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    Agrodok 23

    Culturas protegidas

    Construo, requisitos e uso de estufasem vrias condies climticas

    Ernst van HeurnKees van der Post

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    Fundao Agromisa, Wageningen, 2005.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida qual-quer que seja a forma, impressa, fotogrfica ou em microfilme, ou por quaisquer outros

    meios, sem autorizao prvia e escrita do editor.

    Primeira edio em portugus: 2005

    Autores: Ernst van Heurn, Kees van der PostEditor: Jansje van MiddendorpIlustraes: Mamadi Jabbi, Barbera OranjeDesign grfico: Eva KokTraduo: Lli de ArajoImpresso por: Digigrafi, Wageningen, Pases Baixos

    ISBN: 90-8573-025-2

    NUGI: 835

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    Prefcio 3

    Prefcio

    Este nmero da srie Agrodok trata da proteco das culturas hortco-

    las contra condies climticas desfavorveis. Este tema enquadra-sedentro da expanso registada a nvel mundial, durante as ltimas duasou trs dcadas, de estufas e tneis cobertos com filmes plsticos.

    O desenvolvimento de tcnicas sofisticadas de construo e de contro-lo do clima justifica explicaes a um nvel bsico. Esperamos queeste Agrodok consiga atingir este objectivo.

    Os autores encontram-se em dvida para com vrios revisores queofereceram sugestes preciosas e teis e queremos citar em especialDries Waayenberg do Instituto de Engenharia Agrcola e Ambiental(IMAG DLO, Wageningen) e Frits Veenman da empresa RoyalBrinkman B.V. em s Gravenzande, pelas suas contribuies constru-tivas e valiosas, as suas crticas e sugestes para a amplificao dotexto.

    Esperamos, sinceramente, que este Agrodok contribua para um desen-volvimento da horticultura intensiva a nvel mundial e que beneficieuma ampla diversidade de assessores e de empresrios.

    Os autores

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    Culturas protegidas4

    ndice

    1 Introduo 6

    2 Requisitos para o cultivo em estufas 82.1 Introduo 82.2 Ponto de partida quando se inicia um projecto de estufa 82.3 O registo do clima 92.4 Outros requisitos para um cultivo intensivo 162.5 Topografia do terreno 192.6 Infra-estrutura e distribuio espacial 20

    3 Estufas: tipos e construes 213.1 Introduo 213.2 Construes baixas 213.3 Tneis baixos 233.4 Tneis onde se pode andar 243.5 Tneis com possibilidade de regulao das condies

    climticas 263.6 Zonas de sombra 29

    4 Cobertura da estufa 314.1 Introduo 314.2 Cobertura de filme plstico 314.3 Efeitos dos materiais de cobertura 33

    5 Controlo das condies climticas na estufa 355.1 Introduo 355.2 Mtodos para regulao das condies climticas 355.3 Integrao dos vrios elementos do controlo das

    condies climticas 495.4 Reaces da cultura regulao do clima 55

    6 Abastecimento de gua e proteco das culturas 56

    6.1 Introduo 56

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    ndice5

    6.2 Abastecimento de gua e fertilizao 566.3 Mtodos de abastecimento de gua cultura 606.4 Controlo de doenas 626.5 Espaos para armazenamento e preservao 64

    6.6 Instrumentos e ferramentas necessrios 65

    7 Seleco, cuidados, mo-de-obra e rendimento dacultura 69

    7.1 Introduo 697.2 Culturas para diferentes tipos de estufas 697.3 Cuidados a ter com as culturas 717.4 Intensidade de trabalho 75

    7.5 Movimento financeiro 76

    Anexo: Quadros sobre dados climticos 78

    Leitura recomendada 83

    Endereos teis 85

    Glossrio 89

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    Culturas protegidas6

    1 Introduo

    O pedido de um nmero da srie Agrodok que se dedicasse ao tema da

    produo em estufas partiu de comunidades de agricultores e de horti-cultores comerciais, possuidores de pequenas empresas. As suas ne-cessidades dizem respeito, fundamentalmente, a solues simples para

    proteco das suas culturas, com utilizao de filmes plsticos (pelcu-la de matria plstica flexvel), tanto para pases (sub) tropicais como

    para regies mais frias, montanhosas, da frica e Amrica do Sul.Esperamos que este Agrodok satisfaa esta necessidade.

    Num futuro prximo cada vez se utilizar mais, e em diversas formas,o filme plstico. Isso ter como resultado que com poucos investimen-tos os agricultores e horticultores comerciais conseguiro trabalharmais intensa e eficazmente. Tal elevar os seu programa de produo ea qualidade das suas culturas podendo, assim, obter um melhor va-lor/preo de mercado para os seus produtos e, alm disso, poder-se-reduzir os riscos climticos.

    Desde tempos imemorveis que sempre se protegeram as culturascontra os efeitos desfavorveis do clima. Arbustos e paredes so uti-lizados contra os ventos, folhas de plstico e tbuas contra a severida-de da luz solar e da fora da chuva e o vidro contra o frio. A prticacentenria utilizada na Europa de cultivo sob vidro que colocadocom inclinao de 60 contra a parede, ainda pode ser encontrada naChina, perto de Pequim. Um sistema semelhante pode ser encontradonos planaltos da Bolvia, onde se utilizam paredes de barro e protec-es de filme plstico do lado onde bate o sol.

    O vidro o material que tem sido usado atravs dos tempos para per-mitir que a luz entre numa estufa. A descoberta do filme sintticotransparente constituiu um progresso revolutionrio pois possibilitouconstruir-se estufas muito mais baratas. A partir das ltimas dcadasexistem muitas estufas e tneis cobertos com filmes plsticos. Enor-

    mes complexos de estufas emergiram nas terras altas da frica Orien-

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    Introduo 7

    tal e tambm na Amrica do Sul, na regio dos Andes. Os pases ricosconstrem e supervisam estas estufas e os agricultores locais que ven-deram as suas terras a estas empresas tornam-se parte da fora de tra-

    balho. Eles aprendem como produzir em estufas e, possivelmente, eles

    prprios querem, mais tarde, fazer o mesmo, de forma independente,mas nessa altura numa estufa que esteja ao alcance das suas possibili-dades.

    A aparncia desta estufa depende do tipo de clima. As culturas devemser protegidas contra o frio ou a intensidade dos raios solares? Qualser a capacidade de ventilao ou a soluo estar numa coberturaque faa sombra? Em resumo, aquando da escolha de uma estufa e do

    seu equipamento, em primeiro lugar primordial tomar em considera-o os efeitos do clima local. Esta a razo porque iniciaremos comuma descrio de algumas das condies climticas muito diferentes edepois, ento, trataremos, em captulos subsequentes, dos tipos deestufas e das suas construes, tendo em conta a estufa mais apropria-da para um determinado tipo de clima.

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    2 Requisitos para o cultivo emestufas

    2.1 IntroduoQuando se escolhe uma estufa e o equipamento necessrio de pri-mordial importncia tomar em conta as condies climticas locais.

    Antes de se iniciar um projecto de construo de uma estufa deve-seestudar, cuidadosamente, o clima e a sua influncia sobre o crescimen-to das culturas que se planifica produzir. Este captulo fornece os prin-

    cpios para se iniciar uma estufa, a que se segue uma descrio doregisto do clima e outras condies necessrias para o cultivo em estu-fas. O captulo termina com a topografia e a infra-estrutura espacial doterreno.

    2.2 Ponto de partida quando se inicia umprojecto de estufa

    Antes de se iniciar um projecto de estufa deve-se verificar, minucio-samente, se se preencheram todos os requisitos para que o mesmo

    possa ter xito.

    Para tal necessrio possuir-se dados sobre:? clima? solo e gua?

    topografia? acesso area e as oportunidades existentes no respeitante a trans-porte e marketing

    ? No que diz respeito ao clima, para alm da proteco contra a flutu-ao das temperaturas, tambm necessrio proteco contra os

    poderosos raios solares (radiao solar), chuvas intensas, granizo eventos fortes. As culturas necessitam, frequentemente, de ser prote-

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    gidas contra uma combinao de condies atmosfricas como asque referimos.

    ? O tipo de solo, o seu perfil e localizao so aspectos aos quais sedeve prestar muita ateno. Por esta razo, para o projecto de estu-fas deve escolher-se, caso seja possvel, um solo com uma boa es-trutura, numa rea plana.

    ? Prestar cuidadosamente ateno para se assegurar uma boa drena-gem da gua para uma rea mais baixa.

    ? muito importante ter-se gua para irrigar e lixiviar o solo, de boaqualidade e em quantidade suficiente.

    ? Tambm se reveste de importncia a existncia de uma boa infra-estrutura para o transporte dos materiais e dos produtos, assim comoa disponibilidade de electricidade.

    ? Por fim, necessrio saber como vender os produtos que se preten-de produzir e as possibilidades existentes caso necessrio parase mudar para outras culturas.

    2.3 O registo do climaPara se poder obter uma boa viso de conjunto sobre o clima, nor-malmente basta dispor-se dos dados mensais mdios dos vrios facto-res climticos. Isto diz respeito, particularmente, aos dados sobre pre-cipitao, temperatura, radiao solar e humidade do ar. Mais adian-te dedicaremos uma especial ateno a este aspecto.

    Em primeiro lugar examinaremos estes factores separadamente. Noentanto, para se avaliar adequadamente o clima de uma determinadarea, tambm necessrio estudar a inter-relao entre estes factoresclimticos. Utilizaremos como base os dados climticos do banco dedados da FAO (Organizao para a Alimentao e Agricultura). Nofinal desta seco apresentada uma figura sobre condies climticasdiversas que ocorrem em vrias partes do globo.

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    PrecipitaoA distribuio da chuva ao longo do ano apresentada num quadrogeral/sinopse da precipitao mdia mensal (ver Apndice 16 onde seapresentam alguns exemplos de distribuio da precipitao). O nosso

    foco centra-se, principalmente, nos perodos secos e nos perodos dechuva. No caso de haver demasiada chuva necessrio certificar-se seh uma boa drenagem da gua em excesso, a partir do telhado da estu-fa (calha por onde se escoa a gua), assim como em redor da estufa(drenagem). A gua proveniente do telhado pode ser recolhida numatina por exemplo, coberta com um filme plstico forte para objec-tivos de irrigao. Uma capacidade suficiente de armazenagem degua ajudar a melhor aguentar os perodos secos.

    Normalmente a precipitao varia de ano para ano. Os picos, tantoaltos como baixos, podem resultar em problemas. Ser necessrio

    prestar-se uma ateno suplementar drenagem durante perodos ex-tremamente chuvosos. E, no caso de uma seca severa, o armazena-mento de gua de irrigao torna-se absolutamente uma necessidade.

    Nos casos dos climas subtropicais e temperados, o granizo e a nevetambm podem causar danos. preciso ter isto em consideraoaquando da seleco do material de cobertura e da solidez dos alicer-ces.

