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Curso de Jornalismo da Faculdade Satc – Criciúma – SC – Novembro de 2016
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Além dos Olhos1
Janaína TEIXEIRA, Natália SILVEIRA2
Cláudio TOLDO3
Faculdade Satc, Criciúma, SC
Resumo
O presente projeto consiste na produção de um produto audiovisual sobre mendicância na
cidade de Criciúma e quais os serviços disponibilizados para esta população de rua. O
objetivo principal do documentário foi alertar e levar conhecimento à população em geral e
ainda servir de acervo histórico em plataforma online. Abordar este tema foi relevante por
se tratar de indivíduos que, na maioria dos casos, são tratados/considerados invisíveis pela
sociedade. Sendo, desta forma, necessário desmistificar esta imagem criada sobre
moradores de rua. Os métodos e técnicas usados classificam a pesquisa como bibliográfica.
O roteiro foi baseado em histórias não ficcionais.
Palavras-chave: documentário; não ficção; jornalismo social; mendicância.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com o dicionário, mendicância ou mendicidade é considerada como
um modo de vida. No entanto, as causas pelas quais as pessoas decidem morar nas ruas são
inúmeras. Ainda segundo o dicionário, este modo de vida é definido como ato de pedir –
publicamente, com habitualidade – esmolas ou auxílio de qualquer natureza, a pretexto de
pobreza ou necessidade4.
É mais comum a existência de moradores de rua em grandes centros urbanos,
devido à desigualdade social ser mais acentuada. Cada pessoa inserida neste contexto de
vida carrega consigo o(s) porquê(s) de estar nesta situação.
Segundo explica Costa (2005, p. 3):
Grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes
realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta e a
falta de pertencimento à sociedade formal. São homens, mulheres, jovens,
famílias inteiras, grupos, que têm em sua trajetória a referência de ter
realizado alguma atividade laboral, que foi importante na constituição de
1 Trabalho apresentado para cumprimento da disciplina Projeto Experimental III do curso de Jornalismo da Faculdade Satc
em novembro de 2016.
2 Acadêmicas de Graduação do 6º semestre do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected],
3 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected]
4 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010.
2222 p.
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suas identidades sociais. Com o tempo, algum infortúnio atingiu suas
vidas, seja a perda do emprego, seja o rompimento de algum laço afetivo,
fazendo com que aos poucos fossem perdendo a perspectiva de projeto de
vida, passando a utilizar o espaço da rua como sobrevivência e moradia.
Conforme já mencionado, a razão para que um indivíduo decida morar nas ruas
engloba vários fatores de vida. Dentre eles, uso de drogas, álcool, problemas familiares,
perda de emprego, da autoestima, entre outros.
De acordo com Bulla, Mendes, Prates e outros (2004, p. 113-114, apud Costa,
2005): “De uma forma geral, as pessoas em situação de rua apresentam-se com vestimentas
sujas e sapatos surrados, denotando a pauperização da condição de moradia na rua”.
Sendo a exclusão um problema social mais comum a cada dia em todo o Brasil,
é possível presenciar/vivenciar o ato de pedir esmolas constantemente. Muitas pessoas ao
serem abordadas não sabem como reagir ou sentem-se ameaçadas pela situação. Com isso,
muitas vezes, ao perceberem um morador de rua, o tratam com indiferença, como se não o
estivessem vendo.
Nas palavras de Costa (2005, p.5), “cabe referir que a existência de pessoas em
situação de rua não é um fenômeno restrito ao Brasil, nem às sociedades capitalistas
modernas, mesmo que tenham sido as mais eficientes em produção de miséria e exclusão”.
“Desde a antiguidade, já eram registrados grupos habitando as ruas e
vivendo quase que exclusivamente da mendicância. Apesar de o fenômeno
ter várias conotações ao longo da História, morar na rua sempre esteve
relacionado ao espaço urbano. A civilização grega e o Império Romano
também geravam pessoas vivendo nas ruas; na Idade Média, há notícias,
inclusive, de uma certa “profissionalização” da situação de rua. Já, na Era
Industrial, sabe-se que teria havido repressão generalizada à difusão de
atividades ligadas à vagabundagem e à mendicância” (SIMÕES, 1992, p.
19-20, apud COSTA, 2005, p.5).
Desta forma, a mendicância chega a todas as regiões, sem restrições. E em
Criciúma, não é diferente, sendo a quinta maior cidade de Santa Catarina e a mais populosa
do Sul Catarinense, com população estimada, em 2016, de 209.153 habitantes, de acordo
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Possui área territorial, segundo
o IBGE – 2015, de 235.701 km². Sua economia gira em torno da cerâmica, extrativismo
mineral, vestuário, metal-mecânica e do plástico.
Criciúma, como nos grandes centros urbanos, oferece auxílios às pessoas em
situação de rua. A Administração Municipal, através da Secretaria de Assistência Social,
tem como missão:
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Implementar e coordenar a política pública de assistência social e
habilitação no município de Criciúma, promovendo um conjunto
integrado de ações sócio-assistenciais, para atendimento aos cidadãos e
grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade e risco social.5
Dentro destes programas sociais voltados aos moradores de rua da cidade estão:
o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) e a
Casa de Passagem São José.
O Centro Pop, de acordo com a cartilha institucional do programa, é
considerado uma unidade de referência de Proteção Social Especial de Média
Complexidade, especializado no atendimento da população em situação de rua.
