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ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA COM ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA EM CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE/ES Elaine Cristina Rossi [email protected] Instituto Federal do Espírito Santo Vitória Espírito Santo Eduardo Augusto Moscon Oliveira [email protected] Universidade Federal do Espírito Santo Vitória Espírito Santo Resumo: Descreve e analisa prática educacional investigativa desenvolvida por meio de sequências didáticas interdisciplinares trabalhadas com educandos do ensino médio regular a partir de uma aula de campo no espaço não formal do Centro de Desenvolvimento Sustentável Guaçu Virá (Venda Nova do Imigrante/ES). Os conteúdos abordados nas disciplinas de física, química, biologia e geografia estão previstos nos PCNs, DCNs e no Currículo Comum das Escolas Estaduais do Estado do Espírito Santo. Entendemos que o conhecimento mediado pela experiência vivencial pode possibilitar a transposição do conhecimento científico, aliado a uma prática social reflexiva, crítica e sustentável. Essa é uma característica da construção do conhecimento por meio da experiência investigativa de uma aula de campo, mediada pela pedagogia histórico crítica. Os conteúdos apropriados em vivências contextuais buscaram promover a alfabetização científica no conjunto da abordagem em CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente). Dessa forma, a educação ambiental necessita perpassar todo conjunto disciplinar da escola e ampliar os espaços/tempos de mediação, experiências/vivências com vistas possibilitar a melhoria da qualidade de vida em toda sociedade. Palavras-chave: Alfabetização científica. Aula de campo. CTSA. Espaço não-formal. Educação ambiental. 1. INTRODUÇÃO A década de 1970 foi de grande importância para os movimentos ambientalistas, depois da Conferência de Estocolmo (1972), com o lançamento das “bases de uma legislação ambiental internacional do meio ambiente”, as questões ambientais passaram a ser discutidas mais amplamente, novos conceitos foram surgindo e sendo implementados (eco-

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ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA COM ALUNOS DE ESCOLA

PÚBLICA EM CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DO MUNICÍPIO DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE/ES

Elaine Cristina Rossi – [email protected]

Instituto Federal do Espírito Santo

Vitória – Espírito Santo

Eduardo Augusto Moscon Oliveira – [email protected]

Universidade Federal do Espírito Santo

Vitória – Espírito Santo

Resumo: Descreve e analisa prática educacional investigativa desenvolvida por meio de

sequências didáticas interdisciplinares trabalhadas com educandos do ensino médio regular

a partir de uma aula de campo no espaço não formal do Centro de Desenvolvimento

Sustentável Guaçu Virá (Venda Nova do Imigrante/ES). Os conteúdos abordados nas

disciplinas de física, química, biologia e geografia estão previstos nos PCNs, DCNs e no

Currículo Comum das Escolas Estaduais do Estado do Espírito Santo. Entendemos que o

conhecimento mediado pela experiência vivencial pode possibilitar a transposição do

conhecimento científico, aliado a uma prática social reflexiva, crítica e sustentável. Essa é

uma característica da construção do conhecimento por meio da experiência investigativa de

uma aula de campo, mediada pela pedagogia histórico crítica. Os conteúdos apropriados em

vivências contextuais buscaram promover a alfabetização científica no conjunto da

abordagem em CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente). Dessa forma, a educação

ambiental necessita perpassar todo conjunto disciplinar da escola e ampliar os

espaços/tempos de mediação, experiências/vivências com vistas possibilitar a melhoria da

qualidade de vida em toda sociedade.

Palavras-chave: Alfabetização científica. Aula de campo. CTSA. Espaço não-formal.

Educação ambiental.

