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AVALIAÇÃO EM CONTEXTO DE E-LEARNING

Avaliação na Educação Online

Cristina Neto, Manuel Lousa, Pedro Vargas, Rute Antunes

A procura de percursos de aprendizagem ao longo da vida aliada ao avanço da tecnologia, tem vindo a tornar o e-learning, cada vez mais, uma forma apetecível de obter formação profissional e/ou qualificação académica, tendo vindo a verificar-se um número crescente de ofertas formativas nesta forma de ensino.

Com o processo de Bolonha no ensino superior os objetivos de aprendizagem centram-se no desenvolvimento de competências, que apresentamos numa primeira parte e como enquadramento conceptual.

A avaliação das aprendizagens, em contexto de e-learning, tem sido alvo de crescente reflexão e debate. Com a mudança de paradigma pedagógico ocorreu uma mudança drástica nas estratégias de avaliação, de maneira a avaliar um currículo baseado em competências. Nesse sentido é preciso conceptualizar a avaliação de competências que incluem conhecimentos, capacidades e valores.

Numa segunda parte deste documento apresentamos algumas ferramentas e recursos à disposição do formador/professor para a avaliação. As várias formas de avaliação em plataformas online, onde se destaca o Moodle de entre os vários Learning Management Systems (LMS), são incontornáveis nesta reflexão.

Terminamos com uma análise da problemática da avaliação em contextos online.

Competências na avaliação

As novas culturas de aprendizagem determinam o uso de novas estratégias de avaliação. Estas estabelecem a necessidade de ter em conta as competências exigidas na prática da vida real e de assegurar que as práticas de avaliação reflitam as que são utilizadas nessas áreas e que os critérios de avaliação sejam adequados. A cultura de avaliação centrada na avaliação de competências está envolvida em quatro dimensões (Pereira, Oliveira & Tinoca, 2010): autenticidade, transparência, praticabilidade e consistência. É de salientar que estas dimensões estão encadeadas.

A autenticidade é fundamental para a avaliação baseada em competências que se pretendem próximas do mundo real/profissional respeitando a similitude, a complexidade, a adequação e a significância.

A consistência promove o alinhamento entre avaliação-instrução-competências e a sua importância resulta da necessidade de recorrer a uma diversidade de formas de avaliação

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não estandardizadas que incluam: o alinhamento instrução–avaliação, a multiplicidade de indicadores, a adequação critérios e o alinhamento competências-avaliação.

A transparência promove o envolvimento dos aprendentes na definição consensual de metas e critérios de desempenho e de avaliação, bem como o reconhecimento dos efeitos positivos que a avaliação deve ter na aprendizagem. Nesta dimensão devemos ter em conta a democratização, o envolvimento, a visibilidade e o impacto.

Por fim, a praticabilidade, que é frequentemente negligenciada, pode influenciar de modo determinante a escolha da estratégia de avaliação a usar, pois ao obrigar à reflexão sobre os seus custos, eficiência e sustentabilidade podemos condicionar os resultados pretendidos.

Por oposição aos critérios psicométricos, os critérios edumétricos são reconhecidos como válidos e mais justos para a avaliação de competências por enfatizarem a flexibilidade e a autenticidade da avaliação, bem como a sua integração no processo de aprendizagem, valorizando a sua função formativa. Este quadro teórico para a Cultura de Avaliação pretende suportar a tomada de decisões sobre as estratégias de avaliação a utilizar, particularmente em contextos de e-learning.

Ferramentas

A participação em fóruns, a conversação síncrona, portfólios digitais ou e-portofolios e mapas conceptuais são ferramentas que permitem ao professor ter bases sólidas para avaliar os seus alunos, acessíveis em qualquer momento para reflexão e contínuo ajustamento do processo de aprendizagem.

É de extrema importância que a avaliação digital se desenvolva em função das competências e não apenas numa perspetiva behaviorista-cognitivista do processo pedagógico. Mesmo no contexto da avaliação digital, é ainda corrente a utilização de formas/instrumentos de avaliação tradicionais adaptadas ao contexto online, desde testes de escolha múltipla online, quizzes, trabalhos de grupo online, entre outros.

Das ferramentas apresentadas o e-portfolio é o instrumento que melhor se adequa à gestão integrada das aprendizagens, com um enorme potencial, exigindo do estudante uma reflexão sobre o seu percurso revelando, de forma integrada, o seu progresso e aspetos da sua personalidade.

Destaque também para as ferramentas que permitem a avaliação síncrona ou assíncrona entre os pares, tais como, grelhas de observação, participação em fóruns e instrumentos de auto e hetero-avaliação.

Os LMS permitem auxiliar o professor com registos automáticos do percurso dos estudantes que monitorizam os seus passos e que podem constituir também objeto de avaliação. Para

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tal recorrem a plataformas diversas das quais se destaca o Moodle que se tem revelado uma plataforma eficaz para suportar projetos educacionais, uma vez que permite o acompanhamento e monitorização do desenrolar do processo de aprendizagem. Essa medição é feita por recurso, por exemplo, aos sistemas de avaliação disponibilizados pelos sistemas automatizados presentes no Blackboard ou no Moodle.

