Afundamentos momentâneos de tensão em ASDs – erros na ... · lizou-se um sistema de controle...

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Afundamentos momentâneos de tensão em ASDs – erros na avaliação de falhas na operação André Luis Bianchi 1 João Carlos Vernetti dos Santos 2 Resumo Os afundamentos momentâneos de tensão (Sag) figuram como um dos mais comuns problemas relacionados à qualidade da energia. A previsão do distúrbio, os procedimentos para sanar danos causados e o estudo dos efeitos e causas são tarefas complexas. O presente artigo apresenta experimentos de avaliação de três dispositivos de acionamentos a velocidade variável (ASDs) submetidos a eventos Sag. A partir dos dados coletados, observou-se que os três equipamentos apresentam suscetibilidade ao Sag. Ademais, evidenciaram-se variações de corrente atingindo valores superiores a 300% do valor nominal. Tais variações podem ter ocasionado os desligamentos dos ASDs, devido à atuação dos respectivos sistemas de proteção. Palavras-chave: afundamentos de tensão, Sag, ASD. Abstract The momentary sinkings of tension (Voltage Sag) they represent as one of the most common problems related to the quality of the energy. The forecast of the disturbance, procedures to solve caused damages and study of the effects and causes are complex tasks. The present article presents experiments of evaluation of three Adjustable Speed Drivers (ASDs) submitted to events Sag. Starting from the collected data, it was observed that the three equipments are sensitive to the Sag event. Besides, current variations were evidenced reaching superior values to 300% of the nominal value. Such variations might have caused the disconnections of ASDs, due to the performance of the respective protection systems. Keywords: dip voltage, Sag, ASD. 1 Engenheiro Eletricista. Professor na Escola ULBRA São Lucas. Mestre do Programa de Pós-Graduação em Engenharia: Energia, Ambiente e Materiais – PPGEAM. E-mail: [email protected] 2 Engenheiro Eletricista. Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia: Energia, Ambiente e Materiais – PPGEAM, na Universidade Luterana do Brasil – ULBRA. E-mail: [email protected] 1 Introdução O desenvolvimento da indústria, do comércio e da automação de prédios faz com que, a cada dia, mais equi- pamentos eletro-eletrônicos sejam utilizados nos mais diferentes tipos de processos e aplicações. Dentre estes equipamentos eletro-eletrônicos, os acionamentos à velocidade variável, que na literatura técnica também são conhecidos como ASDs (sigla proveniente da expressão em inglês Adjustable Speed Driver), figuram entre os mais utilizados (JESUS, NETO e COGO, 2001). ASDs são dispositivos que regulam a velocidade de motores assíncronos alimentados com corrente alter- nada. Esta regulagem é feita de forma eletrônica e assim como qualquer equipamento eletrônico, os ASDs sofrem com os distúrbios ocasionados por variações na tensão de alimentação, sejam eles longos como distorções na forma de onda da tensão, ou curtos como afundamentos momentâneos de tensão (Sag), sobre-tensões momentâ- neas (Swell), tensões transitórias e interrupções. 1.1 Justificativa Segundo Yalçinkaya, Bollen e Crossley (1998), os maiores causadores de distúrbios de energia elétrica nas indústrias, sejam por comando indevido ou desligamento de equipamentos eletrônicos, são os afundamentos momentâneos de tensão. Conforme a Operadora Nacional do Sistema – ONS (2007), as variações de tensão de curta duração (VTCD) são de dois tipos distintos: momentâneas e temporárias. A tabela 1 apresenta detalhes desta classificação. Geralmente, a causa dos Sags está relacionada a acionamento de cargas de grande porte, a curtos-circuitos ou a cortes de energia em algum ponto do sistema, não necessariamente onde ocorre o distúrbio. Conforme Sarmiento e Estrada (1996), eventos que provoquem eventos Sag, com duração de 200ms e amplitude igual ou inferior a 20% do valor nominal de tensão, acarretam desligamento na maioria dos ASDs. Além das aplicações industriais, os ASDs são

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Afundamentos momentâneos de tensão em ASDs – erros na avaliaçãode falhas na operação

André Luis Bianchi1

João Carlos Vernetti dos Santos2

Resumo

Os afundamentos momentâneos de tensão (Sag) figuram como um dos maiscomuns problemas relacionados à qualidade da energia. A previsão do distúrbio,os procedimentos para sanar danos causados e o estudo dos efeitos e causas sãotarefas complexas. O presente artigo apresenta experimentos de avaliação detrês dispositivos de acionamentos a velocidade variável (ASDs) submetidos aeventos Sag. A partir dos dados coletados, observou-se que os três equipamentosapresentam suscetibilidade ao Sag. Ademais, evidenciaram-se variações de correnteatingindo valores superiores a 300% do valor nominal. Tais variações podem terocasionado os desligamentos dos ASDs, devido à atuação dos respectivos sistemasde proteção.

