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A UTILIZAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA PARA O PLANEJAMENTO URBANO NO BAIRRO PLANALTO FORMOSA EM TIMON-MA Raimundo da Silva Ramos 1 , Natanael de Araujo Silva 2 , Maria do Espírito Santo Abreu da Rocha 3 , Jorge Eduardo de Abreu Paula 4 1 Geógrafo, Graduando em Tecnologia em Geoprocessamento, IFPI , Teresina – PI, [email protected] 2 Graduando em Tecnologia em Geoprocessamento, IFPI, Teresina - PI, [email protected] 3 Graduanda em Tecnologia em Geoprocessamento, IFPI, Teresina - PI, [email protected]. 4 Geógrafo, Mestre em Geografia, Prof.Dr. Adjunto, UESPI, Teresina – PI, [email protected] RESUMO: A cidade de Timon (MA) tem sido o reflexo do crescimento desordenado, especificamente Bairro Planalto Formosa, ocupado de forma irregular. Diante desse contexto, este trabalho teve como objetivo analisar o processo de urbanização e ocupação do Bairro através do geoprocessamento e sua relação com as áreas de riscos e declividade, uma vez que tais riscos ocorrem em áreas ocupadas e passam a comprometer a segurança das moradias. A metodologia utilizada neste trabalho foi subdividida em etapas distintas: levantamento de fontes bibliográficas, procedimentos de campo e gabinete (que englobam a coleta de dados e produção de informações), bem como o mapeamento da área utilizando as ferramentas de Geoprocessamento (SIGs Arcgis 10.1 e Quantum Gis 2.2), para a classificação da declividade do Terreno, com a finalidade de mostrar as áreas de alta e baixa declividade. Os resultados encontrados apontam para áreas com alto índice de degradação ambiental e dos solos, e inapropriadas para moradia, bem como necessitando de novo reordenamento e disciplinamento do espaço urbano. PALAVRAS-CHAVE: urbanização, SIGs, reordenamento. INTRODUÇÃO: As aglomerações urbanas representam estrutura complexas em processo de expansão espacial permanente. No Brasil, bem como na maior parte dos países ditos em “desenvolvimento”, a aceleração descontrolada deste crescimento tem gerado formas predominantes de adaptação da urbanização ao relevo. Segundo Lacerda (2005, p.1) “as cidades são construídas sobre substratos geológico-geomorfológicos com características próprias que vão afetar, às vezes de forma muito negativa, o sítio urbano”. Neste aspecto as áreas urbanas, por constituírem ambientes onde a ocupação e concentração humana se tornam intensas e muitas vezes desordenadas, tornam locais sensíveis às gradativas transformações antrópicas (GONÇALVES; GUERRA, 2001, p.189) e desta maneira intensificado o desmatamento, a ocupação irregular, a erosão e o aumento de áreas degradadas, dentre outras coisas. Desta maneira a utilização das ferramentas de geoprocessamento surge como uma alternativa, permitindo fazer uma análise espacial que combine o mapeamento dos problemas urbanos com informações físicas, geográficas, topográficas ou de infraestrutura, sendo, portanto indispensável. A importância de abordar a temática no Bairro Planalto Formosa se deu a partir da necessidade de um mapeamento das áreas ocupadas de forma inapropriadas, e um diagnósticos das mesmas através do geoprocessamento. MATERIAL E MÉTODOS: A área de estudo é o bairro Planalto Formosa localizado no município de Timon (MA), que por sua vez, está localizado na microrregião geográfica do Itapecuru/Caxias, na margem esquerda do rio Parnaíba, também se trata do segundo maior município da RIDE Grande Teresina (PI). Segundo IBGE (2010) o bairro possui uma população de 1.849 habitantes e 200 domicílios, tendo uma infraestrutura razoável com poucas ruas calçadas. Para realização do presente artigo foram feitas visitas técnicas com coleta de informações (coordenadas geográficas) utilizando aparelho de GPS e registros fotográficos dos determinados locais de estudo, sendo criada uma planilha no Software Excel,transformando-a em arquivo do tipo shapefile no SIGs Arcgis 10.1 onde esses dados foram tratados e processados. Logo depois se adquiriu imagens de Radar SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) disponibilizada pela EMBRAPA (Empresa Brasileira de Agropecuária) Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014 13

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A UTILIZAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA PARA O PLANEJAMENTO URBANO NO BAIRRO PLANALTO FORMOSA EM TIMON-MA

Raimundo da Silva Ramos1, Natanael de Araujo Silva2, Maria do Espírito Santo Abreu da Rocha3, Jorge Eduardo de Abreu Paula 4

1Geógrafo, Graduando em Tecnologia em Geoprocessamento, IFPI , Teresina – PI, [email protected]

2 Graduando em Tecnologia em Geoprocessamento, IFPI, Teresina - PI, [email protected] 3Graduanda em Tecnologia em Geoprocessamento, IFPI, Teresina - PI, [email protected].

