Aldecy Teixeira Dantas (T.C.B.R.) - Med Imagemmedimagem.com.br/docs/mamografia.pdf · A Ana Lúcia...

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Aldecy Teixeira Dantas (T.C.B.R.)José Cerqueira Dantas (T.C.B.R.)José Ozanan Vilarinho (T.C.B.R.)

Henrique Andrade Júnior (T.C.B.R.)Lysia Ribeiro Formiga Matos (T.C.B.R.)

Adriana Sandra Martins(Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia)

MAMOGRAFIA

A Ana Lúcia Farias e Inês Lopes ,técnicas em mamografia, que há anos nos encantamcom sua arte.

A Inês Lopes pela sua habilidade aofotografar cada caso.

Ao Paulo César (CPD - Med Imagem) peladisponibilidade e agilidade na captura de imagens.

A Iris Duarte que nos ajudou ao digitar asrevisões e novo capítulo.

Os autores

Agradecimentos

Capítulo 1Introdução ..................................................... 09

Capítulo 2A Mamografia Normal .....................................13

Capítulo 3As Calcificações Mamárias .............................17

Capítulo 4Os Padrões Mamográficos .............................. 23

Capítulo 5A Interpretação da Mamografia ....................... 29

Capítulo 6Os Laudos Mamográficos ................................ 33

Capítulo 7Atlas de Imagens ........................................... 37

Bibliografia ..................................................... 63

Sumário

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Embora a mamografia seja o mais eficiente mé-todo de detecção do câncer de mama, entre os exa-mes atualmente disponíveis, ela possui limitaçõesque precisam ser conhecidas. Nem todos os cânce-res de mama são detectáveis pela mamografia –cerca de 9% dos cânceres de mama tornam-sepalpáveis antes que se consiga demonstrá-los emmamografias.

Por outro lado, como o tempo de duplicaçãocelular do câncer de mama é de aproximadamente100 a 180 dias, muitos tumores duplicam de tama-nho a cada 3 meses. Assim, uma lesão que namamografia deste ano possui 0,3cm de diâmetro(não sendo, ainda, identificavél) deverá medir cer-ca de 1,2cm após 6 meses, e já poderá ter algo emtorno de 4,5cm na próxima mamografia anual. É ochamado “carcinoma de intervalo”, surgindo clini-camente entre uma mamografia normal e amamografia anual subseqüente.

Portanto, deve-se considerar sempre que,até o momento, não existe exame, ou combina-ção de exames, que possa garantir a uma mu-lher que ela não tem um câncer macroscópiconas suas mamas.

Além disso, ao contrário das demais estrutu-ras do corpo, o parênquima mamário apresenta vá-rios padrões de “densidade normal” que podem fa-cilitar, ou dificultar muito, a detecção dos tumores.

CAPÍTULO 1

Introdução

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Por esta razão, é impossível definir qual o “limiar dedetecção” tumoral da mamografia, pois ele variaconforme o tipo de densidade mamária.

Entre as diversas tentativas de sistematiza-ção das variantes da aparência radiológica dasmamas destacam-se os tipos descritos por Wolfe,que classificou em 4 categorias a aparência normaldas mamas:

Tipos Mamográficos de Wolfe:

Tipo I

Mama quase completamente radiotransparenteporque contém uma grande proporção de teci-do gorduroso (MAMA LIPOMATOSA) – Fig. 2;

Tipo II

Mama predominantemente lipomatosa nas ra-diografias, contendo, porém, cerca de 15% a25% da sua transparência ocupada por den-sidades serpentiformes, que correspondem aductos proeminentes, com denso materialcolágeno periductal (MAMA EM INVOLUÇÃOLIPOMATOSA PARCIAL) – Fig. 3;

Tipo III

Mama na qual densidades lineares e/ou “emplacas” ocupam mais de 25% e menos de50% da glândula, por proeminência de elemen-tos ductais e lobulares (MAMA COM PREDO-MINÂNCIA LOBULAR) – Fig. 1;

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Tipo IV

Neste tipo de mama, densidades homogêneasou heterogêneas ocupam mais de 50% da áreaparenquimatosa, sendo pouco individualizadaa presença de elementos lipomatosos (MAMADENSA, FIBRO-GLANDULAR) – Fig. 4.

