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    O Alm e a Sobrevivncia do Ser

    Proponho-me, nestas pginas, abordar uma dasmais altas e mais graves questes com que defronta

    o pensamento humano.Haver em ns um elemento, um princpio que

    persista, depois da morte do corpo? Haverqualquer coisa da nossa conscincia, da nossapersonalidade moral, da nossa inteligncia, donosso eu, que subsista decomposio do invlucro

    material? Neste breve estudo, deixaremos de lado odomnio das esperanas religiosas, por muitorespeitvel que seja, assim como o das teoriasfilosficas, para exclusivamente buscarmos asprovas experimentais capazes de nos fixarem a

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    opinio. Atualmente, as afirmaes dogmticas e asteorias especulativas j no bastam. O espritohumano, que se tornou difcil de contentar-se, por

    efeito dos mtodos cientficos e de critica hoje emuso, exige para toda crena uma base positiva, umcritrio de certeza.

    Antes de tudo, no exame que vamos fazer, umacoisa nos impressiona. Na poca atual, em quetantas convices se enfraquecem e extinguem, emque tantas iluses se esfrangalham, o respeito, oculto da morte, continua sendo uma das rarastradies vivas. A lembrana dos seres queridos seconserva, intensa e profunda, no corao dohomem. Foi em Paris, no o esqueamos, que seestabeleceu o costume de saudar os fretros aopassarem.

    No um espetculo tocante ver, nos dias 19 e 2de novembro, por sob um cu geralmenteacaapado e sombrio, s vezes at fustigadas poruma chuva insistente, aborrecida e gelada,numerosas multides se encaminharem para oscemitrios, a fim de cobrirem de crisntemos ostmulos daqueles a quem amaram?!

    Aos que voltam dessa piedosa peregrinao emesmo aos que, em todas as pocas do ano,acompanham um enterro, no se apresentar estainterrogao: Que feito de todos esses viajantesque transpuseram os umbrais do mundo invisvel?

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    E o pensamento de cada um interroga o oceanosilencioso dos mortos!

    Sim, no obstante o desenfreado amor

    matria, caracterstico dos tempos atuais, noobstante a luta ardorosa pela vida, luta que nosarrebata em sua engrenagem e nos absorveinteiramente, a idia do Alm se ergue a todoinstante em nosso ntimo. Suscitam-na o espetculoquotidiano das tristezas da Humanidade, a sucessodas geraes que surgem e passam, as chegadas epartidas que se verificam em torno de ns, asconstantes migraes, de um mundo para outro,daqueles que partilharam dos nossos trabalhos, dasnossas alegrias, das nossas dores, dos que teceram anosso lado a teia no raro to dolorosa daexistncia.

    A todos quantos essa questo se tenhaapresentado, direi: Nunca percebestes, no silncioprofundo das horas noturnas, das horas de insnia,quando tudo repousa em derredor, algum rudomisterioso, que se assemelhasse a uma advertnciade amigos ou, melhor ainda, o murmrio de umente caro tentando fazer-se ouvir? No haveis

    sentido passar-vos por sobre a fronte como que umsopro ligeiro, brando qual carcia, ou o roar deuma asa? Freqentemente hei tido essa sensao.

    Mas, dir-me-eis, isto por demais vago e poucoconcludente. A nossa poca de cepticismo so

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    necessrias manifestaes de outra preciso,fenmenos mais tangveis, mais probantes.

    Ora, tais manifestaes existem e delas que

    vamos tratar, penetrando assim o domnio doespiritualismo experimental, o domnio das novascincias psquicas que projetam luz intensa sobre oproblema do Alm.

    Desde alguns anos estas cincias tm tomadouma extenso considervel e no mais possvel aohomem inteligente desconhec-las ou desprez-las.A despeito das fraudes e dos embustes, osfenmenos psquicos reais, de todas as ordens, semultiplicaram de tal maneira que a possibilidadede se produzirem no mais d lugar dvida. Sealguns sbios ainda os discutem, antes do pontode vista das causas atuantes do que da realidade

    dos fatos considerados em si mesmos.H vinte ou trinta anos se verificou onascimento de uma nova cincia. Rompendo ocrculo apertado em que a cincia de ontem, acincia materialista se confinara, ela rasgou aoesprito humano imensas aberturas sobre a vidainvisvel.

    O descobrimento da matria radiante, isto , deum estado sutil da matria, at ento fora,completamente, do alcance das nossas percepes, odescobrimento dos raios X, das ondas hertzianas eda radioatividade dos corpos demonstraram a

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    existncia de foras, de potncias incalculveis e apossibilidade de formas de existncia que os nossosfracos e ,limitados sentidos, por inaptos, no

    percebem.Assim como o mundo dos infinitamentepequenos se nos conservava desconhecido antes dainveno do microscpio, assim tambm, sem asdescobertas de W. Crookes, Roentgen, Berthelot eCurie, ignoraramos ainda que um infinito deforas, de radiaes, de potncias nos cerca, envolvee banha nas suas profundezas.

    Porm, depois daquelas demonstraes, quehomem ousaria, doravante, fixar limites ao imprioda vida? A prpria morte parece no ser mais doque uma porta aberta para formas impalpveis,imponderveis da existncia; as ondas da vida

    invisvel marulham sem cessar em torno de ns.Muitos h que freqentemente inquirem de simesmos onde est o Alm; mas o Alm e o Aqumse penetram, se confundem: esto um no outro.

    O Alm simplesmente o que no alcanam osnossos sentidos, que, como se sabe, so muitopobres, no nos permitindo por isso perceber seno

    as formas mais grosseiras da vida universal.As formas sutis lhes escapam absolutamente.Que que a Humanidade, durante longo tempo,soube do Universo? Quase nada! O telescpio e omicroscpio alargaram em sentidos opostos o

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    campo de suas percepes. Aquele que, antes deinventado o microscpio, falasse dos infusrios,dessa vida exuberante que desabrocha em mirades

    de seres nos ares e nas guas, houveram certamenterespondido com um encolher de ombros.Eis que, porm, novas perspectivas se descerram

    e ignorados domnios da Natureza se revelam. Podedizer-se que a infncia do sculo XX assinala umanova fase do pensamento e da cincia. Esta seafasta cada vez mais das linhas acanhadas em queesteve encerrada por to largo tempo, a fim delevantar o vo, de desenvolver seus meios deinvestigao e de apreciao e explorar os vastoshorizontes do desconhecido. A psicologia,notadamente, enveredou por outros caminhos. Oestudo do eu, da personalidade humana, passou do

    terreno da metafsica para o da observao e daexperincia. Entre as cincias nascidas destemovimento figura o espiritualismo experimental.

    Sob esta denominao, o velho Espiritismo, toescarnecido e achincalhado, tantas vezes enterrado,reapareceu mais vivo e v aumentar dia a dia onmero de seus adeptos.

    No isto bastante singular? Nunca talvez sevira um conjunto de fatos, considerados a princpiocomo impossveis, que no despertavam, nopensamento da maioria dos homens, senoantipatia, desconfiana, desdm; que eram alvo da

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    hostilidade de muitas instituies seculares, acabarpor se impor ateno e mesmo convico deeminentes cientistas, de sbios competentes, cheios

    de autoridade por suas funes e seus caracteres!Esses homens, anteriormente cpticos, chegaram,por via de estudos, de pesquisas, de experincias, areconhecer e a afirmar a realidade da maior partedos fenmenos espritas.

    Sir William Crookes, o mais notvel fsico dostempos modernos, depois de ter observado, durantetrs anos, as materializaes do Esprito de KatieKing e de as haver fotografado, declarou:

    No digo: isto possvel; digo: isto real.

    Pretendeu-se que W. Crookes se retratara. Ora,

    semelhante insinuao ele prprio respondeu nodiscurso que proferiu por ocasio da abertura doCongresso de Bristol, como presidente daAssociao britnica para o adiantamento dascincias. Falando dos fenmenos que descrevera,acrescentou: Nada vejo de que me deva retratar;mantenho minhas declaraes j publicadas.

    Poderia mesmo aditar-lhes muita coisa.Russel Wallace, da Academia Real de Londres,na obra intitulada: O Milagre e o modernoespiritualismo, escreve

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    Eu era um materialista to completo eexperimentado que no podia, nesse tempo, acharlugar no meu pensamento para a concepo de uma

    existncia espiritual... Os fatos, entretanto, soobstinados: os fatos me convenceram.O professor Hyslop, da Universidade de

    Colmbia, Nova Iorque, em seu relatrio sobre amediunidade de Mrs. Piper, mdium de transe,disse:

    A julgar pelo que eu prprio vi, no sei comopoderia furtar-me concluso de que a existnciade uma vida futura est absolutamentedemonstrada.

    F. Myers, professor em Cambridge, na belaobra: A Personalidade humana, chega conclusode que vozes e mensagens nos vm de alm-tmulo.

    Falando de Mrs. Thompson, acrescenta: Creioque a maioria dessas mensagens parte de Espritosque se servem temporariamente do organismo dosmdiuns, para no-las transmitir.

    Richard Hodgson, presidente da SociedadeAmericana de Pesquisas Psquicas, escrevia nosProceedings of Society Psychical Research:

    Acredito, sem a menor sombra de dvida, que osEspritos que se comunicam so de fato aspersonalidades que dizem ser; que sobreviveram mutao conhecida pelo nome de morte e que secomunicaram diretamente conosco, pretensos vivas,

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    por intermdio do organismo de Mrs. Piperadormecida.

    O mesmo Richard Hodgson, falecido em

    dezembro de 1906, se comunicou depois com seuamigo James Hyslop, entrando em mincias acercadas experincias e dos trabalhos da Sociedade dePesquisas Psquicas. Explica como, para ficarabsolutamente provada a sua identidade, deviam asexperincias ser conduzidas. (1)

    Essas comunicaes so feitas por diferentesmdiuns que no se conhecem reciprocamente eumas confirmam as outras. Notam-se as palavras eas frases familiares, em vida, aos que se comunicamdepois de mortos.

    Sir Oliver Lodge, reitor da Universidade deBirmingham e membro da Academia Real,

    escreveu em The Hilbert Journal o seguinte, que oLight de 8 de julho de 1911 reproduziu:Falando por conta prpria e com pleno

    sentimento de minha responsabilidade, doutestemunho.

    de que, como resultado das investigaes que fizno terreno do psiquismo, adquiri por fim, mas de

    modo inteiramente gradual, a convico em que memantenho aps vinte anos de estudo, no s de quea continuao da existncia pessoal um fato, comotambm de que uma comunicao pode

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    ocasionalmente, embora com dificuldade e emcondies especiais, chegar-nos atravs do espao.

    E na concluso do seu recente livro A

    Sobrevivncia Humana (2), acrescentou:No vimos anunciar uma verdadeextraordinria; nenhum novo meio de comunicaotrazemos, mas apenas uma coleo de provas deidentidade cuidadosamente colhidas, por mtodosdesenvolvidos, ainda que antigos, mais exatos emais vizinhos da perfeio talvez do que osempregados at hoje. Digo provas cuidadosamentecolhidas, pois que os estratagemas empregadospara a sua obteno foram postos em prtica de ume de outro lado da barreira que separa o mundovisvel do invisvel; houve distintamente cooperaodos que vivem na matria e dos que j se

    libertaram dela.O professor W. Barrett, da Universidade deDublin, declara (Anais das Cincias Psquicas,novembro e dezembro de 1911)

    Sem dvida, por nossa parte, acreditamos haveralguma inteligncia ativa operando por detrs doautomatismo (escrita mecnica, transe e

    incorporao) e fora deste, uma inteligncia quemais provavelmente a pessoa morta que a mesmainteligncia afirma ser do que qualquer outra coisaque possamos imaginar... Dificilmente seencontrar soluo para o problema dessas

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    mensagens e das correspondncias de cooperaointeligente entre certos Espritos desencarnados eos nossos.

