ABORDAGENS EDUCACIONAIS E DESENVOLVIMENTO DE … · Palavras-chave: NTICs, mídias didáticas,...

II Congresso Internacional TIC e Educação

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ABORDAGENS EDUCACIONAIS E DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS

EDUCATIVOS DIGITAIS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA

Felipe Guilherme Melo, José Adeildo de Amorim, Bruna Rosa de Barros

Universidade Federal de Alagoas

[email protected]; [email protected]; [email protected]

Resumo O crescente desenvolvimento das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação direciona o surgimento de novas tendências e propostas educacionais. Desse modo, considerando que há 28 anos o setor público brasileiro vem desenvolvendo iniciativas no que concerne ao estímulo quanto à utilização dessas ferramentas no âmbito educacional, percebe-se a necessidade de criar estratégias coerentes e plausíveis para colocar em prática uma educação atentada às necessidades intrínsecas aos cidadãos do século XXI. Nesse contexto, o presente trabalho busca apresentar algumas considerações acerca do uso das novas tecnologias nos processos de ensino-aprendizagem. Assim sendo, enfatiza-se a necessidade de utilização destes recursos no ensino das ciências exatas, mais especificamente da matemática contextualizada, considerando que as tecnologias estão diretamente ligadas ao cotidiano, e que este, é importante no processo de concretização do saber. Por fim, apresentam-se alguns aplicativos didáticos que foram desenvolvidos utilizando um software matemático, o GeoGebra; e algumas videoaulas. Estes recursos, utilizados de forma integrada, visam atender diretamente os alunos do curso Pré-ENEM Comunitário em Matemática e suas Tecnologias, desenvolvido na Universidade Federal de Alagoas – Campus do Sertão. Ademais, espera-se expandir o debate a respeito dos temas expostos, visando à troca de experiências e à ampliação de discussões junto à comunidade de interesse. Palavras-chave: NTICs, mídias didáticas, matemática contextualizada, práticas educacionais, aprendizagem ativa.

Abstract The increasing development of New Technologies of Information and Communication drives the emergence of new trends and educational purposes. In this way, whereas it 28 years ago the Brazilian public sector has been developing initiatives regarding to the stimulus on the use of these tools in the education, there is the need for creating coherent and possible strategies to put into practice an education attempted on the needs of the XXI century citizens. In this context, this paper aims to present some considerations about the use of new technologies in processes of teaching-learning. Thus, it is emphasized the need to use these resources in teaching of exact sciences, specifically of contextualized mathematics, considering that the technologies are directly related to everyday life, and this one is important in the process of concretion of know. Finally, it presents some educational applications that were developed using mathematical software, the GeoGebra, and some video classes. These resources are used in an integrated manner and they aimed to directly meeting with students of Community Pre-ENEM in Mathematics and its Technologies, developed at the Federal University of Alagoas - Sertão. Furthermore, it is expected to expand the debate about the issues exposed in order to exchange experiences and broaden discussions with the community of interest.


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Keywords: NTICs, didactics media, contextualized mathematics, educational practices, active learning.

1. RECURSOS TECNOLÓGICOS E METODOLOGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM Os avanços científicos, e consequentemente o desenvolvimento de novas tecnologias,

geram impactos em diversos setores, dentre eles, o educacional. Nesses moldes,

observa-se o surgimento de novos recursos e possibilidades de aperfeiçoamento

destes setores. Atualmente, o conjunto destes novos recursos é denominado Novas

Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) (Vieira, 1999).

Nas últimas décadas, o desenvolvimento das NTICs tem ocorrido de forma acelerada,

tornando-as cada vez mais acessíveis. Desse modo, é perceptível uma ampla e

crescente utilização desses recursos, tanto de forma direta, quanto indireta (Ponte,

2000). Nesta perspectiva, torna-se quase impossível estabelecer atividades que não

estejam, de algum modo, ligadas a ferramentas tecnológicas. O fato é que o grande

desenvolvimento das NTICs, aliado aos benefícios que essas ferramentas propiciam,

tornaram as pessoas condicionadas às mesmas.

