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ADOÇÃO DO SISTEMA DE FRANQUIA NO SETOR ALIMENTÍCIO: UM ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA FINANCEIRA Rafael Ribeiro Gaia (Unifran) [email protected] Gabriela Azevedo Motta (Unifran) [email protected] Hernani Mazier Junior (Unifran) [email protected] Silvana Salomao (Unifran) [email protected] Quando se realiza um investimento, os riscos e incertezas fazem parte de seu projeto, e conhecer sua viabilidade econômica antes de executá-lo pode evitar a perda de dinheiro e orientar a melhor escolha quando existe mais de uma opção. Dentre os investimentos em negócios, o ramo de franquias se mostra promissor por apresentar menores riscos e incertezas, devido testes já terem sido efetuados pelo franqueador, o que lhe proporciona know-how das experiências já vividas. Entre os ramos de franquias, o setor alimentício vem se destacando como uma oportunidade vantajosa e lucrativa, se mostrando uma boa escolha, pois tem alcançado índices consecutivos de crescimento no país. Este estudo de caso foi realizado em uma rede de franquia de sanduíche de cachorro quente e tem por objetivo demonstrar, através dos indicadores financeiros de lucratividade (VPL), rentabilidade (TIR) e tempo de retorno do investimento (payback), se a franquia é viável ou não. Após os cálculos, os indicadores financeiros apontaram um VPL de R$ 9.920,20, uma TIR de 21% a.a. e um payback de 3,11 anos. Em correspondência aos resultados dos indicadores financeiros, pode-se inferir que o investimento nesta franquia se mostrou promissor e viável economicamente. Palavras-chave: Viabilidade econômica, Análise Econômica, Franquia Alimentícia XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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ADOÇÃO DO SISTEMA DE FRANQUIA NO

SETOR ALIMENTÍCIO: UM ESTUDO DE

VIABILIDADE ECONÔMICA FINANCEIRA

Rafael Ribeiro Gaia (Unifran)

[email protected]

Gabriela Azevedo Motta (Unifran)

[email protected]

Hernani Mazier Junior (Unifran)

[email protected]

Silvana Salomao (Unifran)

[email protected]

Quando se realiza um investimento, os riscos e incertezas fazem parte de seu

projeto, e conhecer sua viabilidade econômica antes de executá-lo pode

evitar a perda de dinheiro e orientar a melhor escolha quando existe mais de

uma opção. Dentre os investimentos em negócios, o ramo de franquias se

mostra promissor por apresentar menores riscos e incertezas, devido testes já

terem sido efetuados pelo franqueador, o que lhe proporciona know-how das

experiências já vividas. Entre os ramos de franquias, o setor alimentício vem

se destacando como uma oportunidade vantajosa e lucrativa, se mostrando

uma boa escolha, pois tem alcançado índices consecutivos de crescimento no

país. Este estudo de caso foi realizado em uma rede de franquia de sanduíche

de cachorro quente e tem por objetivo demonstrar, através dos indicadores

financeiros de lucratividade (VPL), rentabilidade (TIR) e tempo de retorno do

investimento (payback), se a franquia é viável ou não. Após os cálculos, os

indicadores financeiros apontaram um VPL de R$ 9.920,20, uma TIR de 21%

a.a. e um payback de 3,11 anos. Em correspondência aos resultados dos

indicadores financeiros, pode-se inferir que o investimento nesta franquia se

mostrou promissor e viável economicamente.

Palavras-chave: Viabilidade econômica, Análise Econômica, Franquia

Alimentícia

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1. Introdução

Antes de se escolher um investimento, é imprescindível conhecer possíveis riscos e

retornos, pois o mercado oferece diferentes oportunidades em diversos segmentos. As

empresas e os investidores devem realizar uma análise da viabilidade econômica do

investimento em questão, para nortear as suas escolhas, que podem ser um investimento em

um negócio novo, uma ampliação nas dependências físicas ou a inauguração de uma filial,

todavia mesmo sabendo da relevância da análise são poucos os que a realizam.

