A Torre de Tesouro Esta Dentro de Nos

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Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 544 - 21/12/2013 - Pág.44 - Estudo Impresso por Victor da Silva Francisco (177340-2) página 1 Terceira Civilização - Estudo A Torre de Tesouro está dentro de nós [20] A Torre de Tesouro Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda Trecho da carta A Torre de Tesouro Eu [Nitiren] li atentamente a sua carta [Abutsu-bo]. Também recebi seus oferecimentos de mil moedas, arroz polido e outros artigos para a Torre de Tesouro. Relatei isso com grande respeito ao Gohonzon e ao Sutra de Lótus. Por favor, fique tranquilo. Em sua carta, o senhor pergunta: “Qual é o significado do Buda Muitos Tesouros e sua Torre de Tesouro, que emergiram da terra?”. O ensinamento sobre a Torre de Tesouro é de grande importância. No oitavo volume da obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus, o Grande Mestre Tient’ai explica o surgimento da Torre de Tesouro. Ele afirma que a torre possui duas funções distintas: dar credibilidade aos capítulos anteriores e preparar o caminho para a revelação que virá. Por isso, a Torre de Tesouro surgiu com o propósito de atestar a verdade do ensinamento teórico e introduzir o ensinamento essencial. Em outras palavras, a torre fechada simboliza o ensinamento teórico; e a torre aberta, o ensinamento fundamental. A torre aberta revela os dois elementos da realidade e da sabedoria. No entanto, esse ponto é extremamente complexo, portanto, não entrarei em detalhes neste instante. Em essência, o surgimento da Torre de Tesouro indica que, ao ouvirem o ensinamento do Sutra de Lótus, os três grupos de ouvintes da voz percebem pela primeira vez que a Torre de Tesouro existe dentro da própria vida. Agora, os discípulos e leigos que apoiam Nitiren também começam a compreender essa questão. Nos Últimos Dias da Lei, não existe outra Torre de Tesouro senão a figura dos homens e das mulheres que abraçam o Sutra de Lótus. Nesse sentido, independentemente de as pessoas serem ilustres ou humildes, de classe social alta ou baixa, aquelas que recitam Nam-myoho-rengue-kyo são a própria a Torre de Tesouro e, da mesma forma, o próprio Buda Muitos Tesouros. Não existe outra torre senão o Myoho-rengue-kyo. O Daimoku do Sutra de Lótus é a Torre de Tesouro e a Torre de Tesouro é o Nam-myoho-rengue-kyo. Neste momento, o corpo inteiro do Honorável Abutsu-bo é composto pelos cinco elementos: terra, água, fogo, vento e espaço. Esses cinco elementos são igualmente os cinco ideogramas do Daimoku. Portanto, Abutsu-bo é a própria Torre de Tesouro e a Torre de Tesouro é Abutsu-bo. Nenhum outro conhecimento é relevante. É a Torre de Tesouro adornada com sete tipos de tesouro — ouvir o correto ensinamento, acreditar nesse ensinamento, disciplina aos preceitos, praticar a meditação, manter uma prática assídua, renunciar aos apegos e observar a si mesmo. Talvez o senhor acredite que tenha feito tais oferecimentos à Torre de Tesouro do Buda Muitos Tesouros, mas isso não é verdade. O senhor fez oferecimentos a si próprio. O senhor é Aquele que Traz a Verdade [Buda], originalmente iluminado e dotado com os Três Corpos. O senhor deve recitar o Nam-myoho-rengue-kyo com esta convicção. Assim, o lugar onde o senhor recita Daimoku se tornará a morada da Torre de Tesouro. No sutra

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Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 544 - 21/12/2013 - Pág.44 - Estudo

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Terceira Civilização - Estudo

A Torre de Tesouro está dentro de nós

[20] A Torre de Tesouro

Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda

Trecho da carta

A Torre de Tesouro

Eu [Nitiren] li atentamente a sua carta [Abutsu-bo]. Também recebi seus oferecimentos de mil moedas,

arroz polido e outros artigos para a Torre de Tesouro. Relatei isso com grande respeito ao Gohonzon e

ao Sutra de Lótus. Por favor, fique tranquilo.

Em sua carta, o senhor pergunta: “Qual é o significado do Buda Muitos Tesouros e sua Torre de

Tesouro, que emergiram da terra?”. O ensinamento sobre a Torre de Tesouro é de grande importância.

No oitavo volume da obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus, o Grande Mestre Tient’ai explica o

surgimento da Torre de Tesouro. Ele afirma que a torre possui duas funções distintas: dar credibilidade

aos capítulos anteriores e preparar o caminho para a revelação que virá. Por isso, a Torre de Tesouro

surgiu com o propósito de atestar a verdade do ensinamento teórico e introduzir o ensinamento

essencial. Em outras palavras, a torre fechada simboliza o ensinamento teórico; e a torre aberta, o

ensinamento fundamental. A torre aberta revela os dois elementos da realidade e da sabedoria. No

entanto, esse ponto é extremamente complexo, portanto, não entrarei em detalhes neste instante.

Em essência, o surgimento da Torre de Tesouro indica que, ao ouvirem o ensinamento do Sutra de

Lótus, os três grupos de ouvintes da voz percebem pela primeira vez que a Torre de Tesouro existe

dentro da própria vida. Agora, os discípulos e leigos que apoiam Nitiren também começam a

compreender essa questão. Nos Últimos Dias da Lei, não existe outra Torre de Tesouro senão a figura

dos homens e das mulheres que abraçam o Sutra de Lótus. Nesse sentido, independentemente de as

pessoas serem ilustres ou humildes, de classe social alta ou baixa, aquelas que recitam

Nam-myoho-rengue-kyo são a própria a Torre de Tesouro e, da mesma forma, o próprio Buda Muitos

Tesouros. Não existe outra torre senão o Myoho-rengue-kyo. O Daimoku do Sutra de Lótus é a Torre

de Tesouro e a Torre de Tesouro é o Nam-myoho-rengue-kyo.

Neste momento, o corpo inteiro do Honorável Abutsu-bo é composto pelos cinco elementos: terra,

água, fogo, vento e espaço. Esses cinco elementos são igualmente os cinco ideogramas do Daimoku.

Portanto, Abutsu-bo é a própria Torre de Tesouro e a Torre de Tesouro é Abutsu-bo. Nenhum outro

conhecimento é relevante. É a Torre de Tesouro adornada com sete tipos de tesouro — ouvir o correto

ensinamento, acreditar nesse ensinamento, disciplina aos preceitos, praticar a meditação, manter uma

prática assídua, renunciar aos apegos e observar a si mesmo. Talvez o senhor acredite que tenha feito

tais oferecimentos à Torre de Tesouro do Buda Muitos Tesouros, mas isso não é verdade. O senhor fez

oferecimentos a si próprio. O senhor é Aquele que Traz a Verdade [Buda], originalmente iluminado e

dotado com os Três Corpos. O senhor deve recitar o Nam-myoho-rengue-kyo com esta convicção.

