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Tecnologias e novas educaes
Revista Brasileira de Educao v. 11 n. 31 jan./abr. 2006 19
O momento histrico contemporneo especial,
porque vivemos uma era de profundas transformaes
em todas as reas do conhecimento, da cultura e da
vida social. Os ataques terroristas s torres gmeas
nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, fo-
ram marcantes em todo o planeta, e introduziram umdivisor de guas nas discusses sobre o mundo con-
temporneo. Mais do que nunca, questes ticas, po-
lticas e sociais tornam-se presentes, necessitando
outros enfoques de anlise.
Desde a metade do sculo passado, as teorias
vigentes vm sendo postas em questo e a cincia
vive um momento de grande ebulio, experimen-tando um movimento de transformao, na busca de
novos paradigmas (ser que ainda podemos falar em
paradigmas?) que possibilitem explicar os fenme-
nos naturais e sociais de maneira mais ampla. As for-
mas de organizao da sociedade tambm foram
mudando. Desde o xodo dos judeus do Egito, em-
preitadas, empresas, guerras e a maioria das ativida-
des humanas vm sendo organizadas do modo hie-
rrquico, vertical e de comando, geralmente
representadas pelo organograma (Chiavenatto, 1999).Os princpios desse modelo, que aqui chamaremos
de organizao vertical de comando, esto impreg-
nados na sociedade: as mes apelam para os pais
( Quando o seu pai chegar...); os vizinhos em lit-
gio, para o sndico; os motoristas, para os guardas, e
assim por diante, envolvendo-se sempre uma instn-
cia mediadora superior.
Tecnologias e novas educaes*
Nelson Pretto
Cludio da Costa Pinto**Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educao
* Este texto foi construdo como parte da pesquisa que o
Grupo de Pesquisa Educao, Comunicao e Tecnologias vem
desenvolvendo ao longo dos anos e, especificamente, como parte
da pesquisa Polticas pblicas brasileiras em educao e tecnolo-
gia da informao e comunicao, apoiada pelo Conselho Na-
cional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq). Es-
pecial agradecimento a Mary Arapiraca, pelas preciosas contri-buies para a verso final.
** Este artigo, concludo recentemente, comeou a ser pro-
duzido em parceria com Cludio da Costa Pinto, doutorando da
Faculdade de Educao (FACED) da Universidade Federal da
Bahia (UFBA), que nos deixou, com saudades. Tnhamos o hbito
de trocar idias, textos e imagens pela Internet, com a inteno de
produzir artigos. Conclui o texto, infelizmente sem ele.
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Nelson Pretto e Cludio da Costa Pinto
Revista Brasileira de Educao v. 11 n. 31 jan./abr. 2006
Os processos decorrentes da chamada globaliza-
o estimularam o desenvolvimento de uma forma
alternativa de organizao, caracterizada pela distri-
buio (do planejamento, da produo, das vendas)
com uma pseudo-horizontalizao de parte significa-
tiva do processo decisrio. Agora no localizamos
facilmente uma pessoa no topo do organograma. Pas-
samos a referirmo-nos s empresas multinacionais,
ao sistema financeiro que passou a ser internacio-
nal , ao comrcio, aos servios, sempre numa pers-
pectiva planetria, e a prpria produo de conheci-
mento parece estar seguindo esse modelo que
poderamos denominar de organizao horizontal em
rede. Um dos exemplos mais lembrados na nossa his-
tria recente sobre esse modo de organizao veio do
Departamento de Defesa dos Estados Unidos, duran-te a guerra fria, que, ao solicitar Advanced Research
Projects Agency (ARPA) uma rede de computadores
capaz de continuar funcionando na ausncia de um
n ou quebra de uma conexo, deu origem, em 1969,
rede Internet (ISOC, 2000), que se constitui na cha-
mada rede das redes. H muitos exageros sobre a im-
portncia e o poderio da Internet, mas vale salientar
que ela posterior inveno da organizao social
em redes, que, essencialmente, no depende dos apa-
ratos telemticos para se constituir, uma vez que seorganiza atravs de outros cdigos, como o caso do
trfico nos morros do Rio de Janeiro e de muitos ou-
tros exemplos (Castells, 1999).
No entanto, as redes de computador podem ofe-
recer suporte propcio para que essa organizao ho-
rizontal funcione de forma mais ampla envolvendo
recursos distribudos em regies muito extensas, como
a totalidade do planeta, e um grande nmero de pes-
soas, a exemplo dos projetos Genoma e GNU, este
ltimo buscando o desenvolvimento de sistemas emsoftwares no-proprietrios.
Quando a Internet alastrou-se no mundo como
um ambiente de comunicao confivel, ponto a pon-
to, bilateral e acessvel at mesmo para indivduos, a
partir das suas residncias, estabeleceu-se um ambien-
te global muito mais favorvel s organizaes em
rede do que para as organizaes verticais de coman-
do, implicando, claro est, que, para a sua viabilizao,
precisamos considerar a democratizao do acesso
Internet como pea-chave para que a populao pos-
sa ter a possibilidade de organizar-se de modo hori-
zontal. Nesse sentido, so de fundamental importn-
cia polticas pblicas que garantam esse acesso,
entendendo-o como urgente, o que implica pensar-
mos em solues coletivas e pblicas, e no apenas
no acesso individualizado nas residncias.
Os dados sobre a penetrao da Internet no Bra-
sil e no mundo so suficientemente divulgados para
que gastemos tempo e espao reproduzindo-os. Mes-
mo assim, alguns merecem ser analisados. Por um
lado, percebe-se um crescimento acelerado no nme-
ro de internautas e, mesmo sabendo que em 2001 o
Brasil possua apenas 23 milhes de conectados (me-nos de 19% da populao), pode-se perceber um au-
mento de conexo daqueles que esto nas classes so-
cioeconomicamente menos favorecidas (C, D e E),
conforme dados de pesquisa realizada pelo Datafolha
em parceria com a Folha Online e com o iBest.1 Des-
se total, segundo a pesquisa, 9,5 milhes conectavam-
se de suas casas, 8,3 milhes acessavam a web a par-
tir do trabalho, outros 9,5 milhes acessavam a rede
na casa de parentes, e 3,5 milhes ficavam on-line
nas escolas ou universidades.No entanto, apesar desses dados indicarem um
crescimento do acesso e, principalmente, um aumento
da presena dessas classes na Internet, ainda percebe-
mos a manuteno de uma lgica que privilegia aque-
loutros sempre favorecidos pelo sistema econmico.
