenta-se o apuramento das várias respostas, resultante
da análise do já referido Quadro II.
44
2.3. Análise das respostas a cada pergunta
1) A sua escola realiza regularmente visitas a museus? (sim/não)
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Sim 6 10 10 13 18 57
Não 1 0 0 1 0 2
Conclui-se portanto que em cinquenta e sete dos inquéritos recebidos (a que
corresponde 96,6% da sua totalidade) se afirma que a escola realiza
regularmente visitas aos museus.
Os dois inquéritos com resposta negativa foram obtidos em escolas do ensino
particular.
2) Com que frequência os alunos da sua escola visitam museus?
(anualmente/periodicamente)
Se sim, que museu?
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Periodica-mente
6 10 10 13 18 57
Anualmente 1 0 0 1 0 2
As respostas coincidem com as da questão 1, concluindo-se que os que
anteriormente referiram que a sua escola não realizava visitas regulares aos
museus, têm apenas normalmente uma visita anual, o que os dois professores
consideraram como uma actividade não regular.
Face ao que se acabou de referir para as duas primeiras questões, e às
respostas à presente questão, concluiu-se que todos os cinquenta e nove
inquéritos referem os museus que a escola respectiva visita, o que, em si, é já
um facto positivo.
45
No que respeita ao ensino pré-primário os museus mais citados são: em
primeiro lugar o museu Calouste Gulbenkian e o Centro de Arte Moderna José
de Azeredo Perdigão; seguidamente os museus Colecção Berardo, Nacional
do Traje e das Crianças; finalmente os museus da Cidade, da Água da EPAL,
Nacional de Arte Antiga e o Mosteiro dos Jerónimos/Torre de Belém.
Quanto ao 1º ciclo do ensino básico os museus preferidos para as visitas são:
em primeiro lugar os museus Calouste Gulbenkian, o Centro de Arte Moderna
José de Azeredo Perdigão e Colecção Berardo; seguidamente os museus da
Electricidade, do Oriente, da Marionete e da Marinha; tendo finalmente sido
citados os museus Nacional de Arte Antiga, Bordalo Pinheiro, da Cidade,
Nacional de Arte Contemporânea (museu do Chiado), Nacional de Etnologia,
Nacional dos Coches, de São Roque, Nacional do Teatro, Nacional do Traje,
Mosteiro dos Jerónimos/Torre de Belém e das Crianças.
Para o 2º ciclo do ensino básico os museus mais citados são: em primeiro lugar
os museus Calouste Gulbenkian, o Centro de Arte Moderna José de Azeredo
Perdigão e Colecção Berardo; seguidamente os museus da Electricidade,
Nacional dos Coches, da Cidade e o Oceanário de Lisboa; tendo por fim sido
citados os museus Nacional de Arte Antiga, Bordalo Pinheiro, da Presidência
da República, Nacional de Arte Contemporânea (museu do Chiado), Nacional
de Etnologia, da Água da EPAL, da Carris, Mosteiro dos Jerónimos/Torre de
Belém e Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva.
No respeitante ao 3º ciclo do ensino básico os museus mais referidos são: em
primeiro lugar os museus Calouste Gulbenkian, o Centro de Arte Moderna José
de Azeredo Perdigão, Colecção Berardo, do Oriente, Nacional de Arte Antiga,
da Electricidade e da Cidade; seguidamente os museus da Presidência da
República, o Oceanário de Lisboa, Bordalo Pinheiro, Nacional de Arqueologia,
Nacional do Azulejo, Nacional do Teatro, Mosteiro dos Jerónimos/Torre de
Belém e o Jardim Botânico ; tendo por fim sido citados os museus, Nacional de
Arte Contemporânea (museu do Chiado), Nacional de Etnologia, da Marinha,
da Marionete, da República e Resistência e Fundação Arpad Szenes-Vieira da
Silva.
46
No ensino secundário as preferências detectadas quanto aos museus a visitar
foram as seguintes: em primeiro lugar os museus Calouste Gulbenkian, o
Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Colecção Berardo, do
Oriente, Nacional de Arte Antiga, do Oriente e Nacional de Arte
Contemporânea (museu do Chiado); seguidamente os museus da Cidade, da
Presidência da República, o Pavilhão do Conhecimento-Ciência Viva, Nacional
de História Natural e da Ciência, Nacional de Arqueologia, Mosteiro dos
Jerónimos/Torre de Belém, MUDE- museu de Design e da Moda- Colecção
Francisco Capelo, Fundação caixa Geral de Depósitos- Culturgest e Fundação
Arpad Szenes-Vieira da Silva; tendo por fim sido citados os museus da
Electricidade, da Música, do Regimento de Sapadores Bombeiros, das
Comunicações, do Teatro Romano, Arqueológico do Carmo, Nacional do
Azulejo e Casa- Museu Fundação Dr. Anastácio Gonçalves.
Da análise efectuada aos dados referentes às respostas obtidas para os
inquéritos, foi possível apurar que duas das nove escolas privadas que
integram o presente estudo (portanto 22,2% deste total) informaram fazer
visitas a museus fora da área de Lisboa, sendo alguns dos citados bastante
distantes da capital. Em relação a esta mesma questão, apenas uma escola do
ensino público em trinta escolas inquiridas (portanto 0,033% deste total) referiu
fazer visitas a museus significativamente fora da área da cidade de Lisboa.
Como esta questão não foi colocada no inquérito, não se poderão tirar
conclusões em relação a este assunto, pois poderá haver algumas que não
tenham prestado esta informação precisamente por não ter sido solicitada.
Mesmo assim, dadas as superiores condições sócio-económicas das
populações frequentadoras do ensino privado, não admira que, em termos
percentuais, exista um número muito maior de escolas privadas a proporcionar
visitas a museus fora da área da cidade de Lisboa, até por que as escolas do
ensino oficial não dispõem de verbas para custear estas despesas e não têm
transporte próprio.
Em relação à totalidade dos níveis de ensino os museus Calouste Gulbenkian e
o Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão são os mais citados como
visitados.
47
Considerando o 1º e 2º ciclos do ensino básico aparece também como mais
citado, para além dos museus Calouste Gulbenkian e o Centro de Arte
Moderna José de Azeredo Perdigão, o museu Colecção Berardo.
Tomando agora o 3º ciclo do ensino básico e o ensino secundário, os museus
mais citados como visitados são os já referidos museus Calouste Gulbenkian, o
Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão e Colecção Berardo e
ainda os museus do Oriente, Nacional de Arte Antiga, e da Cidade.
Verifica-se portanto que o nível etário tem alguma influência no alargamento do
número de museus indicados como mais visitados.
Verifica-se também que a generalidade dos museus citados têm serviço
educativo, sendo os mais visiitados os que terão um serviço educativo mais
estruturado.