Palavras-chave: afundamentos de tensão, Sag, ASD.

Abstract

The momentary sinkings of tension (Voltage Sag) they represent as one of themost common problems related to the quality of the energy. The forecast of thedisturbance, procedures to solve caused damages and study of the effects andcauses are complex tasks. The present article presents experiments of evaluationof three Adjustable Speed Drivers (ASDs) submitted to events Sag. Startingfrom the collected data, it was observed that the three equipments are sensitiveto the Sag event. Besides, current variations were evidenced reaching superiorvalues to 300% of the nominal value. Such variations might have caused thedisconnections of ASDs, due to the performance of the respective protectionsystems.

Keywords: dip voltage, Sag, ASD.

1 Engenheiro Eletricista. Professor na Escola ULBRA São Lucas. Mestre do Programa de Pós-Graduação em Engenharia: Energia, Ambiente e Materiais – PPGEAM.E-mail: [email protected]

2 Engenheiro Eletricista. Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia: Energia, Ambiente e Materiais – PPGEAM, na Universidade Luterana doBrasil – ULBRA. E-mail: [email protected]

1 Introdução

O desenvolvimento da indústria, do comércio e daautomação de prédios faz com que, a cada dia, mais equi-pamentos eletro-eletrônicos sejam utilizados nos maisdiferentes tipos de processos e aplicações. Dentre estesequipamentos eletro-eletrônicos, os acionamentos àvelocidade variável, que na literatura técnica também sãoconhecidos como ASDs (sigla proveniente da expressãoem inglês Adjustable Speed Driver), figuram entre osmais utilizados (JESUS, NETO e COGO, 2001).

ASDs são dispositivos que regulam a velocidadede motores assíncronos alimentados com corrente alter-nada. Esta regulagem é feita de forma eletrônica e assimcomo qualquer equipamento eletrônico, os ASDs sofremcom os distúrbios ocasionados por variações na tensãode alimentação, sejam eles longos como distorções naforma de onda da tensão, ou curtos como afundamentosmomentâneos de tensão (Sag), sobre-tensões momentâ-neas (Swell), tensões transitórias e interrupções.

1.1 Justificativa

Segundo Yalçinkaya, Bollen e Crossley (1998), osmaiores causadores de distúrbios de energia elétrica nasindústrias, sejam por comando indevido ou desligamentode equipamentos eletrônicos, são os afundamentosmomentâneos de tensão.

Conforme a Operadora Nacional do Sistema – ONS(2007), as variações de tensão de curta duração (VTCD)são de dois tipos distintos: momentâneas e temporárias.A tabela 1 apresenta detalhes desta classificação.

Geralmente, a causa dos Sags está relacionada aacionamento de cargas de grande porte, a curtos-circuitosou a cortes de energia em algum ponto do sistema, nãonecessariamente onde ocorre o distúrbio. ConformeSarmiento e Estrada (1996), eventos que provoquemeventos Sag, com duração de 200ms e amplitude igualou inferior a 20% do valor nominal de tensão, acarretamdesligamento na maioria dos ASDs.

Além das aplicações industriais, os ASDs são

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Fonte: ONS, 2007

Tabela 1 – Classificação das variações de tensão de curta duração VTCD – NOS

FonteTrifásica

Regulável

SistemaGeradorde SAG ASD

f

Registradorde grandezas

elétricas

Placa deaquisição

Computador

Figura 2 – Bancada de experimentos

oãçacifissalC oãçaruD edutingaM

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utilizados em elevadores para pessoas. Assim, umdesligamento de um equipamento para esta finalidadepode criar uma situação indesejável. Indústrias das áreasde plásticos, de tecidos e de papel são as que mais sofremcom o problema, pois o desligamento indesejado deum ASD em um processo contínuo pode causar perdassignificativas na produção, além dos custos relativosao tempo de interrupção do processo e à retomada daprodução (CUNHA e SILVA, 2003).