Assim, o lugar onde o senhor recita Daimoku se tornará a morada da Torre de Tesouro. No sutra

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consta: “Se existe um local onde o Sutra de Lótus é pregado, então minha Torre de Tesouro surgirá

neste ponto”. Uma fé como a sua é extremamente rara, por essa razão, inscreverei a Torre de Tesouro

especialmente para o senhor. Jamais deve transferi-la a qualquer outra pessoa, exceto para seu filho.

O senhor jamais deve mostrá-la aos outros, a menos que eles possuam uma fé inabalável. Essa é a

razão de meu advento neste mundo.

Abutsu-bo, o senhor merece ser chamado de líder desta província do norte. Será que o senhor é o

Bodhisattva Práticas Puras que renasceu neste mundo como Abutsu-bo e veio me visitar? Que

maravilhoso! Que esplêndido! Minha compreensão é insuficiente para explicar tamanha fé. Deixarei

essa tarefa para o Bodhisattva Práticas Superiores, quando ele fizer seu advento, pois ele tem o poder

de compreender tais coisas. Não digo isso sem uma boa razão. O senhor e sua esposa devem devotar

[suas orações diante] desta Torre de Tesouro de forma reservada. Explicarei com mais detalhes depois.

Com meu profundo respeito,

Nitiren

(END, v. 5, p. 8-10.)

Explanação

Ninguém é mais nobre ou perspicaz que as pessoas comuns. A época está claramente se movendo em

direção a uma era do povo. No entanto, a tendência negativa de considerar o povo como mero meio

para um fim e pisotear a humanidade e a dignidade das pessoas ainda persiste. É justamente por isso

que, ao nos encontrarmos nesta encruzilhada, cultivar indivíduos com convicção inabalável é

extremamente vital.

Acredito firmemente que as preocupações mais relevantes da religião no século 21 devem ser criar

indivíduos capazes de transformar positivamente o espírito da sociedade, formar uma corrente de

respeito a todas as pessoas, e fazer do respeito pela dignidade da vida um valor universal. Pois, são

essas pessoas que abrirão o caminho para a edificação desta era do povo. Essa triunfante era

começará a despontar quando despertarmos para o tesouro que existe em nossa vida.

Tudo começa com a

nossa revolução humana

Qual é o verdadeiro tesouro da nação, da sociedade que criará uma nova era?

O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que passou mais de 27 anos na prisão por causa de

suas crenças, sobrepujou o mal do apartheid e marcou o início de um novo amanhecer de vitórias para

o seu povo. Ao falar sobre sua fé nos seres humanos, ele afirmou: “A maior riqueza [do meu país] é o

seu povo, mais magnífico e verdadeiro que os diamantes mais puros”.1 Tal como ele disse, as pessoas

são verdadeiramente o maior tesouro.

O surgimento de princípios fará, infalivelmente, as pessoas mudarem a sociedade para melhor. Cada

indivíduo é realmente um supremo tesouro. Assim, a revitalização espiritual de cada um é importante

como ponto de partida para todas as mudanças positivas.

Nossa grandiosa revolução humana começa quando despertamos para o verdadeiro aspecto de nossa

vida. Quando nos tornamos conscientes do imenso potencial e da dignidade de nossa própria vida,

naturalmente, reconheceremos o mesmo nos outros.

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Por meio do desenvolvimento de genuíno respeito pela dignidade e pelo valor de si mesmo e do outro,

a humanidade como um todo eleva seu estado de vida. Ao romper a escuridão fundamental ou a

ignorância,2 que turva nossa percepção tanto do nosso próprio potencial quanto o potencial do outro, a

humanidade pode transformar seu carma do conflito e da discórdia.

Quando nos levantamos e agimos com a consciência de que nossa própria vida é a “Torre de Tesouro”

extremamente nobre, é possível erguermos grandes torres da paz e da felicidade em todo o mundo.

Este é o objetivo do Budismo Nitiren.

Nossa revolução interior é a chave para tudo.

Despertar para o nosso verdadeiro eu original é o tema do escrito “A Torre de Tesouro” de Nitiren

Daishonin, dirigido a seu discípulo Abutsu-bo. Nesta edição, vamos estudar como Daishonin ensinou a

ele este princípio essencial.

Eu [Nitiren] li atentamente a sua carta [Abutsu-bo]. Também recebi seus oferecimentos de mil

moedas, arroz polido e outros artigos para a Torre de Tesouro [ou seja, o Gohonzon ou o

Nam-myoho-rengue-kyo]. Relatei isso com grande respeito ao Gohonzon e ao Sutra de Lótus.

Por favor, fique tranquilo.

Em sua carta, o senhor pergunta: “Qual é o significado do Buda Muitos Tesouros e sua Torre de

Tesouro, que emergiram da terra [no 11º capítulo do Sutra de Lótus, ‘Surgimento da Torre de

Tesouro’]?”. O ensinamento sobre a Torre de Tesouro é de grande importância. No oitavo

volume da obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus, o Grande Mestre Tient’ai [da China]3

explica o surgimento da Torre de Tesouro. Ele afirma que a torre possui duas funções distintas:

dar credibilidade aos capítulos anteriores [do sutra] e preparar o caminho para a revelação que

virá. Por isso, a Torre de Tesouro surgiu com o propósito de atestar a verdade do ensinamento

teórico [dos catorze primeiros capítulos do sutra] e introduzir o ensinamento essencial [dos

catorze últimos capítulos do sutra]. Em outras palavras, a torre fechada simboliza o

ensinamento teórico; e a torre aberta, o ensinamento fundamental. A torre aberta revela os dois

elementos da realidade e da sabedoria.4 No entanto, esse ponto é extremamente complexo,

portanto, não entrarei em detalhes neste instante.

Em essência, o surgimento da Torre de Tesouro indica que ao ouvirem o ensinamento do Sutra

de Lótus, os três grupos de ouvintes da voz5 percebem pela primeira vez que a Torre de

Tesouro existe dentro da própria vida (END, v. 5, p. 7).

O magnífico drama do surgimento da Torre de Tesouro

Não é certo se Nitiren Daishonin escreveu “A Torre de Tesouro” durante o exílio em Sado6 ou depois

de ter ido morar no Monte Minobu. Mas recentes pesquisas indicam que, com base no conteúdo da

carta, ela tenha sido escrita quando ele estava no Monte Minobu.

O trecho inicial da carta louva os sinceros oferecimentos de Abutsu-bo, as mil moedas, o arroz polido e

outros artigos. Daishonin também diz que Abutsu-bo havia escrito para ele com a seguinte questão

doutrinária: “Qual é o significado do Buda Muitos Tesouros e sua Torre de Tesouro, que emergiram da

terra?” (END, v. 5, p. 7)

Para esclarecer o significado deste questionamento, começaremos revendo a cena em que a Torre de

Tesouro surge no 11º capítulo do Sutra de Lótus, “Surgimento da Torre de Tesouro”.

