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A UNIVERSIDADE VIRTUAL: O DESAFIO DE ENSINAR PELA INTERNET Junho de 2004 Charles Benigno é administrador, com especialização em controladoria e mestrado em marketing, doutorando pela Université Pierre Mendès France II. Consultor de empresas, professor universitário de graduação e pós-graduação. Atua há 10 anos na área de tecnologias educacionais e de gestão e educação a distância na implementação de projetos, como a Universidade Virtual Brasileira. Consultor da TerraForum em Gestão do Conhecimento, desenvolveu projetos de bibliotecas digitais, sistema de satélite, videoconferência, multimídia e projetos Web. Foi diretor executivo da franquia TOVS S.A. para a região Norte. Contatos: E-mail: [email protected] LinkedIn: http://br.linkedin.com/in/charlesbenigno Blog: www.charlesbenigno.wordpress.com RESUMO O presente artigo apresenta questões envolvendo o conceito de universidade virtual. Apresenta o resultado de estudos recentes e bases tecnológicas utilizadas. Apresenta também um panorama educacional e casos concretos de universidades virtuais. Palavras-chave: Educação a distância; Ambientes Virtuais de Aprendizagem; Aprendizagem on-line; universidade virtual; tecnologia educacional. Área principal: educação a distância, gestão do conhecimento, e-learning, ensino superior, universidade. Setor: educação

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Artigo no qual falo sobre a Universidade Virtual.

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A UNIVERSIDADE VIRTUAL:

O DESAFIO DE ENSINAR PELA INTERNET

Junho de 2004

Charles Benigno é administrador, com especialização em controladoria e mestrado em marketing, doutorando pela Université Pierre Mendès France II. Consultor de empresas, professor universitário de graduação e pós-graduação. Atua há 10 anos na área de tecnologias educacionais e de gestão e educação a distância na implementação de projetos, como a Universidade Virtual Brasileira. Consultor da TerraForum em Gestão do Conhecimento, desenvolveu projetos de bibliotecas digitais, sistema de satélite, videoconferência, multimídia e projetos Web. Foi diretor executivo da franquia TOVS S.A. para a região Norte. Contatos: E-mail: [email protected] LinkedIn: http://br.linkedin.com/in/charlesbenigno Blog: www.charlesbenigno.wordpress.com

RESUMO O presente artigo apresenta questões envolvendo o conceito de universidade virtual. Apresenta o resultado de estudos recentes e bases tecnológicas utilizadas. Apresenta também um panorama educacional e casos concretos de universidades virtuais.

Palavras-chave: Educação a distância; Ambientes Virtuais de Aprendizagem; Aprendizagem on-line; universidade virtual; tecnologia educacional. Área principal: educação a distância, gestão do conhecimento, e-learning, ensino superior, universidade. Setor: educação

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A UNIVERSIDADE VIRTUAL: O DESAFIO DE ENSINAR PELA INTERNET

1. INTRODUÇÃO

As universidades enquanto organizações têm mil anos. As universidades estão

entre as organizações mais longevas em nossa sociedade. Por outro lado, sua

estrutura de funcionamento e seus métodos de ensino pouco mudaram. Essa

constatação se torna surpreendente quando olhamos em volta e vemos como a

sociedade, as organizações e as tecnologias mudaram neste mesmo período. É de

assustar saber que um aluno do século XVIII, por exemplo, não veria muita diferença

nos métodos de ensino se tivesse vivido o suficiente para fazer tal comparação.

As universidades virtuais trazem uma renovação para um modelo de ensino que

já dura mil anos. Enquanto organização, as universidades tradicionais ainda estão na

fase pré-industrial, como defendem alguns autores. O emprego de novos métodos e

novas tecnologias permite uma revolução no modo de ensino tradicional.

Por mais que muitos educadores se questionem se a universidade virtual é um

modelo eficiente, se tem qualidade, de uma coisa temos certeza: o ensino que temos

hoje não pode continuar como está. O modelo de ensino tradicional já não atende mais

às necessidades do mundo moderno. O mundo mudou, o aluno mudou. Falta a

universidade mudar, o professor mudar.

Se outrora os alunos aprendiam essencialmente através do texto impresso, a

nova geração que chega às universidades aprende de forma “multimídia”. É só parar e

prestar atenção. As pessoas hoje utilizam celular para tudo, para bater foto, enviar

mensagem, até mesmo – pasmem – para fazer ligação telefônica. As pessoas usam a

Internet para comprar, para conversar, até para arranjar casamento. Os mais chiques

estão abolindo o cartão de visitas de papelão e entregando mini disc´s. Esse é o mundo

em que vivemos, no qual a universidade tradicional cada vez mais parece uma máquina

de escrever.

Apresentaremos neste trabalho algumas questões que envolvem o conceito de

universidade virtual, o panorama da educação no qual surgiram. Os diferentes modelos,

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as experiências existentes, diferenças entre as instituições tradicionais, entre outras

coisas. Nosso objetivo é levar à discussão, reflexão acerca do assunto. Antes de tudo,

porém, é necessário que se compreenda o que é esse modelo, mostrando inclusive

alguns exemplos. Reflita conosco, e faça sua própria avaliação.

