abril 2020 - Mulher Africana · _sumário mulher africana 2 abril 2020 Diretora: Isabel ManIque...

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n.º 52 | bimestral abril 2020

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_sumário

m u l h e r a f r i c a n a a b r i l 2 0 2 02

Diretora: Isabel ManIque

eDitora: RIta sIMões

Diretora De arte: RIta DIas

reDação: Paula Mouta, angelIna sales, natalIa elnaga,

KataRIna FoRtunato, HenDa ClaRo, esteFânIa FaRIas, sHeRly

FReItas, alDeMIRa RaFael

Projeto Gráfico e PaGinação: RIta DIas

DePartamento comercial: MauRo leanDRo

Publicação: onlIne RegIsto na eRC CoM o n.º 125966

DePósIto legal n.º 324258/11

03 Editorial

08 Dossier Viver Envelhecer com estilo

16 Opinião Aprender a sobreviver

16 Cidadania Proteger mulheres e crianças

20 Projeto Mulher na Paz Mundial

22 Opinião Superar o Covid-19, como casal

24 Figura Dina Simão

30 Projeto Afrolink Intervenção comunitária

34 Pelo Mundo Viagem ao Texas

38 Conversas com Saúde

48 Entrevista com Henda Claro

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Isabel Flores

_editorialNada será como antes!Todos nós seremos, sem dúvida, melhores. Uns referem ser mais uma história, outros acreditam ser o destino. Castigo de Deus. Há ainda quem prefira esperar para ver, como S. Tomé! A verdade é que estamos perante um vírus que nos vai dar imenso trabalho e profunda criatividade. Relatos de comovente coragem de um idoso, em Itália, a quem foi dado um ventilador, e que pediu para ser entregue a um doente mais jovem, ou o professor, que nos EUA operou siameses na linha da frente, não resistindo ao COVID-19. Um agradecimento especial a todos os profissionais de saúde, bombeiros e forças de segurança que correndo sérios riscos de infeção, dão o seu melhor até à exaustão. Quando a maré acalmar e podermos abraçar sem desconfianças e voltar às ruas na nossa correria diária, os cuidados serão outros e aprenderemos que a humildade fica bem a toda a gente. Pois nada será como antes! Todos nós seremos sem dúvida melhores. Deus nos abençoe e dê conforto e paz. Boa leitura

_colaborações especiais

nome: DRa. MaRta De CaRvalHo

naturaliDaDe: MoçaMbICana

Profissão: PRojeto FeDeRação Da Paz MunDIal, aDvogaDa

nome: ana FátIMa

naturaliDaDe: guIné bIssau

Profissão: eMPReenDeDoRIsMo, CaKeDesIgneR

nome: PatRíCIa agostInHo

naturaliDaDe: angolana

Profissão: eMPReenDeDoRa

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_curtas

Katherine Johnson foi agraciada, em 2016, com a Medalha Presi-dencial da Liberdade, entregue, pelo então presidente dos Estados

Unidos, Barack Obama. O seu percurso e exemplo pioneiro para muitas outras mulheres, negras e não só, na área da ciência, tecno-logia, engenharia e matemática jamais será esquecido. Todo o sucesso e reconhecimento profissional estão registados no livro de Margot Lee Shetterly, Hidden Figures, que viria a trans-formar-se em filme, e que retrata a carreira e contribuição de Ka-therine para o sucesso da NASA, nos projetos Mercury e Apollo 11, na década de 60.Casou duas vezes, teve três filhas, seis netos e quatro bisnetos. Deu aulas de matemática, francês e música e tinha o vício de contar. Foi várias vezes homenageada pela NASA, pelo seu desempenho, e recebeu o doutoramento honorário em ciência, entregue pelo Capitol College, em Maryland e pela Old Dominon University, no Estado de Virgínia. Por ocasião do 55º aniversário do primeiro americano a voar no espaço, a NASA formalizou a sua homenagem à mulher que tor-nou esta viagem possível, inaugurando a nova instalação de pes-quisa em computação, com o seu nome. Nos seus arquivos, a esta-ção espacial americana tem à disposição todos os artigos científicos escritos por Katherine.

Katherine Johnson – A mulher que levou o homem à lua

“O senhor diz-me quando e onde quer que aterre [a nave], e eu lhe direi onde, quando e como lançá-la”Era desta forma que Katherine Johnson lidava com a matemática e com os cálculos. Calculou a trajetória do voo de Alan Shepard, à Lua, calculou a janela de lançamento do projeto Mercury, plotou cartas de navegação, orientou naves pelas estrelas, em caso de falha eletrónica, verificou os primeiros cálculos de computador da órbita de John Glenn, ao redor da Terra. Morreu no dia 24 de fevereiro, com 101 anos.

Cometeu o atrevimento de se meter num mun-do de homens, brancos. E deu-se bem. Mas até

lá chegar, e desde o seu nascimento, em 1918, Katherine John-son não teve uma vida fácil. Filha de gente humilde, cedo mos-trou grandes capacidades na área da matemática, em que se viria a formar, em 1937. Em luta permanente contra a segregação ra-cial, nos Estados Unidos, candidatou-se a uma vaga para o depar-tamento de navegação da NASA, onde ficou conhecida como um “computador de saias”. Começou por ler caixas-negras de aviões, mas rapidamente o seu talento a levou para as análises sobre a re-dução da rajada para as aeronaves. Tornou-se técnica aerospacial, onde trabalhou até se reformar, em 1986.

Especialista em precisão de cálculos

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FIque eM Casa. está lá FoRa uM InIMIgo Do qual não sabeMos MuIto MaIs aléM De que PoDe seR RáPIDo e MoRtal. nenHuM País está a salvo. FoI eMeRgente ManDaR o Povo PaRa Casa. esvazIaR Ruas, CaFés, baRes, PRaIas, estáDIos e PavIlHões. PaRa beM Da saúDe De toDos. eM Casa, nas HoRas lIvRes, De DesConFoRto ou ansIeDaDe, sente-se, leIa e vIaje, seM saIR Do soFá! o CovID-19 é uMa RealIDaDe. boas leItuRas!

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_estante

Sejamos todos Feministas

AutorA: Chimamanda Ngozi Adichie

Escritora nigeriana tem seis obras publicadas e é

reconhecida como umas das grandes responsáveis por atrair os mais jovens a ler a literatura

africana.

O Caminho de Casa

AutorA: Yaa Gyasi. Escreveu o seu primeiro

romance, em 2017. Natural do Gana, conseguiu entrar na lista

de destaque dos autores com menos de 35 anos do National Book Foundation e venceu o

prémio Hemingway 2017, com melhor livro de estreia.

Precisamos de Novos Nomes

AutorA: NoViolet Bulawayo.

Natural do Zimbábue, a autora publicou esta obra, a única

com tradução em português, premiada com o Art

Seidenbaum, o Hemingway / PEN Award e foi finalista do Man Booker Prize, em

2013.

Sem Genti le zaAutorA: Futhi

Ntshingila. Escritora e jornalista sul-

africana, tornou-se mestre em resolução de conflitos. Esta obra foi lançada em 2014.

As Alegrias das Maternidade

e Cidadã de Segunda Classe

Autora: Uchi Emecheta. Vem da Nigéria, a escritora cuja infância e adolescência ficou marcada pela morte

precoce do pai e da relação de violência doméstica que viveu no casamento, entre os 16 e os

22 anos.

Fico muito gorda assim?

Autora: Arabella Weir. Entre num romance de fazer

rir até às lágrimas, onde sobressaem as habituais “paranoias” típicas das

mulheres. O aspeto físico. Os medos, os receios, as atitudes negativas e as preocupações com a opinião dos outros, a

seu respeito.

Grandes mulheres que mudaram o

mundoAutorA: Kate Pankhurst.

Um livro que mostra o infinito dos nossos limites. Sonhar e

perseguir sonhos. Esta obra é uma introdução aos grandes feitos de várias mulheres que

marcaram a história e se tornaram figuras de referência. Cada uma deles é uma fonte

de inspiração para todos.

Mulher zinhas AutorA: Louisa May

Alcott. Inspirada na sua autobiografia,

Louisa Alcott publicou em 1868 a história de 4 irmãs e a sua história entre 1861 e

1865, durante a Guerra Civil americana. Quatro mulheres,

diferentes, com ambições diferentes e com futuros, também eles diferentes.

Emocionante, amoroso e influenciador.

As serviçaisAutorA: Kathryn

Stockett. O retrato fiel dos Estados Unidos, nos anos 60. No

Estado do Mississipi, o racismo transbordava, e as mesmas empregadas negras a quem as mulheres, brancas, ricas, depositavam os seus filhos, estavam proibidas de usar a mesma casa de banho ou

comer nos mesmos pratos. Um dia, uma jornalista escreve e denuncia toda a história,

fazendo-as acreditar que têm muito mais direitos do que os

que lhes são atribuídos.

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_d ixit

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Efu NyakiTerapeuta de Experiência Somática

e Constelação Familiar

Metade do mundo são mulheres. A outra metade, os filhos delas

G.D. AndersonAtivista e escritora australiana

in Vogue Portugal (03/18)

Feminismo não é sobre tornar as mulheres fortes. As mulheres

já são fortes. É sobre mudar a forma como o Mundo

vê essa força

Chimamanda Ngozi Adichie

escritora nigeriana in Vogue Portugal (03/18)

Claro que não estou preocupada em intimidar os

homens. O tipo de homem que se sinta intimidado por mim é exatamente o tipo de homem pelo qual não tenho interesse

Óscar Wildeescritor

Provede às mulheres oportunidades adequadas

e as mulheres poderão fazer de tudo

Fernando Pessoaescritor português

Aquele que conheceu apenas a uma mulher e amou

de verdade, sabe muito mais das mulheres do que aquele que

conheceu a mil

Madre Teresa de Calcutá

Às vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão

uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota

Michelle Obamaex-primeira dama dos EUA in Vogue Portugal (03/18)

Não há limites para o que nós, como mulheres,

podemos alcançar

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_viver

Envelhecer com estilo

Março foi o mês dedicado à Mulher. E que mês não

será da mulher, da mãe, da profissional, da dona de casa,

da representante feminina num mundo ainda demasiadamente

controlado pelos homens? Ainda assim, continuamos

a preferir falar da nossa força, do empoderamento, do empreendedorismo, das

capacidades que nos unem e levam mais além.

rita simões, eDItoRa

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Há muito que se lhe diga sobre o envelhecimento das mulheres. Poderemos sentir-nos eternamente jovens, enquanto as nossas forças não se esgotam ou será necessário recorrer a efeitos especiais, cirurgias e alterações constantes do padrão de beleza para nos mantermos firmes na terra?Deverá o envelhecimento das mulheres ser natural e, cada uma aceitar o seu caminho enquanto pessoa, por quem a idade também passa, ou artificial, criando a sensação de maior longevidade? As opiniões dividem-se. Por Rita Simões

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_dossiê

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MenopausaPassaremos todas por este processo, mais ou menos complexo, que se altera

de mulher para mulher e, que tantos cabelos brancos

representa nas preocupações de casa uma! É o fim de um

ciclo, mas é o início de outro. Aumenta a maturidade, a

liberdade de movimentos, o desejo de percorrer outros

caminhos.