    Ao se fazer decises sobre a construo da estufa necessrio estar-se cer-to de que se dispe de informao suficiente sobre a precipitao, principal-mente no caso de dados extremos. Desta maneira poder-se- tomar as me-didas preventivas adequadas em relao ao abastecimento e drenagem dagua e descarga da gua da chuva

    TemperaturasO crescimento das plantas tambm se encontra dependente da tempe-ratura. Cada planta possui a sua prpria amplitude de variao de tem-

    peratura dentro da qual regista um crescimento ptimo. No quadro 1,que a seguir apresentamos, so dadas as temperaturas preferidas porvrias hortcolas

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    Quadro 1: Amplitude de variao de temperaturas para o cresci-

    mento ptimo de vrias hortcolas

    Cultura Temperatura Cultura Temperatura

    Tomate 18-23C Melo 13-18C

    Alface 10-18C Pimento doce 18-23C

    Rabanete 20-26C Couve 15-23C

    Feijo verde 18-25C Beringela 22-26C

    Paksoi 20-24C Pepino 22-26C

    As temperaturas ptimas que so apresentadas no quadro podem re-gistar um desvio mnimo, tanto para cima como para baixo, sem quetal provoque qualquer dano grave para o crescimento da cultura. Uma

    temperatura mxima de 28 para a cultura do tomate e do pimentodoce significa, no caso de se registarem temperaturas superiores aessa, que se dever utilizar ventilao (danos graves apenas ocorremse as temperaturas forem superiores a 35 C) e a couve e a alface po-dem suportar temperaturas mnimas que se situam no limiar dos 0C.

    O factor vento-frio tambm se reveste de muita importncia para aplanta. Uma humidade atmosfrica baixa e muito vento tambm po-dem causar danos mais precocemente. O que se tem que tomar emconta que, em determinada ocasio, tambm pode ocorrer uma subi-da ou queda repentina de temperatura. Caso j se tenha passado poresta situao sensato assegurar-se que a estufa se encontra adequa-damente apetrechada para se lidar com esta situao (ver Anexo paraas temperaturas mximas e mnimas em C em alguns locais do glo-

    bo).

    Assegure-se de que dispe de informao sobre as temperaturas extremasda regio, de modo a se possuir as medidas e o equipamento necessrioscom vista ao controlo climtico da estufa. Tambm se reveste de importnciaa instalao de equipamento de monitorizao para regulao das condiesclimticas no interior e no exterior da estufa. evidente que os preos tam-bm desempenham um papel nesta questo.

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    Durao da luz solarO crescimento e nvel de produo das plantas tambm dependem, emgrande medida, da quantidade de luz solar que a cultura recebe diari-amente. A durao da luz solar constitui, portanto, uma boa bitola de

    medida. Um grande nmero de culturas reage a dias mais curtos oumais longos (a que se chama fotoperiodicidade das culturas). Esta arazo porque to importante que se conhea a durao do dia aolongo de todo o ano. Pode-se alongar o dia utilizando luz artificial oudiminui-lo com a utilizao de persianas (p.e. filme plstico preto).

    Normalmente estes mtodos so utilizados nas regies tropicais parase estar certo que as culturas tm a oportunidade de passar pela fase dedesenvolvimento necessria (ver o Apndice 1 para dados sobre a du-

    rao da luz solar).

    necessrio conhecer-se a durao do dia para se poder seleccionar acultura que se pretende cultivar. A quantidade total de radiao solardetermina a taxa de crescimento e o nvel de produo. A variao dadurao da luz solar est fortemente relacionada com as diferenas nadurao do dia. Para mais o padro de precipitao anual e a escuridoque a acompanha tambm constituem factores crticos. A topografiado pas e, em especial, a presena de montanhas, produzem um efeitona quantidade de nuvens.

    Humidade relativaA humidade relativa do ar, HR (ver o Glossrio para definio), afecta,de vrios modos, o crescimento e a sade das culturas. Por um lado,uma HRelevada encoraja doenas fngicas devido a que sob tempera-turas flutuantes e um aumento abrupto de evaporao durante as pri-meiras horas da manh (madrugada) pode ocorrer facilmente conden-sao na cultura. Desse modo, criam-se as condies ideais para queos esporos dos fungos germinem rapidamente. Uma HR elevada tam-

    bm pode causar o enfraquecimento da cultura e esta tornar-se maissusceptvel a mudanas, tal como seja um aumento brusco de evapora-o. No obstante muito mais fcil controlar-se uma HR elevadanuma estufa que num campo a cu aberto. Em primeiro lugar, a cultu-

    ra no se molha quando chove. A ventilao provoca um ar mais frio

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    com uma humidade baixa e a HR baixar atravs do aquecimento. Poroutro lado, uma HRbaixa tambm pode ter as suas desvantagens poisdesta maneira a taxa de transpirao ser demasiado elevada. Podem-se tomar algumas medidas como sejam: rega de asper-

    so/borrifamento, cobertura e arrefecimento. Uma HR baixa umavantagem em climas com temperaturas baixas para reforar o arrefe-cimento. Diferenas como estas so decisivas para um bom ou maucrescimento da cultura (para exemplos de dados sobre a humidademdia do ar, ver Apndice 1).

    Os valores mdios de HR apenas fornecem uma indicao global so-bre a humidade. Como regra, a HR mais alta s primeiras horas da

    madrugada e mais baixa durante o meio dia. Estes so, pois, os mo-mentos crticos para se regular o clima na estufa. Por esta razo es-sencial que se proceda a uma monitorizao constante das condies

    prevalecentes, para se ser capaz de regular adequadamente o climanuma estufa como reaco a mudanas verificadas na HR.

    As plantas podem desenvolver doenas fngicas no caso da HR ser elevadae por isso que se deve ajustar o clima na estufa. Contudo, tambm ne-

    cessrio prestar-se ateno a uma HR baixa, na medida que tal se passa,normalmente, quando a temperatura diria est mais elevada. A monitoriza-o da HR , pois, de importncia crucial.

    Velocidade e direco do ventoQuando se constrem estufas tem que se ter em conta o vento. Caso

    predomine uma certa direco de vento, ser, ento, sensato construira estufa virada para o vento. A estufa necessitar de ter fundamentos

    slidos, especialmente se a probabilidade de ventos fortes causaremdanos estufa for elevada. A cobertura de filme plstico e, particular-mente, o sistema de ventilao necessitam de ser protegidos contra osdanos provocados pelo vento. Uma direco predominante de ventotambm pode afectar gravemente a ventilao. Para alm disso, tam-

    bm se deve tomar em considerao esta direco predominante quan-do/se se colocarem quebra-ventos.

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    Assegure-se que a construo pode suportar ventos fortes e certifique-se quese encontra bem fixa para evitar que seja soprada pelo efeito de vcuo .Num clima ventoso necessrio escolher um filme plstico de boa qualidade.

    Evaporao potencialAs estaes meteorolgicas monitorizam a evaporao (ver Glossrio

    para definio) a partir de uma superfcie isenta de gua, atravs daassim chamado tanque de evaporao. Tal apresenta uma grande se-melhana com a perda de gua de uma cultura que cobre por completoo solo e tem um abastecimento ptimo de gua e, por esta razo, estasmedies constituem dados muito teis para o produtor. A quantidadede evaporao determinada, principalmente, pela radiao solar ain-da que a velocidade do vento, a temperatura e a HR tambm contribu-am de alguma maneira. Para se monitorizar numa cultura a evaporao

    prevalecente o que importante a taxa diria de evaporao quepode ir at 6 ou 8 mm nas regies tropicais e at a 9 mm nas zonasridas subtropicais (com uma maior durao do dia).

    A evaporao dentro de uma estufa cerca de dois teros da que severifica a cu aberto. A cobertura da estufa e os seus elementos deconstruo interceptam 20 a 30% da radiao (luz) solar, quase queno h impacto do vento e a HR geralmente mais elevada. Tal no

    possvel se as temperaturas forem um pouco mais altas. muito im-portante manter a cobertura da estufa limpa! claro que a evaporaoaumentar de novo atravs do aquecimento (ver Apndice 1 para e-xemplos de taxas potenciais de evaporao).

    Na Figura 1 apresentam-se diversos tipos de clima em vrios lugaresdo globo. Estes dados so constitudos pelas mdias dos meses De-zembro e Junho. Mostram as vrias quedas pluviomtricas em milme-tros, as temperaturas mximas e mnimas de Dezembro e Junho, onmero de horas dirias de luz solar, a humidade relativa (HR) e aevaporao potencial (Ep) dirias, em milmetros.

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    Figura 1: Comparaes entre diversos lugares no mundo nos me-

    ses de Dezembro e Junho

    1. Quito, Equador Dezembro JunhoPrecipitao - 101 mm - 47 mmTemperatura - mx 23, mn 8C - mx 22, mn 7CLuz solar -5,52 h p d - 5, 16 h p dHumidade relativa - 69 % - 67 %Evaporao potencial (Eo) - 3,8 mm p d - 3,7 mm p d

    2. Aeroporto Lod , Israel Dezembro JunhoPrecipitao - 162 mm - 0 mmTemperatura - mx 20, mn 9C - mx 30, mn 17CLuz solar - 5,95 h p d - 11,97 h p dHumidade relativa - 71 % - 68 %Evaporao potencial (Eo) - 1,6 mm p d - 7,4 mm p d

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    3. Nova Deli, ndia Dezembro JunhoPrecipitao - 9 mm - 67 mmTemperatura - mx 23, mn 8C - mx 40, mn 29CLuz solar - 8,16 h p d - 7,45 h p d

    Humidade relativa - 49 % - 38 %Evaporao potencial (Ep) - 2,3 mm p d - 8,5 mm p d

    4. Bandung, Indonsia Dezembro JunhoPrecipitao - 203 mm - 59 mmTemperatura - mx 31, mn 17C - mx 30, mn 15CLuz solar - 6,44 h p d - 7,56 h p dHumidade relativa - 73 % - 77 %

    Evaporao potencial (Ep) - 5,3 mm p d - 4,6 mm p d

    5. Nairobi, Qunia Dezembro JunhoPrecipitao - 115 mm - 29 mmTemperatura - mx 23, mn 13C - mx 22, mn 11CLuz solar - 7,96 h p d - 5,85 h p dHumidade relativa - 74 % - 73 %Evaporao potencial (Ep) - 4,9 mm p d - 4,0 mm p d

    Prestar uma ateno especial aos dados climticos nos vrios quadros apre-sentados no Apndice 1.

    2.4 Outros requisitos para um cultivo intensivo

    Propriedades fsicas do solo, humidade e gua subterrneaO teor de humidade nas estufas essencial caso se pretenda obter orendimento de produo mais elevado possvel. A permeabilidade dosolo e o nvel de toalha de gua subterrnea tambm desempenhamum papel predominante.? O hmus, em particular, e a argila em menor extenso, retm gua,

    sendo, portanto, constituintes importantes do solo. O solo que nopossui hmus resseca rapidamente e necessita de ser regado com

    mais frequncia e regularidade.