Lapponi (2000) orienta que antes de investir é de suma importância conhecer o

mercado, saber que existem mercados com mais riscos que outros, o local onde será investido,

a taxa mínima de atratividade (TMA), o tempo para reaver o capital investido e

consequentemente a quantia ganha pelo investimento. Alguns métodos podem auxiliar para se

realizar uma boa análise como o valor presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR)

e o tempo necessário para reaver o montante que foi investido (PayBack).

O mercado de franquias vem se mostrando uma boa oportunidade de investimento,

porém para tentar se prevenir uma análise de viabilidade econômica deve ser realizada para

ajudar a direcionar as intenções de investimento em um momento em que as incertezas são

grandes, porém se feito de forma planejada, pode tornar tudo mais fácil como observa

Andrade (2008).

Dessa forma o objetivo desse trabalho é realizar a análise econômica de uma franquia

na área de alimentação, mostrando sua viabilidade econômica com a utilização da

metodologia de estudo de caso, pois serão utilizados os dados já existentes, em uma situação

real, para realizar a análise, com abordagem qualitativa e dados quantitativos objetivando a

contribuição para pessoas e empresas que tem intenção de investir em oportunidades de

negócio no ramo de franquias alimentícias.

1. Referencial Teórico

1.1 Análise Econômica

Borges (2012) indica que analisar uma viabilidade econômica se define em ajudar o

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investidor a avaliar o plano de investimento a ser realizado, demonstrando a viabilidade ou

inviabilidade do projeto, que significa estimar e analisar as perspectivas de desempenho

financeiro da empresa/produto resultante do projeto. Oliveira (1982) salienta que a realização

de uma boa análise econômica pode ajudar a criar um cenário antes que esse venha a

acontecer, para que possa se anteceder as decisões.

O grande benefício desse tipo de análise é conseguir visualizar através de projeções e

números, o real potencial de retorno do investimento em questão e, portanto, decidir se as

premissas estão interessantes e se o projeto deve ir adiante ou não. Um estudo de viabilidade

econômica e financeira deve ser realizado sempre que um novo projeto esteja em fase de

avaliação. Esse projeto pode ser tanto a expansão do seu negócio quanto a própria abertura da

empresa (Borges, 2012).

Antes de realizar a análise da viabilidade econômica é necessário escolher os métodos

auxiliares para a tomada de decisão. Como afirma Casaroto Filho & Kopittke (2010), somente

um estudo econômico pode confirmar a viabilidade de projetos tecnicamente corretos e assim

as escolhas de ferramentas devem ser feitas.

Para analisar o valor do capital em épocas de pagamentos diferentes utiliza-se o

método do Valor Presente Líquido (VPL), que Oliveira (1982) aborda brevemente como o

transporte para a data zero dos fluxos de caixa, sejam recebimentos ou desembolsos.

A taxa de retorno mínima será encontrada através do método da Taxa Interna de

Retorno (TIR) que deve ser comparada com a taxa mínima da atratividade (TMA) que é a

taxa que se deixa de ganhar por não investir em outro projeto. Casaroto Filho & Kopittke

(2010) explicam que os investimentos com TIR maior que a TMA é considerada rentável e

são passíveis de análise.

O Payback analisa o prazo para o retorno do capital e os efeitos da decisão, Lapponi

(2000) define esse método como o tempo necessário para recuperar o capital investido, a

partir do fluxo de caixa estimado do projeto do investimento.

A seguir serão apresentadas com maiores detalhes essas definições:

1.2 Valor presente líquido

O Valor Presente Líquido (VPL) é o valor presente dos investimentos subtraído dos

desembolsos, descontados a uma taxa igual ao custo de oportunidade da empresa ou taxa

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mínima de atratividade. Se o resultado for positivo, o projeto estará agregando ou retornando

valor à empresa e economicamente pode ser considerado potencialmente viável (FREZATTI,

2007; OLIVEIRA, 1982).