Porque é que não se pergunta a idade

a uma senhora?O preconceito vem, muitas vezes, das próprias mulheres

que se auto mutilam psicologicamente pelo receio de envelhecer e deixarem de ser foco de atenção pelos seus

atributos. Dizem que faz parte das regras da boa etiqueta não perguntar a idade a uma mulher. Em muitos casos, a

pergunta é vista como uma ofensa gravíssima ou um ato de envergonhar uma senhora.

Talvez já tenha mudado muita coisa, em relação às opiniões sobre o aspeto físico das mulheres, mas

este estigma que funciona quase como regra, poderá sobreviver para sempre em sociedade. A mulher continua a ser vista como “muito velha para ocupar certos cargos,

muito velha para ser mãe, depois dos 40, muito velha para continuar a exercer profissões na área da moda, arte e espetáculo, principalmente fazer televisão”. Daí

tentar esquecer a sua idade ou rejuvenescer-se de forma a aparentar alguém mais jovem do que na realidade é. Mas

não será tudo uma questão de mentalidades?

Ser filha, ser mãe, ser a vó

São diferentes estágios da vida de uma mulher. Nem todas passam pelo mesmo processo, nem na mesma

idade. Há mulheres que são mães e, por consequência

avós muito novas (ou abaixo da idade padrão), e ficam felizes por isso, soltando um “pelo menos não sou uma avó velha”. Mas não teremos nós o conceito de que as avozinhas devem

ter cabelo grisalho e muito mais experiência do que todos nós e, por isso ser

consideradas sábios pilares das nossas famílias?

Sexo e a idadeNão será, certamente a

idade, os filhos, os netos, a profissão ou a menopausa

que desvirtua a necessidade e o prazer que uma mulher

pode tirar do sexo. Cada idade trará um novo

conjunto de desejos, que podem e devem ser, sempre,

satisfeitos, ainda que isso implique mudanças, em si mesma ou em quem a

rodeia.

Novas relações

Amigos. Fazer novos amigos (as). Conhecer gente nova,

com as mesmas ideias, de elevada autoestima,

que tão depressa durma a sesta como a desafie para um cruzeiro de 15 dias ou

bebam uma garrafa de vinho a meias. É no espírito que a idade pousa e não no

bilhete de identidade.

Revigorar o corpoÉ possível, fazendo

exercício físico, seguindo uma alimentação saudável,

dormindo boas noites de sono, dançando, rindo e

sendo feliz!

Assumir rugas é naturalSharon Stone, Andie MacDowell, Brooke Shields, Cameron Diaz, Cate Blanchett, Charlize Theron, Drew Barrymore,

Emma Thompson, Jodie Foster ou Júlia Roberts são algumas das mulheres de Hollywood que continuam a invadir os

ecrãs de cinema carregando o peso e as marcas da sua idade, sem preconceitos e, naturalmente conscientes de que o

envelhecimento faz parte do ciclo de vida dos seres humanos. Assumir as rugas é um ato de natural sobrevivência.

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_dossiê

Cláudia Raia

53 ANOSbrAsileirA

atriz, ao programa “Se joga”, TV Globo

"Depois dos 50, posso tudo. A roupa que eu quero, o cabelo que

eu quero. Eu solteira, sair com as pessoas

que eu quiser, sem pré-julgamento. Não tenho

mais idade para ser feliz? Essa mulher de 50 não é

representada por ninguém (…) sempre fui uma

mulher libertária, nunca deixei de fazer nada na minha vida que eu não quisesse (…) a minha relação com o corpo é

maravilhosa (…) porque uma mulher de 50 anos

não pode ser capa? Nada muda (…) já fiz algumas

intervenções. Plástica no nariz, pequenas

intervenções, poucas mesmo. Quero ajudar e

não mudar. Vivo da minha imagem. Não quero ter

cara de 20, hoje estou bem melhor. Fui fazer o nariz

com 20 e pouco anos. Nunca me achei uma

mulher deslumbrante, mas achava que combinava (…) não tenho medo de envelhecer, acho bacana.

Estou aprendendo a envelhecer, é um

aprendizado. É assim a vida, vamos olhar as coisas

boas que a maturidade traz.”

Helena Ramos

36 ANOSportuguesA

jurista

“Liderar pelo exemplo para que as meninas/

mulheres no futuro se permitam ter uma

igualdade. Uma igualdade no acesso de

oportunidades, uma igualdade num contexto

social, uma igualdade para a liberdade.”

Sónia Amiguinho

44 ANOSportuguesA

consultora de beleza e diretora de vendas

independente Mary Kay

“A beleza da mulher não depende da idade, nem da sua condição social... a beleza da Mulher vem

de dentro... surge quando ela se descobre, quando ela se reencontra com a sua essência... quando se conhece verdadeiramente e se aceita do jeito que é!

A beleza da Mulher ganha expressão Qd ela se cuida, Qd ela se sente bonita!!! Mas a verdadeira Beleza

da Mulher manifesta-se Qd ela se veste de

Atitude!!!

Cheila Carmali40 ANOS

portuguesA

técnica de qualidade e formação

"Os 40? Parece uma idade assustadora. Pesa, não é? Sinto-me bem, tirando o facto de ganhar peso ser bastante fácil do que há

10 anos, aquela ruga que aparece e não sabes muito

bem como lidar, ficar sem paciência para certas coisas... ainda assim sinto-

me atraente, sou mais exigente. O importante é fazer boas escolhas e

penso nas consequências eternas das minhas

ações. A fé sempre esteve presente no meu dia a

dia, e agora mais ainda. A maturidade trouxe-me

mais espiritualidade.”Eulália Simões

62 ANOSportuguesA

ajudante de lar

“Não tenho preconceitos, faço tudo o que me vai na alma, mas tenho a plena

consciência que há muitas mulheres que vivem

num mundo de medo, e sofrem caladas. Têm

de mudar os hábitos e as vontades e serem livres.

Como exemplo, arranjar-se todos os dias. Eu saio à rua, como se fosse sempre

convidada para um casamento.”

Ethel kauffmann

65 ANOSbrAsileirA

aposentada

“Já sofri muitos preconceitos, por ser

mulher, por ser judia, por estar grávida, por ter me

separado. Posso enumerar alguns mais, muito se fala sobre o assunto,

mas vejo muito pouco ações no sentindo de

esclarecimento.”

Xuxa

57 ANOSbrAsileirA

atriz e apresentadora, ao Blog do Leo Dias

“Acho que plásticas virão naturalmente na minha

vida. Odeio meu pescoço (..) não coloco botox

porque não quero, mas o pescoço incomoda muito

(…) a única alteração que fiz na face foi uma operação no nariz (…)

há pessoas que começam a usar produtos demais e não param. E depois ficam deformadas. Mas se elas são felizes, quem somos nós para julgar

(…).”

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Sofia Buco

30 ANOSAngolAnA

jornalista

“Somos obrigadas a determinar os tempos na nossa vida, no meio da

pressão social. A nossa idade sempre vai

determinar o nosso tempo. Hora para casar, ter filhos

, ser boa mulher mãe e submissa. Mas nunca

temos hora de ser feliz, nunca nos é perguntado se somos felizes. Esse é

um dos aspectos que mais destrói as mulheres.”

Mírcia Edvaldina

29 ANOSAngolAnA

jornalista

“Na sociedade e no emprego, ainda olham

para as pessoas da minha idade como muito novas para tomar certas

decisões, mesmo que haja competência para isso… na vida pessoal nem tanto, pois conquistei responsabilidades

e assumi-as.”

Eulalia Lopes61 ANOS

luso-brAsileirA

Empresária de Turismo

“A mulher ocupa hoje na sociedade um papel muito mais relevante do que há anos, porém, os

preconceitos, cobranças, discriminações, ainda pouco

mudaram. Continuamos a ter salários menores, a

sofrer "investidas" infames do sexo oposto e a ter de

provar minuto após minuto de que somos capazes.”

Sara Patrão,41 ANOS

portuguesA

blogger

“Na minha vida os maiores desafios são conciliar o papel de

mulher, que trabalha com o marido e ser Mãe. Ser empreendedora é estar

sempre um passo na frente do que vai surgir e que possa dar dinheiro, para pagares contas e

sustentares os teus filhos. É desafiante, mas por vezes pode ser muito duro. A idade ou o ser Mulher

nunca foram um problema, fiz sempre tudo o que idealizei. Nunca senti, que não podia ou não

conseguia trabalhar nisto ou naquilo por sou mulher. Já fui descriminada muitas vezes, por ser demasiado

baixa ou por não corresponder ao padrão de moda ou beleza. Quando olho para trás, penso que

podia ter aproveitado melhor os meus 20,

desperdicei completamente os meus 30, porque perdi o foco, e aos 40 reencontrei-

me.”

Michelle Lee

45 ANOSnorte-AmericAnA

editora chefe da revista norte americana Allure

Magazine

“As mulheres não têm validade e que comentários aparentemente inofensivos,

como “ela está super bem para a idade”

reforçam que o fato de envelhecer é tido como um problema (…) se há uma inevitabilidade na vida, é que estamos a envelhecer. Todo o minuto. Todo o segundo. Recentemente,

produzimos um vídeo com Jo Johnson, de 64 anos, de cabelos grisalhos, que fez a observação comovente de que o envelhecimento

deve ser apreciado porque alguns de nós não

têm a oportunidade de envelhecer.”

Alguém se deu muito mal!

Nem sempre as cirurgias, por

questões estéticas, correm bem.

E, não se trata de uma questão

de dinheiro. A ambição em

busca da idade ou aparência

eternamente jovem chega a tornar-

se uma obsessão. Donatella Versace,

Courtney Love, Heidi Montag,

Megan Fox, Lara Flynn Boyle, Lisa

Rinna, Renée Zellweger, Kim Kardashian, La

Toya Jackson, Kylie Jenner, Lindsay Lohan, Fergie, Jennifer Grey,

Melanie Griffith, Lil' Ki, entre outras

personalidades viram os seus

desejos de rejuvenescimento

tornarem-se verdadeiros filmes de terror e, muitas

delas desejaram nunca o ter feito.