Segundo Santos e Silva (2003), os eventos Sagpodem não ser tão danosos para o processo produtivoquanto uma interrupção de longa duração. Porém, comoocorrem com maior freqüência, é provável que o im-pacto total devido aos Sags seja mais significativo. Oscustos de uma interrupção variam de consumidor paraconsumidor, basicamente em função da dependênciado consumidor da eletricidade, do distúrbio elétrico,por sua natureza e instante em que ocorre e do valormonetário da atividade interrompida. Segundo Abreu,Carvalho e Vilas-Boas (1999), no Brasil, prejuízos de-correntes de distúrbios de tensão podem atingir cercade dois bilhões de dólares ao ano.

A solução para se evitar a ocorrência de um eventoSag não é trivial, pois há muitos casos distintos devidoà estrutura do sistema e ao causador do evento(YALÇINKAYA, BOLLEN e CROSSLEY, 1998). Noentanto, evitando o efeito causado nos ASDs (ou seja,desligamentos não previstos), pode-se obter um ganhoem relação às perdas ocasionadas.

1.2 Objetivo

Este trabalho objetiva avaliar a sensibilidade deASDs frente à ocorrência de afundamentos momentâ-neos de tensão.

2 Metodologia

O presente trabalho é desenvolvido de acordocom as etapas a seguir.– Desenvolvimento do sistema gerador do Sag: para

reproduzir os afundamentos de tensão nos ASDs, uti-lizou-se um sistema de controle micro-processado,tendo como base o experimento de McEachern (2004),ilustrado na figura 1.

– Montagem da bancada para experimentos: a bancadade testes inclui uma placa de aquisição de dados comtaxa de aquisição de 18kHz; um registrador de grandezaselétricas com 7,6kHz de taxa de aquisição (que é amínima amostragem recomendada para medição dedistúrbios de tensão pelo IEEE); uma fonte regulávelde 3kVA; um sistema microprocessado responsávelpor provocar um evento Sag em qualquer das trêsfases e no intervalo de tempo desejado; três modelosde ASDs de mesma potência e de fabricantes distintose, como carga, um motor de indução trifásico compotência de 0,56 kW. A figura 2 ilustra, esquema-ticamente, a bancada montada para os experimentos.

Fonte: McEachern, 2004

Figura 1 – Etapa de potência para criação do Sag

Fontetrifásicavariável0~440V

60Hz

Saída paracarga emedição

L1 F1

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L2

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– Execução de testes com três modelos de ASDs e aná-lise dos dados: os ensaios foram feitos de acordo comos procedimentos de teste estipulados pela normaIEC 61000-4-11 (BOLLEN, 1997). A partir dos dadosobtidos com os testes, são feitas análises comparativasvisando identificar pontos de maior suscetibilidadede desligamento devido à ação do sistema de proteção.

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3 Resultados

No desenvolvimento do sistema gerador do Sag,utilizou-se um kit de desenvolvimento com micro-processador do tipo PIC16F877, sendo o programacomputacional desenvolvido em linguagem C. Nohardware, utilizaram-se as saídas digitais para o controledas chaves estáticas (triacs). Como entradas para o co-mando de disparo, que gera os eventos Sag, foram uti-lizadas chaves mecânicas (botões).

No sistema de controle implementado, o micro-processador de controle faz o desacionamento daschaves estáticas com triacs, criando assim um evento Sagde acordo com o tempo estipulado pelo operador. Ostipos de afundamentos de tensão aplicados aos ASDssão do tipo A (figura 3), onde o distúrbio é aplicadosimultaneamente em todas as fases de alimentação doequipamento. Para cada tipo de Sag aplicado, são consi-deradas amplitudes de 90% e 60% e duração de 10 e25 ciclos.

A etapa de potência, segundo McEachern (2004),utiliza chave estática com triac, ligada a um resistorem paralelo, sendo o conjunto colocado em série como ASD em todas as três fases de entrada. E, conformeanteriormente exposto, o microcontrolador controla ofuncionamento dos triacs de maneira individual.

O sistema de aquisição de dados utilizado foi daempresa National Instruments, composto por uma placade aquisição DAQCard – 6062E e o software LabView,onde é feito o aplicativo para aquisição dos dados. Tambémse utilizou um registrador de grandezas elétricas daempresa RMS. O monitoramento através do registra-dor fornece os valores rms dos sinais elétricos, e a pla-ca de aquisição fornece a forma de onda e o perfil dodistúrbio aplicado.