Segundo Neto & Martins (1988) o valor presente líquido (VPL) é obtido pela

diferença entre o valor presente dos benefícios líquidos de caixa, previstos para cada período

do horizonte de duração do projeto e o valor presente do investimento.

Ao analisar um fluxo de caixa referente à determinada alternativa, existem vários

valores envolvidos, ora como receitas, ora como desembolsos. A somatória algébrica de todos

os valores envolvidos, trazidos ao instante inicial ou instante zero, considerando uma taxa

comparativa, terá o VPL, como demonstra a equação 1 (HIRSCHFELD, 2000).

Onde:

VPL = valor presente líquido de um fluxo de caixas da alternativa.

n = número de períodos envolvidos em cada elemento da série de receitas e desembolsos

do fluxo de caixa.

Fn = cada um dos diversos valores envolvidos no fluxo de caixa e que ocorrem em n.

i = taxa de juros comparativos ou taxa mínima de atratividade.

Laponni (2000) apresenta um critério de aceitação do projeto que é definido mediante

a aplicação das seguintes equações:

VPL ≤ 0, significando que se a soma de todos os retornos do projeto na data zero

for igual ou menor que 0 o projeto não deve ser aceito.

VPL > 0, significando que se a soma de todos os retornos do projeto na data zero

for maior que o investimento inicial, então o VPL do projeto está propício a ser

aceito;

1.3 Taxa mínima de atratividade

Ao desejar investir uma quantia, são comparados os prováveis resultados que serão

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proporcionados com os de outros investimentos disponíveis, assim a taxa de juros que o

dinheiro investido irá proporcionar deverá ser superior a uma taxa prefixada com a qual se

deve realizar a comparação. A taxa de juros prefixada é chamada de Taxa Mínima de

Atratividade (TMA) ou Taxa Mínima Atrativa de Retorno (TMAR). (HIRSCHFELD, 2000).

Segundo Clemente & Souza (2012) a taxa mínima de atratividade é a taxa de

desvalorização imposta a qualquer ganho futuro por não estar disponível imediatamente e é

evidente que a mesma oportunidade de investimento, avaliada sob certo horizonte de

planejamento, pode mostra-se viável ou inviável dependendo da taxa mínima de atratividade.

Segundo Ferreira (2012) a TMA é formada por três índices o risco do negócio, o custo

de oportunidade e a liquidez do negócio onde a análise destes três índices que podem variar

de formam independente de projeto para projeto.

1.4 Taxa interna de retorno

A Taxa Interna de Retorno (TIR) é muitas vezes chamada de taxa de retorno de um

fluxo de caixa descontado, taxa interna de retorno ou taxa verdadeira de retorno

(HIRSCHFELD 1998).

A taxa interna de retorno consiste na taxa de desconto que faz com que o VPL seja

zero, essa taxa faz com que as entradas futuras de caixa se igualem ao desembolso inicial do

projeto (FREZATTI 2007; CASAROTTO E KOPITTKE 2010).

Para calcular a TIR, Borges (2012) apresenta a equação 2:

Onde:

Investimento Inicial = ao desembolso realizado na data zero.

Ft = fluxo de caixa de cada período.

t = número de períodos envolvidos em cada elemento da série de receitas e

desembolsos do fluxo de caixa.

Utilizando a TIR como critério de se determinar a escolha do projeto, este é viável

quando a taxa interna do projeto for maior do que TMA (taxa mínima de atratividade), se a

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TIR for menor do que a TMA o projeto não é viável, não deve ser realizado. Isso assegura à

empresa que o retorno do investimento tem que ser igual ou maior do que o retorno mínimo

exigido por ela, considerando, por exemplo, uma taxa mínima de atratividade como sendo o

custo do capital de uma determinada empresa (HIRSCHFELD, 2000).

1.5 Payback

Segundo Frezati (2007), payback corresponde ao período de tempo necessário para

que a empresa recupere, por meio de entradas de caixa, o investimento inicial do projeto. O

Payback é uma maneira simples e objetiva de avaliação de investimento, pois ela irá dizer

quando haverá a recuperação do capital investido.

