Abordagem Introdutória à Filosofia e Ao Filosofar

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iniciação à filosofia no 10ºano

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    1. Abordagem introdutria filosofia e ao filosofar

    a) O que a Filosofia? Objeto de estudo

    ...Pois aquele que ama est num embarao, no sabe o que faz, anda procura. No

    esta a maneira menos decisiva de justificar a natureza incompleta da Filosofia termo

    cujo significado nunca se fixou definitivamente tarefa intrigante, que leva de cada vez

    a cabo uma inquirio de identidade, desde sempre grande motivo de escrnio e de

    escndalo. Com efeito, s se pode amar aquilo que no se possui. A imoderao

    prpria da atividade filosfica tem que ver com a natureza do amor.

    MOLDER, Maria Filomena, A Imperfeio da Filosofia

    [Philos]: amor; amizade + [Sophia]: sabedoria. A filosofia isto, amor sabedoria. o nosso

    desejo em conhecer, em decifrar a lgica da vida, intrigados por uma dvida que quer

    adivinhar o que est para alm da cortina da realidade, j que uma existncia rotineira no nos

    satisfaz.

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    Objeto de estudo: todo o ser e toda a realidade. De facto, a filosofia no apenas amor ao

    saber, tambm um saber em si mesmo, um saber de alguma coisa, e, embora este alguma

    coisa seja difcil de definir, esse o seu objeto. A filosofia quer compreender, pensar o mundo

    e pensar sobre ns prprios. Mas o mundo no se d a conhecer espontaneamente, tem de

    ser procurado e extrado, o que torna a filosofia uma atividade de busca e de espanto

    incessantes. Esta uma busca essencialmente terica, reflexiva, contemplativa e racional.

    Porqu? Porque tem de se estar de fora a observar. Assim, o objetivo captar o sentido e a

    lgica da realidade, a todos os seus nveis. isso que os filsofos procuram, no porque sejam

    mquinas de fazer ideias, mas porque se seduzem com as aventuras do raciocnio e da

    linguagem, so experimentadores da existncia.

    o Filosofar: uma atitude espontnea ou um sistema construdo?

    Todos podemos possuir uma atitude de espanto insacivel perante o curioso mistrio da vida,

    desprezando o bvio, desconfiando do que dado como certo, questionando os pressupostos

    das nossas crenas. Mas diferentemente de um filosofar espontneo que o homem comum

    pratica ao deparar-se com vrias situaes da vida, e que se caracteriza por ser emprico,

    pouco crtico, ingnuo, superficial e pontual, a filosofia enquanto sistema de ideias procura

    ser mais acadmica, elaborada, metdica, rigorosa e fundamentada.

    b) Caractersticas da filosofia

    o Universalidade: a filosofia somos todos os seres que pensamos, logo, podemos

    questionar e refletir. A reflexo individual pode e deve catapultar-se para uma reflexo

    global sobre o que ser, viver e o que real. Abandonamos a nossa circunstncia

    particular e subjetiva para assumirmos um objeto de estudo partilhado por todos e

    sobre tudo, onde nenhum tema ou problema fica de fora.

    o Radicalidade: a filosofia exige ir raiz, ao essencial, s causas e aos fundamentos dos

    problemas. Ao faz-lo, despe-se de preconceitos, pressupostos e dogmatismos. Quer

    saber o que est na base para poder encontrar justificaes para formar crenas.

    o Autonomia: a filosofia independente de todos as reas, apesar de ir buscar a todos

    eles contributos do saber. independente do senso comum porque no se limita na

    nossa experincia do dia-a-dia e reflete racionalmente sobre os fundamentos.

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    independente da cincia porque no se baseia em demonstraes comprovveis, mas

    antes em especulaes tericas.

    o Historicidade: a filosofia provm, simultaneamente, do facto de cada momento e

    contexto histrico e social produzir a sua filosofia, uma vez que revela as suas

    preocupaes, e do contributo para a cultura humana universal. Apesar de cada

    sistema filosfico espelhar a realidade da sua poca, o seu carcter radical ao

    constituir questes universais e autnomas, espelha sempre o homem, o ser e a

    realidade enquanto projeto de futuro. Um projeto de futuro analtico porque exige

    investigao, aberto porque filosofar faz-se em liberdade, e incompleto porque as

    respostas encontradas nunca so as certezas-ltimas.

    c) As questes da filosofia

    As questes filosficas emergem do permanente confronto do homem consigo mesmo e com

    a realidade que o rodeia. Porm, nem todos os problemas so filosficos. A filosofia no

    oferece solues que intervm no funcionamento e na transformao imediatas da realidade e

    da vida como o faz a cincia, a poltica, a economia, mas ajuda-nos a encarar esses mesmos

    problemas de outro modo. Mediante a linguagem, a filosofia leva-nos a formular questes

    pertinentes e a encontrar certezas controversas e provisrias. A diferente natureza da matria

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    que a questo/problema tratam traz consigo a especificidade da disciplina filosfica. As

    disciplinas filosficas nunca perdem de vista a totalidade do real, do ser porque este o objeto

    de estudo da Filosofia.

    d) Onde tudo comeou...