1. INTRODUÇÃO

A década de 1970 foi de grande importância para os movimentos ambientalistas, depois

da Conferência de Estocolmo (1972), com o lançamento das “bases de uma legislação

ambiental internacional do meio ambiente”, as questões ambientais passaram a ser discutidas

mais amplamente, novos conceitos foram surgindo e sendo implementados (eco-

desenvolvimento, desenvolvimento sustentável, viabilidade econômica, prudência ecológica e

justiça social). Para o desenvolvimento de sequencias didáticas interdisciplinares foi

selecionado um espaço de educação não formal, o Centro de Desenvolvimento Sustentável

Guaçu Virá, como ponto de partida para todas as disciplinas envolvidas no projeto: física,

química, biologia e geografia.

O Centro de Desenvolvimento Sustentável Guaçu Virá (CDS Guaçu Virá) abrange uma

área de dez alqueires (sendo sete alqueires de Mata Atlântica), localizado na zona rural de São

José do Alto Viçosa no município de Venda Nova do Imigrante, região serrana do Espírito

Santo, foi criado em 1993, surgindo da Associação de Amigos da Terra, uma associação da

sociedade civil sem fins lucrativos. Foi oficialmente constituído em 1996, com objetivo de

promover o desenvolvimento sustentável em consonância com o desenvolvimento econômico,

social, cultural e a melhoria de qualidade de vida e do meio ambiente.

No CDS Guaçu Virá sustentabilidade significa manter-se estável e constante por muito

tempo. Baseado em princípios de preservação e desenvolvimento do meio ambiente, tem

elaborado, ao longo dos seus 18 anos de existência, equipamentos e projetos que transformam

recursos naturais em benefícios para o ser humano.

Essa ONG vem atuando na região com iniciativas que envolvem desde programas de

educação ambiental, desenvolvimento e valorização das habilidades da comunidade local,

capacitação profissional em várias áreas até a promoção de encontros de lideranças

comunitárias, eventos sociais e principalmente, desempenhando um papel de laboratório de

práticas de sustentabilidade aplicadas à realidade local. O CDS Guaçu Virá tem como

principal financiador dos projetos desenvolvidos a empresa Agrosabor Industrial Ltda.

Desde 1994 a Agrosabor Industrial em parceria com o CDS Guaçu Virá desenvolvem um

projeto de gestão empresarial sócio-ambiental que se tornou referência nacional e

internacional destacando-se como Pólo de Educação Ambiental e Difusão de Práticas

Sustentáveis em consonância com os postulados da Agenda 21.

No CDS Guaçu Virá, trabalha-se por meio de práticas simples como o reflorestamento,

soltura de animais, recuperação de nascentes, conservação e utilização correta do solo,

emprego de energias alternativas entre outras. Todas estas práticas vêm ao encontro do

Movimento Ciência Tecnologia Sociedade e Ambiente (CTSA) e são disseminadas entre os

vizinhos e visitantes do projeto. Para tornar a aula de campo mais proveitosa existe a

necessidade de utilização de múltiplas estratégias didáticas para disseminar as atividades que

são realizadas neste espaço sustentável e não formal de educação e desenvolvimento de

tecnologias sustentáveis. Os cursos CTSA admitem a utilização de:

literatura infantil, da música, do teatro e de vídeos educativos, reforçando a

necessidade de que o professor pode, através de escolha apropriada, ir

trabalhando os significados da conceituação científica veiculada pelos discursos contidos nestes meios de comunicação; explorar didaticamente

artigos e demais seções da revista Ciência hoje das Crianças, articulando-os

com aulas práticas; visitas a museus; zoológicos, industrias, estações de

tratamento de águas e demais órgãos públicos; organização e participação em saídas a campo e feiras de Ciências; uso do computador da Internet no

ambiente escolar. (LORENZETTI &DELIZOICOV, 2001, p.9)

As orientações provindas das idéias acima mencionadas são claras ao apontar a

necessidade de superação das metodologias arcaicas, baseadas apenas no processo de

transmissão-recepção de informações veiculadas por aulas predominantemente expositivas.

