Abordagem dos modos de vida iii

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ABORDAGEM DOS MODOS DE VIDA Dr. Tomás Sitoe- PhD

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ABORDAGEM DOS MODOS DE VIDA

Dr. Tomás Sitoe- PhD

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Abordagem dos Modos de vida • Começou a ser usada nos anos 1990 por

vários projetos e agências internacionais (DFID, CARE, OXFAM, PNUD, etc.)

– Limites de ajuda externa aos programas de desenvolvimento durante + 4 décadas;

–Observação da diversificação das atividades e fontes de renda no rural levou à revisão do paradigma de desenvolvimento agrário dominante entre 1960-90.

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Observação empírica

• A diversificação é generalizada e realizada por famílias de diferentes categorias;

• Não é simplesmente uma característica transitória, mas está lá para sempre;

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Observação empírica

• A pecuária faz parte das múltiplas estratégias de sobrevivências nas zonas rurais, sobretudo das familias mais pobres

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Os motivos da diversificação

• Na economia tradicional a escolha de atividade é justificada pela presunção de maximização da utilidade;

• Assim, com base na formulação das preferências reveladas o individuo vai alocar os ativos a um conjunto de atividades viáveis;

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Os motivos da diversificação

• A família rural tenta maximizar os lucros sob constrangimentos impostos por factores exôgenos;

• Existe um interesse genuino de maximizar o lucro quando a sobrevivência e reprodução social já estejam garantidos;

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Os motivos da diversificação

• Barrett et al (2001) distinguem 2 tipos de motivos da diversificação:

– Os que empurram (push factors): diminuição da mão-de-obra em virtude de constrangimentos de terra (pressão sobre ela ou fragmentação), altos custos, de alimentos, flutuações de renda e consumo, imperfeição dos mercados e riscos climáticos;

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Os motivos da diversificação

–Os que puxam à diversificação (pull factors) orientados pela necessidade de estabelecer complementaridade entre atividades.

• Os motivos que empurram à diversificação são de grande significado no rural Africano, o que distingue diversificar por necessidade e diversificar por opção.

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A ideia de sustentabilidade na Abordagem dos Modos de Vida

• Foi introduzida pela primeira vez na Comissão de Brundtland sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento;

• A Conferência das NU expandiu o conceito advogando o enfoque nos modos de vida como estratégia para redução da pobreza;

• O modo de vida compreende os ativos, as capacidades e as atividades requeridas para a sobrevivência.

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A ideia de sustentabilidade na Abordagem dos Modos de Vida

• Assim, um modo de vida é sustentável quando se pode recuperar de choques e providenciar oportunidades para as gerações futuras, e

• Pode trazer benefícios locais e globais, a curto e longo prazos;

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Objectivo da Abordagem dos Modos de Vida

• Tem um objetivo instrumental: melhorar a compreensão da diversificação por forma a melhor direcionar as políticas de redução da pobreza;

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Hipótese básica

• A pecuária desempenha um papel crucial na economia rural em muitos países em desenvolvimento, através de facilitar o acúmulo de capital (físico, financeiro, humano, social e natural) e ajuda as familias a sairem da pobreza;

• Por isso, o acesso aos ativos, incluindo os animais são fatores decisivos para que as pessoas realizem as actividades que lhes permitem lutar eficazmente contra a pobreza;

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Os activos constituem o ponto da análise dos Modos de Vida

• Os ativos são conformados por um conjunto de capitais (natural, físico, humano, financeiro, e social) que podem ser usados diretamente ou indirectamente para gerar os meios de vida.

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Os ativos

• Capital natural: reccursos naturais como terra, água, florestas e serviços ambientais;

• Capital físico: composto por construções, equipamentos, maquinaria, estradas, rede de comunicações e energia, etc.;

• Capital social: relacionado com as redes de sociabilidade entre famílias e comunidades, envolve a confiança e as instituições;

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Os ativos

• Em particular o capital social e iniciativas de acção coletiva representam um veículo importante para o acesso e adopção de tecnologias nas comunidades (por exemplo, o emprestimo de machos para cruzamento e outras ações);

• O capital social se pode comparar à cola que mantém a sociedade sem o qual não haveria crescimento econômico e bem-estar.

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O capital social

• As normas e valores constituem as instituições; portanto também pode se definir o capital social como sendo as normas, as redes e organizações através das quais as pessoas adquirem o poder e recursos e através do qual podem tomar decisão;

• Portanto, as instituições sobre as quais as normas e valores se encontram imbricadas (embedded).

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Os ativos

• Tanto o capital social como o capital humano são “um bem de consumo e um investimento”, mas o capiatal humano é independente de outras pessoas, é uma qualidade individual;

• O capital social só pode ser adquirido por um grupo de pessoas e requer uma forma de cooperação entre elas;

• O capital social é um bem público.

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O Quadro conceitual

• Além dos bens materiais os ativos proporcionam as bases de agência-o poder para agir, de reproduzir, de desafiar e mudar as regras que governam o controlo, o uso e a transformação dos recursos (Sen, 1997);

• O envolvimento em atividades dependerá: • dos ativos da família em seu poder;

• das características do agregado familiar;

• do ambiente econômico, político e tecnológico,

em que ocorre o acesso aos ativos;

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Quadro conceitual

• O acesso aos ativos não é apenas um processo económico, é também mediado por estruturas e processos (instituições, políticas, tecnologia) influenciam o uso dos ativos e em último as estratégias de sobrevivência.

• Por isso, a diversificação representa um fenómeno social e económico que reflete tanto a pressão quanto as oportunidades que levam as famílias a construirem um portifólio de ativos e atividades.

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Abordagem dos Modos de vida – cont.

• Além dos ativos o conceito dos modos de vida compreende também as capacidades, e as atividades requeridas para os meios de vida.

• Embora a Abordagem do Modos de Vida contenha elementos da abordagem das capacitações e entitulamentos que perpassam esse conceito, sua intenção é diferente dessa abordagem (ELLIS, 2000);

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Utilização da Abordagem dos Modos de Vida

• Quando há choques é especialmente importante aplicação da abordagem dos Modos de Vida para analisar como é que na ausência de mecanismos formais de seguros, evoluem os animais;

• Na literatura há um amplo reconhecimento de que nos países em desenvolvimento as populações usam os animais em tempo de crise alimentar (estiagem-seca) para estabilizar o consumo e renda,

• .

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• O exemplo seguinte se refere a Etiópia onde na década 1990 sofreu uma estigem prolongada afectando muitos distritos;

• Foram usados os dados de painel dos resultados de TIAs entre Junho de 2000 e Julho 2003,

• Entre 1996 e 1999, adicionalmente fez inquéritos dirigidos a criadores.

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Zonas Agroecologicas e Famílias afectadas

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• Em todos os quartis de renda nota-se uma relação negativa entre a mudança e os ativos iniciais em (1996);

• As mudanças são mais pronunciadas para os animais em geral do que para os de tração;

– Dados agregados em Tropical Livestock Units.

• No peródo 1997 - 1999, as famílias relativamente ricas tiveram um declínio constante dos animais, enquanto as famílias pobres registaram aumento tanto dos animais em geral quanto os de tração.

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Estudo de caso Etiópia

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• Até Junho de 2000 os inquérito não recolheram informação sobre a natureza das mudanças, mas o facto de que as mudanças sejam mais pronunciadas nos animais pode sugerir que as famílias procuraram vender ou sacrificar os animais para o consumo e deram mais atenção aos animais de tração.