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12 ANEXO D 1/8/2010 CAPA Margaridas, tulipas, lírios e orquíde- as figuram na lista das flores preferidas das mulheres. Entre tantas, uma foi escolhida para dar nome ao projeto da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Joinville: o Rosa Mulher. Além disso, a cor rosa está presente nos arranjos de flores da sala onde acontecem as reu- niões e, em tons mais suaves, também colore as paredes da entidade. É neste espaço que o projeto promove a vida. Há 30 anos a Rede Feminina atende a mulheres acima dos 18 anos. Em 2009, surgiu o projeto Rosa Mulher. Trabalho que promove ações de convivência, sociabilidade, conscientização e lazer para mulheres durante o tratamento de câncer de mamas e colo de útero. As atividades ocorrem todas as segundas-feiras e são abertas aos familiares. As mulheres chegam cedo e sentam nas primeiras cadeiras. Sorri- dentes, conversam sobre saúde, moda, homens e outros assuntos comuns em um bate-papo feminino. Maria das Dores da Silveira, 60 anos, é uma das Rosas. O convite para o pri- meiro encontro foi aceito sem demora. A visita ocorreu há quatro meses, por incentivo de uma amiga que também frequenta as reuniões. Dorinha, como é conhecida, assumiu um compromisso semanal: encontrar as amigas da Rede. “Se eu não tivesse gostado, no segundo dia, já não teria vindo. Me sinto feliz. Aqui, todas nós somos iguais. Uma chega e já vai abraçando a outra. As mulheres da Rede dão força. Me ar- rependi de não ter vindo antes”, diz. Além do acompanhamento clínico, a Rede ajuda a cultivar a autoestima das mulheres, oferecendo próteses para as mastectomizadas (que fazem a cirur- gia de retirada da mama), perucas (para quem perdeu os cabelos no tratamento) e cursos de maquiagem. O sorriso de Maria coroa sua vitória sobre o câncer. “Em casa ninguém me viu chorando. Eu cantava, ria e brinca- va. Não deixei a doença me abalar. Fui mais forte que ela.” Dorinha era enfer- meira e, quando ficou doente, parou de trabalhar. As sessões de quimiotera- pia e radioterapia não a desanimaram. Logo depois que recebeu o diagnóstico de câncer no útero, ela contou para a família. O marido Domingos Cabral da Silveira sempre esteve ao seu lado, apoiando e incentivando. Anos depois, ela descobriu que também tinha um nódulo maligno no seio esquerdo. A luta recomeçou. “Não fiquei com medo. Sempre fui otimista. A fé da gente é muito grande”, afirmou. A disposição em ajudar os outros levou Maria a participar do Grupo de Senhoras Voluntárias, que dá assis- tência a crianças especiais e pessoas enfermas. “Disse a eles (familiares) que poderiam tirar tudo, menos o meu tra- balho social”, lembra. Nas horas vagas, Maria também confecciona bijuterias, flores de EVA, móbiles e pintura. E a lista não acaba aí, Maria quer aprender sempre mais. Em julho, ela e as integrantes do Rosa Mulher apre- sentaram uma coreografia na Festa da Solidariedade. Na dança, Dorinha representava o Fritz, tradicional perso- nagem da cultura alemã. Os ensaios fo- ram feitos depois das reuniões da Rede, acompanhados por uma fisioterapeuta. Exercícios de respiração, alongamento e relaxamento são apenas atividades que elas nunca deixam de praticar. Muitas destas mulheres já passa- ram por quimioterapias, radioterapias, cirurgias e outros momentos difíceis. Mas, mesmo com a saúde restituída, elas não abrem mão do convívio sema- nal com as integrantes do Rosa Mulher. A joinvilense Osmarina de Mira, de 63 anos, ainda estava na clínica, no pós-cirúrgico, quando a mãe do médi- co lhe falou sobre a assistência da Rede Feminina. Era 1992, quando ela co- meçou a frequentar o grupo de apoio, também conhecido como Mastecs. Naquela época, as reuniões eram mensais e ocorriam em uma sala sedida pelo Hospital Dona Helena. “Eu tenho muito a agradecer a elas. Toda tarde que venho aqui é muito bem aproveitada. As palestras são boas e eles sempre trazem alguém para nos ani- mar. Gosto das palestras porque sem- pre vem pessoas formadas para mexer com a nossa cabeça”, conta Osmarina. Além disso, as mulheres recebem uma terapia do autoastral: trocando o medo pela fé, acalentando as lem- branças e vivendo cada momento. Rosas de todas as cores na luta contra o câncer Eu não deixei a doença me abalar. Eu fui mais forte que a doença e não me deixei abater. MARIA DAS DORES DA SILVEIRA, 60 anos, luta contra o câncer de mama e colo de útero. Gosto das palestras porque sempre vem pessoas formadas para mexer com a nossa cabeça. OSMARINA DE MIRA, 63 anos, teve câncer de mama. Nos encontros da Rede Feminina, as mulheres fazem exercícios de respiração e alongamento FOTOS CLEBER GOMES

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Nos encontros da Rede Feminina, as mulheres fazem exercícios de respiração e alongamento 12 ANEXO D 1/8/2010 OSMARINA DE MIRA, 63 anos, teve câncer de mama. MARIA DAS DORES DA SILVEIRA, 60 anos, luta contra o câncer de mama e colo de útero. FOTOS CLEBER GOMES

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12 ANEXO D1/8/2010

CAPA

Margaridas, tulipas, lírios e orquíde-as figuram na lista das flores preferidas das mulheres. Entre tantas, uma foi escolhida para dar nome ao projeto da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Joinville: o Rosa Mulher. Além disso, a cor rosa está presente nos arranjos de flores da sala onde acontecem as reu-niões e, em tons mais suaves, também colore as paredes da entidade. É neste espaço que o projeto promove a vida.