Na distribuio por regies, o que se observa da pes-
quisa que o Sul do pas a regio que mais acessa a
rede, com 24% de pessoas on-line, seguido do Sudeste
1 Segundo o Datafolha, a pesquisa foi realizada nos dias
23, 24 e 27 de agosto de 2001. Foram ouvidas 11.201 pessoas,
com mais de 14 anos, de 137 municpios do pas. A margem de
erro do levantamento de dois pontos percentuais para mais ou
para menos, dentro de um intervalo de confiana de 95%. Dispo-
nvel em: . Acesso em: 20 jun. 2003.
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(23%), Norte e Centro-Oeste (17%) e, finalmente, do
Nordeste, com 10% (Folha de S.Paulo, 2001).
A ampliao do acesso s classes C, D e E atri-
buda muitas vezes implantao de telecentros e
infocentros, alm da conexo de escolas pblicas
rede. Nesse caso, os nmeros indicam 35% das esco-
las do ensino mdio e 6,7% do ensino fundamental j
conectadas. Parece um quadro animador se no esti-
vssemos falando em mdias, porque, no fundo, ain-
da vemos uma forte tendncia excluso agora,
excluso digital , que refora, mais uma vez, uma
situao de privilgios. No ensino fundamental, dos
35 milhes de alunos, somente seis milhes teriam,
em tese, acesso Internet. No ensino mdio, dos 8,1
milhes de alunos, cerca de trs milhes esto em
escolas conectadas (Folha de S.Paulo, 2001), sabe-dores que somos de que, ao falarmos em escola
conectada, podemos estar a nos referir a um compu-
tador que partilha a linha telefnica de uso adminis-
trativo da escola.
De outra parte, mas que no vamos tratar neste
texto, acompanhamos um movimento intenso de con-
centrao na propriedade dos meios de comunicao
de massa, estando o Brasil seguindo uma tendncia
mundial em termos de concentrao de grupos que
comandam a produo simblica mundial. No Brasil,apenas seis redes nacionais de televiso (Globo, SBT,
Record, Bandeirantes, Rede TV! e CNT) controlam
667 veculos do pas: 309 canais de televiso, 308
canais de rdio e 50 jornais dirios, segundo o Insti-
tuto de Estudos e Pesquisas em Comunicao.2 Insta-
la-se um sistema de comunicao broadcasting, com
produtos, culturas e informaes sendo produzidos de
forma centralizada e distribudos pas afora. Essa con-
centrao possibilita o estabelecimento de uma
pseudoligao entre as pessoas de todo o mundo, atin-
gindo praticamente toda a extenso do territrio bra-
sileiro, j que todos, na mesma hora, so receptores
das mesmas imagens e informaes.
Mesmo sendo apenas receptor, o cidado comum
vive a sensao de estar integrado a todo o planeta,
to-somente porque sabe o que est acontecendo lon-
ge de seu prprio contexto de vida local.
Preocupa-nos, claro, o processo de unificao,
associao, megafuses entre as diversas empresas
de comunicao que j so dominantes nesta rea, e
que, alm disso, ampliam os seus tentculos para di-
versos outros ramos no tradicionalmente associados
mdia, abrigando, agora, emissoras de rdio, televi-ses, produo de revistas, jornais, livros, grficas,
multimdia, cinema, Internet, telecomunicaes, m-
sica, parques temticos, e mesmo instituies finan-
ceiras (Pretto, 2000, p. 30).
Esse movimento de concentrao e distribuio
de imagens e informaes tem introduzido em nosso
cotidiano uma perspectiva consumidora de ser, com
reflexos em praticamente todos os setores, inclusive
na educao e na cultura, trazendo para essas duas
reas uma perspectiva individualista de atuao so-cial. As pessoas no esto acostumadas a atuar de
forma colaborativa, e ainda impera a lgica da hierar-
quia vertical, com delegao plena de poderes a re-
presentantes. Recorre-se sistematicamente media-
o da instncia superior e, em instncias como a da
poltica, observa-se indiferena em relao s deci-
ses e a seus efeitos sociais.
Os movimentos associados ao que est sendo
denominado de ciberespao tm trazido para a cena
contempornea algumas novas reflexes sobre as pos-sibilidades de superao dessas perspectivas, com
estudos que apontam para novas possibilidades de
utilizao de mtodos, estruturas e estratgias de co-
operao na Internet, luz das ferramentas dispon-
veis para o desenvolvimento de aplicaes para a rede.
Particularmente, tm-se destacado nessa questo os
movimentos voltados para adoo de softwares no-
2 O Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicao esta-va vinculado ao projeto AcessoCom, dirigido pelo jornalista Daniel
Hertz, que teve suas atividades encerradas em 2003 por problemas
financeiros. Os dados aqui apresentados foram divulgados pela As-
sociao Brasileira de Imprensa (ABI) para a promoo da Jornada
pela Democratizao da Mdia, promovida pela ABI em 2003. Dis-
ponvel em: .
Acesso em: 20 jun. 2004.
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proprietrios, conhecidos mais fortemente a partir do
crescimento do movimento GNU/Linux em todo o
mundo. Para a educao, libertar-se dos softwares
proprietrios um grande desafio, uma vez que a pos-
sibilidade de independncia no acesso aos cdigos-
fontes est intimamente associada s inmeras possi-
bilidades de independncia de fornecedores
centralizados que dominam o mercado, possibilitan-
do a ampliao de uma rede de produo colaborati-
va, dimenso fundamental para a educao. Ainda vol-
taremos a isso mais adiante, mas j podemos adiantar
que devem estar merecendo especial ateno nossa
os sistemas de produo colaborativa que hoje ocu-
pam grande espao no movimento do software livre
mundial, denominados wikis, que possibilitam a pu-
blicao de pginas na web, estando sua edio aber-ta para todos os usurios. Os termos wiki e wikiwiki,
que em havaiano significam rpido e rapidinho, fo-
ram adotados nesse tipo de software e ferramenta exa-
tamente porque possibilitam que, onde quer que este-
ja, o usurio possa editar o contedo da pgina que
est lendo e, com isso, acrescentar a sua contribuio
mesma. Uma das maiores experincias no wiki a
Wikipdia, criada em 2001 na Flrida (Estados
Unidos) e que hoje j est traduzida para cerca de 80
idiomas.3Por agora, acreditamos ser importante retomar a
idia de que, mesmo com todas essas possibilidades,
percebemos que o processo de informatizao da so-
ciedade, fortemente articulado com todos os sistemas
miditicos de comunicao, no se estabeleceper se,
como se fosse apenas mais uma atualizao dos meios
tradicionais de comunicao, de envio e recebimento
de dados, informaes e imagens. Tais sistemas cons-
tituem-se em elementos estruturantes (Pretto, 1996)
de uma nova forma de ser, pensar e viver. A dimensoestruturante das tecnologias da informao, que Pierre
Lvy (1993) denomina de tecnologias coletivas ou
tecnologias da inteligncia, tem mexido muito com
todos ns, especialmente os educadores. Isso porque
essas tecnologias, antes entendidas como meras ex-
tenses dos sentidos do homem, hoje so compreen-
didas como algo muito mais profundo, que interfere
com o prprio sentido da existncia humana. A rela-
o homem-mquina torna-se uma relao fundada
em outros parmetros, no mais de dependncia ou
subordinao, mas uma relao que implica o apren-
dizado dos significados e significantes inerentes a cada
um, e tambm o imbricamento desses elementos. Isso
significa um encadeamento do homem e da mquina,
que, segundo Marcondes Filho (1994), tem a ver com
o momento da superao da razo (da cincia e do
progresso) pela imaginao e pelos meios de comu-
nicao e informao. Poderamos pensar na maqui-nizao do ser humano, como tambm na humaniza-
o das mquinas. Acompanhamos um aumento
significativo de pessoas com prteses artificiais que
tanto modificam seus corpos quanto suas possibilida-
des de atuao na sociedade. Edvaldo Couto (2000),
no interessante O homem satlite: esttica e muta-
es do corpo na sociedade tecnolgica, traz essa dis-
cusso para o nosso cotidiano e analisa a presena
dos cyborgs, que passam a ocupar espaos na socie-
dade contempornea. Pode parecer que no falamosde ns mesmos, que no estamos imersos nesse mun-
do de tecnologias inteligentes (algumas, nem tanto,
bem verdade!4), rodeados de aparatos tecnolgicos que
acabam determinando o nosso comportamento coti-
diano. No entanto, se olharmos em volta, percebe-
mos, entre tantas outras coisas, que vivemos contro-
lados por cmeras de vigilncia em todos os lugares.