Nesse panorama, levando em consideração os benefícios provindos destes recursos,

juntamente com a necessidade de conscientização dos indivíduos quanto a sua

utilização, destaca-se a precisão de incluí-los no contexto educacional, em meio ao

processo de formação dos futuros cidadãos.

A influência das NTICs na educação direciona o surgimento de novas tendências e

propostas educacionais. Para Martins (2008), os desafios contemporâneos demandam

um repensar da educação, de modo que seus recursos sejam diversificados e ofereçam

novas alternativas para os indivíduos interagirem e se expressarem. Além disso, a

utilização das NTICs nas metodologias de ensino contribui com a aproximação entre o

cotidiano e a escola, possibilitando novos caminhos para educação.

Diante das considerações apresentadas, salienta-se que a inclusão de novas

ferramentas pedagógicas nas metodologias de ensino visa, além da inovação e do

aperfeiçoamento do processo de aprendizagem, à formação consciente dos educandos

quanto à utilização das novas tecnologias.

Neste ínterim, o presente trabalho busca abordar algumas considerações a respeito

das NTICs aplicadas aos processos de ensino-aprendizagem, ressaltando os benefícios


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que estas ferramentas propiciam em meio aos avanços tecnológicos. Além disso,

comenta-se a respeito do ensino das ciências exatas, mais especificamente da

matemática contextualizada, considerando que o cotidiano vivenciado pelos indivíduos

é importante no processo de obtenção e concretização do saber.

No mais, apresentam-se algumas mídias didáticas desenvolvidas pelos autores. Estas

objetivam auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos de um curso Pré-ENEM

Comunitário em Matemática e suas Tecnologias. Este é um curso presencial

desenvolvido na Universidade Federal de Alagoas - Campus do Sertão, e visa atender

estudantes oriundos de escolas públicas da região, a fim de auxiliá-los no processo de

preparação para realizar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Atualmente, no Brasil, esta prova é adotada como um dos principais meios de acesso

ao ensino superior.

2. UTILIZAÇÃO DAS NTICs NO COTIDIANO Com o passar dos anos, as tecnologias e o acesso às mesmas têm-se tornado habituais.

Conforme é ilustrado no Gráfico 1, o percentual da população brasileira que possuía

acesso à internet na própria residência dobrou entre os anos de 2005 a 2009. De

acordo com esse resultado, nota-se que o índice tende a crescer ainda mais nos anos

seguintes (IBGE, 2010).

Gráfico 1 – Domicílios particulares permanentes com acesso à internet. (IBGE, 2010)

13,7 16,7

20

23,8

27,4

0

5

10

15

20

25

30

2005 2006 2007 2008 2009

Perc

en

tual (%

)

Ano

Domicílios particulares permanentes com acesso à

internet


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À luz disso, nota-se que o uso comum das novas ferramentas tecnológicas

(smartphones; vídeo games; netbooks; tablets; softwares; ultrabooks) proporciona aos

indivíduos um novo ambiente, onde suas ações se tornam práticas, interessantes e

ativas. Assim sendo, as NTICs muitas vezes competem de forma direta com as práticas

docentes, o que corrobora para a necessidade de incorporá-las às metodologias de

ensino.

Nesse contexto, ressalta-se que as ferramentas tecnológicas estão diretamente ligadas

ao cotidiano dos jovens do século XXI. Tufte e Christensen (2009) salientam que as

crianças e os jovens usam as mídias de modo convergente e interativo. Em um

raciocínio semelhante, Erstad (2005) afirma que o uso das mídias parece ser uma parte

integral do cotidiano dos jovens, e isso, de certo modo, desafia a escola e os

professores.

Em meio a este cenário, verifica-se que em virtude dos benefícios que as tecnologias

proporcionam, as mesmas passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas,

principalmente dos jovens, que possuem maior facilidade no manuseio destes

recursos. É nesse contexto que surge a necessidade de inserir estas ferramentas no

contexto educacional, aproveitando ao máximo os benefícios que as mesmas

disponibilizam e conscientizando os jovens quanto a sua utilização.

