Acupuntura Abdominal (Brasil)
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CAPÍTULO I
ACUPUNTURA ABDOMINAL SEGUNDO O BA-GUÁ
Segundo INADA, a acupuntura baseada no sistema BA guá ou oito
trigamas básicos do Rei Weng e Duque Chow, se revela muito eficaz para
tratamento das doenças crônicas e síndromes de deficiência.
Segundo INADA, para certas doenças crônicas que não respondem à
outras técnicas de Acupuntura deveria ser experimentado a técnica da
Acupuntura abdominal.
Segundo INADA, o tratamento pela acupuntura abdominal pelo
método do Ba-guá oferece grande vantagem e facilidade, pois utiliza poucos
acupontos, é uma técnica indolor e de respostas de curto prazo e que pode ser utilizada
em combinação com outras técnicas ou micro-sistemas da Acupuntura.
Essa forma de Acupuntura se diferencia ao que se comumente observa
na prática da Acupuntura tradicional, tanto no seu diagnóstico, tratamento, bem
como sua dinâmica.
Segundo DAN, para que se possa melhor compreender a Acupuntura
Abdominal baseada no Ba guá, deve-se transportar as 8 direções cardinais do Ba
guá sobre o Abdome . (fig 1.1)
8
Fig. 1.1 As oito direções cardinais do Ba guá sobre o abdome. INADA, T. Técnicas simples
que completam a acupuntura e a moxabustão, 2003.
Segundo DAN, o ponto onde ocorre o cruzamento das oito direções
cardinais deve coincidir com o umbigo exatamente sobre o acupunto VC 8
(shenque). O fogo (Li) coincide com o VC 12 (Zhongwan), a água (Kan) com o VC 4
(Guanyuan), o trovão (Zhen) com o BP 15 (Dahen) direito, o lago 9Dui) com o BP
15 (Dahen) do lado esquerdo, o vento (Xun) com o E 24 (Huaroumen) direito, a
terra 9Kun) com o E 24 (Huaroumen) esquerdo, a montanha (Gen) com o E 26
(Wailing), direito e o céu (Qian) com o E 26 (Wailing) esquerdo.
1.1 SELEÇÃO DE PONTOS PARA O TRATAMENTO
O tratameno pela Acupuntura abdominal, pela técnica do Ba guá é feita
pela colocação de agulhas ao longo do abdome.
Segundo INADA há duas maneiras para se proceder na escolha dos
acupontos para o tratamento:
~ Baseada na Localização da doença;
9
Segundo INADA, deve-se observar o desenho do Ba guá e selecionar os
acupontos de acordo com a localização da doença.
Segundo INADA, para o tratamento de doenças relacionadas à cabeça,
o acuponto VC 12 deve ser escolhido.
De acordo com INADA, deve-se selecionar o acuponto VC 4 e
acupontos ao redor e próximos para tratar doenças relacionadas aos Rins,
Bexiga, Útero e Ovários.
Segundo INADA para o tratamento de doenças dos membros
superiores deve-se selecionar o acuponto E 24 direito ou esquerdo e os
acupontos situados ao redor ou próximos este, sendo agudo, a escolha poderá
ser homolateralmente, sendo uma doença de curso crônico a escolha ser
bilateralmente.
Segundo INADA, para doenças do membro inferior, deve-se selecionar
o acuponto E 26 direito ou esquerdo e os acupontos situados ao redor ou próximos
a esse dependendo do lado afetado.
~ Baseada na Teoria do Zang-fu;
Segundo DAN, devemos selecionar os acupontos VC 12, VC 10, VC 6, VC 4, R
17 e R 13, para tratar doenças do Baço e Rins.
Segundo Dan, para as doenças e o Baço pode-se selecionar o
acuponto BP 15.
1.2 MÉTODOS DE AGULHAMENTO
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~ Agulhamentos 3 estrelas; ( fig 1.2)
Fig. 1.2 Método do agulhamento das três estrelas, em sequência. INADA, T. Técnicas simples que
completam a acupuntura e a moxabustão, 2003.