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_opinião

Não limite sua capacidade

de criar oportunidades, olhe para o seu

nicho de mercado e veja como

pode contribuir, ou conectar-se (...) otimize

tempo e energia (...) a mulher se reinventa em

todas as situações. E o momento é de administrar o mundo de dentro

de casa

É preciso aprender a sobreviver

De repente fomos convidados a ficar em casa. Logo a mulher, que acorda cedo, cuida do marido, cuida dos filhos, animais, amigos, prepara as refeições, umas vão para o trabalho, outras ligam para os seus clientes, outras ainda fazem o mercado e vão

à feira.E pedir para parar é quase impossível. Isso era o que achávamos, pois tudo

parou. Mas ela, não! A mulher se reinventa em todas as situações. E o momen-to é de administrar o mundo de dentro de casa sem deixar de colocar ordem “na nova empresa”.

A necessidade de sobrevivência é acionada imediatamente. Diante da si-tuação, a mulher tem mais capacidade de harmonizar o clima, pois o instinto de cuidar aflora rapidamente.

Mas é preciso cautela em cada passo:Cuidar da alimentação é o que se pensa antes de tudo. Se lotou o armário e geladeira, cuide de usar tudo, sem desperdícios, monte um cardápio para usar tudo o que tem, faça de uma só vez e congele. Otimize tempo e energia. Esta-beleça o horário das refeições, para evitar comer além da conta, somente pelo simples fato de ter mais acesso a elas.

Faça uma lista das contas a pagar, saiba os seus números, priorize mediante a sua receita ou reserva estratégica, evite comprar coisas pela internet. Sabe-mos que a oferta pela internet aumentou, principalmente a de conhecimen-tos, mas avalie, se o curso é realmente o que gostaria de fazer ou se, se deixou seduzir, mantenha as regras da Educação Financeira, pergunte-se: Eu preci-so disso?

Não limite sua capacidade de criar oportunidades, olhe para o seu nicho de mercado e veja como pode contribuir, ou conectar-se. Gosto, particularmente do Marketing Humanizado, ligando ou gravando um áudio para o seu cliente. Pense que é mais fácil vender para quem já é cliente, ou fazer contatos e pedir uma recomendação. A oportunidade de poder conquistar outros clientes atra-vés dos que já tem é bem maior.

Regra de ouro: Faça o seu diagnóstico financeiro pessoal ou de empresa. O meu desejo é que este artigo seja útil. Juntos somos mais fortes e sairemos

fortalecidos, acredite!

Shírley FreitaS

Coach, Educadora Financeira,

Palestrante e Consultora

www.shirleyfreitas.com.br

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_cidadania

maimuna

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Maimuna Gomes é uma advogada, de 33 anos, natural da Guiné-Bissau. Dedi-ca a sua vida às causas nobres que envolvam a defesa da mulher e da criança.

Foi, até há bem pouco tempo, presidente do Instituto da Mulher e da Criança do seu país, mas considera não ter tido tempo suficiente para pôr

em prática os projetos que idealizou. Acima de tudo inteirar-se de todos os assuntos con-cernentes à mulher e à criança e garantir a proteção tanto quanto possível destes que são considerados os grupos mais vulneráveis. “Nos momentos de crise humanitária como esta que vivemos atualmente, é de extrema importância cuidar das mulheres e crianças para que não estejam expostas a situações de risco.”

No âmbito do mês dedicado às mulheres, quisemos saber qual a importância da mu-lher e a sua luta pela realização pessoal e profissional.

“Apraz-me pensar que o envelhecimento é sinal de sabedoria. À medida que envelheço, torno-me automati-camente mais sábia e, por isso mesmo, mais calejada para as durezas da vida.”Revista Mulher Africana Como caracteriza a mulher atual na sociedade?Maimuna Gomes Sila É notório o que as mulheres têm conquistado. Estou certa de que essas conquistas se devem não só ao facto de sermos a maioria da população, mas também por assumirmos cada vez mais uma postura de luta pelos nossos direitos, mais que isso, de afirmação de capacidades e competências. É digno de louvor aquelas que têm primado por princípios e valores humanistas, que impelem à igualdade e equidade entre os géneros, servindo de inspiração. Na sociedade guineense felizmente, não obstante as vicissitudes inerentes, não tem sido diferente. A mulher tem desempenhado o papel principal. E isso, tem sido objeto de reconhecimento, ainda que não nos tenha levado ao ganho pleno da igualdade e equidade do género, que é o principal objetivo. A mulher atual é e está cada vez mais confiante do seu papel na sociedade que ela mesma se propõe a contribuir e construir. Sociedade que se pretende mais justa, onde todos caibam, não obstante as diferenças físicas e de pensamento que as possam separar.RMA Qual é o papel da mulher na vida ativa?MGS A mulher já entendeu que pode ser o que bem entender e o caminho que tem feito é exatamente nesse sentido, de conquistar os seus espaços. Para tal só tem de se tornar e mostrar habilitada para ocupar o lugar para o qual pretenda candidatar-se. RMA Quais são os maiores desafios? Como se gerem?MGS A principal barreira, quase intransponível, é a necessidade premente de reforço de capacidade dos recursos humanos. Na sua maioria, não dispõe de conhecimento para lidar com os casos de VBG (violência baseada no género). Pior ainda quando tiver perante casos de MGF (Mutilação Genital Feminina), onde a tradição colide com a lei e com os Direitos Humanos. Urge garantir a contratação de quadros especialistas nestas áreas e preparação dos antigos para lidar com os assuntos respeitantes às meninas e mulheres. Igualmente importante se torna o Estado assumir que as questões sociais. Deve fazer parte da sua agenda e ocupar a lista das prioridades. RMA Em que estado está o apoio à Mulher e da Criança?MGS O Estado não dá apoio ao Instituto da Mulher e Criança. Aliás, limita-se a pagar a renda do edifício sede e pagar o salário de alguns funcionários. As poucas atividades realizadas, tem sido com o apoio financeiro dos organismos internacionais, sedeados no país.RMA O que falta fazer?MGS Absolutamente tudo… No verdadeiro sentido da frase. Mas eu gosto de pensar que talvez essa seja uma oportunidade de construirmos um Instituto de raiz, alicerçado nas melhores vivências de outros países e comunidades. Mas de uma forma muito generalista posso avançar que as prioridades, a meu ver, devem ser a proteção das mulheres e das crianças, as quais continuam a ser o grupo social mais vulnerável.

É imperial proteger as mulheres e as crianças

maimuna

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Por Marta de Carvalho

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A Federação das Mulheres para a Paz Mundial é uma or-ganização não governamental (ONG), sem fins lucrati-vos, com assento na ECOSOC, Nações Unidas, graças aos seus nobres objetivos.

Fundada na Coreia do Sul em 1992, pela Dra Hak Ja Han Moon e seu marido, o Rev. Dr. Sun Myung Moon. Este casal foi pioneiro, há mais de 50 anos quando iniciou uma jornada de tra-balho na busca da Paz mundial. Decidiram criar esta ONG, com o objetivo de, não só, defender os Direitos Humanos, mas princi-palmente, promover, capacitar e enaltecer a Mulher e ajudá-la a criar o bem-estar da família, através de educação e valores univer-salmente aceites, proporcionar cooperação entre nações, realçan-do o seu e o bem-estar das crianças de todo o Mundo.

Em Portugal, esta organização tem como presidente Marta Maria de Carvalho Rodrigues, licenciada em Direito pela Univer-sidade Internacional de Lisboa, que através de conferências e ou-tros eventos contribui para a divulgação e transmissão de soluções para o alcance da Paz.

Deste processo, a Mulher é parte integrante e a maior preocu-pação, devido acima de tudo à sua desvalorização e discriminação perante a sociedade. É nesse sentido que esta ONG trabalha para desenvolver internacionalmente mecanismos de defesa e respeito pelos seus direitos e reconhecimento.

É sabido que desde os primórdios da história, a mulher sem-pre foi ignorada, desvalorizada, e posta em segundo plano. Daí a

Porque o tempo urge, ela está sendo chamada a ocupar o seu devido lugar na liderança da Humanidade, como manifestação da parte feminina da natureza

como parte integrante da Paz Mundial

Mulher,DeFInIR a MulHeR De FoRMa eFICaz e CoMPleta não é taReFa FáCIl, DevIDo à taManHa CoMPlexIDaDe Das qualIDaDes que enCeRRa e lHe são IneRentes, FaltanDo-lHe, aPenas, o seu eFICaz ReConHeCIMento beM CoMo, o ResPeIto Pelos DIReItos que lHe são DevIDos, eM soCIeDaDe

_projeto

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importância da valorização dos dois géneros, porque juntos traba-lharam, sempre lado a lado, no desemprenho de tarefas imprescin-díveis ao desenvolvimento da vida humana.

Todavia, é essencial, urgente e necessário que os Seres Humanos compreendam este ponto claramente, corrijam a história e se posicio-nem como seres complementares e, por isso mesmo, necessários um ao outro, em Género, em todas as áreas da vida (cito SMM).

Daí também que ambos (Homem e Mulher), tenham que se amar, servir e respeitar mutuamente, e nenhum deles se deve furtar ao seu valor e nem retirar valor ao outro, porque ambos são necessários e es-sências um ao outro para a sua complementaridade, subsistência, pro-gresso e, ainda, para a manutenção da própria vida.

Só com esta consciencialização se conseguirá, gradualmente, acabar com o desvalor e discriminação de género, e alcançar a be-leza, progresso e harmonia do todo.

A identidade da MulherA mulher deve assumir-se como um Ser Humano que encarna o género feminino como essência do Criador e que manifesta, em imagem e substância, as características duais de feminilidade do mesmo, as quais, lhe dão qualidades inatas distintas, mas essenciais e complementares às do homem.

A mulher é geradora de vida e como tal, necessita do homem para seu companheiro, e o homem necessita dela para a sua com-

panheira complementar, para subsistência e manutenção da vida, de forma equilibrada, para juntos, gerarem vida, beleza e alegria para o todo, atingindo assim, a felicidade.

A mulher deve, por isso, aceitar-se e assumir-se como tal, e o homem deve reconhecer o seu valor e aceitá-la como sua compa-nheira a todos níveis para que juntos possam desenvolver as suas habilidades, consertar a sociedade e promover o progresso em prol do equilíbrio e harmonia sociais.

Por encarnar as qualidades que definem a sua feminilidade, a mulher assume condições inerentes que lhe definem e capacitam como ser espiritual e educadora por excelência.

E, o seu valor (enquanto ser criado) é igual ao do homem e, aqui, reside a sua identidade como mulher e Ser Humano!

Falar da identidade da mulher é, por isso, falar da feminilida-de, do ser espiritual por excelência e mãe da sociedade humana em geral, com competência para educar a sociedade, sarando-a e devolvendo-lhe o equilíbrio. Porque o tempo urge, ela está sendo chamada a ocupar o seu devido lugar na liderança da Humani-dade, como manifestação da parte feminina da natureza dual do Criador, valor complementar e essencial ao Homem, daí, o seu igual valor em essência!

