A REPERCUSSÃO DAS NOTÍCIAS VEICULADAS PELA MÍDIA, NO SÉCULO XXI, SOBRE ... · climáticas...

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1 A REPERCUSSÃO DAS NOTÍCIAS VEICULADAS PELA MÍDIA, NO SÉCULO XXI, SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: UMA ANÁLISE GEOGRÁFICA ADILSON RIBEIRO DE ARAÚJO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO(UFMT) E-MAIL: [email protected] INTRODUÇÃO Na contemporaneidade, é sabido que a comunidade científica e acadêmica, governos, iniciativa privada, mídia e sociedade civil vem empreendendo profundas discussões sobre a dimensão ou existência da variabilidade natural e mudanças climáticas (aquecimento global) do planeta, bem como, sobre o destino e o futuro da humanidade. Tal temática passa a despertar a atenção da mídia e de uma parcela importante da população em todo o mundo, que passa a ser mais atenta acerca dos impactos ambientais e desastres naturais que tal fenômeno passa a poder desencadear na vida da população e em seu futuro sob o planeta Terra. Dentre os inúmeros debates acerca desta temática, é possível verificar cientistas, organizações sem fins lucrativos e mesmo entidades políticas, entre outras, questionando sobre a veracidade do grau de preocupação que é dispensada a este assunto, bem como o modo como é anunciado e como as informações são disponibilizadas para a população e como podem ser alarmantes, fazendo com que a sociedade se preocupe e, talvez até mesmo podendo provocar um estado de histeria coletiva. Entre os debates temos os voltados à culpabilização do homem como o responsável pela degradação do meio natural e principal desencadeante do aquecimento global, mas, há também uma parcela da comunidade científica que chega mesmo a isentar a humanidade de tal culpa, explicando que as mudanças dos climas podem ser uma simples consequência do processo histórico das temperaturas no planeta Terra, ou seja, há uma variabilidade natural que ocorre em ciclos climáticos. Dentre estes debates e

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A REPERCUSSÃO DAS NOTÍCIAS VEICULADAS PELA MÍDIA, NO SÉCULO

XXI, SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: UMA ANÁLISE GEOGRÁFICA

ADILSON RIBEIRO DE ARAÚJO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO(UFMT)

E-MAIL: [email protected]

INTRODUÇÃO

Na contemporaneidade, é sabido que a comunidade científica e acadêmica,

governos, iniciativa privada, mídia e sociedade civil vem empreendendo profundas

discussões sobre a dimensão – ou existência – da variabilidade natural e mudanças

climáticas (aquecimento global) do planeta, bem como, sobre o destino e o futuro da

humanidade. Tal temática passa a despertar a atenção da mídia e de uma parcela

importante da população em todo o mundo, que passa a ser mais atenta acerca dos

impactos ambientais e desastres naturais que tal fenômeno passa a poder desencadear na

vida da população e em seu futuro sob o planeta Terra.

Dentre os inúmeros debates acerca desta temática, é possível verificar cientistas,

organizações sem fins lucrativos e mesmo entidades políticas, entre outras, questionando

sobre a veracidade do grau de preocupação que é dispensada a este assunto, bem como o

modo como é anunciado e como as informações são disponibilizadas para a população e

como podem ser alarmantes, fazendo com que a sociedade se preocupe e, talvez até

mesmo podendo provocar um estado de histeria coletiva.

Entre os debates temos os voltados à culpabilização do homem como o

responsável pela degradação do meio natural e principal desencadeante do aquecimento

global, mas, há também uma parcela da comunidade científica que chega mesmo a isentar

a humanidade de tal culpa, explicando que as mudanças dos climas podem ser uma

simples consequência do processo histórico das temperaturas no planeta Terra, ou seja,

há uma variabilidade natural que ocorre em ciclos climáticos. Dentre estes debates e

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atores envolvidos no tema, se encontra a mídia, uma parcela da sociedade que se

responsabiliza por transmitir às demais, em grande escala, informações. Todavia, com

relação às mudanças climáticas, é notado que geralmente os teores e tons das notícias

tendem a ser alarmistas, com divulgação de modo genérico ao público.

