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ESAMC SOROCABA 28/05/2012 Prof. Anderson Fávero 1 O NOVO ACORDO O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO ORTOGRÁFICO (...) Segundo especialistas das duas instituições (em Portugal, a Academia de Ciências de Lisboa e, no Brasil, a Academia Brasileira de Letras), a persistência de duas grafias oficiais – a luso-africana e a brasileira – concorre para a falta de unidade intercontinental do português, diminuindo seu prestígio no mundo. Então, Então, a língua língua portuguesa portuguesa mudou? mudou? NÃO, A LÍNGUA PORTUGUESA NÃO MUDOU. O que ocorreu foram apenas algumas modificações na maneira de escrever e de acentuar palavras em determinadas condições. E uma maneira diferente de grafar um pequeno conjunto de palavras não configura, em hipótese alguma, mudança na língua Enfim, o novo Acordo Ortográfico é exatamente isso: um acordo apenas para unificar (ou tentar unificar) grafias de certas palavras que eram diferentemente escritas no português de Portugal e no português do Brasil, para padronizar ou simplificar o uso do hífen em palavras compostas ou derivadas, e para modificar a acentuação em alguns poucos casos de palavras paroxítonas. Vejamos, resumida e didaticamente, aquelas alterações que nos afetaram, como brasileiros falantes do português. O que que mudou mudou com com o Acordo Acordo Ortográfico? Ortográfico? EM PRIMEIRO LUGAR, HOUVE DOIS ITENS do Acordo que não nos causaram estranheza, uma vez que já eram praticamente adotados por quase todos: 1) K, W e Y. As letras K, W e Y passaram a fazer parte oficialmente do alfabeto da língua portuguesa, como em kart, por exemplo. 2) Eliminou-se o sinal trema. Palavras como aguentar, consequência, tranquilo não têm mais trema. Quanto à acentuação, vejamos as modificações: 3) ACENTO DIFERENCIAL. Esse tipo de acento justificava-se para diferenciar palavras escritas da mesma maneira e que poderiam ser confundidas entre si. Isso era necessário para que não ocorresse duplo sentido, como, por exemplo, na frase: “Combinamos por aí”, em que a palavra “por” pode ser uma preposição e a frase ser entendida como “combinamos em qualquer lugar” ou ser verbo pôr, no sentido de “colocar”. Havia, porém, outros casos de emprego de acento diferencial que não se justificavam, pois o contexto por si só evitaria a dubiedade de sentido (pelo/pêlo; polo/pólo; pera/pêra, por exemplo).

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  • ESAMC SOROCABA 28/05/2012

    Prof. Anderson Fvero 1

    O NOVO ACORDOO NOVO ACORDOORTOGRFICOORTOGRFICO

    (...) Segundo especialistas das duas instituies (em Portugal, aAcademia de Cincias de Lisboa e, no Brasil, a Academia Brasileirade Letras), a persistncia de duas grafias oficiais a luso-africana ea brasileira concorre para a falta de unidade intercontinental doportugus, diminuindo seu prestgio no mundo.

    Ento,Ento, aa lngualngua portuguesaportuguesa mudou?mudou?

    NO, A LNGUA PORTUGUESA NO MUDOU. O que ocorreuforam apenas algumas modificaes na maneira de escrever e deacentuar palavras em determinadas condies. E uma maneiradiferente de grafar um pequeno conjunto de palavras no configura,em hiptese alguma, mudana na lngua

    Enfim, o novo Acordo Ortogrfico exatamente isso: um acordoapenas para unificar (ou tentar unificar) grafias de certaspalavras que eram diferentemente escritas no portugus dePortugal e no portugus do Brasil, para padronizar ousimplificar o uso do hfen em palavras compostas ouderivadas, e para modificar a acentuao em alguns poucoscasos de palavras paroxtonas.

    Vejamos, resumida e didaticamente, aquelas alteraes que nosafetaram, como brasileiros falantes do portugus.

    OO queque mudoumudou comcom oo AcordoAcordo Ortogrfico?Ortogrfico?

    EM PRIMEIRO LUGAR, HOUVE DOIS ITENS do Acordo que nonos causaram estranheza, uma vez que j eram praticamenteadotados por quase todos:

    1) K, W e Y. As letras K, W e Y passaram a fazer parte oficialmentedo alfabeto da lngua portuguesa, como em kart, por exemplo.