Dos quarenta e seis museus que prestaram informações para o
desenvolvimento do presente estudo, trinta e seis (o que corresponde a 78,3%
do total) são referidos como visitados, restando dez que não foram citados
como visitados em nenhum dos inquéritos preenchidos pelos professores.
Torna-se um pouco difícil avaliar os motivos que levaram as escolas-alvo deste
estudo a não referirem esses dez museus como objecto de visitas, até porque
poderá acontecer que na totalidade das escolas existentes em Lisboa algumas
os visitem.
Mesmo assim sendo admitem-se como possíveis as razões que seguidamente
se apresentam:
Museu de Arte Popular: está em fase de grande reestruturação;
Museu Militar de Lisboa: os responsáveis informaram que está para ser
modernizado, e talvez seja esta necessidade que o tenha tornado
menos apelativo para algumas escolas. No entanto, sabe-se que num
universo de escolas mais alargado, quer este museu, quer o Palácio
Nacional da Ajuda seriam certamente citados como visitados;
Casa-Museu Amália Rodrigues, Casa-Museu Fundação Medeiros e
Almeida, Museu do Fado, Museu Antoniano e Museu João de Deus : as
respectivas temáticas não serão muito apelativas para os públicos
escolares;
Museu Geológico: não possui estrutura organizada a nível de Serviço
Educativo;
48
Museu Escola de Artes Decorativas Portuguesas: possivelmente o
público escolar potencialmente interessado nesta matéria será mais
restrito.
De referir ainda que destes dez museus que se acabam de referir, seis têm
serviços educativos com muitas carências ou não dispõem deles.
Tendo em conta a localização dos museus e das escolas-alvo na cidade de
Lisboa, pode dizer-se que para muitas destas escolas um dos museus citados
como visitados está situado na sua proximidade. A não proximidade dos
restantes museus apontados como visitados não constituiu factor impeditivo da
sua visita, mas pode ter condicionado a frequência com que as visitas se
processam.
3) Na planificação dos conteúdos, considera o museu como local
privilegiado para uma aula fora da escola? (sim/não)
Todos os inquéritos apresentam uma resposta afirmativa, tendo portanto os
cinquenta e nove professores inquiridos considerado que o museu é, de facto,
um local privilegiado para uma aula fora da escola.
4) Os professores da escola preparam as visitas escolares com os
serviços educativos dos museus? (sim/não)
Respostas aos inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Sim 7 9 9 13 15 53
Às vezes 0 0 0 0 2 2
Quando os horários dos professores o
permite
0
0
1
1
0
2
Não 0 1 0 0 1 2
Conclui-se que cinquenta e três dos inquéritos (correspondendo a 89,8% do
total) afirmam que os professores fazem a preparação das visitas aos museus.
49
De referir que há duas respostas que levantam um importante problema: os
horários dos professores como factor de limitação desta actividade.
5) Acha que esses serviços correspondem às suas solicitações?
(sim/não)
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Sim 7 10 9 13 17 56
Às vezes 0 0 0 1 1 2
Não 0 0 0 0 0 0
Não respondeu
0 0 1 0 0 1
Conclui-se que cinquenta e seis dos inquéritos (correspondendo a 95% do
total) afirmam que os serviços educativos correspondem às suas solicitações.
6) Como vê a articulação do museu com a escola?
(insuficiente / razoável / boa / muito boa)
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Insuficiente 0 0 1 1 0 2
Razoável 0 1 2 0 2 5
Boa 6 8 6 6 9 35
Muito boa 1 1 1 6 6 15
Conforme os casos
0 0 0 1 1 2
De salientar que cinquenta respostas (correspondendo a 84,7% do total de
inquéritos) consideram a articulação do museu com a escola como boa ou
muito boa, e apenas duas respostas a consideram como insuficiente. Daqui
pode inferir-se que na generalidade os professores estão satisfeitos com a
articulação dos museus com os seus estabelecimentos de ensino.
50
7) Gostaria que o museu e a escola planificassem em conjunto as
visitas? (sim/não)
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Sim 7 10 10 12 17 56
Não têm a certeza
0 0 0 2 0 2
Não 0 0 0 0 1 1
Em cinquenta e seis inquéritos (correspondendo a 95% do total), os
professores afirmam que gostariam que o museu e a escola planificassem em
conjunto as visitas, mas destes, três evocam a questão da falta de tempo.
Apenas uma resposta foi negativa.
Tendo em conta as respostas à questão anterior esta planificação conjunta
certamente aumentaria a articulação do museu com a escola (com o
consequente aumento de respostas com Boa e sobretudo de Muito Boa).
8) Os técnicos que trabalham nos museus têm formação pedagógica?
(sim/não)
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Sim 4 7 6 10 11 38
Alguns 1 1 1 3 4 10
Não 2 2 1 1 2 8
Não respondeu
0 0 2 0 1 3
Apesar das trinta e oito respostas afirmativas não pode deixar de se evidenciar
que dezoito respostas (que correspondem a 30,5% do total dos inquiridos) são
no sentido da falta de formação pedagógica de todos ou parte dos técnicos que
trabalham nos museus. Há três professores que referem a arrogância com que
nalguns museus são recebidos pelo pessoal, sendo tratados como se fossem
pessoas sem qualquer cultura.
51
As dezoito respostas que traduzem uma posição negativa quanto à formação
pedagógica dos funcionários dos museus contradizem de alguma forma o
modo com foram respondidas as questões nºs 5 e 6. De facto como é possível
95% dos professores dizerem que os serviços educativos respondem às suas
solicitações (conclusão da questão nº5), 84,7% classificarem de boa ou muito
boa a articulação museu-escola e apenas 0,34% a considerarem insuficiente
(conclusões da questão nº6) e agora 30.4% dos mesmos inquiridos dizerem
que os técnicos do museu não têm formação pedagógica?
Isto quer dizer que se fosse possível aprofundar mais estas questões,
certamente as respostas seriam mais espontâneas e menos construídas.
9) Gostaria que houvesse uma maior interacção cultural no interior do
museu, quando o vão visitar? (sim/não)
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Sim 5 9 9 13 16 52
Não 1 0 1 1 2 5
Não respondeu
1 1 0 0 0 2
Cinquenta e duas respostas (correspondendo a 88,1% do total) são afirmativas.
De referir que das quatro respostas negativas, duas esclarecem que entendem
que a interacção já existe.
Estas respostas são surpreendentes. Será que uma maior interacção cultural
corresponde a uma maior participação dos alunos durante a visita ao museu ou
nas actividades desenvolvidas? Mesmo não se tendo a certeza da razão desta
resposta tão massiva no desejo de uma maior interacção cultural durante a
visita ao museu, uma coisa é certa: não há da parte dos professores um
sentimento de total realização pedagógica e cultural com os seus alunos dentro
do museu, senão não teriam respondido assim.
52
10) Sente-se satisfeito com os serviços educativos dos museus?