Segundo INADA, esta técnica é utilizada para as doenças que afetam
uma grande extensão dos membors, como uma Braquialgia.
Por meio deste método de agulhamento, escolhe-se o acuponto
referente á patologia ou local da doença, insere-se 3 agulhas em sequência, em
daigonal,sendo a primeira no acuponto de referência para a patologia e as demais
em diagonal em relação à primeira. Segundo INADA, quanto maior for a extensão
da dor ou sua irradiaçã, maior será a distãncia das 3 agulhas. Agulhamento em flor de ameixeira; (fig 1.3)
Fig 1.3 Método de agulhamento em flor de ameixeira. INADA, T. Técnicas simples que completam a acupuntura e a moxabustão,2003.
Segundo DAN, este método de agulhamento é utlizado para as
doenças de curso crônico. S
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Segundo INADA, escolhe-se o acuponto de acordo com a área
afetada,insere-se uma agulha no acuponto de escolha e ao redor desse acuponto
inserir mais 4 agulhas em forma de cruz, sendo que as 5 agulhas representariam
as cinco partes da flor da ameixeira.
~ Agulhamento triangular ; (fig 1.4)
Fig. 1.4 Método de agulhamento triangular. INADA, T. Técnicas simples que completam a
acupuntura e a moxabustão, 2003.
Segundo DAN, as agulhas devem ser inseridas perpendicularmente à
superfície do abdome e podem ser utilizadas até nos níveis de profundidade,
superficial, média e profunda.
Segundo INADA, neste tipo de agulhamento não há necessidade de
realizar qualquer tipo de manipulação das agulhas.
1.3 PRECAUÇÕES E CUIDADOS
Segundo INADA, deve-se observar algumas precauções e cuidados
para a realização da técnica de acupuntura abdominal pelo Ba guá, que são elas:
~ limpeza das mãos do terapeuta com água e sabão;
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limpeza da superfície do abdome com alcóol etílico a 70 gl;
profundidade da agulha deve ser em torno de 1 cun, variando de
pessoa para pessoa, devendo ter cuidado para não atingir a
cavidade peritoneal;
a inserção das agulhas deve ser perpendicular à superfície do
abdome, sendo que a agulha penetra verticalmente;
a penetração da agulha deve ser indolor;
aseleção do acuponto deverá ser precisa;
o tempo de permanência da agulha deve ser de aproximadamente
de 30 minutos;
não se deve manipular a agulha para a se obter a sensação de
agulhamento;
não utilizar eletroestimulação;
1.4 TRATAMENTO
Segundo Inada, o tratamento pela acupuntura no Abdome oferece
grande vantagem e facilidade pois utilizaria de poucos acupontos.
Na verdade, o tratamento utilizando a técnica do Ba-guá se utliza da
combinação de acupontos para tratamento de diversas patologias. Dan, W.
Cita 4 tipos de combinações de acupontos:
Combinação Céu-Terra: segudo Dan, W. Utlizaria os acupontos
VC 12 ( Zhongwan) e VC 4 (Guanyuan), combinação básica,
tonifica, Segundo Dan, W. As energias adquirirda e ancestral, O
Baço e os Rins.
13
Combinação Céu-Terra reforçada: Segundo Dan, W. Utiliza os
acupontos VC 12 (Zhongwan), VC 10 (Xiawan), VC 6 (Qihai) e VC 4
(Guanyuan), segundo Dan, W. E Inada, T. Essa combinação é
basicamente igual à anterior, porém, segundo Inada, T. A adição
dos acupontos VC 10 (Xiawan) e VC 6 (Qihai), potencializaria os
acupontos VC 12 (Zhongwan) e VC 4 (Guanyuan),
respcetivamente. Segundo Inada, T e Dan, W. Essa combinação
tonifica o Baço e os Rins e é mais indicada para síndromes de
deficiência como sequelas de AVC.
Combinação dos quatro portões do abdome: Segundo Dan, W.
Se compões dos acupontos, E 24 (Huaroumen) e E 26 (Wailing),
direito e esquerdo, respectivamente. Segundo Dan, W. Essa
combinação remove a estagnação de Qi e Xue, Sendo, segundo
Inada, T. muito indicada pra o tratamento das síndromes Bi dos membros
superiores e inferiores, sequelas de acidente vascular e outras
síndromes parestésics e paréticas.