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    Requisitos para o cultivo em estufas 17

    ? O produtor da estufa tem que drenar a gua em excesso para evitarencharcamento. Por isso o melhor um solo permevel, de boa qua-lidade.

    ? Para alm disso o nvel da toalha de gua subterrnea deve ser bai-xo (60-80 cm no nvel mnimo abaixo do solo) de modo a que agua em excesso possa baixar facilmente. Caso o nvel da toalha degua subterrnea seja alto, ento a gua dever poder fluir para asreas mais baixas atravs de drenos.

    A profundidade da zona principal de raizame (camada superior dosolo) depende das necessidades que a planta tem para se desenvolver

    optimamente. De um modo geral, o adequado uma camada com 40 a50 cm de profundidade. Tem que poder arejar e drenar bem. Existemdzias de culturas que podem fixar as razes a uma maior profundida-de.

    Pode-se aumentar a fertilidade adicionando nutrientes gua da irri-gao de modo a que as plantas as possam absorver mais rapidamente.Caso o solo debaixo da estufa tenha estado coberto durante um longo

    perodo de tempo, o contedo de sais que no podem ser absorvidosaumentar. Para alm disso, tambm se dar a salinizao da camadasuperior do solo caso a gua de superfcie estagne frequentemente e agua subterrnea apenas desaparea do solo atravs de evaporao.Pode-se medir o grau de salinizao utilizando um medidor CE (con-dutividade elctrica) (ver Glossrio para definio).

    Caso a lixiviao no ocorra naturalmente com a chuva ou no caso de

    ser insuficiente, ento o solo deve ser lixiviado com gua neutra.Normalmente a l ixiviaoefectua-secom grandes quantidades degua (200 a 300 mm), de preferncia poro por poro para permitirque os sais se dissolvam gradualmente. Seguidamente importanteque a gua se possa drenar rapidamente atravs da gua subterrnea,levando com ela o excedente dos sais dissolvidos. Nos solos pouco

    profundos (com um nvel elevado de toalha de gua subterrnea) indispensvel haver um sistema de drenagem intensivo para que severifique uma lixiviao e uma descarga eficazes da drenagem da

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    gua. Caso a lixiviao do solo apresente dificuldades insuperveis, autilizao de vidro, l de vidro ou l mineral como meio de crescimen-to poderia ser a resposta. Contudo, tal requereria uma forma maiscomplexa de cultivo em estufa que necessitaria o uso de rega gota a

    gota e adio de fertilizantes artificiais. Pode-se chegar a um compro-misso dispondo canteiros no solo, utilizando areia grossa envolvidaem filme plstico. Desta maneira toda a gua excedentria contendosais pode ser drenada atravs do solo.

    Tomar em considerao a permeabilidade do solo para se evitar a ocorrnciade toalhas altas de gua subterrnea, o que pode causar salinizao e danifi-car as razes das plantas. O solo pode ser analisado de um modo simples at

    uma profundidade de um metro, utilizando-se uma sonda de gua Deelman(ver 6.6 ).

    Propriedades qumicas e fertilidade do soloA investigao sobre a fertilidade do solo para benefcio do cultivomoderno em estufas, normalmente levada a cabo em laboratrios, oque implica anlises qumicas e fsicas dos micro e macro-elementosdo solo. Tal possibilita que sejam dados bons conselhos sobre diversos

    tipos de fertilizantes.

    O procedimento normal medir a quantidade dos elementos mais im-portantes tais como:? NH4 (amnia/amonaco)? K (potssio)? Na (sdio)? Ca (clcio)? Mg (magnsio)? NO3 (nitrato)? Cl (cloro)? SO4 (sulfato)? HCO3 (hidrocarbonato)? P (fsforo).

    Tambm se determina o pH (ver Glossrio para definio), a acidez eo valor CE .

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    Pode-se medir um grande nmero destes elementos, tanto em amostrasdo solo, como em amostras de gua. Tambm se podem determinarmicro-elementos que influenciam o crescimento da planta, como se-

    jam:

    ? Fe (ferro)? Mn (mangans)? Zn (zinco)? B (boro)? Cu (cobre)? Mo (molibdnio).

    Ademais, durante a produo da cultura tambm se pode fazer uma

    anlise completa, suplementar.

    Conhea a qualidade do seu solo para poder aplicar fertilizantes. Caso pos-sua uma grande explorao agrcola, considere a possibilidade de fazer umcontrato como um laboratrio de anlises de gua e solo para se poder asse-gurar que so tomadas as decises acertadas no que respeita a fertilizao ea fertirrigacao (combinao de gua e fertilizantes)

    2.5 Topografia do terrenoO tamanho e a forma do talho determinam, parcialmente, onde a es-tufa ou os tneis podem ser construdos. Dum ponto de vista de irriga-o sempre aconselhvel construir numa parcela de terreno horizon-tal. Tambm pode ser sensato ter em considerao, desde o incio,futuras ampliaes da estufa. Em relao drenagem de superfcie sonecessrios calhas (drenos para escoamento da gua) com uma incli-

    nao suficiente para as reas mais baixas a partir das quais a guapode ser descargada para canais ou rios. As calhas podem ser cobertasou descobertas dependendo da composio do solo. No caso de irriga-o de superfcie so necessrias calhas para transportar a gua para as

    plantas. A inclinao determina a quantidade e velocidade do transpor-te da gua.

    Preste ateno topografia do seu terreno. O cho da estufa tem que ser omais horizontal possvel.

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    Culturas protegidas20

    2.6 Infra-estrutura e distribuio espacialTendo em conta um equipamento de produo mais caro e uma quali-dade mais elevada do produto, importante considerar a localizaoespacial da sua explorao agrcola. O cultivo em estufas necessita deuma maior ateno que o cultivo que feito a cu aberto, num campo(necessita, por exemplo, de um controlo climtico dirio). Por estarazo o lugar do cultivo deve ser de fcil acessibilidade, em qualquermomento

    necessrio dispor-se sempre de uma estrada/caminho acessvel e emboas condies para o transporte de produtos e de materiais, tanto para

    a explorao agrcola como para fora desta. Tambm se deve estarseguro no respeitante disponibilidade de gua de irrigao, de boaqualidade. E no caso de se considerar uma ampliao da empresa decultivo em estufa, uma ligao rede elctrica tambm constitui umrequisito importante de produo.

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    Estufas: tipos e construes 21

    3 Estufas: tipos e construes

    3.1 Introduo

    A maneira segundo a qual se pode efectuar a proteco das culturas demodo a se promover o seu crescimento e a melhorar o perodo de cres-cimento pode variar desde mtodos simples e baratos at mtodoscomplicados e utilizando um alto coeficiente de capital. Existem vri-os tipos de construes e respectivos materiais de cobertura. Nesta

    publicao limitar-nos-emos s construes que so adequadas paraserem cobertas com filmes plsticos e materiais de abrigo/resguardo.

    Tambm necessrio ter em conta a altura e outras necessidades dacultura.

    3.2 Construes baixasA forma mais simples de cobertura uti-lizando filmes plsticos transparentes,finos, colocados no solo. Para se assegu-

    rar que o filme plstico no seja levadopelo vento, necessrio que nos seuslados se aplique algo pesado, contra osolo. Este um mtodo que pode ser uti-lizado em reas com clima moderado, naPrimavera. Ao se cobrir os canteiros cri-ar-se- uma temperatura ligeiramentemais elevada e a humidade ser retida, o

    que aumentar a germinao e o cresci-mento das plantinhas. Logo aps a trans-

    plantao, tambm se poder cobrir osolo tal como se faria no caso da alface.

    No caso de se utilizar filme plstico perfurado, pode-se deixar a cober-tura durante um pouco mais de tempo, na altura em que as temperatu-ras sobem, na Primavera, e aproveitar o facto de se verificar um cres-cimento um pouco mais acelerado. Ademais, tambm se pode verificar

    uma troca de gases, de modo que o fornecimento necessrio de CO2

    Figura 2: Um apoio sim-ples com material de

    abrigo/ resguardo

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    para a fotossntese no se encontra em perigo. A cobertura do solocom folhagem ou algo similar constitui o mtodo mais barato e apli-cado normalmente num clima soalheiro. Poder-se- acrescentar um

    pouco mais de estrutura, atravs de um apoio simples e colocando-se

    material de resguardo/abrigo por cima (ver Figura 2).

    As plantinhas jovens tero, assim, espao para se desenvolverem li-vremente. Muitas vezes, pode-se erigir uma pequena construo sobreestacas, em cima dos viveiros, no topo do qual se pode fixar, diago-nalmente, material vegetal de resguardo, usando para tal arame, ma-deira ou bamb. Isto oferece, em certa medida, proteco contra chu-vas pesadas e sol forte. Deve-se prestar especial ateno orientao,

    no que respeita a direco do sol e dovento (ver Figura 3).

    Construes abertas como a ilustradana figura so mais adequadas para a

    proteco de toda a cultura, nas regi-es tropicais. Tais construes man-tm as plantas mais secas e estastero menos problemas com doenasfngicas e, dessa maneira, poupar-se-- no controlo de doenas. A produ-o tambm ser de melhor qualida-de.

    De modo a se evitar o crescimento deervas daninhas e a limitar-se a evapo-rao, pode-se utilizar filme plstico preto para cobrir o solo. Nessasituao plantar-se-o as plantas nos orifcios que foram feitos no

    plstico. Em estufas utiliza-se filme plstico preto e branco. A superf-cie superior, branca, assegura o reflexo da luz, que favorvel para odesenvolvimento da cultura. Previne, tambm, qualquer elevao pro-nunciada da temperatura do solo, quando a luz solar irradia no filme

    plstico. A proteco dos canteiros e dos viveiros contra a severa luz

    Figura 3: Proteco contra

    chuvas pesadas e forte luz

    solar

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    Estufas: tipos e construes 23

    solar, precipitao e para se evitar a dessecao das plantinhas es-sencial para se obter um bom material para plantio.

    3.3 Tneis baixosTneis baixos e tneis pequenos nos quais se pode andar so, de factoestufas em miniatura. Existem diversos tipos desses tneis, compostos

    por uma armao semicilndrica de apoio, coberta com plstico. AFigura 4 ilustra alguns modelos que incluem as suas dimenses.

    Figura 4: Tneis baixos e suas dimenses

    A armao de suporte pode ser feita de arcos de madeira, bamb, tu-

    bos flexveis de plstico (os que so usados para fios de electricidade)ou arame forte. Os arcos tm que ser colocados distanciados cerca de2 ou 3 metros uns dos outros e enterrados no solo. Depois de se esticaro filme plstico (por exemplo, de polietileno ou PVC) sobre os arcos,os lados podem ser enterrados no solo, com uma camada de terra. Arestante fixao do tnel feita por meio de uma corda ou com aramesobre o filme plstico em cada um dos arcos de suporte. Para efeitosde ventilao, o filme plstico pode ser levantado ou deslocado um

    pouco.