(sim/não)
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Sim 5 9 7 12 17 50
Às vezes 0 1 0 1 0 2
Não 2 0 1 1 1 5
Não respondeu
0 0 2 0 0 2
Verifica-se que cinquenta respostas (correspondendo a 84,7% da totalidade)
traduzem que os professores estão satisfeitos com a prestação dos serviços
educativos dos museus. Apenas sete não estão sempre satisfeitos com esta
prestação.
Novamente se está perante uma contradição: Como é possível 80,4% dos
professores estarem satisfeitos com os serviços educativos do museu
(conclusão das respostas à presente questão) e ao mesmo tempo 88,1%
pretenderem uma maior interacção cultural no interior do museu quando o
visitam com os seus alunos (conclusão das respostas à questão nº9)?
11) Considera que o museu desempenha um papel relevante de
desenvolvimento da formação integral do aluno? (sim/não)
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Sim 7 10 10 13 17 57
Às vezes 0 0 0 0 1 1
Não 0 0 0 1 0 1
Em cinquenta e sete inquéritos (correspondendo a 96,6% do total), os
professores afirmam que o museu desempenha um papel relevante de
desenvolvimento da formação integral do aluno. Duas destas respostas
afirmativas são condicionadas, uma a que se faça formação para os
professores, e outra alerta para a necessidade de se resolver o problema da
mobilidade aos alunos que tenham este tipo de problema.
53
12) E no desenvolvimento da observação e do conhecimento de uma
forma diferente daquela que o aluno aprende na aula? (sim/não)
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Sim 6 9 10 12 16 53
Às vezes 1 1 0 2 1 5
Não 0 0 0 0 1 1
Verifica-se que cinquenta e três respostas (correspondendo a 89,8% da
totalidade) são afirmativas, traduzindo portanto uma concordância por parte
dos professores quanto ao papel relevante do museu no desenvolvimento da
observação e do conhecimento de uma forma diferente daquela que os alunos
aprendem nas aulas.
13) Considera que nas actividades realizadas no museu se desenvolvem
capacidades nos alunos, de leitura e compreensão das obras? (sim/não)
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Sim 5 9 5 11 16 46
Às vezes 1 1 3 1 2 8
Não 0 0 1 1 0 2
Não respondeu
1 0 1 1 0 3
Em quarenta e seis inquéritos (correspondendo a 77,9% do total), os
professores afirmam que as capacidades de leitura e compreensão das obras
pelos alunos se desenvolvem nas actividades realizadas no museu. Duas
destas respostas afirmativas são condicionadas à necessidade de os alunos
estarem muito bem preparados.
54
14) Pensa que as actividades do museu são complementos educativos?
(sim/não)
Todos os inquéritos apresentam uma resposta afirmativa, tendo portanto os
cinquenta e nove professores inquiridos considerado que as actividades do
museu são complementos educativos. Três destas respostas afirmativas são
condicionadas, uma que considera a actividade dependente do professor que
orienta, outra dependente da idade, e outra dependente do trabalho
desenvolvido antes, para o qual é necessário tempo.
15) Que temas gostaria de ver abordados nos museus de arte?
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Respondeu 4 6 5 13 15 43
Não respondeu
3 4 5 1 3 16
Quarenta e três respostas (correspondendo a 72,8% do total dos inquéritos
respondidos) apresentam sugestões concretas quanto aos temas que
gostariam de ver abordados nos museus de arte. Dos restantes dezasseis que
não dão sugestões, dois explicam a sua posição: um dizendo que já há oferta
suficiente e outro que não há nada a observar.
As várias sugestões dadas estão expressas no Quadro II, pelo que não são
aqui transcritas. Uma boa parte delas pode ser enquadrada do seguinte modo:
O que é o museu? Como surge? O que deve estar dentro e fora do
museu?
Maior evidência às várias formas de arte portuguesa, sua interpretação e
como pode compreender uma obra de arte;
Perceber a obra desde a sua concepção até à sua chegada ao museu;
Ensino da manipulação dos materiais, para que os alunos saibam como
se faz um quadro ou uma escultura;
História de cada uma das peças expostas;
55
Arte contemporânea nacional e estrangeira através de exposições de
grande qualidade;
Apresentação das correntes artísticas numa perspectiva histórica;
Enquadramento dos temas com os níveis de ensino e seus programas,
começando pelos aspectos mais gerais para os níveis etários menores;
Temas das áreas da música, poesia, dança, pintura, escultura,
ourivesaria; temas relacionados com arqueologia e património;
Sentido da vida; valores civilizacionais; sociedade e cidadania; vida
quotidiana;
Museu vivo; museu e espaço que o rodeia;
A prática da conservação em Portugal;
16) Para uma verdadeira educação patrimonial que tipo de actividades
considera necessárias serem realizadas no museu?
Respostas aos
inquéritos
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Respondeu 4 9 5 12 14 44
Não respondeu
3 1 5 2 4 15
Conclui-se que quarenta e quatro respostas (correspondendo a 74,6% do total)
apresentam as actividades a realizar nos museus que os professores em
questão consideraram necessárias a uma verdadeira educação patrimonial dos
alunos. Dos restantes quinze que não sugerem actividades, um refere que não
apresenta sugestões porque considera a oferta actual suficiente.
No Quadro II está a totalidade das respostas, pelo que aqui se apresenta
apenas uma compilação, como aliás se fez na questão anterior:
Actividades que provoquem nos jovens o respeito pelo património e lhes
mostrem que as peças têm história e estão vivas; acções de formação
sobre património organizadas no museu (eventualmente cursos de
férias); divulgação do património;
Actividades para crianças até 3 anos, com a participação da família;
56
Como se pode conservar uma obra de arte e a sua importância ao longo
dos tempos;
Actividades de carácter pedagógico através de parceria museu-escola;
Actividades lúdicas/práticas; oficinas; ateliês; visitas guiadas com um
propósito específico; Espectáculos, recriações, histórias ao vivo;
Ecomuseologia; Antropologia cultural;
Restauro e catalogação – actividades a desenvolver com os alunos;
Pequenas acções centradas na explicação da importância de uma obra;
actividades experimentais;
Actividades mais activas para os alunos, ligadas às várias formas de
arte (pintura, escultura, poesia, música, dança, etc.).
17) Que palavra-chave se adequa mais na sua perspectiva com espaço
museológico? (Cidadania / Arte / Património / Comunicabilidade /
Harmonia / Educação cívica)
Esta questão não foi devidamente respondida pelos inquiridos, pois a maior
parte das respostas citam várias palavras-chave, havendo algumas que
indicam todas as hipóteses.
Para se apurar os resultados optou-se por fazer a contagem de cada uma das
palavras-chave independentemente de ter sido citada isoladamente ou em
conjunto com outras.