2. AFINAL, O QUE É UMA UNIVERSIDADE VIRTUAL?

Antes de falarmos de universidade virtual, é preciso que conheçamos o conceito

de universidade virtual, no que ela se traduz enquanto instituição. Desta forma,

definimos universidade virtual como:

1) Uma instituição que está envolvida como provedor direto ou educação

para estudantes e está usando tecnologias da informação e comunicação para ofertar

seus programas e cursos e fornecer suporte de tutoria. Como instituições podem

também utilizar as tecnologias da informação para outro núcleo de atividades, a saber:

a) administração (marketing, registro acadêmico, serviços financeiros etc.);

b) produção, desenvolvimento e distribuição de materiais (biblioteca virtual,

home page com conteúdo de aulas);

c) aconselhamento e assessoramento de carreira/estágio, processo seletivo

e exames

2) Uma organização que tenha criado programas para facilitar o ensino e a

aprendizagem, através de alianças ou sociedades, sem necessariamente ela estar

envolvida diretamente como provedora direta da instrução. Exemplos que podem ser

citados:

Open Learning Agency of Austrália (www.ola.edu.au);

Western Governors University (EUA) (www.wgu.org);

National Techonological University (www.ntu.edu);

Instituto Universidade Virtual Brasileira (www.uvb.com.br);

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The African Virtual University (www.avu.org);

Universidade Virtual do Maranhão – UNIVIMA (www.univima.ma.gov.br);

Universidade Virtual – UNIVIR.COM (www.univir.br).

Outra definição de universidade virtual inclui os modelos “híbridos”, ou as

instituições que combinam as duas modalidades, utilizando as possibilidades das NTICs

com as vantagens do ensino presencial. Essas instituições podem oferecer uma gama

de cursos, alguns presenciais e outros através da web ou tecnologias ligadas à Internet.

No presente trabalho analisaremos somente as instituições exclusivamente a distância,

além de também excluir organizações que não podem ser caracterizadas como

instituições de ensino, apesar de estarem inseridas no conceito acima. É o caso das

chamadas universidades corporativas.

3. SURGIMENTO DA UNIVERSIDADE VIRTUAL

O surgimento da universidade virtual no Brasil e no mundo aconteceu na década

de 90 e está relacionado com a mudança de contexto na área de educação, como

ratifica o professor João Vianney (in MAIA (org); 2003: pg. 48):

O final dos anos 90 coincide exatamente com a expansão do uso educacional das tecnologias da comunicação digital, e que passam a permitir, a um custo decrescente, a adoção efetiva de práticas pedagógicas focadas na interatividade entre os agentes, tanto verticais entre professores e alunos, quanto horizontais entre os próprios alunos a distância, permitindo pela primeira vez na história que eles possam formar turmas ou classes remotas em permanente comunicação por mídia digital, abrindo caminho para formar comunidades virtuais de aprendizagem.

No mesmo contexto, a legislação brasileira responde à necessidade de promover

a educação a distância através da promulgação da nova LDB 9.394/96, que em seu

artigo 80 deixa clara a postura do governo em relação à EAD.

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

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§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de anais comerciais.

Considerando este panorama favorável, e na certeza de que o desenvolvimento

da EAD é uma tendência concreta, algumas instituições de ensino começaram a

realizar pesquisa e criar projetos de EAD.

João Vianney (in MAIA (org); 2003; pg. 51) destaca as principais instituições de

ensino superior que lideraram o surgimento e o desenvolvimento das universidades

virtuais. São elas:

Universidade Federal de Santa Catarina www.ufsc.br

Universidade Federal de Pernambuco www.ufpe.br

Universidade Federal de Minas Gerais www.ufmg.br

Universidade Federal do Rio Grande do Sul www.ufrs.br

Universidade Federal de São Paulo www.unifesp.br

Universidade Anhembi Morumbi www.anhembi.br

Pontifícia Universidade Católica de Campinas www.puccamp.br

Centro Universitário Carioca www.carioca.br

4. BASES TECNOLÓGICAS

Não há dúvidas quanto ao impacto da internet na educação. A partir do advento

da Internet, as possibilidades e instrumentos para o ensino e o aprendizado

expandiram-se extraordinariamente. Apesar da existência de inúmeras tecnologias que

eram utilizadas pelas instituições de ensino para fazer educação a distância, foi

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somente a partir da popularização da Internet que houve um grande impulso no sentido

da oferta de programas educacionais utilizando a EAD.

A Internet propicia condições para um ensino flexível, que quebra as barreiras

geográficas e de tempo. Da mesma forma possui condições para unir diversas mídias

de uma forma muito mais dinâmica e interativa. A capacidade de unir áudio, vídeo,

imagem e hipertexto descortinou um cenário pedagógico inimaginável dantes. Além dos

mais, a Internet é uma tecnologia muito acessível, comparada com outras tecnologias

existentes. Apesar dos problemas em massificar o uso e o acesso do computador e da

Internet, ainda assim é uma tecnologia altamente disponível e de baixo custo. O

impacto da Internet na educação e o surgimento das universidades virtuais estão

diretamente ligados.