Nas mamas de transparência não uniforme,sobretudo nos tipos III e IV de Wolfe, a detecçãode pequenos tumores com limites imprecisospode ser bastante comprometida, reduzindo a sen-sibilidade da diagnóstico mamográfico precoce,mesmo quando a lesão já pode ser palpável. Poroutro lado, tumores que se desenvolvem em ma-mas de tipos I ou II de Wolfe podem ser detecta-dos precocemente. Além dos limitantes estrutu-rais da mamografia, ligados à própria essência dométodo, existem ainda os limitantes conjunturais,ligados a delicados detalhes técnicos que devemser obedecidos na correta realização do examemamográfico: tipo do mamógrafo (e seu fabrican-te), tempo de utilização do tubo de raios-X, regi-me de exposição utilizado, tipo de filme, estadode conservação e de manutenção dos chassis eécrans, uso de processadora exclusiva, tempo deprocessamento e temperatura dos químicos, etc.A combinação eficiente, ou ineficiente, destes nu-merosos elementos influenciará marcadamentesobre o “limiar de detecção tumoral” do método,fazendo com que a “mamografia útil” seja o pro-duto de um trabalho de grande habilidade artísti-ca combinada a sutil rigor técnico, que se iniciano posicionamento correto da mama e finaliza nadescrição dos achados – o laudo mamográfico. To-davia, a compreensão dos achados mamográficos

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por parte do ginecologista que referencia sua cli-ente a um exame de mamografia ainda é compro-metida pela inexistência de uma “linguagem-pa-drão”. Como seria bom se os laudos mamográficostransmitissem informações com a clareza e a se-gurança dos resultados de um exame Papanicolau!A finalidade deste pequeno manual é contribuirpara o estabelecimento de uma linguagem unifor-me e coerente a ser utilizada na descrição deachados em laudos mamográficos.

Os autores

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CAPÍTULO 2

A Mamografia Normal

Em virtude da ampla variação das formas deapresentação da normalidade nas mamografias, ob-serva-se uma limitação intrínseca do método nadetecção precoce (pré-clínica) das neoplasias ma-lignas da mama em numerosas pacientes.

Sabemos que estas variações da normalidadesão multifatoriais, ligadas à idade, elementos gené-ticos, história reprodutiva, “status hormonal”, cons-tituição corporal, etc. Assim, enquanto existemmamas com franco predomínio lipomatoso (o quetorna fácil a identificação de microcalcificações e/outumores infraclínicos), outras apresentam grandequantidade de tecidos radiologicamente densos,tornando impossível a individualização de lesões quepor vezes já são palpáveis.

Todavia, apesar das variações na aparência ra-diológica das mamas, alguns conceitos de normali-dade podem ser relatados:

1. Mamas normais costumam adotar aparên-cia “em espelho”: quando colocados lado alado, os filmes de uma mesma incidênciaparecem ser a imagem um do outro, comose estivessem refletidas em espelho;

2. O estudo comparativo com mamografias an-teriores de qualidade satisfatória deverámostrar, em mamas normais, inexistênciade modificações da aparência mamográfica;

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3. O diagnóstico de normalidade nas mamaslipomatosas é simples e seguro; mas afir-mar a inexistência de neoplasias em mamasdensas e heterogêneas só é garantido nasanálises retrospectivas. A margem de ris-co se reduz quando se associa, no estudodas mamas densas, o exame ultra-sonográfico detalhado, aos filmes de com-preensão localizada e, sobretudo, é possí-vel dispor de mamografias anteriores paraestudo comparativo.

Mamografia Normal (Tipos)

1.1 – Mamas de Predomínio Glandular

O corpo mamário é radiologicamente denso ehomogêneo, por predomínio de elementos fibro-glandulares – Fig. 1.

1.2 – Mamas de Predomínio Lipomatoso

O corpo mamário é radiologicamente transpa-rente, homogêneo, pela presença marcante detecido gorduroso que substitui o estroma glan-dular. Vasos, estrias fibroconjuntivas, linfonodose outras densidades são facilmente individua-lizadas – Fig. 2.

1.3 – Mamas de Distribuição Equilibrada

A densidade mamária é intermediária entre ostipos 1.1 e 1.2, a mamografia adotando uma

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aparência “em mosaico” na qual os elementosgordurosos “emolduram”, com sua transparên-cia, a densidade dos componentes glandula-res – Fig. 3.