Com base no exposto, a próxima seção busca discutir a respeito da inserção das NTICs

no âmbito educacional, considerando a influência dessas ferramentas no cotidiano e

nos processos de ensino-aprendizagem, dentro das Instituições de Ensino (IE).

3. UTILIZAÇÃO DAS NTICs NO AMBIENTE EDUCACIONAL A inserção das NTICs na educação mostra-se eficiente e necessária, a fim de

aperfeiçoar os processos de ensino-aprendizagem e atender os desafios que os

avanços tecnológicos impõem. É preciso formar cidadãos que atendam às demandas

exigidas na atualidade e, sobretudo, tenham consciência quanto à utilização dessas

novas ferramentas. Nesta visão, Grisa, Pacheco, Rochefort e Villas-Boas (2008)

salientam que é necessário instituir estratégias de ensino diferenciadas, para que

possam desenvolver habilidades que se fazem necessárias aos cidadãos do século XXI.


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Nesses termos, enfatiza-se a necessidade das IE brasileiras repensarem seus Projetos

Político Pedagógicos (PPPs), incluindo, nos mesmos, diferentes recursos de ensino-

aprendizagem. Em geral, observa-se que grande parte dos educadores adota posturas

conservadoras, apoiadas no tradicionalismo das IE. Porém, essa realidade necessita,

mesmo que de forma gradativa, ser transformada.

Diante do exposto, cabe salientar que algumas IE já estão se adaptando a esse novo

contexto. É o que ocorre, por exemplo, na Escola Municipal de Jundiaí, em São Paulo.

Esta IE dispõe de uma sala com lousa digital, scanner, mesas pedagógicas, conexão

banda larga e computadores pessoais para os alunos (Modesto, 2011). Isso faz com

que os educadores, juntamente com a gestão das IE, repensem suas formas de

raciocinar, planejar e transmitir o conhecimento, sendo pressionados a adotarem

novas metodologias educacionais.

Em meio a essa discussão, quanto aos incentivos e iniciativas desenvolvidas pelo setor

público brasileiro, no que concerne ao estímulo quanto à utilização das NTICs no

contexto educacional, salienta-se que os mesmos surgiram na década de 80, mais

especificamente em 1984 (Almeida, 2009). Na Figura 1, podem-se observar estas

ações, dispostas em ordem cronológica.

Figura 1 – Histórico da criação dos programas públicos de incentivo à utilização das NTICs.(Adaptado de Almeida, 2009)


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Com base na Figura 1, observa-se que a iniciativa de inserção de NTICs no contexto

educacional é uma preocupação antiga, considerando que há 28 anos já eram

desenvolvidas estratégias nesse sentido. Aos poucos, foram criados e implantados

alguns programas, que ganharam vigor com a implantação da Seed, a partir de 1996.

Nessa visão, enfatiza-se que os programas desenvolvidos até o momento são

essenciais para o avanço dos processos educativos, no entanto, tratando-se de inserir

NTICs no ambiente educacional, ainda observam-se inúmeras deficiências, nos mais

diversos níveis de ensino.

A partir disto, nota-se a necessidade de desenvolver táticas que contribuam para a

inclusão de recursos tecnológicos nas IE, já que estas ferramentas apresentam

inúmeros benefícios, permitindo “novas possibilidades de aprendizagem e a vivência

de processos criativos, com diálogos e interações múltiplas” (Martins, 2008, p. 2).

1984

•O Ministério da educação (MEC) implanta o Educom, em cinco universidades, objetivando à criação de centros pilotos; o desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao uso do computador como ferramenta pedagógica, entre outras vertentes(Almeida, 2009).

1989

•O MEC institui o primeiro Programa Nacional de informática Educativa (Proninfe)

1996

•Criação da Secretaria de Educação a Distância (Seed), do MEC, com a finalidade de fomentar a incorporação das NTICs à educação e atuar no desenvolvimento da Educação a Distância, com vista à democratização e à melhoria de qualidade na Educação.

•Criação de Programas com foco na introdução das NTICs na escola e na preparação dos professores. Um destes programas é o TV escola.

