ACMKS-brochura final

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25 ANOS DE JUBILEU DA ACM-KUANZA SUL (1991-2016) YMCA Angola BREVE HISTÓRIA DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DA MOCIDADE KWANZA SUL TESTEMUNHOS DAS ACTIVIDADES DA JUVENTUDE ANGOLANA DURANTE E DEPOIS DA GUERRA CIVIL! 1

Transcript of ACMKS-brochura final

25 ANOS DE JUBILEU DAACM-KUANZA SUL (1991-2016)

YMCA Angola

BREVE HISTÓRIA DA

ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DA MOCIDADE

KWANZA SUL

TESTEMUNHOS DAS ACTIVIDADES DA JUVENTUDE ANGOLANA

DURANTE E DEPOIS DA GUERRA CIVIL!

SUMBE

AGOSTO 2016

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ÍNDICE

N/O Assunto/tema Pág.

Índice 2Siglas/acrónimos 3

1 Agradecimentos 42 Introdução 53 O povo que não ensina sua História, perde sua identidade 64 Algumas datas importantes da ACM-KS 7

5 Caracterização e períodos da ACM-KS no passado 85.1 1991/1993: Do nascimento as primeiras actividades 8

5.2 1994/2002 – Dos acordos de Lusaka ao fim da guerra em 2002 85.3 Crescimento da ACM KS, fim da guerra & apoio ao processo de

reinstalação (2002-2008).9

5.4 Acções de reforço de capacidade institucional recebidas 106 ACM-KS após: período de reinstalação 2008-2015 116.1 Dificuldades em se firmar na era pós reabilitação/reinstalação 12

6.2 A SITUAÇÃO ACTUAL DA ACM KUANZA-SUL 127 ACM-KS e os desafios actuais do desenvolvimento 158 Resultados do inquérito no ano 2003 em Waku Kungo, Pambangala e

Dumbi.16

9 Resultados do inquérito no ano 2003 em Waku Kungo, Pambangala e Dumbi.

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10 Futuro da ACM-KS: fechar a porta, ou novos desafios? 17

11 Impressões dos antigos membros da ACM Kwanza Sul. 19

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SIGLAS/acrónimos

AAD Acção. Angolana para o Desenvolvimento

ABD Abordagem Baseada nos Direitos

ACM Associação Cristã da Mocidade

ADRA Acção Angolana p/Desenvolvimento Rural e Ambiente

AJPD Associação Justiça Paz e Democracia

APN Ajuda Popular da Noruega

APRODEV Association of World Council of Churches Related Development Organizations in

Europe now ACT - Alliance

ASBC Associação Samuel Brasce Coles

CACS Concelho de Auscultação e Concertação Social

Caid Christian Aid

CASA-CE Convergência Ampla de Salvação de Angola

DLS Desenvolvimento Local Sustentável

DPJ Direcção Provincial da Juventude

FESA Fundação Eduardo dos Santos

FNLA Frente Nacional de Libertação de Angola

ICCO The interchurch organization for development cooperation

IMUA Igreja Metodista Unida em Angola

J&C Juventude e Cidadania

NCA Norugeian Church Aid

OCB Organização Comunitária de Base

ONG Organização Não Governamental

OSC Organização da Sociedade Civil

PE Plano Estratégico

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPM Pão para o Mundo

VIH/SIDA Vírus de Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida

YMCA Young Men Christian Association

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1. AGRADECIMENTOS

A Associação Cristã da Mocidade Kuanza-Sul, agradece aos seus membros associados, funcionários e amigos

e as comunidades do Kwanza-Sul, pelo envolvimento e contribuições no desenho das linhas desta pequena

brochura!

Um agradecimento muito especial, vai ao consultor internacional Aart Van der Heide, que inspirou a ACM KS, a

escrever sua história, e teve a paciência de facilitar o processo de recolha de informação, inserção de fotos e

muito mais. Na verdade, sem o apoio do Aart, talvez esta história dificilmente seria publicada hoje, e no

momento em que a organização celebra os seus 25 anos de existência.

Desejamos também, ressaltar nestes agradecimentos, os amigos e amigas nomeadamente Angela Lascelles,

Rainer Tump, Erwin Geudar, Oliver Sykes, Fernando Viegas, Inge Hoffman Vaz, Alexia Hayood, Alexia

Edmunts, Rosário Advirta, Vibeke Skauerud, Benjamim Castello, Paulo Felipe, que apoiaram através das suas

instituições o trabalho da ACM KS, ao longo destes anos todos.

Este agradecimento é extensivo às organizações nacionais, internacionais, Igrejas e instituições estatais, pelo

apoio directo e indirecto recebido, desde a fundação da ACM KS, até a presente data. Destacamos aqui, a

OIKOS, AAD, ASBC, AAEA, GLIF, APN, Rede Terra, Christian Aid, Pão Para o Mundo, Ajuda das Igrejas

Norueguesas, ICCO, SOH, a então Acção das Igrejas em Angola, a Igreja Metodista, Administrações municipais

e comunais, o Governo Provincial, e respectivas Instituições estatais, entre outros, pela colaboração frutuosa,

que sempre tivemos ao longos destes 25 anos.

Finalmente e não menos importante, expressamos uma gratidão especial, ao Sr. Mantuila Sebastião, que trouxe

a ACMKS em Angola, aos Srs. Segunda Pungue, Franscisco Pandiera, Lourenço Alfredo, Jorge Mulonde,

Francisco Guerra, Reverendo Gabriel Vinte, Reverendo Arão Ndongoxi, Benjamim Luzolo, e tantos outros, que

não pouparam esforços, mesmo nos momentos de guerra, sempre trabalharam na ACM. Uma homenagem,

deve ser rendida aos nossos colegas falecidos, durante o conflito armado quando cumpriam missões

humanitárias, são eles: Narciso Xavier, Valter, Bombeia.