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O capítulo começa descrevendo a Torre de Tesouro, que de repente surge diante dos olhos daqueles

que se reuniam na Assembleia no Pico da Águia. A enorme torre emerge da terra e fica suspensa no

ar. Então, ouve-se uma voz alta vinda do interior dela: “Maravilhoso, maravilhoso! Sakyamuni, o

Honrado pelo Mundo, em quem se pode ter a grande sabedoria da igualdade, um ensinamento para

instruir os bodhisattvas, guardado e mantido em mente pelos budas, o Sutra de Lótus da Maravilhosa

Lei, e o prega pelo bem da grande assembleia! É como o senhor diz, como o senhor diz. Sakyamuni, o

Honrado pelo Mundo, tudo o que o senhor expôs é verdade” (LSOC, cap. 11, p. 209-210 [LS, cap. 11,

p. 171]) .

A voz é do Buda Muitos Tesouros, o Buda do passado, vindo da Terra Pureza de Tesouro, a leste, que

prometeu surgir com sua Torre de Tesouro, a fim de atestar a validade do Sutra de Lótus, onde quer

que este fosse ensinado.

Até aqui, no entanto, a porta da torre permanece fechada e ninguém ainda tinha visto o Buda Muitos

Tesouros sentado em seu interior.

Após, a voz relatou vários acontecimentos surpreendentes, como a “purificação da terra por três

vezes”,7 que prepara o caminho para o encontro da emanação de budas8 dos mundos das dez

direções . Depois de chegar, Sakyamuni sobe e abre a porta da Torre de Tesouro e dentro dela se

senta ao lado do Buda Muitos Tesouros. Com essa série de eventos extraordinários, começa a

Cerimônia no Ar.9 Toda essa esplêndida cerimônia se inicia com o surgimento da Torre de Tesouro.

A Torre de Tesouro é de uma proporção espantosa. É uma enormidade com 500 yojanas10 de altura e

250 yojanas de largura e profundidade — estima-se, de acordo com um cálculo aproximado, que isso

corresponda a cerca de um terço do diâmetro da Terra.

A torre é adornada com sete tipos de tesouro: ouro, prata, lápis-lazúli, madrepérola, ágata, pérola e

cornalina.

Imaginando essa torre colossal, brilhante, suspensa no ar bem diante dos olhos, uma visão de

incomparável magnitude, Abutsu-bo, sem dúvida, teve de pedir para que Daishonin explicasse o seu

significado, daí a pergunta: “Qual é o significado do Buda Muitos Tesouros e sua Torre de Tesouro, que

emergiram da terra?” (END, v. 5, p. 7)

Descobrir a Torre de Tesouro em nossa própria vida

Há muito tempo existem diversas explicações e interpretações sobre o significado da Torre de Tesouro

que aparece no Sutra de Lótus. No entanto, Nitiren Daishonin declara firmemente que nós mesmos

somos a Torre de Tesouro, e que a Torre de Tesouro é também o Gohonzon. Pelo fato de o surgimento

da Torre de Tesouro ter um significado tão profundo e grandioso, Daishonin afirma: “O ensinamento

sobre a Torre do Tesouro é de grande importância” (END, v. 5, p. 7).

Nitiren Daishonin começa sua explicação referindo-se à obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus do

Grande Mestre Tient’ai, afirmando que o surgimento da Torre de Tesouro tem dois propósitos: (1) dar

credibilidade aos primeiros capítulos do sutra [ensinamento teórico], e (2) preparar o caminho para a

revelação que virá nos capítulos seguintes [ensinamento essencial]. Dito de outra forma, diz ele, “a

torre fechada simboliza o ensinamento teórico; e a torre aberta, o ensinamento fundamental” (END, v.

5, p. 7). Contudo, afirma Daishonin: “esse ponto é extremamente complexo, por isso não entrarei em

detalhes neste momento” (END, v. 5, p. 7). Pode-se supor que a razão de ter dito isto é que ele queria ir

diretamente à sua própria conclusão, tocando no cerne da questão. Ele diz: “Em essência, o surgimento

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da Torre de Tesouro indica que, ao ouvirem o ensinamento do Sutra de Lótus, os três grupos de

ouvintes da voz percebem pela primeira vez que a Torre de Tesouro existe dentro da própria vida”

(END, v. 5, p. 7).

A expressão “Três grupos de ouvintes da voz” refere-se aos discípulos-ouvintes de Sakyamuni, os

quais têm a iluminação profetizada no ensinamento teórico (na primeira metade) do Sutra de Lótus.

Nitiren Daishonin afirma que o significado do surgimento da Torre de Tesouro é que esses discípulos,

ao ouvirem o ensinamento do Sutra de Lótus “percebem pela primeira vez que a Torre de Tesouro

existe dentro da própria vida” (END, v. 5, p. 7). Eles chegaram à percepção de que a gigante Torre de

Tesouro que eles julgavam ter surgido fora deles, na realidade, apareceu dentro deles.

Para eles, isso era algo revolucionário, em certo sentido, tal como a visão de mundo geocêntrica de

Ptolomeu foi derrubada pela visão heliocêntrica de Copérnico na Idade Média. Por exemplo, em sua

obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus, Tient’ai explica que a Torre de Tesouro é o corpo do Buda

do Dharma11 e foi vista por aqueles que estavam na Assembleia no Pico da Águia, mas não chega a

mencionar que eles compreenderam que a Torre de Tesouro estava em sua própria vida.

Assim como o título completo do 11º capítulo do Sutra de Lótus indica, a Torre de Tesouro “emerge” ou

“surge” dentro de nós. A resplandecente Torre de Tesouro aparece majestosamente no universo interior

da nossa vida, e notamos isso e despertamos para a sua presença. O surgimento da Torre de Tesouro

significa reconhecer que ela é uma representação da verdadeira realidade da nossa própria vida.

Que tipo de Torre de Tesouro nós, como pessoas dos Últimos Dias da Lei, vemos dentro de nós ao

ouvirmos os ensinamentos do Sutra de Lótus? Daishonin continua a explicação sobre o significado

dessa grande Torre de Tesouro interna com mais detalhes.

Agora, os discípulos e leigos que apoiam Nitiren também começam a compreender essa questão

[de que a Torre de Tesouro existe dentro da sua vida]. Nos Últimos Dias da Lei, não existe outra

Torre de Tesouro senão a figura dos homens e das mulheres que abraçam o Sutra de Lótus.

Nesse sentido, independentemente de as pessoas serem ilustres ou humildes, de classe social

alta ou baixa, aquelas que recitam Nam-myoho-rengue-kyo são a própria a Torre de Tesouro e,

da mesma forma, o próprio Buda Muitos Tesouros (END, v. 5, p .8).

Aqueles que abraçam o Sutra de Lótus nos Últimos Dias da Lei são a própria

Torre de Tesouro

Nitiren Daishonin afirma: “Agora, os discípulos e leigos que apoiam Nitiren também começam a

compreender essa questão” (END, v. 5, p. 8), no sentido de que, assim como os ouvintes da voz da

época de Sakyamuni, agora, seus discípulos nos Últimos Dias da Lei notam e despertam a Torre de

Tesouro dentro da sua própria vida.