1997

•Foi criado, também pelo MEC, o Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo), aos quais são integrados vários projetos.

1997 -2012

•Criação de inúmeros programas como Rádio Escola, DVD escola, Rived, ProInfo Integrado, e-ProInfo, Formar em Rede, entre outros (MEC, 2011).


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A inserção das NTICs na educação dinamiza o ensino, ao passo que o torna interativo e

eficaz. Considerando as metodologias de ensino tradicionais, sabe-se que o professor

atua como o centro do saber, possuidor de todo conhecimento, enquanto os alunos,

muitas vezes desmotivados, atuam de forma passiva, como meros receptores de

informações (Melo, Amorim, Barros, & Moraes, 2012; Macedo & Foltran, 2011;

Coutinho & Bottentuit, 2007; Bello, 1993; Berbel, 1995; Klering, 2004; Schröeder,

2009; Mizukami, 1986). Nestes termos, Carvalho e Gonçalves (2000) afirmam que o

conteúdo é transmitido de forma impositiva, fechada, onde o professor se limita a

perguntas do tipo: Vocês têm dúvidas? Vocês estão entendendo?

Com a inclusão das NTICs nos processos de ensino, o aprendiz é instigado a interagir

com objetos de aprendizagem, tornando-se independentes na construção/obtenção

do saber. O indivíduo aprende de forma ativa, interagindo, investigando, relacionando

conteúdos e articulando estratégias de aprendizagem.

Neste sentido, Falkembach (2005) salienta que a inclusão das NTICs no contexto

educacional estimula a autonomia da aprendizagem e o desenvolvimento de

habilidades cognitivas multidisciplinares, tendo em vista que o uso das mesmas como

ferramentas auxiliares no processo de ensino-aprendizagem possibilita um modelo

educacional centrado no aluno.

À luz dessas considerações, para Gadotti (2003, p. 16), o professor:

[...] deixará de ser um lecionador para ser um organizador do conhecimento e da

aprendizagem [...] um mediador do conhecimento, um aprendiz permanente, um

construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador da

aprendizagem.

Em um raciocínio semelhante, Lagrange, Artigue, Labor e Trouche (2001) reforçam a

ideia que a figura do professor nunca poderá ser substituída pelo uso de ferramentas

computacionais, pois, os alunos não aprendem com o mero arrastar de objetos na tela.

A elaboração de tarefas adequadas e as intervenções do professor ao conduzi-las

desempenham um papel fundamental para o sucesso da utilização de tecnologias

interativas nas práticas pedagógicas.


223

A partir disso, é perceptível que o docente deixa de ser o centro, detentor de todo

conhecimento, passando a ser um dos meios de obtenção do saber, um facilitador da

aprendizagem, mediador do conhecimento.

O professor deve utilizar novos recursos didáticos em suas aulas, dinamizando sua

forma de ensino e estimulando a utilização dessas ferramentas por parte dos alunos,

de maneira que os mesmos compreendam a importância das NTICs no processo de

obtenção do saber, e busquem novas fontes de aprendizagem.

Diante dessas considerações, a próxima seção aborda temas referentes às novas

tendências para o ensino das ciências exatas, especificamente a matemática,

considerando o papel das NTICs atrelado a estratégias de aprendizagem ativa. Afora,

comenta-se sobre a matemática contextualizada e sua capacidade de abranger

conceitos interdisciplinares.

4. NTICs e APRENDIZAGEM ATIVA NO ENSINO DAS CIÊNCIAS EXATAS Segundo D’Ambrósio (2003, p. 6), “a forma como as ciências exatas e especialmente a

matemática é ensinada, muitas vezes as tornam desinteressantes, obsoletas e inúteis

na visão do jovem”, isso gera todo um contraste com o ambiente vivenciado fora da

sala de aula, repleto de instrumentos tecnológicos que se mostram sempre mais

interessantes. Esse fato amplia a discussão sobre a necessidade de incorporação de

ferramentas tecnológicas no processo educacional.

