Algumas características do método científico

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ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO MÉTODO CIENTÍFICO. Método indutivo-dedutivo: parte de fatos particulares para enunciar leis universalmente verdadeiras. Essas leis serão testadas através da observação e/ou experimentação, e assim sucessivamente. Produz um conhecimento realista, analítico e, acima de tudo, verificável empiricamente. Trabalha com hipóteses, as chamadas teorias. Veicula enunciados tidos como verdades provisórias, sujeitas a validação e possível rejeição. Dotada de um mecanismo de autocorreção: toda vez que o resultado da experiência contradiz a teoria até então vigente, modifica-se ou abandona-se a teoria. Portanto, na ciência a realidade dos fatos tem precedência sobre as teorias. De certa forma, podemos comparar a pesquisa científica a uma investigação policial. Objetivo principal: Descobrir por que a realidade é como é. Objetivo principal: Descobrir o autor de um crime. Utilização de pistas: Quando não é possível realizar um experimento para testar uma hipótese, a ciência se vale de pistas, evidências indiretas do fato, vestígios que ele deixa ou deixou e que podemos examinar para tentar reconstituir o cenário em que ele ocorre ou ocorreu. Utilização de pistas: Provas materiais colhidas pelo perito policial na cena do crime. Como se sabe, provas materiais são a evidência mais forte e convincente de uma teoria policial. Freqüentemente, elas valem mais perante um júri do que provas testemunhais, já que as testemunhas muitas vezes mentem ou se enganam. De onde viemos?

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ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO MÉTODO CIENTÍFICO.

Método indutivo-dedutivo: parte de fatos particulares para enunciar leis universalmente verdadeiras. Essas leis serão testadas através da observação e/ou experimentação, e assim sucessivamente.

Produz um conhecimento realista, analítico e, acima de tudo, verificável empiricamente.Trabalha com hipóteses, as chamadas teorias. Veicula enunciados tidos como verdades provisórias, sujeitas a validação e possível rejeição.

Dotada de um mecanismo de autocorreção: toda vez que o resultado da experiência contradiz a teoria até então vigente, modifica-se ou abandona-se a teoria. Portanto, na ciência a realidade dos fatos tem precedência sobre as teorias.

De certa forma, podemos comparar a pesquisa científica a uma investigação policial.

Objetivo principal: Descobrir por que a realidade é como é.

Objetivo principal: Descobrir o autor de um crime.

Utilização de pistas: Quando não é possível realizar um experimento para testar uma hipótese, a ciência se vale de pistas, evidências indiretas do fato, vestígios que ele deixa ou deixou e que podemos examinar para tentar reconstituir o cenário em que ele ocorre ou ocorreu.

Utilização de pistas: Provas materiais colhidas pelo perito policial na cena do crime. Como se sabe, provas materiais são a evidência mais forte e convincente de uma teoria policial. Freqüentemente, elas valem mais perante um júri do que provas testemunhais, já que as testemunhas muitas vezes mentem ou se enganam.

De onde viemos?

O debate sobre a origem da vida na Terra é algo amplo e contraditório. Você verá agora duas hipóteses que sobre a origem da vida: a evolucionista e a criacionista. É importante levar em conta que nenhuma delas está totalmente comprovada.

Teoria Evolucionista

Há inúmeras evidências que parecem confirmar, com grande grau de certeza, que a teoria evolucionista está mais próxima do que realmente acontece na natureza.

Embora não possamos voltar no tempo e assistir à origem da vida no planeta Terra, podemos simular em laboratório esse processo, bem como podemos verificar os princípios básicos dessa teoria – a mutação genética, a adaptação ao meio ambiente e a seleção natural – em ação nos dias de hoje, além de podermos contar com os registros fósseis. Trata-se de provas materiais.

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Teoria Criacionista

Tem como únicos argumentos a seu favor a narrativa bíblica – uma prova testemunhal – e a afirmação de que a vida só poderia ter sido criada por um Ser superior – na verdade, muito mais uma convicção pessoal do que uma hipótese a ser provada cientificamente.

A teoria criacionista é, portanto, um exemplo de conhecimento místico-religioso e não de conhecimento científico.Os processos cognitivos envolvidos na pesquisa científica são:

- A sensação, isto é, a observação da realidade e/ou a experimentação sobre essa realidade.

- A razão, ou seja, raciocínio lógico (por vezes lógico-matemático).

1.3 Definição de Ciência

Com base no que já vimos, podemos ensaiar uma definição do que seja a Ciência. A Ciência é um processo de busca, produção e transmissão do conhecimento sobre a realidade material ou psíquica, concreta ou abstrata por meio da observação e/ou manipulação dessa realidade e da elaboração de modelos mentais de caráter exclusivamente racional.