Palavras-chave
Pré-
-Primário
1º ciclo
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
Total
Cidadania 1 4 4 7 6 22
Arte 3 5 10 7 9 34
Património 2 3 10 9 13 37
Comunica-bilidade
3 1 3 9 7 23
Harmonia 1 1 3 5 4 14
Educação cívica
1 5 7 8 7 28
A palavra-chave mais citada foi Património, seguida de muito perto pela Arte.
58
3.Relação escola/museu na cidade de Lisboa.
Uma realidade?
3.1 Principais conclusões dos inquéritos aos museus
Dos quarenta e seis museus inquiridos, apenas catorze estão sob tutela directa
do Estado, todos declararam ter director nomeado, e trinta e dois disseram
possuir um coordenador de serviço educativo, havendo ainda alguns casos de
chefia informal e outros de acumulação com o cargo de director.
Os inquéritos evidenciaram claramente a estagnação que se verificou até 1974
no crescimento do parque museológico da cidade de Lisboa, o qual, no período
de quarenta e oito anos de Estado Novo apenas registou um aumento de seis
unidades em relação ao quantitativo inicial de doze. Dos inquéritos também se
infere o grande crescimento verificado a partir de 1974, com a abertura de vinte
e seis novas unidades (dezanove dos quais nos últimos vinte anos).
Todos os museus definiram a sua missão, com maior ou menor detalhe.
Na sua quase totalidade realizam exposições temporárias, para além das
exposições permanentes: de uma a quatro iniciativas anuais para trinta e um
museus, havendo sete que apresentam de doze e vinte exposições
temporárias. Destes últimos constatou-se que um recorre a materiais de baixo
custo, outro dispõe de peças que, pela sua natureza, facilitam a realização de
exposições e os restantes cinco são grandes unidades museológicas.
Todos os museus apresentaram o seu campo temático, mas, pelas respostas
apresentadas, concluiu-se que nem todas revelam uma perfeita compreensão
do conceito de campo temático.
Há doze museus que não possuem regulamento, mas destes apenas dois
estão sob tutela do Estado.
Vinte e sete não possuem gabinete de restauro próprio, recorrendo ao exterior
para este tipo de trabalhos.
Do apuramento dos dados fornecidos em relação ao pessoal dos museus,
concluiu-se que a quase totalidade dos museus inquiridos possui serviço
59
educativo, mas destes só trinta e cinco (76% da totalidade) possui um serviço
educativo com pessoal próprio e coordenador formalmente nomeado.
Cinco dos museus não forneceram dados sobre o número de visitantes. Só
dois dos museus inquiridos forneceram alguns dados a respeito das
populações escolares que os visitam. Os museus menos visitados são os que
se dedicam a públicos muito específicos, normalmente de menor dimensão, ou
menos apelativos e a necessitar de remodelação. Os mais visitados, são os de
maior dimensão ou os que recorrem a modernas tecnologias de comunicação,
designadamente sistemas interactivos.
Embora alguns museus admitam que os seus serviços educativos são
principalmente solicitados pelas escolas, todos eles dizem também ser alvo de
solicitações por outros públicos.
Com excepção de quatro museus, todos prestam apoio aos professores, se
bem que muitos deles não realizem acções específicas para eles.
No respeitante aos públicos escolares todos os museus informam ser visitados
pelos três ciclos do ensino básico e pelo secundário, sendo as suas
preferências as visitas guiadas, muitas vezes temáticas, os ateliês e as
oficinas. O público universitário aparece mais a nível individual e muitas vezes
visando temas concretos. Houve seis museus que informaram não estarem
vocacionados ou não serem solicitados pelos jardins de infância, mas os
restantes quarenta referem dispor de várias actividades próprias para esta faixa
etária.
A totalidade dos museus proporciona visitas guiadas, a maior parte dispõe de
ateliês e muitos deles realizam workshops e outras actividades. Cerca de 80%
dos museus dispõe de biblioteca.
A maior parte dos museus dispõe de reservas, mas só cerca de metade são
visitáveis.
Trinta e três museus informaram dispor de espaço exterior, mas só vinte e
quatro referiram as actividades que aí desenvolvem.
Dezoito dos museus inquiridos dispõem dos serviços de cafetaria, restaurante
e loja, mas vinte e dois não dispõem de cafetaria nem de restaurante.
Todos os museus informaram quanto às suas estratégias de comunicação para
divulgar as actividades do museu e do serviço educativo.
60
Dos quarenta e três museus dotados de serviço educativo, apenas três não
fazem a avaliação das actividades do serviço educativo, e quarenta e um dizem
que fazem a reprogramação das actividades tendo em conta os resultados da
avaliação. No entanto, não ficou completamente esclarecido de que a avaliação
em questão seja feita, tendo em conta o modo como grande parte dos
interlocutores falaram durante as entrevistas.
A maioria dos museus considera que dispõe de uma museografia didáctica e
pedagógica, tendo apresentado várias razões justificativas dessa conclusão:
museografia adequada ao museu, museu acessível a todas as faixas etárias,
disposição dos objectos, textos explicativos, organização das colecções,
recurso a técnicas interactivas. Os seis museus que entenderam necessitar de
melhorias neste aspecto, referiram: introdução de módulos interactivos,
mudança do programa, melhoria das instalações de apoio e da iluminação,
utilização de ferramentas multimédia.
Apenas doze dos museus inquiridos apresentam observações finais. Várias
destas observações dizem respeito aos serviços educativos, designadamente:
falta de investimento em pessoal qualificado e meios técnicos adequados,
necessidade de maior apoio aos investigadores, necessidade de os
museólogos irem às escolas falar com os professores, necessidade de maior
dinamização das potencialidades do museu.
Causa alguma admiração que o serviço educativo referenciado pelos museus
de Lisboa não tenha incluído de uma forma maioritária as actividades com a
comunidade envolvente, quando lhes foram pedidas observações. Será que a
comunidade, ou as comunidades existentes na cidade de Lisboa não
frequentam assiduamente os museus?
Dois museus referem que os seus serviços equivalentes aos serviços
educativos dos restantes museus estão vocacionados para a divulgação das
suas peças museológicas e para a prestação de todo o apoio aos mais
variados tipos de público que os procura.
Considerando que a totalidade dos museus refere que o seu serviço educativo
é solicitado por vários tipos de grupos, sendo nalguns casos citados os grupos
e associações locais para além do público escolar, era de esperar que nas
observações, para além das duas excepções atrás referidas, tivessem
61
explicitado a função específica ou actividades para a comunidade envolvente
ou outra que os tenha solicitado.
Nas observações não se sentiu como preocupação de uma forma espontânea,
a existente com a comunidade da cidade de Lisboa.
3.2 Principais conclusões dos inquéritos às escolas
Procurando congregar e sintetizar algumas das contradições detectadas em
várias respostas dos professores aos inquéritos, vão abordar-se os aspectos
mais significativos detectados.
De acordo com as respostas dos professores à questão nº7, cinquenta e seis
(correspondendo a 95% do total), gostavam que o museu e a escola
planificassem em conjunto as visitas e na questão nº8, dezoito (30,5% do total)
entendiam que os técnicos dos museus deviam ter maior formação
pedagógica. Por outro lado na questão nº9 cinquenta e dois (88,1% do total)
gostavam que houvesse maior interacção cultural no interior do museu, mas na
questão nº5 cinquenta e seis (95% do total) acham que os serviços educativos
correspondem às suas solicitações e na questão nº6 cinquenta (84,7% do total)
consideram a articulação do museu coma escola como boa ou muito boa, e
apenas duas respostas a consideram como insuficiente.
Tudo isto cria alguma confusão e, no mínimo, poderá dizer-se que este
conjunto de respostas por vezes contradizem-se um pouco, o que quer dizer
que se por um lado os professores entrevistados estão na generalidade
satisfeitos, nem sempre essa satisfação é plasmada quando são questionados
com perguntas mais profundas no campo pedagógico, didáctico e inter-re-
lacional. No entanto, nas questões nºs 11,12,13,14 a quase totalidade dos
professores considera que o papel do museu é relevante na formação integral
do aluno, no conhecimento de uma forma diferente daquela que o aluno
aprende na aula, no desenvolvimento das capacidades de leitura e
compreensão das obras expostas e que as actividades desenvolvidas no
museu são complementos educativos importantes.
62
Todas estas conclusões a que se chegou estão significativamente expressas
nas sugestões concretas de quarenta e três professores (questão nº15), pois
elas de certeza reflectem lacunas existentes nos museus e que gostariam de
ver realizadas. E assim talvez se expliquem as suas contradições.
Se por um lado a visita aos museus e a formação dos técnicos tem evoluído
nos últimos 10,15 anos com a criação de mestrados em museologia nas
universidades e consequente qualificação dos técnicos, ainda não existe uma
total articulação entre o museu e a escola na definição dos conceitos da acção
pedagógica e didáctica, da intervenção das crianças e jovens dos vários grupos
etários de modo a complementarem com a sua leitura a obra de arte ou outro
objecto civilizacional histórico ou cultural existente no espaço museal, de modo
que participando activamente nas actividades, as crianças e jovens fazem a
sua leitura e produzem conhecimento.
Estes inquéritos levam a admitir-se que da parte de muitos professores não há
ainda um verdadeiro conceito de educação museal e da importância que ela
tem na integração da sua programação lectiva. Por isso, com algumas
reservas, considera-se que as contradições são o cerne da questão: há na
mente dos docentes desejo de certas actividades ou de outras realizações que
eles não vêm implementadas nos museus, mas que também não as sabem
explicitar, o que quer dizer que articulação entre escola e museu se situa num
plano muito formal e pouco aprofundado.
Na questão nº17 o património e a arte são destacados como palavras-chave,
seguidas de outras de igual importância, mas que revelam que para os
professores o que se procura nos museus é substancialmente a arte, e
consequentemente o património ligado à obra de arte. Por isso os museus de
arte mais activos e de grandes recursos e dimensão na cidade de Lisboa são
aqueles que mais depressa chegam às escolas através dos canais mediáticos,
ficando para trás a história, a vida quotidiana e a arqueologia.
3.3 Reflexões decorrentes dos contactos pessoais com as instituições
Os já referidos antecedentes profissionais da mestranda proporcionaram-lhe
muitos contactos pessoais com museus, o que conjuntamente com as
63
entrevistas e trocas de impressões com museólogos e colegas feitas ao abrigo
do presente estudo, permitiram uma mais ampla reflexão sobre a matéria em
análise.
Constatou-se ao longo dos anos o grande aumento da oferta museológica na
cidade de Lisboa, o que possibilita melhores condições para que as escolas
possam seleccionar melhor os museus a visitar.
Também se notou uma larga gama de novas temáticas disponíveis, que vieram
enriquecer o espectro museológico da cidade de Lisboa, tais como: arte
moderna e contemporânea nacional e internacional, museus de empresa
(água, electricidade, comunicações, transportes), artes decorativas, história
contemporânea, artes do espectáculo (música, teatro, fado, marionetes),
ciência viva, oceanário.
De referir o esforço de modernização de alguns museus, com recurso às novas
tecnologias e as condições criadas em vários para que os visitantes com
problemas de mobilidade possam efectuar a sua visita normalmente, no
entanto não se nota como factor prioritário o acesso livre e a acessibilidade
garantida a todos os visitantes com necessidades especiais a vários níveis.
A este propósito merece especial referência o Pavilhão do Conhecimento-
Ciência Viva, onde posteriormente à entrada em funcionamento do edifício
foram realizadas todas as obras necessárias à franca circulação das pessoas
com dificuldades motoras. Também no respeitante aos visitantes com
necessidades especiais e invisuais foram criadas condições para a realização
das visitas.
Nos contactos com a maioria dos museus notou-se uma grande evolução no
atendimento, designadamente a nível dos serviços educativos. Isto não quer
dizer que não existam vários aspectos a corrigir: um deles é a notória falta de
perfil e formação do pessoal das empresas de vigilância em vários casos
encarregado de fazer o atendimento ao público. A mestranda tem alguma
experiência pessoal negativa neste tipo de situações, designadamente quanto
a atendimento presencial e telefónico, onde algumas vezes nem sequer as
elementares regras da boa educação foram respeitadas.
64
Quanto aos serviços educativos, constatou-se que nem todos os museus estão
dotados dos recursos humanos e materiais necessários ao bom desempenho
da sua missão: deficiente quantitativo de pessoal qualificado, falta de uma
equipa pluridisciplinar para que se possa atrair e cativar os vários públicos
através da preparação de acções e programas específicos próprios para os
vários níveis etários da área escolar, professores e outros grupos de visitantes.
Ficou-se também com a ideia de que muitos museus não estarão a privilegiar
as melhores formas de contacto com as escolas. Quanto à estruturação de
programação conjunta de actividades entre o museu e a escola é uma situação
mais rara. Estas conclusões foram sentidas pela mestranda durante as
entrevistas, porque no preenchimento das inquéritos, segundo os técnicos do
museu, tudo funcionava a 100%. Durante as entrevistas a mestranda sentiu
que os técnicos não sustentaram aprofundadamente muitas respostas dadas
nos inquéritos, como por exemplo: a missão, o campo temático, as relações
com a comunidade escolar, a programação conjunta, a avaliação, etc..
A forma como a comunidade escolar de Lisboa reagiu ao aumento da oferta
museológica que se verificou nestes últimos anos não foi talvez aquela que a
qualidade e diversidade da oferta justificariam. Claro que o número de visitas
certamente terá aumentado, mas não se poderá ignorar o grande aumento
também verificado na população escolar. A questão que se deverá colocar será
em relação a cada aluno, ou seja, será que os alunos das escolas de Lisboa
passaram a frequentar mais os museus da capital? Não se tem uma resposta
concreta para esta questão.
