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ACESSIBILIDADE EM ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS EM ESCOLAS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL: PONTOS DE PERIGO EXISTENTES
Priscila Moreira CORRÊA1, Eduardo José MANZINI2. Programa de Pós-graduação em
Educação, Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP – Campus de Marília. Agência
Financiadora – FAPESP.
1 Introdução
As condições de acessibilidade física das escolas de Educação Infantil podem estar
comprometidas pelos espaços ou equipamentos que facilitam a ocorrência de acidentes.
Os fatores determinantes para a ocorrência de acidentes na infância são o próprio
desenvolvimento infantil e a condição ambiental na qual a criança está inserida. Esta condição
ambiental envolve tanto as condições da estrutura físicas do espaço quanto os recursos
humanos disponíveis (CORTEZ, 2002).
De acordo com a pesquisa de Cortez (2002) e de Oliveira (2003), os locais das Escolas de
Educação Infantil que mais oferecem risco para a ocorrência de acidentes são os parques, a
sala de aula e as áreas externas.
É necessário destacar que tanto a falta de adequação e adaptação dos espaços e dos
equipamentos quanto à conservação inadequada destes faz com que estes sejam um fator de
risco constante para todos que circulam pela escola. Esta conservação inadequada foi
identificada como elemento facilitador para a ocorrência de acidentes em uma escola da
Educação Infantil na pesquisa de Cortez (2002), cujos equipamentos eram: 1) os bancos de
madeira, que possuíam pregos enferrujados e pontiagudos; 2) a floreira; 3) o revestimento do
chão, que era de madeira, irregular e estava quebrado; 4) os brinquedos, que estavam
enferrujados e a sua localização era muito próxima um do outro; 5) as escadas que não eram
constituídas por material antiderrapante, suas muretas não possuíam grades ou telas de
proteção, eram estreitas, curvadas e estavam com o piso quebrado e 6) a irregularidade do
chão do parque infantil. Além destes elementos com conservação inadequada, também foram
identificados outros elementos que facilitam a ocorrência de acidentes, como a caixa de água
localizada a uma altura próxima do chão e com mureta de proteção baixa e, também, os
portões de ferro, que davam acesso às escadas e que eram mantidos abertos com freqüência.
As estruturas físicas das escolas de Educação Infantil devem ser constituídas de modo a
prevenir a ocorrência de acidentes. Para isto, destaca-se a adequação dos espaços e dos
equipamentos, que são identificados como elementos facilitadores para a ocorrência de
acidentes. Na pesquisa de Elali (2002), os espaços e os equipamentos identificados em cinco
escolas da Educação Infantil foram: 1) os locais, que são constituídos por material áspero e
não por material antiderrapante, entre eles as rampas centrais, o corredor de acesso a piscina e
o pátio; 2) as escadas; 3) os pequenos desníveis das áreas livres e 4) a altura dos extintores.
Os espaços e os equipamentos identificados na pesquisa de Oliveira (2003) em seis escolas da
Educação Infantil foram: 1) as árvores altas, que possibilitam a criança escalar; 2) piso com
buracos; 3) brinquedos com partes pontiagudas, enferrujados e amarrados com arames; 4)
brinquedos sob a superfície de terra dura; 5) piso de grama sintética; 6) equipamento de
escalar e de escorregar sobre o cimento; 7) o banheiro; 8) os corredores e as salas de aulas.
1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp –
campus de Marília – Bolsista FAPESP - [email protected] 2 Docente do Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp – campus
de Marília – [email protected]
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A construção de um equipamento recreativo requer cuidados, pois estes equipamentos devem
ser utilizados por todos os alunos da escola, independente das condições físicas e sensoriais
que possam apresentar e, também, devem ser construídos sem oferecer riscos a estes alunos
na sua usabilidade e não devem limitar as possibilidades de exploração do universo infantil
(BRASIL, 2006a).