O Centro POP representa espaço de referência para o convívio grupal,
social e para o desenvolvimento de relações de solidariedade, afetividade e
respeito. Na atenção ofertada no Serviço Especializado para Pessoas em
Situação de Rua deve-se proporcionar vivências para o alcance da
autonomia, estimulando, além disso, a organização, a mobilização e a
participação social.6
É interessante destacar que, no que se refere à Proteção Social Especial de
Média Complexidade, segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, são
alicerçados os serviços tendo como base que:
A Proteção Social Especial de Média Complexidade organiza a oferta de
serviços, programas e projetos de caráter especializado que requerem
maior estruturação técnica e operativa, com competências e atribuições
definidas, destinados ao atendimento às famílias e aos indivíduos em
situação de risco pessoal e social, por violação de direitos. Devido à
natureza e ao agravamento dos riscos, pessoal e social, vivenciados pelas
famílias e indivíduos atendidos, a oferta da atenção na Proteção Social
Especial de Média Complexidade requer acompanhamento especializado,
individualizado, continuado e articulado com a rede.7
A Casa de Passagem é considerada uma unidade de referência de Proteção
Social Especial de Alta Complexidade, oferecendo auxílios mais amplos para os moradores
de rua, como o acolhimento.
5 Prefeitura de Criciúma. Secretaria Social. Disponível em http://www.criciuma.sc.gov.br/site/sistema/social Acesso
em: 3 de setembro de 2016.
6 Institucional. Centro Pop. Disponível em
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/suas/creas/centro_pop_institucional.pdf Acesso em: 3 de
setembro de 2016.
7 Perguntas e respostas. Centro Pop. Disponível em
http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/cartilhas/perguntas-respostascentropop.pdf Acesso em: 3 de setembro de 2016.
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Em conformidade com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais,
este auxílio se caracteriza como:
A Proteção Social Especial de Alta Complexidade tem como objetivo
ofertar serviços especializados com vistas a afiançar segurança de acolhida
a indivíduos e/ou famílias afastados temporariamente do núcleo familiar
e/ou comunitários de origem.8
Com relação ao registro e controle desses moradores de rua, a presente pesquisa
terá como base de estudo o acompanhamento pelo serviço especializado, realizado pelo
Centro Pop de Criciúma.
Para a coordenadora da unidade, Chelbia Pavei, diversos pontos levam um
indivíduo a morar nas ruas de Criciúma. Como o desemprego, o abandono familiar ou até a
falta da família, a situação econômica, o desajuste social, problemas psicológicos e, muitas
vezes, o vício em drogas como o álcool e o crack. Segundo a coordenadora, essas pessoas já
não veem expectativas em suas vidas, se encontram em situação de sobrevivência, fora do
contexto social, sem esperanças e sonhos.
Através de levantamento realizado, por meio do Centro Pop, nos meses de
maio, junho e julho deste ano, é possível traçar uma média estatística do atual número de
registros da mendicância em Criciúma.
Tabela 1 – Dados levantados no Centro Pop de Criciúma em três meses de 2016
Moradores de rua Maio Junho Julho
Total 61 95 98
Masculino 52 87 90
Feminino 9 8 8
Usuários de drogas 57 89 92
Migrantes 18 31 22
Pessoas com doença
ou transtorno mental
0 0 0
Fonte: Centro Pop de Criciúma.
O Centro Pop realiza também um serviço de abordagem, através de educadores
sociais. O intuito da abordagem é orientar as pessoas em situação de rua, auxiliando no que
estiver ao alcance da instituição pública.
8 Perguntas e respostas. Centro Pop. Disponível em
http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/cartilhas/perguntas-respostascentropop.pdf Acesso em: 3 de setembro de 2016.
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Tabela 2 - Dados levantados no Centro Pop de Criciúma em três meses de 2016
Abordagem Maio Junho Julho
Total 53 38 43
Masculino 49 35 40
Feminino 4 3 3
Usuários de drogas 53 38 43
Migrantes 5 0 0
Quantidade total de
abordagens (número
de vezes)
185 104 174
Fonte: Centro Pop de Criciúma.
Para tentar reverter este quadro, a Assistência Social de Criciúma por meio do
Centro Pop, visando diminuir a incidência da mendicância na cidade, fornece atividades
especializadas em reabilitação para os usuários da unidade. Nestas atividades são
proporcionadas vivências para o alcance da autonomia, estimulando a organização, a
mobilização e a participação social. Conforme a coordenadora, o Centro Pop também
proporciona o encaminhamento de documentação do indivíduo e auxilia no contato com a
cidade de origem – caso o morador de rua não seja criciumense –, e com familiares.
1.1) O Jornalismo Social
O jornalismo, de acordo com Lage (2014), é uma atividade caracterizada por
compromisso ético singular, que precisa ser neutra. Portanto, o papel social do jornalismo
tem grande peso, acarretando formação de opinião além de informar.
Os profissionais desta área precisam levar aos consumidores de informação o
que será noticiado, tendo ciência do que é relevante ou não para a sociedade. O jornalista
deve saber distinguir o que interessa e é válido ao seu público-alvo, buscar fusão entre essas
duas peculiaridades, tornando a informação veiculada o mais atrativa possível (LAGE,
2014).