    2) Eliminou-se o sinal trema. Palavras como aguentar,consequncia, tranquilo no tm mais trema.

    Quanto acentuao, vejamos as modificaes:

    3) ACENTO DIFERENCIAL. Esse tipo de acento justificava-se paradiferenciar palavras escritas da mesma maneira e que poderiam serconfundidas entre si. Isso era necessrio para que no ocorresseduplo sentido, como, por exemplo, na frase: Combinamos por a,em que a palavra por pode ser uma preposio e a frase serentendida como combinamos em qualquer lugar ou ser verbo pr,no sentido de colocar. Havia, porm, outros casos de emprego deacento diferencial que no se justificavam, pois o contexto por si sevitaria a dubiedade de sentido (pelo/plo; polo/plo; pera/pra,por exemplo).

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    O que restou como acento diferencial obrigatrio em portugus:

    a) Verbo PODER.Por exemplo: ele sempre pode sair. / ele sempre pde sair.

    b) Verbo PR acentuado para diferenciar da preposio por.Exemplo: Voc no pode pr o livro a. / Voc costuma passar porruas escuras?

    c) FORMA (facultativo). Recomenda-se o seu emprego para maiorpreciso de sentido em determinados contextos, como, porexemplo: a frma do bolo / a forma de pagamento.

    4) DEMAIS ACENTOS. O que mudou foram os acentos daspalavras paroxtonas, apenas nos seguintes casos:

    a) Palavras com i/iFica eliminado o acento nos ditongos abertos -ei, -oi: assembleia,estreia, plateia, ideia, colmeia, boleia, Coreia, jiboia, heroico etc.

    b) Palavras com vogais dobradas oo/eeEx.: enjoo, voo, abenoo, creem, deem, leem etc.

    c) Palavras com acento no -i e no -u dos hiatos

    ATENO: o que o Acordo fez, neste caso especfico, foi eliminar oacento dessas vogais apenas nos hiatos precedidos de ditongo, isto, no caso em que houver antes delas um encontro de vogaispronunciadas numa mesma slaba. So muito poucas as palavrasque se enquadram nesse caso. Exemplo:

    feiura (= fei-u-ra)

    5) EMPREGO DO HFEN. A lngua dispe de dois processosbsicos para a criao de palavras: a composio e a derivao. Oprimeiro processo forma palavras compostas, como, por exemplo,guarda-roupa ou passatempo, e o segundo possibilita o surgimentode palavras derivadas, como predisposto, pr-cirrgico;subdesenvolvido, sub-reitor; malvisto, mal-entendido.

    Por que algumas delas, sejam compostas ou derivadas, sografadas com hfen e outras no?

    Cabe-nos apenas citar a nica alterao que o novo Acordoestipulou em relao ao hfen em palavras compostas. a quesegue:

    Fica eliminado o hfen em palavras compostas cuja noo decomposio, em certa medida, se perdeu.Exemplo: paraquedas.

    O Acordo Ortogrfico, entretanto, uniformizou o emprego do hfenem palavras com prefixos, regulamentando estes trs casos:

    1) No se emprega o hfen em palavras derivadas com prefixoterminado em vogal + consoante inicial do 2 elemento:

    microcirurgia semicrculocontrarregra contrassensoneorrepublicano ultrarromntico

    ATENO: em palavras com H inicial, usar hfen.auto-hipnose anti-hemorrgico

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    2) No se emprega o hfen em palavras derivadas com prefixoterminado em vogal + vogal diferente inicial do 2 elemento:

    antieconmico contraindicado semiridoantiareo autoestima coeditorextrauterino agroindustrial sobreaquecer

    ATENO: em palavras derivadas com os prefixos co-, re-, pre- epro-, mesmo nos encontros de vogais iguais ou quando o segundoelemento comear por H, no se usar hfen:

    Ex.: coocupante, coabitar, preencher, predestinar etc.

    3) Emprega-se o hfen em palavras derivadas com prefixoterminado em vogal + vogal igual na inicial do 2 elemento:

    anti-inflamatrio micro-ondas pseudo-orgulhoanto-observao micro-organismo arqui-inimigosemi-interno contra-ataque micro-nibus