Os equipamentos recreativos dos parques infantis necessitam estar em boas condições e
devem: 1) atender a normas de segurança; 2) passar por manutenções periódicas; 3) não
possuir danos permanentes e 4) ser fixados em área gramada ou coberta com areia e não sobre
área cimentada (BRASIL, 1998, 1999, 2006a). Os parafusos, as porcas, os pinos ou outros
materiais salientes devem ter acabamentos de proteção, para que não permaneçam cantos
afiados, agudos ou protuberâncias (PORTUGAL, 1997; BRASIL, 1999). O balanço deve
possuir barreiras de proteção ao seu redor e a borda do seu assento deve ser constituída por
algum material adequado para amortecer o choque, caso este equipamento atinja algum aluno
ou outra pessoa (PORTUGAL, 1997; BRASIL, 1999; DAHROUJ, 2006). Alguns
equipamentos, como o balanço e a gangorra devem ser constituídos por faixas de segurança,
acopladas em seu assento (LAUFER, 2001).
Para que os espaços, os equipamentos e as situações que oferecem risco para a ocorrência de
acidentes nas escolas sejam identificados é imprescindível também identificar a opinião dos
profissionais desta instituição.
Um dos objetivos da pesquisa de Oliveira (2008) foi analisar as opiniões dos profissionais da
Educação Infantil em relação à ocorrência de possíveis acidentes nestes espaços. Para isto
foram entregues questionários para os profissionais de duas classes de duas escolas da
Educação Infantil. De acordo com os resultados obtidos, a gaiola foi o brinquedo mais citado
pelos profissionais como propício para a ocorrência de acidentes, seguidos pelo gira-gira,
balanço, escorregador, gangorra. Para estes profissionais, as quedas são os tipos de acidentes
que ocorrem com mais freqüência nas escolas pesquisadas, seguido pelos choques com os
brinquedos e/ou com outros alunos; lesões/cortes; escorregões; pancadas/contusões; fraturas e
outros. Foram citados como causas para a ocorrência dos acidentes: a falta de atenção dos
alunos, porque eles correm, por serem ativos, por trombarem/tropeçarem com outros alunos e
devido ao grande número de aluno no parque/brinquedo. Segundo a informação da maioria
dos entrevistados, os brinquedos recebiam manutenção periódica.
Na pesquisa de Dahrouj (2006) foram entregues 51 protocolos para as diretoras de Escolas da
Educação Infantil e nove para Creches Municipais para a identificação dos equipamentos
recreativos mais perigosos, o índice de acidentes nestes equipamentos e o tipo de ferimentos
que eles ocasionavam. Destes 60 protocolos, 31 retornaram para a pesquisadora e de acordo
com os resultados encontrados, os equipamentos mais perigosos são a gaiola e o gira-gira. A
gaiola também foi o brinquedo que mais obteve registro de acidentes com ferimentos nestas
escolas. O tipo de ferimentos ocorrido com mais freqüência foram às escoriações, seguidas
das fraturas e dos cortes.
Na pesquisa de Oliveira (2003), foram entrevistados 36 professores de seis escolas da
Educação Infantil, que relataram como medidas preventivas para a diminuição de acidentes
nestas escolas: 1) a reposição da areia sob os brinquedos, 2) trocar o piso da escola, 3) cortar
as raízes expostas das árvores, 4) substituir os brinquedos de madeira e os que são
considerados perigosos, 5) a orientação sobre a prevenção de acidentes para os alunos, como
as palestras, as campanhas/programas e os teatros.
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Com as argumentações apresentadas, este trabalho objetiva identificar a opinião de sete
profissionais das escolas de Educação Infantil sobre os pontos de perigo existentes nos
espaços físicos destas instituições.
2 Método
O trabalho faz parte de uma pesquisa de mestrado, que se encontra em andamento e objetiva
elaborar um protocolo para avaliar as condições de acessibilidade física, em termos de
locomoção, das escolas da Educação Infantil. Para a realização desta pesquisa, foi enviado um
ofício e o projeto para o Núcleo de Apoio Psicopedagógico de uma Secretaria Municipal da
Educação de uma cidade do interior paulista e a execução da pesquisa foi autorizada por meio
de um oficio. Posteriormente, este mesmo projeto foi submetido ao Comitê de Ética da
Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP de Marília para ser avaliado. Este projeto foi
aprovado sob o parecer Nº 2207/2008.