Sendo o jornalismo uma atividade extremamente social, é necessário exercer
esta posição com responsabilidade. É neste sentido que Ure (2008, p. 116), vê:
Basta observar as interações sociais no âmbito da política, da economia,
da cultura, da ciência e da educação para reconhecer na informação um
bem imprescindível. Sem informação a sociedade seria um grande caos.
Haveria maiores desigualdades e injustiças, e nenhuma possibilidade de
coordenar os esforços para alcançar metas comuns. Com informação, ao
contrário, estabelecem-se os elos da cadeia produtiva, transfere-se
tecnologia, a concorrência pelos cargos públicos se torna leal, defendem-
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se os direitos dos trabalhadores, combatem-se doenças, incorporam-se
pessoas ao mercado de trabalho, protege-se o meio ambiente etc.
Em seus estudos, Fabris (2006, apud Ure, 2008), diz que o grau de
responsabilidade é visto como uma aceitação da capacidade que o profissional da
informação tem de dar início ao fazer o bem, através da notícia. Para o autor, a
responsabilidade do jornalista reside em ser um grande transformador da cultura.
Ure (2008) analisa que, apesar da crise de credibilidade encarada pela tarefa
informativa, surpreende como os meios seguem constituindo o primeiro fator de influência
na opinião pública.
Em suma, o jornalismo é imprescindível para a transição da sociedade. Fazendo
com que a informação chegue, por meio de diversos meios, aos lugares mais distintos, que
sem o jornalismo, talvez, não teriam acesso.
1.2) A Produção de Documentários
De acordo com Nichols (2005, p. 26), “todo filme é um documentário”. No
entanto, segundo o autor, é possível classificá-lo como: documentário de satisfação de
desejos e documentário de representação social. “Os documentários de satisfação de desejos
são o que normalmente chamamos de ficção. Esses filmes expressam de forma tangível
nossos desejos e sonhos, nossos pesadelos e terrores” (NICHOLS, 2005, p. 26). Para
Nichols (2005), não ficção remete aos documentários de representação social, que
representam o mundo em que estamos inseridos.
Em seus estudos Ramos (2008, p. 22) refere-se ao documentário como:
[...] Documentário é uma narrativa com imagens-câmera que estabelece
asserções sobre o mundo, na medida em que haja um espectador que
receba essa narrativa como asserção sobre o mundo. A natureza das
imagens-câmera e, principalmente, a dimensão da tomada através da qual
as imagens são constituídas determinam a singularidade da narrativa
documentária em meio a outros enunciados assertivos, escritos ou falados.
É interessante explanar ainda que, sob o ponto de vista deste autor, asserções
com imagens e sons correspondem às formas habituais da linguagem, como a fala da
locução, de homens e mulheres, ou de entrevistas e depoimentos, ruídos ou músicas
(RAMOS, 2008).
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Para a produção de um documentário de não ficção, conforme a proposta deste
projeto experimental, é necessário captar imagens rotineiras do tema escolhido, para dar a
aproximação mais precisa possível com a realidade.
O documentário é filmado no próprio lugar que se quer reproduzir, com as
pessoas do lugar. Assim, o trabalho de seleção será realizado sobre
material documental, com a finalidade de narrar a verdade da forma mais
adequada e não a dissimulando por trás de um elegante véu de ficção, e
quando, como corresponde ao âmbito de suas atribuições, infunde à
realidade o sentido dramático, este sentido surge da própria natureza e não
unicamente da mente de um escritor mais ou menos engenhoso
(FLAHERTY, 1985, p. 157, apud DA-RIN, 2006, p. 51).
Mas, em conformidade com Ramos (2008), a realidade possui um leque de
possibilidades de interpretações para o espectador. “[...] De que modo expor com a máxima
clareza nossa interpretação sobre o fato que enunciamos? A resposta será múltipla, não
incidindo sobre a definição do campo. Um documentário pode ser objetivo ou pouco claro,
e continuar a ser documentário” (RAMOS, 2008, p. 22).
É nesse sentido que Nichols (2005, p. 28), diz:
Nos documentários, encontramos histórias ou argumentos, evocações ou
descrições, que nos permitem ver o mundo de uma nova maneira. A
capacidade da imagem fotográfica de reproduzir a aparência do que está
diante da câmera nos compete a acreditar que a imagem seja a própria
realidade representada diante de nós, ao mesmo tempo em que a história,
ou o argumento, apresenta uma maneira distinta de observar essa
realidade.
De acordo com Mascarello (2006), a origem do documentário se deu no final
dos anos 1920 e início dos anos 1930. “Ela traz as marcas de sua significação, surgida na
segunda metade do século XIX no campo das ciências humanas, para designar um conjunto
de documentos com a consistência de „prova‟ a respeito de uma época” (MASCARELLO,
2006, p. 253).
No que tange ao surgimento do documentário, o autor destaca:
Doravante, o documentário ficaria associado a todo um ideário de
simplicidade, despojamento, austeridade, tanto do ponto de vista da
economia técnica, formal, quanto da autenticidade temática, elementos
que supostamente sustentariam uma captação mais verídica, direta, da
realidade, da vida como era e não como era imaginada.
Os resultados aqui expostos podem assegurar que todo documentário possui
uma linguagem persuasiva, capaz de influenciar na forma de ver determinado assunto.