1.4 – Mamas Densas, Heterogêneas

Esta aparência mamográfica tem sido descritacomo A.F.B.M. (Alterações Funcionais Benignasdas Mamas).Adotando um aspecto singular,neste tipo de apresentação da normalidade otecido fibro-glandular aparece como umamiríade de diminutas e incontáveis nodulações,ou ainda como “placas” densas, heterogênease confluentes, obscurecendo a individualizaçãodos componentes lipomatosos, vasculares elinfáticos – Fig. 4.

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São extremamente comuns os depósitos decálcio na mama, observando-se aumento na sua in-cidência com o avançar da idade. Estes depósitosde cálcio podem ser secundários a processos be-nignos, tais como secreção celular ativa, debris ce-lulares necróticos, inflamação, trauma, radiação oucorpos estranhos. As calcificações são encontradasno interior dos ductos, em torno dos ductos, nosácinos, estruturas vasculares, estroma glandular,gordura e na pele. Tendo forma variável (de acordocom a etiologia e localização), as calcificações ma-márias podem ser puntiformes, ramificadas, linea-res, esféricas, “em casca de ovo”, finas, grosseiras,cilíndricas, lisas, regulares em tamanho e forma he-terogêneas (ver imagens em atlas de imagens –capítulo 7).

Calcificações visualizadas à mamografia podemser classificadas como benignas, intermediárias oucom alta probabilidade de malignidade.

Analisando-se uma mamografia, deve-se sem-pre procurar atentamente, e se possível com o au-xílio de lente de aumento, a presença demicrocalcificações. Quando evidenciadas, é impres-cindível realizar magnificação para obtenção demaiores informações quanto à morfologia, número edistribuição das mesmas. A análise destascalcificações deve observar a sequência: forma,número, tamanho, distribuição, variabilidade e es-tabilidade.

CAPÍTULO 3

As Calcificações Mamárias

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FORMA: existem padrões mais representativose, muitas vezes, característicos de determinadascausas. No entanto, quando adotam forma irregularsão mais encontrados nas patologias neoplásicasmalignas.

NÚMERO: quanto maior o número demicrocalcificações em um volume de aproximadamen-te 1cm3 da mama em estudo, maior o risco de malig-nidade. A existência de cinco ou maismicrocalcificações agrupadas em um volume de 1cm3

aumenta consideravelmente o risco de malignidade.

TAMANHO: calcificações associadas ao câncermamário são freqüentemente microscópicas. As quetêm diâmetro superior a 3mm são consideradasmacrocalcificações e freqüentemente estão associ-adas a alterações benignas.

VARIABILIDADE: quanto à densidade, número,forma e tamanho são freqüentemente associadas aocâncer mamário.

ESTABILIDADE: a maioria das calcificações en-contradas na mama são devido a processos be-nignos. As calcificações grandes, grosseiras ouaquelas com centro hipertransparente são tipica-mente benignas e não requerem avaliação adicio-nal. As calcificações focais agrupadas em depósi-to e arredondadas são quase sempre benignas edemonstrou-se que devem ser repetidas a curtosintervalos pois seu potencial de malignidade é bai-xo (< 1%).

Quando há massa associada no local dasmicrocalcificações, enquadram-se na classificaçãode provavelmente benignas, e tendo estabilidade

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de 2 anos aumenta acentuadamente a probabilida-de de que tais calcificações sejam secundárias aprocesso benigno.

CLASSIFICAÇÃO

1. Tipicamente Benignas

• Cutâneas: têm aparência típica, com centroradiotransparente, adotando a configuraçãogeométrica.

• Vasculares: têm aparência usual, com aspec-to serpentiforme, secundária a posição aolongo das paredes dos vasos.

• “Em pipoca”: típicas dos fibroadenomas, nãonecessitam de maiores elucidaçõesdiagnósticas.

• “Em bastões”: têm diâmetro acima de 5mm,com centro radiotransparente e resultamde doença secretória ductal. Sãofreqüentemente bilaterais.

• Acinares: tipicamente associadas com pro-cesso inflamatório benigno; têm forma esfé-rica, lisa, com diâmetro de 0,5mm ou mais;resultam provavelmente de concreções nosácinos dos lobos dilatados (microcistos).

• Outras calcificações esféricas com centroradiotransparente: podem, coincidentemen-te, ser encontradas em concomitância como câncer de mama; no entanto, invariavel-mente, resultam de processos benignos.

• “Em casca de ovo”: são delgadascalcificações, secundárias a depósitos de cál-cio na superfície de uma esfera.