Portanto, busca-se dinamizar o processo de ensino-aprendizagem como forma de permitir

uma aprendizagem significativa e vinculada aos acontecimentos do mundo e da sociedade em

geral. No CDS Guaçu Virá existem aproximadamente 20 espaços não formais que podem ser

utilizados para a aprendizagem das ciências física, química, biologia e geografia, alguns deles

estão apresentados nas fotos do local (figuras 1, 2 , 3 e 4):

Figura 1: Roda d‟água. Figura 2: Estação de Tratamento de Efluentes.

Figura 3: Refletor Termosolar. Figura 4: Monjolo

O objetivo deste trabalho é relatar uma proposta educacional investigativa realizada por

meio se sequencias didáticas a partir de uma aula de campo em um espaço não formal

abordando temáticas de CTSA. Algumas ações didáticas como as aulas de campo, sequências

didáticas, mostra científica e cultural que visam relacionar as ciências com as aplicações

tecnológicas e os fenômenos da vida cotidiana. Abordam o estudo de aplicações científicas

que tem relevância social. Analisam as implicações sociais e éticas relacionadas ao uso da

ciência e da tecnologia com vistas a proporcionar uma compreensão da natureza da ciência e

do trabalho científico.

2. ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E EDUCAÇÃO

Segundo Chassot (2003, p. 91) a alfabetização científica pode ser considerada como uma

das dimensões para potencializar alternativas que privilegiam uma educação mais

comprometida. O autor defende que a ciência seja uma linguagem; assim, ser alfabetizado

cientificamente é saber ler a linguagem em que está escrita a natureza. É um analfabeto

científico aquele incapaz de uma leitura do universo. A ciência pode ser considerada como

uma linguagem construída pelos homens e pelas mulheres para explicar o nosso mundo

natural. Entender as ciências nos facilita, também, contribuir para controlar e prever as

transformações que ocorrem na natureza, sendo assim, a utilização de espaços não-formais

para construir os conhecimentos científicos de forma integrada com a natureza é um recurso

metodológico de suma importância para os educadores das mais diversas áreas de

conhecimento. Em virtude dessa demanda foi escolhido o CDS Guaçu Virá para o

desenvolvimento deste trabalho.

Para Teixeira (2003) não existe neutralidade científica e quando as ciências são ensinadas

nas escolas de forma desarticulada e altruísta elas passam a ter uma concepção de ciência

ingênua, desinteressada, apolítica, desconectados das atualidades e como se não tivesse uma

utilidade social. Por isso propomos um trabalho interdisciplinar por meio de sequências

didáticas que abordem a temática CTSA nas ciências: física, química, biologia e geografia.

Todo trabalho educacional deve ser permeado por uma proposta pedagógica, apropriamos

da pedagogia Histórico-Crítica, definida por Dermeval Saviani (1991) como expressão de

uma pedagogia que se propõe a pensar a educação como movimento crítico e social. Sendo a

educação mediação,

[...] isto significa que ela não se justifica por si mesma, mas tem sua razão de

ser nos efeitos que se prolongam para além dela e que persistem mesmo após

a cessação da ação pedagógica. Considerando-se, como já se explicitou, que, dado o caráter da educação como mediação no seio da prática social global,

a relação pedagógica tem na prática social o seu ponto de partida e seu ponto

de chegada, resulta inevitável concluir que o critério para se aferir o grau de

democratização atingido no interior das escolas deve ser buscado na prática social. (p.86)

Conforme acima, esse conjunto de pressupostos vem ao encontro dos objetivos dos

professores provocadores que vêem na escola uma instituição que por um lado promova o

acesso ao conhecimento científico tomando a prática social como ponto de partida e chegada

do processo de ensino. Mas, também, problematize a prática social, estabelecendo conexões

entre teoria e prática, desenvolvendo atividade mediadora entre a prática social, o saber

elaborado e o conhecimento erudito (conteúdos clássicos). Neste contexto, entende-se que o

movimento CTSA, entendido a partir dos fundamentos da pedagogia histórico-crítica,

proporciona um diálogo importante para a área de ensino de ciências.

O Movimento CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente) teve início na década

de 1970 e segundo Santos (2007, p.482) tem por objetivo o desenvolvimento de uma

cidadania responsável (individual e social) para lidar com problemas que tem dimensões

científicas e tecnológicas.