Foram selecionadas oito escolas da Educação Infantil para a participação na pesquisa e foram
nomeadas de Escolas A, B, C, D, E, F, G e H. A Escola D precisou ser eliminada da amostra,
pois só atendia ao berçário e este tipo de atendimento não fazia parte da coleta de dados. Esta
informação foi obtida pessoalmente, após a visita da pesquisadora nesta escola, pois no site da
Secretaria Municipal da Educação, esta escola não estava nomeada como berçário e sim como
escola da Educação Infantil.
O procedimento metodológico utilizado para a coleta de dados foi à entrevista
semiestruturada que se caracteriza pela elaboração prévia de um roteiro (MANZINI, 2003).
2.1. Elaboração do roteiro de entrevista
O roteiro foi elaborado durante as aulas da disciplina Coleta de Dados por Meio de
Entrevistas e Diálogos. Os objetivos da entrevista e o roteiro proposto foram apresentados e
discutidos em uma aula desta disciplina juntamente com os outros alunos. Estes alunos,
juntamente com o professor que ministrou a aula, foram os juízes deste roteiro, que ajudaram
na adequação da linguagem, na forma das perguntas, na retirada de perguntas manipulativas,
na seqüência das perguntas, na elaboração de perguntas complementares e no formato do
preâmbulo.
2.2 Projeto Piloto
O projeto piloto da entrevista ocorreu na escola A. Após a sua realização, as informações
foram transcritas na íntegra, de acordo com as normas de Marcuschi (1986). Com esta
transcrição foi possível identificar que o roteiro elaborado precisava ser adequado. Estas
adequações se referiram a: 1) a estrutura das perguntas, algumas delas precisaram ser
retiradas, adequadas ou adicionadas; 2) a retirada de uma palavra que possuía um conceito
muito amplo, difuso e manipulava a resposta do entrevistado. Além das adequações, foi
possível também perceber com a transcrição, que o vocabulário utilizado no roteiro, com
exceção de uma palavra que já foi explicada anteriormente, possibilitava a compreensão pelo
entrevistado e o fornecimento de uma representação precisa da sua opinião (REA, PARKER,
2000). Além disso, o tamanho das perguntas não atrapalhou a memória de trabalho do
entrevistado (MANZINI, 2003) e nem a sua elaboração mental. De acordo com as sugestões
de Manzini (2003), estas perguntas foram elaboradas de forma simples e direta, além do que a
sua redação contemplava o contexto em que a entrevista se desenvolvia e foi adequada à
situação em que o entrevistado se encontrava.
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Em relação às perguntas pessoais, foram tomados os devidos cuidados. Estas perguntas
devem ser feitas após o entrevistado estabelecer uma relação de confiança com o
entrevistador, quando aquele se sentir mais a vontade para dar a sua opinião (GUNTHER,
1999). Durante a entrevista, as perguntas pessoais foram feitas no final e com a transcrição
pode-se perceber que o entrevistado se sentiu a vontade para dar a sua opinião.
2.3 Entrevistas realizadas
Anteriormente a realização da entrevista foi pedido para que os sujeitos entrevistados lessem
o termo de consentimento livre e esclarecido e assinasse este documento caso concorda-se
com os termos propostos.
O Quadro 1 apresenta informações sobre as sete escolas entrevistadas, como os sujeitos
entrevistados, o local de realização da entrevista e o seu tempo de duração:
Escola Sujeito entrevistado Local de realização Tempo de duração
Escola A Diretora Por toda a escola 17minutos e 18 segundos
Escola B Coordenadora Pedagógica Sala da Coordenação 12minutos e 33 segundos
Escola C Diretora Sala da Direção 09 minutos e 16 segundos
Escola E Diretora Sala da Direção 08 minutos e 15 segundos
Escola F Coordenadora Pedagógica Sala da Coordenação 10 minutos e 36 segundos
Escola G Auxiliar de Direção Corredor da escola 05 minutos e 49 segundos
Escola H Diretora Sala dos professores 05 minutos e 18 segundos
Quadro 1 – Informações sobre as sete escolas entrevistadas.