Antecipadamente, enfatiza-se que essas ferramentas não garantem altos índices de

aprovação, todavia, representam uma solução viável para despertar o interesse e a

motivação dos alunos de uma forma mais dinâmica e ativa.

A aprendizagem ativa, no contexto educacional, visa à atuação direta do aprendiz no

processo de aquisição do saber. Segundo Reis (2010, p. 1), “o aprendiz necessita se

sentir parte do processo de construção do conhecimento, de ser sujeito ativo, e não

ouvinte”. Desse modo, o estudante assume a posição central na obtenção do seu

conhecimento, interagindo para aprender. Para Villas-Boas, Miotto e Martins (2011, p.

09), “o aluno precisa ser estimulado a estudar, a aprender a aprender”, ou seja, é

necessário que ele saiba buscar as fontes de conhecimento e usar as tecnologias para

auxiliá-lo no entendimento dos conteúdos. Nesses termos, segundo Costa (2010, p.


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933) tem-se “indivíduos intelectualmente mais fortes e socialmente mais autônomos e

participativos”.

Observando a definição de aprendizagem ativa e admitindo o papel transformador das

NTICs, percebe-se que ambas estão inter-relacionadas. As NTICs promovem a

dinamização e a interatividade do ensino, necessárias para que os indivíduos possam

aprender de maneira participativa. Nesse contexto, enfatiza-se que o desenvolvimento

de estratégias de aprendizagem ativa, aliado ao uso eficaz das NTICs, possui a

capacidade de potencializar o ensino das mais diversas disciplinas, incluindo a

matemática.

Do mesmo modo, percebe-se uma ampla discussão quanto à forma de ensino das

ciências exatas. Ultimamente, articula-se o ensino da matemática de forma

contextualizada, onde, além do conhecimento específico, é requerido do aluno

interpretação da situação posta, exigindo uma noção básica de outras disciplinas

(Português, Geografia, História, Ciências etc.). Igualmente, a matemática em sua forma

contextualizada possibilita a observação da aplicabilidade dos assuntos estudados em

sala através da interpretação de situações empíricas.

Nesse panorama, o discente é capaz de estabelecer um elo entre a teoria e sua

aplicação prática, no próprio cotidiano. Em um raciocínio semelhante, Souza e Roseira

(2010) afirmam que o contexto de um problema matemático é fundamental para

aumentar as possibilidades de que o estudante assimile e reorganize seu pensamento,

tendo em vista à resolução de problemas.

Ademais, essa nova proposta de ensino estimula a criatividade, a curiosidade do aluno

e incentiva à interdisciplinaridade. Esta consiste em articular os conhecimentos de

várias disciplinas, objetivando resolver ou interpretar um determinado problema sob

diferentes pontos de vista, de modo transversal.

À luz disso, observa-se que as NTICs possibilitam novas metodologias de ensino, que

atreladas à educação contextualizada, permitem a interdisciplinaridade e a integração

ao contexto em que o indivíduo atua. Conforme Figueiredo e Afonso (2006), o uso das

tecnologias em contextos significativos para os aprendizes indica que estes se

encontram imersos em cenários interativos com a presença de tecnologias. Na mesma


225

linha de pensamento, Almeida (2009, p. 78) considera que o “contexto educativo é um

conjunto de circunstâncias relevantes que propiciam ao aluno (re)construir o

conhecimento dos quais são elementos inerentes o conteúdo, o professor, sua ação e

os objetos histórico-culturais que o constituem”.

Assim sendo, pode-se afirmar que a utilização das NTICs viabiliza, à medida que age

como elemento facilitador da aprendizagem, a educação matemática, ligada a

contextos e situações empíricas.

Nesta visão, a próxima seção procura apresentar algumas mídias didáticas que foram

desenvolvidas pelos autores, objetivando incentivar a inclusão das NTICs nas práticas

pedagógicas e buscar estratégias que contribuam com a melhoria dos processos de

ensino-aprendizagem.