Existem vários aspectos que envolvem a formação de universidades virtuais

enquanto organização. O primeiro aspecto está relacionado às questões

pedagógicas/metodológicas. Como ensinar através da Internet é uma questão que está

inserida na base de qualquer planejamento de curso a ser ofertado online. Isso implica

no desenvolvimento do conteúdo, na definição do papel dos diversos atores

(professores, alunos, monitores, pedagogos), no design instrucional etc. O segundo

aspecto está ligado à influência da Internet nas relações das instituições de ensino com

as organizações e a comunidade. A Internet permitiu a ampliação do espaço

universitário, estreitando os laços entre as instituições de ensino e o ambiente no qual

estão inseridas. Esses laços caracterizam-se pela integração das atividades e do

conhecimento. Ou seja, a universidade virtual, através da Internet, tem a possibilidade

de estar virtualmente dentro das organizações (e vice-versa). Permite também maior

proximidade com a comunidade e demais interessados nas suas atividades. Não é mais

necessário estar dentro do campus universitário para interagir e integra-se à

comunidade acadêmica e seus gestores. O terceiro aspecto refere-se à redefinição de

campus universitário e dos limites de abrangência da universidade. Se antes as

universidades tinham uma área de abrangência delimitada por um espaço geográfico

(região, município, país), a partir do surgimento da universidade virtual estas questões

precisam ser repensadas. Se antes o campus universitário era o local físico onde se

reuniam professores e alunos, onde ocorria o processo de ensino-aprendizagem, como

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definir campus quando esse processo ocorre no ciberespaço, não delimitado por um

tempo (hora-aula), nem por um espaço (sala de aula)?

Considerando o impacto da Internet nos atores do processo de ensino-

aprendizagem, notadamente professores e alunos, vemos que a Internet trouxe

substanciais mudanças no comportamento destes indivíduos, como podemos perceber

a seguir.

a) Os professores estão usando a web para incorporar recursos ao seu

processo de ensino. Se antes os professores utilizavam apenas textos distribuídos em

sala, o retroprojetor ou o datashow, agora estes professores utilizam vídeos, imagens,

animações, hipertexto, e-mail, fóruns de discussão e chats.

b) Os professores estão influenciando seus alunos para usar os recursos da

web e eles também estão usando os recursos da web por si próprios. A popularização

dos sites de busca, inclusive com o surgimento de sites especializados por assunto,

possibilita o acesso à informação, à formação de comunidades de pesquisa, a

pesquisas em tempo real sobre publicações, jornais, revistas etc.;

c) Cursos inteiros ou partes substanciais de cursos são oferecidos online;

d) Alunos utilizam e-mail, fóruns, murais, web conferência, ambientes virtuais

de aprendizagem para comunicação entre si e fora do campus;

e) Os administradores acadêmicos estão utilizando a web para fazer o

gerenciamento do curso, através de sistemas administrativos que utilizam interface

web.

A Internet possibilitou a criação de um aparato tecnológico (hardware e software)

que dinamiza e otimiza o processo de ensino. Ao mesmo tempo permite a criação de

relações entre alunos e professores que antes não existiam. Um exemplo disso são as

comunidades virtuais.

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Quadro 1 – Diferenças de paradigma

Velho Paradigma E-learning

Baseado no professor Foco no aluno

Sala de aula como local do aprendizado Aprender em qualquer lugar

Hora de aula de ensino como parâmetro

de tempo

Medida de tempo baseada na aprendizagem

Professor controla o conteúdo Aluno dirige também o processo e tem grande

independência

Palestra como método central Diferentes meios (animações, áudio, hipertexto,

simulações etc.)

Planejamento e produção individual pelo

professor

Planejamento integrado e produção em escala,

racionalizada

Um dos grandes instrumentos que a Internet permitiu o desenvolvimento, são os

ambientes virtuais de aprendizagem, conhecidos também como LMS (Learning

Management Systems).

No Brasil, e no mundo todo, várias instituições de ensino desenvolveram projetos

para a criação de ambientes virtuais de aprendizagem. O know how para

desenvolvimento destes sistemas foi principalmente a partir de 1997, entretanto,

somente a partir de 2000 que esta tecnologia foi amplamente difundida.

Destacamos aqui o trabalho da PUCRJ, com o AulaNet, da Unicamp, com o

TelEduc, o Eureka, da PUCPR, da Universidade de Columbia (EUA), com o WebCT.

Empresas privadas, de olho neste filão também desenvolveram suas próprias

plataformas. É o caso de softwares como o Learning Space e o Blackboard.

Atualmente, há uma infinidade de ambientes virtuais de aprendizagem,

desenvolvidas por instituições de ensino e empresas privadas, alguns gratuitos e outros

pagos. O domínio do conhecimento destas ferramentas e a difusão desse

conhecimento propiciou a amplitude das ofertas de cursos online.

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4.1. OUTRAS TECNOLOGIAS

Apesar da Internet ser a estrela deste processo, outras tecnologias ganham

destaque e são bastante utilizadas pelas universidades virtuais. A videoconferência, por

exemplo, é amplamente utilizada na EAD. Alguns projetos no Brasil são pioneiros. Entre

eles destaca-se o projeto de videoconferência do Laboratório de Ensino a Distância

(LED) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O projeto de videoconferência da Universidade da Amazônia – Unama,

desenvolvido pelo Núcleo de Educação a Distância - NEAD, por exemplo, teve início em

2000 e atualmente interliga as Faculdades Integradas do Tapajós (FIT), em Santarém,

com o campus Alcindo Cacela, em Belém. A cada semestre são cerca de 400 horas de

aula com professores dos cursos de graduação da Unama. A próxima etapa do projeto

prevê a instalação de mais pontos em seis municípios no interior do Estado do Pará,

como suporte ao projeto de educação a distância dos cursos seqüenciais.