As entrevistas foram realizadas em dias diferentes e foram gravadas com um aparelho
eletrônico chamado Mp4.
2.4 Procedimento de Análise
As informações obtidas foram transcritas na íntegra, de acordo com as normas de Marcuschi
(1986). Posteriormente a esta transcrição, os dados foram analisados por meio de uma análise
temática, que é uma técnica utilizada pela análise de conteúdo e, que foi proposto por Bardin
(2002). A análise de conteúdo se caracteriza como “[...] um conjunto de técnicas de análise
das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens” (BARDIN, 2002, p. 38).
A unidade de registro escolhida para a classificação dos dados foi à divisão dos relatos em
temas e subtemas. Para Bardin (2002), este tipo de categorização é geralmente mais utilizado
para estudar opiniões, atitudes, entrevistas individuais ou em grupo, dentre outros tipos.
3. Resultados e discussão
Com a classificação dos dados, foram estabelecidos quatro temas. O Tema 1 se refere a
situações de perigo relacionadas ao ambiente e os seus subtemas são: a) aparelhos recreativos,
b) quadra, c) equipamentos que constituem o ambiente e d) distância entre os espaços da
escola. O Tema 2 se refere a situações de perigo relacionadas à forma acidental e os seus
subtemas são: a) queda acidental em qualquer lugar da escola e b) parque. O Tema 3 se refere
aos locais da escola que são adaptados e os seus subtemas são: a) o banheiro, b) os
equipamentos recreativos, c) as rampas de acesso e d) as salas de aulas. O Tema 4 se refere
aos locais da escola que precisam de uma adequação ou uma reforma e os seus subtemas são:
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a) a entrada da escola, b) os equipamentos recreativos, c) a quadra de esporte, d) o campo de
futebol, e) o banheiro, f) nenhum local e g) equipamentos que constituem o ambiente.
3.1 Situações de Perigo relacionadas ao ambiente
Todos os sete entrevistados relataram que as situações de perigo envolvem os aparelhos
recreativos; os entrevistados das Escolas B e F relataram que estas situações envolvem a
quadra e os entrevistados das Escolas B, F, G e H relataram os equipamentos que constituem
o ambiente. Conforme foi encontrado na pesquisa de Cortez (2002) e de Oliveira (2003), os
parques e as áreas externas foram considerados como os locais das escolas de Educação
Infantil que oferecem risco para a ocorrência de acidentes.
Os aparelhos recreativos mencionados pelos entrevistados, que podem criar situações de
perigo para os alunos foram: 1) os brinquedos em geral (Escolas A, B e E); 2) o escorregador
devido a sua altura (Escola B); 3) os balanços porque os alunos atravessam na frente dele,
quando este se encontra em movimento (Escolas B, E e F); 4) a rodinha porque os alunos
descem dela, quando esta se encontra em movimento (Escola E); 5) a gangorra porque os
alunos não se seguram (Escolas E e H ) e 6) a gaiola (Escola C). Desta forma, ressalta-se que
alguns destes equipamentos recreativos podem não estar atendendo a algumas normas de
segurança estabelecidas por alguns documentos (BRASIL, 1998, 1999, 2006a), como a falta
barreiras de proteção ao redor do balanço e a altura do escorregador. Na gangorra poderiam
ser colocados faixas de segurança em seu assento, como foi observado no trabalho de Laufer
(2001). Assim como na pesquisa de Dahrouj (2006) e de Oliveira (2008), a gaiola foi citada
como um equipamento recreativo propício para a ocorrência de acidentes com os alunos.
O entrevistado da Escola F relatou a quadra como um local propício para as situações de
perigo, pois esta é constituída por uma moldura de tijolos e fazia com que os alunos caíssem
muito (Figura 1).