Para não tornar a lista demasiada longa, aproveitamos esta ocasião, para tecer nossos sinceros

agradecimentos a todas pessoas, que fizeram com que, a ACM KS fosse um sonho possível.

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2. INTRODUÇÃO

Esta publicação, aparece por causa do jubileu da ACM-Kwanza Sul, no mês de Agosto 2016. Um jubileu da sua existência, de 25 anos na Província do Kwanza Sul. São 25 anos de trabalho, que começou durante a guerra civil, considerada a fase mais difícil. A ACM-KS, como movimento angolano da mocidade cristã, na Província do Kwanza Sul, apoiava o alívio do sofrimento, de grandes grupos de vítimas da guerra civil. Também, é uma Organização de vários jovens, que serviu como uma incubadora, de realizar um tempo de prática nos trabalhos humanitários. E, por conseguinte, um trampolim, para a vida actual destes jovens, que estão a fazer muito sucesso nos seus novos empregos, e desafios sucessivos. É uma publicação que, quer dar a História desta organização, através de datas, factos, anedotas e fotografias.

A razão de realizar este trabalho, não é só de comemorar o jubileu da ACMKS (25 anos), mas sobretudo, para capitalizar as conquistas desta Organização. Esta informação, na forma de dados, será utilizada para a reflecção das actividades futuras.

Foi escolhido como tema do jubileu, “fechar as portas, ou analisar novos desafios?” ou seja, “Extinguir a Organização ou adaptar-se aos novos desafios?”

Esta publicação, tem como objectivo central, fazer uma retrospetiva dos trabalhos da ACM-KS, bem documentada, a fim de se fazer uma análise, como também, preparar o futuro. Esta retrospetiva, não só é importante para os antigos trabalhadores da ACM-KS, mas também, para as outras organizações Angolanas, que trabalham no ramo de ações de desenvolvimento. O trabalho da ACM-KS, foi possível graças a motivação de um grande grupo de jovens angolanos. Foi também possível, graças, a um grupo de doadores internacionais, que davam e asseguravam o apoio financeiro, como as organizações cristãs na Alemanha, na Inglaterra, na Holanda, na Noruega, como Pão Para o Mundo (PPM), Christian Aid (CAID), Ajuda da Igreja Norueguesa (AIN), ICCO, SOH, DCA, isto só para citar algumas.

Foto 1- Equipa da ACM-KS, na ponte sobre o rio Keve, em Waku Kungo (2004).

A edição desta publicação, foi feita no mês de Julho 2016 em Sumbe, com a participação de um grupo de amigos, e empregados da ACM-KS. Foram utilizadas várias fontes, como relatórios, fotografias, incluindo informações e anedotas, de cada participante.

Ernesto Cassinda

Diretor da ACM Kwanza Sul

3. “O povo que não ensina sua História, perde sua identidade”1

1 François Mitterrand5

Foi escrito por um antigo presidente de França, mas no caso concreto da Associação Cristã da Mocidade Regional do Kwanza-Sul (ACM-KS), é aplicável também em função da sua narrativa e gestão. Uma organização, que não capitaliza a sua História, esquece a sua identidade. A História de Angola pós-independência para as organizações humanitárias durante a guerra civil, nunca foi devidamente documentada. Já em 1980, havia no país organizações humanitárias como CARITAS-Angola, e a Cruz Vermelha Internacional (CVI), que estavam a dar apoio nas Províncias do Planalto Central, nomeadamente Huambo e Bié, aos grupos deslocados. Este apoio realizou-se sob condições extremamente difíceis. Grandes quantidades de ajuda alimentar, foram transportadas e distribuídas nos centros de distribuições. Não são conhecidas exactamente quantas vidas foram salvas por estas operações.

Desde 1986, o governo angolano, autorizou as organizações humanitárias internacionais, abrir programas de assistência humanitária. Um grande número de organizações de solidariedade, mas também profissionais, chegavam à Angola, com o objetivo simples de salvar ou aliviar as vidas das vítimas da guerra civil. Sabemos bem que o Programa Alimentar Mundial (PAM), que distribuiu toneladas de ajuda alimentar nas Províncias, utilizando também organizações internacionais como nacionais. Havia também outras estruturas, como por exemplo, os Médicos sem Fronteiras, que davam assistência direta as vítimas, e Ação Agrária Alemã, que estava a trabalhar em varias Províncias, num programa de urgência e desenvolvimento. Também mencionamos, Acção Contra o Fome (ACF), com os tais programas.

Foto 2- O grupo alvo para a agricultura familiar: mulheres, homens e crianças.

Nunca foi bem detalhado num estudo, como estas organizações formavam muitos quadros Angolanos, que igualmente tomavam a iniciativa de criar organizações humanitárias, e de desenvolvimento angolanas. Doravante, havia organizações locais, como a Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) - Angola, o Horizonte em Benguela, a Acção Agraria Alemã (AAA), e mencionar igualmente, as organizações ligadas as igrejas Angolanas, tais como: a Caritas Angolana, a Igreja Evangélica do Sul de Angola (IESA), a Igreja Evangélica Congregacional de Angola (IECA), sem esquecer o trabalho do Church Action in Angola ou Ação das Igrejas em Angola (CAA ou AIA).