    O clebre Lombroso, professor da Universidadede Turim, escrevia na Leitura:Sinto-me forado a externar a convico de que

    os fenmenos espritas so de uma importnciaenorme e que dever da Cincia dirigir sem maisdemora sua ateno para essas manifestaes.

    Mr. Boutroux, membro do Instituto e professorda Faculdade de Letras de Paris, se exprime assimno Matin de 14 de maro de 1908:

    Um estudo amplo, completo do psiquismo nocomporta unicamente um interesse de curiosidade,mesmo cientfica; interessa tambm muitodiretamente vida e ao destino do indivduo e da

    Humanidade.O sbio Duclaux, diretor do Instituto Pasteur,em uma conferncia que fez no Instituto GeralPsicolgico, h alguns anos, dizia:

    No sei se sois como eu, mas esse mundopovoado de influncias que experimentamos sem asconhecermos, penetrado desse quid divinum que

    adivinhamos sem lhe apreendermos as mincias,ah! esse mundo do psiquismo mais interessante doque este outro em que at agora se encarcerou onosso pensamento. Tratemos de abri-lo s nossas

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    pesquisas. H nele, por se fazerem, imensasdescobertas que aproveitaro Humanidade.

    *

    O observador, o pesquisador imparcial quedeseja formar juzo seguro, muitas vezes se achaem presena de duas opinies igualmentefalaciosas. De um lado, a condenao em bloco. Dir-lhe-o: no psiquismo tudo fraude e embuste; ouento: tudo iluso e quimera. De outro lado, acredulidade excessiva. Encontrar pessoas queadmitem os fatos mais inverossmeis, maisfantsticos; outras que se entregam s prticasespritas sem estudos prvios, baldas de mtodo, dediscernimento, de esprito de crtica, ignorantes das

    causas vrias a que se podem atribuir os fenmenospsquicos.Esses talvez sejam indivduos de boa-f. Mas h

    tambm os embusteiros e os charlates. Ocharlatanismo se tem freqentemente apropriadodos fatos psquicos para os imitar e explorar.Cumpre estar sempre em guarda contra o cortejo

    dos falsos mgicos, dos falsos mdiuns ou dos que,possuindo faculdades reais, no hesitam contudoem trapacear, havendo oportunidade. Aoobservador importa precaver-se dos mserosindustriais que no trepidam em mercadejar com

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    as coisas mais respeitveis. Entretanto, os casosfraudulentos em nada podem alterar a realidadedos fatos autnticos.

    No h dvida de que as trapaas, as falsasmaterializaes, as fotografias arranjadasdesacreditam o psiquismo e entravam a marchadesta cincia nova, que lhe retardam o vo e odesenvolvimento normal. Mas no sucede sempreassim com todas as coisas humanas? As maissagradas nunca estiveram ao abrigo das falcatruasdos intruses e dos impostores.

    Indubitavelmente, diante da incerteza, daconfuso que resulta de tantas opiniescontraditrias, muitos homens hesitaro empalmilhar esse terreno, em se entregar a um estudoatento da questo. O que o primeiro exame,

    superficial, neles produz a desconfiana, ahostilidade. Quase nunca vem da cincia psquicaseno os lados vulgares, as mesas girantes e outrosfenmenos da mesma natureza, conservando-se-lhes desconhecidas ou ignoradas as manifestaesde carter elevado, os fatos de real valor. queneste mundo o que belo e grande se dissimula; s

    pode ser descoberta por esforos perseverantes,enquanto que as coisas banais e ruins disputam aevidncia em torno de ns. Ou ento os fenmenoscitados parecero maravilhosos, incrveis aos que

    jamais experimentaram e muitos, em presena das

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    narraes que se lhes fazem, poro os espritas norol dos alienados.

    Tal a primeira impresso, que, cumpre

    reconheamos, no favorvel. Entretanto, quemestudar seriamente a questo ser impressionadopor um fato: que, ao cabo de meio sculo decrticas amargas, de ataques violentos e at deperseguies, o Espiritismo se mostra mais vivaz doque nunca. pode dizer-se que ele se hconsideravelmente desenvolvido, pois que j no secontam as revistas, os jornais, os grupos deexperimentao que se prendem a esta ordem deidias, em todos os pontos do globo. Tudo quantoho querido tentar contra ele tem falhado. Aspesquisas cientficas e os processos tendenciosos lheresultaram at aqui favorveis.

    Importa ainda que se reconhea uma coisa: se oEspiritismo encontrou tanta dificuldade paravencer as oposies conjuradas que aexperimentao neste campo se apresenta prenhede embaraos. Exige qualidades de observao e demtodo, pacincia, perseverana, que esto longe deser predicados de todos os homens. As

    manifestaes espritas obedecem a regras maissutis, a condies mais delicadas e mais complexasque as de qualquer outra cincia (3). Aosexperimentadores foram precisos longos anos de

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    estudo e de observao para chegarem adeterminar as leis que regem o fenmeno esprita.

    Como a pouco vimos, o Espiritismo j agora se

    apia em testemunhos cientficos de alto valor, emexperincias e afirmaes de homens que ocupamelevada posio na Cincia e cujas obras fortes,cujas vidas ntegras e fecundas merecem o respeitouniversal. E o nmero desses testemunhos crescedia a dia. Da o podermos dizer: se os fenmenosespiriticos no passassem de iluso e quimera,como teriam conseguido prender, durante anos, aateno de sbios ilustres, de homens frios epositivos, quais W. Crookes, Lodge, Zoller,Lombroso? E, em grau menos alto, porm no desomenos importncia, homens como Myers,Aksakof, Maxwell, Stead, Dariex e outros?

    Pouco a pouco, graas s investigaes e sexperincias desses cientistas, a explanaoprossegue e as afirmaes em favor do Espiritismose renovam e multiplicam.

    Eis por que consideramos um dever espalharpor toda parte o conhecimento dos fatos, por issoque projetam luz nova, luz poderosa sobre a nossa

    natureza real e sobre o nosso futuro. preciso,afinal, que o homem aprenda a se conhecer melhor,a ter conscincia das energias que possui em estadolatente. Conformando-se lei suprema, ele devetrabalhar com coragem e pertincia para se

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    engrandecer, para crescer em dignidade, em saber,em critrio, em moralidade, porquanto nisso esttodo o seu destino!

    Aditemos uma nota sobre as experincias dossbios que acima citamos: elas tm tido um alcanceconsidervel e dado lugar a comprovaescientficas da mais alta importncia. Por exemplo,observando as materializaes do Esprito KatieKing que Sir W. Crookes descobriu a matriaradiante. Nestes fenmenos estranhos ele observavaa ao da substncia em trabalho no ponto de suatransformao em fora, em energia.

    Foi, pois, de um fato esprita que se originouuma srie completa de descobertas, uma revoluono domnio da fsica e da qumica.

    O grande fsico ingls achou meio de tornar

    visvel, no aparelho que veio a chamar-se ampola deCrookes, essa matria radiante, difusa,impondervel, que enche o espao e nos escapa aossentidos. Tudo quanto se h desde ento verificadonesse terreno no passa de aplicaes da descobertado ilustre sbio: os raios X e a radioatividade doscorpos, por exemplo.

    O prprio rdio no mais do que uma dessasmanifestaes. Todos os corpos vibram, todos semantm num perptuo estado de radiao; apenasa do rdio mais forte do que as outras.

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    Podemos hoje observar a matria em seusdiferentes estados, desde o estado slido, o maiscondensado sob o qual habitualmente a vemos, at

    ao de completa dissociao, em que se torna fora eluz.O ser humano irradia igualmente. Existe nele

    um foco de energia, donde constantemente emanaeflvios magnticos e foras que se ativam, que seestendem sob a influncia da vontade, chegando apoderem impressionar placas fotogrficas. Porsemelhante irradiao j o nosso ser penetra nomundo invisvel.

    Todas estas noes as experincias cientficasconfirmam. A verificao destes modos de energia,a existncia destas formas sutis da matriafornecem ao mesmo tempo a explicao dos

    fenmenos espritas. a que os Espritos hauremas foras de que se servem nas suas manifestaesfsicas; desses elementos imponderveis que seconstituem seus envoltrios, seus organismos. Nsmesmos, os humanos, possumos j nesta vida umcorpo sutil, invisvel veculo da alma, do qual ocorpo fsico a imagem, e que em certos casos se

    pode concretizar e cair sob a ao dos sentidos.J tem sido possvel reproduzir-se em chapasfotogrficas este duplo fludico do homem, centrode foras e de radiaes. O coronel de Rochas e oDoutor Barlemont obtiveram, no atelier de Nadar,

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    a fotografia simultnea do corpo de um mdium edo seu duplo, momentaneamente separados. (4)

    Pela existncia do corpo fludico, pelo seu

    desprendimento durante o sono natural ouprovocado que se explicam as aparies defantasmas dos vivos e, por extenso, as dosEspritos dos mortos.

    Em muitos casos j se pudera observar que oduplo fludico de pessoas vivas se destacava, emcertas condies, do corpo material, para semostrar e manifestar a distncia. Tais fenmenosso conhecidos pela designao de fatos telepticos.

    Desde ento, ficou evidente que, se durante avida, a forma fludica tem a possibilidade de agirfora e sem o concurso do corpo, a morte no podeser o termo de sua atividade.

    Eis um caso notvel de apario de um vivodesprendido de sua forma material:Os grandes jornais de Londres, o Daily News de

    17 de maio de 1905, o Evening News, o DailyExpress, o Umpire de 14 de maio, referiram aapario, em plena sesso do Parlamento, naCmara dos Comuns, do fantasma de um

    deputado, o major Sir Carne Rachse, que se achavapreso em casa por uma indisposio. Trs outrosdeputados atestam a realidade desta manifestao.

    Assim se exprime a respeito Sir Gilbert Parker,membro daquela Cmara, no jornal Umpire de 14

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    de maio de 1905, do qual os Anais das CinciasPsquicas de junho do mesmo ano reproduziram anarrao

    Era meu desejo tomar parte no debate, masesqueceram-se de chamar-me. Dirigindo-me para aminha cadeira, meus olhos deram com Sir CarneRachse, sentado perto do lugar que habitualmenteocupava. Sabendo eu que ele estivera doente, fiz-lheum gesto amistoso, dizendo-lhe: Desejo que estejamelhor. Mas, no obtive nenhum sinal de resposta,o que me espantou. Achei-o muito plido. Estavaassentado, tranqilo., apoiado em uma das mos; aexpresso da fisionomia era impassvel e dura.Detive-me um instante refletindo sobre o queconvinha fazer; quando me voltei de novo para SirCarne, ele desaparecera. Pus-me incontinenti sua

    procura, contando encontr-lo no vestbulo. L nose achava. Ningum o vira.E o jornal acrescenta:O prprio Sir Carne no duvida de que tenha

    realmente aparecido na Cmara, sob a forma doduplo, preocupado coma estava com a idia decomparecer sesso para dar o seu voto ao

    governo. Temos ainda o testemunho de dois outrosdeputados ingleses.No Daily News de 17 de maio de 1905, Sir

    Arthur Hayter refora com o seu depoimento o deSir Gilbert Parker. Diz Sir Hayter que no s viu

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    Sir Carne Rachse como tambm chamou a atenode Sir Campbell Bannerman para a presenadaquele deputado.