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    o Mtodo socrtico: Maiutica e ironia socrtica

    Scrates no procurava a vitria na discusso, procurava a verdade. Considerava que a

    verdade ou virtude ou aret no residia na fama mas antes no dilogo e na troca

    argumentativa de ideias. A maiutica consistia, portanto, na tcnica de interrogatrio e de

    dilogo que conduzia os interlocutores a darem luz as suas ideias como se Scrates fosse o

    condutor ou a parteira de tais pensamentos. Nesse dilogo ou deambular terico, as

    contradies dos interlocutores expunham-se e ao reflectirem sobres elas, reviam as suas

    prprias convices. Nem todos apreciavam as perguntas que recorriam ironia corrosiva,

    pois nem todos compreendiam o papel aparentemente de ignorante em que Scrates se

    apresentava.

    o Alegoria da Caverna

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    Definio de alegoria: uma alegoria uma representao figurativa, quase sempre sob a

    forma humana, de uma proeza, de uma virtude, de uma ideia ou ser abstrato, que nos

    apresentada como uma fico, com o objetivo de tornar mais acessvel a mensagem.

    O tema do texto a condio humana, a natureza humana e o modo como se desenrola a sua

    existncia.

    Podemos afirmar que este texto est dividido em trs momentos essenciais:

    1. Primeiro Momento: descrio da situao

    IMAGENS CONCEITOS

    Os prisioneiros da caverna

    Trevas

    Confuso entre as sombras e os objectos

    Condio humana

    Ignorncia

    Indistino entre a aparncia e a

    realidade

    2. Segundo Momento: problematizao da situao

    IMAGENS CONCEITOS

    contemplao da luz do sol

    comparao do mundo exterior com a vida

    na caverna

    compreenso da situao vivida na

    caverna

    o regresso do filsofo caverna / o

    partilhar da descoberta

    perigosidade de falar a verdade

    dificuldade de viver de novo nas trevas

    conhecimento da verdadeira realidade

    trabalho de anlise

    tomada de conscincia / mutao do

    modo de ser

    amor / dever do sbio

    risco do filsofo

    o sofrimento voluntrio do sbio

    3. Terceiro Momento: resoluo dos problemas sugeridos pela situao

    IMAGENS CONCEITOS

    contemplao da luz do sol

    comparao do mundo exterior com a vida

    na caverna

    conhecimento da verdadeira realidade

    trabalho de anlise

    tomada de conscincia / mutao do

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    compreenso da situao vivida na

    caverna

    o regresso do filsofo caverna / o

    partilhar da descoberta

    perigosidade de falar a verdade

    dificuldade de viver de novo nas trevas

    modo de ser

    amor / dever do sbio

    risco do filsofo

    o sofrimento voluntrio do sbio

    CONCLUINDO, a TESE defendida por PLATO :

    O texto apresenta-nos um quadro da condio humana caracterizado pela ignorncia, pela

    iluso e pela inconscincia, sugerindo-nos que preciso um grande esforo para alcanar o

    conhecimento e a liberdade. Libertar-se (da ignorncia, dos hbitos perniciosos, dos

    preconceitos, em suma, de todos os grilhes que nos prendem) exige uma luta de cada um

    consigo prprio (o espao da liberdade subjetiva, da tica), e com todos os que nos

    pretendam oprimir e dominar (o espao da liberdade objetiva, poltico-social). Refere tambm

    que aquele que conhece encontra-se numa situao paradoxal quer partilhar o seu

    conhecimento, mas precisa de uma estratgia para sair vitorioso desse combate vital contra

    a ignorncia.

    Conceitos especficos:

    -universalidade, radicalidade, autonomia, historicidade

    -questo filosfica

    -filosofar espontneo

    -filosofar sistemtico

    -maiutica

    -ironia socrtica

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    1.2 Dimenso discursiva do trabalho filosfico

    e) O mtodo

    Conceitos especficos:

    - abstrao

    -termo/conceito

    -proposio/juzo

    -tese

    -raciocnio/argumento

    -problema filosfico