A História destas organizações, é um exemplo da História das atividades desenvolvidas pela sociedade civil em Angola, durante e depois da guerra civil. Esta História não existe numa maneira bem descrita, e documentada. Por isso, existe a necessidade, para capitalizá-la numa maneira cronológica.

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Fotos 3 e 4- Inquérito da situação da segurança alimentar e nutricional familiar, é o início do processo de melhoramento da agricultura familiar! Equipa da ACM KS, avalia a situação alimentar e nutricional.

Desta feita, esta publicação da ACM-KS, graças o seu jubileu – 25 Anos ACM Kwanza Sul – será um início, e marco da capitalização, grandiosa e gloriosa história do movimento, e do crescimento das organizações humanitárias Angolanas.

A História da ACM-Kwanza Sul, que começou em 1991, durante e depois da guerra civil. O período da assistência humanitária, e depois a assistência da reinstalação. Mostra a importância deste trabalho, mas também a identidade desta organização.

4. Algumas datas importantes da ACM-KS

N/O Data Acontecimento Inserir01 11/08/1991 Nascimento da ACM KS, no município da Kibala comuna sede Foto

XX/XX/1995 Realização da primeira Assembleia Geral da ACM KS, que consagra os primeiros membros da organização, órgãos sociais e Direcção Executiva.

Foto

XX/XX/1999 Elaboração do primeiro diagnóstico organizacional, pela ONG PACT, seguido da elaboração do primeiro Plano Estratégico, cuja missão era de responder a situações de emergência, e fortalecer as capacidades das populações deslocadas

Missão

XX/XX/2000 São mortos três funcionários da organização, que se deslocavam da Gabela para o Sumbe, em missão de serviço, numa reunião organizada pelo PAM, para coordenar a ajuda humanitária.

1999/2001 ACM KS participa do programa de Reforço da Capacidade Organizacional, implementado pelo PACT ao nível Nacional, de que veio a resultar na elaboração do Plano Estratégico.

2007 Assembleia Geral, que renova o mandato dos órgãos sociais, e elege/nomeia Ernesto Cassinda, para Director Executivo, para o período 2008-2012

2009 Novo diagnóstico organizacional2011 Aprovação do novo Plano Estratégico 2012-2017

1996-2002 Quadros da ACM KS, começam a tornar parte da formação fora do País, maioritariamente na Alemanha

2002-2003 Avaliações externas – ACMKS, inicia a desenvolver a implementação de avaliações externas aos seus projectos

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2008 ACMKS, inicia a realização de auditorias consolidadas, ao nível de toda organização

2001 ACMKS, organiza uma enorme coluna de ajuda humanitária, em meio de plena guerra, saindo do Sumbe, passando por Gabela e Waku Kungo, para apoiar populações sob controlo do Governo e da UNITA.

5. Caracterização e períodos da ACM-KS no passado

Os três períodos, descritos neste capítulo desta publicação, ACM KS investiu nos seus projetos de assistência alimentar, sementes e utensílios, reinstalação dos deslocados de pessoas nacionais, agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, reforço de capacidades etc. Um total de quase 30 milhões de US$. Isto é simplesmente, mais de um milhão de US$ por ano.

5.1. 1991/1993: Do nascimento as primeiras actividades

A ACM/Kwanza-Sul, nasceu formalmente a 11 de Agosto de 1991, e o seu surgimento, decorreu da necessidade de se responder a difícil situação humanitária, que as populações da província do Kuanza-Sul enfrentavam na altura. Jovens naturais de Kwanza-Sul, que trabalhavam e inspirados pela experiência vivida em Luanda, na Aliança nacional das ACMs de Angola tiveram a ideia, iniciando com duas salas de aulas gratuitas, onde ensinavam a 1ª e 2ª Classes do primeiro nível.

De 1991/1993, as atenções estavam concentradas para o município de Kibala. Porém, o reacender da guerra no período pôs eleitoral, isto em 1992, não permitiu a continuidade destas acções, tendo os mesmos sido suspensos. A organização, perdeu todos os poucos meios, e equipamentos que possuía, e viu-se forçada a se mudar para o Município do Amboim, Gabela, em 1993. Na Gabela, a ACMKS, começa a implementar o primeiro projecto com fundos externos. Era uma intervenção de emergência, que incluía, através da então Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia (EU), facilitado pela OIKOS (ONG portuguesa). Neste mesmo período, a organização recebeu também diretamente, fundos da Diakonisches Werk (organização ligada as Igrejas protestantes da Alemanha), para apoiar as despesas de logísticas da pequena equipa, e foi neste período que a ACMKS, recebeu também a primeira doação de uma viatura 4X4. De entre 1993/1994, a ACMKS, manteve a cooperação com a OIKOS, Programa Alimentar Mundial (PAM), e mais tarde, tentou construir um orfanato, que não veio a ser concluído. Nesta altura, a organização se dispunha de poucos membros, e o estágio em termos de desenvolvimento organizacional, pode ser caracterizado como embrionário, pois não tinham sistemas, nem regras documentadas, de acordo os padrões internacionalmente aceites.

5.2. 1994/2002 – Dos acordos de Lusaka ao fim da guerra em 2002

Na busca de estabelecer a paz, após o fracasso dos acordos de Bicesse, os Angolanos conheceram em novembro de 1994, um acordo de paz, que fiou conhecidos como o Protocolo de Lusaka - um tratado de paz, que durou cerca de quatro anos, e tinha como base a desmobilização das tropas do MPLA/FAA, e as tropas da UNITA/FALA. Infelizmente este protocolo não veio a ser concluído.