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• “Em leite de cálcio”: quando o cálcio se pre-cipita no interior da luz dos cistos é influen-ciado pela gravidade; adotando morfologiadiferente nas projeções crânio/caudal e mé-dio/lateral. Adota as aparências esférica eamorfa na incidência crânio/caudal ecurvilínea/linear na projeção médio/lateral.

• De sutura: representam deposição de cál-cio na matriz do material de sutura; são re-lativamente comuns após radioterapia e, emcertas ocasiões, quando submetidas a ci-rurgias extensas, tais como mamoplastiaredutora.

• Calcificações irregulares, distróficas: sãograndes (> 0,5mm), irregulares, usualmen-te são formadas na mama irradiada ou apóstrauma devido a necrose gordurosa. Podemter centro radiotransparente.

• Calcificações puntiformes: são esféricas ouovais, muito pequenas (< 0,5mm) e de con-tornos indefinidos. Quando bem esféricas, re-gulares, puntiformes, raramente encontram-se associadas ao câncer de mama. Sãofreqüentemente encontradas no estroma fi-broso, sem etiologia aparente.

2. Calcificações Intermediárias (Indistintas ouAmorfas)

Não têm forma definida, são variáveis na for-ma, tamanho e densidade: muito pequenas. Podemter como causa a adenose. Ocasionalmente o cân-cer pode determinar esse tipo de calcificação. Têmalta probabilidade de malignidade.

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3. Morfologia que sugere alta probabilidade demalignidade

3.1. Heterogêneas ou pleomórficas- granulares

Algumas vezes chamadas grosseiras; não sãonem calcificações irregulares tipicamente be-nignas nem tipicamente malignas, variam notamanho e forma. Têm diâmetro inferior a0,5mm.

3.2. Calcificações finas ou ramificadas(em letras do alfabeto)

São delgadas, irregulares, aparentemente line-ares, porém quando detalhadamente avaliadascorrespondem a partículas descontínuas, ir-regulares, menores que 1mm.

4. Modificadores da distribuição - descrevem oarranjo das calcificações

a: Agrupadas ou aglomeradas: atualmente uti-lizado como modificador neutro da distribui-ção e pode refletir processos benignos oumalignos; deve ser utilizado quando ascalcificações múltiplas ocupam um volumepequeno (< 2cm3) de tecido.

b: Lineares: são dispostas em uma linha quepossa ter pontos de ramificação.

c: Segmentares: não preocupantes pois suadistribuição sugere depósitos em um ducto

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e em seus ramos, levantando a possibilida-de de câncer de mama multifocal em um ló-bulo ou em um segmento.

d: Regionais: encontram-se dispersas em umvolume grande de tecido mamário, não ne-cessariamente conformando-se a uma dis-tribuição do ducto.

e: Dispersas ou difusas: são distribuídas ale-atoriamente por toda a mama.

f: Grupos múltiplos: quando há mais de umgrupo de calcificações que são similares namorfologia e na distribuição.

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O fracasso na comunicação eficiente dosresultados mamográficos pode levar ao atrasono diagnóstico e no tratamento do câncer demama. Por outro lado, também poderá condu-zir a paciente a uma ansiedade injustificada,além do alto custo causado por procedimen-tos diagnósticos adicionais e tratamentos des-necessariamente induzidos.

Buscando um consenso, o Colégio Ameri-cano de Radiologia elaborou classificação dospadrões mamográficos (Relatório deImagenologia Mamária e Sistema de Dados –BIRADS) com a finalidade de ordenar e facilitaras condutas dos médicos que lidam com as en-fermidades mamárias , garantindo uma “lingua-gem-padrão” entre radiologistas, ginecologistase mastologistas.

Assim, em ressonância com a I Reunião deConsenso da Radiologia para Padronização dosLaudos Mamográficos (realizada em 19 de abrilde 1998), sugerimos ao colega a adoção dospadrões de relatórios que se seguem, basea-dos na conceituação de classes mamográficas(I a V), variando do tipicamente normal (clas-se I) ao altamente suspeito (classe V).

CAPÍTULO 4

Os Padrões Mamográficos

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Classificação dos Padrões Mamográficos

(Colégio Americano de Radiologia)

Classe 1 – Normal

A mamografia está normal, não havendonenhum achado a descrever, como massa e/ou microcalcificações.

A paciente retorna ao follow-up anual oubianual conforme determinações médicas.

Classe 2 – Benigno

A mamografia é negativa para neoplasiasagressivas, porém com achados benignos. Nãoexiste nada que possa sugerir câncer.