5. DESENVOLVIMENTO DE MÍDIAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA Almejando atender às demandas exigidas no ensino das ciências exatas,

desenvolveram-se algumas mídias educacionais, como aplicativos, utilizando um

software matemático; e videoaulas. Estas mídias visam atender diretamente aos

alunos do curso Pré-ENEM Comunitário em Matemática e suas Tecnologias, auxiliando-

os no processo de aprendizagem durante as aulas, de forma participativa, e

posteriormente, em seu estudo individual.

Os aplicativos buscam relacionar estratégias de aprendizagem ativa com o ensino da

matemática. Desse modo, espera-se que os discentes interajam com estas ferramentas

e diante das situações postas, aprendam de maneira autônoma.

Nesses termos, é evidente o papel das NTICs na dinamização da aprendizagem.

Entretanto, o processo de inclusão dessas ferramentas é de suma importância para o

uso contínuo e adequado das mesmas. Nesse panorama, destaca-se o papel do

professor na inserção destas ferramentas e, posteriormente, no acompanhamento

quanto à utilização apropriada destes recursos.

5.1 Objetos de Aprendizagem e Possibilidades de Ensino Utilizando o Software GeoGebra

A utilização de aplicativos informáticos no ensino da matemática favorece o

surgimento de ambientes de aprendizagem dinâmicos, onde o saber pode ser obtido


226

através da aprendizagem ativa e significativa, ligado à experimentação didática, com a

interação direta do discente, mediada pelo professor. Nestes termos, nota-se uma

vasta quantidade de pesquisas ligadas ao ramo de programação e ao desenvolvimento

de softwares, que objetivam interagir, dinamizar e facilitar o processo de ensino-

aprendizagem das ciências exatas. Com o auxílio de softwares é possível construir

figuras, gráficos e objetos de forma interativa, proporcionando com isso uma melhor

compreensão, visualização e percepção dinâmica dos conteúdos.

Nesse sentido, esta subseção objetiva apresentar algumas das potencialidades do

software GeoGebra, direcionando-as para o ensino da matemática contextualizada.

Ademais, serão mostrados alguns dos aplicativos desenvolvidos nesta pesquisa usando

este software.

O GeoGebra é um software dinâmico criado em 2001 para uso em educação

matemática nas escolas de educação básica e superior (Hohenwarter, 2002). Ele pode

ser trabalhado na resolução de questões e/ou na construção de conhecimentos ligados

a inúmeras disciplinas, proporcionando uma melhor percepção dos conceitos e

colaborando com a aprendizagem ativa, ligada à experimentação didática.

A escolha deste programa computacional se deu pelo fato do mesmo apresentar uma

interface amigável e de fácil manuseio; ser gratuito e com o código fonte aberto;

dispor de uma percepção dupla dos objetos: a expressão na janela de álgebra e o

objeto referente à mesma na zona de gráficos; poder ser utilizado nos mais diversos

níveis de ensino; e apresentar um dinamismo na relação de objetos. Na Figura 2, pode-

se observar a interface do software.

Figura 2 – Interface do software GeoGebra.


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O conceito de dinamicidade do GeoGebra está ligado ao fato dele trabalhar com

objetos livres e dependentes. Os objetos dependentes funcionam como funções e os

objetos livres como suas variáveis (Melo et al, 2012). Assim, ao alterar o estado de um

objeto livre, todos os seus correspondentes dependentes são automaticamente

atualizados. Para alterar o estado de um objeto livre há uma série de possibilidades de

interação via teclado e mouse, todas com respostas algébricas e gráficas em tempo

real, o que o torna realmente dinâmico.

Diante do exposto, utilizando o GeoGebra, construíram-se aplicativos que possibilitam

aos discentes “conjecturar, descobrir e formalizar as relações pertinentes à teoria

estudada” (Hasché, 2010, p.2). Desse modo, foi produzido um total de 20 aplicativos,

onde se apresenta, a seguir, alguns deles.

O aplicativo destacado na Figura 3 possibilita, de forma interativa, entender como

ocorre a Simetria Central. Pode-se observar que na parte superior do aplicativo são

mostradas algumas dicas a respeito do assunto e da maneira de interação com o

recurso didático.

