A VIDE -...

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4 REFLEXÃO

A VIDE E OS SARMENTOS

Ensinamentos de Jesus

6 MEDIUNIDADE

ROMANCES MEDIÚNICOS - PARTE I

Esclarecimentos quanto à qualidade dos textos

mediúnicos

14 CAPA

SANTOS DUMONT E O ESPIRITISMO

Mensagem Espírita anuncia a invenção do avião

22 ESTUDO

SURGE “IRMÃO X”O caso de Humberto de Campos

27 COM TODAS AS LETRAS

NÃO SE APERTE COM A CRASE

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

SUMÁRIO

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“Nosso Lar” responsabiliza-se

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Quase tudo que se pode observar no mundo exterior nasce de

forças ocultas aos olhos humanos.No subsolo terrestre, por exemplo, tanto pode surgir a água queserve à vida quanto a lava que arrasa coletividades.Do mesmo modo, a flor que balsamiza e o espinheiro que fere,nascem de sementes que lhes servem de matrizes dentro da terra.Valendo-nos destas imagens, será possível constatar que, nointercâmbio mediúnico, o campo fluídico, constituindo um doscomponentes necessários ao fenômeno, nasce, primeiro, no mundointerior do próprio intermediário.Mediunidade é sintonia.Sintonia significa conjugação de ondas.E as ondas brotam das profundezas do ser, onde se localiza o focode forças psíquicas, responsável pela atmosfera fluídica quecaracteriza cada um.Como toda pessoa apresenta oscilações dentro de um campo deidéias em que gravita, é compreensível que as relações fluídicas,necessárias ao intercâmbio, não se estabeleçam de formainstantânea logo nas primeiras tentativas e exercícios.A qualidade, na comunicação mediúnica, requer tempo, disciplina,estudo e paciência.Por essa razão, além do devido preparo no campo teórico, caberáao medianeiro analisar o seu mundo interior, a fim de avaliar ascondições fluídicas que oferece ao intercâmbio.Que pensamentos cultivas?Que emoções carregas?Que idéias alimentas?Tenta responder, para ti mesmo, a estas questões, porque todomédium é responsável pela sintonia que estabelece, cabendo a cadaum cultivar, no solo da alma, as sementes da caridade e a águalimpa do amor, para que os resultados colhidos externamente nãose limitem à curiosidade inútil, mas conduzam a uma reflexão capazde ensejar paz, consolação e luz.

Augusto

LEVY, Clayton. Mediunidade e Autoconhecimento. CEAK. 2003

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FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

REFLEXÃO

A Vide e os Sarmentos

Evangelho

Conforme vemos pelo trechoacima, Jesus apresenta-se nesta ale-goria em suas relações íntimas comos discípulos e com Aquele que oenviou a este mundo. Compara-se àvide, sendo o Pai o viticultor, e osapóstolos, os sarmentos.

A videira com as respectivas va-ras encarnam, pois, a igreja viva doCristo tem sua unidade perfeita.Sua missão, como a da vide, é pro-duzir frutos. Abstraindo-nos dafrutificação, tanto a vide como a igre-ja nada representam. A finalidade deuma e de outra está nos frutos. Es-tes, na vide, pendem dos sarmentos,porém, os sarmentos, de si mesmos,nada produzem, de vez que sua fer-tilidade decorre de certo elementovital fornecido pela cepa que, a seuturno, absorve-o do seio da terraatravés das suas raízes ali mergulha-das.

A seiva, portanto, que é a vidada videira como o sangue é a vidado corpo animal, prefigura o podervivificante que o Cristo de Deustransmite aos que, em verdade, se

dispõem a seguir-lhe as luminosaspegadas.

A prova , por conseguinte, de queestamos com Ele, de que realmentesomos varas intregradas na vide, ve-rificar-se-á nos frutos que produza-mos. Frutos de espiritualidade, deabnegação e renúncia, de bondadee de justiça.

O sarmento destacado da cepadestaca-se também dos demais, por-que é na videira que eles encontramo ponto de mútuo contacto.

Outro tanto sucede com aque-les que se divorciam do Cristo: que-bram a unidade da igreja, separan-do-se dos seus irmãos. É em CristoJesus, em sua escola e em seus pre-ceitos éticos que se há de consumar,um dia, a união entre os homens.Ele é o centro de convergência, é aforça aglutinadora que congraçará aHumanidade, destruindo as causasde separação que, até aqui, a têmmantido desunida e desagregada.“Quando eu for levantado, atraireitodos para mim.”

O homem nada é, considerado

“Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o viticultor. Toda a vara em mim que

não dá fruto, Ele a corta; e a vara que dá frutos Ele a limpa para que dê mais

abundante. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado. Permanecei em

mim, e eu permanecerei em vós. Como a vara não pode dar fruto de si mesma, se não

permanecer na videira, assim nem vós o podeis dar se não permanecerdes em mim.

Aquele que permanece em mim e no qual eu permaneço, dá muito fruto, pois sem

mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, é lançado fora como a

vara, e seca-se; semelhantes varas são ajuntadas, lançadas ao fogo, elas ardem”

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

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Deus é fonte eterna da vida em todasas suas modalidades de energia e de

produção

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

REFLEXÃO

isoladamente. Ele é parte do Todo.Quanto mais identificado com aunidade, tanto mais produzirá. Oisolacionismo é uma das formas maisfunestas do egoísmo. A ideologiadas ditaduras, expressa na fórmula– cada nação deve bastar-se a si pró-pria -, é uma quimera perigosa e es-túpida, pois, isolando os povos,acoroçoa entre eles o sentimento desupremacia, fermento gerador de ri-validades que culminam nas guerrassanguinolentas e cruéis como essaque ora acaba de lançar a Humani-dade na ruína e no caos.

Deus é fonte eterna da vida emtodas as suas modalidades de ener-

gia e de produção. Jesus é seu Ungi-do para estabelecer o liame entre océu e a terra, o espírito e a matéria,o humano e o divino. Tal é o senti-do destes dizeres: Eu sou a videira,vós sois as varas, e meu Pai é oviticultor. Nesse entrosamento estáo Alfa e o Ômega.

O homem isolado da comunida-de é vara destacada da vide: esterili-za-se e seca. Esta assertiva é uma rea-lidade tanto no que se diz respeitoao indivíduo como no queconcerne às nações. Se a políticaisolacionista, outrora vigente naAmérica do Norte, não mantivessepor tanto tempo os Estados Uni-dos separados das demais nações,ter-se-ia evitado a conflagração atualque acabou por submergir o plane-ta num mar de sangue, de lágrimas

e de angústia.Oxalá os responsáveis pelos des-

tinos desta Humanidade aproveitema lição, ganhando a paz, depois deterem ganho a guerra.

As varas estéreis, diz a parábola,serão cortadas e lançadas ao fogo, oque vale dizer que os elementosinsanos, obstinados no mal, ficarãoentregues a si próprios, ardendo nofogo do remorso originado dos de-litos cometidos. As varas produti-vas serão limpas, isto é, se desvenci-lharão, através de experiências e pro-vas, de todos os laivos de impureza,a fim de que produzam mais abun-dantemente.

Conforme vemos, existe, defato, perfeita analogia entre a vi-deira e a igreja viva do Cordeirode Deus. Apenas uma diferençaformal as distingue: diferença essaque convém acentuar, de vez queencerra grande ensinamento: avida tem suas raízes entranhadas noseio da terra de onde aure a seivaque transmite aos sarmentos. A igre-ja do Cristo tem suas raízes volta-das para cima, mergulhadas nas es-feras celestiais, fonte inexaurível devida espiritual que vai absorvendoe transfundindo naqueles que a elase acham incorporados. �

Fonte:

Vinícius. Na Seara do Mestre. Págs. 82 – 85.