    Pelo que toca s aparies de defuntos, jrelatamos em outras obras (5) as experincias deSir William Crookes com o Esprito Katie King, asde Aksakof com o de Abdullah e outros.

    Relatemos aqui um caso mais recente, que oprofessor Lombroso, de Turim, conhecido domundo inteiro pelos seus trabalhos de fisiologiacriminalista, refere em seu livro pstumo:Riccerche sui fenomeni ipnotici e spiritici

    Foi em Gnova, no ano de 1902. A mdiumEuspia se achava em estado de semi-inconscinciae eu no esperava obter fenmeno srio. Antes dasesso pedira-lhe que deslocasse, em plena luz, um

    pesado tinteiro de vidro. Ela me respondeu na suamaneira vulgar: Por que te ocupas com estasninharias? Sou capaz de fazer muito mais, de dar-tea ver tua me. A est no que devias pensar!Impressionado com esta promessa, depois de umahora de sesso, apoderou-se de mim o mais intensodesejo de a ver executada e a mesa respondeu por

    trs pancadas ao meu pensamento. Vi de repente(estvamos na meia obscuridade de uma luzvermelha) sair do gabinete uma forma de talhemuito pequeno, exatamente como o de minha me.(Cumpre se note que a estatura de Euspia pelo

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    menos dez centmetros mais alta que a de minhame.) O fantasma trazia um vu; deu voltacompleta mesa at chegar a mim, murmurando

    palavras que muitos ouviram, mas que a minhameia surdez no me permitiu escutar. Enquanto,fora de mim, tal a emoo em que me achava, eulhe suplicava que mas repetisse, ela me disse:Cesare, fio mio! Reconheo que isso no era de seushbitos. Efetivamente, nascida em Veneza, a tinha ocostume veneziano de me tratar assim: mio fio !Pouco depois, a pedido meu, afastou por instantes ovu e me deu um beijo.

    Na pgina 93 da obra citada acima se pode lerque a me do autor lhe reapareceu ainda umasvinte vezes no correr das sesses de Euspia.

    A objeo favorita dos incrdulos, no tocante a

    este gnero de fenmenos, que eles se produzemna obscuridade to favorvel aos embustes. H umtanto de verdade nessa objeo e ns mesmos notemos hesitado em assinalar fraudes escandalosas;mas importa se note que a obscuridade indispensvel s aparies luminosas, as maisfreqentes de todas. A luz exerce uma ao

    dissolvente sobre os fluidos e grande nmero demanifestaes s na sua ausncia se podem dar.Casos, entretanto, h em que certos Espritospuderam aparecer sob os reflexos da luz fosforada.Outros se desmaterializam em plena luz. Sob os

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    raios de trs bicos de gs, viu-se Katie King fundir-se pouco a pouco, dissolver-se e desaparecer. (6)

    A estes testemunhos corre-nos o dever de juntar

    o nosso, relatando um fato que nos tocapessoalmente.Durante dez anos nos consagramos a esta ordem

    de estudos com o auxlio de um mdico de Tours, oDoutor Aguzoli, e de um capito arquivista do 94corpo. Por intermdio de um deles, mergulhado emsono magntico, os Invisveis nos prometiam, haviamuito, um caso de materializao. Uma noite,reunidos no gabinete de consulta do nosso amigo,fechadas cuidadosamente s portas, e a luz do diapenetrando ainda bastante pela bandeira da janelapara nos ser possvel distinguir perfeitamente osmenores objetos, ouvimos trs pancadas ressoarem

    em certo ponto da parede. Era o sinalconvencionado.Dirigimos os olhares para aquele lado e vimos

    surgir da dita parede, onde nenhuma soluo decontinuidade havia, uma forma humana de talhemediano. Aparecia de perfil: a espdua e a cabease mostraram primeiro, depois, gradualmente, todo

    o corpo se mostrou. A parte superior se desenhavabem, apresentando ntidos e precisos os contornos.A parte inferior, mais vaporosa, tinha o aspecto deuma massa confusa. A apario no caminhava,deslizava. Tendo atravessado lentamente a sala, a

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    dois passos de ns, foi enterrar-se e desaparecer naparede oposta, num ponto em que no havia sadaalguma. Pudemos contempl-la durante cerca de

    trs minutos e nossas impresses, confrontadas logoaps, se revelaram idnticas.O coronel francs L. G., hoje general, perdera a

    filha mais velha, de vinte anos de idade, a quemconsagrava terna afeio, por isso que a mocinha,muito sria, renunciava de boa-vontade sdiverses em companhia de suas amigas paracompartilhar dos trabalhos de seu pai, escritordistinto. Sua morte sbita, fulminante, mergulhouem sombrio desespero o coronel, que me procuroupara saber por que meios se poderia comunicarcom a morta querida. Mas todas as suas tentativaspor intermdio da mesa e da escrita s deram

    resultados menos que satisfatrios. Pouco a pouco,entretanto, fenmenos de viso se produziram e, a25 de janeiro de 1904, ele me escrevia:

    Como complemento de minhas cartasanteriores, quero, antes de tudo, consignar aqui,por escrito, o que lhe referi no hotel Ngre-Coste.

    Na mesma noite da sua conferncia, achando-

    me deitado e em completa escurido, viprimeiramente com a maior nitidez a figura deminha filha querida, como a vejo habitualmente (eacrescento - como continuo a v-la de modo cadavez mais preciso), isto , uma figura confusa, de

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    brilhante contorno, com o penteado que lhe erapeculiar destacando-se maravilhosamente no altoda cabea.

    Ora, como essa forma bem-amada estivessediante de mim, sentindo-me eu perfeitamenteacordado e observando-a com a maior ateno deque sou capaz, a apario se transfigurou e tiveento, junto de meu leito, minha filha adorada, talcomo nunca a vira melhor enquanto viva:semblante risonho, alegre, tez brilhante defrescura; era de impressionar; dela emanava umaespcie de luminosidade; seu rosto fulgurava,resplandecia.

    Desgraadamente, isto no durou mais do quecinco a seis segundos, passados os quais diviseinovamente a forma confusa, azulada. S a

    fisionomia tinha aparncia de vida.Acrescento que antes observara, perto de meuleito, magnfica estrela azul, de uma luz inimitvel,projetando sobre mim um raio luminoso que meenchia literalmente de claridade. Aps o nossoregresso para aqui, as manifestaes continuaramnestas condies. Todavia, julgo oportuno destacar

    duas particularidadesH alguns dias, meu sobrinho Roberto estava deguarda. A meia-noite deixou o corpo da guardapara ir buscar alguma coisa no seu aposento. Lchegando, ouviu uma voz bem conhecida que o

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    chamava distintamente: Roberto! Roberto! Ele seencontrava absolutamente s, a porta estavafechada e quela hora todos no quartel dormiam.

    Acresce que seus camaradas o tratam peloapelido de famlia: de C. . . e nunca pelo primeironome. O nico que o trata pelo prenome Amauri,o noivo de minha filha, e esse, no momento, estavadeitado no aposento que ocupa em minha casa.

    Voltando ao corpo da guarda, meu sobrinho tevea surpresa de ver um co, que os soldadosrecolheram e que se chama Batalho, levantar-sesobre as patas traseiras, apoiar as dianteiras contraa borda de uma cama de campanha e ladrar, com oplo eriado, durante uns dez minutos, fixo o olharem um s ponto da parede, onde ningum via coisaalguma.

    No houve meio de faz-lo calar-se. Finalmente,ontem noite, em minha casa, Amauri estavadeitado e tinha consigo na cama uma gata, outrorafavorita da minha cara Ivone. De repente a mesa decabeceira recebeu uma pancada to violenta que agata saltou da cama. Amauri, que apenasdormitava, abriu os olhos e viu o quarto cheio de

    luminosidades, de pontos brilhantes, etc.Eis a situao em que nos achamos. Tudo istono deixa lugar dvida alguma, a qualquersuspeita. Tudo se passa em nossa casa, sem mdiumestranho, em famlia. A maior parte das vezes os

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    fenmenos se produzem espontaneamente. Chegar-se- forosamente crena na realidade dasmanifestaes do Alm e todo o mundo se admirar

    um dia de** que elas fossem por to longo tempodesprezadas e at negadas.O general L. G. me assinala ainda o seguinte

    fenmenoO Senhor Contaut, velho amigo de meu pai,

    nascido como ele no pinal, donde veio paraPrigneux, lugar em que se aposentou no cargo dediretor do registro, me referiu o seguinte fato:

    Um dia em pinal acabava de me deitar, quandode sbito vi aos ps de minha cama o meu amigoGoenry, comandante de engenharia, ento muitodistante dos Vosges. Estava uniformizado e meolhava tristemente. Tal foi a minha surpresa que

    exclamei: Como, Goenry, tu aqui! Nesse momentoele desapareceu. Fiquei impressionadssimo. Fui tercom minha mulher e lhe narrei o que acabava depassar-se, acrescentando: Aposto que Goenrymorreu. No dia seguinte recebi um telegramacomunicando-me a sua morte, que ocorreraexatamente mesma hora da apario.

    Ora, o Senhor Contaut um esprito muitopositivo; ignorava toda esta espcie de fenmenos es me confiou o fato porque eu lhe estiverarelatando outros da mesma natureza, passadoscomigo. Ele me declarou: Jamais me fora possvel

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    compreender esse incidente. Que de vezes penseinele sem conseguir achar-lhe explicao!

    Citemos ainda um caso mais antigo, porm dos

    mais sugestivos tambm, em razo dos testemunhosoficiais que o comprovam:A 17 de maro de 1863, em Paris, no primeiro

    andar da casa n 26, rua Pasquier, por detrs daMadalena, a Senhora baronesa de Boilve ofereciaum jantar a muitas pessoas, entre as quais secontavam o general Fleury, escudeiro-mor doimperador Napoleo III, o Senhor Devienne,primeiro presidente da Corte de Cassao, oSenhor Delesvaux, presidente da Cmara noTribunal Civil do Sena. Durante o jantar tratou-sesobretudo da expedio ao Mxico, comeada havia

    j um ano. O filho da baronesa, tenente de

    caadores a cavalo, Honor de Boilve, fazia parteda expedio e sua me no deixara de perguntarao general Fleury se o governo tinha notcias dela.No as tinha. Falta de notcias, boas notcias. Obanquete terminou alegremente, conservando-se osconvivas mesa at s 9 horas da noite. H essahora, Mme. de Boilve se levantou e foi sozinha ao

    salo para mandar servir o caf. Mal entrara, umgrito terrvel alarmou os convidados. Todos seprecipitaram para o salo e encontraram abaronesa desmaiada, estendida no tapete.