E, logo em seguida, vem a conhecida passagem: “Nos Últimos Dias da Lei, não existe outra Torre de

Tesouro senão a figura dos homens e das mulheres que abraçam o Sutra de Lótus. Nesse sentido,

independentemente de as pessoas serem ilustres ou humildes, de classe social alta ou baixa, aquelas

que recitam Nam-myoho-rengue-kyo são a própria a Torre de Tesouro e, da mesma forma, o próprio

Buda Muitos Tesouros” (END, v. 5, p .8).

Aliás, o fundador e primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti, sublinhou esse trecho

em vermelho em seu Gosho e inúmeras outras frases de a “A Torre de Tesouro”, o que indica que ele

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também estudou atentamente essa carta.

Quão tocante e surpreendente deve ter sido para Abutsu-bo e sua esposa Senniti ler estas palavras de

Daishonin que explicam o significado da “Torre de Tesouro”, não só em termos das passagens do

sutra, mas também identificando-a diretamente com a própria vida deles. Talvez o casal de idosos

tenha sorrido um para o outro, compartilhando uma profunda gratidão pela explicação de Nitiren

Daishonin.

Nitiren Daishonin declara que a vida de todas as pessoas são a “Torre de Tesouro”,

“independentemente de serem ilustres ou humildes, de classe social alta ou baixa” (END, v. 5, p. 8). No

Budismo, a posição social é irrelevante. Em Registro dos Ensinos Orais, Daishonin afirma: “Quando se

observa o próprio corpo, percebe-se que ele é uma estupa [ou seja, uma torre] dotada dos três mil

mundos.12 E quando se olha para a mente, percebe-se que é um buda dotado dos três mil mundos”

(OTT, p. 229). Podemos dizer que essa passagem indica que o nosso corpo é a Torre de Tesouro, e

que o Buda Muitos Tesouros sentado em seu interior é a nossa mente.

Isso representa uma filosofia que defende o respeito absoluto por todos os seres humanos. Aqueles

que não reconhecem a dignidade e o valor da vida de todas as pessoas e discriminam os outros estão,

na verdade, diminuindo a eles próprios. Valorizar e respeitar os demais são o caminho para fazer brilhar

a nossa própria Torre de Tesouro.

Comprovar a grandiosidade da Lei Mística por meio de nossas ações

Nessa passagem, Nitiren Daishonin também se refere à “figura dos homens e das mulheres que

abraçam o Sutra de Lótus”. A palavra “figura” engloba aspectos tais como o nosso aspecto físico e

nossas ações. Ele não se refere a algo abstrato ou ideal, mas sim à realidade concreta de nossa vida, a

forma como nós sinceramente nos dedicamos aos afazeres cotidianos, aqui e agora.

Daishonin declara que não existe nenhuma Torre de Tesouro que não sejam os seres humanos reais. A

vida daqueles que abraçam a fé no Gohonzon, recitam Nam-myoho-rengue-kyo e propagam o

Budismo, dia após dia, brilha como entidade da Lei Mística. Cada um de nós, tal como somos,

enquanto vivenciamos as alegrias e os sofrimentos deste mundo, somos uma Torre de Tesouro

infinitamente nobre.

E não há quaisquer outras torres de tesouro que brilhem mais intensamente que nossos membros da

SGI, que lutam incansavelmente neste mundo repleto de angústias para transformar o próprio carma e

contribuir para a felicidade dos outros, sem se intimidarem com os comentários negativos de pessoas

mesquinhas.

Nitiren Daishonin afirma que “aquelas que recitam Nam-myoho-rengue-kyo são a própria a Torre de

Tesouro e, da mesma forma, o próprio Buda Muitos Tesouros” (END, v. 5, p .8). A razão pela qual ele

diz que aqueles que recitam Nam-myoho-rengue-kyo são eles próprios o Buda Muitos Tesouros é que

atestam a validade do Sutra de Lótus, assim como ocorreu no último trecho. Aqueles que testemunham

não são de modo algum meros espectadores passivos. Eles comprovam de forma ativa a Lei Mística

como a verdade mais altiva e a chave para alcançar o estado de Buda, desejando assumir o juramento

de ir onde o ensinamento budista estiver sendo explicado ou compartilhado.

Não poderia deixar de mencionar os heroicos esforços dos nossos estimados pioneiros, os membros do

Grupo Muitos Tesouros, que verdadeiramente incorporam esse ideal. Meu mestre e segundo

presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, também elogiou por diversas vezes nossos membros mais

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idosos que possuíam uma rica experiência de vida chamando-os de “aqueles que testemunham tal

como o Buda Muitos Tesouros” e de “nossos nobres companheiros Muitos Tesouros”. Vários

integrantes do Grupo Muitos Tesouros vêm perseverando sinceramente em sua prática budista há

vinte, trinta ou mesmo cinquenta anos. Esforçando-se ao meu lado, eles venceram inúmeros revezes

em nossa batalha pelo Kossen-rufu e também em sua vida pessoal. E continuam a bradar e demonstrar

por meio de suas ações a grandiosidade do Budismo Nitiren e da Soka Gakkai. Apesar de não serem

famosos, da perspectiva do Budismo, ninguém é mais nobre ou heroico que eles. Suas confiantes

palavras carregam o peso de longos anos de experiência de uma vida rica. Sua própria vida é uma

prova da verdade da Lei Mística.

Após o terremoto e tsunami que assolaram o Japão em 11 de março [de 2011], em meio a sofrimentos

e amarguras, um membro do Grupo Muitos Tesouros compôs estes versos, prometendo se reerguer e

reconstruir sua vida. Suas palavras fizeram lágrimas brotarem em meus olhos:

Apesar de tudo

Que foi tirado de mim,

Algo persiste:

A chama acesa em meu coração.

Membros mais idosos residentes nas áreas afetadas pela tragédia avançam com um espírito invencível,

determinados a jamais serem derrotados. Eles são amados e confiados por seus amigos e pelas

pessoas em geral em suas comunidades devido à sua inabalável convicção. Cada um deles é

realmente uma magnífica Torre de Tesouro e um Buda Muitos Tesouros que atestam a verdade dos

ensinamentos de Nitiren Daishonin.

Minha esposa e eu oramos fervorosamente pela a saúde e longevidade de todos os nossos membros

que estão em seus anos dourados tanto no Japão como ao redor do globo.

Não existe outra torre senão o Myoho-rengue-kyo.13 O Daimoku do Sutra de Lótus é a Torre de

Tesouro e a Torre de Tesouro é o Nam-myoho-rengue-kyo.

Neste momento, o corpo inteiro do Honorável Abutsu-bo é composto pelos cinco elementos:

terra, água, fogo, vento e espaço.14 Esses cinco elementos são igualmente os cinco ideogramas

do Daimoku. Portanto, Abutsu-bo é a própria Torre de Tesouro e a Torre de Tesouro é

Abutsu-bo. Nenhum outro conhecimento é relevante. É a Torre de Tesouro adornada com sete

tipos de tesouro — ouvir o correto ensinamento, acreditar nesse ensinamento, disciplina aos

preceitos, praticar a meditação, manter uma prática assídua, renunciar aos apegos e observar a

si mesmo (END, v. 5, p. 8-9).