Feb.2000.

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FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

MEDIUNIDADE

Romances Mediúnicos - Parte I

por Yvonne do Amaral Pereira

“A primeira condição para se granjear a benevolência dos bons Espíritos é a humildade, o

devotamento, a abnegação, o mais absoluto desinteresse moral e material.”

“A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada Santamente, religiosamente.”

(Allan Kardec – “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. XXVI, 8 e10.)

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

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Receber obras mediúnicas, para algunsmédiuns constitui missão, para outros

constituirá provação e resgate

MEDIUNIDADE

Freqüentemente, amigos nossos,igualmente afeitos às lides espíritas,solicitam-nos esclarecimentos sobreo modo pelo qual são ditados, doAlém, os romances sempre tão atra-entes, da já vasta bibliografia espíri-ta.

- Tomarão, os autores espirituais,da mão do seu aparelho mediúnico,tão-somente? Indagam aqueles obser-vadores – Atuarão também sobre océrebro de seu intérprete, seguindoa linha conhecida da faculdadepsicográfica? Servir-se-ão da audição,porventura? Talvez da intuição?...

De princípio, afirmaremos quedependerá, racionalmente, da clas-sificação do médium, tal como no-la explicam as obras básicas da Dou-trina, podendo, portanto, um ro-mance porvir do Além através da-quelas vias mediúnicas e tambémpela inspiração, e até pela incorpo-ração, para que alguém escreva en-quanto o aparelho receptor, ou omédium, dita, sob impulso do sercomunicante. Não obstante, acres-centaremos que, além da psicografiamecânica, da semimecânica, da in-tuição e da audição, etc., poderãoverificar-se, num ditado mediúnico,para romance, pelo menos, outrosmeios igualmente concluentes e de-talhados, que ao próprio médiumfortalecem na fé e nas corajosas dis-posições que lhe serão indispensá-veis ao melindroso mister, ao passoque um mundo novo, um novohorizonte e uma sociedade rica debelezas e harmonias se desvendampara seu espírito, encantando-o, atéao indefinível, com uma felicidadediferente de tudo o que na Terra seconhece por esse nome, inconcebí-

vel, portanto, aos atendimentos quenão a tenham penetrado.

Tratando-se de um ensaio com-plexo, preferiremos sobre o assun-to afirmar somente aquilo que par-ticularmente nos disser respeito, vis-to ignorarmos particularidades derecepção mediúnica de outros ins-trumentos. Assim sendo, começare-mos declarando que – receber obrasmediúnicas, quer se trate de roman-ces ou não, se para alguns médiunsconstitui missão, como presencia-mos suceder a Francisco CândidoXavier, para outros constituirá pro-vação e resgate de algo mal interpre-tado ou realizado no passadoreencarnatório. Nessa última catego-

ria nos colocamos a nós mesma, poisnão ignoramos sejam resgates as ter-ríveis peripécias que temos susten-tado e vencido até agora, para con-seguir apresentar, à bibliografia es-pírita, a pequena contribuição quenos tem cabido. De outro modo,verifica-se tratar-se de um dom espe-cial, pois o médium psicógrafo, sim-plesmente, não se prestará ao feitoliterário mediúnico se não trouxernos meandros psíquicos, além des-sa, também a qualidade de “literá-rio”, como tão bem definiu AllanKardec. O médium literário domomento, portanto, teria sido es-critor em vidas pregressas ou, pelomenos, um intelectual inclinado às

Letras e ao Belo, razão pela qual, naatualidade, possuirá aptidão para ob-ter do Espaço obras superiores aos seuspróprios conhecimentos do presente.

No entanto, quer se trate de mis-são ou provação, o que é certo paratodos os médiuns é a tremenda res-ponsabilidade que assumem no diaem que colocaram o seu nome e asua personalidade no seio de ummovimento dessa natureza.

Não desejamos abordar a indica-ção, por assim dizer, necessária a ummédium, a fim de servir deinstrumentação fácil sob direção dosamigos espirituais que dele deseja-rem utilizar-se, para laboresmediúnicos em geral. Como tão

bem apontou o grande educadorespiritual Emmanuel: “Há, nos rei-nos do espírito, leis e princípios,novas revelações e novos mundos aconquistar. Isso, entretanto, exige,antes de tudo, paciência e trabalho,responsabilidade e entendimento,atenção e suor”1. O que implicarárenovação, severos trabalhos de re-forma interior, de parte do candida-to a intérprete dos Espíritos.

Certamente, não ignoramos quea faculdade mediúnica, em si mes-ma, independe de qualidades mo-rais excelentes, ou de virtudes, vistoque Allan Kardec, assim como osEspíritos elevados que lhe revelarama Doutrina Espírita explicaram que

1 “Seara dos Médiuns”, Cap. 5, pág. 23

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FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

...os Instrutores Espirituais preferirãoque os seus instrumentos se apliquema boas leituras e estudos em geral

MEDIUNIDADE

até mesmo um médium analfabetopode escrever belas páginas de lite-ratura. Todavia, o mesmo Kardecclassificou de muito raros, quase ex-cepcionais mesmo, tais médiuns, enós outros, os espíritas em geral,com a longa experiência adquirida

no aprendizado diário, também te-mos constatado que, se é fato que afaculdade mediúnica, em si mesma,independe de qualidades morais ex-celentes, os feitos edificantes quepode ela produzir somente advém,no entanto, após renovação geral de

seu portador, ou, pelo menos, apósa demonstração, de parte deste, deboa vontade em se harmonizar coma Espiritualidade superior, median-te a observância de severos deverese disciplinas.

Por outro lado, não conhecemosnenhum médium verdadeiramenteanalfabeto que apresentasse obra li-terária escrita, embora tenhamosconhecimento de alguns poucosexemplos desses, havidos na histó-ria da mediunidade2. Parece-nos,mesmo, que tal fenômeno será cada

2 Na cidade de Lavras, Minas Gerais, durante o período 1926-1930, conhecemos como médium do Centro Espírita de Lavras uma senhora de cor,cujo coração boníssimo soube muito bem assimilar a Doutrina dos Espíritos, mas analfabeta, pois mal sabia assinar o próprio nome e apenas lia,com grande esforço, as preces contidas no final de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec. Chamava-se Eugênia da Conceiçãoe residia numa travessa da antiga rua do Cônego. Recebendo em memoráveis reuniões realizadas por aquele Centro, presididas então peloCoronel Cristiano José de Souza e o seu Vice-Presidente, Sr. Augusto Paiva, o Espírito do Padre Vítor, através da incorporação, essa médium faziaos mais belos discursos filosóficos e de alta moral que jamais ouvimos, os quais, às vezes, levavam trinta minutos e mais ainda, lembrando,efetivamente, o sermão de um sacerdote, no púlpito das igrejas. Recebia, também, o Espírito do Dr. Augusto José da Silva, que igualmentediscursava de modo edificante, embora apresentando assunto e estilo diversos. Ao receber Espíritos sofredores, essa médium admirável, jáfalecida, relatava aos presentes a vida no Além-Túmulo, descrevendo-a como André Luiz hoje no-la tem revelado, e de tal forma o fazia que estasmanifestações se tornavam altamente elucidativas e instrutivas para os adeptos. Tais discursos, no entanto, apresentavam freqüentes erros deportuguês, visto que, médium analfabeta, não oferecia maleabilidade suficiente aos Espíritos comunicantes para uma transmissão mais completa.