Combinação de acupontos bilateralmente: Segundo Dan,W. Se
compões dos acupontos BP 15 (Daheng) bilateralmente, E 25
(Tianshu), bilateralmente e E 26 9Wailing) bilateralmente. Segundo
Inada, T e Dan, W. Essa combinação permitiria regular o QI do
Baço e dispersar a umidade, bem como é indicada para tratar os
distúrbios do sistema digestório e tratamento de Síndromes BI.
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CAPITULO II
DIAGNÓSTICO EM ACUPUNTURA ABDOMINAL, BASEADA NO
HO-TU
2.1 INTRODUÇÃO
Segundo INADA, No Japão, o desenvolvimento do método de palpação
do abdome treve inicio no século XVII e tem proporcionado, o longo desses
séculos, elementos muito úteis para diagnosticar as enfermidades dos orgão e
das vísceras.
De acordo com INADA , desde essa época, numerosos praticantes de
Acupuntura produziram diversas cartografias (mapas) abdominais baseadas nos
clássicos e de acordo com suas expererências clínicas . O grande número de
cartografias surgidas e as variaações, certamente, dificultam a escolha da melhor.
O diagnóstico e tratamento usando o abdome através do Ho-Tu é,
talvez o mais antigo mapa abdominal que existe e é baseado no Nan Ching. (fig
2.1)
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Fig. 2.1 Mapa Abdominal do Nan Ching: 1. Água (Rim); 2. Fogo (Coração); 3. Masdeira (Fígado);
4.Metal (Pulmão); e 5. Terra (Baço). INADA, T. Técnicas simples que completam a acupuntura e a
moxabustão, 2003.
A base para esse mapa foi os cinco movimentos clássicos chineses,
porém, nesse mapa, Segundo INADA, o movimento Metal ficaria no lado direito e a
madeira, no lado esquerdo do abdome.
Segundo GARDNER, a Terra fica no centro, o que estaria de acordo com o
HO-TU, o mapa do rio HO, que deu origem à teoria dos cinco movimentos ou 5
fases. (Fig 2.2)
Fig 2.2 Ho-Tu (Mapa do rio Ho). INADA, T. Técnicas simples que completam a acupuntura e a moxabustão,2003.
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Segundo INADA, pela visão dos antigos, o umbigo é o centro do
universo e esse centro está representado pelo movimento Terra e pela teoria dos
cinco movimentos, pelo Baço e Estômago.
A área do umbigo funciona como um microssistema que serve para
diagnostico e tratamento.
No centro do abdome, encontra-se a cicatriz umbilical e corresponde,
Segundo YAMAMURA, ao acuponto VC 8 (shenque, que significa Palácio da Alma),
no qual, segundo INADA, é proibida a inserção de agulhas, sendo porém
permitida a utilização de Moxabustão indireta em condições específicas, como
colapso, diarréia aguda, perda da consciência, síndromes de deficiência.
Segundo GARDNER, o microssistema do umbigo é capaz de revelar diversos
distúrbios oculotos que podem ser desvendados com inspeção e palpação.
Segundo INADA, a Medicina Oriental Japonesa, aprecia o umbigo
como primeira cicatriz da vida e como toda cicatriz pode restringir o fluxo de Qi e
de sangue para vários órgãos e canais. De acordo com GARDNER, como todas
as cicatrizes, o umbigo deve ser palpado pára determinar o nível de envolvimento
no bloqueio do fluxo de Qi.
Se o umbigo serve para diagnosticar as doenças, é importante conhecer
as características de um umbigo normal que indicariam saúde.
Segundo GARDNER, o umbigo de uma pessoa saudável deve ser
profundo, não são muito grande e nem pequeno, não deve ser plano ou raso, nem
protuso, deve ser centralizado, sobre a linha mediana, com boa
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conformação, com o tecido a sua volta forte e resistente, borda sem reentrâncias
ou endentações, depressões ou colapsos.
