Agrodok-21-A piscicultura dentro de um sistema de produção integrado

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    Agrodok 21

    A piscicultura dentro de umsistema de produo

    integrado

    Aldin Hilbrands

    Carl Yzerman

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    Fundao Agromisa, Wageningen, 2004.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida qual-quer que seja a forma, impressa, fotogrfica ou em microfilme, ou por quaisquer outros

    meios, sem autorizao prvia e escrita do editor.

    Primeira edio em potugus: 2002Segundo edio em potugus: 2004

    Autores: Aldin Hilbrands, Carl YzermanEditor: W.G. van der PollDesign grfico: Janneke ReijndersTraduo: Mariana MoianaImpresso por: Digigrafi, Wageningen, Pases Baixos

    ISBN: 90-77073-94-9

    NUGI: 835

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    Prefcio 3

    Prefcio

    Este Agrodok trata da integrao da piscicultura num estabelecimento

    agrcola, uma forma muito importante de agricultura sustentvel empequena escala, nas regies tropicais. O sistema pode ser erigido emfases at se alcanar uma produo integral balanceada, com base nosinsumos disponveis no estabelecimento agrcola.

    A informao contida neste livro destina-se a ajudar a empreender osprimeiros passos na piscicultura, tendo sido escrita da maneira maisprtica possvel. Contudo, necessrio ter em considerao que os

    resultados da produo aqui apresentados se encontram dependentesdas condies locais, fornecendo, apenas um valor indicativo.

    As ilustraes das plantas aquticas, constantes neste Agrodok, foramfeitas e postas disposio pelo Departamento de Informao da Uni-versidade de Flrida, (IFAS) e pelo Centro de Plantas Aquticas deGainesville, nos Estados Unidos da Amrica. As outras ilustraesforam adaptadas pelo Grupo de Ilustraes da Agromisa. Gostaramosde agradecer ao Dr A. A. van Dam e ao Dr. M.C.J. Verdegem do De-

    partamento de Piscicultura e Pescas da Universidade de Agricultura deWageningen pela sua orientao.

    A Agromisa aprecia que lhe sejam enviados comentrios sobre o con-tedo deste livrinho ou qualquer outra informao adicional com vistaa um melhoramento de edies futuras.

    Wageningen, Janeiro de 1997.

    W.G. van de Poll

    Editor coodenador

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    A piscicultura dentro de um sistema de produo integrado4

    ndice

    1 Introduo 6

    2 Princpios da piscicultura integrada 92.1 A biologia de um tanque de peixes 92.2 Qualidade da gua 102.3 Gesto da aplicao de fertilizantes 112.4 Fertilizao do fundo do tanque 132.5 Subprodutos das plantas e estrume de animais 152.6 Escolha das espcies de peixes 16

    2.7 Suplementos alimentares para os peixes 16

    3 Material vegetal utilizado para a alimentao dospeixes e a fertilizao dos tanques 18

    3.1 Introduo 183.2 Compostagem 183.3 Plantas terrestres 213.4 Plantas aquticas 243.5 Valor nutritivo das plantas 29

    4 Orizipiscicultura 304.1 Introduo 304.2 A biologia de um arrozal 314.3 Viabilidade de um arrozal para a prtica de piscicultura 354.4 Escolha das espcies de peixes 444.5 Soltar o peixe no arrozal 474.6 Fertilizao e alimentao 484.7 Rendimentos do peixe 504.8 Outros sistemas da cultura integrada peixe-arroz 51

    5 Produo integrada de animais e piscicultura 535.1 Estrume animal 535.2 Piscicultura integrada com a criao de porcos

    (suinicultura) 55

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    Indice 5

    5.3 Integrao de piscicultura com a criao de galinhas 585.4 Integrao da piscicultura com a criao de patos e

    gansos 605.5 Piscicultura integrada com a criao de outros animais 65

    Anexo 1: Espcies de peixes 68

    Anexo 2: Plantas aquticas 69

    Anexo 3: Ervas 70

    Anexo 4: Culturas 71

    Anexo 5: Cifras de produo 72

    Anexo 6: Nomes latinos 74Espcies de peixes 74Espcie de plantas 74Outros 75

    Leitura recomendada 76

    Endereos teis 78

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    1 Introduo

    Vantagens da piscicultura integrada

    Este Agrodok descreve como se pode integrar a piscicultura com ocultivo de plantas e a criao de animais num estabelecimento agrco-la. Este livro a continuao do Agrodok No. 15. Piscicultura feitaem pequena escala na gua doce, o qual descreve, pormenorizada-mente, os princpios bsicos da criao de peixes e da construo detanques para os mesmos. Aps se ter procedido diversificao dasactividades no estabelecimento agrcola, o passo seguinte a sua inte-grao. Um agricultor pode diversificar a produo, atravs da cultivo

    de vrios tipos de produtos agrcolas ou de criao de animais. As di-versas actividades tornam-se integradas quando os resduos resultantesde uma determinada actividade so utilizados para a produo de umaoutra cultura agrcola ou criao de animais. Por exemplo, o estercodos animais tambm pode ser utilizado para melhorar a fertilidade dossolos, a qual vai aumentar o crescimento das plantas. O esterco animal

    pode ser utilizado, tambm, como fertilizante num tanque de piscicul-tura com o objectivo de aumentar a produo pisccola. Ao se utiliza-rem esses mtodos a produo integrada num estabelecimento agrcolaser mais elevada do que num estabelecimento agrcola aonde as di-versas actividades so desenvolvidas separadamente. Os custos de

    produo so mantidos baixos se se utilizarem os subprodutos deriva-dos das vrias actividades agrcolas decorrentes no estabelecimentoagrcola (como caules, talos, ramos e folhas) para a piscicultura. Essessubprodutos constituem uma alimentao mais barata para os peixes,comparativamente ao se pagaria se se comprasse essa alimentao.

    Algumas vantagens de uma produo agrcola integrada so:? Minimizao dos resduos, o que contribui para um melhor meio

    ambiente local.? Reduo da necessidade de fertilizantes artificiais, facto que pode

    resultar num aumento dos lucros, visto que os custos de produodiminuem.

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    Introduo 7

    ? Aumento da produo pisccola e de hortcolas, o que pode aumen-tar o consumo ou o rendimento do agregado familiar.

    ? Diminuio da dependncia na produo de insumos provenientesde fora do estabelecimento agrcola, o que faz aumentar a estabili-

    dade desse estabelecimento.? Aumento da produtividade e eficincia no estabelecimento agrcola.

    A principal vantagem de um produo integrada consiste na reduodos resduos. A estrutura do solo pode ser melhorada, utilizando-se osedimento do fundo do tanque como fertilizante para a agricultura, oque conduz a uma melhoria da reteno da gua e uma reduo daeroso.

    Essas vantagens a longo prazo prevelecero sobre quaisquer outrasque apenas conduziro a um aumento da produo pisccola.

    As vantagens aqui mencionadas da piscicultura integrada fornecemuma indicao geral do que pode ser alcanado. Os mtodos e rendi-mentos da produo dependem das condies locais. Por exemplo, osagricultores no Malawi, em frica, adaptam o sistema integrado de

    produo agro-pisccola de acordo com a queda pluviomtrica, isto aquantidade de chuva cada. Nos anos de seca os agricultores produzemlegumes no fundo do tanque, uma vez que no dispem de gua sufi-ciente para a prtica da piscicultura. Os legumes crescem bem nos so-los fertis do fundo do tanque e sofrem menos pela aco da seca.

    Tanto os subprodutos de origem vegetal como os de origem animalpodem ser utilizados como fertilizantes num tanque, num sistema deproduo de piscicultura integrada. A aplicao de fertilizantes natu-rais aumenta a quantidade das disponibilidades de comida no tanque e,dessa maneira, o peixe tem menos necessidade de ser alimentado di-rectamente. Os princpios bsicos de piscicultura integrada encontram-se esboados no Captulo 2. Alguns peixes podem ser directamentealimentados com resduos de plantas. Em relao a outros tipos de

    peixes, esses resduos devem ser, primeiramente, compostados. O

    composto utilizado como fertilizante no tanque, o que vai aumentar

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    a quantidade de comida natural disponvel, resultando, por sua vez,num aumento da produo pisccola. O Captulo 3 descreve como osresduos de plantas podem ser utilizados num tanque de peixes.

    O Captulo 4 descreve um sistema especial de produo integradaplantas-peixe a orizipiscicultura (culturas de arroz e peixe). Essesistema de produo bastante utilizado na sia e pode ser praticadotanto extensiva como intensivamente, de acordo com a situao local.

    O esterco dos animais pode ser utilizado como comida para algumasespcies de peixes ou como fertilizante para o tanque de peixes. Exis-tem vrios sistemas nos quais a produo pisccola pode ser integrada

    com outras formas de produo animal, como por exemplo a criaode patos ou porcos. A integrao da produo pisccola com outrasformas de produo, depende das condies locais de produo e demercado. O solo deve ser adequado para a construo do tanque e de-ver-se- poder obter as espcies de peixes. O Captulo 5 descreve autilizao do esterco dos animais para a produo pisccola.

    Neste livrinho so usados os nomes correntes dos peixes e das plantas.No Apndice 6 apresentada uma lista com os nomes latinos.

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    2 Princpios da pisciculturaintegrada

    2.1 A biologia de um tanque de peixesOs peixes no so os nicos organismos que vivem na gua dos tan-ques. No tanque tambm cresce, espontaneamente, alimentao paraos peixes. Essas fontes de alimentao que crescem espontaneamentecompreendem plantas minsculas (algas ou fitoplancton) e animais dedimenso reduzida (zooplancton) (figura 1). Estas espcies de orga-nismos so, ambas, demasiado reduzidas para poderem ser vistas a

    olho nu. Caso haja uma grande quantidade de algas presente, a guaapresentar uma cor esverdeada.

    Figura 1: Alimentao para peixe, que cresce espontaneamente,

    vista atravs de uma lupa (Edwards & Kaewpaitoon, 1984).

    As plantas aquticas so plantas maiores que podem ser vistas a olhonu e que crescem no tanque, durante todo o ano . Algumas crescem nofundo do tanque, outras crescem na gua e outras ainda flutuam su-

    perfcie. Algumas espcies de peixes comem as plantas aquticas.

    A gua do tanque deve ser de boa qualidade para que, dessa maneira, o

    peixe possa crescer bem e saudvel. Para o peixe crescer, necessita deoxignio. Este produzido principalmente pelas algas que flutuam na

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    gua e que lhe conferem a cor esverdeada. O clima do lugar constituium outro factor importante visto que determina a temperatura da guano tanque. Quanto mais elevada for a temperatura da gua tanto maisrpido as algas e o zooplancton crescero. No entanto, a maioria das

    algas tropicais, de zooplancton e algumas espcies de peixes crescemais rapidamente se a temperatura da gua se situar entre 25C e30C.