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    fixar as aberturas feitas para a ventilao entre o comprimento dasjuntas (ver fig. 5).

    Caso o filme plstico seja estendido no sentido do seu comprimento

    (longitudinalmente) necessrio fix-lo de maneira especial nas ex-tremidades dianteiras, para alm do lado que est fixado ao cho. Omtodo de ventilao para tais tneis tem que estar ligado com o sis-tema de construo e de revestimento/cobertura.

    Figura 5: Tnel onde se pode andar (da altura de uma pessoa)

    Um tnel simples apresenta limitaes:? Num clima quente os meios de ventilao simples limitam as op-es de cultivo.

    ? O uso de filme de polietileno (PE) barato significa que a coberturaapenas durar uma campanha agrcola porque se romper por acoda radiao solar e da frico. Isto implica mais custos para a suasubstituio e mais refugo. Em vez disso poder-se- comprar porum preo razovel um PE com UV estabilizado, que dura muito

    mais tempo.

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    ? Uma fixao simples do filme plstico vulnervel a danos causa-dos por intempries.

    ? difcil apoiar culturas de porte alto com suporte, de modo ade-quado.

    Os tneis individuais so utilizados em grande escala. Oferecem al-guma proteco contra o frio e, especialmente no caso de culturas com

    porte alto e vulnerveis, tambm protegem contra o vento e a chuva. Aexperincia demonstrou que tambm ocorrem limitaes como resul-tado de temperaturas e da humidade do ar excessivamente elevadas.

    possvel obter-se uma melhor ventilao com o auxlio de tcnicasadicionais, mas a sua utilizao tambm requer alguma experincia.

    3.5 Tneis com possibilidade de regulao dascondies climticas

    A regulao das condies climticas, as opes de cultivo e o tempode durao dos tneis registou diversos melhoramentos, resultado dalarga experincia com o uso de tneis de plstico. Na figura 6 so ilus-trados tneis com uma construo slida.

    Figura 6: Tnel com uma construo slida

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    Estufas: tipos e construes 27

    As dimenses so tais que possibilitam que haja espao suficiente parase poder trabalhar no seu interior e para se produzir uma diversidadede culturas de maior porte. A sua estrutura constituda por tubos gal-vanizados que tambm podem ser reforados com arames, no sentido

    do comprimento. Os espaos entre os arcos de suporte devem ser de 2a 2,5 metros para poderem aguentar ventos fortes e o peso da neve. Noentanto, a desvantagem da utilizao de arcos de ao e de arame resideno facto de o filme plstico ter mais probabilidades de se danificarmais rapidamente atravs da frico com o metal. O isolamento comfita isoladora ou com fita de espuma entre o arco de ao e o filme,

    pode ser muito til. Suportes em cruz (braadeiras de estabilidade) somais robustos e, para mais, oferecem a oportunidade de apoiar plantas

    mais altas.

    O passo na direco de tneis nos quais se pode regular as condiesclimticas constitui apenas uma questo monetria. Contudo, o inves-timento em tal passo apenas se justifica caso o agricultor possua aexperincia necessria com a cultura visada e com o equipamento demonitorizao que ser necessrio. Um passo na boa direco ser atroca de experincias com colegas, assessores especializados, extensi-onistas e fornecedores.

    Na sua forma mais simples, uma estufa formada por vrios tneis aco-plados tem a assim chamada construo de telhado plano. Este tipo deestufas encontra-se predominantemente no Sul de Espanha. O filme

    plstico utilizado para cobertura , normalmente, de PE, de uma quali-dade simples, e deve ser substitudo aps cada cultura de inverno.

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    Figura 7: Construo com um telhado plano

    As larguras (extenso dos lados) do filme so colocadas no cho atodo o comprimento da estufa. So abertas rachas de ventilao entreas larguras do filme plstico. Na medida em que a construo carecede uma estrutura robusta, as plantas mais altas so suportadas comestacas. A construo ilustrada na Figura 7 mais ou menos horizontale a ventilao ocorre atravs da cobertura ao se deslocar o filme.

    Os tneis de duas construes em arco, acopladas, dos quais se desen-volveram uma variedade de construes so, de longe, mais comuns,embora se verifiquem diferenas no que respeita largura das abertu-ras e aos mtodos de proteco e ventilao (ver Figuras 8 e 9).

    Figura 8: Tnel onde se utiliza filme plstico mostrando um corte

    transversal (perfil transversal) e uma ventilao lateral de enrola-

    mento (que tambm aplicada nas construes duplas em arco,

    acopladas)

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    Estufas: tipos e construes 29

    Figura 9: Construo dupla (dois tneis em arco, acoplados) com

    ventilao no telhado, efectuada atravs da sua deslocao, total

    ou parcial

    As estufas com sistemas de tneis duplos, com construes em arcoou com vrios tneis acoplados, so utilizadas para se valorizar o es-

    pao. Nestas estufas ocorrem menos perdas marginais e trabalhar ne-las mais conveniente e eficiente. A regulao das condies climti-cas efectuada de modo similar que se verifica nos tneis individu-

    ais bem apetrechados e at pode ser feita mecnica e automaticamente.Outros pontos positivos so: maior uniformidade da cultura e maispossibilidades de mecanizao, como seja o transporte dentro do tnel.Nas regies tropicais o nmero de tneis que podem ser construdospegados uns aos outros limitado, na medida em que a ventilaoatravs dos lados importante e mesmo indispensvel.

    3.6 Zonas de sombraNas regies com um clima soalheiro, seco ou durante a estaco secanum clima de mones, crucial que as culturas se encontrem prote-gidas contra o sol abrasador. Nesse caso coloca-se, normalmente, umresguardo/cobertura que faa sombra, por cima das plantas jovens,especialmente aps se verificar o envazamento (plantao em vasos)ou para estacas/mudas. Se se tratar de um perodo mais prolongado,nesse caso colocar-se- um resguardo permanente. A maneira mais

    fcil utilizar-se folhas como sejam as frondas das palmeiras, mas

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    Culturas protegidas30

    resguardos feitos de material tecido, de rede ou de malha duraro maistempo. O material de resguardo varia quanto qualidade e o grau se-gundo o qual impede a entrada de luz. O material de resguardo podeser fixado a uma construo de estacas ou de tubagem com soldadura

    (ver Figura 10). A construo pode ser fixa nos lados, por questes deestabilidade. As zonas sombreadas so predominantemente utilizadasnas regies com prolongada insolao. A ventilao (arrefecimento)faz-se atravs das aberturas laterais da rede de cobertura. Tal propor-ciona a oportunidade de se poder produzir uma diversidade de culturassem haver a necessidade de se utilizar estufas com um sistema de arre-fecimento mais sofisticado.

    Figura 10: Zona de sombra (Rovero)

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    Cobertura da estufa 31

    4 Cobertura da estufa

    4.1 Introduo

    De modo a se proteger a cultura contra as influncias externas, reves-te-se de primordial importncia que se utilize material de boa qualida-de para a sua cobertura. Neste captulo discutem-se as vantagens, asdesvantagens e os efeitos de vrios materiais.

    4.2 Cobertura de filme plstico

    O filme plstico que mais correntemente utilizado para a coberturado solo ou da estufa (revestimento) o polietileno (PE). Outros filmesplsticos so opoli(cloreto de vinilo) (PVC), acetato de vinil e etilenoe acetato de vinil EVA, poliester e Tedelar(ver o quadro 2). A van-tagem do PE em relao a outros filmes plsticos que pode ser pro-duzido em todos os tipos de larguras e espessuras e tambm barato.Uma das desvantagens que tem uma durabilidade limitada. No en-tanto, pode-se prolongar, significativamente, o seu tempo de durao

    caso seja resistente aos ultravioletas (UV). Se aquando da sua fabrica-o lhe for acrescentado acetato de vinil, (polmero EVA), tal aumen-tar a capacidade do filme para melhor poder reter o calor durante anoite, na estufa.

    Podem-se utilizar filmes PE muito finos e, por isso, tambm muitomais baratos normalmente com uma espessura de cerca de 30 a 50microns (0.03-0.05 milmetros) para cobrir os viveiros e canteiros de

    plantas.

    Para que o plstico no seja levado pelo vento este pode ser enterradono cho. As reas maiores do solo tambm podem ser cobertas comtiras mais largas de filme plstico.

    Caso seja necessrio utilizar o filme plstico por um perodo de tempomais longo, o que permite, assim, que a cultura coberta cresa um

    pouco mais, ento ser prefervel utilizarum filme plstico perfurado.

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    Culturas protegidas32

    Para se obter uma perfurao por metro quadrado de 4 ou 5 % , furam-se, mecanicamente, entre 500 a 1000 buracos no plstico. Tal assegu-rar uma boa troca de dixido de carbono e de oxignio, o que facilita-r a eliminao de calor excessivo, num clima com muito sol. evi-

    dente que se perde uma pequena parte do efeito da reteno de calor,mas a cobertura do solo ainda preservar a vantagem de limitar asperdas de transpirao.

    Para a cobertura de tneis e estufas o filme plstico mais utilizado ofilme PE de 150 ou 200 microns (0,15-0,20 milmetros) O filme PE

    pode ser fabricado com a mesma espessura do EVA. O seu preo maiselevado reflecte nitidamente as suas melhores propriedades. No qua-

    dro que a seguir apresentado, pode-se ver uma sinopse das proprie-dades dos filmes plsticos sobre os quais nos debruamos.

    Quadro 2: Propriedades dos filmes plsticos

    Transmisso da luz (%)Indicao dopreo por

    Espessuraem mm 90 60

    Transmis-so de IR

    Durabili-dade

    PEMuito barato

    0.03 0.05 92 80 0.7-0.8 > 6 meses

    PE resistente aosUVBarato

    0.15-0.20 92 80 0.5-0.6 3-4 anos

    EVAPreo moderado

    0.15-0.20 91 79 0.3-0.4 3-4 anos

    PVCBastante barato

    0.15-0.20 89 78 0.2-0.3 1-2 anos

    Melinex polyesterBastante caro

    0.05-0.125 93 82 0.1-0.2 8-12 anos

    Teddelar

    Caro

    0.20 94 0.4 5-7 anos

    (Fonte: C. von Zabelitz, 1988, A. van Ittersum, 1997)

    O valor de transmisso da luz aplica-se ao material novo. Por aco daidade(processo de envelhecimento) e da poluio, a transparncia domaterial diminui gradualmente. A diferena pode atingir 10 a 20 %. Atransmisso da luz mais elevada quando a luz solar se encontra numa

    posioperpendicular cobertura da estufa (90). No entanto, tal ape-

    nas se verifica durante uma pequena parte do dia e o efeito diminui

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    Cobertura da estufa 33

    medida que o sol desce para o horizonte. Pode-se atribuir um valor de60 luz que entra na estufa a partir de vrios ngulos. Quando o solse encontra baixo, a transmisso da luz , de longe, muito menor,como resultado de perdas substanciais de reflexo. Deste modo, a

    quantidade de radiao solar que pode penetrar, efectivamente, naestufa encontra-se dependente da orientao desta.