Outra tecnologia já bastante conhecida, difundida para o uso educacional, é o

sistema de transmissão via satélite. Atualmente estão surgindo diversos programas

utilizando esse sistema. Para exemplificar, menciono três projetos.

O primeiro projeto é da Universidade do Norte do Paraná – Unopar (www.unopar.br).

Através do uso de sistema de satélite, com pontos de recepção espalhados por

diversos pólos. Sobre esse projeto, falaremos detalhadamente em tópico específico.

Outro exemplo de utilização de sistema de satélite é a Rede Nacional de Educação

Teleinterativa – Renaet (www.renaet.com.br). A Renaet é uma rede de ensino a

distância por satélite, que consiste na implantação de pontos de recepção em todo o

território nacional para oferta de cursos de capacitação. Esses cursos podem ser

direcionados aos alunos de instituições de ensino ou para empresas privadas.

Temos também a Universidade Virtual da África (The African Virtual University) que

utiliza sistema de transmissão por satélite. Sobre este projeto também falaremos mais

adiante.

A escolha das tecnologias utilizadas é uma decisão extremamente importante. Ao

decidir por uma ou outra tecnologia a instituição tem que considerar diversos aspectos.

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A instituição tem que considerar o custo da tecnologia, a disponibilidade de infra-

estrutura e a influência da tecnologia na qualidade do ensino; tem que considerar ainda

se os alunos estão qualificados para o uso desta tecnologia e se a tecnologia escolhida

trará os resultados esperados.

Voltando à questão dos custos, este é um item muito relevante. Em EAD a

tecnologia pode ser o fator crucial quando falamos em viabilidade financeira dos

projetos. Na Figura 1 temos um demonstrativo do comportamento dos custos para

diferentes tecnologias, até mesmo o material impresso. Há que se avaliar a relação

custo-benefício.

Já que falamos em material impresso, vemos na Figura 1 que seu custo de

utilização – em pequena e grande escala – não se altera muito. Entretanto, é um tipo de

mídia com diversas limitações. Nos métodos de EAD atuais não se admite mais o uso

de material impresso sem outros meios, ou mídias.

Figura 1 – comportamento dos custos de diferentes tecnologias em relação ao número de alunos e o investimento inicial necessário.

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5. UNIVERSIDADE VIRTUAL E O PANORAMA DA EDUCAÇÃO

Nos últimos anos a política governamental tem privilegiado o ensino fundamental

e médio, notadamente a partir do governo FHC. Desta forma, a crise das universidades

públicas foi acentuada. Entretanto, como pode ser visto na Figura 2, a demanda por

ensino superior supera a oferta. Essa demanda crescente e não atendida tem duas

causas básicas, que veremos a seguir.

1) O investimento no ensino médio gerou uma grande quantidade de alunos

aptos a entrar na faculdade.

2) As mudanças no mundo do trabalho praticamente excluíram as possibilidades

de emprego digno para os que só têm o nível médio. Isso fez com que muitos alunos

que tinham parado de estudar voltassem a procurar um curso superior.

Figura 2 – demanda por cursos superiores versus oferta de vagas

0

1

2

3

4

5

6

19901993199619992002200520082011201420172020

Oferta de Vagas

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Dentro deste panorama entendemos os motivos pelos quais o governo considera

a EAD como a solução para levar o ensino superior em larga escala para todo o país. A

universidade virtual, portanto, enquadra-se como uma das soluções para os problemas

aqui citados.

O governo, não tendo recursos para investir nas universidades públicas – até

mesmo porque não elegeu isso como prioridade – encontra a solução através de duas

ações: incentivar os programas de educação a distância, públicos e privados; e permitir

a abertura de novas instituições de ensino privadas.

A forma como o governo adotou a segunda alternativa mostrou-se desastrosa.

A avalanche de novas instituições aumentou de sobremaneira a oferta de vagas

e levou a uma crise de oferta, não pela falta de demanda, mas por esta demanda não

ter condições de cursar um curso tradicional. Isso aconteceu por alguns erros de

avaliação sobre o perfil da demanda, como podemos observar:

1) os alunos que têm poder aquisitivo para bancar os altos custos das IES

privadas já estão na universidade. Como o investimento no ensino médio foi feito em

escolas públicas, os alunos oriundos destas escolas são de classes menos favorecidas.

Ou seja, a demanda cresceu nas classes C, D e E, justamente na parcela da população

que não pode bancar a mensalidade de uma faculdade paga. Vemos isso muito

claramente na Tabela 1, que mostra a relação entre faixa de renda e valor de

mensalidades;

2) grande parte da demanda criada é formada por alunos que trabalham para

prover seu sustento e encontram dificuldades em freqüentar cursos tradicionais;

3) da mesma forma, há uma demanda muito grande nas regiões periféricas aos

centros urbanos, e de forma muito fragmentada. Ou seja, implantar cursos presenciais

nestas localidades é inviável, seja pela falta de recursos humanos qualificados

(professores), seja pela inviabilidade financeira de manter um campus universitário.

Ironicamente, a oferta se expandiu muito fortemente em grandes capitais, como o Rio

de Janeiro e São Paulo. As IES localizadas no Rio de Janeiro foram das primeiras a

sentirem o aumento da concorrência e a sobra de vagas.