Existem alguns pontos de convergência entre a Pedagogia Histórico-Crítica e o

Movimento CTSA que valem a pena ser apresentados para demonstrar a articulação entre os

elementos que compõem este trabalho (sequência didática, aula de campo, espaço não-formal,

movimento CTSA, alfabetização científica e aprendizagem significativa). A inserção da

prática social (contexto sócio econômico e realidade social) no ensino utilizando sequências

didáticas de aprendizagem inspirada no movimento CTSA. Importância da escola como

instrumento de formação para a cidadania. A necessidade de superação das metodologias

arcaicas, baseadas apenas no processo de transmissão-recepção de informações veiculadas

por aulas predominantemente expositivas. Devem se utilizadas simulações, jogos, fóruns,

debates, projetos, redações de cartas para autoridades, visitas a indústrias e museus, estudo de

caso, aulas de campo, ação comunitária, entrevistas, análises de dados no computador,

materiais audiovisuais e demais atividades didáticas. Os conteúdos são instrumentos

mediadores da formação geral dos alunos, e não como mero conjunto de informações factuais

desprovidas de relações com a sociedade, que os alunos apenas memorizam para efeito de

exames, para depois, com a inexorável ação do tempo serem progressivamente esquecidos. O

papel dos professores com competência técnica e compromisso político para ser um

provocador do desejo de conhecer.

O objetivo deste ensino, que almeja a formação cidadã dos estudantes para o domínio e

uso dos conhecimentos científicos e seus desdobramentos nas mais diferentes esferas de suas

vidas, é por nós compreendido como „alfabetização científica‟.

Conforme Sasseron e Carvalho (2011, p.61),

[...] alfabetização científica designa as idéias que temos em mente e que

objetivamos ao planejar um ensino que permita aos educandos interagir com

uma nova cultura, com uma nova forma de ver o mundo e seus conhecimentos, podendo modificá-los e a si próprio através da prática

consciente propiciada por sua interação cerceada de saberes de noções e

conhecimentos científicos, bem como das habilidades associadas ao fazer

científico.

Para os educadores é importante ressaltar que a alfabetização científica não acontece

apenas no ambiente escolar, em determinado espaço/tempo, mas, como uma atividade que se

desenvolve gradualmente ao longo da vida e que depende das características sociais,

econômicas e culturais do meio onde este sujeito está inserido.

As autoras citadas acima reforçam o pressuposto de que as aulas de campo são atividades

problematizadoras, cujas temáticas são capazes de relacionar e conciliar diferentes áreas de

ensino e esferas da vida dos educandos, observando os elementos presentes em seu dia a dia

como produtos das ciências.

Lorenzetti e Delizoicov (2001) destacam que por meio das saídas a campo, os alunos

estarão realizando observações diretas, contribuindo para a alfabetização científica, na medida

em que permitem, de modo sistemático, mediar o uso dos conhecimentos para melhor

compreender as situações reais. Os alunos acabam utilizando todos os sentidos e não apenas a

observação visual, pois “[...] o contato com ambientes, seres vivos, áreas em construção,

máquinas em funcionamento, possibilita observações de tamanho, formas, comportamentos e

outros aspectos dinâmicos, dificilmente proporcionados pelas observações indiretas”

(BRASIL, 1997, p.122).

O ensino de Ciências não deve se restringir à transmissão de conhecimentos, mas deve

mostrar aos alunos a natureza da ciência e a prática científica e, sempre que possível, explorar

as relações existentes entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente. Tendo esse objetivo, as

autoras propõe o ensino por investigação como uma forma de favorecer a alfabetização

científica (SASSERON;CARVALHO, 2011).