Entretanto, o documentário possui voz própria, mas pode tratar de questões sociais,
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políticas ou poéticas. Documentários poéticos distanciam-se das questões sociais e políticas
(NICHOLS, 2005). Pode-se dizer que “a política de representação coloca os documentários
numa arena maior de debate e contestação social. O respeito pela ética acarreta o respeito
pelas consequências políticas e ideológicas também” (NICHOLS, 2005, p. 180).
Para finalizar esta análise sobre o conceito de responsabilidade social
representada pelo documentário, DA-RIN (2006, p.224) considera:
[...] A responsabilidade social do documentário usando a metáfora de um
martelo para transformar a natureza, ao invés de um espelho para refleti-
la, alguns documentaristas têm preferido usar o martelo contra o próprio
espelho. No lugar de pretenderem uma imagem automática do mundo,
denunciam o embuste deste automatismo. Com os cacos do espelho,
constroem interpretações fragmentadas do mundo, que podem conter o
germe de estimulantes perspectivas de descentramento da totalidade e de
relativização das representações dominantes.
O documentário, em termos gerais, consegue apresentar uma realidade
subdividida, transmitindo melhor veracidade dos fatos.
2 OBJETIVOS
Geral: Produzir um documentário sobre o tema “Mendicância” dentro do
município de Criciúma, como forma de alerta e geração de conhecimento por meio de
acervo histórico em plataforma online.
Específicos:
- Divulgar a situação vivida por pessoas que decidem sobreviver das ruas;
- Informar a população sobre os programas sociais oferecidos pela
Administração Pública de Criciúma e destinados especificamente para indivíduos em
situação de rua;
- Conscientizar os espectadores de que, muitas vezes, dar esmolas ou ignorar
um morador de rua não resolve e/ou torna invisível este problema social.
3 JUSTIFICATIVA
Produzir um documentário sobre o tema “Mendicância” é importante por se
tratar de um assunto encarado com certo preconceito. Os moradores de rua, muitas vezes,
passam despercebidos pela população, como se já tivessem se tornado parte do cenário
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percorrido durante a rotina diária. Ou, em outros casos, representam uma ameaça por serem,
a maior parte, usuários de drogas. A relevância deste projeto está relacionada diretamente
em desmistificar a imagem criada em cima dos moradores de rua. Levar ao telespectador a
realidade vivida por estes indivíduos – através de levantamentos feitos por meio de serviços
públicos destinados a eles –, e a história de personagens não ficcionais.
Em Criciúma, por se tratar de uma das maiores cidades de Santa Catarina, é
comum vivenciar uma cena de mendicância. O que muitos criciumenses não sabem é da
existência de unidades assistenciais voltadas para estes indivíduos em situação de rua. O
jornalismo tem papel fundamental nesta missão de informar e transformar a sociedade. A
transição se dá partindo do princípio de que, através da comunicação, muitos conceitos são
mudados e/ou amadurecidos com a apresentação de dados. Os fatos podem ser apresentados
por diversos meios, mas, o documentarismo consegue aproximar o público da realidade
com maior eficiência.
Por isso, fazer um documentário é viável por mostrar ao espectador o outro lado
da situação. São muitos os fatores que levam um indivíduo a viver nas ruas e sobreviver
nelas. A conscientização da população acarreta mudança de postura com relação às
abordagens em casos rotineiros ou isolados. Nesta perspectiva, a palavra de ordem deste
projeto experimental é conscientização. Dar esmolas não os ajuda a sair das ruas. É preciso
ir além do problema, e esta é a proposta do documentário.
4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
Para realizar o projeto audiovisual foram necessárias algumas técnicas para
levantamento de dados. Desta forma, o presente trabalho se classifica com relação ao tipo
de pesquisa como bibliográfica. De acordo com Gil (1991), pesquisa bibliográfica constitui-
se da utilização de livros e/ou artigos científicos, que, geralmente, são utilizados em quase
todo trabalho desta natureza.
As fontes utilizadas para a produção do documentário foram primárias e
secundárias, sendo que, algumas se classificam como de natureza oficiais e outras oficiosas.
As fontes primárias foram as ligadas aos atendimentos prestados pelo município de
Criciúma, para que fosse possível estabelecer a estrutura do projeto, e os personagens,
moradores de rua, dando voz ao outro lado da situação, mostrando de forma fiel as
circunstâncias vividas por indivíduos em situação de rua. Como fonte oficial para abordar
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este assunto destaca-se a secretária de Assistência Social de Criciúma, Edla Coan. E como
fontes oficiosas a assistente social do Centro Pop de Criciúma, Silvana Barbieri, a psicóloga
do Centro Pop, Chelbia Pavei, e a assistente social da Casa de Passagem de Criciúma,
Marcela Santiago. Como fontes independentes estão os moradores de rua – Marcos, Jorge e
Raimundo –, personagens principais do documentário.
No tocante à forma como foram realizadas as entrevistas, o projeto inteiro foi
elaborado através do contato direto com os entrevistados, ao vivo. Sendo realizadas
entrevistas internas com os profissionais vinculados ao serviço social de Criciúma, e,
entrevistas externas com os moradores de rua.
O trabalho foi conduzido, inicialmente, por meio de pesquisas levantadas
através do serviço social prestado pela Administração Municipal de Criciúma. As
entrevistas foram norteadas após o levantamento de dados e produção de roteiro.