Janela Algébrica Janela Gráfica


228

Figura 3 – Aplicativo Simetria Central. (Os autores, 2012)

Na Figura 4 tem-se um aplicativo que facilita o aprendizado das classificações dos

triângulos de forma dinâmica. A ferramenta didática consiste em um triângulo

qualquer, cujos vértices são móveis (livres). Assim sendo, o discente interage de forma

direta, modificando a posição dos vértices e observando, ao mesmo tempo, qual a

classificação, quanto aos lados e aos ângulos, dos novos triângulos que vão se

formando.

Neste caso, pode-se observar que o aplicativo também contém informações acerca do

assunto abordado e das instruções de manuseio.

Simetria Central Este aplicativo permite aprender de forma interativa a definição de Simetria Central. As simetrias Centrais ocorrem quando um ponto, objeto ou parte de um objeto pode ser girado em relação a um ponto fixo, central, chamado centro da simetria, de tal maneira que essas partes ou objetos coincidam um com o outro um determinado número de vezes. Interaja com o aplicativo!! Mova o ponto azul e observe as simetrias dos demais pontos, em relação ao ponto central.


229

Figura 4 – Aplicativo Classificação dos triângulos. (Os autores, 2012)

Estes são exemplos de alguns dos aplicativos que foram construídos para apoio aos

conteúdos ministrados no Pré-ENEM Comunitário em Matemática e suas Tecnologias.

Afora, a utilização destas ferramentas foi planejada de forma integrada com

videoaulas. Desse modo, a próxima subseção busca abordar, de forma geral, como

foram feitas estas mídias.

5.2 Videoaulas Falkembach (2005) enfatiza em seus estudos a importância do computador na

educação como agente transformador, e a importância de software educacional como

corresponsável dessa transformação, auxiliando no processo de ensino-aprendizagem.

Classificação dos Triângulos

Este aplicativo possibilita o aprendizado das classificações dos triângulos. Interaja!!! Mova os vértices do triângulo e observe sua classificação quanto aos lados e aos ângulos.

Classificação dos Triângulos

- Quanto aos lados:

Equilátero: todos os lados iguais;

Isósceles: dois lados iguais;

Escaleno: três lados diferentes.

- Quanto aos ângulos internos:

Retângulo: um ângulo igual a 90º;

Obtusângulo: Um ângulo maior que 90º;

Acutângulo: Um ângulo menor que 90º.


230

Deste modo, esta subseção apresenta alguns aspectos relevantes na elaboração das

videoaulas, considerando que as mesmas buscam integrar conteúdos didáticos com

aplicativos dinâmicos e interativos. Assim sendo, almeja-se mostrar aos discentes que

os mesmos podem aprender de maneira independente.

Para elaboração destes recursos, selecionaram-se 14 conteúdos tidos como relevantes

na Matriz Referência do ENEM 2009. Dessa forma, foram produzidas 14 videoaulas,

uma para cada conteúdo, com duração média de 18 minutos cada. No mais, as

videoaulas apresentam exercícios resolvidos detalhadamente, além de um momento

de interação com um ou mais aplicativos desenvolvidos com o software GeoGebra.

Além destas videoaulas, produziram-se mais quatro videoaulas, com resolução de

exercícios, os quais abordaram, em grande parte, questões de provas anteriores do

ENEM, atendendo aos aspectos da matemática contextualizada. Na Figura 5 podem-se

observar algumas imagens destes recursos.

Figura 5 – Imagens das videoaulas.

Na Figura 6 pode-se observar como as questões são dispostas nas aulas. Além disso,

nota-se também um momento em que é feito um link para um dos aplicativos no

GeoGebra, objetivando explicar de forma dinâmica como ocorrem as simetrias

espaciais.


231

Figura 6 – Imagens das videoaulas.

Para divulgação dos recursos educacionais criados (videoaulas, aplicativos, imagens,

apostilas), os mesmos serão hospedados numa página da WEB, a qual será indexada ao

site do Pré-ENEM Comunitário em Matemática e suas Tecnologias

(http://www.campusdosertao.ufal.br/pet/petengenharias/preenem/).