Chassot (2003), entende que seria desejável que os alfabetizados cientificamente não

apenas tivessem facilitada a leitura do mundo em que vivem, mas entendessem as

necessidades de transformá-lo – e, preferencialmente, transformá-lo em algo melhor. A

ciência deveria servir acima de tudo para melhorarmos a vida no planeta, e não torná-la mais

perigosa, como ocorre, na maioria das vezes em uma sociedade de consumo cujo primeiro

objetivo é a produção de lucros e não a qualidade de vida da população.

3. METODOLOGIA DA AULA DE CAMPO

A pesquisa teve início quando os professores envolvidos no projeto foram visitar o

Centro de Desenvolvimento Sustentável Guaçu Virá, sendo recebidos pelo presidente da

ONG Julio Alberto Dueñas e pela bióloga Graziele Dalbó Falqueto que conduziram a equipe

a uma visita monitorada para conhecer os projetos do CDS Guaçu Virá. A partir dessa visita

os educadores planejaram suas sequências didáticas de forma interdisciplinar.

Nos meses de novembro e dezembro de 2009 foram desenvolvidas essas sequencias

didáticas com os educandos da Escola Estadual de Ensino Médio Irmã Dulce Lopes Ponte,

localizada na Avenida Espírito Santo s/n, Marcílio de Noronha-Viana/ES. Para organização

dos trabalhos, os professores foram apresentando suas sequências didáticas e os alunos foram

aderindo aquele com o qual mais se identificavam, ou pelo qual tinham maior afinidade com

os professores.

Os preparativos para as aulas de campo começaram com o envio das solicitações de

autorizações para os familiares dos educandos assinarem, a contratação de transporte escolar

adequado, regulamentado e com seguro, planejamento do horário das atividades, transmissão

com objetividade e clareza aos educandos do que se esperava alcançar com a aula de campo e

lista de orientações quanto às roupas, calçados fechados, bonés, repelentes, filtro solar, blusa

de frio, lanche, água.

As aulas de campo foram realizadas com os educandos nos dias 4, 5 e 6 de Novembro de

2009. Os alunos que aderiram as sequências didáticas financiaram o transporte e a entrada no

Projeto Guaçu Virá. No dia 4 de novembro as professoras de Geografia e História saíram da

EEEM Irmã Dulce Lopes Ponte com 39 alunos das turmas dos 1º anos do ensino médio ás 7

horas e 30 minutos com destino ao CDS Guaçu Virá. A programação foi realizada da seguinte

forma:

09h30min – recepção dos alunos no Centro de Vivência pela bióloga Graziele Dalbó

Falqueto.

10h00min – trilha na área de recuperação ambiental de Mata Atlântica e Mata de Araucária.

11: 00 – visitação aos projetos (energias alternativas, desidratador solar, minhocário, dentre

outros).

12h00min – Almoço/definição dos grupos de 3 a 5 alunos, por afinidade.

13h00min – reunião para escolha do projeto que será apresentado na Mostra Científica e

Cultural por cada grupo.

13h30min – estudo mais elaborado do projeto escolhido pelo grupo.

15h00min – Retorno

17h00min – Chegada na Escola.

As fotos 5 e 6 apresentam alguns dos momentos de aprendizagem que foram muito

significativos para os educandos e educadores que participaram desta aula de campo.

Foto 5: Desidratador Solar. Foto 6: Trilha na Mata Atlântica

No dia 5 de novembro os professores de Geografia e Química saíram do bairro Marcílio

de Noronha em Viana com 38 alunos das turmas dos 2º e 3º anos do ensino médio ás 7 horas e

30 minutos com destino ao CDS Guaçu Virá. A programação realizada foi à mesma

supracitada. Nesta data a bióloga não pode fazer a monitoria da visita técnica ficando está a

cargo da professora de Geografia. O FML – Formador Mediador Local – e também professor

de Química filmou a visita técnica e o vídeo foi exibido durante a Mostra Cientifica e

Cultural.

No dia 6 de novembro os professores de Física e Química saíram do bairro Marcílio de

Noronha em Viana com 43 alunos das turmas dos 2º e 3º anos do ensino médio ás 7 horas e

30 minutos com destino ao CDS Guaçu Virá. A programação se manteve inalterada em

relação às demais visitas.