5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
Para que este projeto experimental saísse do papel foi realizado uma pesquisa
com as entidades públicas destinadas ao atendimento da população de rua de Criciúma, o
Centro Pop e a Casa de Passagem. No entanto, os dados fornecidos na presente pesquisa
foram coletados apenas no Centro Pop, por se tratar de uma instituição voltada ao
atendimento apenas de indivíduos em situação de rua, enquanto que a Casa de Passagem
oferece auxílio à imigrantes e artistas de rua, além de moradores de rua.
Após este processo de verificação de informações, realizamos a etapa das
entrevistas. Inicialmente foi feito toda a parte das entrevistas internas com bastante
facilidade. Todavia, as entrevistas externas, com moradores de rua nas ruas, foram
extremamente difíceis de realizar. Encontramos diversos contratempos, dentre eles chuva,
moradores de rua que não aceitaram ser filmados, entre outros.
Na edição houve um atraso no processo de cortes e definição do programa
usado para a realização da montagem das cenas. Muitas falas e imagens ficaram de fora
devido à falta de tempo para a elaboração e cuidado com os detalhes exigidos na produção
de um audiovisual.
O público-alvo deste documentário é a população de modo geral. Sendo que o
intuito desta veiculação, além de mostrar a situação vivida pela população de rua de
Criciúma, é informar o expectador da existência de serviços públicos destinados à
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indivíduos em situação de rua no município. Desta forma, o audiovisual será usado como
forma de alerta e geração de conhecimento por meio de acervo histórico em plataforma
online.
6 CONSIDERAÇÕES
O presente projeto foi desenvolvido sob a intenção de abordar o tema
mendicância na cidade de Criciúma. Baseando o roteiro nas histórias não ficcionais de
indivíduos em situação de rua, e, também, nos atendimentos prestados pela Administração
Pública Municipal, o audiovisual buscou contar um pouco dos motivos que levam uma
pessoa a ir para as ruas, sendo que, desempenhou esse papel proposto no início da
produção, dentro do contexto abordado.
O filme foi pensado de forma que pudesse trazer ao expectador imagens reais,
tendo como cenário as ruas, quando as entrevistas eram com moradores de rua. No entanto,
um personagem foi entrevistado na sede do Centro Pop, por estar fazendo uso dos
atendimentos da instituição. Ainda seguindo padrão da realidade vivenciada diariamente
dentro destas circunstâncias do tema levantado, as filmagens dos profissionais foram
realizadas no ambiente de trabalho deles. As imagens, em grande parte seguem o padrão
tradicional, embora tenham sido usadas algumas imagens executadas com drone, que
trouxeram ao vídeo ângulos diferenciados. A trilha sonora escolhida foi pensada como
complemento das imagens de início e final do audiovisual, ajudando a criar um cenário
específico vinculado ao tema.
Durante a produção das imagens os ângulos filmados foram planejados de
forma que se conseguisse alcançar de maneira fiel as emoções transmitidas pelos
entrevistados, sendo que foram usadas duas câmeras em grande parte das entrevistas.
Engrandecendo ainda mais o resultado final pretendido.
Embora o resultado final tenha correspondido com as expectativas do início da
produção, houve algumas dificuldades que atrasaram o desempenho do processo. Alguns
moradores de rua foram relutantes e não aceitaram dar entrevista, nem ao menos serem
filmados. A distância entre os municípios de Forquilhinha e Araranguá, fizeram com que
muitas entrevistas fossem adiadas e/ou desmarcadas, devido ao projeto se tratar de
moradores de rua da cidade de Criciúma, que é a maior cidade mais próxima dos outros
dois municípios onde residem as pesquisadoras. O tempo também não colaborou em muitas
entrevistas externas agendadas, nos fazendo perder algumas viagens.
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Produzir um projeto de telejornalismo sobre mendicância nos possibilitou ter
contato direto com moradores de rua, nos fazendo observar além do que costumamos ver na
rotina diária, quando, muitas vezes cruzamos com um morador de rua, mas, nem o
percebemos. Essa invisibilidade que já se tornou comum aos nossos olhos pôde ser
explorada nesse documentário, dando voz ao outro lado da situação, buscando entender
como eles se sentem e os motivos que levam a tomar essa decisão tão radical de fazer das
ruas o seu lar.
Outro fator relevante alcançado no vídeo foi o de informar a importância de não
dar esmolas. Quando muitas pessoas acreditam estar ajudando e dão dinheiro/moedas, ou
mesmo o ato de doar alguma coisa às pessoas em situação de mendicância, os estimulando
a permanecerem nessa situação de rua e dependência, financiando, inclusive, o uso de
drogas.
Em suma, este projeto experimental nos proporcionou entender e ver essa
situação dos moradores de rua de forma diferenciada. Ou seja, além de realizar a produção
do documentário nós pudemos repensar os valores do ser humano, muitas vezes esquecidos
em virtude da correria da vida diária.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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caracterização, 2005. Disponível em file:///C:/Users/Usuario/Downloads/993-3618-2-
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Janeiro: Azougue, 2006.
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MASCARELLO, Fernando. História do cinema mundial. Campinas: Papirus, 2006.