Parece no entanto existirem algumas razões objectivas para reflexão:
Tempo gasto nas visitas, com prejuízo das aulas a cancelar para as
viabilizar. As escolas não dispõem de tempos do horário curricular
reservados para este efeito.
Falta de tempo nos horários dos professores para a preparação e
acompanhamento das visitas.
Falta de verbas para as deslocações (normalmente em autocarro) e
eventuais despesas de alimentação, que são custeadas pelas famílias
65
dos alunos. Esta situação é bem mais grave no caso do ensino público,
do que no privado.
Necessidade de pagamento das entradas nalguns museus (observação
idêntica ao caso anterior), se bem que apenas em casos raros e com o
preço de entrada reduzido.
Falta de laços consistentes entre os museus e as escolas de modo a
que as burocracias sejam ultrapassadas e se desenvolva um processo
dinâmico na relação museu-escola.
Tudo isto contribui não só para um deficiente diálogo da escola com o museu,
como acaba por não dignificar a acção educativa do museu e a sua importância
no processo de aprendizagem e desenvolvimento do conhecimento dos alunos,
pois este tipo de actividade acaba por ser considerado um parente pobre do
processo educacional.
A escola é hoje uma realidade complexa, um desafio constante exigindo a par
da arte de ensinar uma enorme capacidade de resposta a múltiplas solicitações
dos mais variados tipos de exigências, nem sempre suportadas por adequada
política educativa. De facto, perturbando o clima de trabalho da escola,
algumas das medidas adoptadas pelas políticas educativas nos últimos anos,
têm vindo a contribuir para a degradação das boas práticas conducentes à
reconhecida qualidade de ensino que a escola pública vem alcançando, com o
contributo e esforços dos seus professores
67
4.Conclusões :
Relação escola/museu na cidade de Lisboa
Pontos fortes e Pontos fracos
4.1. Pontos fortes e Pontos fracos
A relação escola/museu é uma trave mestra de todo o processo de educação
museal, condicionando os bons resultados que desta se esperam.
Segundo Susana Gomes da Silva: “Os museus são espaços de sociabilidade
que potenciam a troca de ideias e promovem a aprendizagem social. O espaço
de contacto e comunicação entre as audiências e os objectos é o espaço
privilegiado de desenvolvimento de experiências. Estas são complexas e
globais, pois conjugam os contextos, pessoal, social e físico, a trilogia que nos
permite aprender e guardar memórias” (10).
Se a relação escola-museu não funcionar, tudo está posto em causa. No caso
do presente estudo referido ao universo da cidade de Lisboa, a principal grande
conclusão que se retira sobre a relação escola/museu é que escolas e museus
não estão de costas viradas. Mas será que estão de mãos dadas? Ainda não,
já que esta relação ainda reveste aspectos muito formais. Para que se possa
atingir o nível qualitativo desejado para a educação museal será necessário
desburocratizar, aprofundar e desenvolver esta relação, procurando que ela
forme um todo coerente.
“Trabalhar o espaço educativo do museu como um espaço promotor e
desencadeador do processo de construção de conhecimento onde cada sujeito
se erige como agente da sua própria aprendizagem é um caminho importante
para a promoção de públicos participantes, exigentes, críticos, informados
e criativos. Só assim se conseguirá investir plenamente estas instituições
____________________________________
(10)- SILVA, Susana Gomes da ;Serviços Educativos na Cultura- Enquadramento Teórico para uma
Prática Educativa nos Museus; Colecção Públicos Nº2; Ed. Setepés; p. 64
68
culturais do poder e função que a contemporânea Sociedade do Conhecimento
e da Aprendizagem delas exige” (11).
Tendo em conta o já referido nos pontos anteriores vai-se agora procurar listar
os principais pontos fortes e pontos fracos detectados na relação actual escola-
museu na cidade de Lisboa.
Pontos fortes
1) Os serviços educativos serem uma constante no quadro orgânico dos
museus, o que demonstra uma preocupação para uma simplificação de
linguagem e na acessibilidade cognitiva no conhecimento das colecções.
2) A variedade dos serviços disponibilizados pelos serviços educativos dos
museus.
3) A existência significativa em parte dos museus de cafetarias,
restaurantes e lojas, o que faz com que públicos diversificados possam
visitar o museu com vários objectivos e venham a conhecê-lo de forma
mais cultural.
4) A existência de programas multimédia, facilitadores da comunicação nos
museus.
5) O aumento do número de técnicos superiores verificado nos últimos
anos nos serviços dos museus.
6) Segundo as respostas aos inquéritos feitos às escolas, as visitas aos
museus existem como complemento educativo.
7) O maior conhecimento da comunidade museológica da cidade de Lisboa
por parte dos professores.
8) A consciência do papel dos museus na educação patrimonial e das
lacunas existentes na sua acção.
Pontos fracos
1) Apesar da acção educativa ter crescido no universo dos museus da
cidade de Lisboa, nota-se que ainda não há a 100% um trabalho de
excelência essencial para a formação integral dos alunos.
___________________________________
(11) SILVA, Susana Gomes da ;Serviços Educativos na Cultura- Enquadramento Teórico para uma
Prática Educativa nos Museus; Colecção Públicos Nº2; Ed. Setepés, 2007; pp.64-65
69
2) Os museus com mais recursos são os mais visitados, o que provoca
uma desigualdade na diversidade dos campos temáticos a conhecer
pelos alunos.
3) A preponderância de museus de arte e artes decorativas sobre os
museus de história, etnografia, etnologia e serviços, que deveriam dar a
conhecer em pleno aos alunos a evolução da sua cidade e da sociedade
lisboeta.
4) A ausência do património imaterial nos museus de Lisboa, em muitos
dos casos, o que mostra uma ausência de trabalho no terreno: Como é
que os lisboetas viviam? O que comiam? Como curavam as suas
doenças? Onde compravam os seus produtos? Como tratavam da sua
higiene? Como se divertiam?
5) Durante as entrevistas aos museus as comunidades seniores da cidade
de Lisboa não são referidas como prioridade e preocupação.
6) A visita por parte das escolas é essencialmente vocacionada para os
museus mais conhecidos e de maiores recursos, com preponderância
para os que têm a arte como campo temático, ou para os novos museus
nascidos na Expo 98.
7) Os pequenos museus, ou museus com temáticas específicas não fazem
parte da escolha dos professores (pois são os professores que
maioritariamente escolhem os museus a visitar).
8) Detectou-se que os professores ainda não sabem como preparar as
suas visitas de acordo com as suas necessidades lectivas, e nem sabem
pedi-las de uma forma clara aos serviços educativos dos museus,
apesar de afirmarem programar em conjunto as visitas. Mas, tendo em
conta as contradições existentes em algumas respostas a algumas
questões, verificou-se particularmente nas observações, que os
professores desejam ver na visita, preocupações que não souberam
explicitar ou que os serviços educativos não souberam responder.