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queixam-se as entidades espirituais dadeficiência do vocabulário humano

para expressar a palavra dos Espíritos

MEDIUNIDADE

vez mais raro, tendendo a desapare-cer. Temos compreendido que, da-das às dificuldades a vencer para oditado mediúnico da literatura, osInstrutores Espirituais preferirão queos seus instrumentos se apliquem aboas leituras e estudos em geral, aobservações e meditações profundas,o que não deixaria de estabelecer umpreparo prévio, uma indicação, afim de adquirirem e arquivaremcabedais capazes de tornar sua men-te maleável e obediente ao escritorespiritual. Isso, porém, não é tudo,pois, como ficou dito, sem um res-surgimento de valores pessoais noíntimo do próprio médium, nadase conseguirá de apreciável, pornão se haver ele ajustado às faixasvibratórias aptas ao feito. Seriaigualmente errôneo o julgamentode que pessoas muito ilustradas edoutas seriam melhores instru-mentos para um escritor daEspiritualidade do que um sim-ples estudioso, um autodidata,destituído de títulos e diplomas.Não! Sabemos, porque ficou ditopelos maiores do Espiritismo, queo cérebro menos assoberbado deteorias e sistemas preconcebidos sepresta melhor aos ditados espíri-tas mediúnicos, não só porpositivar o fato mais concludente-mente, como também porque, gra-ças à sua singeleza, não seria inter-ceptada, ou desfigurada, com idéi-as pessoais, alguma revelação novaque adviesse em contraposição ateorias que devessem ser renova-das, antes a traduziria sem mesclasnem preconceitos, porque, assim,não possuiria barreiras mentais ca-pazes de impugnar um noticiárioque fosse contrário às opiniões jáimplantadas pela cultura daquele

que muito se demorou no recessodas Academias.

Desde o aparecimento daCodificação, queixam-se as entidades

espirituais elevadas da deficiência dovocabulário humano para expressara vertiginosidade da palavra dos Es-píritos, das dificuldades, das barrei-ras contra o que lutam nossos Gui-as para descreverem as grandezas domundo invisível. Quem é médiumtransmissor de revelações e ditadosinstrutivos de qualquer natureza,especialmente romances desenvolvi-dos no Além, sabe das torturas psí-quicas indefiníveis a que se vê sub-metido quando o seu instrutor se

dispõe a transmitir algo que vive ouexiste nas regiões felizes do Invisí-vel, as quais desconhece porque,quando desencarnado, ele, o mé-dium, não as pudera atingir, e tam-

bém sabe que isso a que denomina-mos “tortura”, à falta de outro qua-lificativo mais exato, não atinge so-mente a si próprio, mas também aoInstrutor comunicante, que se en-tregará a disciplinas mui penosas afim de se conseguir fazer compreen-der, as disciplinas a que só se animapelo muito amor a causa das Verda-des Eternas e pelo cumprimento deum sagrado dever. Por isso mesmo,entristecemo-nos quando algunsoradores, empolgados pelo ardor da

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MEDIUNIDADE

própria palavra, ao emitirem opini-ões meramente pessoais, vão ao ex-tremo de atacar os médiuns comsuposições e críticas impróprias ehumilhantes, revelando dessarte opequeno conhecimento da causaque tentara defender, e também le-viandade na apreciação de um cam-po delicado e complexo, que requermais serenidade e espírito de obser-vação, para ser devidamente estuda-do.

É certo que o estudo damediunidade deverá ser acompanha-do de cautelosas pesquisas para quese possam remover as numerosas di-ficuldades de que comumente serodeia, como deslindar as múltiplascausas que a poderão desfigurar, le-vando-a mesmo ao ridículo e à nuli-dade tratando-se de uma faculdade,por assim dizer, celeste, destinada arealizações imprevisíveis, conviria aosseus detratores – pois o há mesmodentro da grei espírita – antes deinvestigá-lá com espírito de proteçãoe fraternidade do que depreciá-lacom observações desanimadoras eanti-doutrinárias. Ora, as modalida-des de meios de comunicação como Invisível têm preocupado ultima-mente certos pensadores, que levamos códigos do Espiritismo maiscomo passatempo do que mesmocom o sincero desejo de realmenteaprender. Algumas dessas modalida-des, consideradas “novidades”,criticadas por uns, incompreendidaspor outros, negadas por muitos,relegadas por alguns a título de “fan-tasias do cérebro de médiuns igno-rantes”, são, não obstantes, tão an-tigas, e já conhecidas dos velhos po-

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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE : 0800 770-5990 11ASSINE : (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

O célebre livro “Apocalipse” é obraessencialmente mediúnica, porém não

muito clara à compreensão vulgar

MEDIUNIDADE

vos do passado, como são apsicografia, a incorporação e as de-mais, estudadas por Allan Kardec eseus colaboradores.

Ninguém há que ignore a singu-lar faculdade mediúnica de João, oEvangelista, dentre outras que pos-suiria o chamado “discípulo ama-do”, cujo espírito era arrebatado do

corpo material durante o transe lú-cido de desdobramento, era alçadoao Espaço e, uma vez ali, via Jesus –a quem chamava de Senhor – e comele conversava, recebendo preciosasinstruções. O que, porém, Jesus di-zia ao seu discípulo seria não somen-te ouvido, mas também visto porJoão, pois a palavra do Mestre to-mava forma, transforma-se em fatose ocorrências diante do Apóstolo,depois do que o próprio Senhor Je-sus o mandava escrever em livro tudoquanto presenciara. Daí surgiu o cé-lebre livro “Apocalipse”, o últimodos belos volumes de que se com-põe o Novo Testamento de Jesus-Cristo, obra essencialmentemediúnica não muito clara à com-preensão vulgar, em virtude de suafeição esotérica e das dificuldadescom que o Divino Mestre, ou umde seus agentes, teria lutado paratentar transmitir otranscendentalismo profético servin-do-se do vocabulário e das imagensda época, bem mais deficientes doque as atuais, como foi o caso, por

exemplo, para descrever a aviaçãomoderna, tão claramente ali revela-da, não obstante a deficiência dasimagens 3.

Tão bela faculdade não foi isola-da, ou particular a João. Os Profe-tas do velho Testamento sucinta-mente explanaram os mesmos por-menores, afirmando, com freqüên-cia, que eram arrebatados em espí-

rito, repetindo sempre: - “O Senhor disse, e eu vi ...”Ao passo que os médiuns atuais

não cessam de afirmar que vêem

quadros fluídicos, através de descri-

ções dos seus Instrutores

desencarnados, ao receberem obras,

mensagens vistas e não apenas escri-

tas, avisos de futuras ocorrênciasnarradas em cenas vivas, principal-mente de morte próxima de algumser amado, e romances e revelaçõesnovas.

E não somente com os médiunsdeclaradamente espíritas tais fenô-menos se verificam. A vida de cadacriatura está repleta desses fenôme-nos, embora a maioria não ligue ao

fato a devida importância. Igualmen-te, a vida de muitos artistas célebres– médiuns quase todos, sem o sa-ber, alguns demonstrando mesmofaculdades positivas -, enumera fatosidênticos: visões, transportes emcorpo astral, ou arrebatamento do

espírito, de que trata João. Contamque Vincenzo Bellini, o grande com-positor italiano, durante um sonoque tudo indica tenha sido um tran-se letárgico, ou um estado de sonam-bulismo, “sonhou” que assistia umafesta no “Céu”. De lá mesmo, ondepairava, o seu espírito temporaria-mente afastado do corpo, isto é, dolocal feliz do Invisível onde se en-contrava – certamente algum pon-

to de reunião de Espíritos artistas –aciona o corpo, que dorme, e escre-ve a ária vitoriosa da sua ópera “Nor-ma”, pois que a anterior fora vaiadadurante a récita de estréia.