    A transmissibilidade da luz dos diversos filmes plsticos no apresentamuitas diferenas entre si, ao contrrio do que se passa com a deterio-rao por aco de envelhecimento. A transparncia do polietileno edo filme plstico Tedlar mantm-se durante muito mais tempo do quea de outros filmes, mas eles so dez vezes mais caros que o PE e PVC.

    A transmisso da luz pode reduzir-se drasticamente atravs de gotcu-las de condensaosobre a superfcie interna da cobertura. Esta arazo porque se desenvolveram mtodos para evitar a formao degotculas. Depois de o plstico ter recebido um tratamento anti-condensao (anti-vapor) a condensao decrescer gradualmente edesaparecer, completamente, dentro de um perodo de um ou doisanos.

    4.3 Efeitos dos materiais de coberturaA luz que entra na estufa aquece o solo, a cultura e a construo. Areflexo da energia r adiantepode ser atenuada, em menor ou maiorgrau, pela cobertura de filme plstico. No que se refere ao assim cha-mado efeito de estufa, pode-se verificar enormes diferenas entre osvrios filmes: o PE apenas retm o calor at a um certo ponto, o EVAtem um efeito muito maior, enquanto o PVC e o Melinex (ver quadro2) so excepcionalmente bons e o Tedlarpossui propriedades modera-das de reteno do calor. A condensao tem um efeito positivo nareteno do calor, especialmente quando se utiliza PE e EVA. O valorde durabilidade do filme aplica-se a um clima temperado. Sob condi-es climticas em que o calor do sol abrasador, o filme durar mui-to menos tempo, especialmente nos casos de PE e PVC. A experincia

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    Culturas protegidas34

    em relao utilizao de filme plstico EVA que bastante favor-vel. No h muitos dados sobre a experincia com filmes mais caros.

    Um desenvolvimento recente, totalmente diferente, o fabrico de fil-

    me que tem um certo efeito de arrefecimento. O filme Astrolux, queno foi mencionado no Quadro 2, fabricado especialmente para regi-es onde existe uma prevalncia de elevada radiao solar. Nas estufasque so cobertas com este filme, pode-se manter as temperaturas domeio dia entre 6 ou 7 mais baixas do que se se utilizasse outros tiposde cobertura (atravs de uma elevada reflexibilidade). evidente queo preo deste filme elevado e, portanto, est muito longe de poderser utilizado em pequenas exploraes agrcolas.

    Para se cobrir os tneis padro utiliza-se, habitualmente, um filmeplstico de PE. Num clima quente, as qualidades inferiores no querespeita reteno do calor podem, efectivamente, funcionar comouma vantagem porque se pode eliminar um excesso de energia radian-te. Caso se pretenda, realmente, reter mais calor e se procure uma co-

    bertura barata, o PVC constitui uma boa escolha. No entanto, sermelhor escolher EVA, na medida em que a sua melhor durabilidadecompensa bastante o facto do seu preo ser mais elevado. A utilizaodo Melinex, um produto muito caro, ainda se encontra limitada e oTedlar ainda no est a ser utilizado pois no pode ser fornecido nasdimenses apropriadas para utilizao.

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    Controlo das condies climticas na estufa 35

    5 Controlo das condiesclimticas na estufa

    5.1 IntroduoAs condies climticas na estufa so reguladas atravs da ventilao,aquecimento e arrefecimento e atravs da utilizao de sistemas decobertura. A regulao dum factor climtico tem, normalmente, umefeito sobre os outros factores. Por exemplo, aumentar a temperatura

    provoca uma descida da humidade relativa. A ventilao afecta a tem-peratura assim como a humidade do ar, enquanto a cobertura afecta a

    transmisso de luz (o nvel de assimilao) assim como a temperatura.

    A regulao das condies climticas muito mais difcil se o clima seco e soalheiro e, particularmente, imediatamente aps a transplanta-o, quando apenas uma pequena parte do solo se encontra coberto

    por plantas. A transpirao da cultura desempenha um efeito importan-te no que respeita estabilidade das condies climticas dentro daestufa. Uma transpirao em excesso exige muita energia para se as-segurar que no se verifica um aumento excessivo da temperatura doar e que h um aumento da humidade do ar. Nas prximas secesdebateremos os diversos mtodos utilizados para controlo das condi-es climticas.

    5.2 Mtodos para regulao das condiesclimticas

    VentilaoEfectua-se a ventilao abrindo-se parte da cobertura da estufa, na

    parte lateral, no telhado ou na entrada dianteira ou traseira. Num climaquente a superfcie que pode ser aberta para ventilao necessita de ser

    pelo menos 20 a 25 % do casco da estufa (at mais nas regies tropi-cais). A ventilao tem que ser feita quando se regista uma grande

    subida de temperatura ou de humidade do ar, mas deve ser feita poretapas, gradualmente, para se evitar mudanas bruscas nas condies

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    Culturas protegidas36

    climticas, que provocam um choque nas plantas. Nas Figuras 11, 12 e13 so apresentados alguns exemplos.

    Figura 11: Ventilao lateral por enrolamento na parte vertical do

    casco

    Figura 12: O sistema de ventilao funciona puxando-se cordas

    que abrem fendas numa estufa revestida de filme plstico

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    Controlo das condies climticas na estufa 37

    Figura 13: Ilustrao geral das possibilidades de ventilao em

    estufas com filme plstico

    Explicao:a = janela de ventilao simples

    b = janelas contnuas de ventilaoc = janela de ventilao no fronto de entradad = ventilao efectuada por uma porta abertae = ventilao efectuada pela empena lateral, de cima para baixo

    f = ventilao efectuada a partir da empena lateral de baixo para cimag = ventilao contnua atravs da elevao da parte de cima da janela

    Seria prtico caso as janelas de ventilao se pudessem abrir e fecharde forma gradual,manual ou mecanicamente. No caso de construesextremamente simples poder-se- apenas abrir as portas ou fazer umaabertura permanente. Existem muitas e variadas possibilidades de seventilar manualmente. Frequentemente e por questes prticas, deixa-

    se tudo aberto ou parcialmente aberto, mas evidente que tal noconstitui uma regulao ptima da ventilao. Nas estufas melhorequipadas a ventilao (mecnica) ajustada situao climtica e snecessidades da cultura. Tal conduz a resultados mais fidedignos.

    O calor concentra-se, principalmente, na parte mais elevada do tnel.As aberturas de ventilao que se encontram nesta parte da estufa so,

    portanto, as mais eficazes mas, muitas das vezes, encarecem a cons-

    truo do tnel. importante que as janelas sejam prova de vento

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    Culturas protegidas38

    quando se encontram fechadas assim como nos vrios ngulos em quepodem ser abertas. Pode-se selar as aberturas com rede mosquiteira.

    Resguardos

    As culturas que no podem suportar sol em excesso necessitam de umresguardo. Tal aplica-se a culturas que apreciam a sombra, mas tam-bm essencial para se tapar um canteiro ou quando as plantas somuito pequeninas. Os resguardos reduzem, em parte, a evaporao demodo que a absoro/reteno de gua pela cultura pode compensar a

    perda de humidade. De outro modo o aquecimento excessivo das clu-las da planta poder causar queimadura ou desidratao interna, tendocomo resultado o apodrecimento da ponta das flores nos tomates e nos

    pimentos e em queimaduras das extremidades da alface e da couve,por exemplo. Para finalizar, bom ter resguardos caso o sol possasurpreender de repente as plantas, aps um perodo de cu tapado.Um resguardo movvel pode ser muito til quando o tempo muda in-termitentemente de soalheiro para nublado.

    Figura 14: Um resguardo no exterior de uma estufa

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    Controlo das condies climticas na estufa 39

    Obviamente que a utilizao de resguardos mais necessria em regi-es com um clima quente e com muito sol. Quanto mais quente for oclima e mais sensvel a planta, maior a necessidade de se utilizar umresguardo. Esta a razo pela qual os materiais de resguardo se podem

    obter numa ampla variedade de percentagens de sombreamento. Osresguardos devem proteger contra uma parte da energia radiante dosol. Ser mais eficaz colocar o resguardo na parte de fora da estufa,

    pois assim a parte do calor solar que bloqueada pelo resguardo nopoder aquecer a estufa e muitas menos as plantas.

    No obstante, um resguardo exterior mais vulnervel a condiesclimticas e tambm necessitar de uma construo adicional na estu-

    fa, embora haja vrias solues (ver figura 14). Geralmente o que sefaz, especialmente nas regies com um clima moderado, colocar oresguardo dentro da estufa. Claro que para tal se necessita de umaconstruo adicional, que pode ser realizada no interior de um tnelatravs de suportes de arame fixados armao (ver figuras 15 e 16).

    Figura 15: Resguardo no interior de um tnel

    Nas regies quentes e soalheiras est em voga o cultivo exclusivamen-te sob um sistema de resguardo. Nesse caso o material de resguardo fixo numa fundao, onde a ventilao se pode efectuar livremente

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    (ver Figura 10, entrada sombreada). Por exemplo, esta a maneirasegundo a qual possvel cultivar na Pennsula Arbica.

    Figura 16: Resguardo no interior de um tnel: corte transversal

    AquecimentoMuitas vezes torna-se necessrio aquecer a estufa ou o tnel para evi-tar que as culturas sejam danificadas por aco do frio e possam al-canar um crescimento ptimo. Pode-se obter um aquecimento passi-vo por intermdio da reteno de calor e um aquecimento activo ao seutilizar mais aquecimento no interior do tnel.

    Aquecimento passivo

    ? Cobertura com filme plstico bvio que se se cobrir o cho com filme plstico e utilizando-setneis e estufas, que uma parte da energia radiante diria pode ser reti-da. Isto constitui, pois, uma forma de aquecimento passivo.

    ? Conservao do calor na guaUma parte da energia radiante do sol tambm pode ser retida, de for-ma barata, colocando-se sacos de plstico pretos, cheios de gua, entreas linhas de culturas, em cima do solo. Esta gua aquece durante o diae liberta, gradualmente, o seu calor para o ar da estufa. No entanto,

    pena que pela manhzinha, na altura que o ar exterior est mais frio, alibertao de calor tambm seja a mais baixa. Para alm disso, estemtodo barato tambm vulnervel porque podem ocorrer, facilmen-te, perdas de gua.