Estão incluídos nesta categoria oslinfonodos intramamários, fibroadenomascalcificados, cistos (oleosos ou com depósitosde cálcio), cistos simples confirmados à ultra-sonografia, lipomas e as calcificações tipica-mente benignas.

Como conduta, as alterações calcificadasem classe II serão acompanhadas da mesmamaneira que a classe I (rastreio anual oubianual).

Classe 3 – Provavelmente Benigno

São lesões que apresentam característi-cas radiográficas de benignidade, tais como:

• massas não calcificadas, sólidas, de contor-nos nítidos e regulares, não palpáveis;

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• distorção focal do parênquima pós-biópsia,sem apresentar um centro denso;

• assimetria focal de densidade com margenscôncavas;

• múltiplas massas circunscritas com similari-dade entre elas; ou

• pequenos grupamentos de microcalcificaçõesmonomórficas e isodensas.

Pela baixa probabilidade de malignidadeexistente, é sugerido um acompanhamento aintervalos curtos, de 4 a 6 meses, no sentidode avaliar a evolutividade das lesões duranteum período de dois anos, com intervalos de 6meses cada.

Em casos de massas bem circunscritas,isoladas, deverá ser realizada ultra-sonografiacom transdutor de 7,5 MHz, procurando dife-renciar nódulos sólidos de císticos; se a lesãofor sólida poderão ser realizadas biópsias poragulha fina ou “core-needle” (“biópsias-de- frag-mento”), obtendo fragmentos de tecido comestudo histopatológico do material.

Vale ressaltar que das lesões nodularesmamárias não palpáveis, com aparência radio-lógica e sonográfica de classe III, cerca de98,5% serão benignas ao estudohistopatológico (Frasson e Col., Sickles e Col.).

Classe 4 – Suspeito

Nesta classificação estão incluídas as le-sões que adotam características distintas dasclasses anteriores (benignas, ou muito prova-

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velmente benignas), mas que não sejam tipi-camente malignas. São as imagens de aparên-cia fronteiriça entre o típico de benignidade eo típico de malignidade.

Nas lesões de classe IV a biópsia deveser considerada como alternativa mais eficazpara a conclusão diagnóstica.

Classe 5 - Altamente Suspeito (AS)

Como se conclui da denominação, enqua-dram-se nesta classe as lesões cujas caracte-rísticas mamográficas sejam típicas de malig-nidade (espessamento cutâneo, “espiculações”clássicas, microcalcificações arenosas,pleomórficas etc).

Será sempre necessária, porém, a con-firmação da natureza maligna da lesão pormeio da biópsia com análise histopatológicado material.

Tabela I – Classificação das lesões (BIRADS)

CLASSE I – NORMAL

CLASSE II – BENIGNO

• Cistos

• Fibroadenomas calcificados

• Lipomas

• Cistos oleosos

• Fibroadenolipomas• Linfonodos intramamários

• Galactocele

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• Calcificações arteriais

• Calcificações anelares

• Calcificações em “casca de ovo”

• Calcificações da ectasia ductal• Em pipoca

• Calcificações no interior de microcistos

• Calcificações distróficas

• Calcificações grosseiras > 3mm

• Calcificações de corpo estranho.

CLASSE III – LESÕES PROVAVELMENTEBENIGNAS

• Nódulo sólido bem delimitado

• Densidade assimétrica focal não palpável

• Distorção focal da arquitetura em sítioconhecido de biópsia e que não possuanúcleo denso

• Massas múltiplas similares e bilaterais

• Microcalcificações monomórficas eisodensas.

CLASSE IV – LESÕES SUSPEITAS

• Nódulo sólido com margens irregulares, maldefinidas, microlobuladas ou com 25% dasmargens obscurecidas

• Distorção arquitetural

• Densidade assimétrica focal palpável

• Calcificações intermediárias• Nódulo pós - TRH.

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CLASSE V – FORTES INDÍCIOS DEMALIGNIDADE

• Nódulo de contornos espiculados• Microcalcificações pleomórficas

• Microcalcificações em letras do alfabeto.

Tabela II – Condutas de acordo com aclassificação BIRADS

CLASSE I – Seguimento normal: anual oubianual

CLASSE II – Seguimento normal: anual oubianual

CLASSE III – Mamografia unilateral após 6meses

- Mamografia bilateral após 12 meses

- Mamografia unilateral após 18 meses - Mamografia bilateral após 24 meses

• Havendo estabilização da lesão –seguimento normal.