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Figura 3 – Número de Ingressantes no Ensino Superior por Classe Social (x 1000)

Tabela 1 – Poder Aquisitivo dos Alunos do Ensino Superior

Classe Social Renda mensal (em R$) Renda mensal média (em R$)

Valor máximo de mensalidade

absorvido (em R$)

A + > 5.555,00 5.894,00 1.473,50

A - De 2.944,00 a 5.554,00 3.743,00 935,75

B + De 1.771,00 a 2.943,00 2.444,00 611,00

B - De 1.065,00 a 1.770,00 1.614,00 403,50

C De 497,00 a 1.064,00 844,00 211,00

Fonte: IBGE, 2000 (comprometimento da renda familiar com a educação não ultrapassa a 25%)

A+

B+

C

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400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

A+ A- B+ B- C Total

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Tentar atender à demanda por educação superior através do ensino presencial

mostrou que não resolve todos os problemas – até mesmo cria outros. O resultado foi

uma crise financeira no setor, com aumento da inadimplência e queda da qualidade

média do ensino.

O ensino presencial, apesar de ter custos menores de implantação, não

consegue substancial redução de custos com o crescimento do número de alunos. Ou

seja, não possui redução de custos em função da escala. Essa característica faz com

que o valor médio das mensalidades seja muito equiparado – entre grandes, médias e

pequenas instituições (ver Figura 4).

Figura 4 – Comportamento dos custos vs. número de alunos no ensino presencial e a distância.

Por outro lado, apesar dos altos custos de implantação, principalmente os custos

dos recursos tecnológicos, a EAD, notadamente através das universidades virtuais, tem

a capacidade de atender o grande número de alunos com custos mais baixos, sem

queda da qualidade. Isso permite o acesso a pessoas sem renda para pagar um curso

presencial. É claro, e tem que ficar bem claro, que isso depende de grande número de

alunos.

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Para citar um exemplo, na Universidade de Phoenix (www.uopxonline.com), o

custo por hora do ensino presencial é de US$486, contra U$237 dos cursos online.

Enquanto o custo anual com salários e benefícios de um professor em curso presencial

é de US$67,000.00, um tutor online custa US$2,000.00 por ano (RYAN et al; 2001, pg.

19).

O uso de tecnologias de ponta e a mudança nos processos de produção e

distribuição do conhecimento vão fazer pelo ensino o que Henri Ford fez pela indústria

automobilística. Neste sentido, a EAD representa um modelo de ensino característico

de uma sociedade pós-industrial. Os custos no ensino presencial são menores no

início, mas sobem proporcionalmente ao número de alunos. Isso traz poucas vantagens

em termos de custo e equipara – em termos de competição – grandes e pequenas

instituições. As universidades virtuais, entretanto, têm altos custos iniciais por aluno,

mas obtém vantagens crescentes à medida que cresce o número de alunos. Existe,

portanto, a necessidade de atingir escala e conseguir recursos suficientes para os

investimentos iniciais. Investimentos estes que incluem, além da tecnologia, a produção

de conteúdos.

Da mesma forma, os custos das tecnologias precisam ser mais acessíveis, tanto

para as universidades quanto para os alunos.

Podemos também outros desafios a serem suplantados pelas universidades

virtuais, que listaremos a seguir.

1) Capacitação do corpo docente. Os professores ainda não estão preparados

para produzir conteúdo para EAD, assim como ensinar através de novas tecnologias.

2) Produção e atualização do conteúdo. O domínio das técnicas de produção de

conteúdos, em termos de design instrucional, elaboração de objetos de aprendizagem,

animações, vídeo e áudio ainda é incipiente e as experiências neste sentido ainda são

recentes.

3) Os alunos ainda valorizam o lado material das universidades (móveis,

imóveis, ambientes de estudo, laboratórios). Há resistência por parte do aluno em

estudar sem conseguir materializar a instituição de ensino. Faz parte do aspecto

cognitivo enquanto fator decisório na realização de um curso.

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4) Necessidade de oferecer biblioteca virtual. Além das questões de direito

autoral, as editoras ainda não criaram um modelo para digitalização de obras que seja

viável financeiramente. Isto prejudica a disponibilidade das principais obras em formato

digital, implicando em custos e dificuldades de acesso ao conteúdo.

5) O aluno ainda não possui autodidatismo. É realidade que os alunos ainda

estão acostumados ao tipo de ensino tradicional, o que implica em dificuldades de

adaptação à metodologia da EAD, que implica em disciplina, capacidade de pesquisa,

pro-atividade, entre outras coisas.

6) Oferta de estágios e realização de atividades práticas nos locais onde estão

os alunos. Em muitas situações os alunos estão fora dos grandes centros, e,

dependendo do curso e da localidade em que reside, há carência de locais onde

possam realizar estágios, pesquisas de campo e outras atividades práticas.

7) Resistência por parte dos professores em seguir um programa já pronto. De

modo geral, os professores têm preconceito quanto ao uso do livro texto. Dentro da

academia há uma idéia difundida de que isso restringe a chamada liberdade

acadêmica. A mesma coisa quanto à aplicação de métodos prontos, já programados.

8) Aprimoramento dos sistemas de avaliação. No ensino online precisamos

também nos preocupar com a seriedade da aferição da aprendizagem. Considerando

que o aluno está em frente a um computador, longe de um professor, como saber se

ele mesmo realizou os trabalhos? Como saber se é ele mesmo que está participando

do chat? Para resolver estes problemas estão sendo estudadas tecnologias que

avaliam a linguagem escrita de um determinado indivíduo, através de padrões. Desta

forma, um software pode avaliar – pela linguagem utilizada – quem foi que escreveu o

texto. Isso pode também ser utilizado para analisar participações em fóruns. Os chats

utilizando webcam também ajudarão a identificar a pessoa que está participando. Neste

mesmo sentido, há que se aprimorar os sistemas de avaliação, muito mais dinâmicos,

interativos e interdisiciplinares.

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Considero que todos os problemas encontrados pelas universidades virtuais são

passageiros e é uma questão de tempo para que este modelo de ensino seja

incorporado ao cotidiano da maioria da população.

Independente disso, é fato que as universidades virtuais também terão impacto

na estrutura de custos do setor e seus métodos de ensino se transformarão em

vantagem competitiva. O ensino totalmente presencial já não suporta os altos custos de

seu modelo de funcionamento, principalmente quando percebemos que a demanda

crescente está nas classes C, D e E, e nas localidades periféricas aos grandes centros

urbanos. Ao mesmo tempo, a falência do modelo tradicional de ensino, baseada na

lousa e em forma de palestras, fará o aluno migrar para o ensino a distância.

Desenvolvimento Regional e Inclusão Social

É notório que muitas pessoas, para poderem freqüentar um curso que melhor

atenda aos seus desejos, têm que se descolar das cidades em que nasceram. Os curso

de Astronomia, por exemplo, só existe na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

As universidades virtuais servem como instrumento para o desenvolvimento

regional, ao permitir a pessoas residentes em zonas periféricas aos centros urbanos, o

acesso à educação, reduzindo o que podemos chamar de “ilhas do saber”.

As populações residentes em localidades distantes, ao receberem formação

profissional, atuam como agentes do desenvolvimento local. Assim sendo, o

administrador abre uma empresa, o professor uma escola e o técnico em informática

pode desenvolver softwares. Além, é claro, de melhorar a eficiência dos serviços

prestados dentro da comunidade em que vivem, em diferentes áreas de atuação.

Por outro lado, as universidades virtuais também exercem um papel de inclusão

social. Ao possibilitar o acesso ao ensino superior a pessoas que, em outras condições,

não poderiam estudar, a Universidade Virtual também funciona como elemento de

promoção da cidadania e redução das desigualdades sociais. O acesso a ensino de

qualidade e de alto nível sempre foi visto como um modo de controle social das elites.

Levar educação a diferentes pessoas, a diferentes lugares, elimina barreiras culturais

que mantêm um sistema de dominação excludente.

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Educação para o trabalho e no trabalho

Um outro aspecto envolvendo as universidades virtuais é a necessidade de

formação continuada, para o trabalho e no trabalho. No passado as pessoas passavam

um tempo de sua vida estudando, terminavam sua formação e trabalhavam. Quando

precisavam se aperfeiçoar, paravam novamente de trabalhar para realizar cursos ou

pós-graduação. Isso mudou, há necessidade dos profissionais estarem continuamente

se aperfeiçoando. Esse aperfeiçoamento pode ser feito dentro do local de trabalho.

Esta necessidade levou grandes empresas a investirem em “universidades

corporativas”, através de iniciativas individuais ou em parceria com instituições de

ensino.

As universidades virtuais, por utilizarem tecnologias de comunicação como a

Internet, a videoconferência e o satélite, permitem a integração de seus sistemas de

ensino com as empresas. Vimos por conta disso a proliferação de redes de

videoconferência empresariais a instalações de telessalas em fábricas, além da

integração de ambientes virtuais de aprendizagem com as redes empresariais, sendo

administrados cooperativamente entre os parceiros.

Como exemplo desta realidade, podemos citar o caso do Banco da Amazônia –

BASA. Seu projeto de EAD consiste na integração por sistema de videoconferência, de

todas as agências na Amazônia. O BASA também utiliza ambientes virtuais de

aprendizagem. Os investimentos somam 50 milhões de reais para cinco anos.

6. UNIVERSIDADES VIRTUAIS: CASOS CONCRETOS

Como dissemos no início, o conceito de universidade virtual abrange não

somente um tipo, mas diversos modelos, utilizando diferentes tecnologias. Uma

universidade pode utilizar a tecnologia para a oferta de cursos a distância, oferecendo

acesso à educação para um público que tem dificuldades em freqüentar cursos

tradicionais. Pode optar por utilizar as NTICs para melhorar a qualidade do ensino

presencial, agregando valor aos seus cursos tradicionais. Ou ainda permitir o uso de

serviços à comunidade acadêmica. No sistema híbrido, ou dual, uma universidade

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desenvolve programas em diversas modalidades, de acordo com as necessidades do

seu público.

No Brasil recentemente foram criados vários modelos de universidades virtuais –

públicas e privadas. Algumas foram fruto de iniciativas individuais de instituições

pioneiras. Outras surgiram através da formação de redes, na tentativa de unir esforços

no desenvolvimento da EAD. A criação destas redes resultou em grande troca de

experiência entre as IES participantes, diluição dos riscos e concentração de

investimentos.

Uma das grandes questões que envolvem a formação destas redes e das

iniciativas individuais é o foco inicial do trabalho. Por onde começar, quais cursos

oferecer, para que público, usando que tecnologias são questões cruciais a serem

respondidas.