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    Voltando a si, contou-lhes ela uma histriaextraordinria. Ao transpor a porta do salo, deracom seu filho Honor em p na outra extremidade

    do aposento, uniformizado, mas sem armas e semquepe. Tinha o rosto plido e ensangentado. Foratal o espanto da pobre senhora, que pensaramorrer. Todos se apressaram em tranqiliz-la,fazendo-lhe ver que tinha sido joguete de umaalucinao, que sonhara acordada. Sentindo-se ela,porm, inexplicavelmente fraca, chamaram comurgncia o mdico da famlia, que era o ilustreNlaton. Posto ao corrente da estranha aventura, ofacultativo prescreveu calmantes e retirou-se. Nodia seguinte a baronesa estava fisicamenterestabelecida, mas o moral ficara abalado. Da pordiante mandava duas vezes ao dia um portador ao

    ministrio da guerra pedir notcias do tenente.Ao cabo de uma semana recebeu a noticia oficialde que a 17 de maro de 1863, s 2 horas e 50minutos da tarde, no assalto de Puebla, Honor deBoilve cara morto por uma bala mexicana, que oatingira no olho esquerdo e lhe atravessara acabea.

    Trs meses mais tarde o Dr. Nlaton transmitiua seus colegas da Academia uma comunicao dosucedido, escrita pelo punho do primeiro presidenteDevienne e assinada por todos os convivas dofamoso jantar. (7)

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    Em seu nmero de 24 de dezembro de 1905,L'clair publicou uma importante declarao doSenhor Montorgueil, redator desse jornal, que

    ento se decidira a falar das experincias de queparticipara em 1896 ou 1897, em casa doengenheiro Mac-Nob, rua Lepic. Foi necessria aafirmao corajosa do professor Ch. Richet sobre arealidade do fantasma da vivenda Carmem paraque ele sasse do silncio em que se mantiveradurante dezoito anos.

    Muitos cpticos, pouco ao par destasinvestigaes, ingenuamente supem que, seatirassem ao fantasma e o impedissem de mover-se,encontrariam o mdium disfarado.

    A seguinte experincia do Sr. Montorgueilresponde peremptoriamente a esta hiptese,

    patenteando-lhe a parvoce. Vamos sem delongas aoponto interessante da narrativa.Uma noite recebi uma pancada no ombro, uma

    pancada algum tanto brusca. Passado um instante,notei que me roava os joelhos uma saia. Segurei-a,mas escapou-me dos dedos.

    O fantasma atirou-se de novo a mim. Senti de

    repente que me esfregava o rosto com um pano.Acreditei ser um gracejo: agarrei, furioso, a moque me correra pela face. A clera, junta a um certomedo, me decuplicava as foras. Pedi em gritos que

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    acendessem as luzes, o que logo foi feito peloengenheiro.

    Achava-me ento de p e com um dos braos

    apertava de encontro ao corpo um outro brao,cujo pulso segurava com a mo, que a raiva haviatransformado em tenaz. Reinava absoluto silencio;meus ouvidos no percebiam nenhum rudo derespirao; nem minhas faces lhe sentiam o calorcaracterstico. Somente meus ps sapateavam.

    A mo do fantasma tentava, no entanto, fugir daminha. Dava-me a sensao de se estar fundindoentre os meus dedos.

    A luz brilhara de novo: a luta no durara maisde dez segundos.

    Contra mim ningum; todos estavam nos seuslugares e denotavam mais curiosidade do que

    ansiedade. fora de dvida que se tivesse agarradopor aquela maneira uma pessoa, eu a houveraderrubado, ou, numa luta corpo a corpo, como aem que me vira empenhado, ela s conseguiriaatirar-me ao cho, depois que nossas mos sehouvessem separado. Tal pessoa no lograrialibertar-se de mim sem um empurro.

    Meu adversrio desaparecera.Teria eu sido o joguete de uma alucinao?Existia prova do contrrio: ficara-me na mo,arrancado da do fantasma, o pano com que me

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    esfregara o rosto. Era o fichu de uma moa que oescultor trouxera em sua companhia.

    Devo salientar que no momento em que a luz se

    acendeu de novo e que a mo se desvaneceu, omsico (o mdium) caiu de costas sobre o sof,soltando um grito, e ficou prostrado, como queaniquilado por muitos minutos.

    Posteriormente refleti muitas vezes sobre essefato. Procurei verificar se no framos todos, eu emeus companheiros, mistificados. Nada apurei queconfirmasse esta suposio. Um argumento aosmeus olhos sobreleva a todos os outros: um ser aquem eu tivesse prendido pelo pulso e subjugadocom o brao teria podido escapar-se sem barulho,sem queda, sem coliso? Desafio a quem quer queseja que o consiga.. .

    de notar-se o contrachoque experimentadopelo mdium. Em outras circunstncias o fatopoderia ser-lhe de terrveis conseqncias. Mme.d'Esprance, por efeito de uma aventura da mesmanatureza, ficou gravemente enferma durantemuitos anos. Da toda a convenincia em notrabalhar seno com pessoas cuja lealdade se

    conhea, incapazes de, por estpidas e inteisagresses, ferir os mdiuns.As materializaes e aparies de Espritos, j o

    vimos, se opem dificuldades que, forosamente,lhes limitam o nmero. O mesmo no se d com

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    certos fenmenos de ordem fsica e de naturezamuito variada, os quais se propagam e semultiplicam cada vez mais em torno de ns.

    Vamos examinar sucintamente esses fatos na suaordem progressiva, do ponto de vista do interesseque apresentam e da certeza que deles resulta notocante vida livre do Esprito.

    Em primeira linha vem o fenmeno, tovulgarizado hoje, das casas assombradas. Sohabitaes freqentadas por Espritos de ordeminferior, que se entregam a manifestaes ruidosas.Pancadas, sons de toda espcie, desde os maisfracos at os mais fortes, abalam os assoalhos, osmveis, as paredes, at mesmo o ar. A loua tiradado lugar e quebrada; pedras so jogadas de forapara dentro de aposentos.

    Os jornais freqentemente trazem a descriode fenmenos deste gnero. Mal cessam em umponto se reproduzem noutros, quer na Frana, querno estrangeiro, despertando a ateno pblica. Emalguns lugares ho durado meses inteiros, sem queos mais hbeis policiais tenham logrado descobriruma causa humana para as manifestaes. Damos

    aqui o testemunho de Lombroso a esse respeito.Escreveu ele na Leitura:Os casos de habitaes mal-assombradas e

    observados na ausncia de mdiuns, habitaes emque, durante anos, se produzem aparies ou

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    rudos, que coincidem com a narrao de mortestrgicas, militam em favor da ao dos mortos.Trata-se muitas vezes de casas desabitadas onde

    tais fenmenos se do no raro no curso de muitasgeraes e at por sculos. (8)O Dr. Maxwell, advogado geral na Corte de

    Apelao de Bordus, descobriu sentenas dediversos parlamentos, no sculo XVIII, rescindindocontratos de aluguel por causa de assombramentos.(9)

    O Journal des Dbats, em o nmero de agostode 1912, relata o seguinte:

    O Sr. J. Deuterlander possui em Chicago, 3.375,South Dakley Avenue, uma casa de aluguel. Acomisso encarregada de lanar o imposto predialentendeu dever taxar esse importante imvel

    tomando por base um aluguel de 12 mil dlares. OSenhor Deuterlander protestou. Longe de lhe darlucros, a casa s lhe dava aborrecimentos.Encontrava as maiores dificuldades para alug-laem conseqncia de ser visitada por almas do outromundo. Uma senhora ainda jovem l morrera emcondies misteriosas, provavelmente assassinada, e

    desde ento os outros locatrios so constantementedespertados por gemidos e gritos. Cansados desuportar esse incmodo, entraram a abandonar oprdio uns aps outros. Tal a razo por que o Sr.Deuterlander pedia uma diminuio da taxa. A

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    comisso, depois de examinar o caso, deferiu-lhe opedido, decidindo reduzir de 12 mil para 8 mildlares a base para a taxao do imvel. E assim

    ficou tambm oficialmente reconhecida a existnciados fantasmas.Lembremos ainda os dois casos de

    assombramento verificados em Florena e emNpoles e que inseri na minha obra No Invisvel(captulo XVI). Os tribunais, depois de ouviremnumerosas testemunhas, proferiram sentenas nasquais reconhecem a realidade dos fatos e concluempela resciso dos contratos de arrendamento.

    Todos esses fenmenos devemo-los a entidadesde nfima ordem, pois os Espritos elevados no soos nicos que se manifestam.

    Aos Espritos de qualquer ordem que sejam

    agrada entrar em relao com os homens, desdeque encontrem meios. Da a necessidade dedistinguir-se, nas manifestaes do Alm, o que vemdo alto do que vem de baixo, o que emana dosEspritos de luz do que produzido por Espritosatrasados. H almas de todos os caracteres e detodos os graus de elevao. Em derredor de ns h

    mesmo nmero muito maior das de condioinferior do que das de condio elevada. Aquelasso as produtoras dos fenmenos fsicos, dasmanifestaes bulhentas, de tudo quanto vulgar,

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    manifestaes teis, entretanto, pois que nos trazemo conhecimento de todo um mundo esquecido.

    Em minhas obras j citadas, trato longamente

    dos casos de escrita medinica e de escrita direta.As mensagens obtidas por esses processosdenotam grande variedade de estilo e so de valorsensivelmente desigual. Muitas s encerrambanalidades; outras, porm, so notveis pelabeleza da forma e elevao do pensamento.

    Inseriremos aqui, como exemplo, algumasrecentes e inditas.

    O publicista ingls W. H. Stead, morto nacatstrofe do Titanic, deu a comunicaoseguinte,em 21 de maio de 1912, a Mme. Hervy,num grupo parisiense

    Caros amigos, uma sombra feliz vem at vs.

    Desconhecendo-lhe a pessoa, no lhe ignorais,entretanto, o nome, nem a morte trgica nonaufrgio do Titanic. Sou Stead. Amigos comuns,entre os quais a duquesa de P. . ., me trouxeramaqui para que me manifestasse por intermdio deMme. Hervy, sua amiga. Talvez vos causeadmirao que meus Espritos familiares no me

    tenham avisado da fatalidade que pesava sobre oTitanic. que nada pode prevalecer contra odestino, quando irremedivel, e eu devia morrersem que a nenhuma potncia humana ou espiritualfosse possvel retardar a minha derradeira hora. A

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    agonia do Titanic teve alguma coisa de horrvel,mas tambm de sublime. Houve desesperos loucos emanifestaes covardes e brutais do egosmo

    humano. Mas, quantos, por outro lado, medindotoda a extenso da coragem, se sentiram maioresdiante da morte, mais nobres e mais santos, maisperto de DEUS! Saber que se vai morrer naplenitude da vida, na exuberncia da fora, pelaao dessas potncias da Natureza, indomadas soba aparncia da submisso; morrer ao cintilar dasestrelas impassveis; morrer na calma fnebre domar gelado, em meio de uma solido infinita, queangstia para a pobre criatura humana! e queapelo desvairado ela dirige a esse DEUS, cujo poderrepentinamente descobre! ... Oh! as preces daquelanoite, as preces, os desprendimentos, as

    conscincias a se iluminarem por sbitosrelmpagos e a f a se elevar nos coraes por entreas harmonias do belo cntico: Mais perto de ti, meuDEUS!

