Amar e ser amado - Suzana Herculano-Houzel - neurociência

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AMAR E SER AMADO 20-12-2007 NEUROCIÊNCIA Suzana Herculano-Houzel, Neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro "Fique de bem com o seu cérebro" (Editora Sextante) e do site O Cérebro Nosso de Cada Dia Definir o amor tem sido assunto reservado aos poetas. Mas a neurociência, quem diria, já pode dar os seus pitacos -ao menos para explicar por que amar e ser amado são desejos tão fortes e presentes em nossa espécie. Considerados inviáveis dez anos atrás, dada a subjetividade do assunto, exames do cérebro de voluntários que contemplam imagens da pessoa amada ou a abraçam são hoje em dia bem aceitos pela ciência. Esses estudos mostram de que é feita a experiência do amor pelo cérebro. A presença do ser amado ativa o sistema de recompensa, trazendo sensações de prazer, felicidade e bem-estar como um todo, que, de quebra, nos ensinam a associar a tais sensações positivas o objeto de nosso amor e nos fazem querer continuar em sua presença e até ansiar por ela. Essa ânsia é especialmente intensa quando o amor é reforçado por sexo -o bom sexo, voluntário e prazeroso, que, com o orgasmo, leva à liberação de hormônios como a ocitocina, que ativam ainda mais o sistema de recompensa. Se o amor é correspondido, a presença da pessoa amada é também calmante. Mesmo longe de levar ao

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AMAR E SER AMADO

20-12-2007

NEUROCIÊNCIA

Suzana Herculano-Houzel, Neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro "Fique de bem com o seu cérebro" (Editora Sextante) e do site O Cérebro Nosso de Cada Dia

Definir o amor tem sido assunto reservado aos poetas. Mas a neurociência, quem diria, já pode dar os seus pitacos -ao menos para explicar por que amar e ser amado são desejos tão fortes e presentes em nossa espécie. Considerados inviáveis dez anos atrás, dada a subjetividade do assunto, exames do cérebro de voluntários que contemplam imagens da pessoa amada ou a abraçam são hoje em dia bem aceitos pela ciência. Esses estudos mostram de que é feita a experiência do amor pelo cérebro. A presença do ser amado ativa o sistema de recompensa, trazendo sensações de prazer, felicidade e bem-estar como um todo, que, de quebra, nos ensinam a associar a tais sensações positivas o objeto de nosso amor e nos fazem querer continuar em sua presença e até ansiar por ela. Essa ânsia é especialmente intensa quando o amor é reforçado por sexo -o bom sexo, voluntário e prazeroso, que, com o orgasmo, leva à liberação de hormônios como a ocitocina, que ativam ainda mais o sistema de recompensa.

Se o amor é correspondido, a presença da pessoa amada é também calmante. Mesmo longe de levar ao orgasmo, um abraço já aumenta a liberação de ocitocina, que, além de estimular o sistema de recompensa, reduz a atividade das estruturas do cérebro responsáveis pelo medo e facilita a aproximação.

Abraços amorosos nos deixam menos temerosos e desconfiados e, por conseguinte, mais confiantes no outro, otimistas e dispostos a abaixar a guarda. Sentir-se amado é um grande ansiolítico. Quem de fato recebe a atenção e os cuidados do objeto do seu amor não se sente sozinho e tende a ter respostas mais saudáveis ao estresse, inclusive com a produção de quantidades menores do hormônio cortisol -aquele responsável pelos estragos do estresse

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crônico. Receber um abraço dessa pessoa já basta também para diminuir instantaneamente o nível de cortisol no sangue.

Até o sexo é ansiolítico, por levar, com o orgasmo, à liberação de prolactina -uma grande responsável pela sensação de bem-estar e relaxamento físico e mental que se seguem. Dar apoio moral é uma grande demonstração de amor, crucial para manter saudável a resposta ao estresse de quem o recebe. Mas dar carinho a quem se ama é a mais inequívoca demonstração de amor, tão importante que conta com um sistema de nervos específico para detectá-la.

Por isso, não basta amar; é preciso fazer o outro se sentir amado.Um feliz Natal para você, leitor, repleto de abraços das pessoas que você ama!

SUZANA HERCULANO-HOUZEL, Neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro "Fique de bem com o seu cérebro" (Editora Sextante) e do site O Cérebro Nosso de Cada Dia

Visite o site: O Cérebro Nosso de Cada Diawww.cerebronosso.bio.br

e-mail: [email protected]

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2012200706.htm

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Livros publicados: SHH

neurocientista: SUZANA HERCULANO-HOUZEL

Fique de bem com o seu cérebro (2007) Por que o bocejo é contagioso? (2007) O Cérebro em Transformação (2005) Sexo, Drogas, Rock'n'Roll & Chocolate (2003) O Cérebro Nosso de Cada Dia (2002)

Fique de bem com seu cérebro

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Suzana Herculano-Houzel

Editora Sextante, 2007 

208 p., R$ 19,90 

Este livro foi escrito para quem deseja alcançar o bem-estar e torná-lo algo cada vez mais intenso e freqüente em sua vida. Suzana Herculano-Houzel mostra o melhor caminho para a conquista desse objetivo: ficar de bem com o próprio cérebro, isto é, cuidar para que ele funcione da melhor maneira possível − sempre.