Na empolgante obra “No Invisí-vel”, Léon Denis cita o caso do pin-tor alemão Alberto Dürer, o qual,preocupado por não se sentir inspi-rado para a criação de um quadro

3 Apocalipse, 9:1 a 21.4 “Água-furtada”– Sótão, pequena dependência de uma casa, localizada imediatamente sob o telhado, muito usada na Europa, como residência pobre. Alberto

Dürer– Célebre gravador, pintor, escultor e arquiteto alemão. Nasceu em Nurenberg, em 1471, e aí morreu em 1528. Aliou a uma imaginação de

espantosa riqueza um colorido perfeito e, principalmente, uma incomparável mestria de desenho. Exímio no retrato, embora mostrassepreferência pelos assuntos impressionantes.

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FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

MEDIUNIDADE

Alberto Dürer é um grande artista, umsensitivo, cujas vibrações penetram ascamadas superiores do Invisível

que reproduzisse os quatroevangelistas, debruça-se na janela dasua “água-furtada”, na cidade deNurenberg, Alemanha, e faz sua in-vocação aos poderes espirituais 4.Pouco a pouco, desenham-se no es-paço, a sua vista materializadas, asquatro figuras que ele desejava pin-tar. A riqueza dos tons luminososque envolvem essa obra-prima dos

céus clareia a parte da cidadealcançada pelo artista da janela dasua humilde habitação, e este, des-lumbrado, plenamente harmoniza-do com as vibrações das esferas ar-tísticas da Pátria Espiritual, podeobservar os pormenores do mode-lo insólito concedido por seus ami-gos do mundo invisível.

Daí a reproduzi-lo mais tarde,

5 Em ocasiões tais, verifica-se uma espécie de hipnose sobre o sensitivo: mais tarde ou mais cedo ele reproduzirá, fatalmente, o que o Invisível lheforneceu, embora auxiliado, ainda, pelo mesmo Invisível, ou pelos seus amigos e protetores espirituais.

obedecendo ao capricho dos clarose das sombras, da harmonia das co-res e da pureza das linhas seria fácil,pois Alberto Dürer é um grande ar-tista, um sensitivo, cujas vibraçõespenetram as camadas superiores doInvisível, e aquela visão sublime sedecalcou nos refolhos da sua alma,e em formas indeléveis, o que lhepermitiu reproduzir a obra em todaa sua magnificência”.5

Não raro, o mesmo estranho fe-nômeno se verifica com os médiunsespíritas em relação às obras român-ticas que lhes concedem os mentoresespirituais. Quadros belíssimos, se-qüências admiráveis de cenas colo-ridas, detalhes singulares, etc., tudosublimado por um jogo de luzesindescritível, são fornecidos àquelesno momento em que recebem aobra, ou antes da sua recepção,quando do transe letárgico provo-cado por seus Instrutores durante opreparo da mesma e a adaptação domédium para o feito. Dá-se mesmoo fato de que, algumas vezes, umasó obra terá dois autores – um que

a conta, ou narra em cenas, no Es-

paço, e outro que a escreve mais

tarde, através da psicografia.

Neste caso, ao transcrevê-la sobassistência do seu amigo invisível, omédium já conhece a história por-que a viu narrada no Além, o quemuito facilita a recepção escrita,pois, ou dela se recorda, caso sejainstrumento muito lúcido, impres-sionável, ou, quando menos, a con-serva arquivada na subconsciência,caso a faculdade não disponha da

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MEDIUNIDADE

é comum o médium se emocionar anteas belezas que à sua visão se rasgamem cenas indescritíveis

propriedade de reter lembranças aodespertar do primeiro transe.

Dentre outros médiuns de quetemos notícias, além de nós mesma,pois esses fatos nos são muitos co-muns, convirá destacar FranciscoCandido Xavier, por ser o mais po-pular e o mais acreditado no con-ceito geral. Confessa ele que, ao re-ceber da entidade espiritualEmmanuel o livro “Paulo e Estevão”,assistiu, deslumbrado, à cena daaparição do Nazareno a Saulo deTarso, na estrada de Damasco, qua-dro fluídico criado pela palavra es-

piritual (vibração mental, poder dopensamento e da vontade sobre flui-dos existentes no Universo) do au-tor da obra, que a está ditandopsicograficamente, e a qual se con-verteria na mais bela obra pelo Es-paço concedida aos Homens depoisda codificação da Doutrina Espíri-ta. Comovido, o médium não su-porta tanta grandeza patenteada àsua visão. Abandona o lápis, inter-rompendo o ditado. Prostra-se dejoelhos e chora as mais sublimes lá-grimas que seus olhos conheceram.Aliás, é comum o médium se emo-

cionar ante as belezas que à sua vi-são se rasgam em cenas indescritíveis,quando, muito concentrado no tra-balho, favorecido por ambiente fe-liz e afastamento completo das coi-sas deste mundo, ele se dá ao labordo ditado mediúnico. Muitas vezes,nós mesma temos interrompidonossos trabalhos, ante ao encanta-mento da sutil beleza espiritual comque nossos Guias nos mimoseiam,a fim de nos entregarmos ao prantofeliz e comovido que o mundo ain-da desconhece. Parece que o mé-dium, em tais ocasiões, tem as suassensibilidades gerais elevadas aomáximo, pois se não vibrar unísso-no com o autor da obra não conse-guirá realizar o feito. Daí o porquêde um instrumento mediúnico ob-ter obras de poucos autores, pois otrabalho é sempre melindroso e di-fícil, exigindo o máximo de quali-dades harmoniosas de um e de ou-tro, tais como amor à causa, vonta-de, pureza de intenções, humildade,paciência, perseverança, desinteres-se de toda e qualquer natureza,mormente o desinteresse monetário,renúncia e até mesmo espírito desacrifício, o que deixa entrever nãoser fácil a um encarnado assim co-mungar, tão intensamente, com en-tidades elevadas da Espiritualidade.

...CONTINUA NAPRÓXIMA EDIÇÃO

Fonte:

PEREIRA, Yvonne A. Devassando o Invisível.

Págs. 138 a 173. Feb.

ASSINE : (19) 3233-559614 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

Santos Dumont e o EspiritismoMENSAGEM ESPÍRITA ANUNCIA A INVENÇÃO DO AVIÃO

15Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE : (19) 3233-5596

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

Ao registrar o centená-

rio do heróico feito de

Santos Dumont, que

no dia 23 de outubro de 1906

voou pela primeira vez com o 14

BIS, a Federação Espírita Brasilei-

ra (FEB) rememora um outro fato

histórico, que relaciona Dumont

com o Espiritismo: a mensagem

do Espírito Estevão (Etienne)

Montgolfier (1745-1799) anuncian-

do a descoberta do avião.

Santos Dumont iniciara suas

experiências com o balão “Brasil”,

em 4 de julho de 1898; prossegui-

ra, em setembro do mesmo ano,

com o “Santos Dumont no 1”; e,

apesar de alguns acidentes, conti-

nuou os experimentos com outros

balões, até que construiu o dirigí-

vel nº 6, com o qual contornou a

Torre Eiffel, em Paris, no dia 19

de outubro de 1901. Com esse fei-

to, demonstrou a dirigibilidade

dos balões e recebeu o prêmio

Deutsch, de 100.000 francos-ouro.

O coração generoso de Dumont

já se anunciava aí: distribuiu todo

o dinheiro do prêmio entre seus

mecânicos e os pobres de Paris.