No congresso do MPLA de 1998, o presidente José Eduardo dos Santos, declarou que, não voltaria a negociar com Jonas Savimbi, então Presidente da UNITA2. Daí em diante, os esforços de guerra visando alcançar a paz, através de uma derrota militar sobre a UNITA3, passou a ser a principal aposta do governo Angolano.

E como consequência, ‘‘durante o ano de 1999, aproximadamente 1 milhão de pessoas fugiram das suas casas, a maioria para as capitais de províncias, em busca de maior segurança. ‘’, (2001 Inter-agency appeal, p.3).

2 Actualmente o Presidente da UNITA é o Sr. Isaías Samakuva. Cargo que exerce desde 2003. 3 O slogan oficial era fazer a guerra para acabar com a guerra! O que veio a acontecer com a morte de Jonas Savimbi no dia 2 de Fevereiro de 2002.

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Foto 5- Armazém da ACM-KS: ajuda alimentar para a distribuição nas aldeias da população reinstalada.

A ACMKS, não podia ficar indiferente, diante deste quadro sombrio. Continuou a implementar projectos de emergência, mas em 2000, dado a intensidade da guerra, teve de transferir os seus escritórios principais da Gabela para o Sumbe, após a morte de três funcionários em missão humanitária. Todavia, manteve uma equipa na Gabela, escritórios e casa de passagem, para permitir assistir os milhares de deslocados de guerra ali situados.

Em temos de crescimento organizacional, a ACM KS, se estruturou um pouco mais, passando a ter alguns documentos institucionais, tais como regulamentos, plano estratégico, contratos de serviço, informatização dos documentos, realização de assembleia geral, entre outros. É de realçar que muitos destes documentos, surgiram não só como iniciativa dos membros/staff, mas também com apoio dos parceiros externos, a saber: Christian Aid, Diakonisches Werk, Danisch Church Aid, WFP., Euronaid, SOH, etc., em especial para as capacitações como mencionado no ponto 5.4.

5.3. Crescimento da ACM KS, fim da guerra & apoio ao processo de reinstalação (2002-2008).

A fuga das famílias, do meio rural para as cidades continuou até 2002, ano em que cessaram as hostilidades, elevando para, aproximadamente, 3.8 milhões, o número (estimado), de pessoas deslocadas. Portanto, naquela altura o maior desafio em Angola, era sem dúvida, aliviar o sofrimento dos, então chamados deslocados internos (DIs), em inglês, IDPs e refugiados.

Foi neste período, que a ACMKS, mais se notabilizou, tendo em média implementado, 5 projectos, presença em 5 dos 12 Municípios da Província, nomeadamente: Cela, Amboim, Sumbe, Kibala e Seles: por exemplo, em 2002, a ACM KS, chegou a assistir com sementes, alimentos, alfaias, vestuários, cerca de 14,000 famílias, aproximadamente 70,000 pessoas, ou seja 3,5% do total da população da Província, na altura. Era na verdade, a maior ONG nacional da Província, e quiçá mesmo quando comprado, com alguns ONGs internacionais na época.

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Foto 6- Ajuda a reinstalação: Distribuição da ajuda alimentar nas comunidades reinstaladas.

Na medida em que terminava o conflito, começou-se a decompor o período de intervenção de emergência, e muitas ONGs estrangeiras, e agências da ONU, iniciaram a sua saída do País. Regista-se uma notável escassez de financiamento externo, e marca uma mudança de abordagens e discursos (reactiva para proactiva) - Direitos humanos, sociedade civil, abordagem baseada em direitos, advocacia, trabalho em rede, etc. Neste período, algumas organizações nacionais “menos” atentas, desaparecem da cena, e das que sobreviveram, algumas existem, mas com muitas limitações de actuação, e outras conseguem manter o seu ritmo de intervenção, mas com grandes necessidades de capacitação para melhorar a sua acção participativa, de mobilização e de influenciar políticas.

Na província, este período é marcado por iniciativas significantes do ponto de vista de revitalização, e / ou criação de espaços de diálogo, partilha e troca de informação entre os actores sociais, que compõem a Sociedade Civil (SC). ONGs internacionais (APN, IBIS), começam a apoiar iniciativas da SC. Surge o Fórum Terra Kwanza-Sul (FTKS), coordenado pela ACM, Rede Eleitoral e Rede Educação para Todos.

5.4. Acções de reforço de capacidade institucional recebidas

ACTIVIDADE ANOPARCEIROS

IMPLEMENTADOR DOADOR Avaliação organizacional externa;Plano Estratégico (PE) para o período de 1999-2002;

1999 PACT USAID

Gestão de programas de emergência, 2001-2002 Catholic Relief Service (CRS)

USAID

Estudos de base sobre segurança alimentar e melhoramento nutricional – inquéritos nutricionais

20032004

ACMKS SOH/ICCO

Global Operational Planning 2004 “World Alliance of YMCAs,

YMCA International

Programa de capacitação na área de gestão financeira, chamado FIMCAB

2007 ICCO Cristian Aid, ICCO

Formação em Segurança Alimentar e Nutricional 2007 IWENT PPMFormação em Gestão de ONGs, 2009 IBIS IBISFormação em Adaptação as Alterações Climáticas

2010 MS TCDC Christian Aid, NCA

Formação em assessoria local para o 2011 SNV SNV

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desenvolvimentoMonitoria baseada em resultados & Teoria de mudança

2010-2011 ISUP/Christian Aid Christian Aid

Revisão estratégica, SWOT, análise do contexto, avaliação de projectos, análise SWOT.