2.2 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da Acupuntura pelo abdome, baseada no HO-TU se faz
através da palpação do abdome.
Segundo INADA, No Japão, o desenvolvimento do método de palpação
do abdome teve inicio no século XVII e tem proporcionado, o longo desses
séculos, elementos muito úteis para diagnosticar as enfermidades dos órgãos e
das vísceras.
A palpação, segundo INADA, deve ser inciada superficialmente usando
os três dedos da mão direita (indicador, médio e anelar) e, em seguida,deve ser
realizada profundamente. Segundo INADA, os locais a serem palpados são o centro do
abdome, que representa o Baço, acima do umbigo, o Coração, abaixo do umbigo, o Rim, o
lado direito do umbigo, o Pulmão e o lado esquerdo do umbigo, o Fígado. (fig 2.3)
Fig 2.3 Diagnóstico em Acupuntura abdominal baseada no Ho-Tu: 1. Rim; 2. Coração; 3. Fígado; 4. Pulmão; e Umbigo-Baço. INADA, T. Técnicas simples que completam a acupuntura e a moxabustão,2003.
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Segundo SUSSMAN, Okabe e Kinoshita desenvolveram um mapa de
diagnóstico baseado no HO-TU, porém, a periferia, logo acima do umbigo,
representa o Estômago e a área do Coração fica mais acima. (fig 2.4)
Fig 2.4 Diagnóstico abdominal de Okabe e Kinoshita: 1. Rim; @. Coração; 3. Fígado; 4. Pulmão; 5. Estômago; e Umbigo-Baço. INADA, T. Técnicas simples que completam a acupuntura e a moxabustão, 2003.
Segundo SUSSMAN, emboras havjam variações nas cartografias abdominais,
os sinais para identificar execesso e deficiência são os mesmos.
De acordo com INADA, SUSSMAN, GARDNER,seriam sinais de
excesso:
Parede abdominal tensa, elástica e dolorosa à palpação superficial. Pele quente.
De acordo com INADA, SUSSMAN, GARDNER, seriam sinais de
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deficiência:
Parede abdominal flácida, pouca elasticidade e dor à palpação
aliviada por massagens. Pele fria.
Ainda dentro do diagnóstico, há uma atenção muito grande á inspeção
do umbigo, já que, segundo INADA, o umbigo é o centro do Universo.
Segundo Inada a depressão na borda do umbigo indica síndrome de
deficiência.
Segundo INADA, uma depressão localizada na borda superior do
umbigo indica deficiência de Qi do Baço.
Segundo INADA a depressão na borda lateral esuerda do umbigo
indica deficiência de sangue do Fígado e a depressão na borda lateral direita do
umbigo indica deficiência de Qi do Pulmão.
Segundo INADA, uma depressão na borda inferior do umbigo é devida
à deficiência de Qi do Rim.
Segundo GARDNER, a presença de edema abaixo do umbigo pode ser
devida à deficiência de Yang do Rim com retenção de umidade. Segundo INADA,
ocasionalmente, o edema pode estar presente no lado direito do umbigo
indicando deficiência de Qi do Pulmão.
Segundo GARDNER, uma pulsação relativamente cheia, ao redor do umbigo é
normal, porém, uma pulsação sobre o umbigo é anormal.
Segundo INADA, Uma pulsação vazia ou ausnete indica deficiência de
Qi do Baço, se a pulsação for cheia e muito forte, batendo ao redor do umbigo,
deve-se suspeitar da existência de aneurisma da aorta abdominal.
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Segundo GARDNER, umumbigo normal é intruso, uma protusão indica
a deficiência de Qi do Baço e, clinicamente, segundo INADA, significa deficiência
de imunidade.
Segundo INADA, umumbigo muito largo também significa deficiência da
imunidade.
Segundo INADA, um umbigo muito pequeno, estreito e longo, indica diminuição
do fluxo de Qi no Pulmão ao aquecedor inferior.
Segundo INADA, um umbigo muito raso indica deficiência de vitalidade
ou deficiência de Qi dos Rins.
Segundo INADA, um umbigo descentralizado indica deficiência de Qi dos
Rins.