    Agonia de centenas de seres, sim, mas agoniaque para muitos era a aurora de um novo dia. H,para os que viveram, pensaram, sofreram, como

    tambm para os que muito gozaram das falazesalegrias que a fortuna dispensa s suas vtimas, umalvio interior e como que um arroubo deesperana, ao reconhecerem que dentro de algunsinstantes tudo estar acabado. A alma freme na

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    carne e a subjuga, malgrado os sobressaltosinconscientes da animalidade.

    E quantos dentre ns, proferindo as palavras do

    cntico: Mais perto de ti, meu DEUS! se sentirambem perto do SER inefvel que nos envolve com asua onipotente serenidade!

    Pelo que me toca, vi, cheio de estranha doura,aproximar-se a morte, sentindo-me amparado pelosmeus amigos invisveis, penetrado de um misteriosomagnetismo que galvanizava os que iam morrer eque tirava morte todo o horror. Os que morreramsofreram pouco, menos do que os quesobreviveram. Os escolhidos j estavam a meio nomundo espiritual, onde em tudo rebrilha uma vidaetrea. A maior amargura no era a deles, mas ados que, presos matria, enchiam os barcos de

    socorro, que as levavam para continuarem nessemundo a peregrinao da dor, de que ainda se nohaviam libertado.

    W. STEAD

    Mais duas mensagens obtidas por meio da

    escrita medinica, em maro e abril de 1912:Prezada Senhora, obrigado pelo servio que meprestastes, obrigado por me terdes ajudado a sairda perturbao que se segue morte, obrigado porme haverdes posto em contacto com almas to

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    nobres, to puras, que sonham com o triunfo doverdadeiro Cristo e com o da prtica da suadoutrina no seio de uma Humanidade corroda pela

    febre mals do materialismo e pelo surto dessasdoutrinas de uma filosofia nebulosa, que,pretendendo criar super-homens, desconhecem ohomem.

    O materialismo de um lado e, de outro, asnefastas doutrinas que ho exaltado o eu emdetrimento do ns e o indivduo custa dacoletividade humana, da qual no o podem separar,criaram uma amoralidade geral, uma degeneraoda conscincia, que as velhas frmulas religiosasso incapazes de deter.

    Oh! muito teremos que fazer, ns osmissionrios do Cristo novo, e no nos faltar

    trabalho na vinha do Senhor; mas, que alegria parao apstolo sentir que sua misso se precisa e sedilata, ver que a morte, longe de imobilizar ohomem sob a lpide do sepulcro, lhe aumenta,estende, amplifica as faculdades, que a liberta dasdvidas, das hesitaes, dos falsos escrpulos quelhe turbavam a conscincia! Minha vida passada

    no foi mais do que a baa crislida em que minhaalma se transformou, pelas provaes e dores, emmaravilhosa borboleta.

    Oh! alegria imensa que faz regurgitar ocorao! alegria que arrebata a alma como que

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    num arranco desordenado, para arroj-la,palpitante de reconhecimento, aos ps do CriadorCeleste, que to generosamente paga o resgate do

    pecador!No, meus irmos, imersos nas trevas da prisoterrestre, no podeis conceber a felicidade dalibertao terrena. Sentir o engrandecimento dacapacidade de conhecer e aprender, que j fez dohomem o senhor do universo material; sentir que,com a inteligncia e a compreenso, crescem todasas possibilidades de ao; sentir que o corao sedepura e conhecer enfim a verdadeira amizade e overdadeiro amor na comunho ntima dos seres,que, por intransponveis barreiras, os pesadosinvlucros materiais separam, so coisas que se nopodem exprimir por palavras e impossvel me

    fazer-vos experimentar a plenitude de vida quesucede ao sono terrestre; pois que, na Terra, ohomem se assemelha semente enterrada no solo,grmen obscuro, noo que prepara o desabrocharfuturo, mas que no est, por isso, menos enredadonos liames da matria.

    Obrigado, ainda uma vez, Senhora, por terdes

    apressado o meu despertar, por me terdesgranjeado tantos e to elevados amigos, to dignose to compenetrados da palavra do Cristo;obrigado por me terdes feito entrar nesta falangeque conta os Lacordaire, os Didon, os Bersier,

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    falange que desempenha a misso divina darenovao do ideal do Cristo.

    Aqui est, pois, de novo o ardente, o fervoroso

    apstolo que conhecestes, minha querida e fiel irm(o Esprito se dirige neste ponto a uma das pessoaspresentes), dispondo de maior clarividncia e demais inteligncia das coisas, com a esperana vivade poder mais tarde e mais perfeitamente retomara tarefa que tentou levar a cabo nesse mundo e quedeixou, ah!, to imperfeita. Foi o vosso pensamentoque me atraiu para junto da vossa mdium.Obrigado, portanto, a vs tambm.

    Deixo-vos, meus amigos, possudo de umaalegria pura e santa, alegria que ultrapassa todas asalegrias da Terra, todas as harmonias terrestres,como o canto do rouxinol sobreleva e abafa o

    chilrear da toutinegra.Obrigado ainda; o apstolo ganhou novamenteconfiana na sua misso divina e ei-lo de novopronto a combater pelo triunfo do Esprito doCristo.

    A vida espiritual, de maravilhosa beleza, no fazesquecer os nossos amigos terrenos. Por felizes que

    sejamos, por indizveis que sejam os gozos que nosembriagam, sempre e sem cessar somos atradospara o lugar onde transcorreu a nossa ltimaexistncia, para todos aqueles a quem nos unem os

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    laos de uma afeio fraterna, para junto de vs,enfim, bem-amados.

    Sim, pensamos em vs, mesmo das alturas mais

    inacessveis a que se possa elevar o pensamento!Vimos at onde estais para vos repetir, num ecodistante, que deveis esperar e amar acima de tudo,por muito rude, por muito rida que seja a vida. Aesperana e o amor vertem, na existncia, a linfa doesquecimento. Do a coragem, vontade forte quenos permitem arrostar de nimo sereno atempestade. Mas, venha calma aps a borrasca,venha hora do repouso benfico e sentireis quenas vossas veias circula a eterna felicidade celeste,que DEUS espalha sem medida pelos pobreshumanos.

    O tempo, s vezes, vos parece bem longo. De ns

    esperais as menores comunicaes com impacinciae tambm com uma espcie de curiosidade, e cheiosde vaga esperana de que elas vos venham revelaralguma coisa do mistrio dos mundos.

    A Providncia, porm, sabe que as revelaesno seriam compreendidas. No! A hora ainda nosoou! As frases que vos possamos transmitir ficaro

    sendo por enquanto meras frases. Exortaes prtica do bem, certamente! Cumpre orientar parao melhor as pobres almas sofredoras. Pela doura,pela bondade, deveis chamar ao vosso seio osirmos incrdulos. E podeis tambm, pela caridade,

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    fazer-lhes entrever a meta sublime para a qual devetender a vida.

    A vida continua, bem o sabeis. S muda a forma.

    Todavia, no muda demasiado rpido, porquanto,durante largo tempo, nos conservamos terrestres.Quisramos poder exprimir-vos tudo o que o

    infinito nos d a contemplar. Mas, ali!, a linguagemhumana pobre, suas palavras so duras, agudas,pesadas como a matria, ao passo que seriamprecisas palavras leves e suaves, de uma suavidadetoda especial, capazes de exprimirem os sons e ascores. A atmosfera que vos envolve por demaisespessa para permitir que percebais, ainda quepouco, toda a harmonia que reina nos planossuperiores do Universo. Ah! que esplendores a sedesdobram! E que consolao, que grande

    recompensa aos nossos males esta vida, estaembriaguez de todos os instantes!Continuamos a ocupar-nos das almas errantes,

    mas a fonte de amor em que nos dessedentamos to viva e to abundante, que basta para nos deixarentrever destinos inda mais gloriosos. A ascensoprossegue, sem nunca parar. Subir ainda, subir

    sempre, sem jamais atingi-lo, para o foco daperfeio, para a Causa suprema que nos deveabsorver, conservando-nos a personalidadeprpria.

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    O amor, qualquer que seja o mundo em que seesteja, a fora, o eixo das esferas que gravitam emsuas rbitas. Na natureza, nos infinitamente

    pequenos, o amor, antes de tudo, que guia oinstinto. No homem, na sociedade inteira, o amorque forma as simpatias, que torna possveis asrelaes dos humanos entre si. Seja qual for expresso sob a qual o queiram deformar, seja qualfor o nome com que o ridiculizem, se analisardesum pouco, encontrareis sempre o amor, o amormais ou menos purificado, que existe em todo ser.Ele o centro, a causa. Reina no lar. sobre suasfiadas que se constri a famlia, a famlia queperpetua, no tempo e no espao, a longa srie dossculos, marcando o progresso das humanidades. E tambm o amor que rege as amizades slidas.

    Constitus uma fora poderosa, quando asmesmas idias, o mesmo ardente desejo do bem vosanimam. A fora fludica que vos cerca considervel, e se, de sua resistncia, o granito vospode dar idias, o cristal, em cujas facetas se vemirisar a luz, poder fazer-vos perceber-lhe aincomparvel pureza.

    Desde o menor at o maior, amai; e, em vossoscoraes, em vossas almas, correr a fonte de vida.Sim, necessrio amar ainda, amar sempre,ensinando, continuando a propagar, em toda a suagrandeza, a filosofia que encerra o porqu dos

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    destinos humanos. Trabalhai a terra; deixai quenela entre a relha do poderoso arado do amor e, umdia, as messes louras germinaro ao sol radiante do

    futuro. Propagai sem descanso. Propagai amando.

    EDUARDO PETITMorto a 15 de setembro de 1910, Praa de

    Vaugirard, 2 - Paris.

    Ainda recentemente os experimentadoresingleses imaginaram, sob o nome de cross-correspondence, um novo processo de comunicaocom o invisvel, bem de molde a provar aidentidade dos Espritos que se manifestam pormeio da escrita medinica. O Sr. Oliver Lodge,reitor da Universidade de Birmingham, o descreveu

    a 30 de janeiro de 1908, numa reunio da Sociedadede Pesquisas Psquicas de Londres.A cross-correspondence, diz ele, isto , o

    recebimento de parte da comunicao por ummdium e parte por um segundo mdium, nopodendo qualquer das partes ser compreendidasem o concurso da outra, constitui boa prova de

    que uma mesma inteligncia atua sobre os doisautomatistas. Se, alm disso, a mensagem traz acaracterstica de um defunto e recebida como talpor pessoas que no o conheceram intimamente,isso prova a persistncia da atividade intelectual do

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    desaparecido. E se obtm dessa maneira um trechode crtica literria, inteiramente conforme ao seumodo de pensar e impossvel de ser imaginado por

    terceira pessoa, digo que a prova convincente.Tais so as espcies de provas que a Sociedade podecomunicar sobre esse ponto.

    Depois de tratar dos esforos empregados nessesentido pelos Espritos de Gurney, Hodgson eMyers, em particular, o orador acrescenta

    Achamos que suas respostas a questes especiaisso dadas por forma que lhes caracteriza aspersonalidades e revelam conhecimentos alturada competncia de cada um deles.