OBJETIVOS

Compreender e analisar as concepções acerca das mudanças do clima que estão

presentes no meio científico, tomando como base o conceito da variabilidade e mudança

climática no século XXI, comparando-as com as veiculadas pela mídia com a finalidade

de identificar possíveis convergências e contradições sobre o assunto carregado de

incertezas e imprecisões.

METODOLOGIAS

A partir de uma análise teórica o artigo traz uma descrição das informações

divulgadas pela mídia no assunto de mudanças climáticas. A discursão sobre a mudança

do clima, tende ser tenso e passa a se defrontar de maneira constante com outro ótica

cientifica, seguindo as temáticas, analisaremos o enfoque da repercussão do assunto

divulgado na mídia.

A Geografia estabelece relações entre a sociedade e a natureza, e como ocorre a

apropriação da natureza pela sociedade. Além dos termos mencionados, pode-se verificar

uma grande diversidade de opiniões quanto à definição do conceito das mudanças

climáticas e a variabilidade natural. De um lado, a variabilidade é apenas um ciclo natural,

de outro, as mudanças climáticas incluem elemento humano e esses fatores que interferem

nas relações com o ambiente natural.

Nessa análise geográfica, em sua publicação a ANDI (s/d) afirma que a

humanidade passa por uma crise atual que possui características fortemente arraigadas à

ciência, o que vêm ocorrendo no século XXI. Neste sentido, as mudanças climáticas são,

indubitavelmente uma manifestação clara e mais grave de todo este descompasso que tem

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sua informação feita pela mídia. Existem diversas maneiras de responder, efetivamente e

urgentemente à dimensão e complexidade que demanda este desafio apresentado pelo

agravamento do fenômeno, as mesmas passam, de maneira inevitável por essa

problemática.

“E se o comprometimento efetivo dos líderes mundiais com o uso racional de

recursos segue ocupando lugar de destaque nessa agenda, não se deve correr o

risco de subdimensionar a relevância da participação dos demais setores nos

processos de debate e de tomada de decisões, incluídas aí as populações mais

vulneráveis aos impactos climáticos” (p. 2).

Ainda segundo a publicação da ANDI (s/d) as mudanças climáticas certamente

serão o principal noticiário para o século XXI, cujos impactos incidirão diretamente e em

larga escala sobre as sociedades, economias e indivíduos de todo o planeta. Tal alegação

não apenas detecta as alterações climáticas como uma pauta importante na mídia de

notícias, como também aponta para dois principais fatores determinantes de mensuração

do nível de relevância do fenômeno nas mais distintas regiões climáticas do mundo.

Souza, (2012), por sua vez, expõe que, por conta de diversas latitudes passíveis

de observação no cotidiano do planeta Terra, é possível dizer que grandes catastróficos

cada vez mais acontecem no mundo, e atribui ao aquecimento global, um fenômeno que

é consequência das atividades antropogênica. Segundo ele, sobretudo após a Revolução

Industrial, houve uma elevação, de maneira considerável, das emissões de gases poluentes

na atmosfera, além do crescimento populacional desenfreado, que passou a gerar cada

vez mais resíduos sólidos. Sobre as posições tomadas pela mídia com relação às

mudanças, o autor explica que:

“Esta visão apocalíptica – sem exagero – pode ser cotidianamente observada

nos media mass, que tem tratado o aquecimento global de forma alarmista e

tendenciosa, reduzindo as mudanças climáticas a um consenso cientifico, além

de trazerem em suas edições previsões catastróficas sobre o futuro da

humanidade no planeta Terra. Isto é alarmante na medida em que a mídia é o

instrumento mais usual com o qual a população em geral se inteira de uma

série de eventos ocorridos distantes da sua localização geográfica, ou ainda

distante das suas capacidades intelectuais de compreensão, estes últimos

relacionados especificamente a fenômenos e pesquisas cientificas” (p. 92).

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Nesta perspectiva, Souza (2012) prossegue dizendo então que os meios de

comunicação de massa são capazes de exercer a função de ‘simplificadores’ do

conhecimento científico que é produzido pela comunidade acadêmica, apresentando-os

em uma linguagem mais acessível, para que sejam de compreensão da maior parte da

população. Deste modo, o autor acredita que o aquecimento global passa então a ser

entendido por parte da população, como um fenômeno inquestionavelmente

antropogênico, responsável por toda e qualquer das catástrofes e acidentes naturais.