Sorria, voc est sendo filmado, o jeito irnico,
quem sabe cnico, de imposio desse processo de
vigilncia permanente. Nossos corpos esto sendoguardados, registrados, para controles posteriores ou
3 Disponvel em: . Aces-
so em: 21 set. 2004. Para conhecer melhor o sistema, visite o stio
ou .
4 Nada mais irritante, por exemplo, do que a maquinizao
das pessoas nos chamados call centers, que hoje ocupam um tem-
po considervel do nosso cotidiano sofrido de consumidores para
a resoluo de problemas que antes no tnhamos...
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no quem saber em dezenas de bancos de dados
informacionais.
Pessoas com prteses implantadas, com suas ex-
tenses ampliadas e seus sentidos exacerbados, viven-
do plenamente a cultura super ciber, como afirma
Couto (2000). Seres hibridizados, mas no s eles, co-
meam a perceber a possibilidade de uma ampliao
das comunicaes por sistemas telemticos, que se uti-
lizam de modernas e velozes redes de cabos e de trans-
misso de dados. Obviamente, quando falamos nessa
ampliao, mais uma vez estamo-nos a referir a con-
dies potenciais. Exatamente por isso no podemos
continuar a imaginar que a implantao desses mo-
dernos e velozes complexos de comunicao digital
se dar com a funo nica de transmitir dados dos
grandes centros para as periferias de menor valor, quenada teriam a contribuir para a construo planetria.
Voltamos, mais uma vez, ao ponto central deste nosso
trabalho: a necessidade de deslocar o centro de produ-
o de culturas e conhecimentos do centro!
No podemos continuar a pensar que as redes se
instalam sobre espaos vazios. Ao contrrio, afirma
Leila Dias, as redes se instalam sobre uma realidade
complexa, e no em espaos virgens (1995, p. 148).
Isso significa que no podemos nos contentar com
simples apropriaes dessas tecnologias, como se elasfossem, por si ss, capazes de reverter situaes.
por isso que precisamos enxergar que, com essas po-
tencialidades, pululam elementos que, longe de se-
rem unificadores, constituem-se em diferenciadores
dos seres e de suas culturas,passando a plos gera-
dores de novas articulaes. A inteligncia coletiva,
como afirma Lvy (1993), passa a ser o elemento mais
significativo a ser perseguido.
A educao em crise
Pode-se afirmar que a educao, hoje em dia,
deve, idealmente, preparar as pessoas para a vida, ci-
dadania e trabalho. Mas, em realidade, o que isso vem
a ser? A que trabalho, cidadania e vida estamos a nos
referir? Necessrio faz-se pensarmos um pouco mais
sobre o contexto social, que permanentemente mo-
dificado e modifica simultaneamente os diversos
vetores que incidem sobre a sociedade, dentre os quais
podemos destacar:
a) a obsolescncia das competncias pessoais e
profissionais repetindo-se mais de uma vez
ao longo da vida de uma pessoa (Lvy, 1999);
b) as novas formas de organizao do trabalho e
da produo baseadas em equipes e na gera-
o de conhecimento (Drucker, 1999);
c) o avano na automao da produo;
d) as novas relaes sociais com o saber, desen-
volvidas no ciberespao (Lvy, 1999);
e) as novas tecnologias da inteligncia e a inte-
ligncia coletiva (idem);
f) as competncias estratgicas da era da infor-mao (Castells, 1999).
A obsolescncia das chamadas competncias, re-
petidas mais de uma vez, possivelmente muitas ve-
zes, durante cada vida profissional, uma experin-
cia nova para humanidade. Decorre da velocidade com
que o avano tecnolgico interfere diretamente na vida
e no trabalho de todos. H 15 anos, eram poucos os
usurios de celulares, e somente parte da comunida-
de acadmica tinha acesso Internet que, alis, eraoutra, pois ainda no havia sido implantada a web!
Hoje, pode-se conectar Internet a partir dos celula-
res, algo impensvel at bem pouco. As demandas do
mercado profissional induzem-nos a uma requalifi-
cao permanente para nos manter ativos em esta-
do permanente de aprendizado! , particularmente
num mundo no qual impera o desemprego. Alm da
atualizao permanente e quase personalizada, cada
indivduo precisa estar orientado para a demanda, que
tambm mutante. As proposies menos apocalp-ticas para os prximos vinte ou trinta anos prevem
arranjos flexveis de trabalho (Laubacher & Malone,
1997), e as mais radicais, o fim do trabalho como o
conhecemos hoje, atribuindo educao o papel de
suprir o sentido para a vida, a exemplo do que, em
grande parte, se obtm hoje da realizao no trabalho
(Schaff, 1995). Para os que conservam os seus em-
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pregos, mudanas relevantes entraram em cena a par-
tir da dcada de 1980, quando o trabalho organizado
por equipes (toyotismo) se impe diante da secular
nfase no cargo e na estrutura linear da esteira (taylo-
rismo+fordismo). Trabalhadores desqualificados pou-
co tm a fazer no toyotismo: de um lado, so substi-
tudos pelo computador e por robs; de outro, no
podem contribuir para a produo de equipes razoa-
velmente autnomas, que precisam muito aprender
para dar conta do resultado mais esperado da sua pro-
duo: a gerao de conhecimento. Combinando-se
obsolescncia com personalizao e, agora, a gera-
o de conhecimento no local de trabalho, temos o
aprendizado permanente, interesses profissionais mais
amplos e um desafio: aprender e produzir ao mesmo
tempo e sem sair do local, j que o aprendizado contnuo.