Kassai et al (2000) confirmam que o payback é o período de recuperação de um

investimento e consiste na identificação do prazo em que o montante de dispêndio de capital

efetuado seja recuperado por meio dos fluxos líquidos de caixa gerados pelo investimento.

Para o cálculo do payback, podem ser usadas duas equações, uma para fluxo de

entradas de caixa idênticas e outra para entradas diferentes (HIRSCHFELD, 2000).

Séries idênticas têm-se a equação 3:

Onde:

PB = payback.

Investimento = Desembolso inicial

Já para séries diferentes temos a equação 4:

Onde:

PB = Payback.

Ano = Último ano que o saldo do projeto ainda está negativo.

Saldo = o último valor do saldo antes da virada de negativo para positivo.

Entrada = a próxima entrada após a virada de negativo para positivo.

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1.6 Franquias

O conceito de franquia nasceu na idade média, quando a Igreja Católica passou a

conceder licenças ou franquias a senhores de terras para a coleta de impostos. O termo

franchising surgiu em 1851, nos Estados Unidos, devido a um fabricante

de máquinas de costura abrir o mercado para conceder licenças comerciantes independentes.

Em 1898, a General Motors expandiu sua rede de pontos de venda dos carros por ela

produzidos, através do uso de franquias, era o inicio das chamadas concessionárias. Em 1899,

a Coca-Cola criou a primeira franquia de produção, através de licenças para empresários

interessados em produzir e comercializar seus refrigerantes (RIBEIRO, 2009).

Silva (2010) explica que o aumento do sistema aconteceu após o final da Segunda

Guerra Mundial, quando milhares de americanos retornaram para os EUA determinados a

abrir seus próprios negócios.

O termo franchising tem a mesma essência do termo franquia, porém é mais utilizado

no mercado internacional, sendo assim os dois termos terão a mesma definição. Segundo

Valmari (2013) franchising/franquia consiste em replicar, em diversos locais ou mercados,

um mesmo conceito de negócio, ou seja: uma loja, uma clínica, um hotel, um restaurante, uma

oficina mecânica, uma locadora de DVDs, uma escola, uma lavanderia ou ponto de coleta de

encomendas expressas, entre outros nichos de mercado.

Segundo Silva (2010) franquia é um sistema onde o franqueador autoriza o franqueado

a explorar os direitos do uso da sua marca, produtos ou serviços, sistema de operação e

gestão, dentro de um mercado pré-definido. O SEBRAE (2010) orienta que antes de optar por

uma franquia, é fundamental que o empreendedor tenha uma visão geral dos aspectos que

envolvem o negócio, para tomar as decisões corretas, evitando futuras decepções, que os

acordos estabelecidos em contrato, entre franqueador e franqueado devem ser muito bem

estudados e esclarecidos, pois a maioria dos problemas entre as duas partes podem ser

evitadas neste momento.

2. Contextualização sobre o setor de franquias

Segundo Ribeiro et al (2013), o Brasil alcançou o posto de quarto maior mercado

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600 650 678 814 971 1013119713791643

185520312426

0

1000

2000

3000

Redes Franqueadoras

Redes Franqueadoras no Brasil

2001 2002 2003 2004 2005 2006

2007 2008 2009 2010 2011 2012

mundial como franqueador, com mais de noventa por cento deste total representado por

marcas nacionais e muitas já estão presentes no exterior. O gráfico 2, apresenta a evolução da

quantidade de redes franqueadoras no Brasil, no período de 2001 a 2012, segundo a

ABF(Associação Brasileira de Franchising) (2012).

Gráfico 2: Crescimento de redes franqueadoras

Fonte: Adaptado de Ribeiro et al, 2013.

O gráfico 2 apresenta o crescimento de redes franqueadas pelo Brasil, tendo

um aumento do ano de 2011 para o de 2012 de quase 20%.