Gohonzon, o límpido espelho a iluminar todas as pessoas

A partir deste trecho, Nitiren Daishonin enfatiza que Abutsu-bo é a própria a Torre de Tesouro do

Myoho-rengue-kyo, adornada com os sete tipos de tesouro, e que Abutsu-bo é o próprio Buda. Ele

então explica por que afirma que Abutsu-bo é a Torre de Tesouro.

Ele inicia dizendo: “O Daimoku do Sutra de Lótus é a Torre de Tesouro e a Torre de Tesouro é o

Nam-myoho-rengue-kyo” (END, v. 5, p. 8). A Torre de Tesouro do Sutra de Lótus não é outra senão o

Nam-myoho-rengue-kyo. O Daimoku do Sutra de Lótus é a Torre de Tesouro, que Daishonin inscreveu

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na forma do Gohonzon, o objeto de devoção.

No Registro dos Ensinos Orais, Daishonin diz: “Agora que Nitiren e seus discípulos recitam

Nam-myoho-rengue-kyo, eles enxergam e compreendem os dez mil fenômenos como se estivessem

refletidos num espelho límpido. Esse espelho límpido é o Sutra de Lótus; e, em particular, é o capítulo

‘Surgimento da Torre de Tesouro’” (OTT, p. 149).

Sem um espelho não conseguimos enxergar o nosso rosto. Da mesma forma, também precisamos de

um espelho límpido, a fim de ver a Torre de Tesouro de nossa própria vida. Daishonin inscreveu o

Gohonzon para servir como esse espelho. O Gohonzon é a representação do seu próprio estado de

iluminação, como Buda, dos Últimos Dias da Lei. Portanto, quando recitamos Nam-myoho-rengue-kyo

diante do Gohonzon como nosso espelho límpido, nosso próprio estado de Buda inerente à nossa vida

emerge poderosamente. O objetivo do Gohonzon é fazer surgir essa Torre de Tesouro dentro de cada

um de nós.

Somos a Torre de Tesouro da Lei Mística

No trecho seguinte, Nitiren Daishonin afirma: “O corpo inteiro do Honorável Abutsu-bo é composto

pelos cinco elementos: terra, água, fogo, vento e espaço. Esses cinco elementos são igualmente os

cinco ideogramas do Daimoku [Myoho-rengue-kyo]” (END, v. 5, p. 8-9). Em resumo, nosso próprio

corpo é uma entidade do Myoho-rengue-kyo, ou Lei Mística. A Torre de Tesouro representa cada um de

nós que recitamos Nam-myoho-rengue-kyo. Este é o significado da declaração de Nitiren Daishonin:

“Abutsu-bo é a própria Torre de Tesouro e a Torre de Tesouro é Abutsu-bo” (END, v. 5, p. 9). Essas

palavras douradas, em sua essência, podem ser vistas como a conclusão do Budismo Nitiren, e é por

isso que logo em seguida Daishonin ressalta: “Nenhum outro ensinamento é relevante” (END, v. 5, p.

9).

Essa é a profunda visão do Buda dos Últimos Dias da Lei. Para Nitiren Daishonin, a Torre de Tesouro

infinitamente preciosa não brilha de forma mais reluzente em nenhum outro lugar que não seja na vida

das pessoas comuns desta conturbada era. Se toda a humanidade conseguisse perceber a suprema

dignidade e o valor de cada pessoa, o rumo da história mudaria para melhor. O ponto essencial está

em reconhecer a dignidade da vida de cada pessoa, em abrir os nossos olhos para quanto cada

indivíduo é precioso e digno de respeito.

O filósofo americano Henry David Thoreau (1817–1862), falando sobre a evolução gradual dos

sistemas políticos para a democracia, descreveu esse processo como “um progresso em direção ao

verdadeiro respeito pelo indivíduo”.15 Em outras palavras, a humanidade só evoluirá genuinamente

quando a sociedade respeitar, valorizar e capacitar todo e qualquer indivíduo de forma adequada à sua

verdadeira dignidade e valores que possuem originalmente em seu interior.

Thoreau observou um futuro de realização desse ideal social: “Jamais haverá um Estado realmente

livre e esclarecido, até que este passe a reconhecer o indivíduo como o maior e mais independente

poder, do qual todo o seu comando e sua autoridade são derivados, e tratá-lo adequadamente”.16

O capítulo “Surgimento da Torre de Tesouro” ensina que a vida de cada pessoa tem um valor e um

brilho iguais aos do próprio universo, superando os valores de qualquer nação ou mesmo o mundo

como um todo. Cada indivíduo é a personificação dessa dignidade. O verdadeiro significado do

surgimento da Torre de Tesouro do Sutra de Lótus é despertar as pessoas para este sublime potencial

inato que todos nós possuímos.

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Os esforços que empreendemos em nossa prática budista são os sete tipos de

tesouro

Nitiren Daishonin, então, continua: “É a Torre de Tesouro adornada com os sete tipos de tesouro —

ouvir o correto ensinamento, acreditar nesse ensinamento, disciplina aos preceitos, praticar a

meditação, manter uma prática assídua, renunciar aos apegos e observar a si mesmo” (END, v. 5, p.

8-9).

Se a Torre de Tesouro é a própria vida das pessoas comuns, então o que seriam os sete tipos de

tesouro que adornam a vida dos que abraçam a Lei Mística, que correspondem aos sete tipos de

preciosidades, tal como ouro, prata e lápis-lazúli que adornam a Torre de Tesouro no Sutra de Lótus?

Daishonin diz que eles são os sete elementos indispensáveis à prática budista — “ouvir o correto

ensinamento, acreditar nesse ensinamento, disciplina aos preceitos, praticar a meditação, manter uma

prática assídua, renunciar aos apegos e observar a si mesmo” (END, v. 5, p. 9).

Para nós, que praticamos o Budismo Nitiren, esses sete tipos de tesouro representam: (1) ouvir o

ensinamento da Lei Mística, (2) acreditar na Lei Mística, (3) disciplinas aos preceitos da Lei Mística [ou

seja, abraçar e proteger o Sutra de Lótus (o Gohonzon) (cf. OTT, p. 37)], (4) concentrar nossa mente na

Lei Mística [ou seja, orar ao Gohonzon], (5) esforçar-se diligentemente na fé e na prática, (6) erradicar o

nosso egocentrismo, pondo a fé em primeiro lugar, e (7) exercitar a sincera autorreflexão e tentar

continuamente melhorar a si mesmo dia após dia.Daishonin ensina que todos esses elementos

compõem a fé na Lei Mística. De fato, se analisarmos as nossas atividades diárias na SGI, podemos

ver que esta afirmação é verdadeira.

No que diz respeito aos sete tipos de tesouro, em última análise, eles não são joias ou pedras

preciosas que adornam a nossa vida e a Torre de Tesouro (natureza de Buda) em nosso interior, mas

sim nosso coração e nossas ações.