A palavra local ganha especial dimenso por in-
meras razes, das quais destacamos o fato de que,
desde a dcada de 1990, com a intensificao do uso
da Internet, o trabalho potencialmente passou a ser
remoto, de casa, e por rede, sendo elemento definidor
de novos mercados. Associado a isso, passamos a as-
sumir diversas outras funes, que antes demanda-
vam um posto de trabalho especifico. Somos hoje, ao
longo do dia, caixas de bancos, operadores de segu-ros, vendedores e compradores de produtos, simulta-
neamente, operadores de bolsas, entre tantos outros.
Na web, trabalhar e estudar so atividades que po-
dem ser realizadas em qualquer lugar. Para o profes-
sor, com os contratos de trabalhos mantidos inaltera-
dos, foram acrescidas tarefas e funes antes no
pensadas. Construmos home pages e respondemos a
e-mails pela manh, tarde e, principalmente, noi-
te. Temos que operar computadores, televises e
vdeos o tempo todo!Paralelamente, desde 1980, os computadores
pessoais e o desenvolvimento de tcnicas computa-
cionais, como a simulao e os jogos, definem novos
significados para o computador: de agente da auto-
mao da burocracia e controlador de processos, sur-
ge o computador como extenso das capacidades cog-
nitivas humanas, beneficiando o pensar, o criar e o
memorizar. Essas tecnologias passam a operar, por-
tanto, em uma dimenso diferente das antigas, de ex-
tenso dos sentidos do homem, passando a operar com
as idias. Em outras palavras, mquinas que no mais
esto apenas (apenas?!) a servio do homem, mas que
com ele interagem, formando um conjunto homem-
mquina pleno de significado.
Isso tudo possibilita a socializao dessas capa-
cidades, dando origem inteligncia coletiva, encar-
nada em um novo lugar, o ciberespao (Lvy, 1999).
Durante os anos de 1980, os da era acadmica da
Internet, estabeleceu-se uma nova forma de aprendi-
zado que resultou na proposio de novas relaes
sociais com o saber, favorecendo percursos bastante
personalizados, mas construdos, em larga medida,
atravs da socializao e da colaborao. Era o incioda experincia de uma potencial troca permanente.
Formaram-se novas tribos e abriu-se, ao mesmo
tempo, espao fecundo para as relaes plurais e, em
todos os aspectos, multirreferenciais. A escola, e vol-
tamos aqui a falar dela, passa a ter que conviver com
uma meninada que se articula nas diversas tribos, que
opera com lgicas temporais diferenciadas, uma ju-
ventude que denominamos, em outros textos, de ge-
rao alt+tab,5 uma gerao de processamentos simul-
tneos...Obviamente, intensifica-se dessa forma o traba-
lho do professor, j que a escola e todo o sistema edu-
cacional passam a funcionar com outros tempos e em
mltiplos espaos, diferenciados. No deixa de ser,
no entanto, esse um rico momento para repensarmos
as polticas educacionais na perspectiva de resgatar a
dignidade do trabalho do professor, com a retomada
de sua autonomia e, com isso, experimentar novas
possibilidades com a presena de todos os novos ele-
mentos tecnolgicos da informao e comunicao.A despeito disso, ainda estamos inseridos numa pers-
5 Alt+tab a combinao de teclas (atalho) em um compu-
tador que possibilita ao usurio abrir diversas janelas em diversos
stios ou programas e passar de uma para outra de forma muito
rpida.
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pectiva monoculturista de educao.6 As tecnologias,
a relao homem-mquina tambm impregnada de
dimenses polticas e sociais, fazem com que o ele-
mento caracterstico mais importante do momento
contemporneo seja a sua no completude. Ser incom-
pleto , pois, uma das caractersticas peculiares do
momento contemporneo. A instabilidade como ele-
mento fundante, no lugar da busca pela estabilidade,
pelo equilbrio. Isso gera, sem dvida, uma demanda
por novas educaes, no plural.
O computador, a Internet e as novas educaes
Fala-se muito sobre o potencial educacional das
tecnologias da informao e comunicao. Alguns so
apocalpticos, e outros, integrados (Eco, 1993), e osdesafios para a rea no so pequenos e no nos permi-
tem escolhas maniquestas tipo ou isto ou aquilo. Ape-
sar disso, aps quarenta anos de tentativas nessa rea,
os resultados esto muito aqum das expectativas, para
no se falar em frustrao. Segundo Holmes (1999), o
problema no est no computador, mas nas imposies
dos sistemas educacionais, fiis a toda sorte de objeti-
vos, nem sempre educacionais, e, muitas vezes, dedi-
cados a concepes utilitrias da educao.
Com a exploso da Internet a partir de 1995, pas-sou-se a poder compartilhar as capacidades cogniti-
vas expandidas, aliadas a um poder de expresso sem
precedentes, tanto em escala individual como em co-
letividade, reunindo um nmero grande de pessoas
que antes s se articulavam como receptores ante os
meios de comunicao por difuso (broadcasting
systems) como jornais, rdio e TV. A populao civil
pode herdar uma construo do perodo acadmico
da rede: as prticas de aprendizado reconhecidas por
Lvy (1999) como fundantes de novas relaes so-
ciais com o saber, uma comunidade de aprendizes
autnomos, dedicados a percursos personalizados,
mas praticantes sistemticos da colaborao.
A rapidez com que a Internet se alastrou pelo mun-
do foi um fenmeno surpreendente para todos. Dados
apresentados no Livro verde do Programa Sociedade
da Informao no Brasil demonstram que o rdio le-
vou 38 anos para atingir um pblico de 50 milhes de
telespectadores nos Estados Unidos, enquanto o com-
putador levou 16 anos, a televiso, 13 anos, e a Internet,
em apenas quatro anos, atingiu a marca de 50 milhes
de internautas (Takahashi, 2000).
Rapidamente se intensificaram as pesquisas so-
bre as inmeras possibilidades para uso da rede na
educao, merecendo destaque a euforia com que fo-
ram anunciadas as novas possibilidades de seu usopara a educao distncia (EAD), que seria a salva-
dora dos desafios de pases que ainda lutam com a
falta de universalizao da educao bsica, como
o caso do Brasil.