Por isso, nesta Nova Era, a mulher espiritual e educadora por excelência, deve imergir e liderar ao lado do homem (e não, ja-mais, abaixo ou por detrás, mas, ao lado do homem) retomando a sua posição original.

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_opiniãoCremilde

Paulo NuvuNga

Coach de relacionamentos,

instrutora, escritora e proprietária da

Delícias Saudáveis, dedicada aos

bolos. Tem dois livros digitais já

lançados 4 formas poderosas para ser feliz e O poder de uma meditação.

Nesta edição, deixa alguns conselhos e dicas para que os casais sobrevivam ao isolamento e ao excesso de horas dentro do mesmo espaço. Situação provocada pela

pandemia Covid-19

Observe este momento

como único e favorável, pois tudo

acontece nas nossas vidas por alguma razão

Como superar o covid-19, como casal?Todo o casal adora estar na companhia um do outro, disso não podemos

duvidar, porém, o isolamento que nos é imposto pela pandemia de covid-19 pode provocar tensões e alterações emocionais.

É importante frisar que para o caso de casais que já tinham a sua relação enfraquecida, com esta situação a tendência será de agudizar. A rotina deste casal é obrigada a ser alterada e novos hábitos precisam ser implantados duma forma inteligente, pois caso contrário, estaremos perante um novo e grande problema nos relacionamentos conjugais.

Algo importante que deve ser feito pelos casais é saber reconhecer antes de mais nada que o isolamento será difícil se não for adotado um plano para o casal. Este plano vai passar por momentos a sós, mesmo dentro de casa, uma rotina que envolva mudança de comportamento e atitudes, hábitos e vontades, desejos e expectativas.

O casal vai se sentir ansioso e com facilidade irá colocar sempre maior expectativa no parceiro e a falta de atenção nas suas ações, observará o outro como o mau da fita. É necessário e importante ser vigilante.

Então, o que devem fazer os casais num espírito de entreajuda, sem partir para a violência, divórcio e ou brigas sem conteúdo?

Seja eduCado - É necessário prestarmos atenção aos nossos desequilíbrios e/ou manias e percebermos que ninguém tem a obrigação de as suportar ou sempre nos compreender. Mentalize-se de que as pessoas que estão ao nosso redor, merecem respeito.

maNteNha uma rotiNa - É necessário ter um plano diário e uma rotina agradável, isto vai implicar dividir o dia em horas e atividades. Decida, por exemplo, ler 10 páginas de um livro físico ou eletrónico, organize fotografias, faça exercício físico, faça um curso on-line, cuide da autoestima, faça aqueles trabalhos que sempre ficam para depois. Mantermo-nos ocupados, estruturando o nosso tempo, facilita o positivismo e a segurança.

medite - Todos os dias, ao acordar, ao meio dia e antes de dormir. Esta prática pode ajudar até fazendo-a em família, pois a meditação é muito poderosa, ela acalma a mente, ajuda a controlar os pensamentos, nos torna mais leves, doces, amáveis, sorriso espontâneo e cheios de ternura.

iNteraja Com PareNteS - Através de videochamadas com parentes e amigos, podemos melhorar o nosso mundo. Tire um tempo para o diálogo em família com outros fora de casa, não experimentemos este momento sozinhos.

PeNSe PoSitivo - Observe este momento como único e favorável, pois tudo acontece nas nossas vidas por alguma razão. Pense no que é importante para a sua vida, suas responsabilidades como humano, responsabilidade social, seus valores e porque não pensar sério no seu propósito de vida, o legado que você vai deixar. Seja feliz e faça os outros felizes. em todos os momentos da tua vida.

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_figura

dina

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nasCeR eM angola Deu-lHe as Raízes e a FoRça suFICIentes PaRa lutaR e venCeR na vIDa. DIna sIMão. o seu CuRRíCulo Pesa

MaIs Do que uMa PRateleIRa CHeIa De Peças InteIRas De teCIDo. as CoRes e os PaDRões que a IMPulsIonaRaM a PeRseguIR uM Dos MaIoRes sonHos – a MoDa, CoMo FoRMa De DIvulgação

Da CultuRa naCIonal. tRês DéCaDas DePoIs De vIveR eM PoRtugal, voltou à teRRa natal e FIxou-se na tv zIMbo, CoMo

aPResentaDoRa Do PRogRaMa DIáRIo “sexto sentIDo”Por Rita Simões

dina

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_figura

Dnome: DIna sIMão

naturaliDaDe: angola

Profissão: aPResentaDoRa/estIlIsta

Dina Simão nasceu na Lunda Norte. Terra que lhe deu o brilho resplan-

decente e a gargalhada contagiante que tem. Foi graças à sua espontaneidade, luta e persistência, que venceu na vida.

“Se nós as mulheres nos colocarmos nesta posição de ne-cessidade de afirmação constante, isto pode gerar concorrên-cia, e esta por sua vez levar a violência doméstica entre outros males, que já assolam a sociedade. Devemos é continuarmos a trabalhar, com profissionalismo e dedicação que os resultados virão ao de cima. Não necessitamos de tomar o lugar dos ho-mens, muito menos, provar nada a ninguém, se não a nós mes-mas, de que realmente somos capazes. Temos é que trabalhar e mostrar obra feita. Mulher sábia, faz como a água, contorna os obstáculos”.

Licenciou-se duas vezes e, em ambos os cursos privilegiou as relações com os outros - Recursos Humanos e Relações Inter-nacionais – Lidar com as pessoas e contribuir para um mundo melhor, são caraterísticas da sua personalidade. Introspetiva, metódica e muito autocrítica, sempre se pautou por deixar o seu cunho no Mundo. O saber só lhe faria sentido se o parti-lhasse com os outros. Foi o que fez quando decidiu criar o seu próprio projeto de formação Arte e Fashion. Uma Academia de Formação, que proporciona a construção ou aperfeiçoamento de capacidades na área da moda, corte, costura, modelagem e estilismo.

E a partilha, é o que faz diariamente quando entra nas casas dos telespectadores do Sexto Sentido. Programa que apresenta na estação de televisão angolana, TV Zimbo. Ali, explora todos

A mulher sábia e moderna

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O saber só lhe faria sentido se o partilhasse com os outros. Foi o que fez quando decidiu criar o seu próprio projeto de formação Arte e Fashion

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os dias o lado comunicativo e de reencontro com o seu povo e a sua terra, depois de 30 anos afastada. Três décadas que passou em Portugal, a fazer a ponte entre culturas, modos de vida e a contribuir para a consciencialização de que África tem muito para dar ao Mundo.

É o sexto sentido apurado e extra que atribuem às mulheres, que lhe proporcionou ser mãe de família, professora, conselhei-ra, estilista, bailarina e escritora. Lançou o seu primeiro livro, conjuntamente com o teólogo Albino Pakisi. “Diálogos sobre os valores e costumes na TV Zimbo”, pois acredita que a missão do Ser Humano na terra, é educar, transmitir valores e cultura.

Triunfante em tudo o que faz, sucedem-se as premiações a agraciamentos pelo seu talento, coragem e dedicação em di-vulgar o lugar que a mulher pode e deve ocupar na sociedade. Mas as dificuldades foram imensas. Primeiro pela adaptação ao meu regresso a Angola. Depois de 3 décadas de ausência, a luta pela aculturação foi como travessar o oceano, como vin-gar no desafio que me estava a ser dado. Tive de me concen-trar, buscar energias para o meu equilíbrio psíquico, emocional e familiar, uma vez que havia deixado em Portugal toda a mi-nha estrutura. Os meus alicerces foram sem dúvida a minha fé e a família

As linhas com que a vida se coseTinha 14 anos e vivia em Setúbal, Portugal. Ali cresceu como mulher e profissional. Parece que a vida a empurrou para a Eu-ropa para ampliar a sua visão e dar asas ao seu talento. Um tra-balho que idealiza há mais de 25 anos, quando o preconceito e o racismo ainda falavam mais alto. Ficará sempre na história da moda como uma das primeiras estilistas a fazer chegar à Euro-pa a moda dos panos africanos.

Há menos de uma década, em Angola, os panos tradicionais só eram utilizados para algumas cerimónias familiares. A moda idealizada por Dina Simão deu um contributo muito forte para que os padrões africanos passassem a fazer parte das passarelas e das montras das lojas. Hoje, com um programa de televisão que entra nas casas das pessoas, todos os dias, tem o privilégio de unir o útil ao agradável.

Imagem é comunicação visual, conjugando com o meu pa-pel de apresentadora é um casamento perfeito enquanto faze-dora de opinião. Posso influenciar positivamente a sociedade no resgate de valores, na arte de bem-vestir e educar e impulsionar os valores culturais, sem deixarmos de ser globais. Devido ao nosso percurso histórico, infelizmente ainda temos muitas men-tes ligadas ao colonialismo. Carecemos de espelhos sociais, de orgulho nacional e cultural. Enquanto apresentadora, mulher e estilista, ditando tendências, tenho esta responsabilidade na mudança de mentalidades.

E, para mudar mentalidades é preciso agir. É preciso fazer. Criar. Inovar. É talvez a tarefa mais árdua de toda a carreira de Dina Simão, quer em estúdio, quer no ateliê. Mas ainda assim existem alicerces da sociedade que precisam de reforço, nomea-damente a igualdade.

Em matéria de inteligência não há géneros, existem sim oportunidades de capacitação. A ideia que o homem tinha ou-

trora de que "a mulher é um homem mutilado" está ultrapas-sada. E as mulheres, por terem sido postas de parte durante muito tempo, têm estado a dar cartas e em muitos casos a su-perar os homens. Estes têm é que saber lidar com a mulher sá-bia e moderna.”

E no que diz respeito ao futuro, Dina Simão não tem dú-vidas de que a caminhada é longa e árdua. Só é possível com união e educação para sermos mais fortes. Já há quem diga que sociedades lideradas por mulheres, são mais felizes. A mulher é mãe, educadora, lutadora e com um sexto sentido benzido por Deus. Quando percebermos que cada uma de nós dentro das suas capacidades e ou limitações é uma pedra preciosa para o universo, quando a fé, o respeito reinar entre nós, teremos com certeza um futuro mais risonho.

“Se nós as mulheres nos colocarmos nesta posição de necessidade de afirmação constante, isto pode gerar concorrência, e esta por sua vez levar a violência doméstica entre outros males, que já assolam a sociedade. Devemos é continuar a trabalhar, com profissionalismo e dedicação que os resultados virão ao de cima. Não necessitamos de tomar o lugar dos homens, muito menos, provar nada a ninguém, se não a nós mesmas, de que realmente somos capazes. Temos é que trabalhar e mostrar obra feita. Mulher sábia, faz como a água, contorna os obstáculos.”