Talvez o senhor [Abutsu-bo] acredite que tenha feito tais oferecimentos à Torre de Tesouro do

Buda Muitos Tesouros, mas isso não é verdade. O senhor fez oferecimentos a si próprio. O

senhor é Aquele que Traz a Verdade [Buda] originalmente iluminado e dotado com os Três

Corpos.17 O senhor deve recitar o Nam-myoho-rengue-kyo com esta convicção. Assim, o lugar

onde o senhor recita Daimoku se tornará a morada da Torre de Tesouro. No [capítulo

“Surgimento da Torre de Tesouro” do] sutra consta: “Se existe um local onde o Sutra de Lótus é

pregado, então minha Torre de Tesouro surgirá neste ponto” [cf. LSOC, cap. 11, p. 210 (LS, cap.

11, p. 171)].18 Uma fé como a sua é extremamente rara, por essa razão, inscreverei a Torre de

Tesouro [na forma de Gohonzon] especialmente para o senhor. Jamais deve transferi-la a

qualquer outra pessoa, exceto para seu filho. O senhor jamais deve mostrá-la aos outros, a

menos que eles possuam uma fé inabalável. Essa é a razão de meu advento neste mundo.

Abutsu-bo, o senhor merece ser chamado de líder desta província do norte [denominada Sado].

Será que o senhor é o Bodhisattva Práticas Puras19 que renasceu neste mundo como

Abutsu-bo e veio me visitar? Que maravilhoso! Que esplêndido! Minha compreensão é

insuficiente para explicar tamanha fé. Deixarei essa tarefa para o Bodhisattva Práticas

Superiores [que lidera os Bodhisattvas da Terra],20 quando ele fizer seu advento, pois ele tem o

poder de compreender tais coisas. Não digo isso sem uma boa razão. O senhor e sua esposa

devem devotar [suas orações diante] desta Torre de Tesouro [o Gohonzon] de forma reservada.

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Explicarei com mais detalhes depois.

Com meu profundo respeito,

Nitiren

(END, v. 5, p. 9-10.)

A Torre de Tesouro surge em nossa vida exatamente onde estamos agora

Nesta passagem, Nitiren Daishonin escreve: “Talvez o senhor [Abutsu-bo] acredite que tenha feito tais

oferecimentos à Torre de Tesouro do Buda Muitos Tesouros, mas isso não é verdade. O senhor fez

oferecimentos a si próprio” (END, v. 5, p. 9). Os oferecimentos que fazemos à Torre de Tesouro — isto

é, ao Gohonzon — são, na verdade, oferecimentos a nós mesmos.

Daishonin também afirma que o próprio Abutsu-bo é “Aquele que Traz a Verdade [Buda] originalmente

iluminado e dotado com os três corpos” (END, v. 5, p. 9) — que significa um buda completo e perfeito.

Esta é uma extraordinária declaração de que cada um de nós é originalmente um buda.

O Gohonzon nos permite elevar nossa condição de vida e evidenciarmos o nosso melhor. Isso é o que

distingue o Budismo Nitiren como um ensinamento verdadeiramente humanista. Além disso, somos

“Aquele que Traz a Verdade [Buda] originalmente iluminado e dotado com os Três Corpos” e somos a

Torre de Tesouro, portanto, onde quer que estejamos, este é o local da Torre de Tesouro. Tal como

Daishonin escreve nesta carta: “o lugar onde o senhor recita Daimoku se tornará a morada da Torre de

Tesouro” (END, v. 5, p. 9). Isso significa que não precisamos buscar a Torre de Tesouro em qualquer

outro lugar.

A todo momento e onde quer que oremos com forte fé no Gohonzon, esse tempo e esse lugar se

tornarão imediatamente a Cerimônia no Ar e o Pico da Águia, e a Torre de Tesouro se erguerá bem

alta.

Elogios e anseios de Nitiren Daishonin a seu fiel discípulo

Nitiren Daishonin representou Torre de Tesouro do Sutra de Lótus visualmente na forma do Gohonzon.

Ele diz a Abutsu-bo: “inscreverei a Torre de Tesouro especialmente para o senhor” (END, v. 5, p. 9).

“Inscrever a Torre de Tesouro” significa inscrever o Nam-myoho-rengue-kyo como objeto de devoção, o

Gohonzon, por meio do qual Daishonin firmou o caminho para todas as pessoas atingirem o estado de

Buda na realidade atual de sua vida diária. Este é o propósito fundamental de seu advento neste

mundo como o Buda dos Últimos Dias da Lei.

Elogiando a resoluta fé e a prática altruísta de Abutsu-bo, Nitiren Daishonin o chama de “líder desta

província do norte [denominada Sado]” (END, v. 5, p. 9). Abutsu-bo era de fato um genuíno líder do

Kossen-rufu.

Aqueles que despertaram para o fato de que eles são também a Torre de Tesouro, naturalmente,

percebem que a Torre de Tesouro existe igualmente na vida dos demais e, por isso, procuram ajudar

os outros a descobrir a Torre de Tesouro dentro de si, da mesma forma. Começando por Abutsu-bo,

muitas pessoas em toda região de Sado e nos arredores do norte do Japão um dia viriam a abraçar a fé

no Budismo Nitiren e brilhariam como torres de tesouro. Podemos ler essas palavras de Daishonin

como um sério incentivo a Abutsu-bo, solicitando que se levantasse e lutasse junto com ele, como um

verdadeiro discípulo e líder do Kossen-rufu.

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É também por essa razão que Nitiren Daishonin afirma: “Será que o senhor é o Bodhisattva Práticas

Puras que renasceu neste mundo como Abutsu-bo” (END, v. 5, p. 9-10). Daishonin, sem dúvida, sentiu

que o apoio e a proteção oferecidos por Abutsu-bo, sob risco de morte, se deviam a algum laço budista

maravilhoso do passado que os ligava. Expressando sua sincera gratidão à devoção de Abutsu-bo,

Nitiren Daishonin exclama: “Que maravilhoso! Que esplêndido! Minha compreensão é insuficiente para

explicar tamanha fé. Deixarei essa tarefa para o Bodhisattva Práticas Superiores [que lidera os

Bodhisattvas da Terra], quando ele fizer seu advento, pois ele tem o poder de compreender tais coisas”

(END, v. 5, p. 10).

No final, Nitiren Daishonin incentiva Abutsu-bo e sua esposa Senniti a protegerem cuidadosamente o

Gohonzon e a recitarem Nam-myoho-rengue-kyo diante dele. Ele escreve: “O senhor e sua esposa

devem devotar [suas orações diante] desta Torre de Tesouro [o Gohonzon] de forma reservada” (END,

v. 5, p. 10). A razão pela qual ele emprega a expressão “de forma reservada” se deve provavelmente

ao fato de que, mesmo depois de ter sido perdoado do exílio em Sado, a situação ainda era difícil para

os seus discípulos naquela remota ilha. Talvez por isso ele os convoque a tomar o máximo cuidado

com o Gohonzon e a recitar Daimoku diante dele, com o desejo de que manterão uma fé inabalável

baseada no Gohonzon durante todo o tempo.