De um lado, algumas iniciativas aproveitam-se
dos recursos de aplicao geral disponveis na rede
(e-mail, listas, fruns, chats, home pages etc.) (Le-
mos et al., 1999). De outro, surgem diversos softwares
gerenciadores de cursos on-line. Outros se aventuram
na agregao dos recursos da rede ao dia-a-dia da salade aula (Pinto & Teixeira, 2000), formando, em con-
junto, uma ampla frente experimental que j comea
a dar sinais de novas possibilidades. Na Faculdade de
Educao da UFBA experimentamos a criao de
novas possibilidades de acesso a partir do desenvol-
vimento dos tabuleiros digitais,7 uma contribuio
para a construo da chamada sociedade da informa-
o, com o desenvolvimento de um mvel prprio,
com forte marca de cultura local, para afastar do fu-
turo professor formado nessa instituio a idia deque essas tecnologias so coisas para e do futuro.
Paralelamente, alm da perspectiva de formao
de professores com base em projetos experimentais
7 A respeito dos tabuleiros digitais, consultar
6 Alfredo Veiga-Neto (2003), em interessante artigo no n-
mero especial daRevista Brasileira de Educao que trata da re-
lao das culturas, no plural, com a educao, analisa a questo da
multiculturalidade, que nos til para a compreenso desta pro-
blemtica.
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Nelson Pretto e Cludio da Costa Pinto
Revista Brasileira de Educao v. 11 n. 31 jan./abr. 2006
como o curso de extenso realizado com o Centro
Federal de Educao Tecnolgica (CEFET) da Bahia,8
implantamos o Programa de Licenciatura em Peda-
gogia para os municpios de Irec9 e Salvador,10 in-
troduzindo uma outra perspectiva curricular que tem
nas tecnologias da informao e comunicao (TIC)
elemento fundante do processo.
Esse programa de formao em exerccio tem
como eixo articulador fundamental a prxis pedag-
gica, como espao-tempo no qual ocorrem as refle-
xes e as aes que do sentido ao cotidiano de cada
escola, ao trabalho de cada professor, que repercutem
no processo de formao e produo de conhecimen-
to desenvolvido pelo conjunto da comunidade esco-
lar (FACED, 2003b).
Para tanto, as atividades esto sendo desenvol-vidas de forma sncrona e/ou assncrona num ensino
semipresencial, com uso intensivo e convergente das
tecnologias da informao e comunicao que esto
estruturando o programa. O objeto de estudo dos pro-
fessores ser o prprio processo educativo nos diver-
sos espaos da prtica social em que ele se processa,
com indicadores compreendidos como elementos
basilares da proposta. Esses indicadores foram aper-
feioados ao longo do processo de construo dos dois
subprojetos de formao de professores (Irec e Sal-vador).
O projeto Irec considera indicadores: proces-
sos horizontais, processos coletivos, centros instveis,
currculo hipertextual, participao efetiva, formao
permanente e continuada, simultaneidade entre a es-
crita e a oralidade, cooperao e sincronicidade na
aprendizagem, os quais a seguir descrevemos, com
texto do prprio projeto:
Processos horizontaisA hierarquia e a verticalidade, prprias de uma
certa cultura pedaggica, so incompatveis com
a lgica e as pedagogias introduzidas pelas Tec-
nologias da Informao e Comunicao em virtu-
de do seu funcionamento em rede. Teramos o que
podemos chamar de profundidade horizontal.
Processos coletivos
Sendo uma dinmica de rede com a participao
de todos, a produo coletivizada.
Centros instveis
Os processos tm uma centralidade instvel. Con-
forme essa condio, ora o professor o centro,
ora o aluno, ora outro ator ou mesmo um elemen-
to fsico que possa ocupar o lugar central de um
dado momento pedaggico.
Currculo hipertextual
Os sujeitos do conhecimento podem/devem cons-
truir seus percursos de aprendizagem em exerc-
cios de interao com os outros atores do processo,
com as mquinas e com os mais diversos textos.
Participao Efetiva
Todo sujeito, para vivenciar o processo pedaggi-
co, convocado a participar na/da rede, sendo im-
praticvel um mero assistir.
Formao permanente e continuada
O movimento acelerado transforma a todo instante
as relaes que so estabelecidas no espao/tempo.
A contemporaneidade exige um processo contnuode tratamento de informaes e, simultaneamente,
uma relao com a produo permanente de novos
conhecimentos diante de realidades mutantes.
Simultaneidade entre a escrita e a oralidade
As dinmicas comunicacionais em rede, mesmo
com o uso da escrita, expressam-se com uma alta
dimenso de oralidade. No se entenda aqui como
um puro e simples resgate da oralidade tpica do
perodo da pr-escrita, mas o desenvolvimento de
uma oralidade contempornea.Cooperao
Para o sistema de rede funcionar, os participantes
necessariamente so convocados a cooperar, con-
tribuir com o processo de produo coletiva.
Sincronicidade na aprendizagem
importante que sejam estabelecidas conexes
laterais, e no apenas seqenciais, ou seja, a pre-
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Revista Brasileira de Educao v. 11 n. 31 jan./abr. 2006 27
sena de relaes e de sentidos simultneos. Na
verdade, o espao sincrnico e o tempo
espacializado. (FACED, 2003b)
O subprojeto Salvador considera os indicadores
pontos de ancoragem que, enquanto na superfcie, na-
vegam junto com o coletivo, e quando baixados aju-
dam a aprofundar as reflexes. Os pontos so: atitude
investigativa, diferena como fundante, compreenso
planetria, postura solidria e processos cooperativos,
autonomia com base na crtica reflexiva, processos
horizontais: centros instveis, leitura: uma prtica ine-
rente a todas as prticas e currculo hipertextual. Tam-
bm com o texto do prprio projeto, descrevemos em
detalhes esses pontos; por isso, perdo, leitor, pelo
tamanho da citao.
Atitude Investigativa
O movimento acelerado da sociedade em funo
das transformaes tcnico-cientficas modifica,
a todo instante, as relaes que so estabelecidas
no espao/tempo. As instituies educativo-
formativas, na contemporaneidade, demandam um
processo contnuo de tratamento das informaes
e, simultaneamente, uma relao com a produo
permanente de novos conhecimentos diante de rea-lidades mutantes.
A atitude investigativa traduz-se, no professor,
por um modo de estar permanentemente atento
s manifestaes da dinmica sociocultural e tam-
bm das dinmicas apreendidas com os indiv-
duos com os quais est em constante interao.