Segundo GARDNER, áreas sensíveis ao redor do umbigo com
desconforto e dor à palpação indica a presença de problemas internos afetando os órgãos
e vísceras.
2.3 Tratamento
Gardner cita 2 métodos de tratamento usando o Umbigo:
2.3.1 Modalidade Chinesa que realiza a Moxabustão sobre o
Umbigo.
Segundo Gardener, a Moxabustão deverá ser indireta com bastão de
Artemisia Vulgaris, ou com a colocação de sal no umbigo ou com a colocação da
Moxabustão sobre fatia de gengibre, ou ainda a utilização de Ventosa sobre o
umbigo.
Porém, nenhum dos autores cita em qual momento deverá ser essa
modalidade utilizada e nem quais síndromes ela atuaria melhor.
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2.3.2 Modalidade Japonesa que utiliza os Acupontos R 6 (Zhaohai), R 7
(Fuliu) e R 3 (Taixi) .
Segundo Gardner-Abbate, esses acupontos seriam indicados para
tratamento de tonificação para pacientes com deficiência de Qi do Pulmão, Baço
e Rins. Com sintomas de fadiga e fraqueza.
Segundo Inada, T. Além desses acupontos, cita que se pode realizar
agulhamento em oito direções cardinais, em oito acupontos encontrados ao redor do
umbigo, que corresponderiam a oito direções cardinais e, segundo Inada, T. Estimularia as
funções dos oitos Canais Extraordinários.
Segundo Inada, T. Esses acupontos ao redor do umbigo estão
loclizados a 1 cun do centro do umbigo. Segundo inada, T. Deve-se inserir as
aguljhas com um ãngulo de 15 a 45 °, em direção ao centro do umbigo, a uma
profundidade de 0,5 a 1 cun. Segundo Gardner, não se deve manipular as agulhas
como em outros métodos para obtenção do Q!i. (fig 2.5)
Fig 2.5 Agulhamento em oito direções cardinais em volta do Umbigo.
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CAPÍTULO III
ACUPUNTURA ABDOMINAL PELA PERCUSSÃO DE
ACUPONTOS DO ABDOMEN COM MARTELO DE MADEIRA E
AGULHA GROSSA.
3.1 – DEFINIÇÃO E HISTÓRIA
Segundo Kobayashi, o uso de martelo de madeira e agulhas grossas
começou sendo usado no Japão no século XVI. Naquela época, um acupunturista
da corte imperial, Mubun Ryu, desenvolveu um mapa de diagnóstico abdominal.
(fig 3.1)
Fig 3.1 Mapa de diagnóstico abdominal de Mubun Ryu. INADA, T. Técnicas simples que completam a acupuntura e a moxabustão, 2003.
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Ele usou uma agulha grossa de ouro, que era colocada sobre o
acuponto a ser tratado, no abdome e com a outra mão, segurava um martelo de
madeira, ele batia ou percutia diversas vezes a extremidade superior da agulha
grossa de ouro, sem, no entanto, perfurar ou causar dor ou lesão na pele. (Fig.
3.2).
Fig 3.2 A utilização de pino de ouro e martelo de madeira. INADA, T. Técnicas simples que
completam a acupuntura e a moxabustão,2003.
Segundo Manaka, essa técnica seria ideal para tratar pacientes que
tem medo e pavor das agulhas e poderia ser utilizada pelo próprio paciente, tão fácil é a
técnica, ou por alguém da família, em casa diariamente.
Manaka testou o uso de diversos tipos de martelos de madeira e
agulhas grossas, e no intuito de diminuir o forte impacto do martelo de madeira sobre a
agulha, passou a forrar a cabeça do martelo com um couro fino.
Segundo Inada, Manaka ao contrário de Mubun Ryu, que tratava
apenas o abdome, entendeu a técnica para o corpo inteiro e estabeleceu que em
casos mais específicos, o tratamento com o martelo de madeira e agulha grossa
ou pino de ouro, seria feito de acordo com a freqüência dos canais de
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energia. Essas freqüências foram calculadas com o auxílio de um metrônomo,
que é na verdade um instrumento para marcar o grau de celeridade do
movimento musical, sem, no entanto explicar de que forma se utilizou desse
aparelho. Manaka criou uma tabela onde cada órgão ou víscera deverá ser
percutido um número de vezes especificado.
