Acordo Ortográfico - paginaapagina.files.wordpress.com · nove contos de renda em terras de...
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A CIDADE E AS SERRAS (ed.1901)
O meu amigo Jacintho nasceu n'um palacio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e d'olival. No Alemtejo, pela Extremadura, atravez das duas Beiras, densas sebes ondulando por collina e valle, muros altos de boa pedra, ribeiras, estradas, delimitavam os campos d'esta velha familia agricola que já entulhava grão e plantava cepa em tempos d'el-rei D. Diniz. A sua quinta e casa senhorial de Tormes, no Baixo Douro, cobriam uma serra. Entre o Tua e o Tinhela, por cinco fartas legoas, todo o torrão lhe pagava fôro. E cerrados pinheiraes seus negrejavam desde Arga até ao mar d'Ancora. Mas o palacio onde Jacintho nascêra, e onde sempre habitára, era em Paris, nos Campos Elyseos, n.º 202.
Elisete Brás - CNSF - 2011
Características genéricas Critério fonético em vez do etimológico;
Inclusão de K, W, Y;
Sistematização do uso de maiúsculas e
minúsculas;
Redução e sistematização das regras de
emprego do hífen;
Supressão das consoantes mudas;
Supressão de acentos gráficos;
Redução de duplas grafias e dupla acentuação.
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Base I – do alfabeto • Passa a ter 26 letras, cada uma com uma forma minúscula e outra
maiúscula.
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Dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados
As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais:
a) Em nomes próprios (antropónimos) originários de outras línguas e seus derivados:
Kant kantismo
Darwin darwinismo
Byron byroniano
b) Em nomes próprios de lugares (topónimos) originários de outras línguas e seus derivados:
Kuwait kuwaitiano
Malawi malawiano;
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de uso internacional:
kg - quilograma
km - quilómetro
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Dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados
As palavras derivadas de nomes estrangeiros mantêm os seus sinais diacríticos e as suas sequências de letras, mesmo que estes não sejam próprios da nossa língua escrita.
Conservam-se assim:
- a sequência sh em shakesperiano (de Shakespeare)
- a sequência mt em comtista (de Comte)
- a sequência tt em garrettiano (de Garrett)
- o trema em mülleriano (de Müller)
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Dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados No caso dos nomes de pessoas de origem hebraica, os dígrafos ch, ph, th podem conservar-se na escrita, como em
Baruch, Moloch, Ziph, ou podem ser simplificados
Baruc, Moloc, Zif
Nos casos dos nomes em que os dígrafos não se pronunciam, o Acordo impõe que sejam eliminados. Assim, teremos:
José e não Joseph Nazaré e não Nazareth
No caso dos nomes de pessoas ou de lugares da tradição bíblica terminados por b, c, d, g e t, essas letras mantêm-se na escrita:
Jacob, Job, Isaac, David
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Dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados
O Acordo sugere igualmente que, sempre que possível, no caso dos nomes de lugares estrangeiros, se usem as formas em curso na língua portuguesa, se estas forem antigas e ainda vivas no português. Assim, teremos:
Genebra em vez de Genève
Zurique em vez de Zürich
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Base XIX Das minúsculas e maiúsculas
a) Passam a ser obrigatoriamente grafados com letra minúscula inicial
– Nomes dos dias, meses do ano e pontos cardeais e colaterais
segunda-feira, domingo, janeiro, fevereiro, sul, norte, sudoeste
– As palavras fulano, sicrano, beltrano
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Base XIX Das minúsculas e maiúsculas
b) Passam a ser obrigatoriamente grafados com letra maiúscula inicial
– Siglas que representam os pontos cardeais e
colaterais
sul continua a ser representado pela sigla S
noroeste continua a ser representado pela sigla NO
– Pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente.
Nordeste (por nordeste do Brasil)
Norte (por norte de Portugal) Elisete Brás - CNSF - 2011
Base XIX Das minúsculas e maiúsculas
A utilização de letras minúsculas e de letras maiúsculas é opcional:
- nos títulos de livros ou obras equiparadas
A Morgadinha dos Canaviais ou A morgadinha dos canaviais
- nas formas de tratamento, nas expressões que exprimem
hierarquia, reverência e cortesia
Professor Doutor ou professor doutor
Vossa Alteza ou vossa alteza
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Base XIX Das minúsculas e maiúsculas
A utilização de letras minúsculas e de letras maiúsculas é opcional:
- nos nomes que designam domínios do saber, cursos e
disciplinas escolares Linguística ou linguística
Português ou português
- na designação de logradouros públicos, templos ou
edifícios Mosteiro dos Jerónimos ou mosteiro dos Jerónimos
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Base IV – das sequências consonânticas
• As sequências consonânticas conservam-se quando se leem;
pictural; adepto; apto
• As sequências consonânticas desaparecem quando não se leem;
ação; afetivo; ata
• Duplas grafias, quando há oscilação na pronúncia culta; sector/setor; aspecto/aspeto; ceptro/cetro
assumpção/assunção; assumpcionista/assuncionista sumptuoso/suntuoso
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Base IX – da acentuação gráfica das palavras paroxítonas (graves)
• Não se acentuam graficamente os ditongos ei e oi; heroico; jiboia; paranoico
• É obrigatório o acento gráfico em pôde para distinguir de pode;
• É facultativo o acento circunflexo em dêmos/demos na
distinção dos tempos verbais;
• É facultativo o acento agudo nas formas verbais do pretérito perfeito do indicativo.