    2.2 Qualidade da guaOs dois factores mais importantes que influenciam a qualidade dagua so a sua temperatura e a quantidade de oxignio dissolvido na

    mesma. As plantas que vivem no tanque (especialmente as algas) pro-duzem oxignio fixando a luz solar, oxignio esse que utilizado, nasua maio-ria, para si prprias. Quanto mais luz solar o tanque recebe,maior ser a produo de oxignio.

    Quando escurece no ocorre a produo de oxignio uma vez quetambm no h luz solar. Na medida em que o oxignio usado, con-tinuamente, por todos os organismos vivos na gua do tanque, isso faz

    baixar a quantidade de oxignio durante a noite. De manhzinha, re-gista-se o nvel mais baixo de oxignio na gua, visto que os peixes,as algas e o zooplancton tm vindo a usar o oxignio durante toda noi-te e este no foi renovado.

    Como resultado da produo de oxignio durante o perodo ensolara-do do dia, no fim de tarde que se regista, normalmente, o nvel maisalto de oxignio contido na gua.

    O clima tambm influencia o contedo de oxignio existente na gua.A quantidade de oxignio na gua depende da temperatura da mesma.O oxignio dissolve-se melhor na gua fria do que na quente. Contu-do, os peixes necessitam consumir mais oxignio na gua quente vistoque a se encontram mais activos. A temperatura ptima varia, depen-dendo da espcie de peixe, situando-se a temperatura mdia entre 25 e

    30C.

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    As algas produzem menos oxignio quando o ce est nublado, comoresultado de penetrao de pouca luz solar na gua. O tempo ventosoconstitui uma condio vantajosa, na medida em que conduz a umaumento do contedo de oxignio contido na gua, pois h mais ar

    que se mistura na gua.

    A aplicao dos fertilizantes tem uma grande influncia sobre as quan-tidades de oxignio contidas na gua e sobre as condies de vida do

    peixe no tanque. O uso excessivo de fertilizantes pode provocar umaescassez de oxignio e causar a morte dos peixes.

    muito importante, por isso, proceder-se a uma boa prtica de utiliza-

    o de fertilizantes. Ver, a este propsito, o pargrafo seguinte.

    2.3 Gesto da aplicao de fertilizantes importante uma prtica de fertilizao adequada para se manter aqualidade da gua e para se manter uma boa quantidade de alimenta-o para os peixes que ocorre, espontaneamente, na gua. A quantida-de de fertilizantes a adicionar na gua depende do nmero de peixesque vive nesse tanque. Se a quantidade de fertilizantes que se aplicanum tanque for muito reduzida, a produo de comida natural sermais baixa e, dessa forma, a produo de peixes tambm ser menor.Se, pelo contrrio, se aplicar demasiado fertilizante ou esse for aplica-do irregularmente, tal pode causar uma escassez de oxignio e o peixemorrer.

    Se um tanque fertilizado de modo regular, a quantidade de fertilizan-te que pode ser absorvida, aumentar com o tempo. Assim, poder-se-

    produzir mais peixe sem que ocorra uma escassez de oxignio. O ferti-lizante deve ser aplicado, pelo menos, uma vez por semana, podendo-se obter mais resultados se essa aplicao for feita numa base diria.Um tanque bem concebido e adequadamente fertilizado, pode compor-tar 3 kg de peixes por 100 m por dia. Na prtica essa quantidade ,normalmente, mais baixa porque no h gua suficiente ou h muito

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    pouco peixe. Por vezes as condies climticas no so favorveis etambm se necessita de tempo para colher o peixe e drenar o tanque.

    O esterco de animais ou os compostos feitos de plantas constituem

    bons fertilizantes. importante espalhar o fertilizante, uniformemente,no tanque. Se se colocar no mesmo lugar muito fertilizante este vaidecompor-se sem bactrias. Se assim acontecer, vai produzir-se poucaquantidade de alimentos naturais no tanque. Uma maneira de assegu-rar-se que o fertilizante foi espalhado de forma uniforme, consiste emconstruir os abrigos para os animais directamente no tanque ou emcima do tanque. Por exemplo, os patos podem nadar no tanque (e dei-xar l os seus excrementos). mais fcil, tambm, espalhar os excre-

    mentos de animais nas margens do tanque, misturando esse fertilizanteprimeiro com gua. O Captulo 5 fornece informao sobre a quanti-dade de animais que pode ser mantido num tanque.

    J mencionmos anteriormente que espalhar o fertilizante influencia ocontedo de oxignio existente na gua do tanque. Na medida em queo nvel de oxignio pode subir e baixar durante o dia, a hora escolhida

    para aplicar o fertilizante tambm muito importante. melhor espa-lhar o fertilizante num tanque quando a produo de oxignio se en-contra no seu momento mais alto. O fim de manh , portanto, o me-lhor momento para aplicar o fertilizante no tanque.

    Os organismos que vivem na gua do tanque e decompem os resdu-os de plantas e de animais precisam de oxignio. Durante o processode decomposio, os resduos libertam muitos nutrientes, que so uti-lizados pelas algas para seu o crescimento. Por sua vez, as algas pro-duzem oxignio. No entanto, se houver muitas algas num tanque (cujagua se torna verde escuro), as algas utilizam demasiado oxignio du-rante a noite e assim o peixe e o zooplancton morrero por lhes faltaro oxi-gnio de manhzinha. Se forem aplicados muitos fertilizantes,isso implicar que uma grande quantidade de oxignio vai ser utiliza-do pelos processores dos resduos, para levarem a cabo a decomposi-o do fertilizante. Isso vai tambm induzir a uma escassez de oxig-

    nio no tanque, podendo causar a morte dos peixes.

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    Resumindo: um tanque necessita de uma quantidade adequada de fer-tilizantes que vai permitir que as al-gas produzam oxignio suficiente

    para os peixes, que no necessitaro

    de sair superfcie, arfando para pro-curar o oxignio s primeiras horasda manh, quando o sol nasce. (figura2). Outros sinais que indicaro que nagua h uma escassez de nvel deoxignio a existncia de muitas bo-lhas de ar que sobem superfcie degua , a cor da gua que se torna cin-

    zenta ou castanha ou quando a guaexala um cheiro intenso e desagrad-vel.

    Se for aplicada a quantidade correcta de fertilizante na gua, esta tor-na-se de cor esverdeada (um verde mdio, entre claro e escuro) decor-rente da cor das algas. fcil controlar se o tanque recebe quantidadecorrecta de fertilizantes, mergulhando o seu brao na gua at ao co-tovelo (figura 3).

    2.4 Fertilizao do fundo do tanqueO fertilizante pode ser aplicado no fundo do tanque antes de o enchercom gua. Os organismos vegetais e animais microscpicos que vi-vem no solo vo originar o processo de decomposio do fertilizante.Quando o tanque est cheio de gua os nutrientes libertados do fertili-zantes, so arrastados pela gua. Esses nutrientes constituem a comida

    para as algas e o zooplancton que, por sua vez, servem de alimentopara o peixe. O material vegetal tambm pode ser usado como fertili-zante no tanque, ou no seu fundo, quando se prepara um tanque paraos peixes. A espcie de capim Barnyard grass um bom exemplo.

    Figura 2: Quando se aplica

    demasiado fertilizante num

    tanque, pode-se ver que,

    muitas vezes, o peixe sobe

    superfcie da gua, arfan-do procura de oxignio, s

    primeiras horas da manh.

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    Figura 3: Controle da quantidade de fertilizantes metendo o ante-

    brao na gua.

    Plante entre 7,5 kg e 10 kg de semente por 100 m no fundo do tanque.

    Depois de 45-60 dias de crescimento encha de gua o tanque e deixe o

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    capim apodrecer, durante 7-10 dias. Realiza-se, nessa altura, a liberta-o de nutrientes os quais vo alimentar as algas e o zooplancton. Estemtodo usado, frequentemente, nos tanques viveiros para peixes pe-quenos, cuja principal fonte de comida o zooplancton. Depois de ter

    colhido o peixe e antes de se encher de novo o tanque com gua, ofundo do tanque no necessitar de qualquer fertilizante se a camadade lama no for removida. Essa lama composta de material orgnicoconstitudo por excremento de peixes e restos de comida de peixes queno foi consumida e que ficou depositada no fundo do tanque.

    2.5 Subprodutos das plantas e estrume de

    animaisO material vegetal (subprodutos e resduos das plantas) pode ser direc-tamente usado como comida para o peixe. Se no estiver a criar peixesherbvoros, prefervel primeiro fazer compostagem do material vege-tal e utiliz-lo depois como fertilizante. Outra alternativa seria alimen-tar animais da quinta com esse material vegetal e depois usar o estru-me animal como fertilizante no tanque dos peixes. Muitas vezes di-fcil determinar onde reside a fronteira entre a alimentao e a fertili-zao, visto que muitos dos subprodutos agrcolas cumprem ambas asfunes.

    O estrume animal pode ser usado como fertilizante e tambm directa-mente como alimento para peixe em algumas espcies de peixes,como sejam o peixe-gato prateado listrado (silver striped Catfish) e aTilpia do Nilo (Nile Tilpia). O estrume das aves domsticas consti-

    tui melhor alimento para o peixe que outros tipos de estrume animal,na medida em que contm uma maior quantidade de bactrias. A mai-oria de estrume de animais usada indirectamente pelo peixe, dadoque as algas primeiro decompem o estrume necessrio para o seu

    prprio crescimento. O zooplancton alimenta-se de algas e o peixecome as algas e/ou o zooplancton. Contudo, nem todas as espcies de

    peixes comem zooplancton e algas (Apndice 1).

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    2.6 Escolha das espcies de peixesVisto que espcies de peixes diferentes comem um tipo de alimentodiferente possvel criar diversas espcies de peixes no mesmo tan-que. Isso permite uma melhor utilizao das diferentes fontes de co-mida existentes no tanque. No Apndice 1 encontram-se listadas asespcies de peixes mais usadas normalmente e as suas prefernciasalimentares. Recomenda-se a criao de peixes omnvoros (peixes quecomem tanto material vegetal como animal) na medida em que podemsubsistir a partir de uma variedade de fontes de alimentao. No uma boa idia criar uma grande quantidade de peixes que come carne(predadores) visto que estes peixes, muito provavelmente, comero os

    outros peixes.O modo em que o tanque fertilizado, tambm vai determinar as es-

    pcies de peixes que podem ser criadas. Inversamente, as espcies depeixes presentes vo determinar como o tanque deve ser fertilizado. Opeixe-cobra e o peixe-gato podem obter oxignio a partir tanto do arcomo da gua, apresentando, portanto, uma menor sensibilidade smudanas quanto ao contedo de oxignio existente na gua. A tilpia

    no pode obter o oxignio do ar, mas menos sensvel escassez deoxignio na gua que outras espcies de peixes (Apndice 1). A quan-tidade de fertilizantes que pode ser usada depende da sensibilidade do

    peixe escassez de oxignio.

    2.7 Suplementos alimentares para os peixesOs rendimentos podem ser aumentados se o peixe receber uma ali-

    mentao suplementar. Nos tanques que so bem fertilizados, o peixepode receber, normalmente, mais do que suficientes protenas. Contu-do, pode ser que no receba energia suficiente, o que pode limitar a

    produo. Se alimentar o peixe com gros de cereais, ricos em ener-gia, poder colmatar esta deficincia. Os subprodutos da produogramnea, tal como o trigo e farelo de arroz, ou arroz quebrado consti-tuem excelentes suplementos alimentares para o peixe dos tanques queso fertilizados com esterco de animais. Em Camboja as folhas das

    rvores ipil-ipil, Sesbania e kapok, conjuntamente com as fo-

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    lhas tenras do jacinto de gua e da planta bons-dias/madrugadaso cozinhadas com a casca de arroz e depois usadas para alimentar o

    peixe. As trmitas tambm constituem uma boa fonte de comida ricaem protenas. As trmitas so extradas dos montculo da terra quando

    se peneira esta. A terra que fica boa para a produo de minhocas daterra (Captulo 4, seco: Outros sistemas da cultura integrada peixe-arroz).

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    3 Material vegetal utilizado para aalimentao dos peixes e afertilizao dos tanques

    3.1 IntroduoO material vegetal pode ser directamente usado como alimentao dasespcies herbvoras de peixes. Portanto, pode dar-se-lhes os resduosde material vegetal ou os produtos que no podem ser comercializa-dos. Por vezes vale a pena cultivar determinadas plantas especialmen-

    te para os peixes. Em termos gerais, o tipo de material vegetal passvelde obteno ir determinar qual a melhor utilizao desse materialpara os peixes: directamente, como alimento para o peixe ou comofertilizante atravs da sua transformao em composto ou estrumeanimal. Se as plantas aquticas ou os subprodutos das plantas, apenasse encontram disposio em pequenas quantidades ou a disponibili-dade irregular, ento ser melhor usar esse material directamentecomo alimentao para o peixe no tanque. Caso haja uma abundncia

    de material vegetal e se o perodo total de criao dos peixes longo,nesse caso melhor utilizar o material vegetal para fazer o compostoou us-lo como alimento para os animais do quintal utilizando, poste-riormente, o seu estrume (para alimentar o peixe) no tanque.

    3.2 CompostagemA compostagem de material vegetal apresenta um certo nmero de

    vantagens. Aonde se encontra disponvel uma grande quantidade dematerial fresco, reduzem-se significativamente os custos de transportese se proceder, primeiramente, compostagem. A alimentao para os

    peixes que foi compostada tambm mais estvel, mais concentrada ede boa qualidade e contm menos organismos doentios.

    Nem todos os materiais vegetais so adequados para ser utilizadosdirectamente como alimento para o peixe. melhor preparar o com-

    posto a partir das espcies menos adequadas. Em termos gerais me-

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    Material vegetal utilizado para a alimentao e a fertilizao dos tanques 19

    lhor compostar o material vegetal e utiliz-lo como fertilizante, do queus-lo directamente como alimentao para o peixe. O composto usa-do como fertilizante do tanque ser mais eficaz se for espalhado uni-formemente no tanque.

    Poder encontrar informao mais detalhada sobre como preparar eutilizar composto no Agrodok No. 8: Preparao e utilizao de com-

    posto.

    Em alguns pases em frica os agricultores fazem a compostagemnum canto do tanque dos peixes. Este mtodo menos eficaz do que

    preparar o composto em terra firme e depois aplic-lo em todo o tan-

    que. A utilizao deste ltimo mtodo garante uma produo pisccolamais elevada, provavelmente porque os nutrientes que se encontramnuma pilha de composto situado a um canto dum tanque no ficam

    bem espalhados em todo o tanque.

    Proceda compostagem de resduos de plantas e animais, em terrafirme, da seguinte maneira: inicie a pilha fazendo uma base (funda-mento) com material vegetal grosseiro, tal como galhos de rvore, va-ras de cana de acar (figura 4). O ar exterior pode facilmente circular

    por debaixo da pilha e qualquer excesso de gua ser mais rapidamen-te eliminado. A decomposio efectuar-se- mais facilmente se o ma-terial orgnico for colocado em camadas, a saber, camadas de materi-ais que se decompem facilmente, alternadamente com os materiaiscuja decomposio mais difcil. Disponha, alternadamente, camadasde materiais vegetais, de estrume e de lama ou lodo do tanque. As ca-madas individuais de material vegetal no devem exceder 10 cm deespessura e as camadas de estrume ou de lodo do tanque no devemter uma espessura superior a 2 cm. Acrescente gua pilha de com-

    postagem de modo a acelerar a decomposio. Espete algumas canasde bambu na pilha do composto para melhorar a ventilao, o que, porsua vez, faz aumentar a temperatura, o qual vai permitir que a decom-

    posio se realize. O composto est pronto para ser utilizado, normal-mente depois de 6 a 8 semanas, embora dependa muito do tipo de ma-

    terial que est a ser compostado. O composto estar pronto para ser

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    utilizado quando se desfaz facilmente e tem a aparncia de terra escu-ra, de boa qualidade.

    Figura 4: Exemplo de como se prepara uma pilha de composto.

    A alimentao para peixes preparada a partir da compostagem de ja-cintos de gua (figura 5), esterco e palha de arroz, no caso da tilpiado Nilo pode resultar numa produo de 360 kg por 100 m.

    Utiliza-se a seguinte receita para preparar o composto: Seque ao sol

    1.000 kg de jacintos de gua at que o seu peso se reduza aproxima-damente para 400 Kg. Em seguida, misture bem o jacinto de gua secoe espalhe-o sobre uma camada de palha (de arroz) que deve medir 3 x3 m. Faa uma pilha do composto com cerca de um metro de altura eespete as canas de bamb na pilha, de modo a que o ar possa circulardentro da mesma.

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    Remexa bem a pilha do composto cadaduas semanas para virar a posio domaterial: o material de base passa paracima e o de cima passa para baixo. De-

    pois de dois meses o composto estarpronto para ser aplicado no tanque.

    Para colher 25 kg de tilpia do Nilo deum tanque com cerca de 100 m necessi-ta alimentar o peixe com 2 kg do com-

    posto todos os dias, durante um perodode seis meses. Para conseguir obter essa

    quantidade so necessrias quatro pilhasde composto, com as medidas acimaindicadas.

    3.3 Plantas terrestresOs resduos ou subprodutos derivados das culturas agrcolas podemser utilizados como alimentao para as espcies de peixes herbvoros,tais como sejam a carpa herbvora e as espcies de peixes omnvoros,incluindo a maioria das espcies de tilpia e espcies de peixe- gato ecarpa comum (Apndice 1). Caso o peixe no possa comer directa-mente os resduos de plantas, esses pode ser usados como fertilizante,

    procedendo-se, primeiramente, sua compostagem. (Captulo 3, sec-o: Compostagem).

    De um modo geral s as partes jovens, frescas e mais tenras das plan-tas, como sejam as folhas e os caules, so apropriadas para alimentar o

    peixe directamente. Tambm uma boa ideia cortar este material empedacinhos muito pequenos, de modo a que o peixe o possa comercom mais facilidade.

    Os subprodutos vegetais so, muitas vezes, mais nutritivos que osprodutos colhidos. Os subprodutos tais como as folhas, caules e ramos

    muitas das vezes contm mais minerais e protenas. Os produtos que

    Figura 5: Jacinto de gua.

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    podem ser utilizados como alimento para o peixe, muitas vezes socultivados perto dos tanques de peixes ou nos diques de modo a mi-nimizar a distncia de transporte. Um tanque de peixes pode tambmtrazer vantagens para produzir culturas agrcolas. A terra volta do

    tanque muitas vezes mais frtil porque mais hmida e pode ser fa-cilmente regada. Depois da colheita dos peixes o lodo do tanque podeser utilizado como fertilizante para novas culturas.

    Se se quiser criar peixe durante todo o ano, importante cultivar plan-tas perenes. Essas plantas podem ser usadas para alimentar o peixedurante toda a poca seca.

    Na China, as plantas terrestres utilizadas como alimento para o peixeso geralmente cultivadas nos diques ou nas vertentes entre os tan-ques. Essas plantas no s fornecem alimento para o peixe, mas ser-vem tambm para reforar os diques. O Apndice 3 fornece uma listacom os tipos de capim que so, muitas vezes, usados com tal finalida-de. As espcies de peixes que comem capim incluem a carpa herbvora(20 peixes pesando cada um deles 7 g ); as carpas catla, rohu, mrigal,carpa comum e carpa prateada (4 peixes pesando cada um deles 7 g).Estas cifras so baseadas em tanques com uma rea de 100 m e 2 mde profundidade. O peixe pode ser alimentado com capim napier, porexemplo. Se o capim fica a flutuar superfcie da gua depois de o

    peixe ter sido alimentado, sinal de que o peixe comeu suficientemen-te. A carpa catla, a carpa prateada e a carpa comum crescem muitorpidas e atingem um peso de 1 kg num perodo de, aproximadamente,seis meses. Nesta altura esto prontas para serem colhidas. Depois dacolheita dos peixes que cresceram muito rpido, podem ser colocados

    peixes jovens nesse tanque, pois h sempre uma fornecimento cont-nuo de capim napier. Pode-se atingir uma colheita de peixes com o

    peso de 40 a 60 kg sem qualquer utilizao de alimentao suplemen-tar ou de fertilizantes. Para se conseguir suficiente capim ser necess-ria uma rea duas vezes maior que o tamanho do tanque dos peixes.

    O Apndice 4 fornece uma lista das principais plantas produzidas para

    alimentao de peixes, nos diques do tanque.

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    Um outro sistema de produo integrado, bem sucedido na China, osistema integrado de criao de peixes e de cultivo de amoreiras e deseda. As amoreiras so plantadas nos diques entre os tanques de peixese produzem cerca de 370 kg de folhas por 100 m de dique. As folhas

    so utilizadas para alimentar os bichos-da-seda. 370 kg de folhas pro-duzem 27 kg de casulos de bichos-da-seda. Esses casulos, por sua vez,produzem 185 kg de estrume de bicho-da-seda e de peles (depois deos bichos da seda terem mudado as suas peles). O estrume do bicho-da-seda pode ser usado directamente como alimento para os peixes,assim como fertilizante para o tanque. O casulo contm a crislida(borboleta) o qual tem uma converso alimentar de 2 (Captulo 3, sec-o: Valor nutritivo de plantas, para uma descrio do termo conver-

    so alimentar) quando esta utilizada directamente como alimentaopara peixe. Podem obter-se bons rendimentos usando alimentao paraos peixes e fertilizantes provenientes da produo de bicho-da-seda. Afigura 6 apresenta as converses alimentares dos vrios produtos quefazem parte do sistema integrado peixe-amoreira-seda.

    Figura 6: Converso alimentar para os produtos constantes de um

    sistema integrado de peixes-amoreira-seda.

    A policultura com frequncia praticada quando se criam conjunta-mente vrias espcies de peixes. As espcies normalmente usadas soa carpa herbvora (195 peixes cada um com um peso de 50g - por

    1.000 m), a carpa cabeuda (45 peixes cada um com um peso de

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    50g - por 1.000 m), a carpa comum (75 peixes cada um com umpeso de 25 g - por 1.000 m) e a carpa cruciana (carpa sem barbilhes)(195 cada um com um peso de 10g - por 1.000 m). As reas dostanques de peixes utilizados variam entre 5.000 a 10.000 m e tm,

    normalmente, entre 2 e 2,5 metros de profundidade. Pode-se obter umrendimento de 270 kg de peixes por 1.000 m sem a utilizao de ali-mentao suplementar ou de fertilizantes.

    3.4 Plantas aquticasAs plantas de gua podemser usadas directamente

    como alimentao dos pei-xes herbvoros tais como acarpa herbvora Os peixesherbvoros preferem plantasaquticas tenras. As plantasaquticas constituem, tam-

    bm, uma boa fonte de ali-mentao para algumas es-

    pcies de peixes omnvoros.Por exemplo, o barbo prate-ado cresce mais rapidamen-te quando se alimenta delentilha de gua. As folhasda mandioca e as folhas da planta bons dias/madrugada (Figura 7)tambm constituem uma boa alimentao e permitem alcanar uma

    boa produo de barbo prateado. Os peixes de maior porte so melho-res consumidores de plantas aquticas visto terem bocas grandes.Mesmo assim, quando os peixes so pequenos, vale a pena cortar as

    plantas em pedacinhos, antes de os alimentar. As plantas aquticastambm podem ser compostadas e, sequentemente, utilizadas comofertilizante no tanque.

    A maior parte das plantas aquticas menos adequada como alimenta-

    o do peixe do que as plantas terrestres, devido a conterem uma

    Figura 7: Bons dias / madrugada

    em flor (Halwart, 1995).

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    grande quantidade de gua. Tal significa que se necessita de uma mui-to maior quantidade de plantas aquticas do que plantas terrestres paraque o peixe atinja o mesmo peso. No entanto, as plantas aquticascontm bons nutrientes e so menos dependentes da estao do ano.

    As plantas aquticas que cresceram na gua de um tanque de peixesque contm muitos nutrientes produzem alimento para o peixe de me-lhor qualidade que as plantas de gua que no foram tratadas com fer-tilizantes. Na China muitas plantas aquticas so cultivadas nas canaisde rega e drenagem volta dos tanques de peixes.

    O Apndice 2 fornece uma listacom as principais plantas aquti-

    cas plantadas e que podem serutilizadas como alimento para o

    peixe. Desaconselhamos, insisten-temente, o cultivo da erva daninhaaqutica jacar (alligator weed,alternanthere figura 8) e do jacin-to de gua na medida em que es-sas plantas podem criar problemassrios. Elas crescem muito rapi-damente e podem cobrir toda asuperfcie da gua dentro de umespao de tempo muito curto, des-truindo, assim, as condies queoutras plantas e animais necessi-tam para a sua sobrevivncia.Alm disso, essas plantas tornammuito difcil levar a cabo activi-dades dentro ou sobre a gua. tambm muito mais barato retiraressas plantas nos lugares em que crescem espontaneamente.

    Lentilha de guaExistem vrios tipos de lentilhas de gua: as espcies Lemna; Wol-

    ffia, e Spirodela (figura 9). A lentilha de gua constitui um valioso

    Figura 8: Planta daninha aqu-

    tica jacar (Alligator weed).

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    alimento para os peixes. Esta planta flutua superfcie da gua e cres-ce muito rapidamente: o nmero de lentilhas de gua pode duplicar no

    perodo de dois dias. Para evitar que as lentilhas de gua no sejamvarridas pelo vento e depositadas num canto do tanque, coloque canas

    de bambu a flutuar superfcie da gua. Essas canas dividiro o tan-que em seces de cerca de 3 x 3 metros. Plantam-se muitas vezesrvores frutferas e legumes nos diques do tanque, a fim de proteger alentilha de gua da luz solar muito intensa. Essas rvores tambmconstituem fontes de rendimento suplementares. As lentilhas de guaexistentes no tanque devem ser colhidas todas as semanas de modo ano serem suprimidas pelas algas que crescem mais rpido. Ao se co-lher as lentilhas de gua deve-se assegurar que uma pequena quanti-

    dade de plantas deixada no tanque para o prximo perodo de cria-o de peixes. A produo de lentilha de gua decresce consideravel-mente quando a temperatura diminui para abaixo de 15 a 20C. Comtais temperaturas, muitas das vezes a planta feto da gua comea a

    brotar, substituindo a lentilha.

    Figura 9: Vrios tipos de lentilhas de gua.

    A lentilha de gua apropriada para a alimentao de vrias espciesde peixes.

    Um tanque com um metro de profundidade, usado para criar tilpiaalimentada a lentilha de gua, contm, normalmente, 2 a 3 peixes porcada metro quadrado. As lentilhas de gua tambm podem ser usadascomo alimento quando vrios peixes so criados conjuntamente. Nocaso da policultura da carpa so colocadas trs espcies de peixes jo-

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    vens, com distintos hbitos de alimentao num tanque com 1,50 a2,50 m de profundidade. A carpa herbvora (50 peixes por 100 m) oua carpa comum (25 peixes por 100 m) comem a lentilha de gua dasuperfcie. A carpa prateada (50 peixes por 100 m) ou a carpa rohu

    (37 por 100 m) comem as algas do tanque. A carpa catla (37peixespor 100 m) filtrar o zooplancton da gua. A quarta espcie, a carpamrigal (50 peixes por 100 m) e a carpa comum (25 peixes por100 m) procura a sua alimentao principalmente no fundo do tanque.Desta forma nesse tanque esto implantadas, praticamente, todas asfontes de alimentao que se podem obter para os vrios tipos de car-

    pas. Dentro de um perodo de 18 meses ser possvel obter 150 peixespor cada metro quadrado.

    Castanheiro de guaO castanheiro de gua uma cultura derendimento comum na ndia (Figura 10). tambm possvel integrar a produodessa planta aqutica com a criao dacarpa comum. As folhas e os restos mor-tos de plantas do fundo do tanque consti-tuem o alimento para a carpa. As plantas

    jovens do castanheiro de gua so planta-das a partir de Maio ou Junho.

    Esta planta cresce na lama do fundo detanque. O tanque povoado a uma taxa devinte carpas comuns com o peso de 50 g

    per 100 m em Setembro ou Outubro. Osfrutos do castanheiro de gua amadure-cem durante o Inverno e so colhidos de

    Novembro a Janeiro. Pode-se alcan-ar um rendimento de 75 a 100 kgde frutos por 100 m. Em Abril e Maio o peixe que j deve pesar de0,75 a 1 kg, pode ser retirado do tanque, e dever render uma produ-o total de 10 a 12,5 kg por 100 m do tanque.

    Figura 10: Castanheiro

    de gua.

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    Jacinto de guaO jacinto de gua (figura 5) pode, tambm, ser utilizado como alimen-tao para o peixe. Para se colher 25 kg de tilpia, anualmente, numtanque de 100 m, necessrio alimentar o peixe com 10 kg de jacinto

    de gua fresca, diariamente. A melhor forma de utilizar o jacinto degua fresca como alimentao cort-lo em pedacinhos muito peque-nos, com cerca de 5 cm. Melhor ainda ser compostar o jacinto degua (veja Captulo 3, seco Compostagem) e, dessa maneira, ape-nas sero necessrios 2 kg por dia.

    O jacinto de gua uma planta aqutica silvestre, que cresce exube-ran-temente (sem controle) na natureza, no se recomendando, portan-

    to, o seu cultivo. Uma rea de superfcie de gua, com, aproximada-mente, a metade do tamanho do tanque de peixes, produzir um ren-dimento suficiente de alimentao para o peixe no sistema de policul-tura da carpa chinesa. Deste sistema de policultura constam a carpaherbvora (220 peixes de 50 g por 1.000 m); carpa prateada (320 pei-xes de 50 g por 1.000 m), carpa cabeuda (80 peixes de 50 g por1.000 m) e carpa comum (240 peixes de 50g por 1.000 m). A super-fcie dos tanques para a criao dessas carpas varia entre 5.000 a10.000 m e a sua profundidade entre 2 a 2,5 m. Pode-se obter uma

    produo de 600 kg por 1.000 m sem a utilizao de uma alimentaosuplementar ou de fertilizantes.

    Feto de guaO feto de gua cresce junto com uma alga azul-esverdeada. Geralmen-te no utilizado como alimento para o peixe dado o seu baixo valornutritivo e contm menos protenas que a lentilha de gua. O feto degua Azolla morre e torna-se vermelho quando a temperatura degua excede 20C. Quando o arroz e o peixe so cultivados juntos, aAzolla pode ser utilizada como estrume verde, misturando-o comterra antes de transplantar as plantas jovens de arroz. O feto de guadesfaz-se na terra, libertando nutrientes que podem ser absorvidos pe-las plantas jovens de arroz.

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    3.5 Valor nutritivo das plantasA maioria de plantas utilizadas como alimentao para o peixe, temuma converso alimentar de 30 a 40. Isso quer dizer que o peixe temque comer 30 a 40 kg de alimentos para atingir 1kg de peso. Conhe-cendo o valor da converso alimentar e a quantidade de material vege-tal que necessria, ento pode-se calcular quanto terreno preciso

    para cultivar alimentao suficiente de modo a se obter a quantidadede peixes desejada.

    Por exemplo: para se fornecer protenas suficientes a uma famlia decinco pessoas, necessrio produzir 200 kg de peixes por ano, isso

    partindo do princpio que um tero das necessidades em protenas dafamlia so de origem animal. Se o peixe for alimentado de capim na-pier com uma converso alimentar de 30, seria ento necessrio 6.000kg de capim (200 X 30 = 6.000). O Apndice 3 apresenta as cifras de

    produo no que se refere aos capins: em relao ao capim napier 300.000 kg por hectare por ano (1 hectare=10.000 m). Para se obteruma produo de 200 kg de peixes, necessrio 6.00/300.000 = 0,02hectares ou seja 200 m de terra destinados cultura de capim napier.

    Deve-se acrescentar, contudo, que no se recomenda o cultivo de plan-tas especialmente para alimentao de peixes. melhor utilizar ossubprodutos provenientes das culturas existentes no estabelecimentoagrcola para alimentar os peixes, ou produzir culturas que fornecemalimentao para as pessoas ou para os animais e que ao mesmo tem-

    po fornecem subprodutos para a alimentao dos peixes.

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    4 Orizipiscicultura

    4.1 Introduo

    A criao de peixes num arrozal (cultura integrada arroz-peixe ou ori-zipiscicultura) normalmente d um rendimento menor de peixes doque a criao de peixes num tanque, mas tambm se produz arroz.Existem vrias maneiras de integrar as produes de arroz e de peixes.Se nos arrozais cresce peixe selvagem, este pode ser apanhado. Casonesses arrozais no exista muitos peixes selvagens, pode-se colocar l

    peixes jovens e cri-los. Pode-se combinar as duas culturas: coloca-se

    no arrozal uma quantidade suficiente de peixes grandes (com umcomprimento superior a 5 cm) e alimenta-se este peixe regularmente.Ao alimentar o peixe preciso assegurar-se que os peixes pequenoscrescem bastante rapidamente para que no sejam comidos pelos pei-xes selvagens.

    A prtica da cultura integrada de arroz-peixe traz uma srie de vanta-gens. A presena de peixes no campo de arroz aumenta, geralmente, a

    produo de arroz entre 10 a 15%.

    Cultivando dois produtos reduz-se o risco de perder tudo se uma dasculturas fracassa. O peixe uma fonte de protenas e, ao se integrar asua produo com a produo de arroz, pode melhorar a seguranaalimentar do agregado familiar. s vezes o peixe selvagem tambmcome animais que transmitem doenas para as pessoas. Portanto coma criao de peixes pode-se contribuir para o melhoramento da sade

    pblica. Algumas espcies de peixes tais como a carpa comum comemas larvas de mosquito e caracis os quais transmitem doenas.

    Cultivar o peixe num campo de arroz constitui, tambm, uma formaecolgica de reduzir o crescimento de diferentes tipos de ervas dani-nhas, insectos, caracis e algumas doenas do arroz. Esta maneiraconstitui uma alternativa mais segura e mais barata do que utilizar pes-ticidas qumicos para controlar os insectos e as algas. A gua nos arro-

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    zais deve ter, pelo menos, 20 cm de profundidade a fim de o peixe sercapaz de sobreviver e movimentar-se livremente.

    Nem sempre possvel integrar a produo de arroz com a produo

    pisccola. O uso de pesticidas de arroz para a cultura de arroz pode serprejudicial para o peixe. As variedades de arroz de gro pequeno tmum perodo curto de crescimento que pode no ser suficientementelongo para o peixe atingir a idade adulta. O arroz de gro pequeno ne-cessita de guas pouco profundas para crescer. A gua pode ser, ento,demasiado quente para se criar o peixe.

    As produes orizcola e pisccola no tm, necessariamente, de ser

    integradas para se produzir sempre, simultaneamente, as duas culturas,mas podem ser efectuadas alternando a produo: o arroz pode sercultivado durante a estao das chuvas e o peixe pode ser criado naestao seca ou vice-versa. Se no se praticar as duas culturas aomesmo tempo, os pesticidas que foram utilizados na cultura do arrozsero menos perigosos para o peixe e ser mais fcil controlar o nvelde gua, de modo que o mesmo esteja bem tanto para o arroz, como

    para o peixe. Em reas em que a cultura de arroz no lucrativa emtodas as estaes do ano, a piscicultura constitui uma fonte alternativade obteno de rendimentos.

    4.2 A biologia de um arrozalA produo integrada de arroz e peixe utiliza de uma forma mais efi-ciente os nutrientes que se encontram no arrozal. O peixe tambm au-menta a fertilidade do arrozal, parcialmente atravs do estrume produ-zido e, parcialmente, porque eles remexem o fundo do arrozal o quevai aumentar a quantidade de oxignio e de nutrientes que a planta dearroz pode usar para os seu crescimento.

    Os campos de arroz so pntanos que, temporariamente, tm guasbaixas (superficiais). A gua quente e os raios solares podem pene-trar at ao fundo, especialmente quando as plantas de arroz so ainda

    jovens. Nessas condies as algas crescem rapidamente. As algas uti-

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    lizam os nutrientes que a planta de arroz necessita. Ao se criar peixesnessas guas, que vo comer as algas, o arroz poder utilizar mais nu-trientes para o seu crescimento. A tilpia um peixe que se alimentade algas.

    Um dos maiores problemas enfrentados com a orizicultura o cresci-mento rpido de ervas daninhas. Pode-se perder mais da metade dacolheita de arroz por causa da competio desta cultura com as ervasdaninhas. Uma maneira que pode ajudar a solucionar este problema a criao de peixes herbvoros. Deixa-se durante 2 a 3 semanas peixes

    jovens no arrozal, depois de transplantar o arroz. Este o perodo emque se verifica a maior competio no consumo dos nutrientes, entre

    as plantas de arroz e as ervas daninhas. A carpa herbvora numa densi-dade de 2 peixes (com comprimento superior a 15 cm) por metro qua-drado, pode manter um arrozal limpo de ervas daninhas. O peixe nocome a planta de arroz. Contudo, para uma carpa herbvora sobrevi-ver, a gua deve ter uma profundidade de, pelo menos, 50 cm. Os bar-

    bos, de Java e prateado, bem como algumas espcies de tilpia (tilpiarendalli, zillii , tilpia do Nilo) todos a uma densidade de 3 peixesde 50g ou mais por 100 m, so adequados para combater as ervas da-ninhas. melhor utilizar peixes maiores pois tm uma boca maior,

    podendo, portanto, comer mais ervas daninhas do que os peixes maispequenos. As espcies de peixes que procuram a comida no fundo dotanque so tambm recomendveis para manter o arrozal livre de er-vas daninhas. Estes peixes remexem o fundo do campo do arroz, agua torna-se turva e a luz solar penetra menos o que vai reduzir ocrescimento das ervas daninhas. A carpa comum uma boa comedorade ervas daninhas. O peixe que come a comida do fundo do tanque sdeve ser colocado no arrozal quando as plantas de arroz j tenhamatingido 5 a 7 rebentos, pois caso sejam menores o peixe extirpar a

    planta pela raiz. Se se colocar mais que uma espcie de peixes dentrodo arrozal tal dar melhores resultados do que utilizar apenas uma es-

    pcie de peixes. Um bom sistema de policultura a da combinao dacarpa comum com a tilpia do Nilo. O crescimento de ervas dani-nhastambm pode ser reduzido se a gua for mais profunda ou se se utili-

    zarem os peixes para esse fim .

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    Antes de se plantar o arroz, pode-se pr porcos no arrozais para come-rem as ervas daninhas. As raas sunas locais, alimentadas de resduosdos mercados, podem ser utilizadas para esse fim. Num s dia, 25 a 30

    porcos por 100m pode livrar de ervas daninhas todo um arrozal.

    O peixe tambm pode reduzir o nmero de pragas de insectos numcampo de arroz. Os insectos que danificam o arroz incluem sicadelas,

    brocas ou pirais dos caules, cigarrinhas e lagartas enroladeiras das fo-lhas. O peixe apenas come os insectos que vivem todo o tempo nagua ou na razes da planta ou os insectos que caiem dentro da gua. Acarpa comum (e a carpa herbvora, ainda que numa extenso menor),com um comprimento superior a 7 cm a uma densidade de 2 peixes

    por metro quadrado, pode manter o arro-zal livre de insectos.

    Os caracis podem reduzir a produode arroz a metade. O peixe pode diminu-ir o nmero dos caracis num campo dearroz. Os peixes alm de comerem oscaracis, comem tambm as algas queservem de alimento aos caracis. A car-

    pa negra e, ainda que em menor medida,as espcies cichild, podem diminuir aquantidade de caracis num campo dearroz. O peixe deve pesar mais de 50 gnuma densidade de povoamento de 2

    peixes por 100 m. Nas primeiras sema-nas depois do transplante de arroz, oscaracis devem ser retirados mo vistoque nessa altura que as plantas somais vulnerveis. Os ovos dos caracis

    podem ser facilmente apanhados nesteperodo se colocar varas nos canais dedrenagem (figura 11).

    Figura 11: Caracol da

    ma dourada e dois sa-

    cos de ovos localizados

    nos caules da planta de

    arroz (Halwart, 1995).

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    Na China, Indonsia e Vietnam so colocados patos nos arrozais paracomerem os caracis. importante vigiar os patos para que no co-mam os rebentos das plantas de arroz, depois de terem comido todosos caracis. Os patos podem ser colocados no arrozal:

    1 no momento em que se comea a inundar o campo com gua e atele ficar preparado para o transplante de arroz2 de novo, 35 dias aps se ter efectuado o transplante das plantas de

    arroz e3 outra vez depois da colheita do arroz.

    Dois a quatro patos por 100 m, podem comer todos os caracis numarrozal no espao de dois dias. Duas semanas depois de transplantar o

    arroz pode colocar a carpa comum e a tilpia do Nilo no arrozal e ospeixes comero os restantes caracis mais pequenos. Uma outra ma-neira de eliminar os caracis do arrozal dren-lo completamente, deforma a que os caracis fiquem nas partes mais profundas, onde ficouainda gua. Assim possvel remov-los facilmente mo dessas po-as mais profundas. Procedendo-se, depois, ao nivelamento do campode arroz, reduz-se no futuro o nmero de caracis activos. As plantasde arroz que foram semeadas apresentam mais probabilidades de se-rem comidas pelos caracis dentro das primeiras quatro semanas de-

    pois de terem sido semeadas, enquanto que as plantas transplantadass correm o risco de ser comidas nas primeiras duas semanas depoisde se efectuar o transplante. Se o arrozal est infestado de caracis,

    podem-se reduzir os danos que, eventualmente, o arroz sofrer no ar-rozal, plantando e transplantando mais arroz. tambm recomendveltransplantar as plantas mais maduras, e, portanto, mais fortes. Outraforma de reduzir a quantidade de caracis praticar a rotao de cul-turas no campo: queimar os caules do arroz e deixar os campos em

    pousio por algum tempo. Obtm-se melhores resultados utilizandoestes mtodos se todos os orizicultores na rea utilizarem prticas se-melhan-tes nos seus campos.

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    4.3 Viabilidade de um arrozal para a prtica depiscicultura

    Seleco do local

    Um campo de arroz deve ser capaz de reter a gua a um nvel constan-te ao longo de todo o perodo em que o arroz est a ser produzido. Osterrenos que so capazes de reter a gua durante mais tempo sero osmais apropriados para a piscicultura. Os melhores terrenos so os queestendem precisamente sobre o nvel mximo de gua ou os que seencontram protegidos por diques altos para que no se inundem. Onvel mximo de produo pisccola ser alcanado onde a gua tem,

    pelo menos, 30 cm de profundidade. Se a gua cobrir um pouco super-ficialmente algumas partes do campo no ser problema. A impermea-

    bilida-de de um campo depende, principalmente, de tipo de solo: ossolos argilosos deixam penetrar menos gua do que os solos arenosos.Uma maneira simples de testar a impermeabilidade do solo reside emfazer uma bola de terra. Se puder atirar essa bola para a sua outra mo,a uma distncia de 50 cm, sem que a mesma se desfaa, isso significaque o solo consegue reter bem a gua.

    Poder-se- melhorar a capacidade de reteno da gua de um solo are-noso, aplicando-lhe, frequentemente, fertilizantes durante o perodo decrescimento do arroz. possvel criarem-se peixes num solo arenoso,mas isso requer mais trabalho para manter constante o nvel de gua.Se o campo de arroz se situa perto da casa, ser requerido menos tra-

    balho para controlar o nvel de gua, alimentar o peixe e manter afas-tados os ladres de peixes.

    Refgios para peixeNos campos de arroz o peixe necessita de um ou mais refgios. Estesficam nas partes mais profundas do campo de arroz. Esses lugares po-dem ser no fundo de um canal ou num pequeno tanque na rea do ar-rozal ou um campo anexo. Os peixes vo utilizar esses lugares paradescansar ou para se esconder , tambm podendo ser usados para ali-mentar os peixes, controlar o seu crescimento e para a sua colheita. O

    formato, o tamanho e o nmero de refgios depende do nmero de

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    peixes e da importncia de que se reveste a piscicultura em relao orizicultura. Isso significa que possvel efectuar-se algumas combi-naes quanto ao formato, tamanho e o nmero de refgios, depen-dendo do local onde se situa o campo de arroz.

    A figura 13 (A-F) apresenta uma vista a partir de cima e um cortetransversal de vrios refgios de peixes (com d = dique e r = refgio).

    Figura 12: Vistas a partir de cima e cortes transversais dos ref-

    gios de peixes.

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    Figura 13: Vistas a partir de cima e cortes transversais dos ref-

    gios de peixes.

    Utiliza-se, normalmente, como refgio para os peixes a parte maisprofunda de um campo de arroz ou o tanque de peixes escavado noarrozal. A profundidade do refgio deve ser entre 0,5 m e 1 metro. Nonordeste de Tailndia a experincia tem mostrado que suficiente aexistncia de um canal num dos lados de um campo de arroz. A terraresultante da escavao pode ser utilizada para elevar o nvel de dique.A deciso sobre construir um refgio e as suas dimenses depende daimportncia da piscicultura comparativamente com a orizicultura, bemcomo a quantidade de trabalho necessrio, a localizao e a dimensodo campo de arroz e o tipo de solo. Um canal estreito desabar rapi-damente num solo arenoso, mas o mesmo no aconteceria se fosse

    construdo num solo argiloso. No solo arenoso a largura do canal deveser trs vezes a sua profundidade. Um refgio para o peixe no sernecessrio num campo que bem irrigado e onde a gua tem, pelomenos, 30 cm de profundidade.

    Entrada e sada da guaUm arrozal necessita, normalmente, uma sada de gua para evitar queocorram enchentes e que os diques sejam danificados.

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    Para evitar que o peixe escape atravs do tubo de sada de gua re-comendvel colocar um crivo (rede) fino na extremidade exterior dotubo de entrada (abastecimento) de gua e na extremidade interior dotubo de sada (descarga). Esses crivos tambm facilitam a limpeza de

    caracis que so apanhados nos lados do canal de irrigao. Os crivospodem ser feitos de peas de metal com buracos perfurados ou umamalha fina de nylon (figura 14A). Os tubos de entrada e de sada dagua podem ser feitos de bamb ou de madeira. Na maioria dos arro-zais os tubos de entrada e de sada so buracos escavados no dique,

    protegido com uma tela de bambu ou alguns outros tipos de rede oumalha (figura 14B). Os agricultores nas reas mais hmidas do nord-este de Tailndia usam uma li. Esta uma rede de forma cilndrica

    feita de bamb, que usada para apanhar o peixe selvagem que entrano campo (figura 14C). O peixe pequeno apanhado pode ser solto den-tro do campo, mas no o peixe maior. A figura 14D mostra um tubosimples de descarga de gua. A profundidade de gua no tubo de des-carga determinada pela profundidade de gua que d a cifra mximade produo de arroz. O tamanho de tubo de sada de gua depende daexperincia que tiver sobre o seu uso, mas melhor ter um tubo dema-siado pequeno que um demasiado grande.

    Um sistema integrado das culturas arroz-peixe obter melhores resul-tados se for possvel separar o tanque dos peixe dos arrozais, sempreque as circunstncias tal exigir. Por exemplo, quando o agricultor est

    para fazer a colheita de arroz pode baixar o nvel de gua atravs dotubo de sada de gua (figura 15). O peixe ser atrado para o tanque e

    pode sobreviver para mais tarde ser retirado. Se se estiver a atravessarum perodo muito seco, pode-se escolher realizar apenas uma das duasculturas nessa estao. Ao tomar essa medida aumenta as probabilida-des de conseguir, pelo menos, uma colheita em lugar de perder tudo,devido escassez de gua.

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    Figura 14: Exemplos de tubos de entrada e tubos de descarga da

    gua e de diversos crivos.

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    Figura 15: Corte transversal de um sistema de cultura de arroz-

    peixe no qual os componentes podem ser separados (Noble e

    Rashidi, 1990).

    Preparao do campo de arrozEm seguida explicamos e ilustramos (figura 16-22, Fermin, 1992) al-guns preparativos bsicos a fim de fazer com que um campo de arrozseja mais propcio para a piscicultura.

    Figura 16: Preparativos para tornar um campo de arroz apropriado

    para piscicultura.

    figura 16: Escave no campo de arroz um refgio para o peixe, um ca-nal ou uma rea mais profunda antes da estao chuvosa ter o seu in-cio. Escave um canal com 1 m de largura e 0,5 m de profundidade,dependendo da quantidade de peixes que a ser colocada. Uma linhadirectriz que o canal deveria ocupar um dcimo da rea destinada aocampo de arroz, mas a experincia mostrar, exactamente, qual a rea

    que o canal dever ter. O refgio deve estar separado do resto arrozalatravs de um pequeno dique.

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    figura 17: Se o refgio tiver suficiente gua, quer seja provida pelachuva ou provenha de um canal de irrigao, pode fertilizar-se o ref-gio com estrume de galinha, de porco ou de vaca. Cem gramas (100 g)de estrume por metro quadrado geralmente suficiente para fornecer a

    alimentao natural ao peixe (Captulo 5).

    Figura 17: Preparativos para tornar um campo de arroz apropriado

    para piscicultura.

    figura 18: Soltar o peixe (com um comprimento de, pelo menos, 7 cm)duas semanas depois de se aplicar os fertilizantes.) Uma mistura de

    tilpias do Nilo, de barbos prateados e carpas comuns a uma densida-de de 25 peixes por 100 m, resulta, geralmente, numa boa combina-o.

    Figura 18: Preparativos para tornar um campo de arroz apropriado

    para piscicultura.

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    figura 19: Quando se inicia a poca da chuva pode-se comear a la-voura e a gradagem dos campos de arroz. O campo tambm pode serfertilizado usando-se para o efeito estrume animal ou o estrume verdedas plantas, tal como seja fetos de gua (Captulo 3, seco: plantas

    aquticas). Podem retirar-se os caracis mo ou colocar-se patospara comer os caracis. Podem-se utilizar porcos para comerem aservas daninhas aquticas (Captulo 4, seco A biologia de um campode arroz).

    Figura 19: Preparativos para tornar um campo de arroz apropriado

    para piscicultura.

    ? figura 20: Depois de se proceder ao nivelamento do solo, as plantasjovens do arroz podem ser transplantadas dos canteiros para o arro-zal. Certifique-se de que existe, pelo menos, 3 cm de gua nos cam-

    pos quando proceder ao transplante.

    Figura 20: Preparativos para tornar um campo de arroz apropriado

    para piscicultura.

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    figura 21: Duas a trs semanas depois do transplante das plantinhas dearroz faa uma abertura no dique que separa o arrozal do refgio para

    peixes, para permitir que os peixes nadem para o campo de arroz. Cer-tifiquese de que o arrozal tem gua com uma profundidade de 20 cm

    e que a gua vai aumentar lentamente at 30cm na altura em que co-meam a brotar os rebentos do arroz.

    Figura 21: Preparativos para tornar um campo de arroz apropriado

    para piscicultura.

    figura 22: Depois do arroz ter sido colhido, podem-se apanhar os pei-xes maiores dentro do refgio. Se a maior parte dos peixes for aindamuito pequeno para ser vendido, pode continuar a aliment-los regu-larmente at eles atingirem um melhor tamanho.

    Figura 22: Preparativos para tornar um campo de arroz apropriado

    para piscicultura.

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    4.4 Escolha das espcies de peixesOs tipos de peixes que aparecem, espontaneamente, nos arrozais somuitas vezes predadores, tais como peixe cabea de cobra, algumasespcies de peixes-gato e espcies de perca trepadora. Algumas vezes prefervel apanhar o peixe selvagem e cri-lo porque o peixe selva-gem mais saboroso e pode ser vendido por um preo mais elevado.

    Nas regies onde se cultivam variedades tradicionais de arroz, os pei-xes selvagens apanhados nos arrozais constituem uma importante fon-te de protenas. Quando os peixes atingem mais de 7 cm de compri-mento so soltos no arrozal e so alimentados. Nessa altura sero de-masiado grandes para servirem de alimentao aos peixes selvagens.

    Poder-se- -, ento, colher ambas as espcies: a selvagem e a cultiva-da. Podem-se soltar os peixes pequenos quando quase no houver pei-xes selvagens que os possam comer.

    Os arrozais so terrenos pantanosos temporrios, pouco profundos,inundados superfcie. A gua pode ser lamacenta e carecer de oxig-nio. A temperatura de gua pode variar muito e atingir temperaturas

    bastante elevadas, como seja 30 a 35C.

    O peixe escolhido para ser criado nos arrozais deve ser muito resisten-te para suportar esse tipo de condies. O peixe que cresce rapidamen-te prefervel j que o perodo de crescimento de arroz , muitas ve-zes, curto.

    Um arrozal contm muitas fontes de alimentao variadas sendo, por-tanto, um local ideal para criar vrias espcies de peixes conjuntamen-

    te (policultura). As espcies de peixes mais vulgarmente utilizadas noscampos de arroz so a carpa comum, o barbo prateado e a tilpia do

    Nilo. O barbo prateado tornou-se muito popular no Sudeste da sia,porque omnvoro (alimenta-se tanto de plantas como de animais) e muito fcil de ser comercializado. No entanto, o barbo prateado mui-to sensvel falta de oxignio. A taxa de crescimento do barbo pratea-do tambm menos susceptvel a uma maior aplicao de fertilizantese se comparar com outras espcies de peixes tal como a tilpia do

    Nilo.

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    No existe uma combinao nica de espcies de peixes que pode exi-bir bons resultados em toda parte, visto que cada lugar tem as pr-prias condies especficas. Os peixes grandes so vendidos mais ca-ros que os peixes pequenos, mas estes tm menos probabilidades de

    serem comidos pelos predadores. Para os agricultores que criam o pei-xe pela primeira vez ou para aqueles que no vo alimentar o peixe,recomendamos comear com um nmero mximo de 30 peixes de 7cm de comprimento por 100 m.

    Uma combinao de criao de peixes frequentemente empregue naTailndia consiste em: 120 peixes de carpa comum, 120 barbos prate-ados e 60 tilpias de Nilo por 100 m. Na China so combinadas as

    seguintes espcies: carpa herbvora, carpa comum e carpa cruciana.Com uma combinao de 50 carpas herbvoras, 30 carpas comuns e 20carpas crucianas possvel fazer uma colheita de 90 kg de arroz por100 m do arrozal. Uma combinao de 50 carpas herbvoras, 30 car-

    pas comuns e de 20 carpas crucianas podem dar a produo mais ele-vada (20 kg por 100 m docampo de arroz). Os preos doarroz e do peixe vo determi-nar a melhor combinao dosdois produtos. O Apndice 5fornece uma viso geral sobreas vrias combinaes poss-veis de peixes, a densidade de

    povoamento e rendimento porcolheita em relao a vriossistemas de orizipiscicultura.De notar que o peixe deve ter,

    pelo menos, 7 cm de compri-mento quando colocado noarrozal (figura 23).

    sempre melhor cultivar uma combinao de vrias espcies de pei-xes em vez de cultivar somente uma espcie, na medida em que diver-

    sas espcies de peixes alimentam-se de tipos diferentes de alimentos, e

    Figura 23: Comprimento mnimo

    para o peixe jovem a ser criado

    nos campos de arroz.

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    isso vai resultar numa produo mais elevada. Existe um nmero defactores que vai determinar quais so as espcies mais adequadas paracriar:? Disponibilidade

    Um agricultor est sempre dependente das espcies de peixes que sepodem obter localmente.? Preferncia

    Uma famlia prefere, normalmente, uma certa espcie de peixes.Muitos agricultores escolhem povoar os arrozais com o peixe quetem maiores possibilidades de sobreviver. Outros agricultores voescolher peixes mais pequenos, porque so mais baratos. Uma fam-lia de recursos financeiros limitados deve, normalmente, escolher

    entre alguns peixes grandes ou muitos peixes pequenos.? Alimentao preferida por cada espcie de peixes:

    Tilpia: um peixe resistente que suporta bem gua de m qualidadee se reproduz facilmente. A alta taxa de reproduo permite ao agri-cultor criar um reduzido nmero de peixes grandes ao longo de todoo ano. Esses peixes vo fornecer ao piscicultor novos peixes e dessaforma o piscicultor no necessitar comprar nenhum peixe.Uma desvantagem a anotar que o arrozal pode ficar, rapidamente,superpovoado de tilpias jovens visto que se procriam muito de-

    pressa. Se isto acontecer o peixe no pode crescer bem. Se houverpeixes predadores no campo, estes vo comer as tilpias de tamanhopequeno e reduzir o seu nmero. Alguns agricultores no gostam dosabor de tilpia. Eles afirmam que a tilpia no fermenta adequa-damente. Outros queixam-se de que a tilpia compete com outrasespcies de peixes por alimentao e a tilpia pode afugentar outros

    peixes.Carpa comum: suporta bem uma gua de baixa qualidade e cresce

    bem na maioria dos campos de arroz. As taxas de sobrevivncia sofrequentemente baixas, na medida que este peixe facilmente apa-nhado pelos predadores.Carpa chinesa e indiana: Cresce dificilmente nos campos de arrozabastecidos pelas guas das chuvas, porque o nvel de gua variamuito nesses campos. Essas espcies crescem melhor onde o nvel

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    de gua atinge pelo menos 50 cm de profundidade (orizicultura emgua profunda, na ndia).Barbo prateado: sobrevive bem nos arrozais. Esta espcie maissensvel qualidade de gua e no se desenvolve to bem nas guas

    pouco fundas (menos de 10 cm de profundidade), nos campos de ar-roz abastecidos a gua da chuva, onde a profundidade varia, como acarpa comum e a tilpia .Gourami pele de cobra : cresce bem nos arrozais abastecidos pelagua das chuvas.

    O arrozal deve ser povoado com espcies reprodutoras e no com pei-xes jovens. Pode-se, assim, colher e comercializar o peixe jovem.

    Os arrozais que esto demasiado assoreados (obstrudos com lodo)para serem utilizados para o cultivo de arroz, ainda podem ser utiliza-dos para produzir peixe. O gourami pele de cobra, as espcies detilpia como as de Moambique ou a tilpia de Java e a tilpia zilliiconstituem exemplos de peixes que podem crescer na gua salobra.

    4.5 Soltar o peixe no arrozal

    Quando se compra peixes estes devem ser soltos nos arrozais, o maisdepressa possvel. O recipiente onde os peixes se encontram deve sermanuseado com muito cuidado e mantido fora da exposio solar di-recta. O peixe pode morrer se existir uma grande diferena de tempe-ratura entre a gua no recipiente e a gua dos campos de arroz. A me-lhor forma para evitar isso misturar, gradualmente, pequenas quanti-dades de gua dos arrozais com a gua do recipiente para o peixe seacostumar nova temperatura. Quando sentir que a temperatura dorecipiente a mesma que a temperatura do arrozal, ento pode transfe-rir o peixe para o campo de arroz. O melhor perodo para fazer isso de manh cedo ou tardinha quando a temperatura de gua mais

    baixa.

    Os peixes com um comprimento inferior a 5 cm, geralmente so colo-cados no arrozal uma semana depois de se fazer o transplante de arroz.

    Os peixes com um comprimento superior a 5 cm so geralmente colo-

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    cados nos campos duas semanas depois de se fazer o transplante dearroz. Se o arroz tiver sido semeado, levar mais tempo antes de se

    poder colocar os peixes no arrozal, visto que as plantas de arroz estomuito frgeis.

    Quanto mais cedo o peixe for colocado no arrozal, maior ser o espaode tempo disponvel para se criar o peixe e mais elevada ser a produ-o pisccola. Tambm h menos predadores no incio da estao equanto maiores forem os peixes menos vulnerveis sero aos predado-res. No entanto, deve haver suficiente gua nos arrozais para permitir,com segurana, que l se coloquem os peixes. Quando se colocam noarrozal peixes grandes deve assegurar-se de que as plantas de arroz j

    tenham 2 a 3 rebentos e que, desse modo, no sero danificadas. Numcampo abastecido pelas guas das chuvas, podem-se colocar peixes

    pequenos antes de se plantar o arroz. Os peixes podem crescer no re-fgio at o campo ser plantado de arroz. A variedade de arroz vai tam-

    bm afectar o perodo em que o peixe pode ser colocado no arrozal.As variedades tradicionais de arroz, de gro comprido, so muitas ve-zes mais fortes que as variedades modernas de arroz, de gro de curtoe enfrentam melhor as actividades dos peixe. Os peixes podem sercolocados mais cedo nos arrozais onde se cultiva uma das variedadestradicionais de arroz de gros longos.

    4.6 Fertilizao e alimentaoA utilizao de fertilizantes no arrozal pode aumentar tanto a produode arroz como a de peixes. Espalhe no fundo do arrozal 2 a 5 kg defeto de gua fresca Azolla por 100 m do solo, uma semana antes da

    plantao de arroz. A Azolla pode ser cultivada ou colhida na nature-za. O estrume fresco ou composto tambm pode ser utilizado, em fun-o do que se consegue obter. A adio de 3 kg de adubo por 100 m

    por semana, pode aumentar, substancialmente, a quantidade de comidanatural na gua.

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    Recomendamos alimentar o peixe a partir da metade do perodo decultivo de arroz, visto que nessa fase as plantas de arroz j crescerammuito e a luz solar no penetrar na gua.

    A alimentao geralmente feita somente onde se soltou um grandenmero de peixes (mais de 50 peixes por 100m) e isso vai aumentar a produo. O peixe

    pode ser alimentado de palha de arroz ou desementes de colza. As minhocas so uma outrafonte de comida para o peixe, que podem serapanhadas no arrozal durante a estao chuvo-sa. As minhocas podem ser criadas no estrume

    animal ou no composto para serem usadascomo alimentos para o peixe. O peixe pode serapanhado uma semana antes de se fazer a co-lheita de arroz, ao deixar baixar lentamente onvel de gua no campo de arroz permitindo,desse modo, que o peixe nade para o refgio.Caso o peixe no seja suficientemente grande

    para comer ou vender pode deix-lo no campodepois da colheita de arroz. Dependendo daquantidade de peixes presentes, os mesmos

    podem ser deixados dentro do refgio ou podealagar, de novo, uma parte de campo de arroz.

    A planta aqutica orelha de elefante ou taropode ser utilizada como alimentao para o peixe. Esta pode ser plan-tada nos diques volta do campo de arroz. Todas as partes da planta

    podem ser usadas como alimentao, tanto para pessoas como para opeixe ou para os porcos. Pode usar os rebentos arrancados da naturezapara iniciar o cultivo desta planta. Corte as folhas velhas e deixe ape-nas as folhas jovens e o rebento. Corte a raiz ou o tubrculo em meta-de (figura 24) e plante-o(s) entre 5 a 10 cm debaixo do nvel de guado campo de arroz (figura 25).

    Figura 24: Planta

    aqutica orelha de

    elefante/taro poda-

    da, pronta para ser

    plantada.

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    Deve deixar um espao de 60 cm entre as plantas do dique. As primei-ras plantas podem ser colhidas depois de 4 a 5 meses. So vrias as

    plantas aquticas que podem ser utilizadas para a alimentao dos pei-xes (Captulo 3). O barbo prateado come quase todos os tipos de mate-

    riais vegetais.

    Figura 25: Planta aqutica, orelha de elefante ou taro

    4.7 Rendimentos do peixeO peixe que no criado (selvagem) cresce mais lentamente do que o

    peixe que cultivado. O nmero de peixes selvagens existente numtanque vai depender do meio ambiente natural. Isso quer dizer queuma produo pisccola que se baseia em peixe selvagens apresentarrendimentos menores que a dos peixes cultivados. Pode-se esperar um

    rendimento mximo de 2 kg por 100 m por ano numa produo pisc-cola selvagem, enquanto em relao ao peixe criado o rendimento de5 kg por 100 m por ano (Apndice 5). Os nveis de produo podemainda aumentar mais se criar o peixe dentro do campo de arroz com osolo que foi fertilizado e se criar vrias espcies de peixes combina-das.

    As variedades tradicionais de arroz so mais altas que as espcies mo-

    dernas. Isso significa que o arroz tradicional cresce melhor nas guas

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    mais profundas. E, quando a gua mais profunda, h mais possibili-dades de se produzir uma maior quantidade de peixes. As variedadestradicionais de arroz tm, tambm, um perodo mais longo de matura-o. Isso vai permitir um maior perodo de tempo para o peixe crescer

    dentro da gua. Nalgumas regies da ndia onde o peixe alimentadoso obtidos, anualmente, rendimentos superiores a 15 kg de peixes por100 m (Apndice 5).

    4.8 Outros sistemas da cultura integradapeixe-arroz

    Existem vrias maneiras em que se pode combinar o cultivo de peixes

    e de arroz com a criao de outros animais (Captulo 5).

    Na Tailndia praticado um sistema integrado de criao de porcos,de cultivo de arroz e de piscicultura. O tanque de peixes est ligado aoarrozal. Durante a poca de chuvas o campo de arroz fertilizado uti-lizando-se gua proveniente do tanque dos peixes e que contm es-trume de porco. A gua do tanque de peixes usada, durante a pocaseca, para regar os legumes ou para regar as plantas do arroz no arro-zal.

    Na China e na Indonsia faz-se uma cultura integrada de arroz, de cri-ao de patos e de peixes. Os patos so alimentados de arroz, tardi-nha. Os patos comem tambm os insectos e os caracis do campo dearroz e, por isso, no necessrio comprar pesticidas qumicos, dis-

    pendiosos. A gua nos campos de arroz tem uma profundidade de 10-

    15 cm ; as plantas de arroz so plantadas com intervalos de 25 cm demodo a que os patos possam nadar, livremente, volta. Um campo dearroz de 100 m pode comportar 30 patos, os quais podem a ser intro-duzidos quando tm entre 7 e 10 dias de idade. O estrume dos patos edo peixe vai servir de fertilizante para o campo de arroz, no se neces-sitando, pois, de comprar fertilizantes artificiais. Os patos criados nosarrozais crescem mais rpido que os patos criados na terra. Eles atin-gem um peso de cerca de 1kg em, aproximadamente, seis semanas.

    Nessa altura devem ser retirados dos campos de arroz visto que j no

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    querero comer mais os insectos e comearo a comer as plantas dearroz.

    Na Indonsia, os diques volta dos campos de arroz so utilizados

    para plantar rvores. As rvores Sesbania so plantadas em interva-los de 40 cm nos diques. Dentro de um perodo de trs anos podem-secolher os seguintes produtos: folhas e flores para consumo humano e

    para alimentar os animais; os ramos grandes so utilizados para a le-nha e pela sombra que proporcianam s pessoas e animais. Em Ban-gladesh so plantadas rvores nos diques dos campos de arroz com afinalidade de se obter lenha. As espcies que so usadas incluem oEucalyptus camldulensis, Swieteniamacrophylly e a madeira rosa,

    quiabo, espcies de abbora enrugada e cerosa (ridge gourd e ashguard) e papaeira.

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    5 Produo integrada de animais episcicultura

    5.1 Estrume animalO estrume de animais pode ser adicionado fresco no tanque de peixesou acrescentado mais tarde, depois de ter sido guardado durante umcerto perodo. O estrume no pode ser guardado durante muito tempoantes de ser usado, porque a sua qualidade decresce durante a armaze-nagem. O uso de estrume de animais envolve alguns riscos. O estrume

    pode ser portador de bactrias ou vermes que so perniciosos para o

    ser humano e que tambm podem contaminar os peixes. As pessoasque comem o peixe contaminado correm o risco de ficarem doentes.Este problema pode ser superado se se limpar bem o peixe, e coz-loou frit-lo durante bastante tempo. Desaconselhamos, insistentemente,a utilizao das fezes humanas como fertilizantes de um tanque de

    peixes, porque as doenas podem passar atravs de peixes para as pes-soas. Se o peixe tiver um sabor muito forte aconselhvel parar defertilizar o tanque de peixes dois dias antes da colheita, ou transferir o

    peixe para recipientes com gua fresca, alguns dias antes do mesmoser colhido.

    A escolha de animais a serem criados para produzirem o estrume parao tanque de peixes depender de um certo nmero de aspectos: os h-

    bitos locais, a economia local (as preferncias de mercado) e outrosfactores de produo.

    A quantidade e a qualidade do estrume produzido depende da idade doanimal e da qualidade de comida que recebe. Se a qualidade de comi-da baixa, os animais produziro um estrume de menor qualidade. Sea qualidade de comida for alta eles produziro um estrume de alta qua-li-dade. A produo anual mdia de um animal adulto (em kg de es-trume fresco por ano) varia: a vaca produz a maior quantidade (6.000kg a 9.000 kg), seguida pelo porco que produz 3.000 kg a 4.000 kg e

    as galinhas e os patos produzem a menor quantidade (50 kg). Contu-

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    do, o contedo de material seco existente no estrume (estrume semgua) mais elevado no estrume de galinha e de pato (30-50%) do queno estrume de porcos (20-30%) e vacas (15-20%). A composio dosnutrientes (nitrognio, fsforo e potssio) do estrume de galinha a

    melhor, seguida pelo estrume de pato, porco e vaca, respectivamente.

    Em termos gerais, a melhor quantidade (ptima) de estrume (Captulo2) de 1 kg de estrume seco por 100 m por dia, em relao a um tan-que que contm um nmero ptimo de peixes (200 peixes que pesammais de 50 g cada, por 100 m). Quando se utiliza essa quantidade deestrume, aumenta a quantidade de peixes colhido, proporcionalmente densidade do peixe. Se existem mais de 200 peixes por 100 m en-

    to, a quantidade de peixes colhida no aumenta muito mais.Tambmno h qualquer vantagem em aplicar menos estrume do que as quan-tidades indicadas, pois tal no seria suficiente para produzir alimenta-o natural suplementar. Se se adicionar mais estrume isso s vai pio-rar a qualida-de de gua e o peixe no vai crescer bem. Se o tanquerecebe outros tipos de fertilizantes alm do estrume animal, nesse casodeve-se diminuir a quantidade total aplicada. A aplicao ptima de 1kg de fertilizante seco por 100 m por dia equivalente a 2,5 kg deestrume fresco de galinha ou de pato, 4 kg de estrume fresco de porcoou 6 kg de estrume fresco de vaca.

    Um sistema integrado de piscicultura de pequena escala que utilizaestrume animal como fertilizante, origina muitas das vezes uma pro-duo suficiente para alimentar a famlia. Um exemplo na Tailndiamostra que uma estabelecimento agrcola com 30 patos por 200 m

    produziu 110 a 290 kg de peixes por ano. Uma mdia de 180 kg deestrume para um tanque de 200 m suficiente para alimentar 5 pesso-as durante um ano. Essas cifras so baseadas na hiptese de que umtero das necessidades totais de protenas obtido a partir de produtosde origem animal.

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    5.2 Piscicultura integrada com a criao deporcos (suinicultura)

    As densidades de povoamento abaixo indicadas referem-se a um tan-

    que de tamanho standard, de 100 m (por exemplo 10 x 10m) que con-tm peixes que l foram colocados quando tinham 10 cm de compri-mento.

    Pocilgas dos porcosEm geral cada porco necessita de 1 a 1,5 m de rea mnima. H duasformas de construir as pocilgas para os porcos, cuja criao se integracom a dos peixes. A mais comum construir as pocilgas nas margens

    do tanque (figura 26). Escavam-se os canais de drenagem de modo aque o estrume de porco possa ser escoado pela gua para dentro dotanque. uma boa idea construir a pocilga com um cho duro poisdessa forma perder-se- menos estrume. Coloca-se o cho de forma aeste ficar inclinado em direco ao tanque. Isso facilitar a lavagem eo escoamento do estrume para o tanque. Se necessrio, o estrume ex-cedente sempre pode ser transportado para um outro tanque.

    Figura 26: Construo de uma pocilga de porcos para a criao

    integrada com o peixe.

    Em alguns casos as pocilgas dos porcos so construdas por cima do

    tanque. So construdas de madeira sobre estacas com o cho inclina-

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    do de modo que o estrume possa cair dentro do tanque. Quando a po-cilga construda sobre um tanque pequeno deve-se coloc-la do ladoonde passa a corrente de ar para que o vento possa, dessa forma, espa-lhar o estrume no tanque. Se o tanque grande melhor construir as

    pocilgas em mais do que um lugar em cima do tanque.

    Existe um certo nmero de desvantagens quando as pocilgas so cons-trudas em cima do ta