Decidir pelo mercado corporativo sem dúvida é uma decisão mais simples, no

entanto não tem o potencial de crescimento e abrangência de projetos de graduação

que envolvem o público em geral. Trabalhar com foco no mercado corporativo também

impõe desafios. Historicamente as instituições brasileiras não têm muita prática nesse

mercado. Para alguns acadêmicos mais conservadores é a degradação do princípio da

universidade, que se curva ao liberalismo econômico.

Oferecer graduação exige maior volume de recursos iniciais, sem falar que das

dificuldades legais existentes. Não é à toa que o IUVB passou três anos para conseguir

aprovar a oferta de seus cursos iniciais. Até hoje o projeto da Unirede não tem cursos

próprios de graduação, apesar de suas associadas já terem projetos neste sentido.

Desta forma, algumas universidades virtuais foram criadas – como veremos –

com foco no mercado corporativo, enquanto que outras resolveram investir em cursos

tradicionais, como formação de professores.

É claro que atender aos diversos públicos não é excludente. Entretanto,

estabelecer um foco inicial é parte de uma decisão estratégica e da criação de uma

identidade inicial.

A partir daqui iremos mostrar alguns projetos de universidades virtuais no Brasil

e um exemplo fora do Brasil. É importante frisar, antes de tudo, que quem quiser

estudar mais a fundo os modelos de universidade virtual, quais cursos elas oferecem,

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as tecnologias utilizadas, não pode esquecer de procurar experiências fora do Brasil.

Nos Estados Unidos, por exemplo, pode-se fazer até doutorado a distância. Na

Espanha também existem programas neste sentido. No Brasil, a CAPES, órgão do

MEC que regula a pós-graduação, ainda restringe muito a criação de programas.

Conservadorismo? Falta de visão? Pode ser, e pode não ser. Há prós e contras.

Entretanto, uma coisa a história mostra: quem mais faz, mais aprende.

Agora vamos aos exemplos.

Universidade Virtual – UNIVIR

Criada em 1996, a Univir (www.univir.br) objetiva ofertar soluções para o

mercado corporativo, através de programas de e-learning. Lançada pela UniCarioca,

sendo seu braço na área de EAD.

Segundo dados da própria empresa, a Univir conta com mais de 35.000

participantes, em mais de 100 cursos nas áreas de direito, comércio exterior,

administração, educação, finanças, informática, letras, marketing, meio ambiente, saúde

telecomunicações e hotelaria.

O objetivo da Univir não é vender tecnologias, mas ofertar conteúdo e assessoria

para organizações que desejam implementar o e-learning, através de comunidades

virtuais de aprendizagem.

A proposta da Univir é colocar todo seu Know how em ensino a distância a

serviço destas empresas, de diversas formas. Para isso utiliza um ambiente virtual de

aprendizagem denominado EVA (Espaço Virtual de Aprendizagem). Para acessar os

cursos, os alunos e professores têm acesso a esse ambiente, que pode ser integrado à

Intranet das empresas.

Apesar do uso intenso da Internet, a Univir também utiliza outros recursos, como

material impresso, vídeo e CD-Rom, assim como momentos presenciais.

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Universidade Virtual Pública do Brasil - UNIREDE

Consórcio que abrange cerca de 70 instituições públicas da rede federal,

estadual e municipal, tendo sido criada em 2000. Dentro da Unirede encontra-se

também o CEDERJ (Consórcio Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de

Janeiro).

Através de parceria com o MEC, desenvolveu o programa “TV na Escola e os

Desafios de Hoje” e “Formação em Educação a Distância”. Este último busca capacitar

professores para trabalhar com educação a distância.

Recentemente o MEC aprovou, para 2005, da abertura de 17.585 vagas em

cursos de graduação a distância nas áreas de pedagogia, matemática, biologia, física e

química. Muitas das instituições contempladas fazem parte do consórcio Unirede.

Todas as vagas são para instituições públicas.

Instituto Universidade Virtual Brasileira – IUVB.BR

Rede formada por 10 instituições privadas, é o primeiro consórcio de instituições

de ensino superior privadas. O IUVB (www.uvb.com.br) nasceu oficialmente em agosto

de 2000. O objetivo era reunir competências acadêmicas e compartilhar a estrutura

física das 10 instituições. Da mesma forma cada instituição contribuiu com recursos

financeiros para o desenvolvimento metodológico e a infra-estrutura tecnológica

necessária. Como marco da criação do IUVB, em agosto de 2000 foi realização o curso

Preparação de Professores Autores e Tutores para Educação a Distância, cuja tutora

foi a professora Dênia Falcão.

Fazem parte do IUVB as seguintes instituições:

Universidade da Amazônia – Unama (PA)

Universidade Anhembi Morumbi (SP)

Universidade Potiguar (RN)

Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal –

Uniderp (MS)

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Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul (SC)

Universidade Veiga de Almeida – UVA (RJ)

Centro Universitário Monte Serrat – Unimont (SP)

Centro Universitário Newton Paiva – Unicentro (MG)

Centro Universitário Vila Velha – UVV (ES)

Centro Universitário do Triângulo – UNIT (MG)

Figura 6 – Imagem da tela principal do ambiente virtual de aprendizagem NearYou

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A Internet é a tecnologia central utilizada em seus cursos, através do uso de um

ambiente virtual de aprendizagem denominado NearYou. Este ambiente virtual de

aprendizagem está totalmente integrado ao um sistema de gestão acadêmica

Universus. Através deles, o aluno pode não somente ter acesso às aulas, mas também

a todos os procedimentos administrativos e acadêmicos de uma universidade

presencial, como controle e registro de cadastro, controle financeiro, notas etc.