amamos/amámos
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Base IX – da acentuação gráfica das palavras paroxítonas (graves)
• Prescinde-se de acento gráfico
– nas formas verbais paroxítonas que contêm um e tónico oral fechado em hiato com a terminação –em;
leem; deem; veem
– para distinguir formas verbais de palavras homógrafas;
para (verbo parar)/para (preposição)
pelo (verbo pelar)/pelo(s) (substantivo)
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Uso do hífen
• Translineação
• Sintática (ligar o verbo ao pronome)
• Discursiva (Leiria – Coimbra – Porto)
• Morfolexical (justaposição, prefixação ou
pseudofixação)
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Manutenção do hífen
a) Nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio
tio-avô amor-perfeito tenente-coronel luso-brasileiro
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Note-se que alguns compostos, em relação aos quais se perdeu a
noção de composição, grafam-se aglutinadamente:
girassol mandachuva pontapé madressilva
b) Nos topónimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo:
Grã-Bretanha Grão-Ducado
Quebra-Dentes Albergaria-a-Velha
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Os outros topónimos compostos escrevem-se com os elementos
separados, sem hífen: América do Sul Freixo de Espada à Cinta
O topónimo Guiné-Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo
uso.
c) Nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento:
abóbora-porqueira couve-flor erva-doce
ervilha-de-cheiro abelha-mestra
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d) Nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h.
bem-afortunado mal-intencionado mal-humorado
bem-criadobem-nascido
malfalante malformação
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e) Nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem:
além-mundo além-mar aquém-fronteiras recém-casado sem-fim
f) Para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares:
o percurso Lisboa-Coimbra-Porto
assim como nas combinações históricas ou ocasionais de topónimos:
Angola-Brasil
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g) Nas formações com prefixos (ante-, anti-, circum-, co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc.) e em formações por recomposição, isto é, com elementos não autónomos ou falsos prefixos, de origem grega e latina (tais como: aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pseudo-, retro-, semi-, tele-, etc.) emprega-se o hífen nas seguintes circunstâncias:
- Nas formações em que o segundo elemento começa por h:
anti-heroico co-herdeiro extra-humano
pré-história super-herdade semi-homem
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- Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento:
anti-ibérico; contra-almirante; micro-ondas; semi-interno
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Note-se, no entanto, que nas formações com o prefixo co-, este
aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado
por o:
coordenar cooperação cooperar
h) Nas formações com os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento começa por vogal, m ou n: circum-navegar pan-americano
i) Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando combinados com elementos iniciados por r:
hiper-reforçado inter-regra super-regular
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j) Nas formações com os prefixos ex- (com o sentido de estado anterior ou cessamento), sota-, soto-, vice- e vizo-:
ex-diretor vice-presidente vice-reitor vizo-rei soto-piloto
k) Nas formações com os prefixos tónicos acentuados graficamente pós-, pré- e pró-, quando o segundo elemento tem vida à parte:
pós-graduação pré-escolar pró-europeu
l) Emprega-se o hífen na ênclise e na tmese:
amá-lo dá-se amá-lo-ei enviar-lhe-emos
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Supressão do hífen
a) Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais:
Substantivas cão de guarda fim de semana sala de jantar
Adjetivas cor de açafrão cor de café com leite cor de vinho
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Exceções consagradas pelo uso:
água-de-colónia cor-de-rosa mais-que-perfeito
pé-de-meia à queima-roupa
b) Em formações que contêm em geral os prefixos des- e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial:
desumano desumidificar inábil inumano
c) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se
antirreligioso antissemita
contrarregra infrassom minissaia
biorritmo microssistema microrradiografia Elisete Brás - CNSF - 2011
d) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática esta em geral já adotada também para os termos técnicos e científicos.
antiaéreo extraescolar aeroespacial autoestrada
autoaprendizagem plurianual
e) Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de hás de hão de Elisete Brás - CNSF - 2011
Exercícios De facto, o português é actualmente a terceira língua europeia mais falada no mundo. De facto, o português é atualmente a terceira língua europeia mais falada no mundo. Não é preciso ser génio para saber que o aspecto económico pesa muito na projecção internacional de qualquer língua. Não é preciso ser génio para saber que o aspecto/aspeto económico pesa muito na projeção internacional de qualquer língua.
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Exercícios Não há nada melhor do que sair sem direcção, rumando para Norte ou para Sul, para passar um fim-de-semana tranquilo em pleno Agosto. Não há nada melhor do que sair sem direção, rumando para norte ou para sul, para passar um fim de semana tranquilo em pleno agosto. Dizem que é uma sensação incrível saltar de pára-quedas pela primeira vez em pleno voo. Dizem que é uma sensação incrível saltar de paraquedas pela primeira vez em pleno voo.
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