9) As condicionantes que dificultam as saídas dos professores das escolas
mais vezes do que tem sido a sua prática corrente.
70
4.2. Sugestões de melhoria
A ultrapassagem da maioria dos pontos fracos referidos no ponto anterior está
dependente em maior ou menor grau do trabalho a desenvolver pelos
museólogos e professores, reconhecida que está a importância que o museu
tem na educação.
Uma questão a considerar é se o museu comunica com o exterior ou está
fechado sobre si próprio, como se o seu trabalho fosse um fim em si mesmo e
não um meio de participar no processo educativo dos seus públicos.
“O museu comunica com o exterior quando se transforma num lugar de
pedagogia viva e de educação permanente, quando forma um público atento e
crítico, que cada vez mais se impõe à concepção tradicional. … A actividade
museológica no campo da educação pode desempenhar o papel fundamental
de ajudar os indivíduos a assimilar a sua plenitude, a riqueza do património
cultural objectivo. Pode ainda contribuir para estimular o seu sentido crítico e
estético e ainda no seu desenvolvimento integral”(12)
Será este o papel do serviço educativo, através das várias actividades que
organiza e promove, para poder atingir os diversos objectivos a que se propõe.
O serviço educativo cria as condições para a obtenção e desenvolvimento de
valências fundamentais. “…Um dos objectivos de animação cultural do Museu,
inscreve-se no âmbito dos Serviços Educativos, cuja função principal é o de
conseguir o reconhecimento do papel pedagógico de grande qualidade
desempenhada pelo museu, contribuindo com a herança cultural,
desenvolvendo o nível cívico, pessoal e contribuindo para o enriquecimento do
indivíduo”(13).
Quer a escola, quer o museu oferecem educação, embora com características
diferentes. A escola dá a educação formal, enquanto o museu desenvolve uma
educação não formal. São as várias formas da educação adquirida pelos
indivíduos ao longo da vida e a sua interacção que fazem a sua formação
integral.
___________________________________ (12) COIMBRA, Raquel Maria Ferreira; O museu como espaço de educação – Uma proposta de
actividades educativas para o 1º ciclo do ensino básico no Museu Nacional Machado de Castro; Tese
de Mestrado em Museologia e Museografia; Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes, 2007;p 45
(13) Idem, ibidem, p.46
71
As finalidades da escola e do museu são idênticas, já que ambos pretendem o
desenvolvimento da pessoa, embora em termos de educação os objectivos
não sejam os mesmos, pois as condições e características do seu trabalho e as
responsabilidades são diferentes.
Já atrás se referiu a função complementar do museu na educação e daí a
importância da relação escola-museu. Se não contribuir para a educação, o
museu está a falhar num importante aspecto da sua finalidade. Por outro lado,
a escola deverá utilizar o museu para poder atingir cabalmente o seu fim
educativo.
Ainda a propósito do papel educacional do museu, Joseph H. Suina diz:
“ Os museus possuem um tremendo potencial para o desenvolvimento e
encorajamento das metas da educação multicultural. Pela natureza e função,
os museus confrontam a múltipla dimensão das culturas do homem através do
tempo e do espaço. Para as escolas, os museus servem como lugares onde as
pessoas coleccionam, mostram e partilham fragmentos do mundo no qual
vivemos. … Os museus estão preenchidos com a riqueza de objectos reais e
réplicas de pessoas, lugares, processos e eventos. Mais importante, os
museus são lugares para ensinar e aprender.” (14)
Para cumprir a sua missão educativa o museu, para além de necessitar de um
serviço educativo bem dirigido e dotado de quantitativo adequado de pessoal
qualificado, necessita de se munir de todas as condições para elaborar e,
posteriormente executar, o seu programa de actividades.
O museu terá de se preocupar com os vários aspectos relativos ao seu
trabalho educativo, seja com as comunidades locais, seja com as comunidades
escolares, de modo a que os objectivos educacionais sejam atingidos.
Tomando como referência o que Ana Duarte menciona a propósito da definição
de propostas para uma metodologia de acção museal com as comunidades
locais:
___________________________________ (14) SUINA, Joseph H.; in HOOPER-GREENHILL, Eilean - The Educational Role of the Museum ; 1999 ;
pp. 105-106
72
“Cabe ao museólogo, sempre que chegue a um lugar onde vai realizar o seu
trabalho educativo com uma comunidade que não conhece, desenvolver uma
intervenção em três fases:
1ª Fase: 1) Levantamento dos recursos (que também se pode designar por
diagnóstico da situação); 2) Metas a alcançar (objectivos) : quanto mais
concretos mais realizáveis; 3) Estratégias de intervenção museológica. …
2ª Fase: Perante um levantamento exaustivo dos recursos e consequente
análise dos dados/diagnósticos da situação, deveremos traçar os objectivos a
alcançar. …
3ª Fase: Finalmente, para atingir os objectivos, deveremos desenvolver
estratégias conducentes à concretização dos mesmos.
Estratégias de intervenção museológica: …
Exposições tendo em conta a missão e área temática (vocação) do
museu;
Organização de projectos que envolvam toda a comunidade, numa
gestão conjunta;
Recolha, estudo e constituição de colecções, com inventário e pesquisa
participativos;
Partilha de saberes técnicos museológicos;
Actividades de extensão educativa;
Intervenção comunitária com projectos que possam criar postos de
trabalho, …
Discussão de temas importantes para a região e seu futuro.
Projectos especiais :
Os projectos – história ao vivo – animação comunitária de monumentos
com a colaboração de pais / encarregados de educação / artesãos /
professores / mecenas, etc.;
Programa de edições eruditas e de divulgação. Apresentação das
mesmas envolvendo o poder local;
Actividades de acolhimento às minorias – concursos de gastronomia,
música, edições de literatura, exposições de pintura, etc.;
73
Abertura do Museu à Universidade e a outras unidades museológicas
congéneres – estabelecendo protocolos com a universidade e outros
museus de modo a estabelecer projectos e investigação e reflexão
museológica. “ (15)
O que se acaba de transcrever é facilmente adaptável ao caso específico das
comunidades escolares. O museólogo terá de se deslocar às escolas da região
(no caso presente a região será a cidade de Lisboa), primeiramente às escolas
circunvizinhas, mas também às que tenham alguma afinidade especial com o
museu por via dos seus currículos escolares.
O contacto com a comunidade escolar deve ser desenvolvido de modo
participativo e com grande envolvimento dos professores.
Por outro lado, os professores precisam de sair da escola e ir ao museu. Assim
poderão começar a criar condições para melhor prepararem as suas
actividades lectivas. Deverão privilegiar os contactos com os museus vizinhos e
com aqueles que, pela sua natureza, possam melhor contribuir para a
formação dos seus alunos.