Já Barcellos et al. (2009) acreditam que o processo de mudanças climáticas, as

oriundas do aquecimento global, induzido pela ação humana, fora inicialmente exposto

na década de 1950. Ao passo que ao final do século XIX, já havia ocorrência da

possibilidade de aumento da temperatura climática por conta das emissões de dióxido de

carbono.

Ainda segundo os autores mencionados na década de 1990 foram desenvolvidos

alguns modelos que possibilitariam, de um lado a explicação sobre a variabilidade

climática ocorrida ao longo do século, por outro, a avaliação da contribuição de elementos

naturais – tais como vulcanismo, alterações na órbita da Terra, explosões solares, entre

outros – e antropogênicos – como emissão de gases do efeito estufa, desmatamentos e

queimadas, destruição de ecossistemas entre outros, para a ocorrência de variações.

Todavia, as mudanças climáticas sempre foram o tema central que tomou a mídia

com mais intensidade nos últimos anos, repercutindo acerca de agendas governamentais

e acadêmicas, e ainda, fomentando o imaginário popular, como a divulgação do 4º

relatório de avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, em 2007.

“Além disso, o tratamento midiático dado a uma série de eventos extremos do

ponto de vista climático e catastróficos do ponto de vista social como o furacão

Katrina, que destruiu grande parte de Nova Orleans; a onda de calor na Europa

em 2003 quando foi registrado um excesso de mais de 35 mil mortes, o

Catarina, que atingiu o sul do Brasil em 2004, a seca no oeste da Amazônia em

2005, mesmo sem consenso para suas determinações causais, contribuíram

para trazer à tona e reforçar o debate sobre as origens e os efeitos das mudanças

climáticas em escala global. (BARCELLOS et al. 2009, s/p).

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Os autores explicam então que houve certa visibilidade acerca das mudanças

globais. Suguio e Suzuki (2010) afirmam que o aquecimento global é considerado um dos

problemas ambientais de maior gravidade na contemporaneidade, mas que é, contudo,

tratado geralmente de maneira sensacionalista e dúbia por parte dos veículos midiáticos.

Seguindo a mesma linha de pensamento e elucidando sobre o alarmismo midiático,

Mendonça (2002, p. 13) discorre:

“Num momento em que certos fenômenos naturais adquirem caráter de

sobrenaturais como na atualidade, urge resgatar a verdade que se encontra

camuflada pelo sensacionalismo de grande parte da mídia (...); é preciso que

se esclareça que a noção de acidente, catástrofe, castigo, etc. é de ordem,

sobretudo humano-social, e que fenômenos como maremotos, terremotos,

inundações, secas, vulcanismo, ilhas de calor, efeito estufa, etc. somente

adquirem importância para a sociedade quando atingem ou ameaçam áreas

habitadas ou de importância econômica. [...]Esses fenômenos decorrem,

basicamente, da dinâmica natural do planeta. Eles precisam ser exorcizados do

sensacionalismo engendrado pela mídia.

O autor então explica que o tipo de massificação em questão, das informações

dúbias e carregadas de tendenciosidade, faz com que a opinião pública seja direcionada a

tornar-se complacente com posicionamentos políticos que possam a ser favoráveis a uma

suposta ‘sustentabilidade’ com a ideia de garantir sobrevivência para as presentes e

futuras gerações. Léna (2012) expõe a intrínseca relação existente entre a consciência

humana e a Terra, de maneira que qualquer ameaça que possa colocar em risco seu lar e

sua vida, é gerador de insegurança e medo à população de que o aquecimento global,

simplesmente possa destruir o planeta. Isso faz com que a mídia propague a ideia de

maneira alarmista.

Deste modo, o surgimento dos negócios ambientais, a economia verde, os créditos

de carbono, são pautas centrais na hipótese do aquecimento global antropogênico, e

consistem em bases teóricas incertas e falhas no discurso. Para Rodrigues (2009) e Onça

(2007) o alarmismo que é exposto pela mídia, anteriormente com foco na hipótese do

resfriamento global, entre 1960 e 1970, quando os aerossóis industriais causaram a

origem antrópica da questão, fora modificada, substituída pela hipótese do aquecimento

global. Em 1988 a Organização Meteorológica Mundial, juntamente ao Programa das

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Nações Unidas para o Meio Ambiente, foram responsáveis pela criação do Painel

Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC).

Rodrigues (2009) explica então que, a partir da criação do IPCC, gerou-se uma

histeria crescente em torno do aquecimento global, explorado incansavelmente, sobretudo

por mídias do hemisfério norte. Foram verões altamente quentes em sequência após o ano

de 1988, alinhados à percepção mais ampla das pessoas sobre o clima, o que contribuiu

para que o aquecimento global ficasse em voga, como um tema a ser tratado com urgência

por parte das ações governamentais do mundo.

O aprofundamento do tema, levou a comunidade acadêmica a produzir inúmeras

pesquisas científicas sobre o mesmo, o que fez com que a mídia o tratasse de maneira

totalmente aleatória ou manipuladora e o fato é que a maior parte da população tem

recorrido às informações disponibilizadas pela mídia de massa para se inteirarem das

mudanças climáticas. Estas, por sua vez, divulgam um conteúdo em base acadêmica, mas

de forma muito genérica que levam a interesses próprio que toda a comunidade

compartilha.

RESULTADOS PRELIMINARES

Inegavelmente a Terra passa por grandes ameaças ambientais; na verdade, em se

tratando das mudanças climáticas no tocante ao aumento de temperatura, o planeta está

mais quente e são mais escassos os indicies pluviométricos, devido ao uso insustentável

dos recursos naturais que a mãe Terra disponibiliza para a humanidade, levando com isso

à destruição provocada pelos desmatamentos, queimadas e poluições atmosféricas, sendo

o principal fator o aquecimento global, evidenciado pelas alterações dos climas da Terra.

Mas o contexto das mudanças climáticas é o que mais se evidencia nos meios de

comunicação que exercem uma função simplificada da linguagem que sempre é acessível

ao número maior da população, gerando, com isso, um resultado altamente tendencioso

sobre assunto.

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As mudanças climáticas é algo muito incerto na visão de que as alterações do

clima está relacionado a ações antropogênica, contudo, se confirmar as perspectivas,

estudos aponta a necessidade de mudança da forma de vida do ser humano. Por que a

Secretaria Nacional de Mudanças Climáticas (SNMC) afirma que, cerca de 98 milhões

de brasileiros de modo direto ou indireto foram afetados pelos desastres naturais nas

últimas décadas?

Nessa ótica as mudanças climáticas são motivo de preocupação. As alterações do

clima começaram no final do século XVIII e segunda metade do século XX, devido

aumento de CO2 na atmosfera provenientes das revoluções industriais. A partir das

atividades industriais por volta de 1750, segundo o IPCC a concentração de CO2 na

atmosfera aumentou em 31%, a de CH4 em 151% e a de N2O em 17% fatores que fazem

aumentar a concentração de CO2 de 280ppm no período pré-industrial chegando a

400ppm no século XVI, emitidos na atmosfera, provenientes dos combustíveis fósseis,

desmatamentos e queimadas, motivo esse, segundo os cientistas da teoria do aquecimento

global, que as duas últimas décadas foram as mais quentes.

Neste sentindo, ao tratar da repercussão dos fatos para a sociedade através da

mídia, é que no dia 06 de março de 2015 o portal G1 publica um notícia: “cientistas do

governo dos Estados Unidos indicaram nesta quarta-feira (6) que as concentrações

globais de dióxido de carbono (CO2) atingiram um recorde de média global de 400 partes

por milhão no mês de março1”. O mesmo faz o portal do Jornal O Estado de São Paulo

(Estadão) no 10 de maio de 2013: “Dióxido de carbono atinge marca perigosa na

atmosfera2”

Também, o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas

(IPCC) traz a elevação da temperatura que, até 2100, poderá elevar-se em média 1,8º C a

1 Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/05/concentracao-de-co2-na-atmosfera-bate-recorde-e-

preocupa-diz-agencia.html. Acesso em 03 de julho de 2016. 2 Fonte:http://ciencia.estadao.com.br/blogs/herton-escobar/dioxido-de-carbono-atinge-marca-perigosa-

na-atmosfera/. Acesso em 04 de julho de 2016.