Ela é um processo dentre vários, evidentemente não o único. Além disso, constitui uma busca da verdade, que não se confunde com a própria verdade. Por isso mesmo, é uma (re)construção permanente do conhecimento, não um conhecimento pronto e acabado.

É também um processo de transmissão do conhecimento, pois descobrir e não comunicar aos outros não é fazer ciência. Esse conhecimento se restringe à realidade imanente; nada diz, por exemplo, sobre o sexo dos anjos, embora possa dizer quando e onde os anjos foram citados pela primeira vez e até mesmo quem os citou. A ciência não pode estudar anjos como uma realidade em si, mas pode estudá-los enquanto figuras que habitam o imaginário humano.

1.4 O processo da pesquisa científica

O esquema abaixo representa o processo da pesquisa científica.

Saber 1

Manipulação de uma parcela da realidade

Observação dessa parcela da realidade

Análise subjetiva da

realidade

Confirmação total ou

parcial do Saber 1 e

alargamento da visão

Saber 2

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Saber 1 O Saber que serve de premissa ao trabalho científico é um modelo mental da realidade. Só é possível conhecermos uma pequena parcela dessa realidade. Essa percepção está sujeita a dois diferentes processos de filtragem: Biológica: determinada pela limitação dos nossos órgãos sensoriais em perceber a realidade.Ideológica: diz respeito ao modo particular como pensamos a realidade que percebemos.

ManipulaçãoO trabalho científico consiste então em tomar o modelo mental de uma determinada realidade e submetê-lo a um processo de manipulação e/ou experimentação, em que agora temos um corpus, formado de objetos concretos ou abstratos.

Análise subjetivaFaz-se uma comparação entre a parcela da realidade observada e o modelo mental.

Saber 2Todo discurso científico produz um novo saber, mais amplo que o saber do qual parte. É isso que chamamos de descoberta científica. No processo de manipulação você viu que se determina um corpus para análise de uma determinada realidade.

Veja alguns exemplos de corpus: Amostra de material radioativo. Conjunto de cobaias. Constelação de corpos celestes. Coleção de documentos históricos. População de pessoas (e mesmo a sociedade como um todo). Cadeia de idéias.

A manipulação desse corpus pode ser material, como no caso das amostras radioativas ou das cobaias, ou intelectual, como no caso dos corpos celestes ou das idéias.

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1.5 Funções da pesquisa científica

Por que se faz pesquisa científica? Para que serve a Ciência? Com base no que foi visto até aqui, podemos concluir que a ciência tem quatro funções básicas:

1. Realimentar o próprio processo científico, produzindo um conhecimento disponível para pesquisas subseqüentes na mesma especialidade;

2. Alimentar (isto é, contribuir com informações para) a pesquisa científica de outras especialidades;

3. Satisfazer a curiosidade humana, proporcionando uma ampliação da visão de mundo e um enriquecimento intelectual e espiritual do ser humano (isto é, geração de cultura);

4. Gerar aplicações na solução de problemas práticos do ser humano (isto é, geração de tecnologia).

As duas primeiras dessas funções correspondem à produção de bibliografia que ficará à disposição para que outros investigadores possam iniciar seu trabalho a partir do conhecimento já efetivamente produzido.

Nesse sentido, o saber científico é cumulativo, pois cada pesquisador contribui com uma parcela do conhecimento, e essas parcelas vão se somando na constituição de um patrimônio incomensurável de informações.

O conhecimento prévio do assunto que um pesquisador precisa ter ao iniciar sua pesquisa é chamado de fundamentação teórica. Todo trabalho de pesquisa requer uma bibliografia básica.

Satisfazer a curiosidade humana

Realimentar o processo científico

Alimentar outras ciências

Gerar aplicações práticas (tecnologia)

Saber 2

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A terceira função da ciência é o que chamamos de função hedônica da ciência: produzir prazer no intelecto humano por meio da satisfação da curiosidade e da ampliação de seu horizonte de visão.

Sem dúvida, a posse do conhecimento é fonte de grande prazer e constitui, mesmo, uma forma de entretenimento comparável às artes e esportes. Por isso, a divulgação do conhecimento científico ao público leigo, por meio de livros, revistas, documentários, palestras e exposições, pode ser legitimamente incluída no rol das atividades culturais.

A quarta função da ciência é chamada de função pragmática da ciência: o desenvolvimento de soluções para os problemas práticos do ser humano, como a sobrevivência física, a diminuição do esforço, o aumento da eficiência na realização de tarefas, o aumento da produção de bens e a diminuição dos custos dessa produção, etc. Numa palavra, isso se chama tecnologia.

É preciso ter claro que toda solução de problemas de derive da aplicação do conhecimento gerado pela ciência é uma tecnologia. Por isso, a tecnologia não se restringe como pensam muitos, às aplicações das ciências exatas ou biológicas. Até mesmo o desenvolvimento de um novo método de ensino de línguas é uma tecnologia.