4Geógrafo, Mestre em Geografia, Prof.Dr. Adjunto, UESPI, Teresina – PI, [email protected]

RESUMO: A cidade de Timon (MA) tem sido o reflexo do crescimento desordenado, especificamente Bairro Planalto Formosa, ocupado de forma irregular. Diante desse contexto, este trabalho teve como objetivo analisar o processo de urbanização e ocupação do Bairro através do geoprocessamento e sua relação com as áreas de riscos e declividade, uma vez que tais riscos ocorrem em áreas ocupadas e passam a comprometer a segurança das moradias. A metodologia utilizada neste trabalho foi subdividida em etapas distintas: levantamento de fontes bibliográficas, procedimentos de campo e gabinete (que englobam a coleta de dados e produção de informações), bem como o mapeamento da área utilizando as ferramentas de Geoprocessamento (SIGs Arcgis 10.1 e Quantum Gis 2.2), para a classificação da declividade do Terreno, com a finalidade de mostrar as áreas de alta e baixa declividade. Os resultados encontrados apontam para áreas com alto índice de degradação ambiental e dos solos, e inapropriadas para moradia, bem como necessitando de novo reordenamento e disciplinamento do espaço urbano.

PALAVRAS-CHAVE: urbanização, SIGs, reordenamento. INTRODUÇÃO: As aglomerações urbanas representam estrutura complexas em processo de expansão espacial permanente. No Brasil, bem como na maior parte dos países ditos em “desenvolvimento”, a aceleração descontrolada deste crescimento tem gerado formas predominantes de adaptação da urbanização ao relevo. Segundo Lacerda (2005, p.1) “as cidades são construídas sobre substratos geológico-geomorfológicos com características próprias que vão afetar, às vezes de forma muito negativa, o sítio urbano”. Neste aspecto as áreas urbanas, por constituírem ambientes onde a ocupação e concentração humana se tornam intensas e muitas vezes desordenadas, tornam locais sensíveis às gradativas transformações antrópicas (GONÇALVES; GUERRA, 2001, p.189) e desta maneira intensificado o desmatamento, a ocupação irregular, a erosão e o aumento de áreas degradadas, dentre outras coisas. Desta maneira a utilização das ferramentas de geoprocessamento surge como uma alternativa, permitindo fazer uma análise espacial que combine o mapeamento dos problemas urbanos com informações físicas, geográficas, topográficas ou de infraestrutura, sendo, portanto indispensável. A importância de abordar a temática no Bairro Planalto Formosa se deu a partir da necessidade de um mapeamento das áreas ocupadas de forma inapropriadas, e um diagnósticos das mesmas através do geoprocessamento. MATERIAL E MÉTODOS: A área de estudo é o bairro Planalto Formosa localizado no município de Timon (MA), que por sua vez, está localizado na microrregião geográfica do Itapecuru/Caxias, na margem esquerda do rio Parnaíba, também se trata do segundo maior município da RIDE Grande Teresina (PI). Segundo IBGE (2010) o bairro possui uma população de 1.849 habitantes e 200 domicílios, tendo uma infraestrutura razoável com poucas ruas calçadas. Para realização do presente artigo foram feitas visitas técnicas com coleta de informações (coordenadas geográficas) utilizando aparelho de GPS e registros fotográficos dos determinados locais de estudo, sendo criada uma planilha no Software Excel,transformando-a em arquivo do tipo shapefile no SIGs Arcgis 10.1 onde esses dados foram tratados e processados. Logo depois se adquiriu imagens de Radar SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) disponibilizada pela EMBRAPA (Empresa Brasileira de Agropecuária)

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sendo possível gerar informações da região, que possibilitarão a produção de mapas de altimetria e declividade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Inicialmente foi gerado mapas de declividade da área (Figura 1), este se constitui uma das formas de caracterizar o terreno, sendo um dos indicadores indispensáveis ao planejamento, pelos limiares que estabelece. A escolha das classes é também um fator relevante quando se analisa, por exemplo, a dinâmica do escoamento superficial do bairro.

Figura 01 – Mapa de Declividade do Bairro.