Oferta de Cursos

Desenvolvida a metodologia e de posse da tecnologia necessária, em 2003 o

IUVB recebe autorização do MEC para ofertar quatro cursos de graduação, nos estados

de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de

Janeiro, Pará e Mato Grosso do Sul. Os cursos ofertados pelo IUVB:

Bacharelado em Administração

Bacharelado em Marketing

Secretariado Executivo Bilíngüe

Ciências Econômicas

Os cursos ofertados são 90% a distância utilizando a Internet e 10% utilizando

momentos presenciais. Os alunos contam ainda com uma equipe de suporte por e-mail

e um telefone 0800 para contato, inclusive aos fins de semana.

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Os alunos do IUVB podem realizar o processo seletivo em qualquer uma das

instituições que fazem parte da rede. Todo aluno do IUVB tem os mesmos privilégios

dos alunos das associadas, utilizando os laboratórios, biblioteca e demais serviços.

The African Virtual University

Para não ficarmos restritos aos exemplos brasileiros, achamos interessante falar

sobre a Universidade Virtual da África (www.avu.org).

Criada em 1997, foi desenvolvida como um projeto piloto com recursos do Banco

Mundial, com sede em Washington.

Atualmente está presente em países africanos, atendendo 23.000 alunos em

áreas como jornalismo, negócios, computação, línguas e contabilidade. Cerca de 40%

de seus alunos são mulheres.

Como tecnologia, a AVU utiliza sistema de satélite para transmissão de aulas e

ambiente virtual de aprendizagem (WebCT) como suporte e interação. Atualmente

estão estudando novas tecnologias, como conexão wireless por sistema de telefonia

celular, uso de PDAS e notebooks.

Figura 7 - as diversas tecnologias utilizadas pela African Virtual University (AVU)

Universidade Virtual do Maranhão – UNIVIMA

Criada pela Gerência de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e

Desenvolvimento Tecnológico (GECTEC), a UNIVIMA (www.univima.ma.gov.br) está

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ofertando cursos de Formação de Professores e está ofertando vagas para o Curso

Vestibular da Cidadania para Inclusão Social.

Como tecnologias, utiliza sistemas de videoconferência IPTV (www.ip.tv) e o

ambiente virtual de aprendizagem TelEduc desenvolvido pela Unicamp.

Unopar Virtual

O Unopar Virtual é um projeto da Universidade do Norte do Paraná – Unopar

(www.unoparvirtual.com.br). Através do uso de sistema de satélite, com pontos de

recepção espalhados por diversos pólos, é possível à Unopar atender milhares de

alunos, ofertando o Curso Normal Superior nas distintas habilitações – Educação

Infantil e Anos iniciais do Ensino Fundamental. Também oferece o curso Formação de

Docentes para o uso de tecnologias multimídia em EAD.

A Unopar também utiliza ambientes virtuais de aprendizagem para os alunos e os

professores interagirem, mas o sistema de transmissão via satélite é a tecnologia

central do programa.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É claro que ainda há muito a conhecer sobre o funcionamento das universidades

virtuais. O assunto não se encerra aqui. Não falamos, por exemplo, sobre a qualidade

do ensino, os aspectos pedagógicos. Mas esse não foi nosso objetivo.

O que quisemos mostrar foi um panorama geral, de modo levar os

conhecimentos básicos sobre o assunto a educadores e outros interessados.

A universidade virtual é uma modelo de instituição novo, estreitamente ligado ao

que chamamos de sociedade do conhecimento e sociedade da informação. Em

algumas situações substituirá o ensino presencial, em outras será um complemento.

Ao mesmo tempo há muitas tecnologias novas surgindo, novas soluções,

enquanto que as tecnologias atuais estão se aprimorando e se tornando mais

massificadas. Os custos também tendem a diminuir por conta disso.

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Decerto muito há que se aprender ainda, os modelos ainda não estão prontos.

Muito do que se aprende, como já disse, é por tentativa e erro. Entretanto, a

universidade virtual veio para ficar, por mais que no futuro seja muito diferente do que

temos hoje.

REFERÊNCIAS

BITTENCOURT, Dênia Falcão de. Estratégia e tomada de decisões para educação a distância. Tubarão: Unisul, 2003. DANIEL, John S. Mega-Universities & Knowleage Media: techology strategies for higher education. London: Kogan Page, 1999. MAIA, Carmen (org.). ead.br: experiências inovadoras em educação a distância no Brasil: reflexões atuais em tempo real. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2003. (série Universidade Virtual). ______. Guia Brasileiro de Educação a Distância. São Paulo: Esfera, 2001. RYAN, Steve et al. The Virtual University: the internet and resourced-based learning. London: Kogan Page, 2001. SIMPSON, Ormond. Supporting Students in Online, Open and Distance Learning. 2. ed. London: Kogan Page, 2002. STEPHENSON, John. Teaching & Learning Online: pedagogies for new technologies. London: Kogan Page, 2002. VIANNEY, João; TORRES, Patrícia Lupion; DA SILVA, Elizabeth Farias. A Universidade Virtual no Brasil. Tubarão: Unisul, 2003.