2009-2011 ACMKS Pão para o Mundo, Christian Aid e Noruegian Church Aid

Formação em Monitoria & Avaliação 2010-2012 ACMKS PPM

Fotos 7 e 8- Formação dos quadros da ACMKS: pontos fortes e fracos da organização!

6. ACM-KS após: período de reinstalação 2008-2015

O fim da guerra, forçou os diversos actores sociais, económicos e políticos a se adaptarem (imediatamente) a nova realidade. Grande parte dos assistencialistas, sobretudo estrangeiros, por exemplo, o PAM e a Médicos Sem Fronteira, cessaram as suas actividades entre 1-2 anos depois da paz.

Os actores assistencialistas nacionais, que não conseguiram redirecionar as suas acções para uma abordagem de desenvolvimento comunitário, ou desapareceram ou continuam a intervir em situação de catástrofe, tais como: inundações, seca, epidemias e outros.

O governo, mobilizou fundos para relançar a reconstrução nacional, priorizando o sector rodoviário e mobiliário, porém os efeitos dos investimentos, ainda não alcançaram as camadas mais baixas da sociedade, habitantes dos musseques e zonas rurais.

Fruto deste contexto, a ACMKS, interveio nas áreas de água, segurança alimentar, e influência de políticas (que inclui a educação para a cidadania), através de redes, sobretudo do Fórum Terra Kuanza-Sul.

6.1. Dificuldades em se firmar na era pós reabilitação/reinstalação

Se de um lado a ACMKS, granjeou popularidade junto das autoridades, e da população ao nível da província e não só, do outro lado, a estabilidade política/militar, que o País vive desde 2003, exigem dela outro tipo de abordagem, e novas formas de trabalho. No passado a organização implementou projectos, reagindo a problemas, que foram causados maioritariamente pela guerra, mas que num contexto de paz são causados por outros males entre os quais: a má governação, corrupção, falta de

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capacidades nas estruturas competentes, etc. e cuja solução, exigem esforços coordenados de vários actores do desenvolvimento.

Como argumentado pelos experts em desenvolvimento, as ONGs não devem substituir o estado, na promoção do desenvolvimento, pelo contrário, elas devem promover as organizações comunitárias, ou populares e a capacidade dos pobres, para que estes exijam seus direitos básicos, dos recursos públicos e pedir contas aos seus governos

Seria perigoso, e estragaria o genuíno desenvolvimento, se a entrega de bens por parte de ONGs, como a ACM KS, encorajar os mais pobres a exigirem menos dos seus governos.

Assim, o desafio que se coloca à ACM KS nos dias de hoje, é como diminuir paulatinamente a abordagem “reactiva”, e ser mais “proactiva”, continuando a providenciar assistência aí onde ela é necessária, mas ao mesmo tempo, ser mais activa na participação de decisões, acerca dos recursos públicos e encontrar formas de reforçar o estado, para que este seja mais sensível as necessidades das populações pobres. Isso, de certeza exigirá mudanças naquilo que tem sido até hoje, a prática ou cultura organizacional da ACM KS, vista pelo público como uma organização assistencialista.

Foto 9- Apoio à reinstalação: estimular a agricultura familiar, mas também a segurança alimentar e nutricional

Foi com base nestas reflexões que a ACM, negociou com a PPM, Caid e NCA, para desenvolver um novo plano estratégico 2013-2017, centrados em três programas chaves:

Nome do programa Objectivo do programa Áreas temáticas chaves/Linhas de acção1. Desenvolvimento

Local SustentávelFortalecer as capacidades organizativas e participativas das populações no KS desenvolvimento local sustentável

Reforço de capacidades de grupos produtivos, cadeias de valor, meios de vida, mudanças climáticas e Advocacy e lobby.

2. Juventude &

Fortalecer a juventude com vista o seu envolvimento

Promoção da cidadania, voluntariado e equidade de género.

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Cidadania activo na vida política e publica da província

Educação cívica baseada nos direitos civis, políticos, sociais, económicos, culturais,Advocacia & lobby em prol dos direitos da juventude.

3. Programa de Reforço da Capacidade Interna da ACM KS.

Tornar a ACM KS numa organização saudável e eficiente aos vários níveis, nomeadamente, governação, recursos humanos, programas e projectos; recursos financeiros, relações externas e sustentabilidade

Sistemas e estruturas de funcionamentos adequados a realidade e ao contexto.Programas e projectos melhor implementados com monitoria e avaliação aprendizagem regulares.Melhoradas as relações com outros actores;Estratégia de comunicação e visibilidade elaborada e implementada.Estratégia de mobilização de fundos desenhados e operante.Gestão financeira eficiente, transparente e pontual.

A implementação do Plano Estratégico (PE), tem conhecido dificuldades para sua implementação total, tais como, a não superação total dos 8 desafios estratégicos identificados no diagnóstico organizacional, em finais de 2009, nomeadamente: i) actualizar e qualificar seu sistema de governação institucional; ii) desenvolver plano de desenvolvimento institucional; iii) desenvolver estratégia de visibilidade/comunicação institucional e de mobilização de recursos nacionais; iv) aprofundar e acelerar a transição metodológica (de ajuda humanitária a acções de desenvolvimento); v) desenvolver foco específico de trabalho com juventude (rural e urbana); vi) avançar na metodologia, e na efectividade da abordagem de género; vii) fortalecimento da perspectiva de trabalho de advocacy – comunal, municipal, regional e nacional e) viii fortalecer capacidade de sistematização de experiências, e de produção/publicação de conhecimentos.