De uma forma geral, os LMS são caracterizados por uma perspetiva pedagógica eminentemente construtivista, com a presença de fóruns de discussão ou pela construção de e-portefólios. Estes LMS permitem avaliar a taxa de participação, de permanência, de frequência de acesso e de consulta dos vários recursos. Destes registos quantitativos podem inferir-se informações que conduzam à validação de um aluno e da sua participação num contexto de avaliação sumativa. O maior ou menor acesso a esta informação por parte do aluno poderá configurar uma política institucional ou do professor no sentido de potenciar a auto-regulação do aluno numa perspetiva de auto e hetero avaliação.

Reflexão Final

O modelo de ensino online requer formas de avaliação específicas e adequadas que encaram a avaliação de forma diversa da tradicional. Assim, a avaliação passa a ter uma natureza promotora das aprendizagens, em vez de certificadora e debruça-se sobre as competências, em vez dos conteúdos. As novas culturas de aprendizagem determinam o uso de novas estratégias de avaliação.

Na avaliação online é fundamental que:

1. se estabeleça a necessidade de ter em conta as competências exigidas na prática da vida real, assegurar que os modos de avaliação reflitam os que são utilizados nessas áreas e que os critérios de avaliação sejam adequados, sem nunca perder de vista as dimensões da autenticidade, transparência, praticabilidade e consistência;

2. seja tida em conta “a adequação da tecnologia de suporte ao público alvo e às especificidades do curso, nível de interação preconizado, relevância dos conteúdos e das atividades a realizar, qualidade dos materiais de apoio, tipos e funções de avaliação previstas, estruturas e estratégias de suporte aos estudantes e perfil e competências dos professores” (Gomes, 2009, p. 1677);

3. haja um acompanhamento contínuo por parte do professor, que permita detetar situações anómalas, corrigir erros, bem como conhecer os alunos, os seus interesses e ajudá-los a ultrapassar dificuldades. Este acompanhamento só será eficiente se se estabelecer uma interação frequente entre estudante e professor;

4. se diversifiquem os momentos e as formas de avaliação, de forma a definir o perfil do aluno, assim como o seu estilo e competências para conseguir o rigor desejado. A participação em fóruns, a conversação síncrona, portefólios digitais e mapas conceptuais são ferramentas que permitem ao professor ter bases sólidas para avaliar os seus alunos;

5. seja garantida a verificação da identidade do estudante.

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Como vimos, os LMS permitem avaliar a utilização da plataforma pelos estudantes e fornecem ao professor um conjunto de dados quantitativos que parece, ainda assim, insuficiente para medir o sucesso do envolvimento dos formandos/alunos no processo formativo e, consequentemente, na sua avaliação.

Para colmatar esta insuficiência torna-se premente a valorização de contextos síncronos como os de participação em fóruns e videoconferências. São espaços de colaboração, garantes da identidade dos participantes e potenciadores de discussão e partilha. A avaliação destes momentos é de difícil concretização em termos quantitativos, embora hajam algumas propostas de avaliação qualitativa pela descrição e classificação dos tipos de contributo de cada um dos alunos.

Também importante, é a avaliação entre pares, pela avaliação cooperativa, sendo que se torna fundamental a construção de instrumentos que conduzam a um juízo crítico do aluno/formando sobre o seu desempenho e o dos seus pares no processo de aprendizagem. Na modalidade online, em cursos onde a interação entre os participantes é elevada, a avaliação também deverá ser participada: aprendizagem colaborativa exige avaliação colaborativa (Gomes, 2009).

As novas abordagens da avaliação devem ser encaradas como um meio para tornar o paradigma educacional cada vez mais construtivista (Mateo & Sangrá, 2007) e, consequentemente, mais aproximado das expetativas, necessidades e desejos dos estudantes. O papel da avaliação num processo educativo em e-learning, e em qualquer processo educativo, merece de todos os envolvidos na conceção e implementação pedagógica uma dose redobrada de atenção, pois dele depende, em grande parte, o sucesso ou insucesso da formação.

Bibliografia

Gomes, M. J. (2009). “Problemáticas da avaliação em educação online.” InPaulo Dias & António Osório (orgs.), Actas da VI Conferência Internacional de TIC na Educação – Challenges 2009, Braga: Centro de Competência da Universidade do Minho, pp. 1675 – 1693.

Mateo, J. Sangrá, A. (2007). "Designing online learning assessment Throught alternative approaches facing the concerns, in European Journal of Open, Distance and Elearning. Disponível em: http://www.eurodl.org/materials/contrib/2007/Mateo_Sangra.htm

Pereira, A. Oliveira, I. & Tinoca, L. (2010). "A Cultura da Avaliação: que dimensões?", In Actas da Conferência Internacional TICeduca2010, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa.