A sociologia nas manifestações multitudinárias

António Pedro Dores

Outubro 2012

Dilemas teóricos formatadores das conciências modernas

Opção demo-liberal• Colectivo e sociedade (urbana)• Povo e sociedade (especializada)• Indivíduo e população (matemática)• Interacção e estruturas (mecanicista)• Acção e sistemas (analítica)• Actores e instituições (racionalista)

Povo

• Controversa e emocionante ascenção social dos marginais (burguesia e proletariado) ao estatuto social padrão (em função do trabalho=dinheiro e já não da honra)

• Conotações que o confundem com a populaça, entidade que pode e deve ser educada para se comportar democratica-mente (regulada sexualmente)

Modernização

• Sociologia da modernização evita temas como violência e estigmas.

• Estado social concentrou-se em conciliar interesses de classe, de nações, e procu-rou levar estes processos a toda a parte.

• A crise de 1973 degenerou em globalização explorada por finanças corporativas (1%) e revelou a democracia como prisão de ferro

Contestações, violências ebodes expiatórios

• FSM ataca o discurso único• Ataque às Torres Gémeas recentra o

debate sobre o uso da violência, sobretudo porque legitimou a guerra contra povos inteiros

• Crise financeira usada contra povos europeus provoca a sua reacção

• Nova relação se estabelece entre activistas e massas

Teorias e dimensões sociológicas

• Economia (rainha) política (tópico central dos media) sociedade e cultura (assuntos menores)

• Alienação decorre do desligar (desvalo-rizar) de dimensões integrantes dos processos (como os salários cujo estatuto é menor do que os juros da dívida)

• Alienação na ciência separa dimensões e hipervaloriza subdisciplinas

Tarefas teóricas nas ciências

• Constatar o esgotamento da solidariedade orgânica

• Estudar e desenvolver estudos sobre a nova moral social, por exemplo, ligando a teoria social às teorias doutrinárias (discussão política da hiper especialização) e à teorias biológicas (ultrapassar o estigma do biologismo)

• Estudo positivo da igualdade (valor e catalizador)

Indisponibilidade sociológica de identificar fenómenos sociais puros

• Manifestações reivindicam política e do controlo da economia fora das instituições

• Manifestações excluem expressão de interesses corporativos ou partidários

• São puras manifestações socio-culturais• Como se justifica a ausência da sociologia

no debate público (ou científico) do fenómeno?

Teoria sem memória

• Viciada na análise da normalidade forjada na última revolução, a teoria social revela-se insensível às “ameaças” de transformação sociais, todavia evidentes para o público

• As transformações revolucionárias de Maio de 68, ou de 1974 em Portugal, revisitadas na memória colectiva, não têm registo na teoria social (aliás alvo de profundas transformações nessas ocasiões)

A revolução

• Sinalizada pelos confrontos com a polícia e com as teorias normalizadas (como as sociais)

• Caracterizada pela tensão entre os custos energéticos e de risco da acção colectiva e a segurança relativa da submissão

• Sem destino, as revoluções podem ser anunciadas pelo espírito do tempo, mas a teoria social não tem instrumentos para os estudar

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