CLASSE IV – Estudo cito-histológico

CLASSE V – Estudo cito-histológico

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A interpretação de mamografias, para sereficiente, deve obedecer a uma seqüência que con-siste em:

1. Os filmes mamográficos de rotina (incidên-cias padronizadas) são realizados pela téc-nica, sendo revelados e apresentados aoradiologista;

2. O radiologista avalia a qualidade dos fil-mes e em seguida interroga a paciente erealiza a palpação mamária, podendo porvezes solicitar a execução de incidênciaslocalizadas;

3. Na própria sala do mamógrafo, ou em salacontígua, a paciente será submetida, pelomesmo médico, a exame sonográfico dasmamas, com transdutor de 7,5 MHz. Se forencontrado algum achado anormal ele serádocumentado em fotografia, que será ane-xada ao laudo mamográfico;

4. Mamografias anteriores são solicitadas àpaciente para comparação com o exameatual;

5. O radiologista que interrogou e examinou apaciente redige o laudo mamográfico queserá então digitado;

CAPÍTULO 5

A Interpretaçãoda Mamografia

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6. Após a digitação do laudo ele será subme-tido à apreciação de um 2º radiologista quereavaliará os filmes e liberará o exame paraentrega.

O laudo mamográfico consiste em descriçãodas informações observadas, seguida das infor-mações adicionais fornecidas pelo examesonográfico complementar, conclusão e classifica-ção dos achados.

Eventualmente, poderão ser sugeridos proce-dimentos diagnósticos adicionais e/ou condutas deseguimento clínico/mamográfico.

A análise dos filmes deve ser sempre compa-rativa, começando pelo estudo da pele, buscandoidentificar espessamentos, retrações, cicatrizes ousinais cutâneos.

Em seguida será avaliada a gordura pré-ma-mária (subcutânea), buscando identificar indícios delesões inflamatórias ou neoplásicas.

A partir de então será analisado o corpo ma-mário (o parênquima mamário), sendo classificadoentre os 4 subtipos da normalidade (ver capítulo 3– Padrões mamográficos):

1.1 – Mamas com predomínio fibro-glandular;

1.2 – Mamas com predomínio lipomatoso;

1.3 – Mamas com distribuição equilibrada;

1.4 – Mamas densas, heterogêneas (previamenteclassificadas como A.F.B.M.).

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A distribuição dos elementos vasculares, osprolongamentos axilares e a gordura retromamáriaserão então analisados.

A partir daí, qualquer anormalidade detecta-da será descrita no item respectivo, relatando suascaracterísticas (ver capítulo 5).

Caso haja necessidade de complementaçãoultra-sonográfica, deve-se realizar, descrevendo-ase documentando-as.

Por fim, será emitida uma conclusão acerca daclasse dos achados.

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Classe 1 – Normal

1.1. Predomínio Glandular

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas.

• Corpo mamário simétrico, denso, homogêneo,por predomínio de elementos fibro-glandulares.

• Vascularização normal.

• Prolongamento axilar livre.

• Gordura retromamária íntegra.

Conclusão: Classe I (N) – Fig. 5.

Ausência de sinais mamográficos de suspeição.

1.2. Predomínio Lipomatoso

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas.

• Corpo mamário simétrico, com predomínio detecido adiposo e estroma fibroso reduzido.

• Vascularização normal.

• Prolongamento axilar livre.

• Gordura retromamária íntegra.

Conclusão: Classe I (N) – Fig. 6.

Ausência de sinais mamográficos de suspeição.

CAPÍTULO 6

Os Laudos Mamográficos

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1.3. Distribuição Equilibrada

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas.

• Corpo mamário simétrico apresentandodistribuição adiposo-glandular equilibrada,com estroma fibroso de permeio.

• Vascularização normal.

• Prolongamento axilar livre.

• Gordura retromamária íntegra.

Conclusão: CLASSE 1 (N) Fig. 7.

Ausência de sinais mamográficos de suspeição.

1.4. Mamas Densas, Heterogêneas – PreviamenteClassificadas como A.F.B.M.

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas.

• Tecido fibro-glandular de aspectomicronodular difuso, evidenciando-sepresença significativa de estroma fibroso,com áreas de tecido adiposo de permeio,apresentando densidade elevada para aidade da paciente.

• Vascularização normal.

• Prolongamento axilar livre.

• Gordura retromamária íntegra.

Conclusão: CLASSE I (N) – Fig. 8.

Ausência de sinais mamográficos de suspeição.

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Obs: Em qualquer um destes casos, quandoobservarmos imagens de linfonodosaxilares de aspecto radiológico normal,modificaremos o item: prolongamentosaxilares livres; para: linfonodo(s) axilar(es)de aparência habitual.

Classe 2 – Benigno

Nestes casos, ao observarmos qualqueralteração no padrão mamográfico que se enquadrecomo típica da classe II, modificaremos apenas oitem correspondente, e o restante do laudopermanece de acordo com o padrão da mama dapaciente.

Conclusão: CLASSE II (B) – Fig.9.

Quadro mamográfico compatível com patologiabenigna.

Classe 3 – Provavelmente Benigno

Descrever as alterações que se enquadremneste grupo associando ao padrão da mama dapaciente (glandular, adiposo, equilibrado).

Conclusão: CLASSE III (PB) – Fig. 10.

Quadro mamográfico compatível com patologiaprovavelmente benigna. Seria prudente realizarcontrole mamográfico após 4-6 meses.

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Classe 4 – Suspeito

Mesmo procedimento das classes anteriores(II e III).

Conclusão: CLASSE IV (S) – Fig. 11.

O quadro mamográfico é compatível compatologia a ser esclarecida por examehistopatológico.

Classe 5 – Altamente Suspeito

Descrever as lesões com característicaspróprias de malignidade. Sendo sempre necessáriaa confirmação por histopatologia.

Conclusão: CLASSE V (AS) – Fig. 12.

O quadro mamográfico é compatível compatologia altamente sugestiva de malignidade.Altamente suspeito.

Na maioria dos laudos poderemos incluir, antesda conclusão, o estudo ultra-sonográficocomplementar.

Após a conclusão poderemos acrescentar:

• Estudo comparativo com exames anteriores(com sua respectiva data) – se houver;

• Orientar ou sugerir condutas de seguimento,estudos complementares ou procedimentosinvasivos.

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Atlas de Imagens

CAPÍTULO 7

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Figura 1

Mamas de Predomínio Glandular

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Corpo mamário simétrico, denso, homogêneo,por predomínio de elementos fibro-glandulares

• Vascularização normal

• Prolongamento axilar livre

• Gordura retromamária íntegra.

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Conclusão: Classe I (N)

Ausência de sinais mamográficosde suspeição.

Considerações Finais:

• Análise sonográfica complementar semanormalidades.

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Figura 2

Mamas de Predomínio Lipomatoso

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Corpo mamário simétrico, com predomínio detecido adiposo e estroma fibroso reduzido

• Vascularização normal

• Prolongamento axilar livre

• Gordura retromamária íntegra.

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Conclusão: Classe I (N)

Ausência de sinais mamográficosde suspeição.

Considerações Finais:

• Análise sonográfica complementar semanormalidades.

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Figura 3

Mamas de Distribuição Equilibrada

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Corpo mamário simétrico apresentando dis-tribuição adiposo/glandular equilibrada, comestroma fibroso de permeio

• Vascularização normal

• Prolongamento axilar livre

• Gordura retromamária íntegra.

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Conclusão: CLASSE I (N)

Ausência de sinais mamográficosde suspeição.

Considerações Finais:

1. Análise sonográfica complementar: semanormalidades.

2. Comparação com mamografias anteriores:sem imagens adicionais.

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Figura 4

Mamas Densas, Heterogêneas(Previamente Classificadas como A.F.B.M.)

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Tecido fibro-glandular de aspecto micronodulardifuso, evidenciando-se presença significativado estroma fibroso, com áreas de tecidoadiposo de permeio apresentando densidadeelevada para a idade da paciente

• Vascularização normal

• Prolongamento axilar livre

• Gordura retromamária íntegra.

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Conclusão: CLASSE I (N)

Ausência de imagens delesões focais.

Considerações Finais:

1. Análise sonográfica complementar mostrou:Mamas heterogêneas (previamentedescritas como A.F.B.M).

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Figura 5

Mamas de Predomínio Glandular

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Corpo mamário simétrico, denso, homogêneo,por predomínio de elementos fibro-glandulares

• Vascularização normal

• Prolongamento axilar livres

• Gordura retromamária íntegra.

48

Conclusão: CLASSE I (N)

Ausência de sinais mamográficosde suspeição.

Considerações Finais:

• Análise sonográfica complementar: semanormalidades.