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RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal... o que é mesmo documentário? São Paulo: Editora
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APÊNDICE
Curso de Jornalismo da Faculdade Satc – Criciúma – SC – Novembro de 2016
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ALÉM DOS OLHOS
(Um filme de Janaína Teixeira e Natália Silveira)
Novembro de 2016
Curso de Jornalismo da Faculdade Satc – Criciúma – SC – Novembro de 2016
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STORYLINE
Os fatores que levam um indivíduo a morar nas ruas são
inúmeros. Esta realidade social se destaca em grandes centros
urbanos, como Criciúma. Visando auxiliar neste problema,
programas sociais são disponibilizados para a população que
se encontra em situação de rua.
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SINOPSE
A desigualdade social pode ser observada nos mais distintos
lugares. Entretanto, nos grandes centros urbanos este
problema é mais acentuado, acarretando maior número de
indivíduos em situação de rua. Em Criciúma – a quinta maior
cidade de Santa Catarina e mais populosa do Sul Catarinense –
esta realidade não é diferente. Devido a isso, programas
sociais auxiliam a população que faz das ruas sua forma de
sobrevivência. Dentre eles está o Centro de Referência
Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop),
que visa proporcionar vivencias para estimular a reinserção
destes indivíduos em vulnerabilidade social na sociedade.
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ESCALETA
01. (RUAS) Cenas de mendigos ou pedintes nas sinaleiras
(trilha).
02. (RUAS) Sonora de um, depois outro, depois outro,...
mendigo, dizendo porque está na rua.
03. (SEDE DO CENTRO POP) Entrevista com os responsáveis
pelo serviço social prestado pelo Centro Pop, de
Criciúma.
04. (SEDE DO CENTRO POP) Imagens dos atendimentos
prestados.
05. (RUAS) Mais entrevistas com moradores de rua, nas
ruas (outras respostas).
06. (RUAS) Imagens das ruas e situação vivida pelos
moradores.
07. (CASA DE PASSAGEM) Entrevista com a coordenadora da
Casa de Passagem, de Criciúma.
08. (SECRETÁRIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL) Entrevista com a
secretária de Assistência Social de Criciúma.
09. (RUAS) Cenas dos mendigos ou pedintes nas ruas.
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PERSONAGENS
- Silvana Carolina Barbieri Lopes – Assistente social do
Centro Pop de Criciúma.
- Chelbia Pavei – Psicóloga do Centro Pop de Criciúma.
- Marcela Santiago – Assistente social da Casa de Passagem de
Criciúma.
- Edla Coan – Secretária de Assistência Social de Criciúma.
- Marcos Robson Pereira – Morador de rua. Natural de São
Paulo, está nas ruas de Criciúma desde setembro. Veio para
Santa Catarina por curiosidade, para conhecer as praias e
buscar emprego. Usuário dos serviços prestados pelo Centro
Pop e Casa de Passagem de Criciúma.
- Jorge Augusto Brito – Morador de rua. Natural do Rio Grande
do Sul, está nas ruas de Criciúma desde junho. Veio para
Santa Catarina andando porque decidiu realizar um sonho de
adolescência e conhecer diversos lugares. Costuma ficar na
Praça Nereu Ramos com outros moradores de rua.
- Raimundo de Souza Ramalho – Morador de rua. Natural do
Nordeste brasileiro. Sonhava em conhecer a neve por gostar de
frio e resolveu vir para o Sul. Costuma ficar na Praça Nereu
Ramos com outros moradores de rua.
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ROTEIRO
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01 – EXT – IMAGENS AÉREAS DA PRAÇA NEREU RAMOS DE CRICIÚMA –
DIA
Clareamento
Takes de imagens aéreas da Praça Nereu Ramos, de Criciúma,
com pessoas andando. BG: time-lapse. (Trilha).
Nome do documentário “Além dos olhos” surgindo por cima das
imagens aéreas. (Continua trila).
Fusão
Fala curta dos mendigos em preto e branco para que possam
introduzir o tema.
02 – INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA
Marcos Robson Pereira, morador de rua, sentado em uma
cadeira. Enquadrado em primeiro plano.
MARCOS
- Eu não desejo esse mal de viver
na rua pra ninguém.
Continua com fala curta de mais um mendigo.
03 – EXT – RUAS – NOITE
Raimundo de Souza Ramalho, morador de rua, sentado num banco
da praça Nereu Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro
plano.
RAIMUNDO
- O que que tem de errado viver
bem?
Continua com fala curta de mais um mendigo.
04 – EXT – RUAS – NOITE
Jorge Augusto Brito, morador de rua, sentado num banco da
praça Nereu Ramos, de Criciúma. Enquadrado em contra-plongée.
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JORGE
- Não foi bem uma decisão de morar
nas ruas, foi um problema de não
ter onde morar.
Continua com fala curta de mais um mendigo.
05 – INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA
Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em
plano detalhe.
MARCOS
- Viver nas ruas é muito difícil...
Continua com fala curta de mais um mendigo.
06 – EXT – RUAS – NOITE
Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.
RAIMUNDO
- Eu vivo através da bondade de
outras pessoas. Se não fosse a
bondade deles...
Continua com fala curta de mais um mendigo.
07 – INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA
Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em
primeiro plano.
MARCOS
- Os meus planos pro futuro é ter
uma casa minha mesmo, trabalhar
honestamente...
Continua com fala curta de mais um mendigo.
08 – EXT – RUAS – NOITE
Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.