Aqui você conhecerá uma série de descobertas recentes da neurociência e saberá de que modo elas podem ajudar você a manter o cérebro saudável. Com um texto claro e cativante, a autora apresenta uma abordagem prática desse assunto, com dicas que estimularão você a arregaçar as mangas e se dedicar a obter mais paz e felicidade no dia-a-dia.

Cada um dos 15 capítulos deste livro contém informações a respeito de um aspecto relacionado ao bem-estar. Entre outras coisas, você aprenderá que é essencial:

- Cuidar bem da sua saúde física − o cérebro precisa do corpo.

- Identificar e cultivar os seus prazeres − eles são a base do bem-estar.

- Ouvir as suas emoções − elas são imprescindíveis para as boas decisões.

- Sorrir e buscar a felicidade − ela torna o corpo mais saudável.

- Saber a diferença entre tristeza e depressão − para respeitar a primeira e tratar a segunda.

- Tirar proveito do estresse agudo − é surpreendente, mas ele tem efeitos benéficos.

- Lidar com a ansiedade − em doses saudáveis, ela é uma benção.

- Fazer as pazes com os remédios − às vezes os medicamentos são realmente necessários.

- Combater o estresse crônico − um vilão causador de muitos males físicos e mentais.

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- Exercitar-se regularmente − isso pode funcionar como um "exilir da juventude".

- Dormir bem e bastante − descubra a importância das sonecas para o cérebro.

- Cultivar os relacionamentos − o isolamento é um fator intenso de estresse social.

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Por que o bocejo é contagioso?

e outras curiosidades da neurociência do cotidiano

Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2007  

Há perguntas que nós fazemos todos os dias e, mesmo assim, nunca conseguimos responder: por que sentimos medo de filmes de terror? Por que suamos frio? Por que comer chocolate é tão bom? Por que fui contar aquele segredo? O que não desconfiamos é que as respostas para todas estas questões estão na neurociência.

Em Por que o Bocejo é Contagioso?, a neurocientista Suzana Herculano-Houzel responde a 80 dessas perguntas que tanto nos intrigam no cotidiano. Tudo isso de um modo simples, fácil de entender e, ao mesmo tempo, de acordo com as pesquisas mais recentes em sua área. A publicação inaugura ainda a série Ciência da Vida Comum, nova coleção de divulgação científica da Zahar, que apresenta para o leitor as aplicações da ciência e da tecnologia em nossas vidas cotidianas.

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Cérebro em Transformação

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Ed. Objetiva, 2005.

Cabeça de adolescente é um mistério: tédio, paixão, bobeira, ansiedade, e muita, muita irresponsabilidade. Em O Cérebro em Transformação, da neurocientista Suzana Herculano Houzel, você vai descobrir que nem só de hormônio vive a adolescência. Na verdade, tudo o que ocorre entre os 11 e os 18 anos é fruto de uma grande revolução química e neurológica. Daí as súbitas mudanças de humor, as inúmeras questões, a insegurança.

Numa abordagem original, Suzana Herculano revela que a adolescência é um período necessário e desejável da vida. O que acontece então na cabeça do adolescente é muito mais do que uma simples enxurrada hormonal. Seu comportamento é fruto de um cérebro adolescente, que passa por uma grande reformulação.

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Sexo, Drogas, Rock'n'Roll... & Chocolate

O Cérebro e os prazeres da vida cotidiana

  Vieira & Lent Casa Editorial, Rio de Janeiro, 2003. 2a edição.

O que nos faz querer mais? Por que tudo o que envolve sexo, música, comida e drogas dá prazer? O que todos os prazeres cotidianos têm em comum? Respostas a essas e outras perguntas você encontra neste livro, escrito em linguagem acessível e bem-humorada.

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O Cérebro Nosso de Cada Dia

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Descobertas da neurociência sobre a vida cotidiana

Vieira & Lent Casa Editorial, Rio de Janeiro, 2002. 8a edição.

A neurociência é o conjunto de áreas da ciência que se interessam pelo sistema nervoso: como ele funciona, se desenvolve, evolui, é alterado por substâncias químicas, e como resultado disso tudo produz a mente e os comportamentos. Neste, que foi o primeiro livro da neurocientista Suzana Herculano-Houzel, você descobre como a neurociência explica vários aspectos da vida cotidiana, da dificuldade de lembrar dos sonhos às vantagens cognitivas das mães, passando pela razão da falta de originalidade da ficção científica e pela descoberta intrigante das falsas memórias. Um livro escrito em linguagem ágil, acessível e bem-humorada, para o leitor não-especialista curioso com o que traz dentro da própria cabeça.