Já consagrado mundialmente,

Santos Dumont veio ao Brasil em

1903. Ao passar pelo Rio de Ja-

neiro, a FEB, por intermédio do

seu presidente, Leopoldo Cirne,

entregou-lhe em mãos um ofício

datado de 12 de setembro de

1903, acompanhado do exemplar

da revista Reformador de 1º de

agosto de 1883. Naquela data, a

revista da FEB publicara uma

mensagem mediúnica profética,

sobre seu futuro invento. Assina-

da pelo Espírito Jacques-Etienne

Montgolfier, a mensagem havia

sido recebida em 30 de julho de

1876 (quando Dumont tinha três

anos de idade), na cidade de

Silveiras (SP), pelo médium

Ernesto Castro. Montgolfier foi

um dos pioneiros da navegação

aérea.

Observe que a mensagem

mediúnica não trata dos balões

(mais leves que o ar). O Espírito,

literalmente, da invenção do avião

(o mais pesado que o ar). Trinta

anos antes, os Espíritos já falavam

da velocidade, do motor e das ca-

racterísticas dos futuros aviões.

Um ano depois do vôo do 14-BIS,

Santos Dumont inventaria sua

obra-prima, um avião leve que até

hoje é o modelo para todos os

aviões: a demoiselle. Transparente,

elegante e pesando somente 40

quilos, o pequeno avião foi com-

parado pelos franceses a uma li-

bélula. Foi o primeiro avião a ser

fabricado em série no mundo: fru-

to, mais uma vez, do desprendi-

mento de Santos Dumont. O in-

ventor do avião jamais cobrou di-

reitos autorais e pessoas de todos

os continentes podiam construir

aviões iguais aos dele e encher os

ares com os pássaros mecânicos.

Leia a seguir:

· o ofício da FEB

· a mensagem de Etienne

Montgolfier

· a biografia de Montgolfier

ASSINE : (19) 3233-559616 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

(Fonte: Reformador de setembro de

1956, p.12(200-13(201) – Artigo “A

Predestinação de Santos Dumont”, de

Almerindo Martins de Castro.)

”Rio, 12 de Setembro de 1903.

Prezado e ilustre patrício Sr.Alberto Santos Dumont:

Consenti que ao coro de unâ-

nimes e afetuosas saudações, com

que é justamente festejado o vos-

so regresso à pátria, se venha as-

sociar, por seus diretores abaixo

ssinados, a Federação Espírita Bra-

sileira. E não vos pareça estranho,

pela índole de suas cogitações, este

testemunho da nossa Sociedade

que, ao contrário, por força mes-

mo dos seus ideais espiritualistas

e humanitários, não se pode de

modo algum desinteressar das con-

quistas do século e dos benefíciosque à causa do progresso huma-

no trazem os seus colaboradores,

em cujas fileiras vos reservou a

Providência tão assinalado posto.

Filhos desta abençoada terra

da Santa Cruz, cujos gloriosos des-

tinos nem sequer pode sonhar a

descuidosa geração contemporâ-

nea, é com verdadeiro interesse

que temos acompanhado o vossoesforço perseverante, na absorção

do gênio e da predestinação, por

dotar a Humanidade com os be-

nefícios dessa conquista, com que,

imortalizando-vos, enobreceis aomesmo tempo a nossa Pátria. Não

enxergueis nestas expressões o in-

tuito de vos estimular sentimen-

tos de vaidade que, por fortuna

vossa, parece serem alheios ao

vosso espírito, revestido, ao con-trário, da modéstia e do desinte-

resse característicos do verdadei-

ro missionário.

Se algum outro fim temos em

vista, além das saudações frater-

nais que vos trazemos, é o de ofe-recer-vos, como um documento

que particularmente nos parece

dever interessar-vos, o número do

Reformador de 1 de Agosto de

1883, jornal que no ano seguinte

começou a ser órgão da nossa So-

OFÍCIO DA FEB A SANTOS DUMONT

não se pode de modo algumdesinteressar das conquistas do século

17Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE : (19) 3233-5596

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

ciedade, tal se conservando atéagora, como vereis da coleção des-te ano, que igualmente vos ofere-cemos.

Ali se encontra uma comuni-cação espírita, ditada quando ape-nas contáveis 3 anos de idade, aqual, recebida por um médiumque ainda vive, parece que se en-tende convosco. Ignoramos quaissejam as vossas idéias acerca destanova ciência que na gloriosa Fran-ça, como por toda a parte, conta

os mais esclarecidos e dedicadoscultores. Sabemos, entretanto,pelas referências dos jornais a vos-so respeito, que sois uma almacrente, alcandorando-vos nostransportes da prece, quando, nasarriscadas ascensões, expondes avossa vida; e pois, sem nenhumapreocupação de proselitismo, te-mos unicamente em vista minis-trar-vos esse esclarecimento acer-ca da providencialidade da vossamissão na Terra.

Ali se fala, é certo, de “pássaromecânico”, superior aos balões,meros “exploradores e precurso-res da admirável invenção”. Nãose entenderá, porém, com os ba-lões cativos esta alusão? Assim nosparece, tanto mais que, não so-mente o vosso invento tem o va-lor da conquista definitiva do ar,como a data da comunicação con-firma a anterioridade do vossonascimento.

Guardai, pois, esse jornal, aomenos como uma afetuosa e es-pontânea recordação dos vossosirmãos espíritas do Brasil, e per-miti-nos que, abraçando-vos, vosexortemos a que, de par com asimplicidade e modéstia que vosdistingue, e tão bem vai nas almascrentes, conserveis sempre emDeus essa confiança, que é o segre-do dos vossos triunfos, e serenida-de de ânimo, e será o da vossa glori-ficação, não aos olhos dos homens,o que bem pouco vale, mas aos des-se mesmo Deus, que é a nossa for-ça, o nosso amparo e a razão únicada nossa própria existência.

Se vos agradar continuardes a re-ceber a nossa modesta folha, enviai-nos o vosso endereço em Paris.

E crede sempre nos cordiais efraternos sentimentos dos vossossinceros irmãos em Jesus.

Leopoldo Cirne, presidente;Geminiano Brazil de O. Goes,

vice-presidente;Albino Gonçalves Teixeira, 1º

secretário;Nilo Fortes, 2º secretário;Ulysses de Mendonça, 3º secre-

tário;Pedro Richard, tesoureiro.” �

ASSINE : (19) 3233-559618 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

19Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE : (19) 3233-5596

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

Os balões, meros exploradores e

precursores da admirável invenção,

nada, pois, serão perante o belo e por-

tentoso pássaro mecânico. Esse Deus

de bondade e de misericórdia, que

nada concede antes da hora marcada,

deixa primeiramente que seus filhos

trabalhem em procura da sabedoria,

e depois que eles se têm esforçado em

descobrir a Verdade, aí então lhes

envia um raio de sua divina luz. Já

vêem, ó mortais, que a navegação

aérea não será um sonho, não, mas

sim uma brilhante realidade.

O tempo, que vem próximo, vos

dará o conhecimento desse estupen-

do motor. Brasil, tu que foste o berço

dessa grande descoberta, serás em

breve o país escolhido para demons-

trar a força dessa grandiosa máqui-

na aérea. Eis o prognóstico que vos

dou, ó brasileiros!”

“Vencer o espaço com a velocida-

de de uma bala de artilharia, em um

motor que sirva para conduzir o ho-

mem, eis o grande problema que será

resolvido dentro de pouco tempo. Essa

máquina poderosa de condução não

há de ser uma utopia, não.O missio-

nário, que traz esse aperfeiçoamento

à Terra, já se acha entre vós. O pro-

gresso da aviação aérea, que tantos

prosélitos tem achado e tantas vítimas

há feito, não está, portanto, longe de

realizar-se.