As causas reais, da não superação destes desafios, podem ser atribuídas ao não funcionamento efectivo dos órgãos sociais, saída de quadros com experiência e capacidade, insuficiência de pessoal qualificado e experientes, para responder aos desafios que o contexto actual impõe (acções de desenvolvimento e não de emergência). Neste sentido o alcance das metas programáticas do PE, podem estar parcialmente comprometidas.

Ate finais de 2016, prevê-se a revisão do PE, e será mais uma oportunidade, para avaliar/monitorar o mesmo, ao mesmo tempo que, podem ser reforçadas as medidas correctivas, para mitigar as dificuldades de insuficiência de recursos financeiros, para assegurar o normal funcionamento da organização.

6.2. A SITUAÇÃO ACTUAL DA ACM KUANZA-SUL

O aumento salarial na função pública, e a procura por estabilidade de emprego (estado), aliado ao termo do maior projecto (Tukyalula – financiado pela Caid), que a ACMKS implementou entre 2006-2011, juntado a limitação de financiamento, e consequente saída de doadores internacionais de Angola, a ACMKS, viu alguns quadros a deixarem a organização. Por conseguinte, a direcção viu-se sobrecarregada, acarretando consigo, consequências negativas no desempenho organizacional, na área de programas e projectos, caracterizado por atrasos na prestação de contas, juntos dos financiadores e qualidade das intervenções em si. Apesar disto, a ACM KS, é ainda muita reconhecida como actor válido, e com grande capital social na Província, tanto junto do grupo alvo, como das autoridades e organizações da sociedade civil4.

4 Relatório da avaliação final do projecto Tukyalula, Julho de 2015

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Foto 10- Contactos diários com as comunidades reinstaladas, para melhor compreender os problemas, e encontrar soluções disponíveis!

Na verdade, é presentemente, a ONG tradicional mais visível da Província, com experiência acumulada, desde a emergências até a fase pós conflito, que se mantem o seu espaço físico e capital humano presentes, e tem estado a dinamizar algumas actividades das OSCs 5. Com cerca de 19 funcionários a tempo integral, divididos entre os escritórios sede em Sumbe, e dois sub escritórios, sendo um no Cariango/Kibala, e outro em Pambangala/Cassongue, a ACMKS a implementa 4 projectos apoiados pela Christian Aid, Pão para o Mundo e Norwegian Church Aid, nas localidades já citadas.

7. ACM-KS e os desafios actuais do desenvolvimento

Os desafios actuais do desenvolvimento do país em geral, e da Província do Kwanza Sul em particular são vários. O papel do Estado angolano no processo de desenvolvimento, através dos seus serviços, é bastante conhecido. O mesmo se afirma no quadro da função que a sociedade civil desempenha. ACM-KS, apartando no sector da sociedade civil, e dado o seu passado brilhante, na Província representa um sobrevalor importante. Isto inclui experiências e credibilidade nas comunidades rurais.

Da crise económica – nós não queremos falar, nesta publicação sobre as suas causas – deve ser para as organizações como ACM-KS, como uma possibilidade de grande importância. Para fortalecer a agricultura familiar, precisa de ter não somente contactos com o mundo rural, mas também experiência nos processos de aplicação dos instrumentos necessários. Faz parte duma abordagem na área da segurança alimentar e nutricional familiar. Isto significa, em termos dos próprios conceitos da segurança alimentar e nutricional, o bem-estar da família no meio rural. Bem-estar quer dizer: a alimentação adequada, tanto quantitativa e qualitativa, a produção agrícola e pecuária organizada, para o autoconsumo, bem como, para a produção para o mercado, um nível de ensino em ambos juvenil e adulto adequado, em conformação com, as normas do Ministério da Educação, o acesso aos serviços básicos de saúde aceitáveis, o nível da organização comunitária necessária para atingir o nível de desenvolvimento desejável.

A ACM Kwanza Sul, fez em setembro 2003, um levantamento sobre a situação da segurança alimentar dos meios de sobrevivência, e o estado nutricional nas várias Comunidades de Waku Kungo, Pambangala e Dumbi. A tabela seguinte dá um resumo dos resultados em forma de indicadores.

5 ACM lidera o Fórum Terra KS, processos das conferências das OSCs, e está a liderar a iniciativa em torno de autarquias, apoiado pelo EU/PAANE, através da ADRA, antena Benguela. Os escritórios da ACM servem também como ponto de contacto para outras OSCs cujos escritórios foram encerrados com a saída da APN, como é o caso do Grupo de Liderança Feminina, Rede Eleitoral, Associação Samuel Brace Coles entre outras.

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Através deste trabalho, ACM-KS, mostrou a sua boa capacidade em intervenções, na área da agricultura familiar em geral, mas especifico na área da segurança alimentar e nutricional, e meios de sobrevivência. A tabela que dá o resumo indica as faltas, como as forcas já existentes nas comunidades.

Foto 11: Inquérito na comunidade com homens, mulheres e juventude!