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    ? Filme plstico que retm o calorUma melhor forma de reter calor adicional escolher um plsticomais caro para cobrir a estufa, facto que j foi mencionado no Captu-lo 3, ou seja a utilizao de filme plstico EVA, mais caro, que o

    mais frequentemente usado para estes objectivos. Tambm se podeutilizar uma camada dupla de filme plstico para cobrir a estufa outnel. A desvantagem apresentada por este mtodo, relativamente maiscaro, que a luz que transmitida estufa menos intensa, de modoque o crescimento retardado.

    ? Resguardos de energiaTambm j se utilizam, desde algumas dcadas, resguardos de ener-

    gia para reduzir a perda de calor durante a noite. Considerando que jse tem um resguardo para proteger contra os abrasadores raios do sol,este tambm pode ser fechado noite para manter o calor dentro daestufa. Tm sido fabricados materiais de resguardo que consistem detiras de alumnio que podem, de maneira muito eficaz, manter de foraa energia radiante, podendo, assim, tambm ser usados como resguar-dos de sombra. Claro que um tal investimento no barato.

    ? Esteiras de palhaA prtica de enrolar esteiras (de palha) para cobrir a estufa durante anoite antiga e universal, embora exija muito trabalho (ver Figura 17).

    Figura 17: As esteiras colocadas sobre a estufa retm o calor

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    ? Camada de estrume quenteUm outro mtodo muito antigo de aquecimento do solo a utilizaode uma camada quente de estrume. Ao se empilhar estrume fresco,rico em palhas e cobrindo-o com uma camada de terra, origina-se uma

    fermentao microbiana que produz calor. Desta maneira a temperatu-ra da superfcie superior do solo aumenta, o que promove o desenvol-vimento do raizame e o crescimento da cultura. Para mais liberta-seCO2, o que estimula a fotossntese (ver Glossrio para definio). Oacrescentamento de palha enriquecida com fertilizante azotado, o qualse humedece, pode acelerar a fermentao. Tambm se pode utilizar

    palha em fardos, que devem ser cobertos com uma camada de terra daestufa, de 15-20 cm, depois de se ter assegurado que a palha foi hu-

    medecida completamente e embebida com o fertilizante azotado. Atemperatura pode elevar-se at 30C ou at mais, dependendo, eviden-temente, da quantidade utilizada por metro.

    Aquecimento activo

    O aquecimento activo de uma estufa algo que tambm tem vindo aser praticado desde h muito tempo.

    ? Aquecimento do arNa sua forma mais barata tal feito colocando-se um ou mais aquece-dores na estufa e canalizando os fumos de refugo para cima e para forada estufa atravs de uma tubagem gradualmente ascendente (verFigura 18). Desta maneira pode-se tentar obter um certo grau de dis-tribuio da produo de calor. Na China ainda se utiliza um sistemaantigo em estufas compridas onde chamins ligeiramente inclinadas seencontram ao longo de toda a estufa, transportando fumo quente pro-veniente de uma fornalha que se encontra na parte da frente, inclinado

    para a estufa. evidente que quanto mais afastado se est da fornalhamais baixas so as temperaturas.

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    Figura 18: Os tubos da fornalha aquecem toda a estufa

    As fornalhas mais modernas distribuem o ar aquecido por toda a estu-fa. Pode-se tratar de pequenos fornos pendurados nos quais se queimacombustvel limpo (sem enxofre pois o dixido de enxofre txico

    para as culturas), por exemplo gs propano, (ver Figura 19).

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    Figura 19: Uma fornalha pendurada numa estufa

    Claro que para isso necessrio que haja fornecimento de electricida-de. Os fumos de refugo contendo dixido de carbono (CO2)que tam-

    bm til para o crescimento, permanecem, ento, na estufa. Caso aestufa no necessite de ser ventilada, a assimilao pode ser impulsio-nada por este fornecimento de CO2 a partir dos fumos de refugo, assimcomo um fornecimento de CO2 puro. Os gases txicos, incluindo omonxido de carbono (CO) e o metano (CH4) so libertados por umacombusto incompleta o que pode ser extremamente prejudicial tanto

    para os seres humanos, como para as plantas.

    Para alm destas fornalhas, que esto penduradas, tambm h as queassentam no cho e que dispersam o ar aquecido na estufa atravs deuma ventoinha, mas dessa maneira espalham os fumos de refugo parafora da estufa (ver Figura 20), criando-se, assim, o risco de poluioatravs do ar da estufa. Existe uma vasta gama destas fornalhas no

    mercado.

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    Figura 20: Uma fornalha que assenta no cho

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    Borrifamento do telhado da estufa.Estufas bem equipadas por vezes possuem um sistema de asperso quemantm o telhado da estufa molhado, quando necessrio. A pequenaquantidade de gua com a qual o telhado da estufa borrifado segun-

    do intervalos, evapora com o calor do sol e arrefece o ar circundanteem alguns graus. A ventilao que efectuada com este ar, um tantoou quanto mais frio, assegura um melhor clima dentro da estufa. Noentanto, apenas a gua da chuva pura apropriada para este objectivo.A gua dos rios ou fontes contm sais em soluo que poluiro rpidae gravemente a estufa, medida que a gua se evapora e os poluentesse acumulam no telhado da estufa.

    ? Borrifamento do resguardoUm sistema de asperso que borrifa gua no resguardo a partir de bai-xo, tambm pode causar arrefecimento. Isto efectuado em regiesexcessivamente soalheiras e secas (ridas), onde se cultiva em zonasde sombra (ver Seco 5.1.2).

    ? Resfriamento/Arrefecimento evaporativo atravs do uso de res-friadores e de ventiladores

    Sob condies climticas quentes e secaspode-se conseguirum climaaceitvel dentro da estufa utilizando um sistema de arrefecimento dear de superfcie hmida (sistema de resfriador e de ventilador) Talconsiste em colocar os resfriadores evaporativos (feito de placas cons-titudas por diferentes materiais porosos) numa entrada da estufa demodo a que estes possam estar constantemente hmidos atravs de umsistema de asperso.

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    Figura 22: Arrefecimento do ar de superfcie hmida sistema de

    resfriador evaporativo e de ventilador

    Os ventiladores na entrada, na outra extremidade, retiram o ar arrefe-cido e tambm hmido das placas porosas, em toda a estufa e parafora desta. medida em que o ar se espalha em toda a estufa, a luzsolar aquece-o, gradualmente, em certa medida. Quanto mais secoestiver o ar, tanto mais eficaz ser o arrefecimento, na medida que o ar

    pode absorver mais gua condensada das placas porosas. Est fora dequesto, pois, uma ventilao livre. (ver Apndice 1, Quadro 8 Arre-fecimento de ar de superfcie hmida). Os resfriadores evaporativos

    podem facilmente ser cheios com fibra de coco que dura vrias esta-ces. Tambm se podem comprar resfriadores evaporativos manufac-turados, com uma estrutura de colmeia, que permanece intacta durante

    vrios anos.

    ? Borrifamento dentro da estufa.Em dias quentes ou num clima quente, pode-se, por vezes, fazer oarrefecimento da estufa com uma instalao de asperso, o que pode

    produzir resultados satisfatrios. Para isso absolutamente necessrioque se utilize gua limpa. Contudo, necessrio proteger com umainstalao de neblina algumas culturas como sejam plntulas/estacas

    que requerem uma elevada humidade do ar.

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    Sumrio das aplicaes dos mtodos de controlo dascondies climticas:

    Quadro 3: Possibilidades de controlo das condies climticas em

    vrios tipos de estufas

    ventilao resguardoAqueci-mento

    arrefeci-mento

    Cho coberto de filme pls-tico e tneis pequenos

    +/- - - -

    Espaos simples para andarem tneis e estufas

    + +/- - -

    Estufas com maiores capa-

    cidades tcnicas++ + +/- +/-

    - no se aplica+/- sistemas simples+ sistemas bons++ sistemas avanados

    5.3 Integrao dos vrios elementos do

    controlo das condies climticasAt aqui discutimos quatro maneiras de regular as condies climti-cas (atmosfricas) num tnel ou numa estufa, nomeadamente, ventila-o, resguardo, aquecimento e arrefecimento. O modo de concretiza-o depende dos requisitos das culturas, das condies climticas ouatmosfricas e, claro, do tipo de cobertura da cultura e da construoda estufa. Na Seco 6.6 descreve-se alguns equipamentos simples de

    monitorizao.Filme plstico para cobertura do cho e tneis pequenos

    No possvel regular as condies climticas apenas atravs da co-bertura dos canteiros, ou mesmo de todo o campo, com filme plstico.O plstico deve ser removido antes que a temperatura debaixo dele setorne demasiado elevada, havendo, portanto, perigo de queimadura.

    No obstante, se se utilizar plstico perfurado, o que permite uma cer-

    ta ventilao, nesse caso pode-se adiar a remoo do plstico. A utili-

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    de rega por asperso. Como que se regularia o clima dentro da estu-fa?

    Mede-se a temperatura e a humidade do ar com um termmetro de

    temperaturas mximas e mnimas e com um termmetro de reservat-rio hmido/seco, respectivamente. O melhor local para guardar estesinstrumentos numa caixa ventilada. Deve-se fazer diversas leituras

    por dia, durante as quais se deve prestar particular ateno luz solare s nuvens. Para se conhecer os efeitos do clima essencial que estasobservaes sejam feitas com uma estrita regularidade, por exemplo,anotando as leituras dos termmetros que se encontram no exterior daestufa s 7 horas da manh, ao meio-dia e s cinco da tarde. Dentro da

    estufa estas leituras ainda se devem fazer com muito maior frequncia.Esta tarefa pode ser bastante facilitada caso se disponha de um termo-higrmetro para se fazerem os registos. Desta maneira, apetrechadoscom os conhecimentos adquiridos de todas estas possibilidades e pres-tando-se ateno aos requisitos da cultura, est-se apto para regular ascondies climticas/ambientais.

    Sempre que haja a ameaa premente de um aumento excessivo detemperatura e de humidade do ar, faz-se ventilao. A humidade do artambm pode diminuir atravs da ventilao. Nesse caso deve-se pro-ceder ao borrifamento com gua, caso seja possvel.

    Vejamos como decorreria um dia na estufa:? De manhzinha, bem cedo - Est uma manh cheia de sol, a tempe-

    ratura do ar eleva-se e a cultura comea a transpirar muito, au-mentando tambm, dessa maneira a humidade do ar na estufa. Em-bora a temperatura do ar aumente, algumas partes das plantascomo sejam os frutos e os ramos mais grossos, aquecem mais len-tamente enquanto o aumento de humidade pode atingir o ponto decondensao e as outras partes da planta podem ser afectadas pelahumidade. A condensao tambm ocorre mais facilmente na partede baixo da cultura, fomentando, assim, o desenvolvimento de fun-

    gos. por esta razo que se deve ventilar cerca de 25% mesmo que

    a temperatura no seja demasiado elevada.