O aperfeiçoamento de qualquer

ciência depende do tempo e do estado

da Humanidade para recebê-lo. A

locomotiva, esse gigante que avassala

os desertos e vence as distâncias, será

um insignificante invento ante o pás-

saro colossal, que, qual condor dos

Andes, percorrerá o espaço, conduzin-

do em suas soberbas asas os homens

de vários continentes.

MENSAGEM MEDIÚNICA(Fonte: Reformador de setembro de 1956, p. 9(197)

Em 30 de julho de 1876, em Silveiras (SP), o médium ErnestoCastro recebia espontaneamente a seguinte mensagem do EspíritoEstêvão Montgolfier:

ASSINE : (19) 3233-559620 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

Os irmãos Joseph MichelMontgolfier (26 de Agosto de1740 – 26 de Junho de 1810) eJaques Étienne Montgolfier (6de Janeiro de 1745 – 2 de Agos-to de 1799) foram inventores

que construíram o primeiro ba-lão tripulado no ano de 1783.

Os irmãos eram filhos de um

fabricante de papel (a fábrica éa Canson, que até hoje é umadas companhias mais tradicio-nais e modernas do mundo) deAnnonay, sul de Lyon, França.Consta que, em uma ocasião,

quando os irmãos brincavamcom um saco de papel aberto in-vertido sobre o fogo, eles repa-

raram que o saco flutuava. Comisso, descobriram que poderiam fi-nalmente realizar o grande sonhoda humanidade, o de voar. Passa-ram então a fazer diversos experi-mentos com diversos materiais atéconstruírem um balão prático.

No dia 5 de junho de 1783,exibiram publicamente um ba-lão que possuía 32 m de circun-ferência e era feito de linho quefoi enchido com fumaça de umafogueira de palha seca, elevou-se do chão cerca de 300 m, du-rante cerca de 10 minutos voan-do uma distância de aproxima-damente 3 quilômetros.

ÉTIENNE E JOSEPH MONTGOLFIER – BIOGRAFIA

Os irmãos Joseph e Étienne Montgolfier,foram inventores que construíram oprimeiro balão tripulado em 1783.

21Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE : (19) 3233-5596

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

Em 1709, o Padre Jesuíta brasileiroBartolomeu de Gusmão teria

conseguido a ascensão em um balão

Fonte:

www.febnet.org.br

No dia 19 de setembro de1783, perante o Rei Luís XVI ea Rainha Maria Antonieta,Joseph Montgolfier repetiu suaexperiência, o balão voou por 25minutos com dois ocupantes(Pilatre de Rozier e FrançoisLaurent) percorrendo mais oumenos 9 quilômetros.

Muitos não consideramÉtienne e Joseph Montgolfiercomo os inventores do balãoquente. Em 1709, o Padre Jesuítabrasileiro Bartolomeu de Gusmãoteria conseguido a ascensão emum balão cheio de ar quente, por-tanto quase 80 anos antes dos ir-mãos franceses Montgolfier.

O invento de Montgolfier aoque tudo indica, segundo as re-vistas francesas Nouvelle Europee L’Aeron do início do séculoXX, foi mera cópia do aerostatode Gusmão, uma vez que, apóssua fuga para a Espanha, deixouseus planos inventivos com seuirmão e notável cientista Ale-xandre de Gusmão. Sabe-se quequando Alexandre esteve emParis, manteve estreitas relaçõesde amizade com o cientista Joséde Barros, que, por sua vez eraamigo dos Montgolfier. Não hádescrições detalhadas do apare-lho, provavelmente porque fo-ram destruídas pela Inquisição,mas alguns desenhos fantasiososda aeronave estão impressos noperiódico Wienerische Diariumde 1709. Por causa da ausênciade provas, não se sabe se o ba-lão de Bartolomeu de Gusmãochegou realmente a alçar vôo. �

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FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

ESTUDO

Surge “Irmão X”O caso de Humberto de Campos

por Suely Caldas Schubert

2-3-1945

“(...) Tenho uma novidade paradar-te. O nosso amigo voltou a es-crever, fazendo-se sentir agora como nome de “Irmão X”. Achei curio-so o primeiro trabalho que nos traz,nesta nova fase, e envio-te a cópiaque datilografei para mandar-te. Sequiseres publicá-la no “Reformador”poderás fazê-lo, sendo que te envioo trabalho para esse fim.

Emmanuel, pela audição, me re-comendou te pedisse, caso julguesoportuna a publicação da mensageminclusa, que ela seja feita pelo“Reformador”, sem qualquer alusãoespecial ao fato de o nosso amigoter-se decidido a usar pseudônimoe nem qualquer referência ao nome

que usou, como escritor, em nossomeio, poupando-lhe o espírito denovos dissabores. Para treinar noque Emmanuel me pediu, não fareimesmo alusão ao antigo nome delenem mesmo em carta. Peço-te, pois,meu amigo, caso publiques o traba-lho, que ele seja apresentado pura-

mente assim como te envio, sendoque, segundo Emmanuel me disse,os leitores do “Reformador”, com-panheiros de coração, entenderãode pronto o assunto, sem necessi-dade de esclarecimentos escritos, aomesmo tempo que evitaremos o as-sédio da grande imprensa, da qual,segundo Emmanuel me disse hoje,temos necessidade de descansar paraatender ao que ele denomina “pro-dução mediúnica pacífica e constru-tiva”. (...)”

Temos assim o esclarecimento decomo surgiu o IRMÃO X, pseudô-nimo adotado pelo espíritoHumberto de Campos após o

rumoroso processo que os familia-res do escritor desencarnado move-ram contra a Federação Espírita Bra-sileira e o médium Francisco Cân-dido Xavier.

Todo esse caso do processo estáesplendidamente registrado peloadvogado Dr. Miguel Timponi, con-

vidado pela FEB para defendê-la eao médium, no seu livro “APsicografia ante os Tribunais” (Ed.FEB).

O processo chamou a atenção detodo o País, pois a família deHumberto de Campos, ao acusar aFederação Espírita Brasileira e a Fran-cisco Cândido Xavier do usoindevido do nome do escritor e deauferirem vantagens monetárias coma venda dos livros, pretendia entãoque o Tribunal sentenciasse se essaobra literária mediúnica era ou não

do Espírito Humberto de Campos.Em caso negativo, pedia a apreen-são de todos os exemplares, proibi-ção do uso do nome do escritor epagamento de perdas e danos. Emcaso afirmativo, isto é, se ficasse pro-vado que o autor era mesmoHumberto de Campos, solicitavaque o juiz declarasse a quem perten-ciam os direitos autorias, se à famí-lia do autor espiritual ou à FEB.

O Dr. Miguel Timponi fez bri-lhantemente a defesa e recomenda-mos ao leitor o livro citado, para seinteirar de todo o andamento docurioso processo e da decisão dojuiz.

Todavia, não somente a FEB eChico Xavier sofrem com o episó-dio. A outra vítima dos comentári-

Na paz do anonimato, realizam-seos mais belos e mais nobres serviçoshumanos

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

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ESTUDO

os desencontrados, do alaridoperturbador que se levantou portoda parte, é Humberto de Campos.

Evidentemente, também ele éatingido. Sendo o centro da ques-tão, o alvo maior dos comentários,recebe vibrações de todos os lados.Acresce ainda a sua preocupaçãocom o seu médium e com a Federa-ção. E se isto não bastasse, imagine-mos o seu sofrimento, as suas inqui-etações em relação àqueles a quemestava ligado por laços de parentes-co. São esses sentimentos e emoçõesque ele extravasa em mensagempsicografada em 15 de julho de1944:

“Não desconheço minha pesada res-

ponsabilidade moral, no momento, quan-

do o sensacionalismo abre torrente de

amargura em torno de minhalma.