Há 30 anos a Rede Feminina atende a mulheres acima dos 18 anos. Em 2009, surgiu o projeto Rosa Mulher. Trabalho que promove ações de convivência, sociabilidade, conscientização e lazer para mulheres durante o tratamento de câncer de mamas e colo de útero.

As atividades ocorrem todas as segundas-feiras e são abertas aos familiares. As mulheres chegam cedo e sentam nas primeiras cadeiras. Sorri-dentes, conversam sobre saúde, moda, homens e outros assuntos comuns em um bate-papo feminino.

Maria das Dores da Silveira, 60 anos, é uma das Rosas. O convite para o pri-meiro encontro foi aceito sem demora.

A visita ocorreu há quatro meses, por incentivo de uma amiga que também frequenta as reuniões. Dorinha, como é conhecida, assumiu um compromisso semanal: encontrar as amigas da Rede. “Se eu não tivesse gostado, no segundo dia, já não teria vindo. Me sinto feliz. Aqui, todas nós somos iguais. Uma chega e já vai abraçando a outra. As mulheres da Rede dão força. Me ar-rependi de não ter vindo antes”, diz. Além do acompanhamento clínico, a Rede ajuda a cultivar a autoestima das mulheres, oferecendo próteses para as mastectomizadas (que fazem a cirur-gia de retirada da mama), perucas (para quem perdeu os cabelos no tratamento) e cursos de maquiagem.

O sorriso de Maria coroa sua vitória sobre o câncer. “Em casa ninguém me viu chorando. Eu cantava, ria e brinca-va. Não deixei a doença me abalar. Fui mais forte que ela.” Dorinha era enfer-meira e, quando ficou doente, parou de trabalhar. As sessões de quimiotera-pia e radioterapia não a desanimaram. Logo depois que recebeu o diagnóstico de câncer no útero, ela contou para a

família. O marido Domingos Cabral da Silveira sempre esteve ao seu lado, apoiando e incentivando. Anos depois, ela descobriu que também tinha um nódulo maligno no seio esquerdo. A luta recomeçou. “Não fiquei com medo. Sempre fui otimista. A fé da gente é muito grande”, afirmou.

A disposição em ajudar os outros levou Maria a participar do Grupo de Senhoras Voluntárias, que dá assis-tência a crianças especiais e pessoas enfermas. “Disse a eles (familiares) que poderiam tirar tudo, menos o meu tra-balho social”, lembra. Nas horas vagas, Maria também confecciona bijuterias, flores de EVA, móbiles e pintura.

E a lista não acaba aí, Maria quer aprender sempre mais. Em julho, ela e as integrantes do Rosa Mulher apre-sentaram uma coreografia na Festa da Solidariedade. Na dança, Dorinha representava o Fritz, tradicional perso-nagem da cultura alemã. Os ensaios fo-ram feitos depois das reuniões da Rede, acompanhados por uma fisioterapeuta. Exercícios de respiração, alongamento e relaxamento são apenas atividades

que elas nunca deixam de praticar. Muitas destas mulheres já passa-

ram por quimioterapias, radioterapias, cirurgias e outros momentos difíceis. Mas, mesmo com a saúde restituída, elas não abrem mão do convívio sema-nal com as integrantes do Rosa Mulher.

A joinvilense Osmarina de Mira, de 63 anos, ainda estava na clínica, no pós-cirúrgico, quando a mãe do médi-co lhe falou sobre a assistência da Rede Feminina. Era 1992, quando ela co-meçou a frequentar o grupo de apoio, também conhecido como Mastecs.

Naquela época, as reuniões eram mensais e ocorriam em uma sala sedida pelo Hospital Dona Helena. “Eu tenho muito a agradecer a elas. Toda tarde que venho aqui é muito bem aproveitada. As palestras são boas e eles sempre trazem alguém para nos ani-mar. Gosto das palestras porque sem-pre vem pessoas formadas para mexer com a nossa cabeça”, conta Osmarina. Além disso, as mulheres recebem uma terapia do autoastral: trocando o medo pela fé, acalentando as lem-branças e vivendo cada momento.

Rosas de todas as cores na luta contra o câncer

Eu não deixei a doença me abalar. Eu fui mais forte que a doença e não me deixei abater.

MARIA DAS DORES DA SILVEIRA, 60 anos, luta contra o câncer de

mama e colo de útero.

Gosto das palestras porque sempre vem pessoas formadas para mexer com a nossa cabeça.

OSMARINA DE MIRA, 63 anos, teve câncer de mama.

Nos encontros da Rede Feminina,

as mulheres fazem exercícios de respiração e

alongamento

FOTOS CLEBER GOMES