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_projeto

Lançado em Setembro de 2019, o Afrolink é um projecto online que junta profissionais africanos e afrodescendentes residentes em Portugal - ou com laços ao país -, com o propósito de partilhar experiências, valorizar competências, criar alianças, divulgar e suportar negócios. Esta “embaixada” da força de trabalho afro em território português pretende promover uma maior representatividade negra no mercado laboral, e favorecer um maior conhecimento sobre a diversidade étnico-racial que o compõe. A missão, liderada pela jornalista Paula Cardoso, desenvolve-se no Facebook através de um grupo privado, preparando-se para, até ao final do primeiro semestre deste ano, ocupar o seu próprio site. Pelo caminho, o Afrolink aceitou o convite da Revista Mulher Africana, para, a cada edição, dar a conhecer algumas das histórias que lhe dão vida. Esta é uma delas.

Viragem para a intervenção comunitária

Nascida em Portugal há 46 anos, numa família originária de Cabo Verde, Elisabete

Borges viveu na Cova da Moura, no concelho da Amadora, antes de se fixar na Tapada das

Mercês, no município de Sintra. Mais do que uma alteração de morada, a troca trouxe uma viragem

na sua história. Na altura da mudança a debater-se com uma

profunda depressão pós-parto, Elisabete, que é mãe de quatro e avó de três, encontrou um novo rumo na intervenção comunitária realizada

nas Mercês.Apoiada pela Fundação Aga Khan, não só adquiriu novas competências técnicas,

nomeadamente informáticas, como fundou o seu próprio projecto: o “Clube das Mulheres”,

recém-rebaptizado “Jangada das Emoções”.

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CIDaDã De Causas, elIsabete boRges FunDou o Clube Das MulHeRes,

no ConCelHo De sIntRa, PoRtugal, Há 10 anos, DePoIs De enContRaR na

InteRvenção CoMunItáRIa uMa PaIxão, e uMa FeRRaMenta ContRa

aDePRessão. seMPRe CoM FoCo no tRabalHo ColeCtIvo, PRoPõe agoRa que

nosjunteMos à volta De uMa Manta solIDáRIa PaRa saCuDIR a quaRentena

Por Paula Cardoso

Uma manta solidária

para o fim da pandemia

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_projeto

Medo, irritabilidade, desespero, inquietação, ansieda-de, desorientação, agressividade, frustração…a lista de emoções que ameaçam o nosso equilíbrio é tão vasta que, sobretudo neste período de quarentena,

se impõe falar de saúde mental, defende Elisabete Borges, ajudan-te de cozinha de 46 anos.

Diagnosticada com uma depressão pós-parto em 2002, depois do nascimento da quarta e última filha, Elisabete alerta para a ne-cessidade de prevenirmos não apenas o impacto físico, mas tam-bém psicológico da pandemia.

“Temos de deixar de ter medo de falar de depressão, de bipo-laridade. Temos de parar de nos esconder”, insiste, com a convic-ção de quem encontrou suporte terapêutico numa rede solidária.

“Por causa da depressão, isolava-me muito. Sentia-me estra-nha, praticamente como um animal. Mas, um dia a minha irmã levou-me a um evento da Fundação Aga Khan, e fiquei logo apai-xonada pelas iniciativas comunitárias”, conta, de volta às memó-rias de 2006.

Quase 15 anos depois, a experiência serve de lembrete para a importância de nos apoiarmos uns nos outros enquanto membros da mesma comunidade, prática que em tempos distanciamento social se torna particularmente desafiante.

“Por isso me lembrei de propor a ‘Manta Solidária´”, explica Elisabete, ainda a matutar numa forma de pôr famílias inteiras a costurar por dias melhores.

A ideia é desafiar avós, pais e netos a produzirem quadrados de 30 centímetros, em tricot ou crochet, que, depois, quais peças de um puzzle, se complementem, permitindo coser uma manta colectiva.

“No final, juntamos os quadrados e decoramos a rua principal da Tapada das Mercês, para comemorar o fim da quarentena”, antecipa Elisabete, fiel ao seu papel de líder comunitária dessa zona do concelho de Sintra.

Clube das MulheresFoi aí, na Tapada das Mercês, que fundou, em 2009, o “Clube das Mulheres”. Primeiro completamente sozinha, hoje com oito companheiras de intervenção, de várias idades e culturas, Elisabe-te está no terreno para garantir que todas têm uma teia de suporte.

“Estive mesmo no fundo e levantei-me, por isso acredito que muitas mulheres também se podem levantar”, confia, lembran-do que da mesma forma que outras poderão beneficiar do Clube para se erguerem, ela própria pôde contar com o apoio da Fun-dação Aga Khan.

“Pegaram em mim e capacitaram-me. Deram-me competên-cias técnicas, acreditaram nas minhas capacidades quando eu mes-ma, por causa da depressão, achava que não servia para nada”.

A metamorfose – na qual se libertou de um passado em que nem sequer conseguia ligar um computador para um presente em que efectua reuniões online –, cumpriu-se com a descoberta de uma nova paixão: o palco.

“Uma das ferramentas no trabalho comunitário é o Teatro. Fize-mos algumas peças com técnicos da linha de Sintra e encenadores”, conta, explicando que a iniciação a essa arte envolveu a família, e incluiu o seu historial clínico.

“É a minha história de vida e não tenho medo de falar nisso. Mas sei que apesar de a depressão ser uma doença, continua a ha-ver muita discriminação na sociedade”, lamenta.

No seu caso, para além de lidar com o estigma social, Elisabete,

cujas origens estão fincadas em Cabo Verde, recorda que teve de en-frentar os preconceitos de alguns parentes.

“Havia pessoas da minha família que diziam que me deveria estar a drogar, ou que tinha feitiço. Outros diziam que eu estava a fingir porque não queria trabalhar, e até aconselharam a minha irmã a pôr-me na rua”. O período mais difícil do quadro clíni-co depressivo, em que chegou a estar afastada das filhas, é agora visto como uma espécie de “vacina” contra o impacto psicológi-co da pandemia.

“Esta fase não tem sido fácil para ninguém. Mas houve alturas em que não estávamos nesta quarentena e foi mais difícil”, sublinha, num plural que engloba as quatro filhas e os três netos.

Hoje, ao contrário de duas das filhas que estavam a trabalhar, e que não viram os contratos renovados, Elisabete tem a garantia de que o seu lugar de ajudante de cozinha está bem guardado. Afinal, junta aos seus 14 anos de experiência profissional um vínculo de efectividade.

Jangada de Emoções“A cozinha é que é o meu emprego, tudo o resto é voluntaria-do”, esclarece, salientando que o trabalho de campo é desenvolvi-do num espírito de missão.

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Esta fase não tem sido fácil para ninguém. Mas houve alturas em que não estávamos nesta quarentena e foi mais difícil

formal, o grupo fundado por Elisabete ganhou existência for-mal.

A nova condição, ainda recém-nascida, trouxe consigo o re-baptismo do projecto, agora denominado “Jangada das Emo-ções”.

“Como nos formalizamos, temos o apoio da Câmara de Sin-tra, que, através do vereador Eduardo Quinta Nova, nos tem ajudado muito, e demonstrado que acredita em nós”.

As credenciais do outrora Clube e agora Jangada medem-se também pela parceria com a associação teatral Quimera Flu-tuante, sua aliada num desafio aos mais novos, lançado à medi-da da quarentena.

“Convidámos as crianças a gravarem um vídeo, com a famí-lia ou sozinhas, em que fazem uma coreografia, dizem o nome e repetem a mensagem: ‘Vamos ficar todos bem’”.

A iniciativa é alargada a outros países onde a Quimera de-senvolve projectos, adianta Elisabete, acrescentando que está previsto que a edição dos vídeos decorra a nível internacional.

Até lá, a líder comunitária pretende manter a população da Tapada das Mercês tão unida quanto possível, e a pandemia bem longe. Sacudida com uma manta. o autoR esCReve segunDo o antI-

go aCoRDo oRtogRáFICo.

“É uma coisa que me faz sentir muito bem”. Além do trabalho com mulheres, “o Clube também or-

ganiza colónias de férias para crianças sem recursos, realiza eventos comunitários para angariar alimentos para algumas famílias, e almoços interculturais para a comunidade”, resu-me Elisabete.

O crescente e abrangente leque de actividades, executado com o apoio técnico da Fundação Aga Khan, ajudou a consoli-dar a presença do Clube na Tapada das Mercês.

Por isso, depois dos primeiros 10 anos a actuar de forma in-

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_pelo mundo

Texas, EUA Joyce Kaputo tem 37 anos, é natural do Kwanza Norte, Angola, mas foi do Huambo que veio a sua educação, de onde a sua mãe é natural. Cultura pela qual nutre um carinho e apego muito afincados. Formou- -se em Jornalismo, na Universidade Independente de Angola. Casou e teve duas filhas. E, foi devido ao fator profissional do esposo que a sua vida deu uma volta de 360º. A sua e, de toda a família

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_pelo mundo

De Luanda, partiram para Houston, Texas, Esta-dos Unidos da América. Três longos anos de desta-

camento que provocaram uma verdadeira revolução nos hábitos sociais e culturais, e quer como mulher e mãe, quero como pro-fissional.

Mais de três décadas depois de colher os frutos das raízes em África, foi confrontada com uma mudança para outro continente.

“Fiquei preocupada quando me lembrei das minhas responsa-bilidades a nível familiar e profissional, mas encarei esta mudan-ça como uma grande oportunidade, em família. Onde as nossas filhas teriam a possibilidade de estudar, num dos melhores siste-mas de ensino do mundo, aprender uma nova língua e todos nós aprenderíamos uma nova cultura e adquiriríamos novos hábitos, a vários níveis.”

Apesar de ter a opção de ficar em Angola, Joyce sacrificou a sua vida profissional e arregaçou as mangas para agarrar os novos de-safios, em terras americanas.

“Se eu ficasse, estaria a prejudicar uma parte da formação das minhas filhas e como mãe, estaria a ser muito egoísta.”

A mudança de hábitos é algo a que, muitas vezes os seres huma-nos não estão habituados. Mas para esta família, a mudança signi-ficaria uma verdadeira revolução a todos os níveis. Mais uma vez, Joyce sentiu a necessidade de se habituar a uma nova realidade.

“Acordo cedo. Preparo as minhas filhas e deixo-as na escola, perto das 7h15. Em seguida vou para o curso que estou a fazer. Sigo para o ginásio, regresso à escola e seguimos as três para casa. De repente, passei a sentir-me a mulher polvo. Tenho de me divi-dir para chegar a todo o lado e fazer um pouco de tudo, além de tratar da casa e dar atenção ao esposo.”

Apesar das saudades apertarem, esta família sabe que viver no Texas, representa um mundo de possibilidades que em Angola, não existiam. Aprendizagem a nível académico, cultural, hábitos e disciplina.