Figura 1 – Moldura de tijolos da quadra da Escola F.
Nas situações de perigo que se referem aos equipamentos que constituem o ambiente foram
relatados: 1) o asfalto da escola, que está danificado e cheio de buracos e que possibilita o
acesso aos parques, blocos de salas de aulas, piscina, quiosques, horta, casa da boneca (Escola
B – Figura 2); 2) a passarela que é alta demais para os alunos menores e dá acesso ao parque
infantil e a casa de boneca (Escola F – Figura 3); 3) a rampa de acesso do bloco de sala de
aula para o parque (Escola G – Figura 4); 4) a escada que dá acesso para o bloco de sala de
aula (Escola F – Figura 5); 5) o piso do banheiro que não é antiderrapante e é liso (Escola F –
6); 6) os corredores da escola que são lisos e dão acesso ao bloco de sala de aula e parque
(Escola H – Figura 7) e as rachaduras da escola, que formam degrau e fazem os alunos
tropeçarem (Escola F – Figura 8).
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Figura 2 – Asfalto escola B. Figura 3 – Passarela escola F. Figura 4 – Rampa escola G.
Figura 5 – Escada escola F. Figura 6 – Piso do banheiro escola F.
Figura 7 – Corredor escola H. Figura 8 – Rachadura escola F.
Com os relatos descritos anteriormente verifica-se que cada escola apresentou um tipo
diferente de equipamento facilitador para a ocorrência de acidentes e estes estão ligados a sua
estrutura física e a sua conservação. Alguns destes equipamentos relatados também foram
identificados em outras pesquisas, como a escada (ELALI, 2002), o corredor (ELALI, 2002;
OLIVEIRA, 2003) os buracos e o piso do banheiro (OLIVEIRA, 2003).
A distância entre os espaços da escola foram mencionados pelos entrevistados das Escolas B e
F como propícios para a ocorrência de situações de perigo com os alunos.
3.2 Situações de Perigo relacionadas à forma acidental
Os entrevistados relataram que as situações de perigo também podem se referir as quedas que
ocorrem de forma acidental em qualquer lugar da escola (Escola A) e no parque (Escola G),
pois as crianças na Educação Infantil estão formando a noção de perigo. Para o entrevistado
da Escola A é preciso que os profissionais desta instituição orientem os alunos em relação a
estes aspectos nesta fase e este aspecto também pode ser verificado em outra pesquisa
(OLIVEIRA, 2003).
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Na pesquisa de Oliveira (2008), as quedas também foram relatadas pelos profissionais das
escolas de Educação Infantil entrevistados.
3.3 Locais da escola que são adaptados
Os entrevistados relataram que os locais da escola que são adaptados são o banheiro (Escola
A), alguns equipamentos recreativos (Escola B), algumas rampas de acesso (Escolas A e C) e
as salas de aulas (Escola C).
Os equipamentos recreativos adaptados relatados pelo entrevistado da Escola B são: um
balanço (Figura 9), uma rodinha (Figura 10) e a areia (Figura 11), que possuem encosto com
cinto de segurança para os alunos sentarem e brincarem, conforme foi proposto por Laufer
(2001).
Figura 9 – Balanço. Figura 10 – Rodinha. Figura 11 – Areia.
Deve ser ressaltado que todas as escolas da Educação Infantil devem ser constituídas por
equipamentos recreativos acessíveis a todos os alunos, independente das condições físicas e
sensoriais que possam apresentar para que não ofereçam riscos a estes alunos na sua
usabilidade e não limitem as possibilidades de exploração do universo infantil (BRASIL,
2006a).
O entrevistado da Escola A mencionou a rampa de acesso ao banheiro adaptado (Figura 12),
como uma dos locais da escola que são adaptados e o entrevistado da Escola C mencionou as
rampas de acesso para o quiosque e para os brinquedos (Figuras 13 e 14).