A disponibilização desses recursos na internet amplia a acessibilidade e consequente a

difusão do conhecimento, considerando que neste meio as ferramentas ficam

disponíveis para uma grande quantidade de pessoas, a exemplo de professores, que

poderão utilizar estes recursos durante suas aulas e/ou como material de apoio;

alunos do ensino básico; universitários; entre outros. Desse modo, os recursos

propiciam um intercâmbio de saberes entre diferentes IE e pessoas.

Quanto à utilização dos recursos educativos nas práticas pedagógicas, os docentes

poderão explorá-los durante a explicação dos conteúdos; resolução de exercícios; e

demonstrações, estimulando os alunos através dos objetos de aprendizagem e

facilitando o entendimento, de forma dinâmica.

Além do conteúdo visto em sala, como material complementar, os professores

poderão recomendar que os alunos utilizem as mídias didáticas, principalmente as

videoaulas. Estes podem assistir e tentar interagir com as mídias antes das aulas


232

teóricas, permitindo que durante as aulas presenciais, retirem suas dúvidas e

aprendam conteúdos mais densos, com o auxílio do professor. Na Figura 7, pode-se

observar de forma simplificada o processo de aprendizagem mencionado acima.

Figura 7 – Esquema de Integração: Professor-mídias-alunos. (Os autores, 2012)

Nesses termos, destaca-se que a interação entre aluno, objetos de aprendizagem e

docentes é essencial na concretização do saber, pois permite novas possibilidades de

aprendizagem, transformando o aluno como sujeito autor do seu próprio

conhecimento, mas mediado pelo professor.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista que as questões inerentes à inclusão de ferramentas didáticas de

informação e comunicação vêm sendo discutidas há anos, salienta-se a necessidade de

desenvolver estratégias coerentes e plausíveis para colocar em prática uma educação

atentada às necessidades intrínsecas aos cidadãos do século XXI. Desse modo, Santos e

Incentivo quanto à utilização das mídias

didáticas;

Integração das mídias à disciplina.

Visualização das videoaulas;

Interação com os aplicativos didáticos feitos

no GeoGebra;

Levantamento de dúvidas e

Durante a aula presencial:

Monitoramento quanto à utilização das

mídias;

Retirada de dúvidas e esclarecimentos;

Explicação de conteúdos mais densos,

Professor

Alunos

Integração:

Professor-mídias-alunos


233

Gobbi (2008) destacam que devemos repensar a inserção das NTICs no ensino da

matemática como forma de facilitar o processo de ensino-aprendizagem e a admissão

do presente jovem na sociedade tecnológica.

Nesse contexto, é importante ressaltar que este processo deve sempre vir

acompanhado de uma reflexão de ensino e consciência didática na relação professor-

aluno-conhecimento, pois é o emprego correto da tecnologia no ensino que torna

atrativa e estimulante a interação do discente com o conteúdo, o que é essencial para

a aprendizagem.

A partir disso, o presente trabalho buscou apresentar algumas considerações acerca

nas NTICs, enfatizando a crescente utilização destas ferramentas e,

consequentemente, a necessidade de incluí-las no ambiente educacional, utilizando

metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Dessa maneira, pretende-se otimizar as

práticas pedagógicas e facilitar a transmissão do saber de forma dinâmica e interativa.

Além disso, mostraram-se alguns recursos digitais desenvolvidos em um projeto de

pesquisa. Estes recursos abordam conteúdos relacionados à matemática

contextualizada e visam atender, diretamente, os alunos que participam do curso Pré-

ENEM Comunitário em Matemática e suas Tecnologias, ofertado na Universidade

Federal de Alagoas – Campus do Sertão.

No mais, estes recursos foram construídos de maneira integrada, de modo que o

discente possa observar o conteúdo durante as videoaulas, e na sequência, interagir

com o aplicativo, colocando em prática a teoria vista anteriormente, concretizando o

conhecimento através da experimentação didática, de maneira ativa.

Ademais, pretendeu-se expandir o debate a respeito dos temas expostos, visando à

troca de experiências e a ampliação de discussões junto à comunidade de interesse.

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