O crescimento do faturamento do sistema de franquias entre os anos de 2001 e

2012 está presente no gráfico 3, segundo a ABF (2012).

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25.00028.00029.04431.639

35.82039.810

46.03955.032

63.120

75.987

88.855

103.291

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Faturamento em bilhões R$

Gráfico 3: Crescimento do faturamento do sistema de franquias

Fonte: ABF (2012).

O gráfico 3 demonstra que entre os anos de 2001 a 2012 o faturamento do sistema de

franquias vem crescendo, do ano de 2011 para 2012 esse crescimento foi de 16,25%, o que

acentua que o mercado de franquias se mostra um bom investimento.

Gráfico 4: Franquias por ramo de negócio

Fonte: ABF, 2012.

No gráfico 4 observa-se que o setor de alimentação teve 21% do faturamento

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geral das franquias no Brasil, ficando atrás apenas do setor de negócios serviços e outros

varejos, tornando-se o ramo de alimentação um negócio atrativo aos olhos dos investidores.

3. Método de Pesquisa

De acordo com Yin (2005), o método estudo de caso tem caráter empírico, e investiga

contextos atuais e reais, levando em consideração o fato de que as fronteiras entre onde o

contexto está inserido e o fenômeno, que é extraído de várias fontes de evidências, não são

definidas de forma clara.

Neste contexto o estudo de caso, pretende analisar a viabilidade econômica da abertura

de uma franquia, e assim, o estudo pretende analisar os dados referentes a vendas e os custos

com o investimento da abertura de uma loja de shopping, para analisar seu retorno financeiro

e ajudar os investidores a optarem pela melhor escolha de investimento.

Segundo Godoy (1995) os tipos de abordagens subdividem-se em: qualitativa e

quantitativa. Segunda a abordagem qualitativa, um fenômeno deve ser analisado de forma

integrada, pois ele pode ser compreendido com mais clareza dentro do âmbito no qual ele faz

parte. Para isso, é necessário que o pesquisador vá a campo buscar informações e dados,

considerando os pontos de vista relevantes, neste contexto as pesquisas corriqueiras são o

estudo de caso, pesquisa ação, observação participante e pesquisa participante.

Neste trabalho será utilizada a abordagem qualitativa com dados quantitativos, pois

serão qualificados os resultados estudados e serão utilizados bancos de dados de históricos de

vendas para estipular valores futuros e este estudo não pretende abordar o trabalho e como ele

é realizado, sendo relevante apenas o resultado de vendas que ele gera, para modelar os dados

necessários para a análise financeira.

O estudo de caso será abordado durante seis meses sendo de 01 de fevereiro de 2014 a

30 de julho de 2014, onde serão levantados os dados através de estudos em setores

responsáveis e em arquivos de históricos da empresa. Os dados colhidos serão tratados e

formatados de forma a apresentarem melhor compreensão.

4. Viabilidade econômica de uma franquia alimentícia

4.1 Apresentação da franquia

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A ideia do ramo de atuação desta franquia teve inspiração na cidade do Rio de Janeiro,

onde morava o proprietário da rede e o consumo de sanduíches tipo hotdog’s é muito comum,

porém a rede teve a inauguração de sua primeira loja de rua na cidade de Franca interior de

São Paulo seguida da abertura de mais duas lojas-shopping e loja de rua com salão de festas.

A loja comercializa sanduíches tipo hotdog’s compostos por ingredientes típicos de cada

região do país.

A localização das franquias leva em consideração o fluxo de pessoas, principalmente

do público alvo, a estrutura física do prédio, a proximidade com fornecedores, a proximidade

com o centro de distribuição dos materiais personalizados da rede e o fácil acesso a

estacionamento, onde a franquia estudada se localiza no shopping de Franca/SP, possuindo

oito funcionários, dividindo entre três setores, cozinha, montagem e caixa.

4.2 Apresentação dos dados

Os dados foram coletados na loja que a rede possui no shopping, no período de 01 de

janeiro de 2014 à 30 de junho de 2014, sendo um período de seis meses.

As informações foram feitas através de estudos realizados dentro da empresa e

fornecidos pelos respectivos responsáveis de cada área do projeto, como observado na tabela

9.

Tabela 8: Gastos com investimento em capital de giro, do ponto comercial e de obra.

Produto Quant. Custo Unit. Custo Total

Embalagens 14000 0,18R$ 2.520R$

Matéria-Prima (Salsicha, milho e etc) 1 4.780R$ 4.780R$

Material de uso (Grampo, luvas e etc) 1 2.700R$ 2.700R$

Total investido com capital de giro 10.000R$

Investimento do ponto comercial 6.000R$

Investimento de obra 52.000R$

Total investido 68.000R$

INVESTIMENTOS

Investimento com capital de giro

Fonte: Empresa estudada, 2014.

Na tabela 8 observam-se os investimentos utilizados para capital de giro que engloba

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os gastos com matéria prima inicial materiais de embalagens e material de uso, compra do

ponto que é um valor aproximado da negociação do ponto com a administradora do local e o

investimento de obra que são as reformas e adaptações necessárias devido a exigências da

franquia e problemas na estrutura.

Na tabela 9 está o valor gasto com investimento operacional que contém os gastos com

utensílios, equipamentos, mobiliário entre outros.

Tabela 9: Investimento Operacional.

Setores Custo Total

Cozinha 32.705R$

Marcenaria 5.050R$

Montagem 16.300R$

Ponto de Venda 17.280R$

Equipamentos Mesanino 14.000R$

Total investido 85.335R$

INVESTIMENTO OPERACIONAL

Fonte: Empresa estudada, 2014.

Na tabela 9 observa-se que os gastos estão divididos entre os setores que são: cozinha,

marcenaria, montagem, ponto de venda e equipamentos mezanino para facilitar a

compreensão de onde são investidos os gastos com investimento operacional.

4.3 Aplicação dos métodos de viabilidade econômica

A tabela 10 apresenta um resumo de todos os investimentos realizados para a abertura

da loja de shopping:

Tabela 10: Total dos investimentos em uma loja de shopping.

Investimento de operacional 85.335R$

Investimento capital de giro 10.000R$

Investimento do ponto comercial 6.000R$

Investimento em obra 52.000R$

Total investido 153.335R$

INVESTIMENTOS - LOJA DE SHOPPING

Fonte: Empresa estudada, 2014.

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Na tabela 10 visualizam-se de forma resumidas os custos com investimento

para inaugurar a loja.

Através do seu histórico de vendas, e estudos estimados, a rede disponibiliza

um fluxo de caixa do período de cinco anos que está demonstrado na tabela 11 a baixo, o qual

se toma como ideal.

Tabela 11: Fluxo de caixa estimado da franquia no período de cinco anos.

Ano Fluxo

0 153.335-R$

1 36.000R$

2 50.400R$

3 60.000R$

4 63.000R$

5 63.000R$

FLUXO DE CAIXA

Fonte: Empresa estudada, 2014.

Será utilizado este fluxo para efetuar os cálculos de viabilidade econômica da

franquia. A rede estipula que nos primeiros anos devido à falta de conhecimento do público

alvo o fluxo de caixa seja menor, e assim, a realização de promoções e divulgação o fluxo de

caixa aumente e se torne mais constante com o passar dos anos.

Para os cálculos a taxa mínima de atratividade considerada é de 18%. a.a., este

valor é um padrão estabelecido pela rede, com base no risco, na lucratividade e na

rentabilidade do projeto.

Tabela 12: Resultado do calculo da TIR.

Calculo da TIR

Ano Fluxo de caixa

0 -R$153.334,50

1 R$36.000,00

2 R$50.400,00

3 R$60.000,00

4 R$63.000,00

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5 R$63.000,00

TIR = 21% a.a.

Fonte: Empresa estudada, 2014.

Na tabela 12 apresenta o fluxo de caixa estimado pela empresa no período de

cinco anos, tendo para estes dados uma TIR de 21% a.a.

Tabela 13: Cálculo do payback.

Fonte: Empresa estudada, 2014.

Na tabela 13 temos um fluxo de caixa resultando em um saldo anual, o

momento em que esse saldo vira de negativo para positivo, tendo o retorno daquilo que foi

investido, mas o período exato desse retorno é no momento em que o saldo se torna zero, este

é o payback do projeto que neste caso é de 3 (três) anos.

4.4 Resultados

O VPL que é o valor presente dos investimentos subtraído dos desembolsos,

descontados a uma taxa igual ao custo de oportunidade, serve para demonstrar no momento

inicial antes do investimento, se a projeção deste será lucrativa, nula e resultará em prejuízo,

um VPL > 0, significa que o projeto é lucrativo e o investimento é vantajoso, o contrário

acontece pro VPL< 0.

O VPL deste projeto resultou em R$ 9.920, sendo este valor a diferença entre

o investimento e as entradas do fluxo de caixa, que foram trazidas para a data zero

considerando a TMA, portanto como o VPL apresentou um valor maior do que 0 (zero).

A TIR do projeto de 21%a.a. é maior do que a TMA de 18% a.a., tornando o projeto

mais lucrativo do que a taxa mínima de atratividade.

Ano Fluxo de caixa Saldo

0 -R$153.334,50 -R$153.334,50

1 R$ 36.000,00 -R$117.334,50

2 R$ 50.400,00 -R$66.934,50

3 R$ 60.000,00 -R$ 6.934,50

4 R$ 63.000,00 R$56.065,50

5 R$ 63.000,00 R$119.065,50

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Para franquias deste porte o mercado estima, levando em consideração casos já

existentes, um payback entre três e cinco anos. Para a franquia em estudo o payback é de 3

(três) anos.

5. Considerações finais

Neste trabalho observou-se a importância de se realizar uma análise da viabilidade

econômica de um projeto antes de se investir, para identificar os riscos e incertezas que este

projeto apresenta e a possível lucratividade ou prejuízo que este pode gerar, porque assim

pode-se decidir se os riscos são atrativos a ponto de superar os riscos que o projeto apresenta.

Com as ferramentas utilizadas os dados são trazidos para o momento inicial e assim os

resultados podem ser analisados antes de o investimento ser realizado, tornando assim

possível o levantamento e analise se os resultados obtidos com o investimento realizado

posteriormente são interessantes para o investidor, tais como, se a taxa é rentável e suficiente,

se o tempo para retorno do investimento está de acordo com a necessidade e se VPL traz

algum lucro em determinado período.

Neste contexto as três variáveis em estudo se mostraram vantajosas, obtendo um lucro

considerando o fluxo de caixa futuro trazido à data do investimento, uma taxa maior do que a

taxa mínima de atratividade em um tempo médio de retorno dentro do ideal. Conclui-se que o

projeto é economicamente viável, levando em consideração o prazo de cinco anos, sendo o

investimento na franquia vantajoso.

Todavia deve ressaltar que todos os dados são uma estimativa, podendo haver variação

de caso para caso, todavia estes dados servem para nortear as previsões para se alcançar o

cenário demonstrado neste trabalho.

O estudo realizado pretende contribuir para empresas e investidores que pretendem

realizar investimentos em novos negócios ou até mesmo investimentos para expansão que um

estudo realizado antes do investimento pode diminuir perdas e nortear decisões. Contribui

também para aqueles interessados em abrir uma franquia a conhecerem um pouco do

mercado, as vantagens e desvantagens deste mercado que demonstram grande crescimento no

cenário nacional.

Por fim este estudo teve o objetivo de trazer dados reais de uma empresa real para

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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utilizar ferramentas aprendidas na graduação a fim de analisar os resultados sem

interferências de interesses pessoais, e assim, contribuir de forma a despertar o interesse de

mais pessoas sobre o assunto, mostrando a utilidade e importância destas ferramentas.

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