Recebeu-me a Federação Espírita

Brasileira, generosamente, em seus labo-

res evangélicos, publicou-me as páginas

singelas de noticiarista desencarnado,

concedendo-me o ingresso na Academia

da Espiritualidade. E continuei conver-

sando com os desesperados de todos os

matizes, voluntariamente, como o hóspe-

de interessado em valer-se da casa acolhe-

dora. (...)

..............................................................................................................................Eis, porém, que comparecem

meus filhos diante da justiça, recla-mando uma sentença declaratória.Querem saber, por intermédio doDireito humano, se eu sou eu mes-mo, como se as leis terrestres,respeitabilíssimas embora, pudessemsubstituir os olhos do coração.

Abre-se mecanismo processual eo escândalo jornalístico acende afogueira da opinião pública. Exigemmeus filhos a minha patente literá-ria e, para isso, recorrem à petição

judicial. Não precisavam, todavia,movimentar o exército dos parágra-fos e atormentar o cérebro dos juízes.Que é semelhante reclamação paraquem já lhes deu a vida da sua vida?Que é um nome, simples ajuntamen-tos de sílabas, sem maior significa-ção? Ninguém conhece, na Terra, os

nomes dos elevados cooperadores deDeus, que sustentam as leis univer-sais; entretanto são elas executadassem esquecimento de um til.

Na paz do anonimato, realizam-se os mais belos e mais nobres servi-ços humanos.

Quero, porém, salientar, nesta

ASSINE : (19) 3233-559624 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

ESTUDO

resposta simples, que meus filhosnão moveram semelhante ação porperversidade ou má-fé. Conheço-lhes as reservas infinitas de afeto esei pesar o quilate do ouro da cari-nhosa admiração que consagram ao

pai amigo, distanciado do mundo.Mas, que paisagem florida, em meiodo mato inculto, estará isenta daserpe venenosa e cruel? É por issoque não observo esse problema tris-te, como o fariseu orgulhoso, e simcomo o publicano humilhado, pe-dindo a bênção de Deus para a hu-mana incompreensão. (...)

..............................................................................................................................Diante, pois, do complicado pro-

blema em curso, ajoelho-me no al-tar da fé, rogando a Jesus inspire osdignos juízes de minha causa, paraque façam cessar o escândalo, emtorno do meu Espírito, consideran-do que se o próprio Salomão funci-onasse nesta causa, ao encarar as di-ficuldades do assunto, teria, talvez,de imitar o gesto de Pilatos, lavadoas mãos...” (“A Psicografia Ante osTribunais”, págs. 55 e 56, 5ª ed.FEB.)

Entretanto, se analisarmos maisprofundamente essa celeuma que seformou em torno dos personagensdesse drama incomum, chegaremosà conclusão de que os envolvidos,em maior ou menor intensidade,deveriam estar cônscios dos obstá-

culos que poderiam surgir. Todossabiam antecipadamente os riscosque teriam que correr. TantoHumberto de Campos quantoChico Xavier e Wantuil de Freitasnão estavam alheios aos percalços da

ingente caminhada da difusão daDoutrina Espírita através damediunidade com Jesus.

Quando da preparação que an-tecedeu à reencarnação de ChicoXavier e dos demais companheirosque iriam apoiá-lo na esfera terres-tre, particularmente Wantuil deFreitas, por certo todos foram pre-venidos das dificuldades da tare-fa, dos prováveis sofrimentos, daslágrimas e adversidades que, pos-sivelmente, lhes assinalariam a jor-nada redentora. Simultaneamente,foi-lhes mostrado a sublimidade daobra a ser encetada, o alcance dotrabalho a ser desenvolvido, a im-portância de toda aquela progra-mação que recebera a inspiração eaprovação direta de Ismael.

O próprio Humberto de Cam-pos diria no prefácio de “Crôni-cas de Além-Túmulo”, datado de25 de junho de 1937, numa espé-cie de previsão ou, talvez, com apreocupação de deixar tudo bemesclarecido desde o início:

“Desta vez, não tenho necessi-dade de mandar os originais deminha produção literária a deter-minada casa editora, obedecendo

por certo todos foram prevenidos dasdificuldades da tarefa, dos prováveissofrimentos

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE : 0800 770-5990 25ASSINE : (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

OBSERVAÇÃO

a dispositivos contratuais, ressal-vando-se a minha estima sincera,pelo meu grande amigo JoséOlímpio. A lei já não cogita maisda minha existência, pois, do con-trário, as atividades e os possíveisdireitos dos mortos representari-am séria ameaça à tranqüilidadedos vivos.

“Enquanto aí consumia ofosfato do cérebro para acudir aosimperativos do estômago, possoagora dar o volume sem retribui-ção monetária. O médium está sa-tisfeito com a sua vida singela,dentro da pauta evangélica do “dai

de graça o que de graça recebestes”,e a Federação Espírita Brasileira,instituição venerável que o Prefei-to Pedro Ernesto reconheceu deutilidade pública, cuja Livraria vaiimprimir o meu pensamento, ésobejamente conhecida no Rio deJaneiro pelas suas respeitáveis fina-lidades sociais, pela sua Assistên-cia aos Necessitados, pelo seu pro-grama cristão, cheio de renúnciase abnegações santificadoras.”

É obvio que não há odeterminismo para o mal nas LeisDivinas. Portanto, não consta dequalquer programação, de quais-quer processos reencarnatórios,que uma pessoa esteja fadada a serelemento de perturbação, que te-nha, enfim, a missão de fazer o mal,como se costuma dizer. As coisasse encaminham por força do livre-

arbítrio das criaturas, que optampelos próprios rumos e atitudes.

Assim, não se afastava a hipótesede perseguições soezes, de agressõesde toda sorte, porquanto o precon-ceito contra a Doutrina Espírita eramuito grande ainda àquela época,como também porque as trevas ten-tam impedir a chegada da luz.

Para enfrentar os naturais e pre-vistos óbices da caminhada, todosos envolvidos nessa programação,que tem em Chico Xavier o pólocentralizador, traziam consigo reser-vas espirituais compatíveis. Quandoo problema surgiu, de inopino, foi

normal a reação de perplexidade edor. Mas, refazendo as energias, re-fugiaram-se na prece e na busca deuma defesa equilibrada, o que con-seguiram com muito sucesso porintermédio do Dr. Miguel Timponie seus colaboradores. A FEB mobi-lizou-se, ao comando de Wantuil deFreitas, Cercando Chico Xavier detodo o carinho e apoiando-o comos recursos imprescindíveis que omomento exigia.

Em decorrência disso tudo,Humberto de Campos volta a secomunicar trazendo a sua identida-de oculta sob o pseudônimo de Ir-mão X. Chico diz então que devemter prudência em não mencionar oseu verdadeiro nome, atendendo àorientação de Emmanuel. Mesmoporque, o nobre Instrutor reconhe-

Para enfrentar os naturais óbices dacaminhada,os envolvidos traziam

consigo reservas espirituais compatíveis

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FidelidadESPÍRITA | Outubro 2006

OBSERVAÇÃO

Quantos de nós não teríamosabandonado o serviço em meio, aoprimeiro sinal de tempestade?

ce ser preciso uma pausa, um des-canso, com vistas a uma “produ-ção mediúnica pacífica e constru-tiva”.

“(...) devo dizer-te que, ao sentir-

me de novo visitado por esse amigo

espiritual, a que nos referimos aqui,

experimentei preocupações e receio.