Lutar sem perder o focoSe ser mulher é representar todas as funções, então Joyce sen-

te-se completa, não deixando para trás a sua condição física e os cuidados com a beleza.

“Não sou muito vaidosa, mas gosto de cuidar bem de mim e usar o que me faz sentir bem, como ter optado por usar o meu pró-prio cabelo crespo. Há seis anos que o faço”.

Já adaptada ao dia a dia americano, esta angolana de 37 anos é muito apaixonada pela sua família e pelo que construiu até ago-ra. Se pudesse voltar atrás no tempo, voltaria a fazer tudo outra vez. E, é do tipo de mulher que acredita que tudo na vida aconte-ce com algum propósito.

“Eu sempre trabalhei e por isso sou a profissional que me tor-nei. Agora é altura de cuidar da família. Estou a aproveitar o tem-po para me profissionalizar, para que quando terminar essa fase, eu possa continuar a trabalhar na minha profissão. Porque o pa-pel da mulher altera-se, ao longo da vida. Deus foi tão bom com a mulher, que mesmo sem ela saber, lhe deu várias capacidades que, quando necessário, vêm à tona para ela continuar a sua ca-minhada.”

Mulher-polvo

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Dicas de viagem Houston é a cidade mais populosa do Estado do Texas, Estados

Unidos da América e tem vários lugares de interesse. É, particularmente conhecida pelo Centro Espacial de Houston (centro de treinos para

astronautas e controlo de voos da NASA, ao espaço). No Reliant Park realizam-se várias atividades, incluindo o famoso

futebol americano e o Toyota Center é o complexo de basquetebol dos Houston Rockets, o grande orgulho de Texas.

Iflay é um lugar onde qualquer pessoa pode imaginar a sensação de saltar de paraquedas. A partir dos 5 anos de idade, qualquer pessoa pode ficar, com um instrutor, dentro de um túnel de vento e vibrar com uma

experiência inesquecível. Os maiores eventos anuais são o Houston Livestock Show and Rodeo – o maior rodeio do mundo, o desfile anual Houston Pride Parade,

realizada no final de junho, ou ainda o Bayou City Art Festival, um dos melhores festivais de arte no Estados Unidos.

“Deus foi tão bom com a mulher, que mesmo sem ela saber, lhe deu várias capacidades que, quando necessário, vêm à tona para ela continuar a sua caminhada.”

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_conversas com saúdeDr.ª Paula mouta, PResIDente Do WMs e DIRetoRa

Do obseRvatóRIo Da saúDe Dos Povos

Espelho meu A definição de corpo perfeito não existe. É uma utopia

resultante de um conceito de moda, que todos os anos nos

quer vender medidas e moldes que nos definem a silhueta,

quer em designs de roupa, quer em atividades físicas ou até em produtos de suplementação,

de cosmética e de alimentação. Tudo isto para se alcançar um padrão de aparência em vez

de uma noção real de vida e de essência humana.

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APor Paula Mouta

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_conversas com saúde

A verdadeira noção de corpo perfeito deve ser aque-la onde a saúde coabita com o bem-estar, no perfei-to equilíbrio com hábitos e atitudes de vida saudáveis e sustentáveis, que farão de nós pessoas diferentes, de corpo e alma, e com saúde.

Todos os anos vemos anúncios publicitários que aparecem uns meses antes do verão a oferecer soluções milagrosas para perder peso. As pessoas passam por planos de redução drástica de nutrientes equilibrados, atrás de uma falsa elegância, a qual em pouco tempo se transforma num declínio de nutrientes minerais, vi-tamínicos e sobretudo de aminoácidos, com bastante perda de energia.

Recebo, com frequência, no consultório, pessoas que me afirmam terem tido um aumento de peso bru-tal, após uma dieta dita de resultados rápidos. Isto quando não estão associadas desordens hormonais se-veras e até distúrbios emocionais. Algumas delas che-gam a ter de ser hospitalizadas, por diversos desmaios e fraqueza física.

Como devemos então ir em busca da nossa perfeição?A nossa estrutura corporal é como a das árvores. É úni-ca, mesmo quando somos irmãos gémeos. Cada um de nós traz um padrão especial, diferenciado, com dados novos, capazes de serem moldados, quer na doença, quer na saúde.

É isto que a epigenética explica. Os padrões não herdados do nosso DNA, que se podem transformar. Que o nosso corpo seja dotado de equilíbrio, social, emocional, físico, cultural e essencial.

É este o poder da vida, a chave da alquimia que cada um de nós busca para si, mas que por razões e padrões impostos por uma sociedade de consumo va-mos consentido que sejam adulterados, para uma ima-gem de mesmice comum, de igualdade siamesa, onde temos de ser iguais aos outros.

O nosso corpo deve ser encarado como uma em-balagem especial que reflete sempre o estado do conteúdo interior. Por isso devemos preservar am-bos. Este pensamento deve ser algo a ser-se pratica-

“O nosso corpo deve ser encarado como uma embalagem especial que reflete sempre o estado do conteúdo interior... Que o nosso corpo seja dotado de equilíbrio, social, emocional, físico, cultural e essencial.”

Um plano para a vida

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DicasAcorde à mesma hora de segunda a sexta, mesmo que não trabalhe, ou tenha rotinas certas. O seu relógio biológico depende de um ritmo circadiano que companha a rotação do nosso planeta no lugar onde se encontra. O ciclo dia e noite são vitais à sua saúde!

acorDar: coma 1 quadrado de cacau 70% (chocolate negro), devagar, sentindo o sabor, o aroma e a textura. Permita que o seu cérebro faça este acordar para os sentidos.Ainda deitado, alongue os pés acompanhando com inspirações profundas, relaxe, expirando. Este exercício serve para acordar o seu intestino, obrigando o seu movimento peristáltico a cumprir a sua tarefa. levantar: Sente-se na cama, com os pés no chão, alongue os braços e inspire, relaxe e expire, repita o exercício 10 vezes.Estará a estimular os seus músculos e o transporte de oxigénio ao cérebro e pulmões. O seu coração agradece, pois enquanto faz estes movimentos está a protegê-lo de um eventual ataque cardíaco.sair Da cama: Beba 2 copos de água, com sumo de 1/2 limão ou com rodelas picadas com um garfo, no caso de sentir ardor na garganta ou no estômago (é a prova de que tem demasiada acidez gástrica). O limão alcaliniza e equilibra, mas essa eliminação causa sintomas desagradáveis!!Desjejum: Coma como um rei, aplique a tabela dos alimentos REC (reguladores, construtores e energéticos). Dê mais enfase aos alimentos Energéticos, coma com prazer da gula e dos sentidos, mas coma com responsabilidade na escolha dos alimentos.Um exemplo: R= abacate, cenoura ou banana, E= aveia, cevada, mel de abelha, C = ovos, sementes de linhaça e iogurte.meio Do Dia: a hora certa para fazer exercício, mas antes hidrate-se e coma uma banana, ou outra peça de fruta.almoço: Volte a usar a tabela do REC, mas aqui dê mais enfase aos alimentosconstrutores. Beba água até 30 minutos antes da refeição e cerca de 1h30 depois de ter comido.lanche Da tarDe: escolha uma fruta do seu agrado e coma em paz com a mente. Sinta o poder do alimento a tomar conta de si. Descubra a textura, o sabor e o olfato. Beba água de forma a preservar a sua hidratação. E consuma ainda um alimento de reforço em CO Enzima Q10(frutos oleaginosos). A Coenzima Q10, protege as células dos danos oxidativos, das bactérias e dos vírus, que causam doenças.jantar: Ao fim do dia, o seu corpo precisa de construir um plano de renovação e recuperar a energia e vitalidade, assimilando aquilo que lhe forneceu ao longo do dia. Os alimentos de origem vegetal que possa combinar numa sopa, são excelentes para terminar o dia. Os legumes e as leguminosas de composição fito hormonal, são excelentes escolhas.Deitar: Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer, sobretudo, como forma de regeneração e capacidade de nos proteger a estrutura celular de um envelhecimento precoce. Antes de dormir coma uma maçã vermelha, sem casca, em tiras finas, por causa dos agrotóxicos. Sinta os 5 sabores da “Pyrus Malus”, doce, amargo, ácido, umami e azedo. Uma maçã por dia dá saúde, vitalidade e preserva a sua elegância, ela desintoxica o seu corpo enquanto dorme.na cama: agradeça a si, pela coragem de saber estar em comunhão com o universo.Dormir: Inspire e expire de olhos fechados, deixe-se levar pelas batidas do seu coração e pelo som da sua respiração, elas são o seu melhor remédio para dormir o sono justo e reparador que é o elixir da vida!Atreva-se a ser capaz de renovar consigo os votos da vida, a sua vida. A sua recompensa será alcançar o Corpo Perfeito.

do desde o momento que nascemos, onde o código genético e o epigenético estão unidos na força da “Matrix”, no segredo que cada ser humano traz ao mundo.

É aqui que devemos ativar a beleza verdadeira, aquela que vem contida nas células humanas e que se chamam moléculas mensageiras, ou fatores de transfe-rência. Estas moléculas inteligentes protegem-nos dos agressores virais, das bactérias, dos parasitas e do can-cro. O leite materno vem carregado destas moléculas, através do colostro do leite, o chamado ouro da vida, por ser amarelo e dotar o novo ser de proteção imu-nitária.

E é nestes fatores de transferência, que estão outros componentes ligados ao crescimento das membranas mucosas do intestino, o tal segundo cérebro, que pos-sui um vasto sistema nervoso entérico, capaz de pre-servar a sua saúde e a sua beleza, juntamente com a sua vitalidade.

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Por Angelina de Sales

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_conversas com saúde

Existem dois tipos de imunidade: a Imunidade inata que nos é transmitida quando ainda estamos no ven-tre materno e a imunidade adquirida que nos é trans-mitida por meio de vacinas ou quando recuperamos de uma doença viral e o nosso organismo cria anti-corpos por si só.

Os alimentos reforçam a nossa imunidade ajudan-do no aumento da produção de anticorpos e melho-rando a atuação dos mesmos.