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    ? A meio da manh - Se se tornar mais quente, por exemplo, acimados 25C, ento a ventilao deve ser efectuada utilizando-se 50%da capacidade disponvel. Caso a temperatura continue a aumen-tar, por exemplo, para 28-30C, ento ventile em 100%. (Janelas

    que se podem abrir em vrias posies so perfeitas para uma re-gulao por etapas). Isto tambm se aplica s partes que se podemenrolar das paredes laterais e das aberturas que se podem abrirtanto quanto for necessrio (ver Seco 4.2 Ventilao).

    ? Durante o dia nesta altura as condies atmosfricas desempe-nharo o seu papel fazendo com que a humidade do ar baixe dras-ticamente enquanto a temperatura aumenta. A seguir, necessita-se

    de mais ajuda: humidificao do ar da estufa e/ou da cultura demodo a elevar a humidade do ar. Como que se estabelecem os va-lores marginais? Quando mais alta for a temperatura tanto maisrpido se atingem os valores marginais. Assim, a uma humidade doar de 40% e uma temperatura de 25C ser mais ou menos toseco como a uma humidade do ar de 60% a 30. Uma pequenaquantidade de gua de asperso, digamos, meio litro por metroquadrado ou at menos, ser adequada para humidificar a cultura.

    At mesmo apenas manter molhados os caminhos entre as culturasj ser suficiente. Ser, no entanto, necessrio usar o aspersor casoa cultura seja jovem e ainda no tenha coberto todo o solo. Atranspirao da planta no contribui em muito quando a humidadedo ar aumenta. Mais difcil controlar a ventilao quando o tem-

    po est, intermitentemente, nublado. Nestas condies atmosfricasa temperatura pode variar em 5dentro de 5 ou 10 minutos. O me-lhor manter-se a par das temperaturas exteriores e reduzir a ven-tilao at um quarto ou metade da sua capacidade.

    ? tardinha- A ventilao pode, uma vez mais, ser feita por etapas tardinha e no comeo da noite.

    ? noite Caso o calor persista, aconselhvel continuar-se com aventilao.

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    Num clima em que as noites permanecem quentes, as portas e janelasdevem ser mantidas abertas durante todo o tempo.

    O controlo do clima, sempre que necessrio, pode ser feito at nos tneis

    mais simples. Preste bastante ateno s temperaturas assim como humi-dade do ar. Por vezes inicia-se a ventilao muito tarde de manh porque atemperatura na estufa ainda no muito alta. Mas a humidade pode aumen-tar rapidamente, especialmente se a cultura atingiu o seu crescimento mxi-mo, o que leva a que a cultura fique molhada e susceptvel a doenas fngi-cas. Para alm disso, tente evitar causar choque planta atravs de mudan-as sbitas, repentinas na temperatura e na humidade do ar.

    Estufas com uma maior capacidade tcnica

    Se para alm da ventilao tambm se pode utilizar resguardos eaquecimento nas estufas e tneis, isto significa que se dispe de meiosmais avanados de controlo do clima. Estes meios possibilitaro umamelhor correco das temperaturas que so demasiado baixas ou de-masiado altas. Ao se investir nestes meios tambm se tem que pensarem equipamento de monitorizao mais avanado. No espao limitadode que dispomos no podemos entrar numa discusso aprofundadasobre este assunto e, por isso, restringimo-nos a alguns comentrios

    para acrescentar ao que j foi dito na Seco 5.2.

    O objectivo principal de aquecimento de uma estufa de se obter amelhor temperatura possvel para o crescimento da cultura. Comoguio, acompanhar a temperatura ptima diurna e nocturna que seaplica cultura em questo. Caso se utilize um resguardo/cobertura,nessa altura poder fech-lo para se poupar custos de aquecimento

    quando as noites esto frias e para proteger contra um aumento exces-sivo de temperatura, quando o sol est mais quente. Quando cobrir asculturas prestar particular ateno para no se obstruir demasiado aventilao.

    Uma subida de temperatura reduz a humidade do ar. Uma humidadedo ar, demasiado elevada pode, por isso, ser neutralizada por um pou-co de calor e isto evita a ocorrncia de infeces fngicas. Para alm

    disso, procede-se ao aquecimento e ventilao simultaneamente de

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    modo a diminuir a humidade do ar e estimular a evaporao duranteos perodos em que o cu est tapado. Isto conduz a um crescimentomais robusto e equilibrado das culturas.

    Caso se disponha de aquecimento assim como uma boa ventilaocontrolvel ento vale a pena saber as necessidades da(s) cultura(s).Tambm recomendvel a troca de experincias com outros agriculto-res/horticultores. No fim de contas o melhoramento dos padres de

    produo e da qualidade do interesse mtuo de todos os produtores.Desse modo os outros produtores no devem ser encarados como con-correntes mas sim como colegas. Um bom equipamento de monitori-zao indispensvel. Uma vez que se aprendeu a controlar bem o

    clima, atravs da medida (e registo) nessa altura o uso de equipamentomecnico de monitorizao estar cada vez mais ao seu alcance.

    Quanto mais ajuda se dispe para influenciar e controlar o clima naestufa, tanto maiores so as exigncias colocadas na habilida-de/aptido do produtor. Para alm do prprio conhecimento e experi-ncia, de importncia vital a assistncia que se pode obter de asses-sores, troca de ideias com colegas e apoio proveniente da indstriafornecedora. Desta maneira, o investimento feito em estufas e equi-

    pamento para as mesmas s tem sentido caso se tenha acesso a assis-tncia adequado (assessoria e servios), de modo a ser-se capaz defornecer um produto de elevada qualidade. Tal tambm se aplica aocultivo em estufas com arrefecimento de ar de superfcie hmida (comum sistema de resfriador evaporativo utilizando placas de materiais

    porosos e de ventilao).

    Os mtodos mais modernos e mais dispendiosos de controlo das con-dies climticas envolvem sensores acoplados a um computador comregistos grficos. Isto oferece grandes vantagens e tambm constitui a

    base do controlo automatizado do clima.

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    5.4 Reaces da cultura regulao do climaDum modo geral a temperatura e a humidade do ar de uma estufa somais elevadas no seu interior que no seu exterior. Em particular, umatemperatura mais elevada noite melhor para uma cultura que gostade calor, como o caso da batata doce ou do pepino. Para mais, a planta

    beneficia de uma humidade do ar ligeiramente mais elevada durante odia (h mais perda de gua por transpirao que no exterior) e, porisso, ha menosstress que afectaadversamente o crescimento da plan-ta, tendo como resultados um crescimento mais rpido, folhas maiorese com maior peso e uma melhor formao dos frutos.

    A planta arrefece-se a si mesma atravs da transpirao. Quando aabsoro de gua pelas razes suficiente para a transpirao, a tem-peratura da cultura ser, mais ou menos, a mesma que a do ar que arodeia. Se a absoro de gua pelas razes no for ptima, a tempera-tura da planta ser, evidentemente, superior ao do seu ambiente, porvezes mesmo entre 5 10C mais elevada. Tal causa danos a algumas

    partes da planta. Protegendo-se a cultura atravs de uma cobertura daestufa tal faz com que a cultura seja mais s: no sofrer danos provo-

    cados pelo vento ou chuva intensa, lavagem dos pesticidas ou lixivia-o dos fertilizantes.

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    6 Abastecimento de gua eproteco das culturas

    6.1 IntroduoNa medida em que no pode entrar chuva dentro duma estufa fechada, extremamente importante que as culturas na estufa tenham o seu

    prprio fornecimento de gua. A quantidade de gua pode ser ajustadas necessidades da cultura. Para alm do mais, as culturas dentro daestufa encontram-se melhor protegidas de influncias exteriores. Estecaptulo trata do fornecimento de gua e da proteco da cultura den-

    tro da estufa.

    6.2 Abastecimento de gua e fertilizaoAs plantas no podem beneficiar directamente da chuva quando cres-cem dentro de uma estufa e, por isso, devem ser fornecidas de gua

    por meios artificiais. Em primeiro lugar importante saber-se a quan-tidade de gua que uma cultura especfica necessita. Depois necess-rio ter-se uma ideia da quantidade de gua que pode ser fornecida pelosistema que se est a utilizar. Estes dois aspectos sero seguidamentetratados com uma maior profundidade.

    Transpirao e evaporaoEmbora as plantas necessitem de gua principalmente por causa datranspirao, tambm utilizam 5 a 10 % da gua para o seu crescimen-to. As plantas transpiram para arrefecerem e para estimularem o trans-

    porte dos minerais que so absorvidos pelas razes. A quantidade detranspirao predominantemente determinada pelo sol. Outros facto-res, de menor importncia, so a temperatura, a humidade do ar e avelocidade do vento.

    A intensidade da luz muito menor dentro da estufa que fora dela.Aproximadamente dois teros da luz proveniente do exterior penetra

    na estufa porque o material de cobertura e a sombra dos elementos de

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    Abastecimento de gua e proteco das culturas 57

    construo restringem a transmisso da luz. No que respeita aos outrosfactores, a velocidade do vento dentro da estufa muito inferior defora e a temperatura mais elevada. Por questes de facilidade pode-se ignorar estes dois factores. Ento, o nvel de transpirao dentro da

    estufa permanece cerca de dois teros do nvel fora dela. A transpira-o nem sempre ptima. Obtm-se 100% de transpirao caso a cul-tura esteja completamente desenvolvida e o cho inteiramente coberto.Contudo, uma cultura que ainda se encontra em fase de crescimento,nem sempre transpira em todo o seu potencial. Tome-se como exem-

    plo a alface, com um perodo de crescimento de seis semanas. A plantajovem transpira muito menos que 100%, mas tambm se verifica per-da de gua directamente do solo exposto entre as plantas (evaporao).

    Pode-se estimar a perda de gua total (transpirao + evaporao)durante duas semanas em 50%. Caso a alface esteja na metade do seucrescimento, nessa altura o total da perda de gua atinge os 75%. Umatranspirao + evaporao completa, de 100% apenas toma lugar du-rante as duas ltimas semanas do crescimento. Pode-se fazer um cl-culo similar para outras culturas com um outro padro de desenvolvi-mento. A partir dos dados apresentados na Seco 2.3 a evaporao

    potencial pode-se chegar a uma indicao sobre o nvel de evapora-o nos diversos climas e estaes. Deve-se continuar a prestar aten-o s condies atmosfricas prevalecentes dos ltimos dias. Ao setomar em considerao o desenvolvimento e o perodo de cultivo dacultura pode-se fazer um bom clculo sobre as necessidades totais degua da cultura, para toda a sua durao e tambm as necessidadesmximas por dia. Desta maneira pode-se calcular qual a rea (da estu-fa) a ser cultivada ao mesmo tempo/de cada vez, baseada na capacida-de da fonte de gua e/ou capacidade de armazenagem da gua.