    A muralha que separa os encarnados dosdesencarnadas - conclui Lodge - ainda se mantmfirme, mas j se mostra adelgaada em muitos

    lugares. Como os trabalhadores de um tnel,-ouvimos, por entre o rumor das guas e diversosoutros rudos, os golpes das picaretas doscamaradas que trabalham do lado oposto.

    *

    No julgamos demasiado insistir numa questocapital: a da identidade dos Espritos que secomunicam, no curso das experincias. Essaidentidade, estabelecida do modo mais preciso, sera melhor resposta aos detratores do Espiritismo e a

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    todos os que pretendem explicar os fenmenos poroutras causas que no a interveno dos defuntos.Passamos a enumerar diversos fatos que nos

    parecem caractersticos e apoiados em testemunhosimportantes.O primeiro, referido por Myers em sua obra

    sobre a conscincia subliminal, diz respeito a umapessoa bem conhecida do autor, o Sr. Brown, cujaperfeita sinceridade ele garante.

    Um negro cafre foi visitar o Sr. Brown num diaem que se entregava a experincias espritas comsua famlia.

    Introduzido o visitante, perguntaram-lhe sesabia de mortos seus compatriotas que desejassemcomunicar-se com ele.

    Imediatamente, uma mocinha da famlia, que

    no conhecia coisa alguma do cafre, escreveumuitas palavras nesta lngua. Lidas estas ao negro,causaram-lhe viva estupefao. Veio depois umamensagem em idioma cafre, que foi por eleinteiramente compreendida, exceto uma palavradesconhecida do Sr. Brown. Em vo este apronunciava de diversas maneiras; o negro no lhe

    apanhava o sentido. Inesperadamente a mdiumescreveu: Estale a lngua. O Sr. Brown lembrou-seento do estalido particular da lngua queacompanha a articulao da letra t entre os cafres efoi imediatamente compreendido.

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    Ignorando os cafres a arte de escrever, o SenhorBrown ficou surpreendido de receber de um cafreuma mensagem escrita. Explicaram-lhe que a

    mensagem fora ditada, a pedido dos amigos donegro, por um de seus amigos europeus que,quando vivo, falava correntemente a lngua doscafres.

    O africano parecia aterrado com a idia de queos mortos ali estivessem invisveis.

    O segundo caso o da apario de um Espritoque se chamara Nefents, numa sesso realizada emCristinia, na, casa do professor E...., sendomdium Mme. d'Esprance. O Esprito deu omolde de sua mo em parafina. Levado o modelooco a um profissional para que executasse a obraem relevo, ele e seus operrios se encheram de

    espanto, por lhes estar patente que mo humanano poderia t-lo feito, porque o teria quebradoquando fosse retirada, e declararam que aquilo eraobra de feitiaria.

    Doutra vez, Nefents escreveu alguns caracteresgregos no livrinho de notas do professor E. . .Traduzidos, no dia seguinte, do grego antigo para

    linguagem moderna, aqueles caracteres, verificou-se que significavam o seguinte: Sou Nefents, tuaamiga. Quando tua alma se sentir oprimida porexcessivas dores, invoca-me e eu acudireiprontamente para mitigar tuas aflies.

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    Finalmente, o terceiro caso autenticado peloSr. Chedo Mij atovich, ministro plenipotencirio daSrvia, em Londres, que o comunicou em 1908 ao

    Light: Instado por espritas hngaros para se prem relao com um mdium, a fim de elucidar umponto de Histria referente a certo soberano srviomorto em 1350, o Sr. Chedo foi ter com o Sr. Vango,de quem muito se falava na ocasio e que lhe era,mesmo de vista, inteiramente desconhecido.Adormecido, anunciou-lhe o mdium a presena doEsprito de um mancebo, que desejava muito seratendido, mas cuja linguagem no lhe era possvelcompreender. Acabou, todavia, por escreveralgumas palavras do que dizia o Esprito.

    Este se exprimira em srvio e a traduo do queo mdium conseguira grafar a seguinte: Peo-te o

    favor de escrever minha me Natlia, dizendo-lheque imploro o seu perdo.O Esprito era o do rei Alexandre. O Senhor

    Mijatovich nenhuma dvida pde ter disso, tantomais que outras novas provas de identidade vieram

    juntar-se primeira: o mdium descreveu odefunto, que lhe manifestou o pesar que sentia de

    no ter seguido um conselho que confidencialmentelhe dera, dois anos antes de seu assassnio, odiplomata consultante. (10)

    Os fatos que se seguem, na sua maioria inditos,constituem outras provas da sobrevivncia:

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    No curso das sesses que realizamos em Tours,1893 a 1901, e das quais j falei em minha obra NoInvisvel (Espiritismo e Mediunidade) (11), a

    propsito dos fenmenos do transe, o Sr. Prinne,presidente da Corte de Apelao da Arglia, que,aposentado, viera residir naquela cidade,conversava livremente com o Esprito de seu filho,Eduardo Prinne, que morrera aos 26 anos como

    juiz de paz em Cherchell, a 19 de novembro de1874. Uma noite, chegou-nos ele carregando ummao de folhas de papel cobertas de esboos feitos apena, representando cenas humorsticasdesenhadas pelo defunto e que eram conservadascomo relquias. Eduardo, perguntou ele ao Esprito,assim que este se incorporou em Mme. F. . ., nossoprincipal mdium, que no conhecera o morto, nem

    jamais pusera os ps na Arglia, - Eduardo, quemera este homem gordo cuja caricatura traastenesta pgina? Nem eu nem tua me pudemos atinarcom o sentido deste esboo. O desenho representavaum homem obeso, tentando subir num postetelegrfico. Pois que, pai, respondeu o Esprito, note lembras do Sr. X. .., to ridculo que, na Arglia,

    nos aborrecia com as suas conversaes fteis e uminterminvel palavrrio sobre a sua agilidade? Eentrou em mincias to precisas sobre a identidadedessa personagem que o Sr. e a Sra. Prinne se

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    lembraram logo da que inspirara aqueles desenhosburlescos.

    Um dia, no vero, Mme. F. . ., ocupada,

    juntamente com o marido, em pequenos arranjosno seu jardim, se sentiu impelida por uma forairresistvel a colher uma soberba rosa, nicoornamento de uma roseira, da qual muito seorgulhava o Sr. F. . . Em vo tentou o maridodissuadi-Ia do seu propsito. Sob a influnciaoculta, ela cortou a flor e correu a oferec-la a Sra.Prinne, que residia na vizinhana. Encantada, aSra. Prinne exclamou ao v-Ia: Oh! que prazer medais neste dia, que o do meu aniversrio! A Sra.F... ignorava essa circunstncia.

    Na sesso seguinte, o Esprito de Eduardo,dirigindo-se me, disse: No compreendeste que

    fui eu quem impeliu a mdium a colher aquela flore a oferec-la a ti, em minha lembrana?Durante as sesses efetuadas em Paris, no ms

    de dezembro de 1911, em casa do capito P. ..,oficial do estado-maior, na presena de algunsamigos, entre os quais se achavam o Dr. G. . . e o Sr.Robert Pelletier, secretrio da Revue, um Esprito

    se manifestou como sendo Geber, sbio rabe queviveu na Prsia de 760 a 820. Por prova de suaidentidade indicou que a traduo de suas obrasestava na Biblioteca Nacional e lhes mencionou os

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    ttulos: Summa collectionis, Compendium,Testamentum, etc.

    O Sr. Pelletier, indo verificar estas afirmaes,

    reconheceu-as absolutamente verdicas; nenhumdos assistentes jamais ouvira falar dessapersonagem. No mesmo grupo, o compositorFrancis Thom se fez reconhecer por seus primos,lembrando-lhes fatos que as demais pessoasignoravam e de alguns dos quais nem mesmo seusparentes se recordavam. O general L. G., em 1904,me escrevia

    No posso resistir ao desejo de lhe comunicar oseguinte: - No ms de julho ltimo, estava minhamulher em B., na casa de um irmo, e a seentretinha fazendo experincias de tiptologia. Apsdiversas comunicaes por intermdio da mesa,

    surgiu o Esprito do almirante Lacombe, tio dela,morto em janeiro de 1903. Meu cunhado, capitodo... 9 de linha, muito cptico, interrogou: Pois queests aqui, talvez nos pudesses dizer onde se acha obilhete da loteria turca que se encontrava entre ospapis do papai. No consegui descobri-lo. Tu, quetrataste desta sucesso, como tutor da Maria, deves

    sab-lo.A mesa respondeu: Est com o Sr. L. . .,notrio... No, pois que j lho pedi e ele no o tem.

    - Sim, est num pacote com o nome do Sr. V . . .(banqueiro de meu sogro), de mistura com alguns

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    papis velhos, dentro da secretria do primeiroescrevente. Meu cunhado no insistiu... Hoje recebidele uma carta em que me comunica que o bilhete

    da loteria turca foi encontrado no lugar que a mesaindicara. simplesmente espantoso, eis tudo!O caso seguinte, publicado pelo Sr. Aksakof,

    mostra at que ponto os mortos podem continuarao corrente das coisas terrestres

    Uma mooila russa, Schura (diminutivo deAlexandrina), se envenenou aos 17 anos, depois dehaver perdido o noivo, de nome Miguel. Na ocasioem que esse fato se deu, ele era estudante noInstituto Tecnolgico. Certo dia, uma senhoraWiessler e sua filha (a primeira das quais seocupava muito com o Espiritismo), que malconhecia a famlia de Miguel e de Nicolau e cujas

    relaes com Schura e sua famlia j remontavam apoca bem distante, sem jamais terem sido muitocontnuas, recebem, por intermdio da mesa comque trabalhavam, uma mensagem de Schuraordenando-lhes que sem demora prevenissem afamlia de Nicolau de que este corria perigoidntico ao que determinara a morte de seu irmo

    Miguel. Ante as hesitaes manifestadas pelas duassenhoras, Schura se torna cada vez mais insistente,pronuncia palavras de que costumava usar quandoviva e, para lhes dar uma prova da sua identidade,vai at a ponto de mostrar-se a Sofia uma tarde,

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    com a cabea e os ombros emoldurados por umcrculo luminoso. Isso, contudo, ainda no bastoupara decidir a Senhora vo Wiessler e sua filha a

    fazerem o que lhes era indicado. Finalmente, umdia, Schura lhes declara que tudo est acabado, queNicolau vai ser preso e que elas se ho dearrepender de no a terem obedecido. As duassenhoras ento se resolvem a levar todos estes fatosao conhecimento da famlia de Nicolau, a qual,muito satisfeita com o procedimento deste,nenhuma ateno prestou ao que lhe acabava de serreferido. Passados dois anos sem incidente algum,veio-se a saber que Nicolau fora preso por havertomado parte em reunies revolucionrias que seefetuaram exatamente na poca das aparies e dasmensagens de Schura. (Proceedings S. P. R., VI,

    pginas 349-359)O vice-almirante ingls Usborne Moore eraamigo de William Stead. Aps a catstrofe doTitanic, o almirante entrou em comunicao com oamigo morto, auxiliado pela Sra. Wriedt, mdium. dele prprio a seguinte narrativa (12)

    W. Stead deu trs admirveis provas de

    identidade - duas senhorita Harper e uma a mimmesmo. Aludiu ao ltimo encontro que tivemos emBank Building. Nessa ocasio conversamos duranteuma meia hora sobre diferentes assuntos: desde aguerra entre a Itlia e a Turquia at a visita

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    prxima, com que ele contava, da sua excelenteamiga, a Sra. Wriedt. Esta visita foi o de que maisfalamos, sobretudo por causa de certas condies

    que desejava fossem observadas. A uma dessascondies especialmente o aludiu na sesso dedomingo tarde.