FrutaS CítriCaS: frutas ricas em vitamina C como a múcua, laranja, limão, tangerina, uva, abacaxi, ace-rola, morango, kiwi, ameixa, maracujá. Para além da sua ação antioxidante, que ajuda a regular a quantida-de de radicais livres no organismo, tornando o corpo mais resistente a infeções e a vários tipos de doenças, inclusive o câncer, elas também têm a função de au-

Alimentos que aumentam a imunidade

mentar a produção de anticorpos, facilitando assim a função de defesa pelo organismo. Melhora os quadros de resfriados ajudando na melhora da gripe.

alimeNtoS riCoS em ziNCo: carnes, ostras e ma-riscos, fígado, gema de ovo, cereais, integrais, aveia, feijão, oleaginosas (nozes, castanhas, avelã, ginguba, amêndoa), sementes de abóbora, sementes de me-lancia, linhaça, chocolate amargo. Estes alimen-tos possuem ação antioxidante, alguns são ricos em ômega 3, o que ajudam no combate de radicais li-vres aumentando assim a imunidade, deixando o corpo mais forte para resistir a infeções provocadas por vírus, fungos e bactérias. O zinco também ajuda no aumento da produção de células imunológicas e na melhora nos quadros de pneumonia.

alimeNtoS riCoS em Folato ou áCido FóliCo: to-dos os folhosos verdes escuros com ênfase para bróco-los, espinafres, couve, alface e salsa. As nossas folhas também estão incluídas neste grupo. Os cereais in-tegrais, leguminosas (feijões, ervilha, lentilha, grão--de-bico), cogumelos, vísceras (fígado de galinha), abacate, manga, laranja, tomate, melão, banana, ovo, levedura de cerveja e gérmen de trigo também possuem boas quantidades do nutriente.

alimeNtoS riCoS em vitamiNa e: presente nos fru-tos secos, óleos vegetais como por exemplo o azei-

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te doce extra-virgem, nos mariscos, no abacate, no mamão, ameixa seca, molho de tomate, manga, abó-bora e uva. Possui ação antioxidante, fortalecendo o sistema imunológico o que protege o organismo de infeções, como a gripe.

alimeNtoS riCoS em ômega 3: facilmente encontra-do no peixe, mas a sua maior concentração esta na pele do peixe e por isso ela não pode ser retirada na hora do consumo. Para garantir a presença de ôme-ga 3 é necessário que o alimento não seja confeciona-do em altas temperaturas e não seja frito. Sardinha, atum, salmão, arenque, são boas fontes e o azeite doce extra-virgem também. Ou ainda chia, linhaça, cânhamo e nozes. Poderoso antioxidante que aumen-ta as defesas do organismo e luta no combate contra o excesso de radicas livres.

Cebola e alho: possui uma substância de nome ali-cina que é uma substância antiviral, anti bactericida, antiparasitária, anti-inflamatória o que aumenta sig-nificativamente a função imunológica do organismo. O alho ainda é rico em vitamina A, E e C o que for-talece mais ainda o sistema imunológico devido o po-der antioxidante desse grupo de vitaminas.

geNgibre: possui ação bactericida e é rico em vita-mina C e Vitamina B6, componentes que em conjun-to fortalecem o sistema imunológico.

açaFrão da terra ou CúrCuma: tem função anti-in-flamatória o que também ajuda a aumentar a imuni-dade do nosso organismo.

óleo de CoCo: rico em ácido láurico e ácido cápri-co, dois triglicerídeos de cadeia media que têm a pro-priedade de modular o sistema imunológico. Esses dois caídos são eficazes contra fungos, vírus e bacté-rias, o que melhora o bom funcionamento do trato intestinal ao eliminar as bactérias ruis.

iogurte: ajudam a recompor as bactérias benéficas da flora intestinal chamadas de probióticos que têm a função de expulsar as bactérias maléficas do organis-mo o que aumenta a imunidade contribuindo para a saúde de um intestino saudável que é capaz de sele-cionar melhor o que deve ou não absorver.

betaCaroteNo: é um carotenoide que uma vez in-gerido pode ser transformado em vitamina A que é um poderoso antioxidante. Ele é encontrado em alimentos como a laranja, tangerina, mamão, ba-tata-doce, pimento vermelho, goiaba vermelha, ce-noura e pimenta. liCoPeNo: é um pigmento carotenoide e fitoquímico com grande função antioxidante. É encontrado em alimentos como o tomate, goiaba vermelha, melan-cia, tangerina, mamão-papaia e Goji berry.

aNgeliNa de SaleS, é nutricionista. formada pela UNESC/Brasil. Pioneira na produção da farinha de múcua em Angola desde outubro de 2016.

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Q_empreendedorismo

Quando os filhos despertam o que de mais doce a mulher pode ter, do sonho à realidade é um pequeno passo. A paixão de Ana Fátima dividia-se entre fios de cabelo, mas quando olhou para a encomenda do bolo do 4º aniversário da sua filha, desejou poder mudar o rumo daquele dia.

Comecei por fazer bolos em casa, com a família e com os ami-gos e todos gostaram do meu novo dote. Encorajaram-me e fui tirar o curso. Primeiro fiz o curso de modelagem dos bonecos, de-pois fiz Cake Designer e por último fiz curso de Bolos de Noiva.

Aos poucos foi aperfeiçoando as suas técnicas e arrojando, cada vez mais os designs dos bolos que passou a comercializar para fes-tas de aniversários, chás de bebé, festas personalizadas e outros eventos.

Tenho clientes de todas as idades e de vários quadrantes. Pre-paro bolos para diversos ambientes, desde galas, comunhões, ba-tizados, casamentos e até alambamentos (o pedido de noivado). E por isso, tenho muito que agradecer aos meus queridos Profes-sores sois Melhores do Mundo Chef Hipólito Manuel, Chef Joa-quim Guerra , Chef Conceição, que foram parte integrante deste meu novo projeto.

Mulher, mãe e cake designer, Ana Fátima expõe os seus traba-lhos na página de Facebook AF Cake e delícia quem por lá passa. As magníficas fotografias e exemplares de bolos, efeitos e decora-ções que protagoniza, fazem de cada festa um momento de pura magia e delicadeza. Cada fatia representa um elogio ao talento.

Os negócios nascem assim. O empreendedorismo pode ser uma qualidade intrínseca ao ser humano, quando redescobre a capacidade de se reinventar e vasculhar dentro de si outros talen-tos, outras capacidades, outras oportunidades de ser mais realiza-da e mais feliz. Este é um caso de sucesso, mas o caminho tem um percurso traçado.

O mais necessário para este tipo de negócio é humildade, disci-plina, foco e saber que todos somos iguais e todos merecemos ter um dia especial nas nossas vidas. Independentemente da situação de cada um.

Sob a orientação do Centro de Emprego, Ana Fátima Lopes construiu o seu próprio nome na arte de decorar bolos. Desde en-tão, conheceu pessoas que guiaram o seu caminho e que lhe de-ram a oportunidade que precisava para mostrar o seu trabalho. Participou no 1° Evento Afro Fashion Week Lisboa, na Gala dos Globos de Moda, Gala Solidário da Embaixada da Guiné-Bissau, para crianças doentes, em Portugal, devido a junta médica. Mar-cou presença no Lanche Debate de Associação de Mulheres Em-preendedoras Europa África, onde teve oportunidade de conhecer a Presidente Isabel Manuel De Nascimento, entre outras pessoas e entidades, como a Presidente do Movimento Lírio Azul, Odete Costa, Isabel a Baronesa, as Fadas do Coração.

Espero continuar a descobrir novos desafios nesse meu mun-do do empreendedorismo, e agradeço, do fundo do meu coração, todas as oportunidades que me têm dado neste trabalho, porque sem os meus clientes e admiradores do meu trabalho, ele não se-ria possível.

A vida “tá” doce

nome: ana FátIMa loPes naturaliDaDe: guIné-bIssau

Profissão: CaKeDesIgneR

As magníficas fotografias e exemplares de bolos, efeitos e decorações que protagoniza, fazem de cada festa um momento de pura magia e delicadeza. Cada fatia representa um elogio ao talento.”

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_beleza

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CaDa uM teM o DIReIto De MuDaR

e De queReR RetoRnaR às suas oRIgens, até PoRque esse

PRoCesso nos leva ao autoConHeCIMento

Por Liz Rafael

cabelos ao vento

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Como vol tar ao cabelo crespoAssumir os cabelos crespos é gostar de si e do seu cabelo natural, e in-dependentemente de modismo, não só faz parte da sua identidade como também é, uma grande demostração de autoestima. Infelizmente, os nos-sos antepassados não tiveram permissão para tal, mas nós temos a chan-ce de retirar a máscara que nos foi imposta e, voltar às nossas raízes, sem medo do que vem depois. Temos a oportunidade de mudar a história e, ensinar aos nossos filhos como é lindo ter o cabelo crespo, e que para ser aceite não precisa mudar a sua aparência nem seguir padrões que não fa-zem parte de si.

Começar uma jornada de retorno ao cabelo natural crespo requer mui-tas mudanças no visual e uma verdadeira transição capilar, e por essa ra-zão antes de começar esse processo precisa ter a certeza do que quer. Não retorne por moda nem por imitação, retorne porque você quer, porque faz parte do seu ser e, da sua história, para que não venha a desistir no cami-nho. Além de depender da própria genética, para ficar lindo e com brilho, há que dar tempo ao tempo. Não entre em ditadura de perfeição, aceite os seus fios como eles são.

Muitas pessoas alisam o cabelo desde criança e, não se lembram exata-mente como são os fios dos seus cabelos. Quando os fios novos começarem a crescer dará conta das características dele e passará a conhecê-lo melhor.

Qual a solução para a transição capilar?Para voltar ao cabelo crespo natural ou segue a transição capilar (dei-

xar crescer o novo por cima do antigo) ou o big chop (cortar todo e deixar crescer do zero). Nos dois processos terá de cortar o cabelo e parar de usar químicos, descolorantes e tinturas, como a escova progressiva, escova defi-nitiva, relaxamentos, secadores e chapinhas, porque mudam a textura dos fios, além de danificar a fibra capilar e causar ressecamento.

A transição é um processo mais longo e chato porque temos de lidar com duas texturas de cabelo, com e sem químico. Terá de cortar o cabelo, mas não de forma radical, apenas as pontas enquanto o novo cabelo vai dando o ar da sua graça. Neste período é necessário hidratá-lo e nutri-lo, seguindo um cronograma capilar, que vai devolver saúde e uma nova tex-tura aos fios capilares. Use reconstruções e vitaminas A e E para fortificar os fios e prevenir a quebra do mesmo.

Será uma grande mudança no visual, mas respire e se empodere, mu-lher com cabelo curto é linda sim, é feminina sim e pode sim, fazer um corte lindo e radical.

Abuse dos acessórios e não se esqueça que a nutrição vem de dentro para fora, por isso cuide-se e alimente-se bem. sIga o Canal Do youtube lIz RaFael,

PReste atenção às DICas, aPRenDa a ConHeCeR os seus FIos CaPIlaRes e sIga os tRataMentos que vaMos PostanDo.

PaRa CuIDaR Do seu Cabelo naDa MelHoR que seguIR alguéM que tenHa os FIos IDêntICos aos seus e que vIve na

MesMa RegIão (angola) que voCê.