O professor de atitude investigativa colocar-se-
diante de seus alunos na condio de poder ser
sempre surpreendido e, como tal, sempre estimu-
lado a desvendar facetas do processo educativo,social e cultural. No haveria, portanto, ponto de
chegada, no processo de conhecer, sendo cada
momento de conhecimento um ponto novo de par-
tida para uma nova investigao. Nesse entendi-
mento, ele seria, ao mesmo tempo, ousado e hu-
milde, ignorante e sbio. Colocar-se- diante de
seus alunos, tambm, disponvel para investigar
e compreender seus modos de ser e suas peculia-
res situaes de vida.
Diferena como Fundante
Entende-se diferena como fundante como uma
postura do professor tendente a conduzir sua ao
no mundo para alm dos parmetros niveladores
nos modos de pensar e interpretar os processos
educativos, sociais e culturais. Dessa forma, o pro-
fessor capaz de estimular a diferena, conside-
rando-a como fundante do processo, estar pau-
tando o seu fazer pedaggico pela busca inces-
sante do que, em cada aluno, traduz o seu jeito
singular de compreender, de estabelecer relaes,
de produzir respostas s demandas de natureza
diversa que lhe so dirigidas, de inventar, enfim,
solues. No haveria, portanto, condies de
prever formas de interveno pedaggica que no
fossem a expresso firme do reconhecimento de
que cada aluno faz seu caminho de aprendizagem
percorrendo as vias singulares do modo atravs
do qual constitui sua subjetividade, nas dinmi-
cas intersubjetivas.
Compreenso Planetria
Expressa-se compreenso planetria atravs de
uma atitude de abertura diante do mundo, mediante
a qual o local o ponto privilegiado onde o indi-vduo encontrou as primeiras razes para construir
suas referncias. Nessa perspectiva, local e no-
local interagem de modo permanente e interde-
pendente. O professor planetrio colocar o seu
fazer pedaggico a servio da quebra de barreiras
epistemolgicas, culturais, institucionais, geogr-
ficas, levado pelo propsito de vincular seu traba-
lho a um movimento cada vez mais amplo de re-
organizao da produo cientfica capaz de in-
cluir o seu aluno numa rede cada vez mais ampla
de relaes. Desse modo, ele seria crtico de ati-
tudes preconceituosas, aberto ao novo, ao impon-
dervel, militante da provisoriedade.
Postura Solidria e Processos Cooperativos
Pem-se pela necessidade da prpria sobrevivn-
cia do indivduo, num estgio da civilizao que
viu esgotadas as possibilidades da prtica indivi-
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Nelson Pretto e Cludio da Costa Pinto
Revista Brasileira de Educao v. 11 n. 31 jan./abr. 2006
dualista, em todos os seus matizes. No h dvida
de que a educao tem um papel inquestionvel
na constituio de processos cooperativos e de uma
postura solidria, sendo a escola, em seus diferen-
tes nveis, chamada a oferecer a sua contribui-
o. Para tanto, cabe assegurar ao professor, so-
bretudo aquele que trabalha nas sries iniciais do
Ensino Fundamental e na Educao Infantil, um
espao, na sua formao, para que os processos
coletivos de produo de conhecimento e as prti-
cas de relaes solidrias se constituam em ponto
de vivncia, incorporando-se ao seu fazer cotidia-
no na sala de aula. Assim formado, ele traduziria
essa incorporao atravs de atitudes cooperati-
vas, de generosidade intelectual, de postura de-
mocrtica, porque a prtica das relaes solidri-
as se constri na igualdade da diferena.
Autonomia com Base na Crtica Reflexiva
Acredita-se que o processo ao reflexo ao
reflexo... constri o pensamento e o organiza a
partir de um modo de ver e interpretar os proces-
sos educativos, sociais e culturais, o que, sem d-
vida, favorece o desenvolvimento do comporta-
mento autnomo. Atingir a autonomia em qual-
quer forma de interveno na realidade est no
horizonte de concepes contemporneas. A ex-propriao do professor do que lhe confere esta-
tuto de especificidade e legitimidade no que labora
socialmente, arrancou-lhe, brutalmente, as con-
dies de um exerccio autnomo de seu fazer,
pelo que se torna urgente abrir, no seu processo
de formao, a brecha privilegiada para uma dis-
cusso sobre a importncia de adquirir autono-
mia de pensar, de planejar, de executar, de fazer,
enfim, mltiplas escolas numa s escola. Nessas
condies, espera-se que ele venha a se tornar cadavez mais reflexivo, crtico e dialgico, com rela-
o aos outros e ao poder, tambm e sobretudo
em relao a si mesmo, conhecedor de seus limi-
tes e tambm de suas possibilidades. Se na auto-
nomia estiver ancorado, por certo ser, mais fa-
cilmente, um incentivador da autonomia de seus
alunos.
Processos Horizontais: Centros Instveis
A hierarquia e a verticalidade, prprias de uma
certa cultura pedaggica, so incompatveis com
a lgica e as pedagogias contemporneas favore-
cidas pelas Tecnologias da Informao e Comuni-
cao, em virtude, basicamente, do seu funciona-
mento em rede. Ter-se ia o que se pode chamar de
profundidade horizontal em intercruzamentos in-
cessantes, com momentos de verticalidade relati-
va, intercambiveis. Os processos pedaggicos,
tendo uma centralidade instvel, permitem que os
implicados nesses processos atuem de forma dife-
renciada ao longo de todo o tempo. O centro se
desloca, movimenta-se incessantemente, ora sen-
do ocupado pelo professor, ora pelo aluno, ora por
outros envolvidos ou mesmo por um elemento f-
sico. importante que sejam estabelecidas cone-
xes mltiplas, laterais e no apenas seqenciais,
ou seja, trata-se da presena de relaes de senti-
dos simultneos, do espao sincronizado e do tem-
po espacializado. Nessa perspectiva, afirma-se o
papel do professor centrado permanentemente nas
diferenas.
Leitura: uma prtica inerente a todas as prticas
Produzir atos de leitura individual e compartilha-
da com o outro, colega de curso e de trabalho, as-sim como com o prprio texto e com seu autor, na
perspectiva de pensar e sentir criticamente as ques-
tes fundamentais da humanidade, da guerra paz,
da violncia esperana, da competio solida-
riedade, da corrupo probidade, do dissabor ao
sabor, do medo ousadia, do desamor ao amor, na
perspectiva de conhecer questes relativas ao mun-
do sociocultural e s tantas iniciativas bem ou mal-
sucedidas a favor da humanidade da criana e do
adulto e contra a barbrie e a injustia. O movi-mento pedaggico que compreende a leitura a par-
tir desse olhar desenvolve polticas culturais ca-
pazes de disponibilizar livros a mancheia e de criar
espaos e tempos para leituras que sejam feitas
como experincia. Nessa perspectiva, espera-se
que o professor-cursista mova-se em direo aos
livros e a outros suportes textuais, circule nos es-
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Tecnologias e novas educaes
Revista Brasileira de Educao v. 11 n. 31 jan./abr. 2006 29
paos nos quais se encontram, para lidar e situar-
se neles com proficincia.