    Na segunda-feira de manh, o nosso amigo meapareceu sob uma turma etrea, achando-me eu ass com o mdium. Era um bom espectro, muitobrilhante at meio-corpo, mas dessa vez no mefalou. Na mesma tarde mostrou-se de maneiraidntica a diversos ntimos e discorreu durantealguns minutos sobre assuntos que, sabia-se, lhepreocupavam o esprito, quando deixara aInglaterra.

    Um outro amigo de Stead, o Sr. Chedo

    Mijatovich, ministro plenipotencirio da Srvia emLondres, viu o Esprito de Stead e lhe falou poralguns instantes. Ainda a o Esprito deu provasformais de sua identidade, lembrando coisastotalmente desconhecidas do mdium.

    O Sr. Chedo Mijatovich deu disso testemunhoformal em uma carta publicada a 8 de junho no

    Light.O professor Hyslop tambm referiu (13) como,em uma sesso, sendo o mdium Mme. Chenoweth,W. James, o clebre filsofo americano, mortoalguns meses antes, comparecera e dera numerosas

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    provas de identidade, especialmente lembrandofatos que s o Sr. Hyslop podia conhecer.

    O Light de Londres relata um caso notvel de

    identidade por meio da escrita medinica. Ei-lo: OSr. Shepard tinha como principal empregado umcerto Sr. Purday, em quem depositava inteiraconfiana. Tendo Purday adoecido, o Sr. Shepardfoi visit-lo. Recebeu-o Mme. Purday, que s amuito custo lhe permitiu entrar no quarto domarido, onde o no deixou nunca a ss com odoente, quer durante a primeira visita, quer porocasio das que se lhe seguiram. Esta circunstnciase tornou tanto mais notada pelo Sr. Shpard,quanto com ela concorria a da maneira todaespecial por que o doente o olhava, dando aperceber que tinha qualquer coisa de importante a

    comunicar ao patro e que somente a presena damulher o impedia de faz-lo.Purday morreu sem testamento; a esposa

    herdou-lhe a fortuna, que, no dizer dos vizinhos,era considervel, o que muito surpreendeu oSenhor Shepard.

    Algumas semanas depois, recebeu ele a visita de

    um Sr. Stafford, mdium psicogrfico, que lheentregou uma pgina de escrita medinica,assinada com o nome de Purday. Confessava-lheeste que, por espao de longos anos, abusara daconfiana de que era objeto, praticando

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    diariamente desvios de dinheiro, desvios cuja somatotal montava a importante quantia. Acrescentavaque, sentindo-se profundamente desgraado, se

    resignara quela confisso, que a mulher oimpedira de fazer em vida.As mincias com que o fato era exposto

    permitiram ao Sr. Shepard verificar o delito. Almdisso, tendo submetido comunicao e umespcime de caligrafia de Purday vivo a um perito,este reconheceu a identidade dos dois escritos.

    (14) A 3 de abril de 1890, pelas dez horas damanh, achava-se a Sra. d'Esprance no seuescritrio de Gotemburgo (Sucia), ocupada emescrever muitas cartas sobre negcios. Datou umafolha de papel, traou o cabealho e ficou algumtempo a pensar na ortografia de um nome.

    Quando ps de novo os olhos na folha de papelnotou que sua pena ou sua mo escreveraespontaneamente e em grandes caracteres aspalavras Svens Stromberg.

    Dois meses depois, o Sr. Alexandre Aksakof, oprofessor Boutlerof, com outros amigos e o Sr.Fidler foram ter com a Sra. d'Esprance para

    estudarem os melhores meios de se fotografaremfantasmas materializados.Em uma sesso, o Esprito-guia Walter,

    escreveu: Est aqui um Esprito que diz chamar-seStromberg. Deseja que seus parentes sejam

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    informados de sua morte. Parece-me haver dito quemorreu no Wisconsin a 13 de maro e ter nascidoem Jemtland. Tinha mulher e seis filhos.

    Se ele morreu em Jemtland, diz o Sr. Fidler, quenos d o endereo da mulher.Foi-lhe respondido: No, ele morreu na

    Amrica, seus pais que vivem em Jemtland.No dia seguinte, no correr de uma sesso de

    fotografia, revelada uma chapa, viu-se, por detrsda Sra. d'Esprance, uma cabea de homem comum semblante plcido.

    O Sr. Fidler perguntou a Walter quem eraaquela entidade fotografada. esse Stromberg dequem te falei, respondeu Walter. Devo mesmo dizerque ele no morreu no Wisconsin, mas em NewStockholm, e que sua morte ocorreu a 31 de maro

    e no a 13. Seus pais residiam em Strom Stocking,ou outro nome deste gnero, na provncia deJemtland. Disse-me ele, creio, que emigrou em1886, que se casou e teve trs filhos e no seis.Morreu estimado e chorado por todos.

    Est bem, replicou o Sr. Fidler. Devo remeter afotografia dele mulher?

    Ainda no compreendeste bem, retrucou Walter.Seus pais, residentes em Jemtland, que lheignoram a morte e no a esposa. Disse-me ele quetoda a gente o conhece no pas; penso que se

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    enviares a fotografia para Jemtland conseguirs oque desejas.

    Durante um ano o Sr. Fidler cuidou de verificar

    estes dados. Chegou ao seguinte resultado: SvensErsson, natural de Strom Stocken (parquia deStrom), na provncia de Jemtland, na Sucia, secasara com Sarah Kaiser, emigrara para o Canade, uma vez estabelecido, tomara o nome deStromberg. Essa circunstncia muito comumentre os camponeses da Sucia, cujas famlias nousam de apelidos que lhes pertenam.

    Consultaram a mulher do falecido, o mdico queo tratara e o pastor.

    Todos foram acordes em declarar que a 31 demaro de 1890, dia da sua morte, Stromberg,ditando suas ltimas determinaes, exprimira o

    desejo formal de que seus pais e amigos da Suciafossem informados do seu falecimento.Por motivos que seria ocioso enumerar, suas

    ltimas vontades no tiveram execuo.A fotografia de Svens Stromberg tambm foi

    identificada. Enviada a Strom, a a pregaram naparede da sacristia da igreja, com um convite s

    pessoas que a reconhecessem para que pusessemseus nomes por baixo. Voltou trazendo numerosasassinaturas e muitos comentrios.

    Ficou assim demonstrado que, sessenta horasdepois de morrer no Norte do Canad, Svens

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    Stromberg escreveu seu nome numa folha de papel,na cidade sueca de Gotemburgo, e que todas asindicaes que deu por intermdio de Walter eram

    da mais perfeita exatido.

    *

    Tendo passado em revista os principaisfenmenos que servem de base ao modernoespiritualismo, deixaramos incompleto o nossoresumo se no dissssemos alguma coisa acerca dasobjees apresentadas e das teorias contrrias, como auxlio das quais se h tentado explicar osmesmos fenmenos.

    O Espiritismo, dizem, no mais do que umconjunto de fraudes e de embustes. Todos os fatos

    extraordinrios que lhe servem de apoio sosimulados. exato que alguns impostores tm procurado

    imitar os fenmenos; porm, suas artimanhas hosido facilmente descobertas e os espritas osprimeiros a assinal-las. Em quase todos os casoscitados acima: aparies, materializaes de

    Espritos, os mdiuns trabalharam atados,amarrados s cadeiras em que se sentavam; muitasvezes os experimentadores foram at ao extremo delhes segurarem os ps e as mos. De algumas feitaschegaram mesmo a ser encerrados em gaiolas,

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    especialmente preparadas para esse fim, fechadas achave, ficando esta em poder dos operadores, quepor seu turno cercavam o mdium. em tais

    condies que numerosas materializaes defantasmas se produziram.Em suma, as imposturas quase nunca deixaram

    de ser desmascaradas e muitos dos fenmenosjamais foram imitados pela razo de que escapam atoda e qualquer possibilidade de imitao.

    Os fenmenos espritas tm sido observados,verificados, fiscalizados por sbios cpticos, queho percorrido todos os graus da incredulidade ecujo convencimento s pouco a pouco se operou,sob a presso contnua dos fatos.

    Esses sbios eram homens de gabinete, fsicos equmicos experimentados, mdicos e magistrados.

    Tinham todos os requisitos, toda a competncianecessria para desmascarar as mais hbeisfraudes e desfazer as tramas mais bem urdidas.Seus nomes figuram entre os que a Humanidadeinteira respeita e venera. Ao lado de tantos homensilustres, todos os que se tm dado a um estudopaciente, consciencioso e perseverante dos

    fenmenos espritas lhes afirmam a realidade,enquanto que a crtica e a negao vm de pessoascuja opinio, baseada em noes insuficientes, nopode deixar de ser superficial.

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    A algumas delas sucedeu j o que costumasuceder aos observadores inconstantes. Noobtiveram mais do que resultados insignificantes,

    no raro at negativos e, em conseqncia, setornaram ainda mais cpticos. No quiseram levarem conta uma clusula essencial: que o fenmenoesprita est sujeito a condies que cumpre sejamconhecidas e observadas (15). Muito depressa selhes cansou a pacincia. As provas que exigem nopodem ser obtidas em poucos dias. Os sbios queformularam concluses afirmativas e cujos nomes

    j muitas vezes declinamos, estudaram a questodurante anos e anos. No se contentaram com oassistir a algumas sesses mais ou menos bemdirigidas e com o auxlio de bons mdiuns. Deram-se ao trabalho de pesquisar os fatos, de os

    classificar e analisar; desceram ao fundo das coisas.O bom xito, por isso, lhes coroou a perseverana eo mtodo de investigao que puseram em prticase pode apontar como exemplo a todos osinvestigadores srios.

    Entre as teorias engendradas para explicar osfenmenos espritas, a da alucinao ocupa sempre

    lugar saliente. Perdem, porm, toda a sua razo deser diante das fotografias de Espritos obtidas porAksakof, Crookes, Volpi, Ochorowicz, W. Stead etantos outros. No se fotografam alucinaes!

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    Os Invisveis impressionam no s as chapasfotogrficas, mas tambm instrumentos depreciso, como os registradores Marey (16);

    suspendem, decompem e compem objetosmateriais; deixam marcas na parafina quente. Tudoisso so outras tantas provas contra a teoria daalucinao, quer individual, quer coletiva.

    Alguns crticos vem nos fenmenos espritasvulgaridade, grosseria, trivialidade e os consideramridculos. Essas apreciaes demonstram aincompetncia de tais crticos. As manifestaes nopodem ser diversas do que seriam se fossemproduzidas pelo mesmo Esprito, quando em vidana Terra. A morte no nos muda e, no Alm, somosapenas o que nos tornamos neste mundo. Da ainferioridade de tantos seres desencarnados.