Por causa das mensagens dele tenho

entrado em lutas muito fortes que

eu, francamente, não desejaria ver

repetidas, embora saiba que é a

Vontade do Senhor que deve ser

cumprida e não a nossa. Não fugi-

rei, de modo algum, aos meus deve-

res para com a mediunidade, mas

rogo a Jesus para que cessem as

lutas de opinião, por vezes tão amar-

gas, não para a minha miserável pes-

soa que nada vale, mas para o cam-

po de trabalhos de nossa

Consoladora Doutrina e para os

meus amigos da Federação,

dedicadíssimos à luta venerável do

bem e que não devo estar perturban-

do com assuntos desagradáveis. Sei

que me compreendes e isto me con-

forta. Desse modo, se a Federação

lançar o trabalho da fase nova des-

se companheiro espiritual que tan-

to tem se esforçado pela causa do

espiritismo Cristão, reservar-nos-

emos quanto à identificação do au-

tor tão-só para as conversações e en-

tendimentos verbais, evitando-se

qualquer referência escrita. Se al-

guém, noutras publicações doutri-

nárias, mais tarde, escrever alguma

coisa nesse sentido, o que não pode-

remos evitar, correrá por conta dos

que escreverem semelhantes obser-

vações em outros círculos, não

achas? Quanto a nós, com a ajuda

de Deus, ficaremos em contacto

doravante com o “Irmão X”, aman-

do-o pelo que ele é e pelo que nos

traz e não pelo seu nome. Ao envi-

ar-te essa mensagem rogo a Jesus

para que esta nova fase dele seja

pacífica. Perdoa-me estas considera-

ções (...), mas sinto que, em te es-

crevendo, não devo ocultar meus

estados de alma. (...)”

Quando Humberto de Camposretorna à lida, através depsicografia, Chico sente-se receo-so. As lutas enfrentadas foramduras e difíceis. Não se sente emcondições de recomeçá-las. O tomde desabafo marca as linhas inici-ais deste segundo trecho, mas,logo em seguida, Chico assinalaque é a “Vontade do Senhor quedeve ser cumprida”.

Observemos que ele manifesta,primeiramente, a preocupação queo domina com o retorno deHumberto de Campos. Confessaseus receios e deixa transparecerque está um tanto desgastado pelarefrega. Mas, imediatamente, res-salta que não fugirá dos seus deve-res para com a mediunidade. Sabe

que poderão advir novos proble-mas e dissabores, mas não se es-quivará ou se afastará do seu de-ver.

Diante desse exemplo de tena-cidade, e, sobretudo, de coragemda fé, quedamo-nos a refletir.

Incontável é o número de pes-soas de que, conhecendo o laborde Chico Xavier, aspiram a ser tam-bém médiuns com os recursos eaptidões que ele, Chico, possui.Mas, bem poucos conhecem oaltíssimo preço que têm que pa-gar no sacrifício e na abnegação,na silenciosa e contínua renúnciade si mesmos.

A sementeira do Bem é sempreárdua e custosa. Esse o preço dafelicidade real e definitiva que to-dos teremos de pagar, um dia, sequisermos conquistá-la.

Quantos de nós não teríamosabandonado o serviço em meio,ao primeiro sinal de tempestade?Quantos teríamos prosseguido,mesmo chorando e sofrendo, hu-milhados e injustiçados pelos pró-prios companheiros e pelos inimi-gos gratuitos?

Quem estará disposto a beberdesse cálice? �

Fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 41 - 48. Feb

Outubro 2006 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE : 0800 770-5990 27Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE : (19) 3233-5596

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras.

Pág. 51. Editora Moderna. São Paulo/SP,

1999.

COM TODAS AS LETRAS

Não se aperte com a Crasepor Eduardo Martins

Atente para o conceito básico: ela é o resultado da fusão da preposição a com o artigo a. Portanto é

preciso existir um artigo feminino antes da palavra precedida de crase, que também deve ser feminina.

Veja os exemplos: O jogador voltou à cidade natal. / Deu o presente às tias. No primeiro caso, o à indica a fusão da

preposição a com o artigo singular (voltou a a cidade natal). No segundo, o às resulta da fusão da preposição a com

o artigo plural as (deu o presente a as tias).

Por isso, com uma única exceção (que veremos mais adiante), não existe crase antes de palavra masculina: Vou

a pé (e nunca “à” pé). / Entrou a bordo (e nunca “à” bordo). / Viajou a cavalo (e nunca “à” cavalo). Fez as compras

a prazo (e nunca “à” prazo).

a) Troque por ao. Substitua a palavra antesda qual aparece o a ou as por outra, masculina.Se o a ou as se transformar em ao ou aos, use acrase: O jogador voltou ao país natal (voltou à cida-de natal). / Deu o presente aos tios (deu o presenteàs tias).

Veja outros exemplos: Atentas às condições dotempo, as moças saíram (atentos aos problemas dotempo, os moços saíram). / Junto à parede (junto aomuro).

b) Mude a preposição. A combinação de ou-tras (que não o a) com o artigo feminino a (paraa, na da pela e com a, principalmente) indica seo a ou a as deve levar crase.

Assim: Emprestou o livro à amiga (para a ami-ga). / Retornou à empresa (da empresa). / As ami-gas chegarão às 6 horas (pelas 6 horas). / Estava àbeira de um estresse (na beira de um estresse). /

Você faz parte das pessoas que acham muito difícil o

uso da crase? Que tal deixar esse preconceito de lado e

tentar entender por que se usa a crase e quando?

Chegou às raias da loucura (nas raias da loucura)./ Estava à sua espera à saída (na sua espera nasaída). / À falta de (na falta de, com a falta de,pela falta de).

c) Nomes geográficos. Neste caso, recorra àsformas ir para, voltar de ou chegar de para iden-tificar a crase. Se o certo for ir para a ou para as,voltar da ou das e chegar da ou das, use a crase:Foi à França (para na França). / Irão à Inglaterra(para a Inglaterra). / Voltou às ilhas Canárias (dasIlhas Canárias). / Voltou na Brasília (de Brasília,assim como para Brasília – sem a; portanto, semcrase). / Foi a São Paulo (para São Paulo, voltou deSão Paulo – sem a; também sem crase).

Há três regras práticas para você saber quando ocorre a crase.

Ouçamos Atentos“Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça.”

Jesus - (Mateus, 6:33.)

Chico Xavier - Emmanuel

Vinha de Luz

Apesar de todos os esclarecimentos do Evangelho, os discípulos

encontram dificuldade para equilibrarem, convenientemente, a bússola do

coração.

Recorre-se à fé, na sede de paz espiritual, no anseio de luz, na pesquisa

da solução aos problemas graves do destino. Todavia, antes de tudo, o

aprendiz costuma procurar a realização dos próprios caprichos; o predomínio

das opiniões que lhe são peculiares; a subordinação de outrem aos seus

pontos de vista; a submissão dos demais à força direta ou indireta de que é

portador; a consideração alheia ao seu modo de ser; a imposição de sua

autoridade personalíssima; os caminhos mais agradáveis; as comodidades

fáceis do dia que passa; as respostas favoráveis aos seus intentos e a plena

satisfação própria no imediatismo vulgar.

Raros aceitam as condições do discipulado.

Em geral, recusam o título de seguidores do Mestre.

Querem ser favoritos de Deus.

Conhecemos, no entanto, a natureza humana, da qual ainda somos

partícipes, não obstante a posição de espíritos desencarnados. E sabemos

que a vida burilará todas as criaturas nas águas lustrais da experiência.

Lutaremos, sofreremos e aprenderemos, nas variadas esferas da luta

evolutiva e redentora.

Considerando, porém, a extensão das bênçãos que nos felicitam a

estrada, acreditamos seria útil à nossa felicidade e equilíbrio permanentes

ouvir, com atenção, as palavras do Senhor: “Buscai primeiro o Reino de

Deus e sua justiça.