Os experimentos são feitos em três modelos deASDs de 2,2kW disponíveis no laboratório de máquinaselétricas da ULBRA, com as seguintes características:– ASD a – alimentado por tensão trifásica de 380V,

com potência nominal de 2,2kW (3cv);– ASD b – tensão nominal trifásica de 127V ou

monofásica 220V, também com potência nominal de2,2kW (3cv);

– ASD c – assim como os demais, este equipamentotem potência de 2,2kW (3cv), e a tensão de alimen-tação é bifásica 127V ou monofásica é 220V.

3.1 Execução dos testes com três modelos de ASDse análise dos dados

Os ensaios foram iniciados de acordo com osprocedimentos de teste da norma IEC 61000-4-11(BOLLEN, 1997), gerando os Sags do tipo A. Para cadatipo, amplitude e duração de distúrbio, monitoraram-seos valores rms de corrente e tensão do ASD através doanalisador de energia (128 amostras por ciclo). A formade onda da tensão de entrada e o perfil do distúrbio sãomedidos por meio da placa de aquisição de dados (300amostras por ciclo).

Os testes efetuados em cada equipamento estãodiscriminados por ASD. As correntes foram medidasde forma rms, mas são apresentadas sem escala, apenaspara se verificar se houve, ou não, alteração no funcio-namento do ASD após o evento Sag. Nas avaliações,pode-se observar uma pequena distorção na tensãomedida, justamente no cruzamento por zero; isto ocorredevido ao tempo de chaveamento dos triacs que sedesligam com uma corrente inferior a 5mA. Porém esteerro não é suficiente para afetar a suscetibilidade doequipamento, uma vez que a corrente da carga é cemvezes maior que a mínima para manter o triac ligado.

3.1.1 Avaliação do ASD a

Os testes efetuados consistem na aplicação deeventos Sag do tipo A, nos tempos de 10 e 25 ciclos,com intervalos de aplicação superiores a dez segundos,conforme recomendação do IEEE (2001).

Os dados obtidos nos experimentos com o ASDa submetido a Sags são mostrados nas figuras 4 e 5.Em cada uma destas figuras, há quatro gráficos queapresentam valores instantâneos (8000 amostras) e rms(100 amostras) de tensão. Adicionalmente, nestes mes-mos gráficos, como já mencionado, estão também indi-cados valores sem escala de corrente.

Fonte: Bollen, 1997

Figura 3 – Tensões Sag dos tipos A

Tipo A

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Figura 4 – Sag tipo A com 10 ciclos, aplicado ao ASD a

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Figura 5 – Sag tipo A com 25 ciclos, aplicado ao ASD a

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tensão instantânea (12000 pontos) tensão rms (100 pontos)

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Na figura 4, observa-se que, em todas as situa-ções, o equipamento teve desligamento parcial após odistúrbio e, decorrido um tempo, após o Sag, o acio-namento retomou a velocidade nominal. Entre o desli-gamento e o restabelecimento da velocidade nominaldo motor transcorreu um intervalo de cerca de 5 se-gundos. Pode-se, também, observar que há um pico decorrente no instante do evento 25% acima da nominal,o que poderia ter ocasionado acionamento do sistemade proteção.

Visualiza-se pela figura 5 (Sag tipo A 25 ciclos)que ocorreram desligamentos totais nos dois testes.Após cada evento, o ASD a não retomou a velocidade.Isto pode ser observado através das curvas de corrente,em que os níveis ficam bem abaixo daqueles ocorridosantes do distúrbio. A corrente visualizada após o Sag éa corrente de manutenção do ASD.

Nas figuras 4 e 5, observa-se que o ASD a mos-trou-se susceptível aos distúrbios aplicados. No casode 10 ciclos, houve apenas desligamento momentâneo,retomando a velocidade nominal em seguida. No caso

de 25 ciclos, houve desligamento total do ASD. Nestescasos, observa-se, pelos valores de corrente, que o desli-gamento ocorreu por falha do próprio ASD e não dosistema de proteção.

3.1.2 Avaliação do ASD b

O ASD b não demonstrou deficiência frente aosafundamentos de tensão de 60% e 90% aplicados. Nafigura 6, com Sag de 10 ciclos, observam-se variaçõesnos valores da corrente, mas, após o evento, ela nor-maliza.