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4º C, nesta perspectiva eleva os níveis dos oceanos entre 18 a 59 cm, o que pode afetar

significativamente as atividades dos seres humanos bem como os ecossistemas terrestres.

Para Oliveira e Rutkowski (2008), há uma indissociabilidade entre as mudanças

socioambientais globais e as mudanças climáticas e suas consequências planetárias. Ou

seja, a crise ambiental exige, necessariamente, o reconhecimento da abertura de um ponto

de cisão entre alternativas de futuro no confronto cultura-natureza e suas interações.

De fato, a temperatura vem sendo alterada. Muitos dizem que essas mudanças

climáticas estão ocorrendo pela variabilidade natural do planeta; um exemplo é a seca que

sempre existiu. O professor e geólogo da University College of London, Martin Keely,

se contrapõe ao Protocolo de Kyoto e discorda da ideia de que o homem é o grande

responsável pelas mudanças climáticas. O cientista afirma: “não encontrei nenhuma

prova conclusiva de que a poluição humana causou qualquer mudança climática. [...]”

(Marcovitch apud Keely, 2006, p. 19). Discordar ou concordar com a contraposição de

Keely é algo que gera muitas incertezas, a variação do clima, seja talvez em escala local

ou regional e promovem alterações na superfície terrestre e desta forma provoca mudança

na vida de pessoas e animais.

Para, Marengo e Valverde (2003), na mesma linha dos resultados do IPCC 2001,

a radiação terrestre é alterada pelas ações antropogênicas e existem evidências de que

impactos extremos como secas, enchentes, ondas de calor e de frio, furacões e

tempestades têm afetado diferentes partes do planeta. O IPPC, sendo órgão das Nações

Unidas (ONU), é responsável por produzir informações científicas; seus relatórios são

baseados na revisão de pesquisas de 2.500 cientistas de todo o mundo. O referido órgão,

desde 1988, vem produzindo este documento. Em 2007, um novo documento foi

divulgado: o relatório é considerado um marco ao afirmar, com 90% de certeza, que os

homens são os responsáveis pelo aquecimento global. Na Figura 1, apresento um gráfico

com demonstração da alteração de temperatura e parte por milhão (ppm) do Gás Carbono

(CO2) entre 1860 ao ano de 2000 lançado na atmosfera na perspectiva das mudanças

climáticas.

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Figura 1: Variações da temperatura, concentração de CO2 e número de manchas solares (sunspots).

Fonte: Adaptada do relatório do IPCC (2007).

Conforme mencionado anteriormente, o clima do mundo vem se alterando, seja

por variabilidade natural do planeta ou pelas ações humanas que têm interferido no

ambiente num ritmo muito acelerado. Existem pesquisas nas duas linhas de

questionamento, mas estudos indicam que a temperatura mundial subiu aproximadamente

5º C em 10 mil anos e que podem aumentar os mesmos 5º C em apenas 200 anos se a

humanidade continuar neste ritmo de produção adotado nas últimas décadas.

Anteriormente comentou-se que existem controvérsias quando se discutem as

mudanças ambientais. Colocam-se então dois cenários extremos ao assunto: um com

maiores emissões, e, portanto, pessimista, e outro menos pessimista. O cenário pessimista

estima um aumento da temperatura em torno de 4º C a 6º C, com ocorrência de extremos

de chuvas e secas, mudanças na distribuição das áreas dos biomas, alteração na

biodiversidade do planeta, grandes impactos na saúde das pessoas, diminuição da

produção agrícola irradiando mais fome no mundo e por último, perda de geração de

energia, hoje válvula propulsora da economia mundial. Jacques Marcovitch (2006, p. 18)

afirma que:

Algumas conclusões assustam. A última década foi a mais quente da história,

segundo a Organização Meteorológica Mundial. A temperatura média do

planeta, que é de 14º C, teve um acréscimo de 0,44º C no ano de 2004. Ele

ainda coloca que o século XX foi o mais quente do milênio e, para os próximos

100 anos, a temperatura do planeta deve continuar aumentar em até 3,5º C. O

ritmo desse aquecimento vem se acelerando. (MARCOVITCH, 2006, p. 18).