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RAIMUNDO
- Por isso que não perco as
esperanças.
Takes de imagens aéreas da Igreja Matriz e Praça Nereu Ramos
e moradores de rua na praça.
09 – INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA
Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em
primeiro plano. Falando da vida nas ruas.
MARCOS
- Eu estou na rua por situação
financeira, por situação familiar,
e estou há quase um ano na rua...
10 - INT - SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE CRICIÚMA – DIA
Edla Coan, secretária de assistência social, acomodada em sua
mesa de trabalho. Enquadrada em plano close-up. Fala sobre
população de rua.
EDLA COAN
- A população de rua ela está
inserida neste último grupo que é a
alta complexidade, que significa o
que? Que todos os vínculos
familiares foram já rompidos e
estas pessoas estão
institucionalizadas ou são
moradoras de rua.
11 - INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA
Chelbia Pavei, psicóloga do Centro Pop, acomodada em sua mesa
de trabalho. Enquadrada em primeiro plano. Explica o ponto de
vista da psicologia sobre moradores de rua.
CHELBIA PAVEI
- Então, a psicologia explica
vários pontos na verdade existem
né, para os moradores de rua. Um
deles é a ausência da família,
outro é a falta da família.
12 - INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA
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Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em
plano close-up e primeiro plano. Falando da vida nas ruas.
MARCOS
- Viver nas ruas é muito difícil,
pois nós dependemos de várias
coisas. É, frio, nós passamos frio,
passamos fome, e é muito ruim.
13 - EXT – RUAS – NOITE
Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.
RAIMUNDO
- Na realidade já passei fome,
frio... eu gosto do frio. Não gosto
do calor de jeito nenhum.
14 - EXT – RUAS – NOITE
Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.
JORGE
- Não tá tão ruim na rua.
15 - INT – SEDE DO CENTRO POP – DIA
Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em
plano close-up e primeiro plano. Falando da vida nas ruas.
MARCOS
- Passar frio, passar fome, e não
desejo isso pra ninguém.Nem pro meu
pior inimigo.
16 - EXT – RUAS – NOITE
Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.
RAIMUNDO
- Ah, quando chove é muito
bom!Chuva... raim... muito bom!
17 - EXT – RUAS – NOITE
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Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em contra-plongée.
JORGE
- Não, não tive nenhum motivo
especial, nenhuma decepção. Foi só
por não ter trabalho, não tendo um
trabalho não tinha condição de ter
uma moradia.
18 - INT - SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE CRICIÚMA – DIA
Edla, secretária de assistência social, acomodada em sua mesa
de trabalho. Enquadrada em plano close-up. Fala sobre
atendimento da população de rua em Criciúma.
EDLA COAN
- Nós temos no município o centro
Pop e a casa de Passagem. O Centro
Pop ele existe pra que? Pra que
aquelas pessoas que estejam em
situação de rua possam ser
acolhidas. Tomarem um banho, fazer
uma refeição.
19 - EXT – RUAS – NOITE
Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.
RAIMUNDO
- Apesar de existir muitas pessoas
não boas, mas tem as boas. Na
verdade, sempre existe.
20 - INT – SEDE DO CENTRO POP – DIA
Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em
primeiro plano. Falando da vida nas ruas.
MARCOS
- As pessoas de bom coração que
gostam de ajudar o próximo,
principalmente nós que somos
morador da rua. E, me espelho
nessas pessoas.
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21 - EXT – RUAS – NOITE
Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.
JORGE
- A questão é a seguinte, eu
cheguei no Balneário Rincão já sem
dinheiro nenhum, e eu não tava
acostumado a viver na rua, não sei
me virar, então um cara me disse
vai pra Criciúma que lá eles ajudam
as pessoas que moram nas ruas.
Então eu me encontrei eu encontrei
muita ajuda, e foi um pouco de
comodismo mesmo essa parada aqui.
Porque daí as pessoas me ajudam
tanto que não dá nem vontade de
sair. Eu vou sair porque eu tenho
um emprego certo em Arroio do Sal,
vou sair e volto pra cá.
22 - INT - SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE CRICIÚMA – DIA
Edla, secretária de assistência social, acomodada em sua mesa
de trabalho. Enquadrada em plano close-up. Fala sobre
atendimento da população de rua em Criciúma.
EDLA COAN
- Muitos problemas aqui no
município de moradores de rua que
se encontram nas ruas literalmente,
e que têm uma grande resistência de
irem pra esse dois equipamentos
sociais que nós temos que é a Casa
de Passagem e o Centro Pop. Por
quê? Porque tanto no centro Pop
como na Casa de Passagem existem
regras, e essas pessoas, elas
normalmente, não vou dizer que são
todas, mas em sua maioria eles são
pessoas que fazem o uso de drogas,
o uso de álcool, e como lá na Casa
de Passagem existem regras eles têm
uma certa... uma grande resistência
de irem pra esses locais.
23 - INT – CASA DE PASSAGEM DE CRICIÚMA – DIA
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Marcela Santiago, assistente social da Casa de Passagem, de
Criciúma, acomodada em sua mesa de trabalho. Enquadrada em
primeiro plano. Explica os atendimentos.
MARCELA SANTIAGO
- Na Casa de Passagem nós temos os
Educadores Sociais, que ficam aqui
dentro da casa pra colocar a ordem,
pra receber os usuários aqui,na
casa. Nós não trabalhamos com
abordagem social na rua, nós não
fizemos a abordagem não vamos em
busca ativa dos usuários.