Na figura 7, pode-se observar que também nãohouve alteração no funcionamento do ASD b após o Sag.A variação na corrente durante o evento se intensifica,mas retorna ao patamar de funcionamento nominal.

Nas figuras 6 e 7, observa-se que o ASD b não semostrou suscetível aos distúrbios Sag aplicados. Porém,pelos valores de corrente na figura 7, verifica-se que opico registrado aproxima-se de um valor 100% maiorque a corrente nominal; isto pode acarretar em acio-namento do sistema de proteção elétrica.

Figura 6 – Sag tipo A com 10 ciclos, aplicado ao ASD b

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ns

ão

[V]

Fase A Fase B

tensão instantânea (8000 pontos) tensão rms (100 pontos)

Sag A 90%

Figura 7 – Sag tipo A com 25 ciclos, aplicado ao ASD b

Figura 8 – Sag tipo A com 10 ciclos, aplicado ao ASD c

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(V)

Fase A Fase B Fase C

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Va(V) Vb(V) Vc(V) Ia(A) Ib(A) Ic(A)

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Te

ns

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[V]

Fase A Fase B Fase C

Sag A 60%

tensão instantânea (12000 pontos) tensão rms (100 pontos)

tensão instantânea (12000 pontos) tensão rms (100 pontos)

Sag A 90%

Sag A 60%

tensão instantânea (8000 pontos) tensão rms (100 pontos)

49

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do programa) no ensaio com amplitude de 90%. Apesardo pico de corrente ocorrido logo após o Sag, vale res-saltar que o desligamento se deu por problema do ASDc e não pelo sistema de segurança, uma vez que, apóso Sag, permanece uma corrente de manutenção do ASD.

Mesmo sendo ocasionado pela suscetibilidade dopróprio ASD, observa-se, na figura 9, que o desligamentopoderia ter sido devido ao sistema de proteção elétrica.O pico de corrente sucedido no ensaio foi superior a 300%do valor observado anteriormente ao Sag. Em todos ostestes com o ASD c, ocorreram picos de corrente superioresa 100%; o desligamento devido à proteção elétricapoderia ter sido visualizado em qualquer uma das situaçõesde distúrbio.

4 Conclusões

A avaliação de três ASDs submetidos a eventosSag demonstrou que cada dispositivo de acionamentoreage ao evento de forma singular.

Quanto ao ASD a, pôde-se observar que, na maioria

dos eventos aplicados, ele mostrou-se bastante vulne-rável ao Sag. O ASD b foi o mais estável e o único emque não ocorreram desligamentos. O ASD c apresentoucasos de suscetibilidade ao evento Sag. Da mesma formaque no ASD a, não é desejável, pois paradas imprevistasocasionam prejuízos. Pode-se, também, observar queo ASD c apresentou grande variação nos valores decorrente durante e logo após o evento; isto também foievidenciado nos outros equipamentos testados, poréma variação no ASD c é mais pronunciada.

Em apenas 16% dos casos avaliados, houvevariação inferior a 20% do valor nominal da corrente.Em 41% dos casos, houve variações entre 30% e 100%do valor nominal da corrente. Nos demais ensaios, regis-traram-se variações superiores a 100% logo após o eventoSag. Isto pode resultar em atuação do sistema deproteção elétrica, causando a falsa impressão de que odefeito tenha ocorrido em algum equipamento, aoinvés da constatação da má qualidade do suprimento deenergia.

A realização de ensaios desta natureza contribuipara o desenvolvimento e aprimoramento de técnicaspara evitar o efeito do distúrbio Sag. É necessária umaavaliação mais criteriosa sobre os efeitos de distúrbioselétricos, provenientes do sistema de alimentação, emASDs, devendo-se observar se o desligamento (reset)do acionamento se deu devido a problemas externosou internos.

Figura 9 – Sag tipo A com 25 ciclos, aplicado ao ASD c

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Fase A Fase B

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Fase A Fase B

Sag A 60%

tensão instantânea (12000 pontos) tensão rms (100 pontos)

tensão instantânea (12000 pontos) tensão rms (100 pontos)

Sag A 90%

3.1.3 Avaliação do ASD c

Nas figuras 8 e 9, observa-se que o ASD c mostra-se pouco suscetível a Sags de 60% e 90%. Na figura 8,os valores de corrente medidos apresentam variaçõesacima de 100% do valor nominal; isto pode acarretarno acionamento do sistema de proteção.

Na figura 9, observa-se um desligamento (reset

50

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Referências

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