Um montante de 120 alunos e 7 professores tiveram a oportunidade de conhecer este

projeto de sustentabilidade desenvolvido em terras capixabas. Nas aulas de campo foi

possível a apropriação de vários conceitos das ciências. Propiciar o entendimento,

problematização e a leitura do contexto social e proporcionar subsídios para alfabetização

científica. A seqüência de fotos de 7 a 10 apresentam algumas dessas leituras científicas que

os educandos tiveram a oportunidade de realizar durante as aulas de campo.

Foto 7: Opasca utilizada na compostagem. Foto 8: Horta Vertical

Foto 9: Fogão solar. Foto 10: Tratador automático de peixes

Com todo material coletado por meio de anotações, fotografias e os conhecimentos

adquiridos por meio da aula de campo passamos a desenvolver encontros semanais na escola

para orientação dos grupos de trabalho. Foram quatro encontros supervisionados pelos

professores do projeto até a data na Mostra Científica e Cultural. Nestes encontros eram

trocadas experiências, dicas, informações e montagem das réplicas dos projetos.

4. A MOSTRA CIENTÍFICA NA ESCOLA

No dia 27 de Novembro de 2009 foi realizada a Mostra Científica e Cultura da EEEM

Irmã Dulce Lopes Ponte, no horário das 8 às 22 horas para expor as réplicas dos projetos e

cartazes apresentado as experiências de projetos implantados no CDS Guaçu Virá.

Além das réplicas do CDS Guaçu Virá foram apresentados uma variedade de projetos

desenvolvidos por professores das mais diversas áreas de conhecimento, tais como as músicas

que marcaram as décadas de 1960 e 1970 (História, Português); projeto meu dever de casa –

tecnomídia (Matemática); Modelagem com argila (Artes, Filosofia e Sociologia); Hockey,

Patinação e Karatê (Biologia e Educação Física); Mata Atlântica (Inglês); Experimentos de

Física; Experimentos de Química e muitos outros trabalhos realizados por alunos do ensino

médio orientados pelos professores dessa instituição de ensino.

Os trabalhos foram apresentados pelos educandos a toda comunidade que visitou a

Mostra Científica e Cultural e alguns deles foram escolhidos por técnicos da Secretaria

Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Viana para participar do I Seminário

de Educação Ambiental promovido por esta Secretaria. Os trabalhos foram expostos e

apresentados pelos educandos no dia 11 de dezembro no Centro Paroquial da Igreja Católica

de Viana durante a realização do evento. Foram convidados cerca de 20 alunos para

apresentarem seus projetos representando a escola. As fotos de 11 a 14 apresentam alguns dos

trabalhos apresentados na Mostra Científica e Cultura.

Foto 11: Tratador automático de peixes. Foto 12: Unidades Fotovoltaicas

Foto 13: Agricultura Vertical. Foto 14: Monjolo.

4.1. Autorizações

O trabalho de pesquisa obteve autorização prévia da direção da escola, dos professores e

dos educandos para a realização da sequência didática e sua posterior utilização para fins

educacionais,bem como do CDS Guaçu Virá.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As aulas de campo, as sequências didáticas e a mostra científica e cultural foram muito

importantes para a alfabetização científica dos educandos e educadores que trabalharam o

equilíbrio entre os projetos desenvolvidos no CDS Guaçu Virá e a realidade dos educandos,

suas vivências e a possibilidade de aplicação de cada um desses projetos na comunidade onde

esta inserida a escola. A apropriação de conceitos científicos e a sua aplicação para vida

social, pode desenvolver no educando significados para a sua alfabetização científica: a

expansão da capacidade de problematização, de análise e sínteses teoricamente mediadas. É

importante a realização de atividades anteriores e posteriores a aula de campo para propor

situações investigativas de forma crítica, em relação as mediações capazes de serem

estabelecidas com as ciências, as tecnologias, a sociedade e o ambiente.