Fazer ressoar um grande hino à humanidade e à vida

Em 1991 — há exatas duas décadas [explanação realizada em 2011] —, na época em que lutávamos

para garantir nossa independência espiritual, logo após o segundo incidente com o clero, a SGI estudou

o escrito “A Torre de Tesouro” repetidamente.

“Minha vida é a Torre de Tesouro!” — Creio firmemente que chegou o momento para esse espírito

humanista universal, baseado na filosofia do respeito e da afirmação da vida do Budismo Nitiren, fazer

ressoar em todo o mundo um grande hino à humanidade e à vida.

A Torre de Tesouro adornada com os sete tipos de tesouro simboliza a nossa própria dignidade

essencial e nobreza. Nossa própria vida é uma majestosa Torre de Tesouro.

Nitiren Daishonin nos ensina: “Se examinarmos a natureza do Myoho-rengue-kyo, veremos que essa

[Torre de] Tesouro não é outra senão todos os seres vivos, e todos os seres vivos nada mais são que a

entidade completa do Nam-myoho-rengue-kyo” (OTT, p. 230).

Por sempre nos empenharmos para ver a Torre de Tesouro contida em nós mesmos e nos outros,

fazemos a causa para cada vez mais e mais torres de tesouro surgirem em nossas comunidades e no

mundo. Vamos erguer também torres de tesouro do Kossen-rufu em nossas comunidades, deixando

um eterno monumento de nossas realizações neste mundo. Vamos adornar nossa vida com orgulho e

alegria: “Aqui está a minha Torre de Tesouro!” Vamos fazer emergir a Torre de Tesouro dentro de nós e

ajudar muitos outros a fazer o mesmo. O brilho cintilante da torre de sete tipos de tesouro reflete

diretamente o brilho da nossa revolução humana. Aqueles que se esforçam sempre brilham. A vida dos

que se dedicam ao grande juramento do Kossen-rufu emana uma luz infinita tal como uma joia

preciosa.

Cada membro da SGI é um valente campeão e herói do Kossen-rufu que possui a missão de fazer com

que as grandiosas torres de tesouro da dignidade humana e do respeito surjam em todo o mundo, algo

pelo quão toda a humanidade anseia. Finalmente, esse tempo chegou!

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(Daibyakurengue,

edição de outubro de 2011.)

Com a colaboração/revisão

do Departamento de Estudo

do Budismo (DEB) da BSGI

Notas:

1. MANDELA Nelson. Long Walk to Freedom: The Autobiography of Nelson Mandela [A Longa

Caminhada para a Liberdade: Autobiografia de Nelson Mandela]. Boston: Little, Brown and Company,

1994. p. 542.

2. Escuridão fundamental ou ignorância: Ilusão mais profundamente enraizada à vida e dela derivam

todas as outras ilusões. Consiste na incapacidade de enxergar ou reconhecer a verdade, em especial a

verdade sobre a natureza da vida.

3. Tient’ai (538–597): Também conhecido como Chih-i, é o fundador da escola Tient’ai na China.

Comumente referido como o Grande Mestre Tient’ai. Suas explanações foram compiladas nas obras O

Profundo Significado do Sutra de Lótus, Palavras e Frases do Sutra de Lótus e Grande Concentração e

Discernimento. Ele propagou o Sutra de Lótus na China e estabeleceu a doutrina de Três Mil Mundos

num Único Momento da Vida.

4. Em relação aos dois elementos da realidade e da sabedoria, o presidente Ikeda escreve: “Este é um

princípio fundamental que explica a iluminação do Buda. A palavra ‘realidade’ se refere à verdade ou à

realidade objetiva, e inclui todas as coisas espirituais e físicas. ‘Sabedoria’ indica a sabedoria subjetiva

para perceber ou iluminar essa verdade. A monumental sabedoria do Buda não só ilumina a verdadeira

natureza de todos os fenômenos universais, mas também nos possibilita compreender que nós próprios

somos entidades da Lei Mística. O ponto essencial com relação a esses dois elementos — realidade e

sabedoria — é iluminar nossa verdadeira identidade com a luz de vasta sabedoria. Esta é a fusão entre

a realidade e a sabedoria, por meio da qual atingimos o estado de vida elevado e perfeitamente sereno

de um buda” (SGI Newsletter n. 7.640; TC, ed. 493, set. 2009). No escrito “A Torre de Tesouro”, os dois

elementos da realidade e sabedoria são representados pelos Budas Muitos Tesouros e Sakyamuni,

respectivamente, ambos sentados juntos dentro da torre de tesouro aberta.

5. Três grupos de ouvintes da voz: Também chamado de Três grupos de discípulos ouvintes da voz.

Discípulos ouvintes da voz de Sakyamuni cuja iluminação é profetizada no ensinamento teórico (da

primeira metade) do Sutra de Lótus. Lá, Sakyamuni ensina que o único propósito do advento do Buda é

expor o veículo único do Buda, ou o ensinamento que conduz todas as pessoas ao estado de Buda. Ele

explica que os três veículos, ou os ensinamentos dirigidos aos ouvintes da voz, aos que despertaram

para a causa e aos bodhisattvas, estabelecidos no sutras anteriores, não são um fim em si mesmo,

mas apenas meios para guiar as pessoas ao supremo veículo do estado de Buda. Esse conceito é

chamado de “substituição dos três veículos pelo veículo único”. Os discípulos do Buda Sakyamuni são

divididos em três grupos de acordo com sua capacidade de compreensão do ensinamento: de

capacidade superior, intermediária e inferior. Essa divisão tradicional de acordo com a capacidade foi

empregada por Tient’ai e outros estudiosos na interpretação do Sutra de Lótus.

6. Exílio em Sado: O exílio de Nitiren Daishonin na Ilha de Sado, no mar do Japão, durou de outubro de

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1271 a março de 1274. Quando o sacerdote Ryokan, do templo Gokurakuji da escola

Preceitos-Verdadeira Palavra, de Kamakura, foi derrotado por Daishonin num desafio de orações por

chuva, ele espalhou falsos boatos sobre Daishonin, usando sua influência com esposas e viúvas de

funcionários do alto escalão do governo. Isso levou a um embate entre Nitiren Daishonin e Hei no

Saemon, subchefe do Escritório de Assuntos Militares e de Polícia, que o prendeu e confabulou para

executá-lo em Tatsunokuti, em setembro de 1271. Quando essa tentativa de execução falhou, as

autoridades condenaram Daishonin, no mês seguinte, ao exílio na Ilha de Sado, o que equivalia a uma

sentença de morte. No entanto, quando as previsões de Nitiren Daishonin sobre a guerra interna e a

invasão estrangeira se cumpriram, o governo emitiu seu perdão em março de 1274, e ele retornou a

Kamakura.

7. Purificação da terra por três vezes: Também conhecida como tríplice transformação da terra.

Refere-se ao ato de Sakyamuni purificar por três vezes inúmeras terras, na preparação para a

Cerimônia no Ar, dando lugar à reunião de budas dos mundos das dez direções, que são suas

emanações, descrito no capítulo “Surgimento da Torre de Tesouro” do Sutra de Lótus.