A variável declividade combinada com outras pode fornecer novos dados derivados, como por exemplo, com uso do solo urbano e legislação ambiental, permitindo estabelecer a aptidão á urbanização. Conjugado com um resultado ainda mais preciso, permiti conhecer as áreas potencialmente inapropriadas para a habitação. Neste sentido elaborou-se um diagnóstico da área em estudo como mostra o quadro 1 abaixo com os pontos estudados.

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Pontos Grau de Declividade Descrição

P 01 Plano Ondulado 0 a 3% Predominância de áreas com declives suaves,

nos quais, a maior parte dos solos, o escoamento superficial é lento ou médio. Solo

areno-argiloso e impermeável.

P 03 P 07

Suave Ondulado 3 a 8%

Predominância de áreas com superfícies inclinadas, geralmente com relevo ondulado,

nos quais o escoamento superficial para a maior parte dos solos é médio ou rápido. Solo

areno-argiloso.

P 02 P 04 P05 P 08

Ondulado de 8 a 20 %

Predominância de áreas inclinadas ou colinosas, onde o escoamento superficial é

rápido na maior parte dos solos. Solo areno-argiloso.

Pode se observar que maior parte dos pontos foram marcados em relevo cuja declividade tinha grau Ondulado de 8 a 20%, em áreas inclinadas e onde o escoamento superficial é rápido na maior parte dos solos, sendo reafirmado por Paula (2013. p.3) [...] A presença humana normalmente tem respondido pela aceleração dos processos morfogenéticos [.....] e de reação da formação superficial gerando desequilíbrios como os movimentos de massa, voçorocamento.

A partir da declividade, foi possível gerar um esboço da elevação do terreno conforme Figura 06, a fim de verificar as áreas mais elevadas e correlacioná-las, verificou-se que as áreas mais elevadas e de 98 a 110 metros, portanto tendo um relevo ondulado e declive de 8 a 20%, estas possui maiores chances de deslizamento de massas, confirmando assim a percepção dos moradores em relação aos riscos de deslizamento, e as áreas menos elevadas que vai de 68 a 78 metros e de 78 a 88 metros, com relevo suave ondulado de 3 a 8%, com solo impermeável e uma área sujeita a inundações.

Desta forma elaborou-se um esboço ocupação do bairro Planalto Formosa, com os principais pontos de estudo, pôde se perceber que as áreas na porção norte do bairro é mais densamente povoada, contando com uma infraestrutura urbana razoável, porém deficiente nas áreas a leste do bairro, como se verifica na Figura 02, esta área possui moradias na encosta do morro, área inapropriada para morar.

Quadro 1. Distribuição das classes de declividade nos Pontos de Estudos

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- - - Limite da Área de Estudo

___ Ruas Percorrida

CONCLUSÕES: Pensando numa forma de prever e propor soluções é indispensável o papel

do geoprocessamento nas políticas publicas urbanas, que pode contribuir na preparação da base de dados, como uma solução para os problemas que ocorrem nas áreas urbanas. Foi possível a geração de mapas temáticos de classes de declividade do bairro com o auxilio do software Arcgis10.1, detectando áreas criticas do terreno para contextualização urbana, mostrando desta maneira a importância de as ferramentas de geoprocessamento para analisar e planejar as cidades. Desta forma a porção sudeste do bairro, é a que possui os maiores pontos críticos, possuindo infraestrutura precária. Portanto, o ambiente natural do Bairro Planalto Formosa por se só apresenta vulnerabilidade frente aos processos erosivos, que está sendo acelerado por meio das ocupações irregulares, bem como pela ausência de planejamento, por parte do poder público que não proporciona infraestrutura básica adequada para moradias. Este conjunto de fatores influenciam significativamente não só na modificação no meio natural mas também ocasionam impactos irreversíveis. REFERÊNCIAS: GONÇALVES. L.F.H & GUERRA, A.J.T. Movimentos de Massa na Cidade de Petrópolis (Rio de Janeiro) In: GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. da (Orgs.). Impactos Ambientais Urbanos no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. 416p. IBGE. Censo 2010. Disponível em: <http//:www.ibge.gov.br/ Censo 2010>Acesso em: Novembro de 2013. LACERDA, H. Notas de Geomorfologia Urbana. In. Anais do Encontro Regional de Geografia - EREGEO, 9, Porto Nacional (TO). Porto Nacional: EREGEO, disco compacto, 2005, 10p.

Área degradada

P 08

P 01

P 07

P 02

P 03

P 04 P 05

P 06

Figura 02. Esboço Tridimensional do relevo da área de estudo.

PAULA, J. E. A. Geomorfologia. Teresina: UESPI, 2013.p.70 (Notas de Aula).

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