    Por outro lado, as manifestaes triviais egrosseiras tm sua utilidade: so as que melhorrevelam a identidade do Esprito. Graas a elas,grande nmero de experimentadores seconvenceram da realidade da sobrevivncia eforam levados a pouco e pouco a observar, aestudar fenmenos de ordem mais elevada, por isso

    que, como temos visto, os fatos se encadeiam e seligam numa ordem graduada, em virtude de umplano que parece indicar a ao de uma potncia,de uma vontade superior, que procura arrancar aHumanidade da indiferena e impedi-Ia para a

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    indagao e o estudo de seus destinos. Osfenmenos fsicos: mesas falantes, casasassombradas, eram necessrios para atrair a

    ateno dos homens, mas neles no se deve ver maisdo que meios preliminares, um encaminhamentopara domnios mais elevados do saber.

    Em cada sculo, a Histria retifica seus juzos. Oque parecia grande se amesquinha, o que pareciapequeno se engrandece. J hoje se comea acompreender que o Espiritismo um dos maisconsiderveis acontecimentos dos temposmodernos, uma das mais notveis formas daevoluo do pensamento, o grmen de uma dasmaiores revolues morais de quantas o mundohaja conhecido.

    Pelo que respeita ao estudo das manifestaes

    psquicas, os espritas sabem que se acham em boacompanhia. Os nomes ilustres de Russel Wallace,de Crookes, de Robert Hare, de Wagner, deFlammarion, de Myers, de Lombroso so citados.Vem-se tambm sbios como o professor Barlett,Hyslop, Morselli, Botazzi, William James, Lodge,Richet, o coronel de Rochas e outros, que no

    consideram estes estudos indignos da sua ateno.Que pensar, depois disso, das pechas de ridculo ede loucura? Que provam elas seno uma coisacontristadora: que o reino da rotina cega persisteem muitos meios? O homem propende muitas vezes

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    a julgar os fatos segundo o horizonte acanhado deseus preconceitos e conhecimentos. Cumpre-lhelevantar mais, dirigir mais longe o seu olhar e

    medir a sua fraqueza em face do Universo. Dessemodo aprender a ser modesto, a nada rejeitar nemcondenar sem exame.

    *

    Tem-se procurado explicar todos os fenmenosdo Espiritismo pela sugesto e pela duplapersonalidade. Nas experincias, dizem, o mdiumse sugestiona a si mesmo, ou, melhor, sofre ainfluncia dos assistentes.

    A sugesto mental, que no mais do que atransmisso do pensamento, malgrado as

    dificuldades que apresenta, se pode compreender eestabelecer entre dois crebros organizados, porexemplo, entre o magnetizador e o magnetizando.Poder-se-, porm, acreditar que a sugesto atuesobre mesas? Pode-se admitir que objetosinanimados se mostrem aptos a receber ereproduzir as impresses dos assistentes?

    No haveria meio de explicar-se por essa teoriaos casos de identidade, as revelaes de fatos, dedatas, ignorados do mdium e dos assistentes, quese produzem freqentemente nas experincias, emenos ainda manifestaes contrrias vontade de

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    todos os espectadores. Muitas vezes,particularidades absolutamente desconhecidas detodo o ser vivo na Terra so reveladas por mdiuns

    e depois verificadas e reconhecidas verdadeiras.Notveis exemplos se encontram na obra deAksakof: Animismo e Espiritismo e na de RusselWallace: Moderno Espiritualismo, assim comocasos de mediunidade comprovados em crianas depouca idade, os quais, tanto quanto os precedentes,no poderiam ser explicados pela sugesto.

    Segundo os Srs. Pierre Janet e Ferr (17) - e essa uma explicao de que amide se servem osadversrios do Espiritismo -, deve-se equiparar ummdium psicogrfico a um hipnotizado, a quem sesugere uma personalidade durante o sono e que, aodespertar, perde a lembrana da sugesto. O

    sensitivo escreve inconscientemente uma carta, umanarrao relativa personagem imaginria. esta,dizem, a origem de todas as mensagens espritas.Todos os que possuem alguma experincia doEspiritismo sabem que semelhante explicao inadmissvel. Os mdiuns, escrevendoautomaticamente, no so de antemo imersos no

    sono hipntico. , em geral, despertos, na plenitudede suas faculdades e do seu eu consciente, que elesescrevem sob a impulso dos Espritos. Nasexperimentaes do Sr. Janet, h sempre umhipnotizador em ligao magntica com o paciente.

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    No se d o mesmo nas sesses espritas: nem oevocador, nem os assistentes atuam sobre omdium; este ignora absolutamente o carter do

    Esprito que se vai manifestar. Muitas vezes at asquestes so propostas aos Espritos por incrdulos,mais propensos a combater a manifestao do que afacilit-la.

    O fenmeno da comunicao grfica noconsiste unicamente no carter automtico daescrita, mas sobretudo nas provas inteligentes, nasidentidades que fornece. Ora, as experincias do Sr.Janet nada produzem que com isso se parea. Ascomunicaes sugeridas aos pacientes hipnotizadosso sempre de uma banalidade desesperadora,enquanto que as mensagens dos Espritos nostrazem de contnuo indicaes, revelaes que

    entendem com as vidas presentes e passadas deseres que conhecemos na Terra, que foram nossosamigos ou parentes, particularidades ignoradas domdium e cujo carter de certeza as distingue emabsoluto dos trabalhos de hipnotismo.

    Por meio da sugesto hipntica ningumconseguir que analfabetos escrevam, nem que um

    mvel dite poesias como as que recebeu o Sr.Jaubert, presidente do Tribunal de Carcassonne, eforam premiadas nos jogos florais de Toulouse.Tampouco, por aquele meio, se conseguir suscitaro aparecimento de mos, de formas humanas, e

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    menos ainda os escritos de que se cobrem as lousastrazidas per observadores, que no as largam uminstante.

    Convm lembrar que a Doutrina dos Espritosse constituiu com o auxlio de numerosasmensagens obtidas por mdiuns escreventes, dosquais eram totalmente desconhecidos os ensinostransmitidos. Quase todos haviam sido criadosdesde pequeninos na doutrina da Igreja, na crenade um paraso, e de um inferno. Suas convicesreligiosas, as noes que tinham da vida futuraestavam em flagrante oposio com os princpiosexpostos pelos Espritos. Falecia-lhes qualqueridia da reencarnao, ou das vidas sucessivas daalma, assim como da verdadeira situao doEsprito aps a morte, assuntos todos esses

    constantes das mensagens recebidas. A temos umaobjeo irrefutvel teoria da sugesto. evidente que, no enorme acervo de fatos

    espritas atualmente registrados, muitos so fracos,pouco concludentes; outros podem ser explicadospela sugesto ou pela exteriorizao do sensitivo.Em certos grupos espritas h extrema facilidade

    em aceitar-se tudo como proveniente dos Espritos,sem a cautela de pr de parte fenmenos duvidosos.Mas, por grande que seja o nmero destes, restasempre um conjunto imponente de manifestaes

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    inexplicveis pela sugesto, pelo inconsciente, pelaalucinao, ou por outras teorias anlogas.

    Os crticos procedem sempre do mesmo modo

    com o Espiritismo. Consideram to-somente umgnero especial de fenmenos e, de intento, afastamda discusso tudo que no logram compreendernem refutar. Desde que julgam estar de posse daexplicao de alguns fatos isolados, apressam-se emconcluir pelo absurdo do conjunto. Ora, quasesempre, as explicaes que do so inexatas edeixam de lado as provas mais frisantes daexistncia dos Espritos e da sua interveno nascoisas humanas.

    Os professores Taine, Flournoy, os doutoresBinet e Grasset e outros aventaram as teorias dadupla conscincia e da alterao da personalidade,

    para explicarem os fenmenos da escrita e daincorporao; mas os sistemas que preconizam nose conformam com os fatos de escrita em lnguasestrangeiras ignoradas do mdium, tal comosucedeu com a filha do grande juiz Edmonds (ver OProblema do Ser, do Destino e da Dor, cap. VII).No se conformam igualmente com os autgrafos

    obtidos de alguns defuntos, nem ainda com osfenmenos de escrita produzidos por analfabetos.(18)

    Nenhuma daquelas hipteses explica os fatos deescrita direta, conseguida pelo Sr. de Guldenstubbe,

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    sem contacto, em folhas de papel no preparadas(19), como tambm no explica a experinciarelatada por Sir W. Crookes (20), e na qual a mo

    de um Esprito, materializada, desceu do forro, ssuas vistas, no seu prprio gabinete de trabalho,enquanto ele mantinha seguras as duas mos damdium Kate Fox.

    Em todas essas teorias quase constantemente seconfunde o subconsciente, ou o subliminal, quercom o duplo fludico, que no um ser mas umorganismo, quer com o Esprito preposto guardada alma encarnada neste mundo.

    O pastor Benezech, que os fatos converteram aoEspiritismo, demonstrou excelentemente tudo queh de arbitrrio e de inverossmil nessas pretensasexplicaes cientficas. Num livro recente escreveu

    ele a esse respeito (21)A mesa revelava uma coisa que material,absoluta e incontestavelmente nos era impossvelsaber.Algum a conhecia em nosso lugar, pois queno-la dizia. A memria latente no tevepossibilidade de intervir e, se s o subconscienteesteve em ao, que poder no o seu! Ele existe em

    ns, uma parte de nosso prprio ser, por caprichoda Natureza que equivale, quando refletimos nisso,aos mais inverossmeis prodgios: pensa, concebeprojetos, executa-os, tudo nossa revelia, e emseguida nos diz o que realizou, no quando nos

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    achamos adormecidos e a sonhar, masperfeitamente acordados e espera do que se vaidar.

    Os amadores do fantstico tm com que seregalar.No seu ltimo livro (22), Sir Oliver Lodge refere,

    nestes termos, um fato que nenhuma das teorias tocaras aos adversrios do Espiritismo pode explicar:

    O texto seguinte obteve-o o Sr. Stainton Moses,quando, em sesso na biblioteca do Dr. Speer,conversava, por intermdio de sua mo, queescrevia automaticamente, com diversosinterlocutores invisveis

    S. M. - Podeis ler?Resp No amigo no posso, mais Zacarias

    Gray assim como Rector podem faz-lo.

    S. M. - Algum desses Espritos est aqui?Resp. - Vou buscar um imediatamente. Voumandar...Rector a est.

    S. M. - Perguntei se podeis ler. verdade?Podeis ler um livro?

    Resp. - (A caligrafia muda.) Sim, amigo, masdificilmente.

    S. M. - Queira ter a bondade de escrever altima linha do Primeiro Livro de Eneida.Resp. - Espere... Ornanibus errantem terris et

    fluctibus estas.(Era isso exatamente.)

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    S. M. - Est bem. Mas possvel que eu osoubesse. Podeis ir biblioteca, tomar o penltimovolume da segunda prateleira e ler-me o ltimo

    pargrafo da pg. 94? No sei qual o livro e lheignoro at o ttulo.(Depois de pequeno lapso de tempo, obteve-se o

    seguinte, por meio da escrita automtica) : Provareipor uma breve narrativa histrica ser o papadouma novidade que, gradualmente, se formou ecresceu desde os tempos primitivos do Cristianismopuro, no s desde a era apostlica, porm mesmodesde a lamentvel unio da Igreja e do Estado porConstantino.

    O volume em questo se verificou ser o de umaobra extravagante que tinha por ttulo: Rodger'sAntipopopriestian, an attempt to liberate and

    purify Christianity from Popery, Politikirkality andPriestrule.O extrato dado acima estava fiel, com exceo