    LixiviaoExiste uma outra razo pela qual necessrio gua para se regar. necessrio lixiviar-se o solo aps se ter efectuado a colheita de cadacultura. Durante o cultivo, os sais nutrientes so absorvidos pelas ra-zes das plantas, a partir do solo e os sais lastro, tais como sejam osdio, cloreto de sdio (NaCl) e sulfatos permanecem no solo.

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    Quadro 4: Tolerncia relativa da cultura a sais na zona radicular,

    em solo aberto

    Tolerncia elevada

    CE x 10.000 = 12

    Tolerncia moderada

    CE x 10.000 = 10

    Tolerncia baixa

    CE x 10.000 = 4BeterrabaEspargosEspinafre

    TomatesBrcolosCouvePimento doceCouve florMilhoBatatasCenourasCebolasErvilhasAbboraPepino

    RabaneteAipoFeijes

    CE x 10.000 = 10 CE x 10.000 = 4 CE x 10.000 = 3

    (Fonte: Saline and Alkaline Soils. USDA Agricultural Handbook No

    60. pp 67, 1954)Taxas de tolerncia elevada: CE = 12 - 10Taxas de tolerncia moderada: CE = 10 - 4Taxas de tolerncia baixa: CE = 4 - 3

    Quando a gua do solo se evapora, estes sais lastro acumulam-se nacamada superficial do solo, onde precisamente se encontra a maioriadas razes. Caso estes sais no sejam removidos por lixiviao, ento aabsoro de gua pela planta cada vez se tornar mais difcil porque osolo tornar-se-, gradualmente, salgado. Este um problema muitoantigo em muitas reas irrigadas em climas secos e quentes e que cer-tamente se aplica s culturas de estufas. necessria uma quantidadesubstancial de gua (200-300 mm, o que equivale a 200-300 litros pormetro quadrado) a ser obtida atravs de lixiviao. Lixiviao tambmimplica assegurar-se que a gua que contm os sais , efectivamente,

    arrastada, o que significa que um sistema de irrigao se torna essen-

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    Abastecimento de gua e proteco das culturas 59

    cial, a menos que o solo que se encontra por debaixo das razes sejaum solo arenoso, grosso, atravs do qual no se verifica qualquer ele-vao capilar significativa.

    O sistema de irrigao tambm deve compreender a capacidade e afonte de gua e a capacidade de armazenagem para poder fazer frente limpeza do solo da estufa. Na medida em que a cultura da estufanecessitar de uma grande quantidade de gua de irrigao, seria mui-to sensato se se pudesse assegurar que no se desperdia a gua dachuva que cai sobre a estufa. Seria muito valioso recolher esta gua dachuva que cai sobre o telhado da estufa, atravs de calhas e armazen-la numa bacia colocada adjacentemente.

    Pode-se utilizar filme plstico para delinear bacias para colectarem agua. Em muitos pases os produtores utilizam ao mximo a gua dachuva por eles armazenada em bacias. No fim de contas, a gua dachuva de boa qualidade e essa caracterstica da gua, a sua qualida-de, de primordial importncia. Os produtores beneficiam do uso degua com uma concentrao baixa de sais em soluo, pois nessa altu-ra necessitam de menos gua para lixiviao.

    A concentrao de sais expressa por CE (condutividade elctrica) epode ser medida atravs de um simples medidor de CE. Uma CE ele-vada indica um teor elevado de sais, sendo a qualidade da gua deimportncia crucial porque as culturas reagem at mesmo mais in-significante concentrao de sais, o que causa uma diminuio da pro-dutividade. O Quadro 4 mostra a tolerncia de vrias culturas aos saisna zona radicular.

    O conhecimento da acidez da gua, expressa como pH da gua, tam-bm se reveste de muita importncia. Caso o pH seja inferior a 7, nes-se caso a gua cida; se for superior a 7, a gua alcalina (ph 7 =neutro). As plantas reagem melhor gua que tem um pH que se situaentre 6 e 7. O pH pode ser medido atravs de um medidor de pH.

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    6.3 Mtodos de abastecimento de gua cultura

    Os mtodos segundo os dos quais as culturas nos campos abertos so

    abastecidas com gua tambm se aplicam s culturas de estufas. necessrio um mtodo de irrigao que seja fidedigno e que funcionacom bastante regularidade. Seguidamente apresentamos algumas pos-sibilidades:

    ? O mtodo de longe mais simples deitar gua em canais ou emcampos planos (sem irregularidade) que so circundados por pe-quenos diques. Assegurar-se que a distribuio da gua se procede

    de maneira uniforme.? Para culturas que se produzem em linhas pode-se usar tubos de

    mangueira de filme plstico PE negro que tem pequenos furinhos decerca de 2 milmetros. O solo tem que ser plano ou com uma pe-quena inclinao em direco extremidade do tubo. O compri-mento da mangueira pode ser de 20 a 30 metros. A presso da guatem que ser cerca de 0.2 ato (2m)

    ? A asperso utilizando mangueiras permanentes constitui um mtodomuito usado em estufas. As mangueiras podem ser colocadas pordebaixo das culturas, o que uma boa ideia em climas com umaelevada humidade do ar. Desse modo, as plantas no ficaro molha-das e da uma menor probabilidade de infeco fngica. Tambm se

    podem irrigar as culturas em linhas e deixar secos os caminhos paraandar por entre elas. No entanto, na maioria dos casos as manguei-ras so colocadas por cima das culturas. Para que as plantas no

    permaneam molhadas durante a noite, a irrigao dever ser feitade manh. O sistema de asperso tambm pode ser usado para hu-midificar a cultura, quando o tempo est ensolarado e muito seco,tendo, pois, um efeito de arrefecimento, aumentando a humidade re-lativa e reduzindo a transpirao.

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    ? A irrigao gota a gota est cada vez a ser mais popular no cultivoem estufas. Neste caso, as plantas recebem gua individualmente. Osolo tem que ser plano e a gua limpa visto que os pequenos orif-cios para as gotinhas no podem ficar obstrudos. desejvel que o

    sistema possua um bom filtro no lugar aonde a gua entra nele.Muitos sistemas de irrigao gota a gota trabalham com uma baixapresso de gua de 1 ou 2 metros de coluna de gua, por exemplo.Tal pode ser obtido de modo muito barato usando-se um flutuadorde autoclismo no incio das mangueiras/tubos principais. Normal-mente, aplica-se uma soluo de fertilizante na dosagem correcta(fertirrigao), quando se utiliza irrigao gota a gota. Ao contrriodos sistemas de asperso e de rega, pode-se poupar entre 30-70% de

    gua usando irrigao gota a gota, especialmente se se trata de umclima muito seco. Controlar a capacidade das unidades aspersoras,depois de ter instalado o sistema de irrigao.

    Controlar se a sada de gua a mesma em ambas as extremidades damangueira, caso tal no se verificar, tentar ajust-la, escolhendo-se outrasaberturas de borrifamento. Verificar, regularmente, o sistema para ver se exis-tem obstrues.

    O abastecimento de gua s culturas da estufa necessita de muita ateno.O produtor pode optimizar ele mesmo este abastecimento de gua. neces-srio estabelecer o momento em que faz-lo e a quantidade de gua que necessria para ajustar-se s condies atmosfricas e ao desenvolvimentoda cultura. Determinar, de antemo, a capacidade do sistema de rega e con-trolar regularmente se existem defeitos. Verificar, de vez em quando, se todaa zona radicular se encontra hmida, depois de se ter irrigado, com a ajudade uma sonda do solo.

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    Figura 23: Sistema de irrigao gota a gota (esquemtico)

    6.4 Controlo de doenasMais uma vez achamos que digno de meno o facto que para seobter culturas de alta qualidade na estufa necessrio prestar muitaateno qualidade do material que utilizado. A preveno de doen-as merece, particularmente, que se dedique uma ateno especial. Poresta razo recomenda-se que se desinfecte o calado entrada da estu-fa, portanto til colocar uma bacia no cho contendo um tapete em-

    bebido num desinfectante lquido.

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    Para alm disso, caso as culturas na estufa estejam plantadas em linhasno sentido longitudinal, o trabalho em relao ao controlo de doenas

    pode ser executado muito mais facilmente. O equipamento de pulveri-zao pode ser transportado numa vagoneta, enquanto a pulverizao

    efectuada medida que o mesmo puxado ao longo do carreiro en-tre as culturas.

    Os canos de aquecimento quese encontram na estufa podemservir de carris (ver tambmFigura 21). Pode-se controlardoenas e pragas usando agen-

    tes biolgicos que so de longemuito mais eficazes dentro deum espao fechado, como ocaso das estufas, que em cam-

    pos abertos. Pode-se introduzirparasitas de insectos prejudici-ais ou fungos parasticos paracombater fungos daninhos das

    plantas (controlo biolgico).Por esta razo as culturas deestufa podem ser consideradascomo sendo mais favorveis

    para o meio ambiente do que asculturas ao ar livre/de campo.

    Para finalizar, tambm se podeutilizar gases insecticidas para

    proteger a cultura na estufa,caso se possa fechar bem a estufa e o tempo esteja sereno. Deve-setomar precaues adicionais no que respeita a riscos e perigos que

    possam causar aos seres humanos e animais!

    Aquando da propagao de plantas jovens, extremamente importante

    estar-se consciente de infeces causadas por portadores de doenas

    Figura 24: Vagoneta para trans-

    porte de equipamento de pulveri-

    zao. Fonte: Royal Brinkman NL

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    (vrus), como sejam os afdeos. Uma boa soluo consiste em protegeras reas de viveiro com redes mosquiteiras, havendo no mercado umavasta gama de tipos de redes para tal objectivo.

    Figura 25: Culturas de viveiro numa pequena estufa prova de

    insectos com uma comporta de entrada (Rovero)

    6.5 Espaos para armazenamento epreservao

    necessrio espao para uma armazenagem segura dos materiais. Osagentes de proteco da planta, em particular, necessitam de ser guar-dados em separado, de modo que no causem nenhum acidente, cain-do em mos erradas. Os fertilizantes e solo de transplantao tambmtm que ser bem protegidos contra a chuva e a lixiviao. As alfaias emaquinaria agrcola necessitam, igualmente, de ser bem protegidas.

    De modo a se manter a qualidade dos produtos que foram colhidos

    preciso estar-se seguro que os mesmos se encontram protegidos contrao sol e o vento de modo a no se desidratarem. A maneira mais sim-

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    ples para evitar que tal acontea num espao onde se possa aplicarum arrefecimento de ar de superfcie hmida (sistema de ventilador eresfriador evaporativo.Ver, tambm, a Seco 5.2 sobre arrefecimen-to). Para quem tem possibilidades de dispor de um tal sistema, tam-

    bm existem cmaras frigorificas para tal efeito. A preservao daqualidade do produto pode ser automaticamente traduzida num melhorpreo, cons