Currculo Hipertextual
O currculo antes uma construo scio-histri-
ca que envolve diferentes autores sociais, deven-
do constituir-se/construir-se como uma permanen-
te negociao dentro das diversas comunidades
de interesses. preciso pens-lo como uma rede
de significados, um processo de ligao entre a
vida social e a vida dos sujeitos. Uma rede cons-
truda pelos homens, onde cada n , em si mes-
mo, uma rede. Nesse sentido, o currculo destina-
do a responder mediao entre o indivduo e a
sociedade precisa ser hipertextual, capaz de dar
conta da multiplicidade cultural e tnica sem per-
der de vista a qualificao para o trabalho. Enfim,
um currculo que atenda s especificidades da mul-
tiplicidade cultural, racial, religiosa, fazendo-as di-
alogarem entre si.
Assim entendendo, acredita-se que os sujeitos do
conhecimento podero construir seus percursos de
aprendizagem em exerccios de interao com os
outros implicados no processo, com as mquinas
e com os mais diversos textos e contextos.
(FACED, 2003a)
A viabilizao de um programa com essa nature-
za exige uma gesto necessariamente descentraliza-
da, flexvel, abrangente, com colorao local e com
ressonncia nos municpios, no apenas nas redes
educacionais. Sendo assim, ele est dividido em ci-
clos, nos quais so oferecidas atividades curricula-
res, com determinadas cargas horrias, que devero
contemplar uma ou mais reas do conhecimento, de-
finidas por eixos temticos.11
Questes postas, precisamos pensar na monta-
gem dessas redes, que em grande parte j esto mon-
tadas. Outra, significativa, encontra-se em constru-
o conceitual e aplicada. nessa segunda dimenso
faltante que precisamos atuar para intensificar a rela-
o das educaes com as culturas, ambas no plural,
e que, agora, ainda precisam ser acrescidas das tec-
nologias, o que para ns pode vir a se constituir num
movimento de transformao radical da formao do
povo brasileiro. Permitam-nos encerrar com um tex-
to do ministro da Cultura do Brasil, o compositor
baiano Gilberto Gil (2004):
[...] o que est implicado aqui que o uso de tecnolo-
gia digital muda os comportamentos. O uso pleno da internet
e do software livre cria fantsticas possibilidades de demo-
cratizar os acessos informao e ao conhecimento.
Maximizar os potenciais dos bens e servios culturais, am-
plificar os valores que formam o nosso repertrio comum
e, portanto, a nossa cultura, e potencializar tambm a pro-
duo cultural, criando inclusive novas formas de arte.
A tecnologia sempre foi instrumento de incluso
social, mas agora isso adquire novo contorno, no mais
como incorporao ao mercado, mas como incorpo-
rao cidadania e ao mercado, garantindo acesso informao e barateando os custos dos meios de pro-
duo multimdia atravs das novas ferramentas que
ampliam o potencial crtico do cidado. Somos cida-
dos e consumidores, emissores e receptores de saber
e informao, seres ao mesmo tempo autnomos e
conectados em redes, que so a nova forma de coleti-
vidade.
Irresistvel! Nada melhor do que o espao da es-
cola para essa revoluo.
Referncias bibliogrficas
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economia, sociedade e cultura. So Paulo: Paz e Terra, 1999. v. 1.
CHIAVENATTO, Idalberto. Introduo teoria geral da admi-
nistrao. So Paulo: Campus, 1999.
11 Mais detalhes sobre toda a estrutura dos programas po-
dem ser encontrados nas home pages deles, nas quais inclusive
possvel acompanhar as atividades em andamento e as produes
de alunos e professores: e
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Nelson Pretto e Cludio da Costa Pinto
Revista Brasileira de Educao v. 11 n. 31 jan./abr. 2006
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ANPEd, n. 23, p. 5-15, maio/ago. 2003. Nmero especial.
NELSON PRETTO doutor em comunicao pela Escola de
Comunicao e Artes da Universidade de So Paulo, professor e
diretor da Faculdade de Educao da Universidade Federal da Bahia.
Publicaes: Uma escola sem/com futuro: educao e multimdia
(Campinas: Papirus, 1996); SMOG crnicas de viagens (Salva-
dor: Arcdia, 2005). Criador do projeto Tabuleiros Digitais (http://
www.tabuleirodigital.org). E-mail: [email protected]
CLUDIO DA COSTA PINTO, engenheiro eltrico pela
Universidade Federal da Bahia, analista de sistema da Petrobras,
mestre em administrao de empresas pela Pontifcia Universida-de Catlica do Rio de Janeiro, cursava o doutorado em educao
na Universidade Federal da Bahia quando faleceu em 2002.
Recebido em setembro de 2005
Aprovado em novembro de 2005
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Resumos/Abstracts/Resumens
Revista Brasileira de Educao v. 11 n. 31 jan./abr. 2006 195
Resumos/Abstracts/Resumens
Bernard Charlot
A pesquisa educacional entre
conhecimentos, polticas e prticas:
especificidades e desafios de uma
rea de saber
Ser que pode ser definida e construda
uma disciplina especfica, chamada edu-
cao ou cincias da educao? O autor
apresenta trs respostas possveis. Pri-
meira: os departamentos de educao
no passam de um agrupamento admi-
nistrativo de matrias interessadas pela
educao. Segunda: esse prprio agru-
pamento gera uma especificidade das
pesquisas, entre conhecimentos, polti-
cas e prticas. A terceira resposta con-
siste em apostar em uma disciplina es-
pecfica. Nessa ltima perspectiva, so
analisados sete tipos de discursos
atuais sobre educao: espontneo, dos
prticos, dos antipedagogos, da peda-
gogia, das cincias humanas, dos mili-
tantes e das instituies internacionais.
Nesse campo j saturado de discursos,
qual lugar para um discurso cientfico
especfico? Para responder a essa per-
gunta, o autor apresenta algumas pro-postas tericas e prticas.
Palavras-chave: educao; cincias da
educao; pesquisa em educao
Educational research amid
knowledge, policies and practice:
specificity and challenges of an area
of knowledge
Is it possible to define and construct a
specific discipline called education or
science of education? The author
presents three possible replies. First,
departments of education are no more
than mere administrative groupings of
subjects interested in education.
Second, this very grouping generates a
specificity of research amid knowledge,
policy and practice. The third reply
consists of betting on a specific discipli-
ne. In this last perspective, seven types
of current discourse on education are
analysed: spontaneous, practical,
antipedagogic, pedagogic, human
science, militant and of international
institutions. In this field alreadysaturated with discourses what space is
there for a specific scientific discourse?