Alguns dos projetos que foram explorados como maior profundidade nas sequencias

didáticas foram: o reator biológico, a criação de coelhos, a trilha das samambaiaçus, a área de

reintegração dos papagaios à natureza, as áreas de estudo dos anfíbios, as unidades

fotovoltaicas de captação de energia solar, as nascentes, a estação de tratamento de esgoto, o

moinho d‟água, o forno e o fogão solar e a oficina de marcenaria.

O CDS Guaçu Virá apresenta muitas interações entre o ambiente e a sociedade de Venda

Nova do Imigrante. É um excelente espaço não formal para o desenvolvimento da

alfabetização científica em CTSA.

Agradecimentos

Agradecemos a comunidade escolar da Escola Estadual de Ensino Médio Irmã Dulce Lopes

Ponte pela participação pró-ativa durante o desenvolvimento de todas as etapas da sequência

didática e também a equipe do CDS Guaçu Virá que atendeu muito bem os educandos durante

as aulas de campo.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Ciências Naturais e suas tecnologias: Exemplar de uma experiência em séries iniciais.

Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 4, n. 3, 2005.

ANDRÉ, M.E.D.A. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 2008.

AULER, Décio; BAZZO, Walter Antonio. Reflexões para a implantação do movimento CTS

no contexto educacional brasileiro. Ciência e Educação, v.7, n. 1, p. 1-13, 2001.

BRASIL. Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006. Institui, no âmbito federal, o Programa

Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de

Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, e dá outras providências. Diário Oficial [da]

República Federativa do Brasil, Brasília, 14 jul. 2006.

BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:

Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF. 1997

CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social.

Revista Brasileira de Educação, n.22, p.89-90, jan./abr. 2003.

DELIZOICOV, D. et al. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo:

Cortez, 2011.

LORENZETTI, Leonir; DELIZOICOV, Demétrio. Alfabetização científica no contexto das

séries iniciais. Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências, n.1, v.3 , p.1-17, jun. 2001.

PEDRA, José Alberto. Currículo, conhecimento e suas representações. Campinas: Papirus,

1997. P.27.

SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos. Educação científica na perspectiva de letramento como

prática social: funções, princípios e desafios. Revista Brasileira de Educação. v. 12 n. 36

set./dez. 2007. P. 474-550.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 25.ed. São Paulo: Cortez/autores associados,

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SASSERON, Lucia Helena; CARVALHO, Anna Maria Pessoa. Alfabetização científica:

uma revisão bibliográfica. Investigações em ensino de ciências. v.16, n.1, p.59-77, 2011.

TEIXEIRA, Paulo Marcelo M. A educação científica sob a perspectiva da Pedagogia

Histórico-Crítica e do Movimento CTS no ensino de ciências. Ciência e Educação, v.9, n. 2,

p. 177-190, 2003.

CIENTIFIC LITERACY IN THE CENTER OF SUSTAINABLE

DEVELOPMENT GUAÇU-VIRA – VENDA NOVA DO IMIGRANTE/ES

Abstract: Describes and analyzes investigative educational practice developed through

interdisciplinary teaching sequences worked with high school students from a regular class

field in the space of non-formal Center for Sustainable Development Guaçu Virá (Venda

Nova do Imigrante / ES). The content covered in the disciplines of physics, chemistry, biology

and geography are provided in PCNs, DCNs Common Curriculum and the State Schools of

the Espírito Santo State. We understand that knowledge mediated by actual experience may

enable the implementation of scientific knowledge, combined with a social practice reflective,

critical and sustainable. This is a feature of the constrution of knowledge through

investigative experience in a class field , mediated by historical critical pedagogy. The

appropriate content in contextual experiences sought to promote science literacy throughout

the CTSA approach (Science, Technology and Society). Thus, the environmental education

needs to permeate every set of disciplinary school and expand the space/time of mediation

experience/practices in order to enable the improvement of quality of life all over society.

Key-words: Scientific literacy, CTSA, non-formal space, Class field, environmental education