Estes movimentos do museólogo no sentido museu-escola e do professor no
sentido escola-museu, são uma condição essencial para que se comece a
estabelecer uma sólida e profícua relação profissional, com grandes benefícios
para o museu e para a escola, e consequentemente para o processo educativo
em que ambas as instituições estão interessadas.
Este trabalho conjunto professor-museólogo, ou seja escola-museu, é a pedra
angular do edifício de mudança que é preciso construir na busca da excelência
da formação integral dos alunos.
Veja-se agora de modo mais sistematizado algumas medidas para eliminar os
pontos fracos referidos no ponto anterior e transformá-los noutros tantos pontos
fortes.
___________________________________ (15) DUARTE, Ana ; Serviços Educativos na Cultura- Museus e Comunidades; Colecção Públicos Nº2;
Ed. Setepés,2007; pp. 91 a 95
74
1º Dotar os serviços educativos dos museus com os meios humanos e
materiais necessários ao seu trabalho e fazer uma boa divulgação das
suas actividades junto das comunidades para que são dirigidas.
A principal dificuldade a ultrapassar consiste nos constrangimentos
orçamentais, sobretudo dos museus com menores recursos.
Esta medida condiciona o envolvimento dos museus em várias das
medidas propostas, mas por si só não elimina nenhum dos pontos fracos
enunciados.
2º Reformular os horários dos alunos e professores de modo a que seja
possível dedicar um meio-dia semanal á preparação e realização de
actividades nos museus.
Deste modo os professores passavam a ter algum tempo previsto para estas
actividades, e a obrigação de as concretizar, e os alunos poderiam realizar
as suas actividades nos museus sem colisão com os horários das aulas.
A principal dificuldade será o necessário envolvimento do Ministério da
Educação e das direcções das escolas para se poder concretizar o proposto.
No entanto a concretização desta medida não só elimina o ponto fraco
referenciado com o nº9, como também é condicionante para tudo o que
envolva a acção dos professores, ou seja a maioria de todas as medidas que
se propõem.
3º Desenvolvimento de trabalho conjunto entre professores e museólogos, nos
moldes que se tem vindo a referir, começando com as visitas dos
museólogos às escolas e dos professores aos museus e acabando por ser
estabelecido um plano de actividades.
Para que se consiga ter êxito nesta iniciativa é preciso que os museus
entendam a necessidade de ir às “suas” comunidades (no caso as
escolares) e alguns professores se dispam do preconceito de descer do seu
pedestal do saber e ir ao museu buscar mais saber e contribuir
decisivamente na subida da educação dos seus alunos para um outro nível.
Esta medida tem de ser tomada sem que se tenha qualquer limitação quanto
á dimensão e campo temático dos museus.
A conjugação desta medida com as duas anteriores irá permitir:
75
A possibilidade de se caminhar no sentido da excelência na formação
integral dos alunos (eliminação do ponto fraco nº1 e sua reconversão
em ponto forte);
A mobilização de todos os museus para o projecto educativo, sem
privilegiar os de maiores recursos ou os de determinado campo
temático. Assim os pontos fracos nºs 2,6,7 deixarão de fazer sentido,
passando a ponto forte este envolvimento efectivo de toda a
comunidade museal no processo educativo;
O envolvimento que se preconizou para os professores irá fazer com
que o ponto fraco nº8 deixe de fazer sentido, já que a actuação dos
professores passará a ser um ponto forte na acção educativa
complementar dos museus a caminho da excelência pretendida.
4º Para se conseguir que os museus de história, etnografia, etnologia e
serviços passem a dar a conhecer em pleno aos alunos a evolução da sua
cidade e da sociedade lisboeta, e deste modo transformar o ponto fraco nº 3
num ponto forte, terão em primeiro lugar ter de ser convencidos dessa
necessidade pelos professores, e, posteriormente, convencerem as sua
tutelas.
5º A ausência de património imaterial, está referenciada no ponto fraco nº4 por:
Como é que os lisboetas viviam? O que comiam? Como curavam as suas
doenças? Onde compravam os seus produtos? Como tratavam da sua
higiene? Como se divertiam?
Para transformar este ponto fraco num ponto forte, será necessário que
algum museu ou museus da cidade de Lisboa passem a ter esta
preocupação museológica. Para tal parece interessante a ideia de se sugerir
o Museu da Cidade, onde todos estes aspectos se julga poderem enquadrar-
se bem. Também aqui o procedimento se julga ter de ser semelhante ao que
se referiu no ponto anterior.
6º O que se refere no ponto fraco nº5 quanto à falta de preocupação dos
museus com as comunidades envolventes, mais concretamente a
comunidade sénior, não sendo parte integrante do conteúdo deste estudo,
na medida em que foi detectado, acabou também por ser referido. O
entrosamento do museu com as comunidades envolventes é absolutamente
necessário se efectivamente o museu pretende ser também um espaço de
76
encontro social, de criação, e de realização de parcerias estratégicas e
desenvolvimento cultural.
A criação nos museus deste tipo de preocupações passa por um meticuloso
trabalho no terreno, nos moldes em que aqui este assunto foi abordado e
uma firme decisão de enveredar por estes caminhos, a qual só será possível
por iniciativa própria ou por orientação dos órgãos que tutelam a cultura no
nosso país.
Tudo o que se acaba de referir, para ser implementado necessita de uma
grande vontade e empenhamento dos principais actores: professores e
museólogos, de grande apoio das tutelas dos museus e conselhos directivos
das escolas e, por fim, dos órgãos de tutela da educação e da cultura em
Portugal.
4.3. Comentário final
Quando avançou com o tema:”A relação escola-museu na cidade de
Lisboa” como proposta de tese de dissertação para o mestrado em
Museologia e Museografia, a mestranda tinha plena consciência da sua
vastidão e complexidade, mas também do quão apaixonante seria efectuar
uma pesquisa e desenvolver um estudo nesta área.
Chegado que foi o momento de se concluir esta dissertação, devem salientar-
se dois aspectos:
À medida que todo o trabalho desenvolvido se foi concretizando, foi-se
tomando consciência dos inúmeros caminhos a desbravar que se
revelaram e que não puderam todos ser percorridos desta vez.
Por outro lado julga-se ter atingido o objectivo que inicialmente se tinha
equacionado: “Avaliar o actual estado da relação escola-museu na
cidade de Lisboa e apresentar algumas sugestões para uma progressiva
melhoria desta relação”.
A grande conclusão a que se chegou, conforme aliás já se referiu, foi que os
museus e as escolas não estão de costas viradas, mas a relação escola-museu
77
ainda tem um longo caminho a percorrer para que a acção complementar do
museu no processo educativo possa chegar a níveis de excelência. Para tal
apontaram-se os principais pontos fortes e fracos desta relação, bem como se
deram algumas sugestões para a sua melhoria.
79
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