Figura 12 – rampa escola C. Figura 13 – Rampa escola C. Figura 14 – Rampa escola C.
As salas de aulas foram mencionadas como locais adaptados pelo entrevistado da Escola C,
pois possuem portas de ampla largura e um desnível baixo (Figuras 15 e 16).
Figura 15 – Porta escola C. Figura 16 – Porta escola C.
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3.4 Locais da escola que precisam de uma adequação ou uma reforma
Os entrevistados relataram diversos locais da escola que precisam de uma adequação ou
reforma, como: a entrada, os parques infantis, a quadra, a sala de aula, o campo de futebol e o
banheiro; assim como também relataram alguns equipamentos que constituem o ambiente.
Apenas o entrevistado da Escola H relatou que nenhum local da escola precise de uma
reforma ou adequação, embora tenha relatado que considera o corredor da sua escola como
um local propício para a ocorrência de situações de perigo para os alunos.
Para o entrevistado da Escola A é preciso colocar corrimão na entrada dos alunos que vão
para a escola com transporte escolar.
Em relação às adaptações que devem ocorrer no parque infantil, o entrevistado da Escola G
relatou que o seu espaço precisa ser ampliado e os entrevistados das Escolas A e B relataram
que os seus brinquedos devem ser adaptados para os alunos deficientes. Com isto, pode-se
observar uma preocupação destes profissionais de todos os alunos terem acesso ao parque
infantil, como é proposto por alguns documentos que enfatizam que este local deve ser
acessível (BRASIL, 2006a, 2006b, 2006c).
A quadra foi relatada como um local que precisa de uma reforma ou adequação nas Escolas A
e E, pois naquela a sua arquibancada tem formato de escada e na Escola E o seu acesso é por
meio de escada, o que dificulta o acesso dos alunos cadeirantes e este mesmo problema foi
relatado por este entrevistado em relação ao seu campo de futebol. No trabalho de Audi e
Manzini (2006) é proposto que o acesso a quadra de esporte deve ser feito por meio de
rampas.
O banheiro foi considerado o principal local que precisa de uma reforma ou adequação pelo
entrevistado da Escola C. Para o entrevistado da Escola F, o banheiro é inadequado, pois o
seu piso não é antiderrapante e é muito escorregadio para os alunos que tomam banho (Figura
17) e quando chove, o telhado goteja (Figura 18).
Figura 17 – Piso do banheiro da Escola F
Figura 18 – Telhado do banheiro da Escola F.
Em relação aos equipamentos que constituem o ambiente foram relatados: 1) a construção de
passarelas em todos os locais em que os alunos desenvolverão atividades, como nos parques
(Escolas A e C); 2) recapeamento do asfalto, que se encontra esburacado (Escola B – Figura
2); 3) ampliação da cobertura da escola (Escola B – Figura 19); 4) colocar corrimãos nas
escadas (Escola E – Figuras 20); 5) sinalização para a locomoção de alunos com deficientes
visuais (Escola C) e 6) colocar algo na rampa, como um emborrachado, para diminuir seu
impacto (Escola G – Figura 4).
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Figura 19 – Cobertura escola B. Figura 20 – Escada escola E.
4 Conclusão
Com os relatos dos profissionais das escolas de Educação Infantil pesquisadas pode-se
observar que estas escolas apresentam diversos tipos de elementos facilitadores para a
ocorrência de acidentes com os alunos.
De acordo com o resultado encontrado, estes elementos estão ligados às condições da
estrutura física dos espaços, a presença de equipamentos que dificultam a circulação na escola
e, também, pela falta de conservação desta estrutura.
Considera-se importante que os espaços e os equipamentos identificados como elementos
facilitadores para a ocorrência de acidentes nas escolas da Educação Infantil pesquisadas
sejam adequados e adaptados para que as situações de perigo para os alunos e para as outras
pessoas que circulam pelo seu espaço possam ser prevenidas e evitadas. Esta adequação e
adaptação, também, favorecerão que estas pessoas utilizem estes espaços de forma mais
autônoma e segura.
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