7.1 Resultados do inquérito no ano 2003 em Waku Kungo, Pambangala e Dumbi.

Disponibilidade de sementes em geral Ainda fraca e não diversificadaDeslocação 73% deslocados durante a guerra civilFHH 12%Famílias poligamias ??????Crianças vivas < 5 anos 45%Mortalidade crianças nascidas vivas 27%Ajuda durante a reinstalação? 61% simEscolarização das mulheres? 35%Nível da instrução? 1-2 anosMulheres membros duma organização? ???Que organização? Maior parte duma organização da igrejaMeios de sustendo da mulher Só agricultura e poucas outras atividadesMeios de sustento do marido Só agricultura e poucas outras atividadesNúmeros de refeições “ontem” 90% duas ou mais; 10% só uma.Qualidade do molho Pobre em proteínasAmamentação das crianças <6 meses 95%Papas de milho 85%Papas enriquecidas 7%Períodos de fome 79% de vez em quandoMétodo de adaptação Venda de mão obra (44%) e diminuição de refeições (36%)Peso/altura> 80%: normal 88%Peso/altura 70-80%: severa 6%Peso/altura <70%: grave 6%Altura/idade >90%: normal 50%Altura/idade <90%: crónica 50%Peso normal/altura não: stunting 47%Peso não normal/altura normal: wasting 5%Stunting e wasting 4%Sem stunting e wasting 44%CAP’s mulheres Extremamente fracosMorbilidade das duas semanas passadas 69%Doenças Febre, paludismo, diarreia e outras.Taxa de HIV seropositivo ????

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Foto 12: O grupo alvo mais importante: mulheres e crianças!

Importa realçar que, a situação neste momento, não é conhecida. Para continuar uma intervenção na área da agricultura, e bem-estar familiar deverá se retomar novamente os processos iniciados.

9. Futuro da ACM-KS: fechar a porta, ou novos desafios?

O questionamento “fechar a porta” não é, de certa forma real. A capitalização mostrava, que ACM-KS, foi um actor humanitário importante, simplesmente, por uma razão muito fundamental. A equipa, apesar de possuir técnicos com formações académicas, e origens diferenciadas, eram na sua generalidade Angolanos. Angolanos estes, que na verdade, queriam um futuro para não só para as famílias beneficiárias apoiadas, mas também para eles mesmos. Desta feita, a organização recebeu apoios, quer do lado das organizações de solidariedade do exterior, como também do interior do país. Era ao mesmo tempo, uma organização ecuménica, da qual a fé era um motivo de base, todavia, um instrumento de modo igual, para ganhar experiências nas ações de terreno.

Um outro fator importante, fora o facto de que, ACM-KS, ganhou reconhecida confiança, não apenas no nível dos beneficiários, como das autoridades locais. ACM-KS, tornou-se uma organização, profundamente conhecida, nas aldeias e localidades, de várias Comunas. Durante uma visita, no mês de setembro 2014, nas aldeias de Banza Cungo, Lussala e Calongo-Longo, no município da Cela, Comuna de Quissanga, um amigo estrangeiro da ACM-KS (Aart), as mulheres destas aldeias, afirmaram claramente o seguinte: “Nos lembramos o período do nosso regresso, e reinstalação depois da guerra civil em 2003-2005. ACM trazia comida, sementes e outros utensílios. Neste momento, nós não temos falta de comida, mas precisamos escolas para as nossas crianças, e postos médicos para nós. Quando é que ACM-KS dera-nos este apoio?” Isto demonstra que, estas comunidades e famílias tiveram, e continuam a ter confiança na ACM-KS. ACM sempre foi um parceiro de confiança. Isto é, um grande complemento para ACM. A credibilidade entre os beneficiários e a organização.

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Foto 13: na aldeia Lussala, Comuna de Kissanga Kungo, Município da Waku Kungo, na Província de Kwanza Sul. Mulheres respondem a pergunta: Quem de vocês lembram ainda a ajuda da ACM? Mostra a confiança em ACM!

Apesar de nalguns casos se reconhecer, alguma falta de competência técnica, ACMKS, era um implementador ideal para diferenciadas organizações governamentais, e não-governamentais. Estas estruturas governamentais e não-governamentais, dispõem de fundos e conhecimentos, de áreas técnicas inúmeras.

Isto demonstra que, a parceria entre os grupos-alvos, dentro das comunidades, e as estruturas governamentais serão sempre garantidas conjuntamente com ACM-KS. É claro e evidente que, as necessidades ainas existem. Por esta razão a porta ficará sempre aberta.

As experiências da ACM-KS, foram acumuladas nas áreas seguintes: Organização Comunitária (OC), Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), apoio à educação de todas as idades, levantamentos básicos, e estudos de base, Água e Saneamento, microcrédito, etc.

ACM-KS, será por várias razões, uma organização intermedia ideal para a implementação de vários programas. Será também, uma organização ideal para medir o impacto das atividades, através dum sistema de monitoria desenvolvido e profissional. Ademais, será uma organização de consultoria, ou de apoio à consultoria em sectores chaves, e diferentes como: o desenvolvimento rural, a organização e desenvolvimento comunitário, estabelecimento de estruturas de educação e saúde, gestão e defesa do direito a terra, segurança alimentar, alterações climáticas, agroecologia, género, e outros sectores afins.

10. Impressões dos antigos membros da ACM Kwanza Sul.

Já foi escrito que, ACMKS foi uma incubadora de muitos jovens angolanos. A lista anexada mostra mais de 100 pessoas que trabalhavam na ACM como trabalhadores, ou colaboradores do campo e motoristas ou outro. Na parte seguinte, temos algumas impressões dos antigos trabalhador@s colaborador@s da ACMKS.

Anita Esperança – Diretora do IDA, Província do Namibe: Força ACM, a luta ainda é grande pois que, os esforços já empreendidos têm que ser sustentados para o pouco que resta no alcance do bem-estar e garantia da melhoria das comunidades rurais na circunscrição territorial onde ACM intervém e não só, nas demais influenciadas pela intervenção da ACM. Sempre juntos na luta pelo Desenvolvimento comunitário e pelo bem-estar das Comunidades Rurais.

Nanda Young: Good job ACM K. Sul.