Kobayashi apresentou uma técnica simples e eficaz para o tratamento
pela percussão dos acupontos do abdome.
A técnica apresentada por Kobayashi toma como base o mapa utilizado
e desenvolvido por Mubun Ryu, porém ele projeta um homúnculo no seu interior.
(fig 3.3)
Fig 3.3 Homúnculo no interior do mapa abdominal de Mubun Ryu: C= Coração; BP= Baço-Pâncreas; P= Pulmão; E= Estômago; VB= Vesícula Biliar; F= Fígado; R= Rim; B= Bexiga. INADA, T. Técnicas simples que completam a a acupuntura e a moxabustão, 2003.
A técnica descrita por Kobayashi facilita ainda mais o tratamento, pois
se o paciente apresentar queixas localizadas na cabeça, deve-se percutir os
acupontos situados na área correspondente ao coração no mapa utilizado de
Mubun Ryu.
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Em outro exemplo da facilidade dessa técnica, se o paciente apresentar
queixas de dor no ombro, deverá ser percutido os acupontos situados nas áreas do
baço e do pulmão, no mapa de Mubun Ryu.
Segundo Kobayashi, essa técnica permite inclusive a inserção de
agulhas no acupontos localizados no abdome, em tonificação ou sedação, de
acordo com o diagnóstico.
3.2 - DIAGNÓSTICO
O diagnóstico através da acupuntura abdominal pela percussão
segundo Inoda, consiste na palpação superficial e em seguida profunda do
abdome. Além disso, tanto Inoda quanto Manaka, quanto Kobayashi, além da
palpação do abdome, completam o diagnóstico através da pulsologia radial,
inspeção de língua e anamnese.
Segundo Inada, se durante a palpação superficial se sentir alguma
depressão na parede abdominal, o diagnóstico será de deficiência do órgão da
área correspondente, de acordo com o mapa de Kobayashi. A presença de
flacidez à palpação profunda sem resistência, segundo Inada, aponta para uma
deficiência.
Segundo Inada, Kobayashi e Dan, se durante à palpação superficial for
sentida uma elevação ou uma nodulação, o diagnóstico será o de excesso. Ainda
segundo Inada, Kobayashi e Dan, durante a palpação profunda, se observar uma
flacidez sem resistência, o diagnóstico será de deficiência.
De acordo com Inada, se a pele do abdome estiver fria, pode ser
causada por deficiência de yang ou função de frio externo. Segundo Dan, se a
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pele está quente, pode ser devido à deficiência de yin com exacerbação de yang,
ou excesso de calor por função de calor externo.
Segundo Inada, os locais a serem percutidos com martelo de madeira e
pino de metal tornam-se sensíveis à palpação quando alguma parte do corpo ou
órgão correspondente ao referido acuponto estiver em desequilíbrio. Na prática,
nem sempre o local a ser percutido corresponde exatamente ao acuponto. Para
obter êxito no tratamento, deve-se palpar e encontrar o ponto sensível nas
imediações dos acupontos.
3.3 – LOCALIZAÇÃO DOS ACUPONTOS DO ABDOME E SUAS INDICAÇÕES
TERAPÊUTICAS.
Os acupontos serão divididos de acordo com o mapa de Mubun Ryu e sua
modificação desenvolvida por Kobayashi. O mapa criado por Ryu divide o
abdome em órgãos e vísceras e o mapa de Kobayashi projeta nada mais do que
um homúnculo sobre o mapa de Ryu. Quando se falar em um determinado órgão, na
verdade se fala na sua localização dentro do abdome, segundo o mapa de Ryu,
não tendo sua localização e trajeto dentro dos canais e colaterais da acupuntura
tradicional.
É correto lembrar que todas as técnicas da acupuntura abdominal são
na verdade micro sistemas, assim como a Koryo, acupuntura coreana que utiliza a
mão para tratamento, a acupuntura chinesa que projeta um homúnculo sobre o pavilhão
auricular.
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3.3.1 – CORAÇÃO
Acuponto Vc15 (Jiuwei) (Figura 3.4) - segundo Yamamura, localiza-
se na linha média na parede abdominal, logo abaixo do apêndice
xifóide.
Acuponto Vc14 (Juque) (Figura 3.4) - segundo Yamamura, localiza-
se na linha mediana da parede abdominal a 1 cun abaixo do VC15.
Segundo Inada, esses dois acupontos seriam para tratamento de
doenças localizadas na cabeça, como cefaléias, sinusites.
3.3.2 – ESTÔMAGO
Acuponto Vc12 (Zhongwan) (Figura 3.4) - segundo Yamamura,
localiza-se na linha mediana da parede anterior do abdome, 4 cun
acima do umbigo, no ponto médio entre a articulação xifoesternal e
o umbigo.
Segundo Cricenti, alguns acupunturistas localizam este acuponto entre
o ponto do processo xifóide e o umbigo. Segundo Inada, esse acuponto seria para
o tratamento de enfermidades do próprio estômago e também por ser a maior
área no mapa abdominal de Mubun Ryu, é a mais importante e serve para tratar
todas as doenças do aquecedor médio e parte do aquecedor superior.
Segundo Inada e Kobayashi e Dan citam outros acupontos localizados
na área do estômago no mapa abdominal de Ryu, como podendo
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ser tratado para afecções do estômago e aquecedor médio e superior como o
VC13 (shangwan), VC11C (jianli), VC10 (xiawan), VC9 (shuifen), R17 (Shangqu),
R18 (Shiguan) e R20 (Tong Gu).
3.3.3 – INTESTINO GROSSO
~ Acuponto E25 (Tianshu) Do Lado Esquerdo (Figura 3.4) - segundo
Yamamura, localiza-se a 2 cun lateralmente e à esquerda da linha
mediana, no nível do umbigo. Segundo Inada, Kobayashi e Manaka,
esse acuponto serve para tratamento de aerofagia, constipação
intestinal, diarréia, etc.
Inada cita que os acupontos E26 (Wailing), do lado esquerdo e o
acuponto E24 (Heraroumen), localizados respectivamente, acima e abaixo do
acuponto E25 (Tianshu), também podem ser percutidos.
3.3.4 – INTESTINO DELGADO
~ Acuponto E25 (Tianshu) Do Lado Direiro (Figura 3.4) -segundo Inada,
Kobayashi, Dan e Manaka, esse acuponto serve para o tratamento
de doenças do intestino delagado. Inada cita o tratamento da úlcera
duodenal como exemplo.
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3.3.5 – RIM
Acuponto E27 (Daju) (Figura 3.4) - segundo Yamamura localizase a
2 cun abaixo do umbigo e a 2 cun lateralmente à linha mediana, no
nível do VC5 (Shaimen).
Acuponto E 28 (Shuidao) (Figura 3.4) - segundo Yamamura localiza-
se a 3 cun abaixo do umbigo e a 2 cun lateralmente à linha
mediana, no nível do VC4 ( Guanyuan).
Segundo Inada, esses acupontos são indicados para tratar
dismenorréias, distúrbios auditivos, dor de garganta, lombalgias, menopausas e
problemas renais.
3.3.6 – BEXIGA
Vc3 (Zhongji) (Figura 3.4) - de acordo com Yamamura localiza-se
na linha mediana da parede abdominal, a 5 cun abaixo do umbigo.
Vc4 (Guanyuan) (Figura 3.4) - segundo Yamamura, localiza-se na
linha mediana da parede abdominal, a 3 cun abaixo do umbigo.
De acordo com Inada, Kobayashi, Dan e Manaka, esses dois
acupontos servem para tratar cistite, cólica menstrual, disúria e dores abaixo do ventre.
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3.3.7 – TRIPLO AQUECEDOR
~ Vc8 (Shenque) (Figura 3.4) - segundo Yamamura localiza-se no
centro do abdome. Segundo Gardner, a medicina oriental japonesa
aprecia o umbigo como a primeira cicatriz da vida e dá maior atenção
ao mesmo, pois se sabe que a energia essencial à vida, recebida da mãe,
durante a vida uterina entrava pelo cordão umbilical.