In order to respond to this question, the
author presents some theoretical and
practical proposals.
Key-words: education; science of
education; educational research
La pesquisa educacional entre
conocimientos, polticas y prcticas:
especificaciones y desafos de una
rea del saber
Ser que puede ser definida y constru-
da una disciplina especfica, llamada
educacin o ciencias de la educacin?
El autor presenta tres respuestas
posibles: Primera: los departamentos
de educacin no pasan de un
agrupamiento administrativo de
materias interesadas por la educacin.
Segunda: ese propio agrupamiento
genera una especificacin de las pes-
quisas, entre conocimientos, polticas y
prcticas. La tercera respuesta consiste
en apostar en un mtodo especfico. En
esta ltima perspectiva, son analizados
siete tipos de discursos actuales sobre
educacin: espontneo, los prcticos,
los antipedaggicos, de pedagoga, de
ciencias humanas, de militantes y de
instituciones internacionales. En este
campo ya saturado de discursos, cul
es el lugar para un discurso cientfico
especfico?. Para responder a esta
pregunta, el autor presenta algunas
propuestas tericas y prcticas.
Palabras claves: educacin; ciencias dela educacin; pesquisa en educacin
Nelson Pretto e Cludio da Costa Pinto
Tecnologias e novas educaes
O artigo analisa a sociedade contem-
pornea, a partir das transformaes
do mundo cientfico, tecnolgico, cul-
tural, social e educacional, com o obje-
tivo de fazer uma crtica a este. Consi-
dera importante a re-aproximao
entre a cultura e a educao, entendi-
das no plural, e destas com as tecno-logias da informao e comunicao
(TIC). Aborda os avanos das TIC e
os movimentos de concentrao na
propriedade dos meios de comunica-
o de massa, faz a sua crtica, e apre-
senta as propostas em andamento na
Faculdade de Educao da UFBA para
a formao de professores, conside-
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Resumos/Abstracts/Resumens
196 Revista Brasileira de Educao v. 11 n. 31 jan./abr. 2006
rando a necessidade de se repensar o
sistema educacional, principalmente
no que diz respeito s questes curri-
culares. Destaca a importncia do mo-
vimento do software livre, enquanto
portador de filosofia centrada na coo-perao e no trabalho coletivo, ressal-
tando a importncia desse movimento
para a educao.
Palavras-chave: tecnologia educacio-
nal; educao e comunicao; informti-
ca educativa; Internet; tecnologias da
informao e comunicao (TIC);
software livre.
Technologies and new educations
This article analyses contemporary
society considering the transformations
that have taken place in the realms of
science, culture and education. It is
considered important to bring culture
and education back together and
incorporate information and
communication technologies (ICT) into
them. We examine the progress of ICT
as well as the movement towards the
monopolisation of the mass media and
present work being carried out in the
Faculty of Education at UFBA in
training teachers. We consider it
necessary to rethink the educational
system, curricular issues in particular.
We highlight the importance of the open
source movement as promoting a
philosophy based on co-operation and
collective work and therefore of great
importance to education.
Key-words: teaching technology;
education and communication;
computer education; Internet;
information and communication
technology (ICT); open source software
Tecnologas y nuevas educaciones
El artculo analiza la sociedad
contempornea, a partir de las
transformaciones del mundo cientfico,
tecnolgico, cultural, social y educati-
vo, con el objetivo de hacer una crtica
a este. Considera importante la
reaproximacin entre la cultura y la
educacin, entendidas en el plural, y
de stas con las tecnologas de la
informacin y comunicacin (TIC).
Aborda los progresos de las TICs y
los movimientos de concentracin en
la propiedad de los medios decomunicacin de masa, hace su crti-
ca, y presenta las propuestas en
estudio en la Facultad de Educacin de
UFBA, para la formacin de
profesores, considerando la necesidad
de repensar en el sistema educacional,
principalmente lo referente a las
cuestiones curriculares. Destaca la
importancia del movimiento del
sofware libre, en cuanto portador de
filosofa, centrada en la cooperacin y
en el trabajo colectivo, mostrando loimportante que es este movimiento
para la educacin.
Palabras claves : tecnologa educacio-
nal; educacin y comunicacin; infor-
mtica educativa; Internet; tecnologas
de la informacin y comunicacin
(TIC); sofware libre
Raquel Goulart Barreto,
Glaucia Campos Guimares,
Ligia Karam Corra de Magalhes e
Elizabeth Menezes Teixeira LeherAs tecnologias da informao e da
comunicao na formao de
professores
O artigo discute os modos de objetiva-
o das tecnologias da informao e co-
municao (TIC) na formao de pro-
fessores. Com base em teses e
dissertaes defendidas entre 1996 e
2002, analisa elementos e relaes vi-
sando ao mapeamento de trs tendn-
cias de incorporao educacional das
TIC: como estratgia para o desenvol-
vimento de diversas propostas de ensi-
no a distncia; como possibilidade de
aperfeioamento do ensino presencial; e
como elemento-chave para a constitui-
o de um ensino virtual.
Palavras-chave: tecnologias; formao
de professores; modalidades de ensino
The technologies of information
and communication in the training
of teachers
This text aims to discuss how
technologies of information and
communication (ICT) are used in theteachers education. Based on theses
and dissertations, defended between
1996 and 2002, it analyses discrete
elements and relations with the aim of
mapping three trends in the
incorporation of ITC: (1) as a strategy
to develop diverse distance learning
programmes; (2) as a possibility for
improving teaching-learning proces-
ses; and (3) as the key to e-learning.
Key-words: technologies; teachers
education; teaching modes
Las tecnologas de la informacin y
de la comunicacin, en la formacin
de profesores
El artculo discute los modos de
objetividad de las tecnologas de la
informacin y comunicacin (TIC) en
la formacin de profesores. Con base
en tesis y disertaciones defendidas entre
1996 y 2002, analiza elementos y rela-
ciones, direccionado a la descripcin
de tres tendencias de incorporacin
educativa de las TICs: como estrategia
para el desenvolvimiento de diversas
propuestas de enseanza a distancia;
como posibilidad de perfeccionamiento
de la enseanza presencial; y como ele-
mento clave para la constitucin de una
enseanza virtual
Palabras claves: tecnologas; forma-
cin de profesores; modalidades de la
enseanza
Tania Porto
As tecnologias de comunicao e
informao na escola; relaes
possveis... relaes construdas
Estamos diante de novas maneiras de
compreender, de perceber, de sentir e
de aprender, nas quais a afetividade, a
imaginao e os valores no podem dei-
xar de ser considerados. Apesar de a es-