António Soma: Grande equipa. Bons tempos para recordar.

Alfredo Machado Cassoma: I was one of them. ACM is a big school.

Ernesto Cassinda: Amigos/amigas e ex colegas da ACM KS: Num dia como hoje, 11 de Agosto de 1991, na sequência de responder à difícil situação humanitária que as populações desta província enfrentavam devido a guerra, que terminara,

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sob o lema “Quem não vive para servir não serve para viver,” um grupo Jovens naturais de Kwanza-Sul que trabalhava na Aliança Nacional das ACMs de Angola, com apoios das autoridades provinciais e de pessoas singulares maioritariamente naturais da Kibala, lançaram mãos a obra, e proclamaram o que hoje chamamos de Associação Cristã da Mocidade do Kuanza-Sul, ou simplesmente ACM KS.

Agostinho Micas Mikinho: Parabéns com esta instituição e com os seus membros muito aprendemos e ganhamos eqto estivemos ao serviço da mesma por isso nossos agradecimentos pela escola profissional k fostes para nós. Bem haja nossa ACM e 1 Kandandu pai Art

Joyeux 25e anniversaire aux Amis de ACM Kwanza sud et bonne fête.

Idarosa Maneco Márcia : Parabéns a ACM, por este passo, por ser uma das organizações que tem ajudado muito populações rurais bem como outras, principalmente aqui no K-sul, só tenho a desejar força, força e força.

Velhinho António: Congratulations and long live for ACM.

Benvinda Leiria: Em tão pouco tempo aprendi coisas que nunca imaginei, viva ACM, "existimos para servir"

Roque Umbar: Eu sou da YMCA, portanto sou Y. Tinha 20 anos quando integrei a equipa da ACM, e descobri nesta Angola sofrida, jovens que não só sonham com um país melhor, como lutam para que tal se materialize. Sem medo de errar, minha actual identidade profissional, foi construída essencialmente durante os quatro anos, que estive a trabalhar com a ACM. Habilidades como liderança, boa escrita, pensamento estratégico, lembram-me o que ACM construiu em mim. Faço votos que a crise, de natureza e característica diversa, não apague esta importante e boa memória, que tenho da ACM. Juntos.

Joaquim Tiócrito Armando (Quinzinho) - Passei em todas as fases da ACM KS. Em primeira instância como adolescente e deslocado/refugiado de guerra, na altura fui beneficiário dos projectos de emergência na Gabela, aos 18 anos voluntário, apoiando nas acções que aliviavam o sofrimento de outros deslocados/refugiados como eu, naquela altura. A medida que fui crescendo, foi também crescendo o meu profissionalismo em serviços sociais, desde então de voluntário passei à fiel de Armazém, assistente de projectos para a formação, assistente de projecto para área técnica, coordenador de projectos e até Gestor de programas. Em suma vivi a ACM KS, no tempo de Guerra- Emergência, Pós Guerra-Reabilitação Comunitária, Integração Social, Transição, Organização e Desenvolvimento Comunitário. Muita experiência adquirida ao longo destes anos. E aprendi mais com a ACM, do que com as Universidades aonde passei. Bem-haja ACM KS.

Maurício Londjala: ACM KS, foi uma verdadeira escola, cujos frutos ganhados e adquiridos ao longo dos últimos anos, não se resumem em mero espaço de ganha-pão e momento de estruturação da vida, mas acima de tudo e sobre tudo, de crescimento pessoal e profissional, em que assentam a base da minha modesta personalidade e caracter, hoje bem como no amanha. Hoje, tenho a plena convicção de que, finalmente valeram os sacrifícios consentidos, e os êxitos alcançados. Bem-haja, e que o futuro será promissor.

Paulo Felipe: Poderiam incluir entrevistas, com algumas das pessoas que por la passaram. Uma retrospectiva da história da ACM e as implicações ou influência na sua Vida profissional hoje.

Manuel Jonas dos Santos: ACM KS, foi minha primeira experiência profissional. Parte do que sou hoje, foi construido na relação que estabeleci com os profissionais e os diferentes grupos de referência desta organização, fortemente comprometida com o desenvolvimento das comunidades. Muitos parabéns Dr. Ernesto, e muito obrigado por tudo. Juntos.

Filomeno Fragão Filas- Actualmente Coordenador para Desenvolvimento e Infanto-Juvenil da Aldeia de Crianças SOS do Huambo: A ACM-KS, foi para mim uma grande escola. Foi uma grande oportunidade para conciliar os conhecimentos teóricos aprendidos no ICRA, no Curso Médio de Educadores Sociais, sobre trabalho comunitário, com vista ao desenvolvimento e autonomia das comunidades, embora o trabalho comunitário seja muito vasto e dependente de cada realidade socioeconómica e cultural. Foi um grande desafio (…). Aprendi que, os projectos devem ser feitos e vividos na realidade comunitária, caso contrário é pura utopia e opio... Sucessos sucessivos para a ACM, aliás tem potencial para tal... Estamos sempre disponíveis.

Guia Cambundo: Em 1998, por intermédio do Sr. Joaquim Tiócrito conheci a ACMKS, onde comecei a trabalhar como voluntários até atingir o cargo de contabilista júnior. Durante o período em fiquei na ACMKS, tive várias oportunidades de formação e experiências no mundo das ONGs, sobretudo na área de administração e

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finanças. De facto foi uma grande escola, e que continue a formar e ajudar as populações do Kwanza sul, para alcançar a missão preconizada. Aquele abraço.

Mário Nunes

Jorge Bernardo

Sara Judith

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