Segundo Inada, esse acuponto serve para o equilíbrio geral do corpo e
representa o triplo aquecedor, podendo se realizar moxabustão indireta em casos
de colapso, deficiência extrema de yang, yin, qi e xue.
Fig 3.4 Localização anatômica dos acupontos. INADA, T. Técnicas simples que completam a a acupuntura e a moxabustão, 2003.
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3.3.8 – PULMÃO
F14 (Qi Men) ( Figura 3.5) - segundo Yamamura localiza-se na
parede anterior do tórax, no sexto espaço intercostal e no nível da
linha mediana, a 4 cun laterais à linha mediana.
Vb24 (Riyue) (Figura 3.5) - segundo Yamamura localiza-se na
parede anterior do tórax no sétimo espaço intercostal e no nível da
linha mamilar.
De acordo com Inada, Kobayashi, Dan e Manaka, esses acupontos
servem para o tratamento de asma, bronquite e dores nos braços.
3.3.9 – FÍGADO
Acuponto F13 (Zhangmen) (Figura 3.5) - segundo Yamamura
localiza-se na parede antero-lateral do abdome, junto à margem
inferior da décima primeira costela, com o cotovelo fletido em um ângulo
de 90º, lateralmente ao tronco, o acuponto situa-se no nível do
olecrano.
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Fig 3.5 Localização anatômica dos acupontos. INADA, T. Técnicas simples que completam a acupuntura e a moxabustão,2003.
~ Acuponto Vb29 (Juliao) (Figura 3.6) - segundo Yamamura, localiza-se
na região antero-lateral da coxa, no ponto médio da linha que une a
espinha ilíaca antero-superior com a parte mais saliente do trocanter
maior do fêmur.
Segundo Inada, esses acupontos servem para o tratamento de dor
nos joelhos, artrose de joelhos, dor nas pernas, dores lombares localizadas
lateralmente, síndrome de
Fig 3.6 Localização anatômica dos acupontos. INADA, T. Técnicas simples que completam a acupuntura e a moxabustão, 2003.
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3.3.10 – BAÇO
Acuponto E19 (Burong) (Figura 3.7) - segundo Yamamura localiza-se
junto a reborda costal a 2 cun laterais a linha mediana e no nível do VC14
(Juque), a 6 cun acima do umbigo.
Acuponto E20 (Chengman) (Figura 3.7) - segundo Yamamura
localiza-se a 5 cun acima do umbigo e a2 cun laterais à linha
mediana, no nível do VC13 (Shangwan).
Segundo Inada, Kobayashi e Dan, esses acupontos servem para
tratar contraturas dos músculos da região cervical, diarréia, dor na região
cervical, lassidão, liturgia e má digestão.
Figura 3.7 Localização anatômica dos acupontos. INADA, T. Técnicas simples que completam a acupuntura e a moxabustão, 2003.
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CONCLUSÃO
Durante esse trabalho monográfico de revisão de literatura, pude
concluir que, apesar de ser uma técnica de diagnóstico e tratamento simples e
eficaz, a acupuntura abdominal carece de mais pesquisa e literatura, apesar de ser uma
técnica com registro que datam da Dinastia Han (206 a.C. –220), ainda assim
pouco se tem falado, descrito sobre esse microsistema.
Através dos poucos trabalhos e de acompanhamento da técnica que era feita
no consultóiro do Dr Tetsuo Inada, percebi se tratar de uma forma de Acupuntura
extremamente eficaz, ora apenas ela como forma de tratamento, ora auxiliando a
acupuntura tradicional.
Concluo o presente trabalho sabendo que o uso da Acupuntura
abdominal pode ser de grande auxílio no dia-a-dia, do profissional que trabalha com
Acupuntura, em diversar patologias, encurtando o tempo de tratamento,
possibilitando ao paciente, uma pronta melhora, que afinal, é e deveria ser a
principal meta de qualquer terapeuta.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo, Andrei, 1996.
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