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O cenário menos pessimista prevê um aumento médio da temperatura de 1º C a 3º

C e acredita-se que os impactos serão muito parecidos com o cenário pessimista, mas com

menores proporções. Os cenários indicam que há muitos prejuízos causados pela ação

indevida dos seres humanos sobre a natureza, que por sua vez, são irreversíveis. Assim,

na edição de 22 de abril de 2016 do Jornal Nacional é noticiado que um “Acordo para

frear mudanças climáticas é assinado por 175 países3”, em cerimônia da ONU

(Organização das Nações Unidas) sobre o clima. A Revista Época de 28 de março de

2016, traz a seguinte reportagem: “Mudanças climáticas são lente de aumento sobre a

nossa incompetência, o agravamento das mudanças climáticas forçará o governo e a

população brasileira a mudar, sob pena de sucumbirmos ou ficarmos para trás de nossos

concorrentes4”. Com isso verifica-se que, constantemente, as preocupações veiculadas

nos meio de comunicação a respeito da problemática ambiental no mundo são feitas de

forma alarmista.

Em outro noticiário ainda mais catastrofista o O Globo no dia 03 de março de

2015 divulga que as “Mudanças climáticas matarão mais de 500 mil por má alimentação”,

ou seja, “alterações levarão à redução na produção de frutas e vegetais no planeta5”. A

mídia tem se pronunciando na ótica de que as mudanças climáticas são inerentes às ações

antropogênicas.

Para o Instituto Nacional de Pesquisa (INPE)6 a problemática ambiental tem

conduzido ao aumento da temperatura e automaticamente levado ao decréscimo das

chuvas principalmente nas regiões amazônicas que variam acima da média global,

3 http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/04/acordo-para-frear-mudancas-climaticas-e-assinado-

por-175-paises.html Acesso em 02 de julho de 2016. 4 http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2016/03/mudancas-climaticas-sao-lente-

de-aumento-sobre-nossa-incompetencia.html Acesso em 02 de julho de 2016. 5 http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/mudancas-climaticas-matarao-mais-de-500-mil-por-

ma-alimentacao-18795661 Acesso em 03 de julho de 2016. 6 http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=home/page&page=rede_estacoes_auto_graf. Acesso em 23

de outubro de 2015.

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situação retratada no relatório final do projeto Riscos das Mudanças Climáticas no Brasil

– sobre os Impactos das Mudanças Climáticas e os desmatamentos na Amazônia.

Com tanto insucesso de muitas iniciativas de conferências, tratados e acordos de

governos, as pesquisas científicas têm o princípio necessário de desenvolver estudos cujos

resultados sejam capazes de implantar as mudanças nas pessoas abrindo possibilidades

de interação com outras atividades que permitem a produção de efeitos positivos a partir

da prática de sensibilização da sociedade de modo que a mesma tenha mais cuidado com

a natureza.

Há uma necessidade de maior preocupação da humanidade em discutir o assunto,

nesse momento, sobre as mudanças climáticas, sobre o desenvolvimento de nova cultura

do consumismo, das novas tecnologias e de atividades humanas. Cabe questionar até

quando o planeta poderá ser sustentável com essa humanidade que tem costumes

insustentáveis. Os meios de comunicação, por sua vez, abordam a acerca do aquecimento

global, de forma muito simplista e não privilegiam as duas visões da problemática.

Portanto, os estudos levanta dados e faz uma discursão sobre mudanças climáticas

e variabilidades natural, na ótica da mudança do clima, é demostrado em relato e análise

cientista, já para a variabilidade natural, a teoria defende que não existe alteração do clima

através das ações humanas, mas acreditam na existência de alguns alterações somente

local ou regional e não em nível planetário.

E neste caso, os estudos no campo da climatologia geográfica não estão isentos de

engajamento em uma das duas posições supracitadas. E comparando os assuntos

repercutidos na mídia e observando-se o modo como são tratados, percebe-se que muitas

vezes esses dados são manipulados e essas informações são repassadas pelos meios de

comunicação de forma desconectada com a realidade de cada localidade e momento

climático. Segundo Sulaiman, (2011), “O corpus analisado informa, mas também

“deforma”, se não é entendido a partir de uma reflexão crítica. A mídia informa, mas a

formação crítica passa por outros espaços e momentos que permitam a construção de

conhecimento e opinião”.

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