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Por Rita Simões

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_entrevista

Henda Claro é atualmente Diretora Regional da Câmara do Comércio Pan-Africana e membro executiva da liderança da mesma organização. Dos 18 membros, esta psicóloga multifacetada faz parte das 12 mulheres do grupo e contou à Revista Mulher Africana que papel desempenha e como gere outros projetos profissionais e pessoais

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_entrevista

RRevista Mulher Africana Qual é a missão da Câmara do Comércio Pan-Africana?Henda Claro A equipa da Câmara do Comércio resulta de uma parceria que trabalha para o desenvolvimento e expansão de uma rede de líderes nos setores de negócios, governo e comunidade preparados para enfrentar desafios únicos no desenvolvimento económico em África. A missão principal é desenvolver e fornecer liderança para trabalhar em conjunto com os interesses empresariais, das comunidades e dos governos, para garantir uma tomada de decisão equilibrada, mantendo a vitalidade e habitabilidade, com impactos estratégicos de modo a criar empregos, através do apoio a pequenas e médias empresas. RMA Quais são as maiores dificuldades com que se depara para desempenhar este cargo? HC A luta contra a corrupção, em negócios. Agora, é reconhecida como um dos maiores desafios do mundo. É um grande obstáculo ao desenvolvimento sustentável, com um impacto desproporcional nas comunidades pobres e é corrosivo no próprio tecido da sociedade. O impacto no setor privado também é considerável, pois impede o crescimento económico, distorce a concorrência e para mim o meu maior desafio é fazer com que “as pessoas sejam pensadoras críticas, e que trabalhem com ética. A falta de ética fez dos africanos uns corruptos de fácil conquista para os corruptores. RMA Sente-se privilegiada por ocupar este cargo e representar Angola?HC Não sei se podemos dizer que isto é um privilégio ou um direito. Na verdade, ao longo destes 27 anos de trabalho passei por experiências singulares. E hoje que sou a Diretora Regional da Câmara do Comércio Pan-Africana, tenho a oportunidade de participar e representar os angolanos e expor os seus maiores problemas. A justiça social, faz parte da minha abordagem permanente, desde a pobreza, tráfico de seres humanos, mudanças climáticas, as condições do sistema de saúde pública, educação e a corrupção em África são das minhas maiores preocupações. Os grupos que sofrem as consequências são sempre os mesmos, os mais vulneráveis. E quem pode ter voz, pode ajudar.

“Sou a única dona do meu tempo”RMA Como divide estas funções com as outras, na sua vida, como mulher?HC Eu sou Psicóloga, escritora, consultora de negócios, contadora de histórias, estudante e-learning, faço edição de livros e documentos, vendo paracuca, feita por mim e tenho uma fábrica artesanal de chouriço caseiro. Hoje, eu sou a única dona do meu tempo, e tenho a possibilidade e a liberdade de me dar ao luxo de oferecer um bocado do meu tempo a cada atividade. É pesado, mas faz-me ter a cabeça ocupada. RMA Com multifunções na sua vida, como se organiza o psíquico da mulher?HC Eu casei o meu psíquico com o meu físico. Faço ginástica durante uma hora todos os dias, às 6 da manhã, e isto estabiliza o meu emocional, o psíquico. A minha sanidade mental não pode sofrer interferências. E para isto eu tomei a decisão de me desfazer de tudo o que mexe com ela.RMA Como analisa este período de privação da Liberdade, devido às restrições a que o Covid-19 nos obriga? HC No que chamamos a privação da Liberdade eu chamo a oportunidade do reencontro com o emocional e com o espiritual, e com aquilo que é a nossa essência. O Covid-19, na verdade é um tira teimas, para que se faça uma introspeção e ver como vivemos até ele chegar. O que vivemos e como? Terá valido a pena? O que podemos mudar?

“Todo problema precisa e merece uma solução. Lidero um dos caminhos, e espero que os outros sigam”

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_desporto

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os estáDIos estão vazIos. os PavIlHões taMbéM. não se PoDe CoRReR, neM PRatICaR qualqueR outRo tIPo De DesPoRto FoRa De Casa. os jogos olíMPICos, De tóquIo, FoRaM aDIaDos PaRa

2021, tal CoMo o CaMPeonato Da euRoPa De Futebol

Por Rita Simões

desporto como fonte de alimentação

Na realidade, todos os eventos, sejam eles de que natureza forem, es-tão suspensos até novas

ordens governamentais. Os atletas de alta competição,

muitos deles preparados para enfren-tar os grandes desafios de chegar às medalhas, nos Jogos Olímpicos, por exemplo, vêem-se, agora confinados às quatro paredes a procurar alterna-tivas aos treinos em conjunto com os seus companheiros de trabalho.

Tem sido nas próprias casas, umas mais apetrechadas que outras com equipamentos desportivos, má-quinas e outros acessórios de treino, que os atletas, das várias modalida-des, dos vários clubes, um pouco por todo o Mundo, procuram manter a forma e desafiar atletas e população em geral a combater o sedentarismo, treinando e lançando desafios atra-vés das redes sociais.

Muitos deles, foram lançadas, a pedido das marcas desportivas que patrocinam os seus atletas. Esta tem sido uma forma de continuar a fa-

zer publicidade e manter vivo o seu nome no mercado.

Em Angola, o jornalista, atleta e escritor Gilberto Figueira, lançou, através do Facebook, um desafio que tem chamado à atenção de cada vez mais atletas profissionais e não só.

“Vamos treinar no cubico” Este desafio alerta os angolanos para ficarem em casa, em isolamen-to social, para se protegerem do Co-vid-19, mas, ainda assim, dá o mote para que não deixem de treinar. Es-pecialmente os atletas de alto rendi-mento que participam nos diferentes campeonatos nacionais.

Neste momento, que se quer de união, não estão em causa os clubes e as rivalidades típicas do desporto, mas antes não permitir que a prá-tica desportiva deixe de fazer parte da vida das pessoas, sejam elas atle-tas de alta competição ou apenas ci-vis preocupados com a sua saúde e bem-estar.

No “vamos treinar no cubico”, Gilberto Figueira desafia todos a su-

perar as marcas uns dos outros e a publicar nas redes sociais, como for-ma de incentivo, à população em geral. E está a funcionar. Já há re-cordes para bater e que, acima de tudo, contribuem para manter a boa disposição e a forma física.

Manter a sanidade mentalA prática desportiva, mesmo em tempo de confinamento social pode ajudar as famílias a criar alguma ro-tina dentro de casa, bem como con-trariar o sedentarismo apetecível. Especialmente para aquelas pessoas que estão habituadas a fazer exer-cício todos os dias, ou mesmo as crianças e jovens que participam em várias atividades ao longo da sema-na. É preciso garantir o seu rendi-mento, forma física e bem-estar para manter a sanidade mental. Um dia, iniciado ou terminado com exercí-cio físico, em casa, na varanda, no telhado, ou na sala de estar, pode fa-zer toda a diferença, e aliviar o stress na clausura a que estamos a ser su-jeitos.

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_projeto

Mulheres mão na massa Descobre o poder que há em ti

O Projeto Mulheres Mãos na Massa (MMM), busca es-timular mulheres de diferentes idades, sem restrição às condições socioeconómicas e étnicas, para atua-rem como protagonistas do seu próprio crescimento,

além de atuarem como agentes de transformações sociais, e se tornarem multiplicadoras do empoderamento feminino.

Patrícia Agostinho é a fundadora e presidente do Instituto de Empoderamento Feminino Mulheres Mãos na Massa. Esta an-golana, empreendedora de 35 anos, assumiu o desafio, depois de sentir a necessidade de fazer mais e melhor pelas mulheres.

Somos uma organização focada na promoção do desenvol-vimento das mulheres em nossa comunidade, especificamente as mulheres com baixa escolaridade e poucos recursos. O nosso principal objetivo é o empoderamento da mulher na sociedade, fornecendo-lhe as habilidades necessárias para agir fortemente na nossa economia.

Esta iniciativa é baseada nos 7 princípios da ONU para o empoderamento das mulheres na sociedade, com base no es-tabelecimento de liderança de género, assente na igualdade de tratamento entre homens e mulheres, quer seja no trabalho, na educação, na promoção ou capacitação profissional de ambos, de forma a respeitar os Direitos Humanos, sem discriminação.

O trabalho que estamos a realizar envolve educação financei-ra, habilidade de gerenciamento de negócios, empoderamento de mulheres, empoderamento de jovens mulheres, promoção da educação em diferentes áreas e assim por diante.

Participe, inspire-se, transforme-se e apoiePara atingir este objetivo, o Instituto de Empoderamento Femi-nino Mulheres Mãos na Massa desenvolve vários projetos em vá-rios setores, entre os quais se destaca a incubadora de negócios "etumudietu", focada no apoio à criação de negócios, consulto-ria em finanças, contabilidade e gestão, consultoria em comuni-cação e marketing e recrutamento de pessoal.

Além deste projeto, esta organização liderada por Patrí-cia Agostinho, também desenvolve atividades como palestras e workshops sobre empreendedorismo, capacitação, marketing pessoal, promove reuniões entre mulheres empresárias para compartilhar conhecimento com outras mulheres que também querem ser empreendedoras.

Isolamento social não é motivo para

violência O Instituto de empoderamento

Mulheres Mãos na Massa, criou um canal de denúncias de casos de violências

contra mulheres. Infelizmente os números de casos de violência contra

mulheres dispararam com o surgimento da pandemia Covid 19. As vítimas

estão forçadas a conviver com os seus agressores 24/24 horas e estão em

situação de risco. Um grupo multissetorial uniu forças

para mudar a realidade destas vítimas. Para apoiar basta partilhar com os

vizinhos, amigos, familiares. Salve uma vida!

Para denúncias (Exclusivo Whatsapp +244 941472762).

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Desta forma estabelecemos parcerias com entidades de treina-mento em várias áreas e proporcionamos a criação de iniciativas e formação para as mulheres que promovam o empoderamento feminino.

Um dos pontos chaves da missão da organização MMM, está relacionada com a comunicação. Existem neste sentido, vários programas que se dedicam inteiramente à divulgação para as re-des sociais e demais canais, de uma revista digital e um canal no Youtube, que servem como vínculo perante a sociedade e uma forma de fazer chegar ao maior número de pessoas, o seu tra-balho.

Nós realmente acreditamos no poder e na capacidade das mu-lheres. Nós apenas precisamos melhorar e criar o ambiente certo para estimulá-las a trazer o melhor que têm e aumentar a pros-peridade nas comunidades. O nosso principal projeto é a inclu-são financeira. E chegaremos lá, com a educação adequada.

Os sete princípios do empoderamento

feminino, pela ONU

1. Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de género, no mais alto nível.

2. Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação.3. Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e

homens que trabalham na empresa.4. Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para

as mulheres.5. Apoiar empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e

marketing.6. Promover a igualdade de género através de iniciativas voltadas à

comunidade e ao ativismo social.7. Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção

da igualdade de género.

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_antetítulo

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