24 - INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA
Silvana Barbieri, assistente social do Centro Pop, de
Criciúma, sentada em uma cadeira. Enquadrada em plano close-
up. Fala sobre os atendimentos.
SILVANA BARBIERI
- O Centro Pop é o Centro de
Referência Especializado para
Pessoas em Situações de Rua. É um
órgão da prefeitura, e nós
trabalhamos com encaminhamentos,
documentos, e funciona
exclusivamente para pessoas em
situação de rua. Então são
documentos que são feitos, a gente
encaminha, lanche e banho.
25 - INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA
Chelbia, psicóloga do Centro Pop, acomodada em sua mesa de
trabalho. Enquadrada em primeiro plano. Fala dos
atendimentos.
CHELBIA PAVEI
- Hoje a gente faz em média de
atendimentos aqui no centro Pop 110
atendimentos, sendo que esses 110
atendimentos são por indivíduo, por
morador de rua. Tem sim alguns com
doenças psiquiátricas, mas com um
índice muito pequeno sendo que a
grande maioria dos nossos moradores
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de rua são pelo uso de álcool e
drogas.
26 - EXT – RUAS – NOITE
Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.
JORGE
- Eu entrei pra faculdade com vinte
e cinco anos, no meu conceito já
era velho pra estar numa sala de
aula. E eu não tinha paciência pra
estar em uma sala de aula desde os
quatorze anos. Já era difícil, foi
difícil completar o segundo grau.
Então, eu entre pra faculdade de
Administração de Empresas com
Ênfase em Análise de Sistemas de
Informação. Eu queria ser
programador de computador.
27 - INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA
Chelbia, psicóloga do Centro Pop, acomodada em sua mesa de
trabalho. Enquadrada em primeiro plano. Fala dos
atendimentos.
CHELBIA PAVEI
- Hoje o morador de rua, eles
quanto a trabalho,e a geração de
uma renda eles ficam muito no sinal
pedindo a esmola, né. A moedinha,
muitas pessoas que contribuem com
isso eles não estão ajudando o
morador de rua na verdade, eles
estão contribuindo para o acesso às
drogas. Porque essa moedinha que
eles vão lá comprar a sua droga lá
no trilho. Muitos chegam aqui no
Centro Pop com a fala que, agora já
tomei meu banho, já fiz meu lanche
e eu vou lá no sinal pedir pra
depois ir pro trilho. Eles mesmo
falam isso.
28 - INT – SEDE DO CENTRO POP – DIA
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Silvana Barbieri, assistente social do Centro Pop, de
Criciúma, sentada em uma cadeira. Enquadrada em plano close-
up. Fala sobre caso marcante.
SILVANA BARBIERI
- Um caso que me marcou muito
durante esses dois anos que estou
trabalhando aqui no Centro Pop, foi
de um usuário que realmente estava
nas ruas e veio pedir ajuda, e, ele
vinha tomava um lanche, tomava
banho e voltava pras ruas. Até que
um dia a mãe dele apareceu,
telefonou, apareceu aqui preocupada
com ele porque tinha visto ele nas
ruas mesmo, naquele estado
degradante. E aí ela veio e ela
sempre perguntava sempre tava
acompanhando ele aqui. Até que um
dia a gente falou pra ele aí ele se
mostrou com vontade de uma
internação, daí a mãe dele veio
aqui conversou com ele e a gente
conseguiu internação pra ele em uma
comunidade terapêutica. Daí teve
uma reunião tipo, de família,
vieram as filhas, e teve choro tudo
muita emoção. E, ele foi internado,
e ele conseguiu se recuperar e
quando ele ficou bom ele veio aqui,
com a família, com a mãe, com as
filhas, e a gente ficou até
emocionada.
29 - INT – SEDE DO CENTRO POP – DIA
Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em
primeiro plano e plano detalhe. Falando dos planos para o
futuro.
MARCOS
- Os meus planos pro futuro é ter
uma casa minha mesmo, trabalhar
honestamente, ter meu carro, ter
minha moto, ter meu bom emprego, um
bom salário. E partir pra frente
sem abaixar a cabeça.
30 - EXT – RUAS – NOITE
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Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.
JORGE
- Não to infeliz. Tem algumas
coisas que eu gostaria de ter que
não dá pra ter na rua, né. E
principalmente não dá pra ter sem
um emprego. Né, precisa ter um
pouquinho mais de dinheiro. Mas, eu
não to me preocupando com isso de
ter conforto, de ter uma vida
padrão. Eu não to infeliz, eu me
divirto, tenho amigos, tenho amigos
que vivem nas ruas, tenho amigos
que não vivem nas ruas.
31 - EXT – RUAS – NOITE
Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.
RAIMUNDO
- Aqui em Criciúma são pessoas que
tem até... às vezes falo...
existe... até falo assim, a cidade
do amor, uma cidade que te ajuda...
32 - EXT – RUAS – NOITE
Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu
Ramos, de Criciúma. Enquadrado em contra-plongée.
JORGE
- O resto do mundo é muito grande,
né, pra ficar só numa cidade.
Imagens dos moradores de rua ou pedintes nas ruas em momentos
de mendicância. (Trilha).
CRÉDITOS
Escurecimento
FIM