8. Emanação dos budas: Também chamada de emanação do Buda, ou simplesmente emanações.

Corresponde a manifestações de budas distintas de um verdadeiro buda. De acordo com a crença

Mahayana, um verdadeiro buda pode dividir seu corpo em um número infinito de vezes e aparecer em

incontáveis mundos de uma só vez com o propósito de salvar as pessoas desses mundos. Daí a

expressão “emanação dos budas das dez direções” e outras semelhantes. No capítulo “Surgimento da

Torre de Tesouro” do Sutra de Lótus, Sakyamuni convoca os budas, que são suas emanações das dez

direções, a fim de começar a Cerimônia no Ar.

9. Cerimônia no Ar: Uma das três assembleias descritas no Sutra de Lótus, na qual toda a reunião fica

suspensa no espaço, acima do mundo saha. Ela se estende desde o 11º capítulo do Sutra de Lótus,

“Surgimento da Torre de Tesouro”, até o 22º capítulo do sutra, “Transferência”. A essência dessa

cerimônia é a revelação da iluminação original do Buda no remoto passado e a transferência da

essência do sutra para os Bodhisattvas da Terra, que são liderados pelo Bodhisattva Práticas

Superiores.

10. Yojana: Unidade de medida usada na Índia antiga. Acredita-se que corresponda à distância que o

exército real podia marchar num único dia. De acordo com uma explicação, um yojana equivale a

aproximadamente 10 quilômetros.

11. Corpo do Dharma: Também chamado de Corpo da Lei. Um dos três corpos — Corpo do Dharma,

Corpo da Recompensa e Corpo Manifesto. O Corpo do Dharma corresponde à essência do estado de

Buda, à suprema verdade ou Lei, e à verdadeira natureza da vida do Buda. Significa também que o

corpo de um buda, por si só, é a própria Lei.

12. Três Mil Mundos: Os Três Mil Mundos, ou todo o mundo fenomenal, existe dentro de um único

momento da vida. O número três mil é o resultado do seguinte cálculo: Dez Mundos x Dez Mundos x

Dez Fatores x Três Domínios da Existência. A vida em qualquer momento se manifesta em um dos Dez

Mundos. E cada um desses mundos possui o potencial para todos os dez dentro dele, isto é, a

Possessão Mútua dos Dez Mundos que é representada por uma centena de mundos possíveis. Cada

um desses cem mundos possui os Dez Fatores, perfazendo um total dez mil fatores ou potenciais, e

estes operam dentro de cada um dos Três Domínios da Existência, resultando, assim, em Três Mil

Mundos.

13. Em seus escritos, Daishonin usa frequentemente Myoho-rengue-kyo como sinônimo de

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Nam-myoho-rengue-kyo, o Daimoku do Sutra de Lótus. Myoho-rengue-kyo é escrito com cinco

ideogramas chineses, enquanto Nam-myoho-rengue-kyo é escrito com sete (nam, ou namu, sendo

composto por dois ideogramas).

14. Cinco elementos: De acordo com uma antiga crença indiana, são os cinco elementos que

constituem todas as coisas no universo. São eles: terra, água, fogo, vento e espaço. Os quatro

primeiros são também conhecidos como os quatro elementos básicos e correspondem,

respectivamente, aos estados físicos sólido, líquido, gasoso e calor. O espaço é interpretado como

integração e harmonização dos outros quatro elementos.

15. THOREAU, Henry David. Walden and Civil Disobedience [A Desobediência Civil]. Nova York:

Penguin Books, 1983. p. 413.

16. Ibidem.

17. Três Corpos: Os Três Corpos que um buda possui. São eles: o Corpo do Dharma, o Corpo da

Recompensa e Corpo Manifesto. O Corpo do Dharma é a verdade fundamental, ou Lei, para a qual o

Buda se iluminou. O Corpo da Recompensa é a sabedoria para perceber a Lei. E o Corpo Manifesto

são as ações benevolentes do Buda para conduzir as pessoas à felicidade. Geralmente, considera-se

buda aquele que possui um dos Três Corpos. Em outras palavras, os Três Corpos representam três

diferentes tipos de budas — o Buda do Corpo do Dharma, o Buda do Corpo da Recompensa e o Buda

do Corpo Manifesto. Baseado no Sutra de Lótus e no princípio dos Três Mil Mundos num Único

Momento da Vida dele derivado, Tient’ai afirmou que os Três Corpos não são entidades separadas,

mas três aspectos integrantes de um único buda. A partir desse ponto de vista, o Corpo do Dharma

indica a propriedade essencial de um buda, que é a verdade ou a Lei para a qual o Buda é iluminado. O

Corpo da Recompensa revela a sabedoria, ou a propriedade espiritual de um buda, que permite ao

Buda de perceber a verdade. É chamado de Corpo da Recompensa porque a sabedoria do Buda é

considerada a recompensa derivada do esforço incessante e da disciplina. O Corpo Manifesto indica

ações de benevolência, ou a propriedade física de um buda. É o corpo com que um buda realiza ações

de benevolência para conduzir as pessoas à iluminação. Ao discutir o seguinte trecho do 16º capítulo

do Sutra de Lótus, “Revelação da Vida Eterna do Buda”, “você deve ouvir com atenção e ouvir o

segredo de Aquele que Traz a Verdade [Buda] e seus poderes transcendentais”, Tient’ai interpreta em

sua obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus o “segredo”, dizendo que um único buda possui todos os

Três Corpos e que todos os Três Corpos são encontrados dentro de um único buda.

18. Refere-se a uma reformulação da passagem do Sutra de Lótus: “Se, depois que me tornei um buda

e entrei em extinção, nas terras das dez direções existir algum lugar onde o Sutra de Lótus é pregado,

então a minha torre funerária, para que eu possa ouvir ao sutra, surgirá neste local para atestar a

verdade do sutra e louvar sua excelência” (LSOC, cap. 11, p. 210 [LS, cap. 11, p. 171]).

19. Bodhisattva Práticas Puras: Um dos quatro líderes dos Bodhisattvas da Terra, que aparece no 15º

capítulo do Sutra de Lótus, “Emergindo da Terra”. O Suplemento a Palavras e Frases do Sutra de

Lótus, de Tao-hsien, sacerdote da escola Tient’ai da China do século 8, diz que os quatro bodhisattvas

representam as quatro virtudes da vida do Buda — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.

Dessas virtudes, o Bodhisattva Práticas Puras representa a pureza.

20. Bodhisattva Práticas Superiores: É o líderdos Bodhisattvas da Terra. Sakyamuni confia a ele a

propagação do Sutra de Lótus na era maléfica dos Últimos Dias da Lei. Em seus escritos, Nitiren

Daishonin se compara ao Bodhisattva Práticas Superiores, dizendo que ele está cumprindo a missão

confiada a esse bodhisattva por Sakyamuni, e ele se refere aos seus esforços de propagação como um

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trabalho do Bodhisattva Práticas Superiores. Nitikan Shonin, o 26º sumo prelado, considerou Daishonin

a reencarnação do Bodhisattva Práticas Superiores em termos de seu comportamento exterior, e como

o Buda dos Últimos Dias da Lei, em termos de sua iluminação interior.