49

Figura 6

Mamas de Predomínio Lipomatoso

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Corpo mamário simétrico, com predomínio detecido adiposo e estroma fibroso reduzido

• Vascularização normal

• Prolongamento axilar livre

• Gordura retromamária íntegra.

50

Conclusão: CLASSE I (N)

Ausência de sinais mamográficosde suspeição.

Considerações Finais:

1. Análise sonográfica complementar: semanormalidades.

2. Comparação com mamografias anteriores:sem imagens adicionais.

51

Figura 7

Mamas de Distribuição Equilibrada

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Corpo mamário simétrico apresentandodistribuição adiposo/glandular equilibrada,com estroma fibroso de permeio

• Vascularização normal

• Prolongamento axilar livre

• Gordura retromamária íntegra.

52

Conclusão: CLASSE I (N)

Ausência de sinais mamográficosde suspeição.

53

Figura 8

Mamas Densas, Heterogêneas(Previamente Classificadas como A.F.B.M.)

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas.

• Tecido fibro-glandular de aspecto micro-nodular difuso, com áreas de confluência,evidenciando-se presença significativa deestroma fibroso de densidade elevada, comsítios esparsos de acúmulo adiposo. Imagemde pequena calcificação densa, tipicamentebenigna, isolada, em projeção profunda

54

• Vascularização normal

• Prolongamento axilar livre

• Gordura retromamária: íntegra.

Conclusão : CLASSE II – B

Considerações Finais:

• Análise sonográfica complementar mostroumamas heterogêneas (previamente descritascomo A.F.B.M.).

55

Figura 9 (a,b)

Classe II (Benigno) em MamasDensas, Heterogêneas

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Tecido fibro-glandular de aspecto micronodulardifuso, evidenciando-se presença significativado estroma fibroso, com áreas de tecidoadiposo de permeio apresentando densidadeelevada para a idade da paciente

56

• Opacidade nodular esférica, de contornosregulares, localizada em Q.S.E. da mamadireita. Observam-se microcalcificaçõesisodensas na periferia da imagem nodularacima descrita

• Prolongamento axilar livre

• Gordura retromamária íntegra.

Conclusão: CLASSE II (B)

Quadro mamográfico compatívelcom patologia benigna.

Considerações Finais:

• Complementação com estudo sonográficomostrou imagem de conteúdo líquido,anecóico, com paredes regulares, em sítioda opacidade individualizada pelos filmesmamográficos.

57

Figura 10 (a,b)

Classe IV (Suspeito) em Mamascom Predomínio Fibro-glandular

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Corpo mamário simétrico, denso, homogê-neo, por predomínio de elementos fibro-glandulares

• Agrupamentos de microcalcificações (2)pleomórficas, algumas densas e outras debaixa densidade, em Q.S.E. da mama direita

58

• Prolongamento axilar livre

• Gordura retromamária íntegra.

Conclusão: CLASSE IV (S)

Quadro mamográfico compatívelcom patologia suspeita.

59

Figura 11

Classe IV (Suspeito) em MamasGlandulares

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Corpo mamário simétrico, denso, homo-gêneo, por predomínio de elementos fibro-glandulares

• Imagem nodular elíptica, de contornoslobulados, localizada em Q.S.I. da mama es-querda

60

• Linfonodos axilares com características ra-diológicas de normalidade

• Gordura retromamária íntegra.

Conclusão: CLASSE IV (S)

Quadro mamográfico compatívelcom patologia suspeita

Considerações Finais:

• O estudo comparativo com mamografias an-teriores mostra aumento das dimensões daimagem nodular e aparecimento delobulações nos contornos.

61

Figura 12 (a, b)

Classe V (Altamente Suspeito) em Mamascom Distribuição Equilibrada

Laudo:

• Pele e gordura pré-mamária: preservadas

• Corpo mamário simétrico, com distribuiçãoadiposo-glandular equilibrada

• Imagens de lesões hiperdensas amorfas, decontornos espiculados, localizadas em Q.S.E.da mama direita

62

• Linfonodos axilares com característicasradiológicas de normalidade

• Gordura retromamária íntegra.

Conclusão: CLASSE V (AS)

Quadro mamográfico compatívelcom patologia altamente suspeita.

63

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Atlanta, GA: American Cancer Society,1994, p. 13.

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Bibliografia

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Digitação e Revisão:Elisabeth Medeiros

Capa:Eclética!

Programação Visual e Paginação:Eclética!

Fotolito e Impressão:Halley Gráfica e Editora